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Sabemos que a cárie é uma doença biofilme açúcar dependente, no entanto além disso temos fatores os quais predispõem o paciente ao desenvolvimento da mesma, que são os fatores de risco. Antes de entrar nos fatores propriamente ditos é importante lembrar que a cárie apresenta como primeiro sinal visível a lesão de mancha branca a qual faz parte do processo de carie para que por fim temos de fato a lesão. Desse modo ao atender um paciente deve se tratar o paciente desde quando não se vê nenhum sinal de carie, onde o paciente apresenta somente um risco, até de fato, caso chegue, uma lesão de carie propriamente dita em que vamos devolver a forma e a função do dente afetado, mas sempre instruindo o paciente tanto em questão de dieta (lembrando que não se prescreve dieta mas esta deve ser avaliada para que possamos orientar melhor esse paciente e classificarmos ou não como um paciente com maior risco de cárie), bem como em questão de biofilme, neste deve se avaliar o controle químico e mecânico por parte do paciente. Se faz necessário relembrar, também que a doença carie tem o biofilme como fator etiológico primário, e tem se a saliva dieta e presença de flúor como fatores determinantes. Para mais, temos os fatores confundidores os quais se traduzem nos comportamentos e hábitos desse paciente, ou seja o ambiente que aquele paciente vive, as condições socioeconômicas, culturais, comportamento que são os fatores que podem expressar risco ou não. Tais fatores são de extrema importância para se montar o perfil de cada paciente e consequentemente o melhor plano de tratamento para ele. E como reflexo de tais fatores consegue se ver a diferença em proporção dente cariado/restaurado entre regiões brasileiras, tais discrepâncias se dão não só pela presença de políticas públicas mais direcionadas como, principalmente, pela presença de fluoretação das aguas de cada região de modo que no sul e sudeste onde temos presença de agua fluoretada. Tais fatores são reforçados, ainda mais, quando se analisa as diferenças de prevalência de cárie entre idades, de modo que é perceptível que em indivíduos de maior idade tem se uma prevalência maior em virtude do surgimento dos dentifrícios fluoretados terem surgido em 1987 e a obrigatoriedade de flúor em todos os dentifrícios ter ocorrido em 1989 de modo que antes do flúor o dentifrícios serviam somente para remoção do biofilme sem interferir no processo DES-RE. Para mais indivíduos de maior idade não tiveram acesso a políticas públicas destinadas a saude oral como tem se nos dias atuais, bem como a costumes de época. Lógico que hoje mesmo com agua fluoretada, programas de prevenção, dentifrício fluoretado, diagnóstico precoce, entre outros, ainda existe um índice de prevalência que expressa que em determinadas classes sociais, cultura de cada local e etc., o que se reflete em uma polarização da doença a qual deve ser levada em conta visto a identificação precoce desses grupos permitem que as autoridades de saude planejem medidas preventivas e utilizem de forma mais eficiente os seus recursos e os estudos demonstram que tem se fatores preditores de risco e fatores de risco de fato • Fatores de Risco: Se trata de uma variável ambiental, comportamental ou biológica, usualmente confirmada por sequência temporal em estudos longitudinais, que, se presente, aumenta diretamente a probabilidade do ocorrência da doença e, se ausente ou removida, reduz a probabilidade, o que significa que o fator de risco expõe o hospedeiro, no caso o paciente, a ocorrência da doença, se refletindo na probabilidade de se desenvolver a carie de modo a aumentar ou diminuir tal doença Fatores de Risco de Cárie • Preditores de Risco: o preditor não faz parte da cadeia causal da doença, por exemplo, o consumo de açúcar faz parte da cadeia causal da doença então seria um fator de risco, mas se um indivíduo teve carie quando criança significa que vai ter carie quando adulto? NÃO, então uma experiencia anterior de carie não seria um fator de risco por não fazer parte da cadeia causal da doença mas indica um risco maior do desenvolvimento dessa doença. Fatores de Risco Biológicos Comportamentais Socioeconômico Biofilme Dieta Escolaridade Experiencia de carie Higiene Renda Saliva Fator protetor Moradia Bactérias Saneamento Dentre desses fatores listados temos os fatores de risco gerais incluindo os fatores e preditores. ➢ Experiencia Prévia de Cárie se trata de um dos maiores preditores, é logico dizer que se um paciente tem carie em um dente decíduo não significa dizer, com certeza, que o mesmo ira ter dente permanente de cárie, mas predispõe o individuo pois se ele já teve carie ele, usualmente, já está dentro de todos os fatores de risco de fato ➢ Higiene Bucal Deficiente é sabido que é um fator diretamente relacionado ao desenvolvimento de carie, e falando de higiene bucal devemos analisar não somente a frequência como a qualidade dessa escovação, um paciente pode relatar escovação 4,5-7 vezes ao dia e apresentar carie devido a ineficiência do seu método de escovação. ➢ Presença de Biofilme é um fator diretamente ligado ao desenvolvimento da carie em questão de sua presença e composição fazendo parte de sua cadeia causal e sendo portanto um fator de risco. ➢ Dieta Criogênica é mais um fator de risco e devemos observar que a dieta deve ser relacionada a quantidade e frequência, comer algumas vezes “ok” contanto que se faça a higienização, mas se essa dieta for frequente vai se ter uma recorrência de “desbalanceamento” do processo DES/RE de modo a ser um fator diretamente ligado ao surgimento de uma carie. ➢ Bactérias (S.mutans) é uma bactéria que se destaca na composição do biofilme, sendo os principais microrganismos que na questão da sacarose vai produzir os PEC’s (Polissacarídeos extracelulares) ➢ Hipoplasia do Esmalte é um defeito no desenvolvimento do esmalte podendo ser fator ou preditor de risco, algumas literaturas consideram como fator pois o dente já erupcionou desse modo então vai acumular mais biofilme, tem dificuldade de remoção e consequentemente tem se uma maior tendencia de carie e não tem o que fazer, no entanto outros autores consideram que não é porque o dente tem hipoplasia que ele vai desenvolver pois se tiver uma higiene oral de qualidade não tem esse fator como risco e sim preditor. ➢ Fator Socioeconômico é um preditor, pois viu se que há uma maior prevalência de caries em crianças quando as mães e ou cuidadores, por serem as que cuidam dos filhos, que apresentam baixo nível econômico e consequentemente de instrução. Com esses fatores de risco conseguimos realizar a avaliação de risco de cada paciente, lembrando que esse risco é um processo dinâmico, em um dia o paciente pode estar perfeito (colaborador, higiene oral boa, dieta boa) e em outra consulta o paciente ter voltado com fator de risco enorme pois algo aconteceu. Então existe uma relação ente a progressão e os fatores de risco Temos os indicadores que são fatores visuais de modo que quando vemos a presença já ligamos o alerta, os fatores de risco de fato que pendem para o processo de carie, e os fatores protetores então devemos avaliar ali a dieta, escovação, se o paciente tem uma boa salivação, e juntar ali os fatores em uma balança para melhor determinarmos um perfil para o paciente Com essas informações nós olhamos uma tabela para determinar se o paciente tem um baixo risco, um alto risco ou um risco moderado, e para isso se observa as condições clínicas, ambientais e condições gerais de saude TABELA PARA ANÁLISE GERAL Indicadores de Fatores de Risco Baixo Risco Risco Moderado Alto Risco CONDIÇÕES CLÍNICAS Ausência de carie nos últimos 24 meses Cárie nos últimos 24 meses Cárie nos últimos 12 meses Ausência de desmineralização no esmalte 1 área de desmineralização no esmalteMais de uma área de desmineralização no esmalte (mancha branca) Ausência de biofilme e gengivite Gengivite Biofilme visível em dentes anteriores Detecção de carie em dentes anteriores por RX Alta contagem de S mutans Uso de aparelho ortodôntico Hiperplasia do esmalte CONDIÇÕES AMBIENTAIS Ótima exposição a flúor tópico e sistêmico Subexposição a flúor sistêmico e ótima exposição a flúor tópico Subexposição de flúor tópico Pouco consumo de açucares ou comidas associadas a carie durante as refeições Consumo ocasional de açucares ou comidas associadas fortemente a carie entre refeições Consumo frequente de açucares ou comidas associadas fortemente a carie entre refeições Elevado nível socioeconômico do cuidador Nível socioeconômico intermediário do cuidador Baixo nível socioeconômico do cuidador Uso regular de higiene bucal em casa Uso irregular de serviços odontológicos Não tem serviço usual de cuidado bucal Mãe apresenta cárie ativa CONDIÇÕES GERAIS DE SAUDE Criança com cuidados especiais Condições que modifiquem a composição e o fluxo salivar Processo de Cárie SEM Cárie Indicadores -Mancha Branca -Restaurações em – de 3 anos -Lesões em esmalte -Presença de cavidade em dentina Fatores de Risco -Bactérias ruins -Ausência de saliva -Hábitos ruins Fatores de Proteção -Saliva e selante -Antibactericidas -Flúor -Boa dieta Tabela RAPIDA Para Análise clínica, o que se vê BAIXO RISCO •Ausência de lesão de carie, ausência de dente restaurado, perdido ou de grande quantidade de biofilme RISCO MODERADO •Ausência de cárie ativa, presença de dente restaurado, ausência de perda dentaria e ausência de grande quantidade de biofilme •Ausência de carie ativa, presença de lesão de carie crônica, presença de material restaurador provisório (IRM, OZE ou Ionômero em dente permanente) presença de perda dentaria e ausência de grande quantidade de biofilme ALTO RISCO •Presença de lesão inicial de carie sem cavitação e presença de grande quantidade de biofilme •Presença de uma ou mais cavidades de carie •Presença de dor, abscesso, fistula, comprometimento pulpar visível e restos radiculares Temos duas tabelas e o uso delas vai depender do tempo que você tem disponível para fazer ali a consulta com o paciente, a gente sabe que a carie não se restringe as manifestações visíveis então a tabela rápida é suscinta e vai avaliar ali só o que vai se ver na boca de modo que avaliação pode ser incompleta, a outra tabela já inclui os hábitos comportamentais então conseguimos avaliar por completo aquele paciente e conseguir um plano de tratamento mais eficiente. Não é obrigatório usar uma ou outra, deve se usar o bom senso unindo o tempo disponível e as informações que se obteve. Deve se atentar na anamnese a construir vínculo e conversar bem com o paciente, as vezes ele diz “não como doce não” aí pergunta qual o lanche aí diz “biscoito maisena”, escova os dentes da criança antes de dormir “escovo, mas dou uma mamadeira depois”... tem que se ter uma conversa para que consigamos abarcar o maior número de informações possíveis.
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