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MOBILIDADE URBANA E SEGURANÇA DE GENERO NO ESPAÇO PUBLICO - ARTIGO

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Futuro da Tecnologia do Ambiente Construído e os Desafios Globais
Porto Alegre, 4 a 6 de novembro de 2020
ENTAC2020 – Porto Alegre, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2020
MOBILIDADE URBANA E SEGURANÇA DE GENERO NO ESPAÇO PUBLICO
AUTORES
Resumo
Diariamente milhares de pessoas transitam pelas ruas do Brasil, entretanto a experiencia desse trânsito é diferente para cada grupo. Este trabalho irá focar na experiencia de alguns grupos sendo eles: mulheres, negras, trans, travestis e homossexuais, propondo soluções que podem ser aplicadas em qualquer cidade.
Palavras chave: Mobilidade.Segurança.Genero.Iluminação.
Abstract
Daily, thousands of people transit through the streets of Brazil, however the experience of this traffic is different for each group. This article will focus on the experience of some groups being: black women, women, trans, transvestites and homosexuals, proposing solutions that can be applied in any city.
Keywords: Mobility.Security.Gender.Ilumination.
1 INTRODUÇÃO
As ruas do Brasil são as principais maneiras de se circular pelo país logo, garantir a segurança nas mesmas torna-se essencial, nesse sentido, a ONU elaborou 17 metas a serem atingidas até 2030, entre elas tornar as cidades mais seguras, resilientes e sustentáveis, melhorando a mobilidade urbana e a seguridade para as pessoas em situação de vulnerabilidade.
Outrossim, é necessário fazer um recorte dentro da questão da mobilidade urbana que é o de gênero. Segundo Dicionário Aurélio, gênero é qualquer agrupamento de indivíduos, objetos, ideias que tenham características em comum. Muitas vezes o termo gênero é erroneamente utilizado em referência ao sexo biológico. Por isso, é importante enfatizar que o gênero diz respeito aos aspectos sociais atribuídos ao sexo. Ou seja, gênero está vinculado a construções sociais, não a características naturais. Por conseguinte, é evidente que certos grupos são mais vulneráveis dentro desse contexto, conforme os dados do jornal o Globo só no RJ no ano de 2019 foram registrados 6.599 crimes contra mulheres em ruas, locais públicos e aberto esse dado não é diferente nas demais cidades do Brasil, a BBC informou que cerca de 22 milhões de brasileiras passaram por situação de assedio e/ou violência e dessas cerca de 58% aconteceram fora do ambiente doméstico.
Portanto, o presente trabalho busca, não só evidenciar e elucidar acerca da mobilidade urbana e segurança de gênero no espaço público, como também propor soluções viáveis que possam ser aplicadas no contexto brasileiro a fim de reduzir tais estatísticas que persistem no país. 
2 VIOLENCIA E A VIDA NA CIDADE
3,8% dos estupros reportados à polícia no Brasil foram cometidos contra vulneráveis os dados estão do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Não é preciso haver muitos casos de violência numa rua ou distrito, para que as pessoas temam as ruas. E, quando temem as ruas as pessoas as usam menos, o que as torna ainda mais inseguras (Jane Jacobs 1961 – Morte e vida de grandes cidades)
As cidades são organismos vivos, imaginemos as ruas como a correntes sanguíneas desse grande sistema, para um bom funcionamento de qualquer ser vivo é primordial a circulação sanguínea, de forma eficiente, segura. Ao olhar para as vias, distritos do brasil notamos vários patogênicos que prejudicam a mobilidade segura e eficiente, criando diversas problemáticas para as pessoas que ali trafegam, entretanto, um grupo em especifico sofre riscos ainda maiores nesse exercício diário de ir e vir. Segundo o ANTRA cerca de 118 pessoas trans, travestis e/ou negros(as) são assassinadas todo ano e destas cerca de 68% estavam na rua, em trânsito ou no passeio público. 
Manter a segurança urbana e uma função fundamental das ruas e suas calçadas (Jane Jacobs 1961- Morte e vida de grandes cidades)
Segundo Dossiê Mulher 2019, 4.543 mulheres foram vítimas de estupro em todo o estado, correspondendo a 71,6% dos casos de crime de natureza sexual. Sendo que desses crimes 9,2% das vitimas declararam que sofreram estupro em vias públicas. Conforme Figura 1.
Figura 1 – Agressão por local
Fonte: Dossiê da mulher- https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br
Dados da TGeu (trangender europeu) mostram o brasil como líder no ranking de homicídio de pessoas trans e travestis, com 868 mortes nos últimos anos e, segundo a ativista (transsexual) Luísa Marilac, a maioria desses assassinatos ocorrem nas ruas, vielas e distritos em condições de extrema insegurança. Conforme Figura 2
Figura 2 – Violência por localização
Fonte: Trans murder monitoring transgender europeu 
2/3 das mortes violentas de LGBT+, sobretudo de gays e lésbicas, ocorreram no espaço público, enquanto as trans, especialmente as profissionais do sexo, foram executadas na “pista”, no centro urbano, mas também em estradas e locais ermos. (Ggb – Relatório anual de morte lgbtq+)
Conforme observado nos dados expostos acima, o simples exercício de ir e vir, direito básico garantido pelo artigo 5º XV da constituição brasileira tornou-se arriscado para maioria dos brasileiros. Como arquitetos urbanistas e parte dessa organela viva chamada cidade, temos o dever de apresentar soluções para as patologias expostas.
O espaço público nas cidades tem de ser mais importante que o espaço privado. por conseguinte, Foi nesse pensamento que Aníbal Gavíria, ex-prefeito de Medellín, na Colômbia, pautou a gestão, de 2012 a 2015, e conseguiu reverter números que atentavam contra a vida em uma metrópole que passou pelo vexame de ser uma das mais violentas do mundo num período de 10 anos. O índice dos homicídios era uma dessas estatísticas: 429 mortes violentas para cada mil colombianos, porém, graças a essa filosofia, houve uma queda redentora para 19 mortos.
3 MOBILIARIO URBANO E SEGURANÇA 
Uma simples alteração do mobiliário urbano pode gerar excelentes resultados na diminuição da violência, segundo uma pesquisa realizada pela polícia metropolitana de nova York que registrou uma redução de 36% dos crimes que ocorreram durante a noite, em uma rua que recebeu iluminação pública extra num período de seis meses entre março e agosto de 2016.Nesses locais foram instaladas cerca de 300 torres de luz distribuídas conforme o tamanho da área que necessitava de iluminação. 
Outrossim, iluminação pública assume papel fundamental na qualidade de vida e segurança das cidades, em virtude do crescimento da urbanização e dos problemas gerados pelo mesmo. Atualmente, a falta de iluminação pública nas ruas contribui bastante para a prática de crimes no Brasil. 
se a escuridão favorece o fator surpresa da ação criminosa e dificulta a identificação de sua autoria portanto, a principal hipótese é que o aumento da visibilidade permitido pela iluminação pública acabaria com essas vantagens. (Folhapress 15-07-19)
Os pesquisadores do Bureau Nacional de Pesquisa Econômica, nos EUA, sortearam 40 ruas com habitações de interesse social de um universo de 80. Todas eram consideradas prioritárias pela polícia de NY porque nelas a incidência de crimes não havia declinado nos últimos anos, como no restante da cidade. As localidades sorteadas receberam mais de 300 torres de luz distribuídas de acordo com o tamanho da área que deveria ser iluminada. A partir de dados prévios de crimes como homicídio, roubo e furto ocorridos nestas localidades, a equipe liderada pelo economista Aaron Chalfin, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, detectou redução na taxa desses crimes que variou de 36% a 60%.
Como os crimes noturnos representam 11% do total de ações criminosas dessas localidades, trata-se, de uma diminuição de aproximadamente 4% no total dos crimes de rua desses endereços. "Para a literatura de crime, 4% de redução é um bom resultado", explica o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Paulo Arvate coautor de um estudo brasileiro que apontou para redução nos homicídios nas cidades do Norte e Nordeste que receberam iluminação elétrica por meio do programa Luz para Todos.
4 TECNOLOGIA EM PROL DA SEGURANÇA
 Uma segunda opção seria a utilizaçãode vigilância remota 24horas por dia, se a iluminação permite a identificação, a vigilância poderá reconhecer os indivíduos e tomar as providencias cabíveis, além de que seria possível gerar estatísticas precisas por patologia de toda uma rua, bairro e distrito.
Algumas cidades do estado de Rondônia contam com um sistema de monitoramento por câmeras, são cerca de 222 câmeras espalhadas por 15 municípios e, segundo a polícia militar em alguns locais foi constatado a redução de 90% da criminalidade no local instalado. (FOLHAPRESS 15/07/19)
Por conseguinte, o serviço funciona da seguinte forma: por meio de tela, os monitores observam os movimentos nas ruas, as atitudes consideradas suspeitas são acompanhadas e quando é preciso são acionadas viaturas da Polícia Militar que estiverem mais próximas para realizar a abordagem dos suspeitos. Há vários relatos de suspeitos presos após cometerem o ilícito porque os monitores repassam informações sobre o indivíduo: cor da roupa, se está usando boné ou qual o veículo está usando. 
Durante um pequeno levantamento realizado pela cidade de Campo Grande, forma entrevistadas em torno de10 pessoas sendo mulheres, trans. Travestis e homossexuais e todas responderam a mesma pergunta “você se sente segura andando pelas ruas da cidade?” e a resposta foi a mesma afirmando com veemência sobre o medo e a insegurança ao trafegar pela cidade em variados horários do dia. 
Foi sugerido a instalação de pontos de pânico próximo aos pontos de ônibus, e terminais. Esses pontos funcionariam como uma espécie de telefone, no qual a vitima ao pressionar um botão entra em contato com a delegacia mais próxima na qual uma unidade estaria de prontidão para se deslocar até a localização acionada. Outra solução sugerida foi a instalação de sirenes em pontos de ônibus, e nos pontos de pânico, para que quando uma mulher estivesse em situação de perseguição, risco a mesma pudesse acionar a sirene alertando assim a vizinhança e espantando o perseguidor/agressor.
“O uso do botão resulta em dois efeitos: inibidor para os agressores e encorajador para as mulheres voltarem às atividades rotineiras, como trabalhar ou mesmo sair à rua”, resumiu a juíza Hermínia Maria Silveira Azoury, coordenadora das varas de violência doméstica e familiar contra a mulher do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES)
 O tribunal é pioneiro na implantação do equipamento formalmente chamado de Dispositivo de Segurança Preventiva. No estado, logo que o dispositivo foi implantado na capital, Vitória, em 2013, foram evitadas 12 mortes de mulheres por violência. O modelo em questão é utilizado em casos de violência domestica porem pode ser facilmente adaptado para ser utilizado nas vias públicas, pontos de ônibus e terminais visando sempre tornar a cidade mais segura e inclusivas.
5 CONCLUSÃO 
A cidade não é apenas um aglomerado de pessoas em um mesmo território, o conceito vai muito além envolve cultura, psicologia, arte, história. No momento em que paramos para observar a vida nas cidades, a questão que mais nos afeta como usuários é a violência urbana. Onde um grupo específico se tornou o maior alvo dessa insegurança. Entretanto, com pequenas alterações no mobiliário urbano em pontos estratégicos, é possível aplicar as metas sugeridas pela ONU. Mais segurança, mais igualdade, mais inclusão e consequentemente menos violência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente as mulheres que foram nossa primeira casa, e a todas as pessoas que dedicaram um tempo para ouvir e responder as dezenas de perguntas que foram feitas para elucidação dessa ideia.
REFERENCIAS
ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2002a. 
______. NBR 10520: Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2002b.
______. NBR 6024: Informação e documentação - Numeração progressiva das seções de um documento escrito - Apresentação. Rio de Janeiro, 2003a. 
______. NBR 6028: Informação e documentação - Resumo - Apresentação. Rio de Janeiro, 2003b. 
______. NBR 14724: Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011.
Anuário Brasileiro de segurança pública – Edição 2018
Anuário Brasileiro de Segurança pública – Edição 2019
Auditoria de segurança de gênero e caminhabilidade Terminal de Santana – Mulheres caminhantes – abril / 2018
Atlas da violência – IPEA 2019
Dossiê da mulher 2019 – Instituto de segurança publica 
Dossiê dos assassinatos e violência contra travestis e transexuais no Brasil em 2018 – Bruna G Benevides e Sayonara Naider Bonfim Nogueira 
Fran Tonkiss, 2005. Space, the city and social theory
GROSTEIN, M. D. 1987 - A Cidade Clandestina: os ritos e os mitos
The death and life of great american cities – Janes Jacob 1961 – 4 Edição São Paulo 2014 – Editora WMF Martins fontes
17 Objetivos para transformar o mundo – ONU Brasil

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