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ECA (1) (3)

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OABNAMEDIDA.COM.BR
ESTATUTO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
APOSTILA 
INTEGRADA 
COM O APP!
XXXIII 
EXAME
INCLUI:
• Quadros de ATENÇÃO
• Tabelas Comparativas
• Esquemas Didáticos
• Referências a temas cobrados
em provas anteriores
ATUALIZADO COM:
• Lei nº 13.869/2019 (Nova Lei de
Abuso de Autoridade) 
• Lei nº 13.845/2019 (Direito à
Educação)
• Lei nº 13.824/2019 (Reeleição
Conselheiro Tutelar)
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE
1.2. DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR X DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1. DIREITO À VIDA E À SAÚDE
2.2. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
2.3. DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
2.3.1 FAMÍLIA NATURAL 
2.3.2 FAMÍLIA SUBSTITUTA 
2.3.2.1 GUARDA
2.3.2.2 TUTELA 
2.3.2.3 ADOÇÃO
2.4. DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER 
2.5. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO 
3. PREVENÇÃO
3.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
3.2. PREVENÇÃO ESPECIAL
4. POLÍTICA DE ATENDIMENTO
5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO
5.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
5.2. MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
6. PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
6.1. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
6.2. DIREITOS INDIVIDUAIS E GARANTIAS PROCESSUAIS
6.3. PROCEDIMENTO PARA A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL
7. CONSELHO TUTELAR
8. TUTELA JURISDICIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
8.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
8.2. VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
8.3. PROCEDIMENTOS
8.3.1 PERDA E SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
8.3.2 COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
8.4. RECURSOS
8.5. MINISTÉRIO PÚBLICO
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8.6. ADVOGADO
8.7. PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS
9. CRIMES PREVISTOS NO ECA
10. INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
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1. INTRODUÇÃO
1.1. CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE 
De acordo com o estabelecido no art. 2° do ECA, considera-se criança a pessoa de até 12 (doze) 
anos incompletos e adolescente a pessoa entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade 
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto 
às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
É importante destacar que as convenções internacionais das quais o Brasil é signatário referem-
se à criança como a pessoa com menos 18 anos de idade. No entanto, considera-se importante 
a distinção entre criança e adolescente explicitada pelo ECA, uma vez que permite uma tutela 
diferenciada entre as pessoas com idades diferentes. 
Digno de nota, ainda, que o ECA é aplicável excepcionalmente às pessoas entre 18 (dezoito) 
e 21 (vinte e um) anos de idade, quando o adolescente pratica ato infracional ficando sujeito à 
medida socioeducativa e posteriormente completa 18 anos. Nesse caso específico, o ECA deverá ser 
aplicado até o adolescente completar 21 anos de idade, quando ocorrerá sua liberação compulsória. 
1.2. DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR X DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90) representou a ruptura da doutrina da 
situação irregular, principal fundamento do código de menores de 1979, e consolidou a doutrina 
da proteção integral, conforme expressamente previsto em seu art. 1°. 
Vejamos abaixo as principais diferenças entre as doutrinas da situação irregular e da 
proteção integral. 
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DOUTRINA DA SITUAÇÃO 
IRREGULAR 
DOUTRINA DA PROTEÇÃO 
INTEGRAL 
Principal fundamento do Código de 
Menores de 1979, que foi revogado pelo ECA. 
Principal fundamento do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (art. 1°). 
Cultura assistencialista, preocupada 
basicamente com a situação da criança e do 
adolescente encontrados em “situação irregular”. 
Criança e o adolescente deixam de ser 
objeto de direito e passam a assumir a 
condição de sujeitos de direito, que necessitam 
de proteção especial porque são pessoas 
em peculiar condição de desenvolvimento. 
O Código de Menores considerava “situação 
irregular” quando o menor de 18 anos 
fosse encontrado nas seguintes situações: 
I) privado de condições essenciais à sua
subsistência, saúde e instrução obrigatória, 
ainda que eventualmente, em razão de: a) falta, 
ação ou omissão dos pais ou responsável; 
b) manifesta impossibilidade dos pais ou
responsável para provê-las; II) vítima de maus
tratos ou castigos imoderados impostos pelos
pais ou responsável; III - em perigo moral,
devido a: a) encontrar-se, de modo habitual,
em ambiente contrário aos bons costumes; b)
exploração em atividade contrária aos bons
costumes; IV - privado de representação ou
assistência legal, pela falta eventual dos pais
ou responsável; V - Com desvio de conduta,
em virtude de grave inadaptação familiar
ou comunitária; VI - autor de infração penal.
A condição da criança e do adolescente como 
sujeito de direito, diferentemente da doutrina da 
situação irregular, não depende da existência 
de situação de risco ou de infringência à 
lei, sendo aplicada pelo simples fato de se 
reconhecer que as crianças e adolescentes são 
pessoas em desenvolvimento que merecem 
atenção especial do ordenamento jurídico. 
1.3. PRINCIPAIS DISPOSITIVOS SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição Federal de 1988 possui diversos dispositivos importantes sobre os direitos da 
criança e do adolescente. Abaixo destacamos aqueles mais importantes para a prova da OAB/FGV. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
(...)
XV - proteção à infância e à juventude. 
A competência para legislar sobre a proteção aos direitos da criança e do adolescente, 
portanto, é concorrente entre a União (estabelece normal geral), Estados (normas específicas) e 
Distrito Federal. 
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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, 
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
A proteção à infância, por se tratar de direito social, exige uma postura ativa por parte do Estado, 
principalmente por meio de adoção de políticas públicas em prol das crianças e adolescentes. 
Art. 7º
(...)
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de 
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir 
de quatorze anos.
Em razão da condição peculiar de desenvolvimento da pessoa menor de 18 anos de idade, para 
que o trabalho não lhe seja prejudicial, a Constituição Federal veda expressamente o trabalho 
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de 
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. 
TRABALHO DA CRIANÇA (ATÉ 12 
ANOS) 
TRABALHO DO ADOLESCENTE 
(DE 12 A 18 ANOS) 
Expressamente vedado pela 
Constituição Federal de 1988
Vedado o trabalho noturno, perigoso ou 
insalubre para menores de 18 (dezoito) anos. 
Vedado qualquer trabalho a menores de 
16 (dezesseis) anos, salvo na condição de 
aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente 
e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade 
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O direito à absoluta prioridade deveser observado pela família, pela sociedade e pelo Estado, 
refletindo a necessidade de proteção especial das crianças e dos adolescentes em razão da sua 
condição peculiar de desenvolvimento. O art. 4º do ECA, por sua vez, dispõe que as ações que 
integram a garantia de prioridade são: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer 
circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) 
preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada 
de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
Com a alteração do art. 227 da CF/88, promovida pela EC n.65/10, o jovem também é destinatário 
da absoluta prioridade. De acordo com o Estatuto da Juventude (Lei n. 12.852/2013), são 
consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos.
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Art. 228 CF/88. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
normas da legislação especial. 
A inimputabilidade dos menores de 18 anos se baseia unicamente no critério biológico, de 
modo que crianças e adolescentes são considerados inimputáveis ainda que tenham discernimento 
sobre as consequências da prática do crime.
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2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1. DIREITO À VIDA E À SAÚDE 
Segundo disposto no art. 7° do ECA, a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida 
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o 
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
O Estado, portanto, deve assumir papel ativo na efetivação do direito à vida e à saúde das 
crianças e adolescentes, proporcionando-lhes nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, 
destacando-se abaixo as principais regras previstas no ECA: 
• É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde
da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal1
e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde (art. 8º, caput, do ECA).
• Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no
último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto,
garantido o direito de opção da mulher (§ 2º do art. 8º do ECA). Assim, a ideia que é a
gestante possa contar com o médico que lhe atendeu nos últimos meses de gestação
também na hora do parto.
• Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no
período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências
do estado puerperal, bem como para as gestantes e mães que manifestem interesse
em entregar seus filhos para adoção, ou ainda para aquelas mães e gestantes que se
encontrem em situação de privação de liberdade (§ 4º e § 5º do art. 8º do ECA).
• A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante
o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato (§ 6º do art. 8º do ECA).
• Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
particulares, são obrigados a: I - manter registro das atividades desenvolvidas, através 
de prontuários individuais, pelo prazo de 18 (dezoito) anos; II - identificar o recém-
nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
competente; III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação
aos pais; IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; V - manter alojamento
conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe e VI - acompanhar
a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica
1 Referente ao período um pouco antes e um pouco depois do parto. 
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adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo 
técnico já existente (art. 10 do ECA, com o inciso VI, acrescentado pela Lei n. 13.436/17). 
• Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais,
de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
internação de criança ou adolescente (art. 12 do ECA).
• As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para
adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da
Infância e da Juventude (§ 1º do art. 13 do ECA).
• O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e
odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos
(art. 14, caput, do ECA).
• É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades
sanitárias (§ 1º do art. 14 do ECA).
• Destaca-se ainda que o descumprimento das obrigações previstas no art. 10 do ECA
pode caracterizar a prática dos crimes previstos nos artigos 228 e 229 do ECA:
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção 
à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo 
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, 
por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências 
do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à 
saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do 
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
2.2. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
Para garantir o saudável desenvolvimento da criança e do adolescente, o art. 15 do ECA lhes 
garante o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas. 
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De acordo com o art. 16 do ECA, o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, 
vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II 
- opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V -
participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma
da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
Já o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da 
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos 
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art. 17 do ECA).
A preservação da dignidade, por sua vez, exige que a criança e adolescente estejam a salvo de 
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18 do 
ECA), sendo vedado o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas 
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, por qualquer pessoa encarregada de 
cuidar, tratar ou educar a criança ou adolescente (art. 18-A do ECA). 
CASTIGO FÍSICO TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE 
Ação de natureza disciplinar ou punitiva 
aplicada como uso da força física sobre 
a criança ou o adolescente que resulte 
em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; 
Conduta ou forma cruel 
de tratamento em relação 
à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou c) ridicularize
A pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes (pais, integrantes da família 
ampliada, responsáveis, agentes públicos executores de medidas socioeducativas, etc.) que 
utilizar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante estará sujeita, sem prejuízo de outras 
sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas pelo Conselho Tutelar de acordo com 
a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou 
programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - 
advertência.(art. 18-B do ECA). 
2.3. DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Não mais persiste em nosso ordenamento jurídico qualquer distinção entre filhos concebidos 
na constância ou fora do casamento. Ao contrário, conforme disposto no art. 20 do ECA, os filhos, 
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, 
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê 3 (três) tipos de entidade familiar: família natural, 
família extensa e família substituta. 
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FAMÍLIA NATURAL 
(ART. 25 DO ECA) 
FAMÍLIA EXTENSA 
(ART. 25, PARÁGRAFO 
ÚNICO, DO ECA)
FAMÍLIA SUBSTITUTA 
(ART. 28 DO ECA) 
São os pais 
biológicos ou
qualquer deles e 
seus descendentes.
Estende-se além da 
unidade do casal, sendo 
formada por parentes 
próximos com os quais a 
criança ou adolescente 
convive e mantem vínculo 
de afinidade e afetividade. 
Formada nos casos de 
guarda, tutela ou adoção. 
Como regra geral, as crianças e adolescentes devem ser criados e educados no seio de sua 
família natural e, apenas excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência 
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. 
Os pais/responsáveis exercem o poder familiar, considerado um conjunto de direitos e deveres 
relativamente à pessoa e aos bens dos filhos menores não emancipados (art. 21 do ECA).
O poder familiar engloba os deveres de sustento, guarda e educação dos filhos menores, bem 
como o dever de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Ressalta-se, ainda, que a mãe 
e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no 
cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de 
suas crenças e culturas (art. 22 do ECA). 
No caso de descumprimento injustificado dos deveres acima citados, bem como nas hipóteses 
previstas na legislação civil, poderá haver a perda ou suspensão do poder familiar, sempre por 
meio de decisão judicial, garantindo-se o contraditório. 
De acordo com o art. 1.637 do CC, se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos 
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, 
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e 
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Além disso, conforme parágrafo único do mesmo artigo, suspende-se igualmente o exercício 
do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja 
pena exceda a dois anos de prisão.
A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na 
hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente 
titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. (art. 23, § 2º, ECA). 
O art. 1.638 do CC, por sua vez, estabelece como causas de perda do poder familiar: I - castigar 
imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos 
bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637, ou seja, abuso 
de autoridade reiterado, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos.
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De acordo com o art. 23 do ECA, a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. Da mesma forma, com as alterações 
do ECA promovidas pela Lei n. 13.257/2016 (Marco Legal da 1ª Infância), a existência de pessoas 
dependentes de substâncias entorpecentes, por si só, não é causa de suspensão do poder familiar. 
Ressalta-se, ainda, que a Lei n. 13.715/2018 alterou o § 2º do art. 23 do ECA, passando a 
dispor que a condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, 
exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem 
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.
Havendo decisão judicial determinando o afastamento da entidade familiar, a criança ou 
adolescente será encaminhado para programa de acolhimento familiar ou institucional. 
O Acolhimento familiar deve ter preferência em relação ao institucional. O acolhimento 
institucional não pode se prolongar por mais de 18 meses, salvo comprovada necessidade que 
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária (§ 2º 
do art. 19 do ECA). Esse prazo de 18 meses não é aplicado ao acolhimento familiar. 
Além disso, toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento 
familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo 
a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional 
ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou 
colocação em família substituta (§ 1º do art. 19 do ECA). 
Destaca-se, ainda, que a Lei n. 13.509/2017 acrescentou os §§ 5º e 6º ao art. 19 do ECA, 
estipulando que a adolescente que for mãe e estiver em acolhimento institucional terá o direito de 
convivência integral com seu filho e apoio de equipe especializada.
2.3.1. FAMÍLIA NATURAL 
Conforme mencionado anteriormente, família natural é a comunidade formada pelos pais 
biológicos ou qualquer deles e seus descendentes, não se confundido com a família extensa ou 
ampliada, considerada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do 
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém 
vínculos de afinidade e afetividade (art. 25 do ECA).
Não mais existe em nosso ordenamento jurídico qualquer discriminação entre filhos concebidos 
dentro ou fora do casamento, de modo que os filhos havidos fora do casamento poderão ser 
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por 
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da 
filiação. Além disso, esse reconhecimento poderá ser antes do nascimento do filho ou após o seu 
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falecimento, se deixar descendentes (art. 26 do ECA). 
Ressalta-se, ainda, que o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem 
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça (art. 27 do ECA). 
2.3.2. FAMÍLIA SUBSTITUTA 
Família substituta é aquela que substitui a entidade familiar biológica em determinados casos 
específicos, podendo ser por meio de um dos seguintes institutos: guarda, tutela ou adoção. 
Como a regra geral é a preservação dos laços da criança e do adolescente com a famílianatural, a colocação em família substituta é medida excepcional e exige a observância de diversas 
regras previstas no ECA: 
• Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por
equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
considerada. Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu
consentimento, colhido em audiência (§ 1º e § 2º do art. 28).
• Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família 
substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais (§ 4º do art. 28).
• A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de
sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia
do direito à convivência familiar (§ 5º do art. 28).
• A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
autorização judicial (art. 30).
• A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional,
somente admissível na modalidade de adoção (art. 31).
Além dos requisitos acima citados, interessante destacar que, tratando-se de criança ou 
adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é obrigatório: 
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e 
tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos 
fundamentais reconhecidos pelo ECA e pela Constituição Federal; II - que a colocação familiar 
ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; III - a 
intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no 
caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional 
ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
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Desse modo, tratando-se de colocação em família substituta de criança ou adolescente indígena, 
exige-se um procedimento diferenciado, com a participação do órgão federal responsável pela 
política indigenista (FUNAI) e de antropólogo TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. 
Vejamos agora cada uma das modalidades da família substituta. 
2.3.2.1. GUARDA 
A guarda é modalidade que objetiva regularizar a situação de fato da criança ou adolescente, 
sendo concedida de forma provisória e transferindo ao seu detentor o dever de prestar assistência 
material, moral e educacional, além do que confere à criança ou adolescente a condição de 
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido 
o Ministério Público (art. 35 do ECA).
Embora a guarda não suspenda nem destitua o poder familiar, não impedindo, como regra 
geral, o direito de visitas ou o dever de prestar alimentos, o guardião poderá se opor a terceiros, 
inclusive aos pais biológicos. 
A guarda, portanto, não rompe com o dever de prestar alimentos nem impede que os pais 
visitem a criança ou o adolescente, mesmo porque a guarda pode ter sido concedida apenas 
até que a família natural consiga se reestruturar. Entretanto, em duas situações haverá a perda 
do direito de visita dos pais: 1) Guarda incidental em processo de adoção; 2) Por expressa 
determinação judicial nesse sentido. 
Como regra geral, a guarda é concedida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de 
tutela e adoção, desde que não se trate de adoção por estrangeiros. Entretanto, também poderá ser 
deferida em processo autônomo, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos 
pais ou responsável, concedendo-se o direito de representação para a prática de atos determinados.
2.3.2.2. TUTELA 
A tutela é conferida a pessoa até 18 anos incompletos, pressupõe a perda ou suspensão do 
poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda (art. 36 do ECA)
O direito de nomear tutor incumbe aos pais, em conjunto, sendo que a nomeação deve constar 
de testamento ou de qualquer outro documento autêntico. 
Na falta de tutor nomeado pelos pais, dispõe o art. 1.731 do CC que incumbe a tutela aos 
parentes consanguíneos do menor, nesta ordem: I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais 
próximo ao mais remoto; II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos 
mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; sendo que, em qualquer dos 
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casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
2.3.2.3. ADOÇÃO 
A adoção é considerada medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas 
quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou 
extensa (§ 1º do art. 39 do ECA).
Por se tratar de medida excepcional, a Lei n. 13.509/2017 acrescentou o art. 19-A ao ECA, 
consignando que a mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou 
logo após o nascimento, deverá ser encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude para que 
seja ouvida por uma equipe interprofissional, que apresentará relatório à autoridade judiciária, 
considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. De posse do relatório, 
a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua 
expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento especializado.
Se a mãe indicar quem é o pai da criança, a prioridade é tentar que o genitor assuma a guarda 
da criança. Caso isso não seja possível, deve-se tentar ainda acolher a criança em sua “família 
extensa” (parentes próximos com os quais a criança ou adolescente possuem vínculos de afinidade 
e afetividade). A tentativa de colocação da criança ou adolescente na família extensa deverá durar, 
no máximo, 90 dias, prorrogável por igual período.
Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da 
família extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar 
a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de 
quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento 
familiar ou institucional.
Quem receber a guarda da criança terá o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção, 
contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
A Lei nº 13.509/2017 acrescentou o § 10 ao art. 47 do ECA, estipulando que o prazo máximo 
para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez 
por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
Como se trata de medida irrevogável, os laços advindos da adoção são eternos, ou seja, 
não são rompidos nem com a morte dos pais adotivos. Em outras palavras, a morte dos pais 
adotantes não reestabelece o poder familiar dos pais biológicos, conforme previsto art. 49 do 
ECA TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
A adoção representa um vínculo de filiação por meio de decisão judicial, atribuindo a condição 
de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de 
qualquer vínculo com os pais e parentes biológicos, incluindo o registro civil originário, que será 
alterado para fazer constar o nome dos pais adotivos, sendo que nenhuma observação sobre a 
origem do ato de adoção poderáconstar nas certidões do registro. 
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Embora não possa constar nenhuma observação sobre a origem do ato de adoção, o adotado 
tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo 
no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O 
acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) 
anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica TEMA 
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV
Registra-se, ainda, que a adoção pode ser unilateral ou bilateral. 
Na adoção bilateral rompem-se os vínculos familiares tanto do pai quanto da mãe, 
enquanto que na adoção unilateral o rompimento do vínculo ocorre em relação a apenas 
um dos genitores, como no caso da adoção pleiteada pelo padrasto ou madrasta em relação 
ao filho do seu cônjuge ou companheiro, devendo, neste caso, ser verificado o interesse do 
adotando. TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
Vejamos abaixo as principais regras trazidas pelo ECA sobre a adoção: 
• O adotando deve contar com, no máximo, 18 (dezoito) anos à data do pedido,
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes, conforme art. 40 do ECA
 TEMA COBRADO NO II EXAME DA OBA/FGV. A adoção de pessoas maiores de 
18 anos não é regida pelo ECA e sim pelo Código Civil. 
• Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil
(art. 42, caput), mas o adotante deve ser, pelo menos, 16 (dezesseis) anos mais velho
do que o adotando (§ 3º do art. 42).
Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando (§ 1º do art. 42). Nesses casos, 
poderá ser deferida a tutela TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV. 
• A adoção exige estágio de convivência prévio com a criança ou adolescente, pelo
prazo máximo de 90 dias, prorrogável por igual prazo por decisão da autoridade
judiciária, podendo ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal
do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
constituição do vínculo (art. 46 do ECA, alterado pela Lei n. 13.509/2017).
A Lei n. 13.509/2017 alterou o art. 46, caput, do ECA, que passou a prever que o prazo máximo do 
estágio de convivência será de 90 dias, prorrogável por igual prazo por decisão da autoridade 
judiciária (antes o ECA não tratava do prazo máximo de convivência em adoção nacional, 
cabendo ao juiz fixa-lo). Além disso, alterou o § 3º, dispondo que, tratando-se de hipótese de 
adoção internacional, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 
45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão 
fundamentada da autoridade judiciária (antes o ECA previa que o prazo máximo seria de 30 dias).
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• O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional, que
apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida
(§ 4º do art. 46 do ECA, acrescentado pela Lei n. 13.509/2017). Além disso, o estágio
de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca
de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,
respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da
criança (§ 5º do art. 46 do ECA, acrescentado pela Lei n. 13.509/2017).
• A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando,
salvo nos casos em que os pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder
familiar (art. 45, caput e § 1º do ECA). TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV
• Em se tratando de adotado maior de 12 anos de idade, será também necessário
o seu consentimento (§ 2º do art. 45 do ECA). Sendo o adotado menor de 12 anos,
recomenda-se sempre que possível sua oitiva e sua opinião será devidamente
considerada (§ 1º do art. 28 do ECA).
• Para adoção conjunta, é indispensável, como regra geral, que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família (§ 2º do art. 42 do ECA).
• No entanto, os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros
podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade
da concessão, conforme § 4º do art. 42 do ECA. TEMA COBRADO NO V EXAME DA
OAB/FGV.
• O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro
civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. A sentença conferirá
ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
modificação do prenome (art. 47 do ECA). A natureza da sentença é constitutiva, uma
vez que gera para as partes um vínculo jurídico antes inexistente.
A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, salvo 
na hipótese do adotante vier a falecer após inequívoca manifestação de vontade no curso do 
procedimento, caso em que terá força retroativa à data do óbito (art. 47, §7º, do ECA). Essa regra 
é muito importante para o direito sucessório, permitindo o direito à herança do adotado no caso 
do adotante morrer antes do trânsito em julgado TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. 
É importante consignar, ainda, que que cabe à autoridade judiciária manter, em cada comarca 
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro 
de pessoas interessadas na adoção.
 O deferimento da inscrição dos interessados dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos 
do Juizado, ouvido o Ministério Público, sendo que haverá cadastros distintos para pessoas ou 
casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes 
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nacionais habilitados. 
A Lei nº 13.509/2017 acrescentou o § 15 ao art. 50 do ECA, estabelecendo que será assegurada 
prioridade no cadastro a pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, 
com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos.
Além do cadastro judicial acima citado, prevê o § 5º do art. 50 do ECA que serão criados e im-
plementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem 
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, 
sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em 
programa de acolhimento familiar
Digno de nota, também, que somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato 
domiciliado no Brasil não cadastrado previamente, nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do 
ECA, a saber:
 I - se tratar de pedido de adoção unilateral (realizada por um dos cônjuges ou 
companheiros em relação ao filho do outro);
 II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos 
de afinidade e afetividade (Atenção: irmãos e ascendentes não podem adotar); 
 III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a 
fixação de laços de afinidade e afetividade. 
Outro tema muito importante para a prova da OAB diz respeito à adoção internacional, sobre a 
qual destacamos as seguintes regras: 
• Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o
estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta
e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão
fundamentada daautoridade judiciária, conforme § 3º do art. 46 do ECA, alterado pela
Lei n. 13.509/2017) TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.
• O estágio de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente
na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
residência da criança (§ 5º do art. 43 do ECA, acrescentado pela Lei nº 13.509/2017)
• A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de
pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da
Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional, não for
encontrado interessado com residência permanente no Brasil, conforme § 10 do art.
50 do ECA TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.
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• Na adoção internacional, além da prioridade de casal brasileiro, residente no
brasil, também terão preferência os brasileiros residentes no exterior, conforme
art. 51, §2º, do ECA.
• A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170
do ECA, com as adaptações previstas no art. 52, dentre as quais destacamos as
seguintes: o pedido de habilitação à adoção deve ser feito perante a Autoridade Central
do país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada a residência habitual
do interessado, para que esta envie um relatório para a Autoridade Central Estadual
e para a Autoridade Central Federal Brasileira, a fim de que obtenham o laudo de
habilitação à adoção internacional TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
• De posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido
de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a
criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
• Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não
será permitida a saída do adotando do território nacional. Com o trânsito em julgado
da decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização
de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as
características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital
do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e
certidão de trânsito em julgado.
2.4. DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA AO ESPORTE E AO LAZER 
O direito à educação, à cultura e ao esporte da criança e do adolescente vem regulamentado 
nos arts. 53 ao 59 do ECA, sendo que, para a prova da OAB, destacamos abaixo as regras que 
consideramos mais importantes: 
• Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na
rede regular de ensino (art. 55 do ECA).
• É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais (parágrafo único do art. 53 do ECA).
• A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento
de sua pessoa, assegurando-se-lhes, entre outros direitos, acesso à escola pública e
gratuita próxima de sua residência. Além disso, com a alteração promovida pela Lei n.
13.845/2019, devem ser garantidas vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. (art. 53 do ECA).
• É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - ensino fundamental,
obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III -
atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino; IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de
zero a cinco anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
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e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno 
regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; VII - atendimento no 
ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (art. 54 do ECA)
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não oferecimento 
do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da 
autoridade competente (§ 1º e § 2º do art. 54)
• De acordo com o art. 56 do ECA, os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental 
comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II
- reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
2.5. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO
Conforme estudado anteriormente, em razão da condição peculiar de desenvolvimento da 
pessoa menor de 18 anos de idade, para que o trabalho não lhe seja prejudicial, a Constituição 
Federal veda expressamente o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e 
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 
quatorze anos (art. 7 º, XXXIII, da CF/88). 
Desse modo, após a leitura do ECA com base no texto da Constituição Federal, conclui-se o 
seguinte: a) o trabalho de adolescente menor de 14 anos de idade é vedado em qualquer situação, 
b) o trabalho de adolescente entre 14 e 16 anos de idade é permitido apenas na condição de
aprendiz, e c) o adolescente com 16 anos ou mais pode trabalhar normalmente, salvo se o
trabalho for noturno, perigoso ou insalubre, hipótese em que o labor será permitido somente
após o adolescente completar 18 (dezoito) anos de idade. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA
OAB/FGV.
A aprendizagem, portanto, representa a formação técnico-profissional do adolescente a partir 
dos 14 anos de idade. É importante registrar, ainda, que a formação técnico-profissional obedecerá 
aos seguintes princípios: I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; II - 
atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; III - horário especial para o exercício 
das atividades (art. 63 do ECA). 
Desse modo, atividades que não garantem o desenvolvimento do adolescente, como aquelas 
repetitivas e sem aprendizado efetivo (corte da cana, carga e descarga de caminhões, limpeza em 
geral, ensacamento de mercadorias) são incompatíveis com a aprendizagem e não podem ser 
exigidas do adolescente em formação TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. 
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3. PREVENÇÃO
3.1. DISPOSIÇÕES GERAIS 
Dispõe o art. 70 do ECA que é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos 
direitos da criança e do adolescente.
A Lei n. 13.010/14, conhecida como Lei do Menino Bernardo, acrescentou os artigos 70-A 
e 70-B ao ECA, que estabelecem, em síntese, a necessidade de atuação articulada entre União, 
Estados, Distrito Federal e os Municípios na elaboração de políticas públicas e na execução de 
ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir 
formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, bem como a obrigação das 
entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas de informação, cultura, lazer, esportes, 
diversões, entre outras, contarem, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e 
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e 
adolescentes. 
Além dessa proteção geral acima tratada, o ECA prevê, ainda, medidas de proteção especial, 
conforme doravante exposto. 
3.2. PREVENÇÃO ESPECIAL 
O ECA estabelece regras de proteção especial relacionadas aos seguintestemas: a) informação, 
cultura, lazer, esportes, diversões e Espetáculos; b) produtos e serviços e c) autorização para viajar. 
Em relação à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos, a maior 
preocupação do ECA é vedar a publicação de conteúdo impróprio para crianças e adolescentes, 
estabelecendo, entre outras regras, que: 
• Os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar
visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre
a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação
(parágrafo único do art. 74 do ECA).
• As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos
locais de apresentação ou exibição de espetáculos quando acompanhadas dos pais ou
responsável (parágrafo único do art. 75 do ECA).
• As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para
o público infantojuvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua
classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição (art. 76 do ECA).
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• As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e
adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
de seu conteúdo. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca (art. 78 do ECA).
• As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter
ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
família (art. 79 do ECA).
• Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar,
sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada e
a permanência de crianças e adolescentes no local. (art. 80 do ECA).
Já em relação aos produtos e serviços, o art. 81 do ECA estabelece que é proibida a venda à 
criança ou ao adolescente de: I - armas, munições e explosivos; II - bebidas alcoólicas; III - produtos 
cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização 
indevida; IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial 
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V - revistas e 
publicações a que alude o art. 78 (conteúdo impróprio); VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Além disso, o art. 82 do ECA proíbe a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, 
pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou 
responsável TEMA COBRADO NOS EXAMES VIII E IX DA OAB/FGV. 
Finalmente, em relação ao tema autorização para viajar, o ECA estabelece que: 
• Viagem nacional ( art. 83 do ECA, alterado pela Lei n. 13.812/2019): nenhuma
criança ou adolescente menor de 16 anos de idade poderá viajar para fora da
comarca onde reside, desacompanhada de ao menos um dos pais ou responsável,
sem expressa autorização judicial, salvo nos seguintes casos: a) quando se
tratar de comarca contígua à da residência da criança ou adolescente, se na
mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana
TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV e b) a criança ou adolescente
estiver acompanhado: I) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau
(irmãos, tios e sobrinhos), comprovado documentalmente o parentesco ou II)
de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
• Viagem para o Exterior: quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
dispensável, se a criança ou adolescente: I - estiver acompanhado de ambos os pais
ou responsável; II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente
pelo outro através de documento com firma reconhecida (art. 84 do ECA). TEMA
COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. Importante destacar que a Lei n. 13.726/2018
passou a dispor que não haverá necessidade de firma reconhecida para viagem do
menor se os pais estiverem presentes no embarque.
Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido 
em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou 
domiciliado no exterior.
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Quando se tratar de comarca contígua à 
da residência da criança, se na mesma 
unidade da Federação, ou incluída na 
mesma região metropolitana
criança estiver acompanhada: 
1) de ascendente ou colateral maior,
até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente
autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
ADOLESCENTE com 16 anos 
ou mais: Não precisa de 
autorização
Criança e Adolescente menor 
16 anos: Precisa de autorização 
judicial, válida por dois anos.
EXCEÇÕES (não precisam 
de autorização): 
VIAGEM NACIONAL
Estiver acompanhado de ambos 
os pais ou responsável
Na companhia de um dos pais, 
autorizado expressamente pelo 
outro através de documento com 
firma reconhecida, salvo se os 
pais estiverem presentes 
no embraque. 
REGRA GERAL: CRIANÇA E ADOLESCENTE 
PRECISAM DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU 
DO PAI E DA MÃE COM FIRMA RECONHECIDA 
(SALVO SE OS PAIS ESTIVEREM NO 
EMBARQUE). 
EXCEÇÕES:
VIAGEM AO EXTERIOR 
Registra-se, por fim, que o descumprimento das normas de prevenção previstas no ECA configura 
,na maioria das vezes, a prática de infração administrativa, conforme será posteriormente analisado. 
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4. POLÍTICA DE ATENDIMENTO
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente deve ser feita através de um 
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios.
Entre as diretrizes da política de atendimento, destacam-se a municipalização do atendimento, 
bem como a criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do 
adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a 
participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federais, 
estaduais e municipais. 
Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente
Conselhos Estaduais dos 
Direitos da Criança e do 
Adolescente
Conselhos Municipais 
dos Direitos da Criança e 
do Adolescente 
A função de membro do conselho nacional ou dos conselhos estaduais e municipais dos 
direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será 
remunerada (art. 89 do ECA). 
As Entidades de atendimento também desempenham um papel importante na política de 
atendimento, sendo responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo 
planejamento e execução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças 
e adolescentes, em regime de: I - orientação e apoio sociofamiliar; II - apoio socioeducativo em 
meio aberto; III - colocação familiar; IV - acolhimento institucional; V - prestação de serviços à 
comunidade; VI - liberdade assistida; VII - semiliberdade; e VIII - internação. 
Além disso, é muito importante registrar que as entidades de acolhimento devem, nos 
termos do art. 92 do ECA, estimular adotar os seguintes princípios: I - preservação dos vínculos 
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familiares e promoção da reintegração familiar ( TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV); 
II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família 
natural ou extensa; III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - desenvolvimentode atividades em regime de coeducação; V - não desmembramento de grupos de irmãos; VI - evitar, 
sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; 
VII - participação na vida da comunidade local; VIII - preparação gradativa para o desligamento; 
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado 
ao guardião, para todos os efeitos de direito (§ 1º do art. 92 do ECA). Além disso, salvo determinação 
em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que desenvolvem programas de 
acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos 
de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes 
(§ 4º do art. 92 do ECA). TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
Digno de nota, ainda, que, de acordo com o art. 91 do ECA, as entidades não-governamentais
somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança 
e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da 
respectiva localidade.
O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos 
Direitos da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação. 
Para que a entidade receba o registro e tenha sua renovação, deverá observar os seguintes 
requisitos: a) estar regulamente constituída, com pessoas idôneas em seus quadros, b) oferecer 
instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e 
c) apresentar plano de trabalho compatível com os princípios do ECA.
As entidades governamentais e não-governamentais serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo 
Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares (art. 95 do ECA).
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5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO
5.1. DISPOSIÇÕES GERAIS 
As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos 
reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do 
Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta 
(conduta da própria criança ou adolescente, como no caso de uso de drogas e da prática de atos 
infracionais). 
As medidas de proteção podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como 
substituídas a qualquer tempo, e são elencadas, de forma meramente exemplificativa, no art. 101 
do ECA, a saber TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e 
promoção da família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar 
ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a 
alcoólatras e toxicômanos;
 VII - acolhimento institucional;
 VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
 IX - colocação em família substituta.
Importante lembrar que o acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas 
provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não 
sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.
É muito importante registrar, ainda, que a inclusão da criança ou adolescente em programas 
de acolhimento familiar (pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar) deve 
ter preferência em relação ao acolhimento institucional (abrigo, casa-lar ou casa de passagem), 
observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida. 
O prazo máximo de permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento 
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institucional é de 18 meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, 
devidamente fundamentada (§ 2º do art. 9º do ECA, alterado pela Lei n. 13.509 /2017).
A Lei n. 13.509/2017 alterou o prazo máximo de permanência da criança ou adolescente em 
programa de acolhimento institucional de 2 anos para 18 meses. Além disso, acrescentou os §§ 
5º e 6º ao art. 19 do ECA, estipulando que a adolescente que for mãe e estiver em acolhimento 
institucional terá o direito de convivência integral com seu filho e apoio de equipe especializada.
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à residência dos 
pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identifica-
da a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio 
e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente 
acolhido (§ 7º do art. 101 do ECA).
Além disso, as crianças e adolescentes, como regra geral, somente poderão ser encaminhados 
às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por 
meio de uma guia de acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente 
constará, dentre outros: I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu 
responsável, se conhecidos; II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos 
de referência; III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; 
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar (§ 3º do art. 101 do ECA). 
De acordo com o art. 93 do ECA, as entidades que mantenham programa de acolhimento 
institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes 
sem prévia determinação da autoridade competente, ou seja, sem a expedição de guia de 
acolhimento, fazendo comunicação do fato em até 24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, 
sob pena de responsabilidade. TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV 
Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo 
programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, 
visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em con-
trário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação 
em família substituta.
Ressalta-se, ainda, que as medidas que implicam afastamento da criança ou do adolescente 
do convívio familiar (acolhimento familiar e colocação em família substituta) são de competência 
exclusiva do Juízo da Infância e da Juventude, e importarão na deflagração, a pedido do Ministério 
Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se 
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Já as demais medidas de proteção podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar. 
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A Lei nº 13.509/2017 acrescentou o art. 19-B ao ECA, dispondo que a criança e adolescente 
que estiverem em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de 
programa de apadrinhamento. O apadrinhamento consiste, basicamente, em permitir que a 
criança e o adolescente mantenham vínculos externos, fora do acolhimento institucional ou 
familiar, com os denominados “padrinhos”, pessoas físicas ou jurídicas, que se disponibilizam 
a dar amor e carinho a essas crianças e adolescentes, levando-os para passear, comemorar 
datas especiais, visitar suas casas, etc. O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado 
será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para criançasou 
adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. 
 TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. 
5.2. MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS 
Quando a criança ou adolescente estiver em situação de risco em razão de conduta de seus pais 
ou responsável, o ECA prevê, em seu art. 129, medidas especiais que devem ser aplicadas, a saber:
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio 
e promoção da família; 
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a 
alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e 
aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar. 
Salienta-se que, de acordo com o art. 130 do ECA, verificada a hipótese de maus-tratos, opressão 
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como 
medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. Nessa situação, da medida cautelar 
constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente 
dependentes do agressor TEMA COBRADO NOS EXAMES XXV E XXVII DA OAB/FGV.
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6. PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
6.1. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Conforme previsto no art. 228 da CF/88, os menores de 18 anos de idade são penalmente 
inimputáveis, ou seja, não praticam crime nem contravenção penal e sim atos infracionais, 
conforme art. 103 do ECA. 
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Entretanto, a consequência de um ato infracional praticado pela criança não é a mesma de um 
ato infracional praticado pelo adolescente. Isso porque a criança que pratica ato infracional estará 
sujeita às medidas de proteção previstas no art. 101 do ECA, enquanto que o adolescente que 
pratica ato infracional estará sujeito às medidas socioeducativas. 
É muito importante registrar que apenas o Juiz poderá aplicar medidas socioeducativas, as 
quais, de acordo com o art. 112 do ECA, podem ser: 
MEDIDAS 
SOCIOEDUCATIVAS PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES
ADVERTÊNCIA 
(ART. 115) Reprimenda verbal aplicada pelo juiz em casos menos graves
OBRIGAÇÃO DE 
REPARAR O DANO 
(ART. 116) 
Aplicada apenas se o ato infracional possuir reflexos patrimoniais 
(furto, roubo, estelionato, dano, etc.) e se o adolescente tiver condição 
financeira de reparar o dano. Nesse caso, o juiz poderá determinar 
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do 
dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima TEMA 
COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. Havendo manifesta 
impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.
PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇOS À 
COMUNIDADE 
(ART. 117)
Consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral 
junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros 
estabelecimentos congêneres, bem como em programas 
comunitários ou governamentais. Tem prazo máximo de 6 
meses, devendo o adolescente cumprir até 8 horas semanais, 
em dias que não prejudiquem o seu estudo/trabalho, 
podendo ser em sábados, domingos, feriados ou dias úteis. 
LIBERDADE 
ASSISTIDA 
O ECA prevê o prazo mínimo de 6 (seis) meses. Consiste na 
nomeação de um orientador que vai acompanhar o adolescente 
na sua vida estudantil/profissional, devendo fazer relatório 
para o juiz acompanhar. Terminado o prazo mínimo de 6 
meses, o juiz pode revogar, prorrogar ou converter em outra 
medida ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. 
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INSERÇÃO EM 
REGIME DE 
SEMILIBERDADE 
Pode ser aplicada em duas situações: a) como progressão 
da internação ou b) aplicação direta, quando o caso 
não for grave suficiente para justificar a internação. 
A inserção em regime de semiliberdade segue as mesmas 
regras da internação, mas serão obrigatórias atividades externas, 
independentemente de ordem judicial. São obrigatórias a 
escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que 
possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. 
TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV. 
INTERNAÇÃO EM 
ESTABELECIMENTO 
EDUCACIONAL 
A mais grave de todas as medidas. Deve observar dois princípios: 
1) Brevidade – não tem prazo previamente determinado, mas tem
prazo máximo de 3 anos e a cada 6 meses deve ser reavaliada,
além do que, quando o adolescente completar a idade de 21
anos ocorrerá a liberação compulsória TEMA COBRADO
NOS EXAMES VI E X DA OAB/FGV; 2) Excepcionalidade – a
internação é medida excepcional, devendo ser a última medida a 
ser aplicada. Será admitida em apenas três hipóteses: a) prática 
de ato infracional com violência ou grave ameaça a pessoa, como 
roubo, estupro, etc. TEMA COBRADO XVII NO EXAME DA 
OAB/FGV; b) reiteração de atos infracionais graves (vários 
furtos, por exemplo); c) descumprimento de medida anteriormente 
imposta, mas, neste último caso, o prazo máximo de internação é 
de 3 meses TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV. 
O adolescente internado tem direito (art. 124 do ECA), entre 
outros, a peticionar diretamente a qualquer autoridade; 
corresponder-se com seus familiares e amigos; receber visitas, 
ao menos, semanalmente; permanecer internado na mesma 
localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou 
responsável; realizar atividades culturais, esportivas e de lazer, 
ter acesso aos meios de comunicação social; e receber assistência 
religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje. 
Na internação, é vedada a incomunicabilidade do adolescente, 
mas o juiz poderá suspender temporariamente a visita, 
inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e 
fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente 
 TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OBA/FGV.
MEDIDAS DE 
PROTEÇÃO 
PREVISTAS NO ART. 
101, I A VI DO ECA 
O juiz pode aplicar as medidas de proteção se entender necessário.
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As medidas socioeducativas, portanto, não se confundem com as medidas de proteção: 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO 
Aplicadas apenas ao adolescente infrator 
Previstas no art. 112 do ECA
Podem ser aplicadas apenas pelo Juiz 
Podem ser aplicadas a crianças ou 
adolescentes 
Previstas no art. 101 do ECA
Podem ser aplicadas pelo juiz ou pelo 
Conselho Tutelar, salvo os casos de acolhimento 
familiar e colocação em família substituta, 
que são de competência exclusiva do juiz. 
6.2. DIREITOS INDIVIDUAIS E GARANTIAS PROCESSUAIS 
O ECA prevê diversos direitos individuais e garantias processuais para que o adolescente seja 
privado de sua liberdade. 
DIREITOS INDIVIDUAIS GARANTIAS PROCESSUAIS 
Art. 106. Nenhum adolescente será privado 
de sua liberdade senão em flagrante de ato 
infracional ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito 
à identificação dos responsáveis pela sua 
apreensão, devendo ser informado acerca de 
seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer 
adolescente e o local onde se encontra 
recolhido serão incontinenti comunicados à 
autoridade judiciária competente e à família do 
apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde 
logo e sob pena de responsabilidade, a 
possibilidade de liberação imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, 
pode ser determinada pelo prazo máximo de 
quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser 
fundamentadae basear-se em indícios suficientes 
de autoria e materialidade, demonstrada a 
necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado 
não será submetido a identificação compulsória 
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, 
salvo para efeito de confrontação, havendo 
dúvida fundada.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado 
de sua liberdade sem o devido processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, 
entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição 
de ato infracional, mediante citação ou meio 
equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo 
confrontar-se com vítimas e testemunhas e 
produzir todas as provas necessárias à sua 
defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral 
aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela 
autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou 
responsável em qualquer fase do procedimento.
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Em relação ao art. 108 do ECA, importante mencionar que, conforme será estudado no próximo 
tópico, quando o adolescente é apreendido (em flagrante de ato infracional ou por ordem da 
autoridade judiciária) deve-se verificar a possibilidade sua liberação imediata. Não sendo possível 
sua liberação, o adolescente permanece internado durante o processo de apuração do ato 
infracional, mas o prazo máximo dessa internação provisória é de 45 dias (arts. 108 e 183 do ECA).
Esse prazo é improrrogável e, se for ultrapassado sem que o processo tenha chegado ao 
fim, o adolescente deve ser posto imediatamente em liberdade. Caso não seja liberado, haverá 
constrangimento ilegal, sanável por habeas corpus.
6.3. PROCEDIMENTO PARA A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL 
O adolescente pode ser apreendido em duas situações diferentes: por ordem judicial ou em 
razão de flagrante de ato infracional. 
No caso de apreensão em virtude de ordem judicial, esta deve ser fundamentada e basear-
se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da 
medida (parágrafo único do art. 108 do ECA), devendo o adolescente ser, desde logo, encaminhado 
à autoridade judiciária.
Já no caso de flagrante de ato infracional, o adolescente apreendido será, desde logo, 
encaminhado à autoridade policial competente, que adotará as providências de acordo com o tipo 
de ato infracional cometido (art. 172 do ECA). TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
Se o ato infracional for cometido com violência ou grave ameaça, será necessário lavrar 
auto de apreensão, com a oitiva de testemunhas e do adolescente, apreensão dos produtos e 
instrumentos da infração e requisição de exames e perícias (art. 173, incisos I, II e III). Entretanto, 
se o ato infracional for praticado sem violência ou grave ameaça, a lavratura de auto de apreensão 
pode ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciado (parágrafo único do art. 173).
Após, o adolescente deve ser encaminhado ao Ministério Público, sendo que o encaminhamento 
pode ocorrer de três formas: 
• Pelos próprios pais ou representante: não se tratando de ato infracional grave e com 
repercussão social, se comparecer qualquer dos pais ou responsável, o adolescente
será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato (art. 174).
Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou 
responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias 
civil e militar (parágrafo único do art. 179 do ECA). 
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• Pela autoridade policial: quando se tratar de ato infracional grave e com
repercussão social a autoridade policial pode encaminhar o adolescente diretamente
ao Ministério Público.
• Pela entidade de atendimento: sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação
ao representante do Ministério Público no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou 
transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias 
à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de 
responsabilidade (art. 178 do ECA).
Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista 
do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo 
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e 
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas 
(art. 179, caput, do ECA). 
Após a formação do seu convencimento, o representante do Ministério Público, poderá adotar 
uma das seguintes medidas: 
• Promover o arquivamento dos autos: quando ficar comprovado que o adolescente
não é o autor do ato infracional ou quando este sequer ocorreu. O juiz poderá homologar
o arquivamento ou, se discordar, poderá remeter os autos ao Procurador-Geral de
Justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar (§ 2º
do art.181).
• Conceder a Remissão: atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao
contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional, poderá ocorrer o perdão ao adolescente, acarretando
a exclusão do processo. A remissão pode ser concedida também pela autoridade
judiciária, após iniciado o procedimento, hipótese em que importará na suspensão
ou extinção do processo (art. 126 do ECA). Caso o juiz não concorde com a remissão
concedida pelo Ministério Público, aplica-se também a regra do § 2º do art.181
A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, 
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer 
das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação (art. 
127 do ECA). Além disso, a remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá 
ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença (art. 188 do ECA).
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• Representar à autoridade judiciária para a aplicação de medida socioeducativa: o
representante do Ministério Público oferecerá representação à autoridade judiciária,
propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que
se afigurar a mais adequada. A representação será oferecida por petição, que conterá
o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o
rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela
autoridade judiciária.
Oferecida a representação, se o juiz entender adequada a remissão, ouvirá o representante do 
Ministério Público, proferindo decisão (§ 1º do art. 186). Caso não seja dada a remissão pelo juiz, 
o advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de
apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas (§ 3º do art. 186).
Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa 
prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao 
representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para 
cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que

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