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Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. Discente: RA: Curso: Direito Disciplina: Direito Constitucional 2 PROBLEM-BASED LEARNING Estes exercícios direcionam o estudo para os conteúdos da disciplina Direito Constitucional 2. Situação I MUDANÇA DO SISTEMA DE GOVERNO O Brasil é uma república federativa presidencialista. Contudo, tendo passado por duas destituições de Presidente da República por crime de responsabilidade (impeachment), tem-se discutido a mudança do nosso sistema de governo. Ocorre que em 1993, conforme previsão constitucional, houve plebiscito para a definição da forma e do sistema de governo, tendo sido mantida a república presidencialista. Diante dessas informações, leia os seguintes textos: Maia dita ritmo e já indica 2020 com parlamentarismo branco fortalecido na Câmara Em apenas duas semanas, presidente da Câmara mostra que manterá protagonismo sobre pauta econômica https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/maia-dita-ritmo-e-ja-indica-2020-com-parlamentarismo- branco-fortalecido-na-camara.shtml; OBSERVATÓRIO CONSTITUCIONAL Quem tem medo da implementação do semipresidencialismo? 3 de agosto de 2019, 8h00 Por Fábio Lima Quintas Em junho de 2018, estava na pauta do Supremo Tribunal Federal o julgamento do MS 22.972, impetrado (em novembro de 1997) por parlamentares para impugnar Proposta de Emenda à Constituição para instituir o parlamentarismo como sistema de governo. No julgamento desse mandado de segurança, teria o STF a oportunidade de decidir se estaria na alçada do Poder Constituinte Derivado alterar o sistema de governo ou se essa modificação estaria vedada pelas cláusulas pétreas. Isso porque se defendia na ação que “os legisladores constituintes originários, ao estabelecerem que a forma e o sistema de governo seriam decididos através de plebiscito, na realidade excluíram do poder de reforma constitucional a decisão a respeito do tema, outorgando-a diretamente ao eleitorado, ou seja, ao povo", que já teria se pronunciado contra o parlamentarismo na revisão constitucional de 1993. Esse julgamento se frustrou em função do pedido de desistência formulado pelo impetrante, que veio a ser homologado pelo STF [ 1]. À época, o julgamento suscitou grande controvérsia, sobretudo em face das discussões no âmbito político sobre a implementação do parlamentarismo ou do semipresidencialismo no Brasil. Com efeito, havia a perspectiva de que, se o STF não vislumbrasse inconstitucionalidade na referida PEC, o Congresso Nacional poderia avançar nessa pauta, como uma resposta à grave crise de legitimidade política que se instaurou a partir de 2016 e prosseguiu mesmo após o impeachment da presidente Dilma Roussef [2]. A fragilização do governo de Michel Temer, que chegou a encampar uma discussão sobre o tema, e a aproximação do período eleitoral também retiraram o assunto da pauta política. Não obstante isso, é certo que persiste a compreensão de que há um exaurimento de nosso sistema político e sobre a necessidade de criarmos uma “nova política”, não apenas em relação ao comportamento dos agentes políticos, mas também em bases institucionais. Proclama-se a crise do presidencialismo praticado em nosso país, que, na conformação dada pela Constituição de 1988, se convencionou chamar de presidencialismo de coalização, caracterizado como https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/maia-dita-ritmo-e-ja-indica-2020-com-parlamentarismo-branco-fortalecido-na-camara.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/maia-dita-ritmo-e-ja-indica-2020-com-parlamentarismo-branco-fortalecido-na-camara.shtml https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#author https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote1sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote2sym Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. um presidencialismo mitigado, por demandar a necessidade de o executivo apoiar-se, na formação do governo, em grandes coligações com dois eixos, o partidário e o estadual, não obstante o forte poder de agenda do Presidente sobre o Congresso (que depende de recursos que estão sob o controle do Presidente), a indicar a necessidade de constantes transações entre Executivo e Legislativo [3]. Segundo notícias, há nova movimentação política no sentido de discutir a modificação do sistema de governo, para implementação do semipresidencialismo [4]. No semipresidencialismo, o presidente, eleito pelo povo, tem papel fundamental na formação do governo, com a indicação de um primeiro-ministro que tenha capacidade de dialogar com o Legislativo, gerando uma espécie de coabitação no governo, entre presidente e primeiro-ministro. Segundo Carlos Blanco Morais, “os atributos dominantes do semipresidencialismo residem: na dupla responsabilidade institucional ou política do Governo, tanto perante o Presidente da República como em face do Parlamento; no carácter significativo das competências políticas de direção ou de controlo do Presidente sobre outras instituições, com destaque para a faculdade livre ou autónoma de dissolução parlamentar; a eleição do Presidente por sufrágio universal [elemento relevante mas não decisivo]; e a bicefalia entre o Presidente e o Primeiro-Ministro (que procura sublinhar a existência de um Chefe de Governo autónomo do Presidente, mesmo que seja este a presidir formalmente ao Conselho de Ministros” [5]. Considerando que o sistema político é regido por regras formas e informais que presidem a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, a implementação do semipresidencialismo já pode estar em curso. De um lado, um dos tradicionais instrumentos utilizados pelo Executivo em suas transações com o Legislativo foi afetado pela promulgação de recentes emendas constitucionais que instituíram o chamado orçamento impositivo (EC 86, de 17/3/2015, e 100, de 26/6/2019) [6]. Além disso, a regra da fidelidade partidária reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (MS 26.602, Rel. Min. Eros Grau; MS 26.603, Rel. Min. Celso de Mello; e MS 26.604, Rel. Min. Cármen Lúcia) e a criação de cláusula de desempenho pela Emenda Constitucional 97, de 2017, podem contribuir para reduzir o quadro de fragmentação partidária e para o fortalecimento dos partidos políticos (retirando premissas importantes do presidencialismo de coalizão) [7]. Todas essas modificações têm aptidão de alterar sensivelmente o equilíbrio da relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. É precipitado afirmar, no entanto, que caminhamos para o semipresidencialismo sem que haja alteração das regras que lidam com crises de governabilidade. Esse é um aspecto fundamental para definir qualquer sistema de governo. Sem modificações nesse campo, o fortalecimento do Parlamento, em cenário de grave crise institucional, conduz, em regime presidencialista como o brasileiro, a disfunções, que se manifestam, por exemplo, com a tendência de banalização do impeachment. Isso porque, em momentos de grave crise institucional, o presidencialismo se mostra um sistema pouco resiliente. No semipresidencialismo, contudo, há o imperativo de que o Governo se sustente na confiança parlamentar (como ocorre no parlamentarismo), “de onde sobressai, como atributo fundamental, uma maior liberdade ou autonomia no processo de dissolução parlamentar” pelo Presidente da República, que, como Chefe de Estado, tem a “faculdade de, no limite, poder dissolver o referido órgão, independentemente da vontade do Primeiro-Ministro ou do próprio Parlamento” [8]. De todo modo, se é precipitado dizer que o Brasil caminha para o semipresidencialismo, as alterações recentes e silenciosas na dinâmica nas relações entre os poderes indicam que é possívele prudente ter uma leitura mais permeável do princípio da separação de poderes na nossa República. O princípio da separação de poderes deve ser entendido menos como uma regra de engessamento a respeito das relações entre poderes e mais como uma orientação de que a organização dos poderes deve ser orientada para estabelecer freios e contrapesos e para otimizar a governabilidade, sem descurar da legitimidade no exercício do poder político[9], havendo espaço para o Constituinte Derivado e o Poder Legislativo implementarem modificações no arranjo existente. Com essa postura, o Direito estará contribuindo para o contínuo esforço de construção de um arcabouço institucional propício ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da democracia[10]. Esta coluna é produzida pelos membros do Conselho Editorial do Observatório da Jurisdição Constitucional (OJC), do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote3sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote4sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote5sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote6sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote7sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote8sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote9sym https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote10sym Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. 1 STF, MS 22.972, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJ 11/6/2018 (decisão monocrática). 2 Em 2016, já se anunciava essa possibilidade, como se vê em matéria publicada pela Folha de São Paulo em 16/3/2016: “O parlamentarismo vem sendo discutido como uma alternativa para as crises políticas e econômicas que paralisaram o país. O tema vinha ganhando força no Senado, mas a oposição no Senado conseguiu convencer o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a postergar a instalação de uma comissão especial para discutir uma mudança no regime de governo para algo como um parlamentarismo ou um semipresidencialismo.” (Após pedido do Senado, STF adia julgamento sobre parlamentarismo, Márcio Falcão Aguirre Talento, Folha de São Paulo, Coluna Poder, 16/3/2016, disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750589-apos-pedido-do-senado-stf- adia-julgamento-sobre-parlamentarismo.shtml (último acessso em 31/7/2019). Em 2017, após o impeachment da Presidente Dilma, durante o mandato do Presidente Temer, o debate político prosseguiu, como se vê da seguinte notícia: “Temer avalia testar parlamentarismo em seu governo”, Notícias UOL, 13/8/2017, disponível em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia- estado/2017/08/13/temer-avalia-testar-parlamentarismo-em-seu-governo.htm (acesso em 31/7/2019) 3 MORAIS, Carlos Blanco de. O Sistema Político. Coimbra: Almedina, 2017, pp; 403-408. Ainda sobre o tema, vide VICTOR, Sergio Ferreira. Presidencialismo de coalizão: exame do atual sistema de governo brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2015. No entendimento de Limongi e Figueiredo, a governabilidade, no presidencialismo de coalizão, se constitui a partir de uma fusão de agendas do Executivo e do Legislativo, dado que, não obstante o Executivo tenha o controle da proposição da agenda legislativa, precisa formar coalisões no âmbito do Legislativo para aprová-las e implementar sua proposta de governo (LIMONGI, Fernando; FIGUEIREDO, Argelina. Poder de agenda e políticas substantivas. In: INÁCIO, Magna; RENNÓ, Lúcio (org.). Legislativo brasileiro em perspectiva comparada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. p. 78). 4 “Congresso limita ação de Bolsonaro e debate semiparlamentarismo”, Folha de São Paulo, Poder, 26/5/2019, disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/congresso-limita-acao-de- bolsonaro-e-debate-semiparlamentarismo.shtml (acesso em 31/7/2019) 5 MORAIS, Carlos Blanco de. O Sistema Político. Coimbra: Almedina, 2017, p. 420. 6 A respeito do tema, confira-se recente texto de Samuel Pêssoa, publicado na Folha de São Paulo em 7 de abril de 2019,“A caminho do semipresidencialismo”, disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2019/04/a-caminho-do- semipresidencialismo.shtml (acesso em 1º de agosto de 2019). 7 Sobre a Emenda Constitucional 97, confira-se o texto: Quintas, Fábio Lima. A cláusula de desempenho estabelecida pela Emenda Constitucional nº 97: possibilidade de diálogo constitucional entre o STF e o Poder Constituinte Derivado?, Revista Interesse Público, Belo Horizonte, ano 21, nº 115, pp. 85-102, maio/junho 2019. 8 MORAIS, Carlos Blanco de. O Sistema Político. Coimbra: Almedina, 2017, pp. 421-422. 9 Em sentido contrário, defendendo a inconstitucionalidade de PEC que se proponha a alterar a forma de governo, por violação ao princípio da separação de Poderes (cláusula pétrea), confiram-se os argumentos de Luiz Alberto dos Santos, em artigo intitulado “PECs que buscam instituir o parlamentarismo são inconstitucionais” (Revista Consultor Jurídico, 28 de março de 2016), disponível no seguinte endereço: https://www.conjur.com.br/2016-mar-28/luiz-santos-pecs-propoe- parlamentarismo-sao-inconstitucionais (último acesso em 31 de julho de 2019 10 LAMOURNIER, Bolívar. O que é que se constrói quando se constrói a democracia. In: AVELAR, Lúcia; CINTRA, Antônio Octávio (org.). Sistema Político Brasileiro: uma introdução. 3ª ed. São Paulo: ed.Unesp, 2015. https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao- semipresidencialismo e responda o que segue. a) O que é forma de governo, quais são as possíveis e quais as diferenças entre elas? Dê exemplos de países que adotam cada uma delas. https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote1anc https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote2anc https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750589-apos-pedido-do-senado-stf-adia-julgamento-sobre-parlamentarismo.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750589-apos-pedido-do-senado-stf-adia-julgamento-sobre-parlamentarismo.shtml https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/08/13/temer-avalia-testar-parlamentarismo-em-seu-governo.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/08/13/temer-avalia-testar-parlamentarismo-em-seu-governo.htm https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote3anc https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote4anc https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/congresso-limita-acao-de-bolsonaro-e-debate-semiparlamentarismo.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/congresso-limita-acao-de-bolsonaro-e-debate-semiparlamentarismo.shtml https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote5anc https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote6anc https://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2019/04/a-caminho-do-semipresidencialismo.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2019/04/a-caminho-do-semipresidencialismo.shtml https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote7anchttps://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote8anc https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote9anc https://www.conjur.com.br/2016-mar-28/luiz-santos-pecs-propoe-parlamentarismo-sao-inconstitucionais https://www.conjur.com.br/2016-mar-28/luiz-santos-pecs-propoe-parlamentarismo-sao-inconstitucionais https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo#sdfootnote10anc https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo https://www.conjur.com.br/2019-ago-03/observatorio-constitucional-quem-medo-implementacao-semipresidencialismo Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. b) O que é sistema de governo, quais são os possíveis e quais as diferenças entre eles? Dê exemplos de países que adotam cada um deles. c) O que é regime (ou sistema) político, quais são os possíveis e quais as diferenças entre eles? Dê exemplos de países que adotam cada um deles. d) O que é forma de estado, quais são as possíveis e quais as diferenças entre elas? Dê exemplos de países que adotam cada uma delas. e) Quais dispositivos constitucionais caracterizam o Brasil como república federativa presidencialista? f) Por que é constitucionalmente discutível o poder do Congresso Nacional de mudar o sistema de governo? g) Por que a atual relação entre Executivo e Legislativo no Brasil está sendo apelidada de “parlamentarismo branco”? Situação II ORGANIZAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA E CRIAÇÃO DE NOVOS ENTES 1. Leia a seguinte ementa de julgado do Supremo Tribunal Federal: ADI 2650 / DF - DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI Julgamento: 24/08/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-218 DIVULG 16-11-2011 PUBLIC 17-11-2011 EMENT VOL-02627-01 PP-00001 RTJ VOL-00220- PP-00089 RT v. 101, n. 916, 2012, p. 465-508 Parte(s) REQTE.(S) : MESA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS ADV.(A/S) : ADIR CLAUDIO CAMPOS INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : CONGRESSO NACIONAL AM. CURIAE. : INSTITUTO PRÓ ESTADO DE CARAJÁS - IPEC ADV.(A/S) : EDUARDO ANTÔNIO LUCHO FERRÃO E OUTRO(A/S) EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 7º da Lei 9.709/98. Alegada violação do art. 18, § 3º, da Constituição. Desmembramento de estado-membro e município. Plebiscito. Âmbito de consulta. Interpretação da expressão “população diretamente interessada”. População da área desmembranda e da área remanescente. Alteração da Emenda Constitucional nº 15/96: esclarecimento do âmbito de consulta para o caso de reformulação territorial de municípios. Interpretação sistemática. Aplicação de requisitos análogos para o desmembramento de estados. Ausência de violação dos princípios da soberania popular e da cidadania. Constitucionalidade do dispositivo legal. Improcedência do pedido. 1. Após a alteração promovida pela EC 15/96, a Constituição explicitou o alcance do âmbito de consulta para o caso de Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. reformulação territorial de municípios e, portanto, o significado da expressão “populações diretamente interessadas”, contida na redação originária do § 4º do art. 18 da Constituição, no sentido de ser necessária a consulta a toda a população afetada pela modificação territorial, o que, no caso de desmembramento, deve envolver tanto a população do território a ser desmembrado, quanto a do território remanescente. Esse sempre foi o real sentido da exigência constitucional - a nova redação conferida pela emenda, do mesmo modo que o art. 7º da Lei 9.709/98, apenas tornou explícito um conteúdo já presente na norma originária. 2. A utilização de termos distintos para as hipóteses de desmembramento de estados-membros e de municípios não pode resultar na conclusão de que cada um teria um significado diverso, sob pena de se admitir maior facilidade para o desmembramento de um estado do que para o desmembramento de um município. Esse problema hermenêutico deve ser evitado por intermédio de interpretação que dê a mesma solução para ambos os casos, sob pena de, caso contrário, se ferir, inclusive, a isonomia entre os entes da federação. O presente caso exige, para além de uma interpretação gramatical, uma interpretação sistemática da Constituição, tal que se leve em conta a sua integralidade e a sua harmonia, sempre em busca da máxima da unidade constitucional, de modo que a interpretação das normas constitucionais seja realizada de maneira a evitar contradições entre elas. Esse objetivo será alcançado mediante interpretação que extraia do termo “população diretamente interessada” o significado de que, para a hipótese de desmembramento, deve ser consultada, mediante plebiscito, toda a população do estado-membro ou do município, e não apenas a população da área a ser desmembrada. 3. A realização de plebiscito abrangendo toda a população do ente a ser desmembrado não fere os princípios da soberania popular e da cidadania. O que parece afrontá-los é a própria vedação à realização do plebiscito na área como um todo. Negar à população do território remanescente o direito de participar da decisão de desmembramento de seu estado restringe esse direito a apenas alguns cidadãos, em detrimento do princípio da isonomia, pilar de um Estado Democrático de Direito. 4. Sendo o desmembramento uma divisão territorial, uma separação, com o desfalque de parte do território e de parte da sua população, não há como excluir da consulta plebiscitária os interesses da população da área remanescente, população essa que também será inevitavelmente afetada. O desmembramento dos entes federativos, além de reduzir seu espaço territorial e sua população, pode resultar, ainda, na cisão da unidade sociocultural, econômica e financeira do Estado, razão pela qual a vontade da população do território remanescente não deve ser desconsiderada, nem deve ser essa população rotulada como indiretamente interessada. Indiretamente interessada - e, por isso, consultada apenas indiretamente, via seus representantes eleitos no Congresso Nacional - é a população dos demais estados da Federação, uma vez que a redefinição territorial de determinado estado-membro interessa não apenas ao respectivo ente federativo, mas a todo o Estado Federal. 5. O art. 7º da Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998, conferiu adequada interpretação ao art. 18, § 3º, da Constituição, sendo, portanto, plenamente compatível com os postulados da Carta Republicana. A previsão normativa concorre para concretizar, com plenitude, o princípio da soberania popular, da cidadania e da autonomia dos estados-membros. Dessa forma, contribui para que o povo exerça suas prerrogativas de cidadania e de autogoverno de maneira bem mais enfática. 6. Ação direta julgada improcedente. Agora, leia as seguintes normas: Lei Complementar n. 20/1974 e a Lei n. 9.709/1998 e responda o que segue. a) Qual dispositivo estava sendo objeto de discussão sobre sua constitucionalidade? b) Qual a diferença entre plebiscito e referendo? Quais dispositivos legais fazem a diferença? c) Qual a diferença entre interpretação gramatical e interpretação sistemática? d) O que é um estado e o que é um município, no contexto da ementa? e) Qual é a capital do Brasil? Qual norma a determina como tal? Ela é um município ou um estado? Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. f) O Brasil pode ampliar a quantidade de estados e municípios por meio do aumento do seu território? Por quê? Indique dispositivos constitucionais aplicáveis. g) No caso de criação de novos estados dentro do territórionacional, quais são as condições e procedimentos necessários? Indique os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. h) E no caso de se criar um território federal, quais são as condições e procedimentos necessários? Como se dá sua representação no Congresso Nacional? Indique os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. O que é um território federal? Situação III ORGANIZAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA E CRIAÇÃO DE NOVOS ENTES 2. A criação de novo estado traz diversas consequências na organização política e jurídica do país, reguladas na constituição e em normas infralegais. Leia o texto a seguir sobre o assunto e responda o que segue: Federalismo e Estados: criação, fusão, extinção e desmembramento quarta-feira, 4 de julho de 2018 Rafael de Lazari Tratam-se os Estados-federados de pessoas jurídicas de direito público interno, com supedâneo no segundo inciso, do art. 41, do Código Civil. Ademais, são instituições imprescindíveis à existência do federalismo, por representarem a “prova viva” de descentralização do poder político vigente na forma de Estado que ora se estuda. Todos os Estados da Federação são dotados de autonomia, assim como os demais entes federativos. Nos dizeres de José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 608-609): “A capacidade de auto-organização e de autolegislação está consagrada na cabeça do art. 25, segundo o qual os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. A capacidade de autogoverno encontra seu fundamento explícito nos arts. 27, 28 e 125, ao disporem sobre os princípios de organização dos poderes estaduais [...]. A capacidade de auto-administração decorre das normas que distribuem as competências entre União, Estados e Municípios, especialmente do art. 25, §1º, segundo o qual são reservados aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição [...]”. Modificações estruturais internas são perfeitamente possíveis: os Estados podem sofrer processo de cisão (como o Estado de Tocantins, que é decorrência de desmembramento de parte territorial do que até então era apenas o Estado de Goiás), podem ser incorporados a outros Estados (como o Estado da Guanabara o foi pelo Estado do Rio de Janeiro), podem sofrer processo de transformação em Territórios federais, dentre outros. O que não é possível são modificações estruturais externas, com Estados desejando tornarem-se nações soberanas ou se anexarem a outras já preexistentes, já que, neste caso, a indissolubilidade do vínculo federativo consagrada no art. 1º, caput, da Constituição representa barreira intransponível, ainda que se tencione alterar o texto constitucional para permitir isso (art. 60, §4º, I, CF). Somente são possíveis, portanto, alterações internas. Neste caso, exige-se aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, bem como aprovação do Congresso Nacional por lei complementar, conforme disposto no art. 18, §3º, CF. Ainda, a lei 9.709/1998 ajuda a disciplinar a questão. Pelo art. 4º do comando normativo, caso haja mais de um Estado envolvido, o plebiscito deve ser realizado na mesma data e horário em cada um dos entes federativos, e o Congresso Nacional, em caso de aprovação plebiscitária, antes de editar lei Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. complementar disciplinando a questão, deve previamente ouvir as Assembleias Legislativas (isso se houver mais de um Estado envolvido no processo, como um processo de fusão entre Estados por exemplo; caso se trate de apenas um Estado que está subdividindo-se ou sendo convertido em Território, apenas a Assembleia Legislativa desse Estado deverá ser ouvida, obviamente). Tal(is) Assembleia(s) opinará(ão), sem caráter vinculativo, sobre a matéria tratada, e fornecerá(ão) ao Congresso Nacional os detalhamentos técnicos concernentes aos aspectos administrativos, financeiros, sociais e econômicos da área geopolítica afetada. Vale firmar posicionamento pelo qual, mesmo que haja aprovação plebiscitária envolvendo criação/incorporação/fusão de Estados, transformação em Territórios etc., não está o Congresso Nacional obrigado a editar lei complementar neste sentido, se os detalhamentos técnicos não recomendarem a medida. Interessante acrescentar, neste diapasão, que o art. 7º da lei 9.709 em estudo define "população diretamente interessada" como aquela do território que se pretende desmembrar, bem como a do território que sofrerá desmembramento; em caso de fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar, como a população do território que sofrerá o acréscimo. Dá-se como estudo de caso a situação do Estado do Pará, que no final de 2011 realizou plebiscito para que se decidisse acerca da formação de mais dois Estados em seu território, a saber, o de Carajás (que teria Marabá como Capital) e o de Tapajós (que teria Santarém como Capital). No dia 11 de dezembro daquele ano duas foram as perguntas, efetuadas na seguinte ordem: “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado de Tapajós?”; e “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado de Carajás?”. Na urna eletrônica, se deveria votar em cada um destes questionamentos, e ficou decidido que o número "77" representaria o “sim”, isto é, o entendimento favorável ao desmembramento, e o número "55" o "não", isto é, o entendimento contrário ao desmembramento. Em caso de surgimento, Tapajós teria dimensão superior à soma dos territórios da Espanha, de Portugal, da Áustria e da Suíça; Carajás teria dimensão maior que a Inglaterra e a Bélgica juntas. Ao final, a opinião popular rejeitou a criação dos dois Estados (era possível que ambos ou somente um fossem aprovados), com quase setenta por cento de votos contrários em ambos os casos. Caso um Estado novo seja criado no processo previsto no art. 18, §3º, há regras mínimas previamente delimitadas a serem aplicadas para ele? Visando não deixar a criação de Estados à livre ação de seus entusiastas (afinal, um novo Estado implica nova partilha de receitas tributárias, nova composição na Câmara dos Deputados, nova composição no Senado, gastos com uma nova máquina administrativa etc.), o constituinte previu “normas básicas” (foi exatamente esta a expressão utilizada no caput do dispositivo) no art. 235, CF: "I - a Assembleia Legislativa será composta de dezessete Deputados se a população do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil; II - o Governo terá no máximo dez Secretarias; III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber; IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores; V - os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma: a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado ou do Estado originário; b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado na Constituição; VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do País; VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos; VIII - até a promulgação da Constituição estadual, responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório saber, com trinta e cinco anosde idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis 'ad nutum'; IX - se o novo Estado for resultado de transformação de Território Federal, a transferência de encargos financeiros da União para pagamento dos servidores optantes que pertenciam à Administração Federal ocorrerá da seguinte forma: a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte por cento dos encargos financeiros para fazer face ao pagamento dos servidores públicos, ficando ainda o restante sob a responsabilidade da União; b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes cinquenta por Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. cento; X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos mencionados neste artigo, serão disciplinadas na Constituição estadual; XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinquenta por cento da receita do Estado". Tais normas básicas se aplicaram, como exemplo, ao Estado do Tocantins, criado pelo art. 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, resultante do que era originariamente a porção norte do Estado de Goiás. Elas não se aplicariam, ilustrativamente, caso se tratasse da situação ocorrida quando da incorporação do Estado da Guanabara pelo Estado do Rio de Janeiro (nos termos da lei complementar 20/1974, a partir de 15 de março de 1975), se isso se desse após o advento da Constituição Federal: não se tratou da criação de um Estado, mas, no caso, da incorporação de um Estado pelo outro. https://www.migalhas.com.br/coluna/federalismo-a-brasileira/283077/federalismo-e-estados-criacao- fusao-extincao-e-desmembramento. a) Quais características deveriam ser garantidas aos novos entes na condição de entes federados (ou seja, quais as características de uma federação)? b) Uma vez que a proposta era de criação, a partir do território do Pará, de outras duas entidades federadas (Estado do Carajás e Estado do Tapajós), qual seria o procedimento a seguir no caso de os plebiscitos terem sido favoráveis? Indique os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. c) Caso os estados do Carajás e do Tapajós tivessem sido criados conforme determina a Constituição, como eles deveriam ser organizados? Qual tipo de norma estabeleceria sua organização? Qual o poder e o órgão autorizados a dar essa norma? Indique os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. d) Qual seria a forma de organização política dos novos estados, quem governaria e como seria eleito? Como se organizaria o legislativo, qual a forma de eleição? Poderia haver uma casa de representantes dos municípios, na condição de entes da federação dentro dos estados? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. e) Quais são os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais estabelecidos e os princípios constitucionais extensíveis que se aplicariam aos estados? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. f) O que é o princípio da simetria, que regula a autonomia de organização dos estados com a Constituição Federal? Situação IV ORGANIZAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA E CRIAÇÃO DE NOVOS ENTES 3. Leia a seguinte ementa de julgado do Supremo Tribunal Federal. ADI 2240 / BA - BAHIA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. EROS GRAU https://www.migalhas.com.br/coluna/federalismo-a-brasileira/283077/federalismo-e-estados-criacao-fusao-extincao-e-desmembramento https://www.migalhas.com.br/coluna/federalismo-a-brasileira/283077/federalismo-e-estados-criacao-fusao-extincao-e-desmembramento Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. Julgamento: 09/05/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-02283-02 PP-00279 Parte(s) REQTE. : PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT ADVDOS. : ADÍLSON JOSÉ PAULO BARBOSA E OUTROS ADV. : ALBERTO MOREIRA RODRIGUES REQDO. : GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA ADVDOS. : MANUELLA DA SILVA NONÔ E OUTRO REQDO. : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DA BAHIA ADV.(A/S) : ARTHUR DE CASTILHO NETO EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.619/00, DO ESTADO DA BAHIA, QUE CRIOU O MUNICÍPIO DE LUÍS EDUARDO MAGALHÃES. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR À EC 15/96. AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTO CONSTITUCIONAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 18, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. OMISSÃO DO PODER LEGISLATIVO. EXISTÊNCIA DE FATO. SITUAÇÃO CONSOLIDADA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA DA JURÍDICA. SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO, ESTADO DE EXCEÇÃO. A EXCEÇÃO NÃO SE SUBTRAI À NORMA, MAS ESTA, SUSPENDENDO-SE, DÁ LUGAR À EXCEÇÃO --- APENAS ASSIM ELA SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM RELAÇÃO COM A EXCEÇÃO. 1. O Município foi efetivamente criado e assumiu existência de fato, há mais de seis anos, como ente federativo. 2. Existência de fato do Município, decorrente da decisão política que importou na sua instalação como ente federativo dotado de autonomia. Situação excepcional consolidada, de caráter institucional, político. Hipótese que consubstancia reconhecimento e acolhimento da força normativa dos fatos. 3. Esta Corte não pode limitar-se à prática de mero exercício de subsunção. A situação de exceção, situação consolidada --- embora ainda não jurídica --- não pode ser desconsiderada. 4. A exceção resulta de omissão do Poder Legislativo, visto que o impedimento de criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, desde a promulgação da Emenda Constitucional n. 15, em 12 de setembro de 1.996, deve-se à ausência de lei complementar federal. 5. Omissão do Congresso Nacional que inviabiliza o que a Constituição autoriza: a criação de Município. A não edição da lei complementar dentro de um prazo razoável consubstancia autêntica violação da ordem constitucional. 6. A criação do Município de Luís Eduardo Magalhães importa, tal como se deu, uma situação excepcional não prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceção é uma zona de indiferença entre o caos e o estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai à norma, mas a norma que, suspendendo-se, dá lugar à exceção --- apenas desse modo ela se constitui como regra, mantendo-se em relação com a exceção. 8. Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulando também essas situações de exceção. Não se afasta do ordenamento, ao fazê-lo, eis que aplica a norma à exceção desaplicando-a, isto é, retirando-a da exceção. 9. Cumpre verificar o que menos compromete a força normativa futura da Constituição e sua função de estabilização. No aparente conflito de inconstitucionalidades impor-se-ia o reconhecimento da existência válida do Município, a fim de que se afaste a agressão à federação. 10. O princípio da segurança jurídica prospera em benefício da preservação do Município. 11. Princípio da continuidade do Estado. 12. Julgamento no qual foi considerada a decisão desta Corte no MI n. 725, quando determinado que o Congresso Nacional, no prazo de dezoito meses, ao editar a lei complementar federal referida no § 4º do artigo 18 da Constituição do Brasil, considere, Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. reconhecendo-a, a existência consolidada do Município de Luís Eduardo Magalhães. Declaração de inconstitucionalidade da lei estadual sem pronúncia de sua nulidade 13. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, mas não pronunciar a nulidade pelo prazo de 24 meses, da Lei n. 7.619, de 30 de março de 2000, do Estado da Bahia. Decisão Após o voto do Senhor Ministro Eros Grau (Relator), julgando improcedente a ação, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Falou, pelos requeridos, Governador do Estadoda Bahia e Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, respectivamente, o Dr. Antônio Vasconcelos e o Dr. Arthur de Castilho Neto. Presidência da Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 18.05.2006. Decisão: O Tribunal, à unanimidade, julgou procedente a ação direta, e, por maioria, ao não pronunciar a nulidade do ato impugnado, manteve sua vigência pelo prazo de 24 (vinte e quatro) meses até que o legislador estadual estabeleça novo regramento, nos termos do voto reajustado do Senhor Ministro Eros Grau (Relator) e do voto-vista do Senhor Ministro Gilmar Mendes, vencido, nesse ponto, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que declarava a nulidade do ato questionado. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 09.05.2007. Responda o que segue. a) O que justifica a inconstitucionalidade da criação do Município de Luís Eduardo Magalhães? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. b) O que é necessário para a criação de novos municípios? Indique os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. c) Quais características permitem que o município tenha autonomia federativa? d) Qual norma organiza o município e qual a sua relação com a constituição do estado no qual está inserido? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. e) Como se dá a eleição para o chefe de governo do município? E qual o tipo de eleição para o seu legislativo? A norma que organiza o município pode estabelecer o bicameralismo? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. f) Se o Município de Luís Eduardo Magalhães estivesse dentro de um território federal, esse território teria constituição? Como se formaria o seu legislativo? E a escolha para chefe de executivo? Poderia organizar seu próprio judiciário e, se sim, em qual condição? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. g) Já que municípios são entes federados, como se dá sua representação no Congresso Nacional? Situação V Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. INTERVENÇÃO. Leia o Decreto de Intervenção Federal no Rio de Janeiro, editado pelo Presidente Michel Temer: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Publicado em: 16/02/2018 | Edição: 32-A | Seção: 1 - Extra | Página: 1 Órgão: Atos do Poder Executivo DECRETO Nº 9.288, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2018 Decreta intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso X, da Constituição, DECRETA: Art. 1º Fica decretada intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro até 31 de dezembro de 2018. § 1º A intervenção de que trata o caput se limita à área de segurança pública, conforme o disposto no Capítulo III do Título V da Constituição e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. § 2º O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro. Art. 2º Fica nomeado para o cargo de Interventor o General de Exército Walter Souza Braga Netto. Parágrafo único. O cargo de Interventor é de natureza militar. Art. 3º As atribuições do Interventor são aquelas previstas no art. 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro necessárias às ações de segurança pública, previstas no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. § 1º O Interventor fica subordinado ao Presidente da República e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção. § 2º O Interventor poderá requisitar, se necessário, os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro afetos ao objeto e necessários à consecução do objetivo da intervenção. § 3º O Interventor poderá requisitar a quaisquer órgãos, civis e militares, da administração pública federal, os meios necessários para consecução do objetivo da intervenção. § 4º As atribuições previstas no art. 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro que não tiverem relação direta ou indireta com a segurança pública permanecerão sob a titularidade do Governador do Estado do Rio de Janeiro. § 5º O Interventor, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, exercerá o controle operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Art. 4º Poderão ser requisitados, durante o período da intervenção, os bens, serviços e servidores afetos às áreas da Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, para emprego nas ações de segurança pública determinadas pelo Interventor. Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 16 de fevereiro de 2018; 197º da Independência e 130º da República. Responda o que segue. a) Que tipo de intervenção se trata, federal ou estadual? b) Qual o fundamento para a intervenção decretada, qual a sua base? Indique o dispositivo constitucional pertinente. Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. c) Quais são as outras hipóteses para que o presidente decrete intervenção? Qual o papel do Legislativo? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. d) Se a intervenção foi decretada pelo governo federal, porque ela foi aplicada na cidade do Rio de Janeiro? Ela não deveria ter sido decretada pelo governador? Qual foi a autoridade afastada? e) Com o uso de interventor militar, pode-se dizer que a intervenção militar constitucional foi adequada para a situação? Explique o que aconteceu. f) O que a Constituição exige para intervenção no Município do Rio de Janeiro? Por que a intervenção foi feita pelo governo federal? Como se deveria proceder caso a intervenção fosse declarada em município de um território federal? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. g) Por que o governo resolveu punir o Estado do Rio de Janeiro com intervenção no Município do Rio de Janeiro? Situação VI COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS 1. Para que as três esferas da federação brasileira possam atuar, a Constituição regulou as competências de cada uma, buscando relacionar unidade da ordem jurídica; autonomia política; interesse nacional e local; princípio democrático; harmonia federal. Mas é comum a disputas por espaços de decisão entre União, estados, Distrito Federal e municípios. Veja, por exemplo, a ementa do julgado abaixo. ADI 3937 / SP - SÃO PAULO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI Julgamento: 24/08/2017 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-019 DIVULG 31-01-2019 PUBLIC 01-02-2019 Parte(s) REQTE.(S) : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA ADV.(A/S) : MAURO MACHADO CHAIBEN INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) : JORGE LUIZ GALLI AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS EXPOSTOS AO AMIANTO - ABREA ADV.(A/S) : ROBERTO DE FIGUEIREDO CALDAS E OUTRO(A/S) AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS E DISTRIBUIDORES DE PRODUTOS DE FIBROCIMENTO - ABIFIBRO ADV.(A/S) : OSCAVO CORDEIRO CORRÊA NETTO AM. CURIAE. : INSTITUTO BRASILEIRO DO CRISOTILA - IBC ADV.(A/S) : CARLOS MIGUEL CASTEX AIDAR E OUTRO(A/S) Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. AM. CURIAE. : SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DA EXTRAÇÃO DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS DE MINAÇU-GO ADV.(A/S) : JOÃO PEDRO FERRAZ DOS PASSOS E OUTRO(A/S) AM. CURIAE. : CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CFOAB ADV.(A/S): OSWALDO PINHEIRO RIBEIRO JUNIOR E OUTRO(A/S) AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES DO TRABALHO - ANPT ADV.(A/S) : MAURO DE AZEVEDO MENEZES E OUTRO(A/S) Ementa Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 12.684/2007 do Estado de São Paulo. Proibição do uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto. Produção e consumo, proteção do meio ambiente e proteção e defesa da saúde. Competência legislativa concorrente. Impossibilidade de a legislação estadual disciplinar matéria de forma contrária à lei geral federal. Lei federal nº 9.055/1995. Autorização de extração, industrialização, utilização e comercialização do amianto da variedade crisotila. Processo de inconstitucionalização. Alteração nas relações fáticas subjacentes à norma jurídica. Natureza cancerígena do amianto crisotila e inviabilidade de seu uso de forma efetivamente segura. Existência de matérias-primas alternativas. Ausência de revisão da legislação federal, como determina a Convenção nº 162 da OIT. Inconstitucionalidade superveniente da Lei Federal nº 9.055/1995. Competência legislativa plena dos estados. Constitucionalidade da Lei estadual nº 12.684/2007. Improcedência da ação. 1. A Lei nº 12.684/2007, do Estado de São Paulo, proíbe a utilização, no âmbito daquele Estado, de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto, versando sobre produção e consumo (art. 24, V, CF/88), proteção do meio ambiente (art. 24, VI) e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII, CF/88). Dessa forma, compete, concorrentemente, à União a edição de normas gerais e aos estados suplementar a legislação federal no que couber (art. 24, §§ 1º e 2º, CF/88). Somente na hipótese de inexistência de lei federal é que os estados exercerão a competência legislativa plena (art. 24, § 3º, CF/88). 2. A Constituição de 1988 estabeleceu uma competência concorrente não cumulativa, na qual há expressa delimitação dos modos de atuação de cada ente federativo, os quais não se sobrepõem. Compete à União editar as normas gerais (art. 24, § 1º), não cabendo aos estados contrariar ou substituir o que definido em norma geral, mas sim o suplementar (art. 24, § 2º). Se, por um lado, a norma geral não pode impedir o exercício da competência estadual de suplementar as matérias arroladas no art. 24, por outro, não se pode admitir que a legislação estadual possa adentrar a competência da União e disciplinar a matéria de forma contrária à norma geral federal, desvirtuando o mínimo de unidade normativa almejado pela Constituição Federal. A inobservância dos limites constitucionais impostos ao exercício da competência concorrente implica a inconstitucionalidade formal da lei. 3. O art. 1º da Lei Federal nº 9.055/1995 proibiu a extração, a produção, a industrialização, a utilização e a comercialização de todos os tipos de amianto, com exceção da crisotila. Em seu art. 2º, a lei autorizou a extração, a industrialização, a utilização e a comercialização do amianto da variedade crisotila (asbesto branco) na forma definida na lei. Assim, se a lei federal admite, de modo restrito, o uso do amianto, em tese, a lei estadual não poderia proibi-lo totalmente, pois, desse modo, atuaria de forma contrária à prescrição da norma geral federal. Nesse caso, não há norma suplementar, mas norma contrária/substitutiva à lei geral, em detrimento da competência legislativa da União. 4. No entanto, o art. 2º da Lei Federal nº 9.055/1995 passou por um processo de inconstitucionalização, em razão da alteração nas relações fáticas subjacentes à norma jurídica, e, no momento atual, não mais se compatibiliza com a Constituição de 1988. Se, antes, tinha-se notícia dos possíveis riscos à saúde e ao meio ambiente ocasionados pela utilização da crisotila, falando-se, na época da edição da lei, na possibilidade do uso controlado dessa substância, atualmente, o que se observa é um consenso em torno da natureza altamente cancerígena do mineral e da inviabilidade de seu uso de forma efetivamente segura, sendo esse o entendimento oficial dos órgãos nacionais e internacionais que detêm autoridade no tema da saúde em geral e da saúde do trabalhador. 5. A Convenção nº 162 da Organização Internacional do Trabalho, de junho de 1986, prevê, dentre seus princípios gerais, a necessidade de revisão da legislação nacional sempre que o desenvolvimento técnico e o progresso no conhecimento científico o requeiram (art. 3º, § 2). A convenção também determina a substituição do amianto por material menos danoso, ou mesmo seu efetivo banimento, sempre que isso se revelar necessário e for tecnicamente viável (art. 10). Portanto, o Brasil assumiu o compromisso internacional de revisar sua Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. legislação e de substituir, quando tecnicamente viável, a utilização do amianto crisotila. 6. Quando da edição da lei federal, o país não dispunha de produto qualificado para substituir o amianto crisotila. No entanto, atualmente, existem materiais alternativos. Com o advento de materiais recomendados pelo Ministério da Saúde e pela ANVISA e em atendimento aos compromissos internacionais de revisão periódica da legislação, a Lei Federal nº 9.055/1995 – que, desde sua edição, não sofreu nenhuma atualização -, deveria ter sido revista para banir progressivamente a utilização do asbesto na variedade crisotila, ajustando-se ao estágio atual do consenso em torno dos riscos envolvidos na utilização desse mineral. 7. (i) O consenso dos órgãos oficiais de saúde geral e de saúde do trabalhador em torno da natureza altamente cancerígena do amianto crisotila, (ii) a existência de materiais alternativos à fibra de amianto e (iii) a ausência de revisão da legislação federal revelam a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei Federal nº 9.055/1995, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88), ao dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88), e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). 8. Diante da invalidade da norma geral federal, os estados-membros passam a ter competência legislativa plena sobre a matéria, nos termos do art. 24, § 3º, da CF/88. Tendo em vista que a Lei nº 12.684/2007 do Estado de São Paulo proíbe a utilização do amianto crisotila nas atividades que menciona, em consonância com os preceitos constitucionais (em especial, os arts. 6º, 7º, inciso XXII; 196 e 225 da CF/88) e com os compromissos internacionais subscritos pelo Estado brasileiro, não incide ela no mesmo vício de inconstitucionalidade material da legislação federal. 9. Ação direta julgada improcedente, com a declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995, com efeito erga omnes e vinculante. Decisão Após o voto do Ministro Marco Aurélio (Relator), julgando procedente a ação direta e o voto do Ayres Britto (Presidente), julgando-a improcedente, o julgamento foi suspenso. Ausentes, licenciado, o Ministro Joaquim Barbosa e, neste julgamento, a Ministra Cármen Lúcia. Falaram, pela requerente, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (ADIs 3357 e 3937), o Dr. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira; pelo interessado, Governador do Estado de São Paulo (ADI 3937), o Dr. Thiago Luís Sombra, Procurador do Estado; pelo amicus curiae, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais Não-Metálicos de Minaçu-GO (ADI 3937), o Dr. Antônio José Telles de Vasconcellos; pelo amicus curiae, Instituto Brasileiro do Crisotila - IBC (ADIs 3357 e 3937), o Dr. Carlos Mário da Silva Velloso Filho; pelo amicus curiae, Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho - ANPT (ADIs 3357 e 3937), o Dr. Roberto de Figueiredo Caldas; pelo amicus curiae, Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto - ABREA (ADIs 3357 e 3937),o Dr. Mauro de Azevedo Menezes; pelo amicus curiae, Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento - ABIFIBRO (ADIs 3357 e 3937), o Dr. Oscavo Cordeiro Corrêa Netto, pelo amicus curiae, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB (ADI 3937), o Dr. Oswaldo Pinheiro Ribeiro Junior e, pelo Ministério Público Federal, o Subprocurador-Geral da República, Dr. Francisco Sanseverino. Plenário, 31.10.2012. Decisão: Após o voto do Ministro Edson Fachin, que julgava improcedente o pedido formulado na ação, pediu vista dos autos o Ministro Dias Toffoli. Não vota o Ministro Roberto Barroso, sucessor do Ministro Ayres Britto. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presidência da Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 23.11.2016. Decisão: Decisão: Após o voto do Ministro Dias Toffoli, no sentido de se declarar incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei federal nº 9.055/1995 e julgar improcedente a ação direta, de modo a se declarar a constitucionalidade formal e material da lei estadual questionada, o julgamento foi suspenso. Não vota o Ministro Roberto Barroso, sucessor do Ministro Ayres Britto. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presidência da Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 10.8.2017. Decisão: O Tribunal julgou improcedente a ação direta, com a declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995, vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator) e Luiz Fux, que julgavam procedente a ação, e vencido parcialmente o Ministro Alexandre de Moraes, que julgava improcedente a ação, sem declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/95. Ausente, justificadamente, o Ministro Gilmar Mendes. Não votou o Ministro Roberto Barroso, sucessor do Ministro Ayres Britto. Nesta assentada, o Ministro Edson Fachin reajustou seu voto para acompanhar o voto do Ministro Dias Toffoli. Redator para o acórdão o Ministro Dias Toffoli. Presidiu Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 24.8.2017. Agora, responda o que segue. a) Qual é o princípio que rege a distribuição de competências no sistema constitucional brasileiro? b) Como a doutrina classifica (qual o tipo de competência) as competências da União, dos estados, e dos Municípios? c) Com relação às competências da União, quais são os dois tipos que a Constituição elenca? Qual a diferença entre eles? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. d) Como são denominadas as competências federativas compartilhadas? Qual a diferença entre elas? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. e) Como fica a distribuição das competências para o Distrito Federal? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. f) No caso da ementa, por que foi alegada a inconstitucionalidade da lei de São Paulo? Qual era o problema com relação à competência da União? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. g) Como o STF conseguiu afastar o conflito de competência entre União e Estado de São Paulo? Uma vez afastado o conflito, qual a competência a ser exercida pelo Estado de São Paulo? E como fica a situação dos demais estados? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. h) Pode-se dizer que a situação seria diferente se a legislação viesse do Distrito Federal? Por quê? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. i) Imagine a hipótese de as circunstâncias mudarem e o amianto não ser mais considerado prejudicial à saúde. Caso a União venha a editar nova lei regulando a matéria, o que acontece com a lei do Estado de São Paulo? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. Situação VII COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS 2. A Constituição Federal colocou os municípios entre os entes que compõem a federação brasileira. Assim, eles precisam ter as características básicas de um ente federado, dentre elas, capacidade de decisão política própria. Leia a emenda abaixo. RE 1181244 AgR / SP - SÃO PAULO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1181244&classe=RE-AgR&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES Julgamento: 23/08/2019 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-265 DIVULG 04-12-2019 PUBLIC 05-12-2019 Parte(s) AGTE.(S) : PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO AGDO.(A/S) : MUNICIPIO DE MOGI DAS CRUZES ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MUNICÍPIO. COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR PARA LEGISLAR SOBRE CONSUMO EM QUESTÕES QUE EVIDENCIAM O INTERESSE LOCAL. 1. Tem-se, na origem, ação direta de inconstitucionalidade proposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em face da Lei 7.282, de 18 de maio de 2017, do Município de Mogi das Cruzes, que deu nova redação aos artigos 1º e 2º da Lei Municipal 6.809/2013 e outras providências, para dispor acerca da obrigatoriedade, em todas as bombas de abastecimento nos postos revendedores de combustíveis do Município, de informações ao cliente em forma de percentual indicativo da diferença de preço entre o litro do álcool/etanol e da gasolina comum, indicando ainda o combustível mais vantajoso para os consumidores de veículos bicombustíveis. 2. Na inicial da ação direta, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo sustenta violação ao princípio federativo, ao argumento de que o Município não detém competência para legislar sobre proteção do consumidor, além do que inexiste interesse local a legitimar a intervenção legislativa da municipalidade. 3. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo julgou improcedente o pedido por entender que, no caso, não houve violação ao pacto federativo. 4. A Federação nasceu adotando a necessidade de um poder central, com competências suficientes para manter a união e a coesão do próprio País, garantindo-lhe, como afirmado por HAMILTON, a oportunidade máxima para a consecução da paz e da liberdade contra o facciosismo e a insurreição (The Federalist papers, nº IX), e permitindo à União realizar seu papel aglutinador dos diversos Estados-Membros e de equilíbrio no exercício das diversas funções constitucionais delegadas aos três poderes de Estado. 5. Durante a evolução do federalismo, passou-se da ideia de três campos de poder mutuamente exclusivos e limitadores, segundo a qual a União, os Estados e os Municípios teriam suas áreas exclusivas de autoridade, para um novo modelo federal baseado, principalmente, na cooperação, como salientado por KARL LOEWESTEIN (Teoria de la constitución. Barcelona: Ariel, 1962. p. 362). 6. O legislador constituinte de 1988, atento a essa evolução, bem como sabedor da tradição centralizadora brasileira, tanto, obviamente, nas diversas ditaduras que sofremos, quanto nos momentos de normalidade democrática, instituiu novas regras descentralizadoras na distribuição formal de competências legislativas, com base no princípio da predominância do interesse, e ampliou as hipóteses de competências concorrentes, além de fortalecer o Município como polo gerador de normas de interesse local. 7. O princípio geral que norteia a repartição de competência entre os entes componentes do Estado Federal brasileiro é o princípio da predominância do interesse, tanto para as matérias cuja definição foi preestabelecida pelo texto constitucional, quanto em termos de interpretação em hipóteses que envolvem várias e diversas matérias, como na presente Ação Direta de Inconstitucionalidade. 8. A própria Constituição Federal, portanto, presumindo de forma absoluta para algumas matériasa presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu, a priori , diversas competências para cada um dos entes federativos, União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios, e, a partir dessas opções, pode ora acentuar maior centralização de poder, principalmente na própria União (CF, art. 22), ora permitir uma maior descentralização nos Estados-membros e Municípios (CF, arts. 24 e 30, inciso I). 9. Verifica-se que, na espécie, o Município, ao contrário do que alegado na petição inicial, não invadiu a competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal para a edição de normas geral ou suplementar atinentes aos direitos do consumidor (CF, art. 24, V e VIII). Em realidade, o legislador municipal atuou no campo relativo à competência legislativa suplementar atribuída aos Municípios pelo art. 30, I e II, da Constituição Federal. 10. Com efeito, a legislação impugnada na presente Ação Direta atua no sentido de ampliar a proteção estabelecida no âmbito do Código de Defesa do Consumidor, o Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. qual, apesar de apresentar amplo repertório de direitos conferidos ao consumidor e extenso rol de obrigações dos fornecedores de produtos e serviços, não possui o condão de esgotar toda a matéria concernente à regulamentação do mercado de consumo, sendo possível aos Municípios o estabelecimento de disciplina normativa específica, preenchendo os vazios ou lacunas deixados pela legislação federal (ADI 2.396, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, DJ de 1º/8/2003). 11. Não há que se falar, assim, em indevida atuação do Município no campo da disciplina geral concernente a consumo. 12. Agravo Interno a que se nega provimento. Decisão Após os votos dos Ministros Alexandre de Moraes, Relator, e Marco Aurélio, que negavam provimento ao agravo interno, pediu vista do processo o Ministro Luís Roberto Barroso. Primeira Turma, Sessão Virtual de 19.4.2019 a 26.4.2019. Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de 16.8.2019 a 22.8.2019. Responda o que segue. a) Quais são os tipos de competência dos municípios e como fica sua posição na hierarquia federativa prevista na Constituição? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. b) Por que foi alegada a inconstitucionalidade da lei municipal? Quais os tipos de competência estavam em discussão? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. c) Qual a relação da competência dos municípios (e seu tratamento como ente federado) com o princípio democrático? d) Por que o STF considerou a lei municipal constitucional? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. Situação VIII. COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS 3. As relações federativas não se limitam a objetivos e conteúdos a serem realizados ou a esferas de autonomia legislativa. Para que os objetivos gerais e específicos previstos constitucionalmente sejam realizados, uma série de serviços e políticas públicas precisam ser executados. Isso gera a necessidade de coordenação das três esferas da federação. Veja o disposto na seguinte lei complementar: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp94.htm. Responda o que segue. a) Quais são as formas previstas na Constituição para a gestão dos serviços públicos na distribuição das competências federativas? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. b) Com o fim de realizar o objetivo previsto no inciso III do artigo 3º da Constituição, qual figura constitucional a União pode utilizar? Quais os critérios e condições? Indique os dispositivos constitucionais pertinentes. c) Tendo em vista a situação do item b) acima, como fica a hierarquia da União sobre os estados e os municípios eventualmente envolvidos? http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp94.htm Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. d) Quais as diferenças entre criar a figura prevista na lei complementar citada e criar um território federal, no que tange ao aspecto administrativo? e) Cite outros exemplos da figura constitucional prevista na lei complementar citada. Situação IX COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS 4. Não só a União pode organizar administrativamente um espaço territorial para atingir o objetivo geral previsto no inciso III do artigo 3º da Constituição. Os estados têm meio similar. Leia ementa seguinte: ADI 1842 / RJ - RIO DE JANEIRO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. LUIZ FUX Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES Julgamento: 06/03/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-181 DIVULG 13-09-2013 PUBLIC 16-09-2013 EMENT VOL-02701-01 PP-00001 Parte(s) REQTE.(S) : PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA - PDT ADV.(A/S) : CARLOS ROBERTO SIQUEIRA CASTRO E OUTRO ADV.(A/S) : SÉRGIO CARVALHO INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INTDO.(A/S) : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Ementa Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e competência para saneamento básico. Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei Complementar n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998, todos do Estado do Rio de Janeiro, que instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos Lagos e transferem a titularidade do poder concedente para prestação de serviços públicos de interesse metropolitano ao Estado do Rio de Janeiro. 2. Preliminares de inépcia da inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da inicial e acolhido parcialmente o prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º, caput e incisos I a VII; 11, caput e incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3. Autonomia municipal e integração metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase à autonomia municipal ao mencionar os municípios como integrantes do sistema federativo (art. 1º da CF/1988) e ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art. 18 da CF/1988). A essência da autonomia municipal contém primordialmente (i) autoadministração, que implica capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a eleição do chefe do Poder Executivo e dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a compulsoriedade da integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia municipal. O mencionado interesse comum não é comum apenas aos municípios envolvidos, mas ao Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O caráter compulsório da participação deles em regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17.12.1999). O interesse comum inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município, assim como os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes, confluentes ou http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1842&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. integrados de funções públicas, bem como serviços supramunicipais. 4. Aglomerações urbanas e saneamento básico. O art. 23, IX, da Constituição Federal conferiu competência comum à União, aos estados e aos municípios para promover a melhoria das condições de saneamento básico. Nada obstante a competência municipal do poder concedente do serviço público de saneamento básico, o alto custo e o monopólio natural do serviço, além da existência de várias etapas – como captação, tratamento, adução, reserva, distribuição de água e o recolhimento, conduçãoe disposição final de esgoto – que comumente ultrapassam os limites territoriais de um município, indicam a existência de interesse comum do serviço de saneamento básico. A função pública do saneamento básico frequentemente extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse comum no caso de instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Para o adequado atendimento do interesse comum, a integração municipal do serviço de saneamento básico pode ocorrer tanto voluntariamente, por meio de gestão associada, empregando convênios de cooperação ou consórcios públicos, consoante o arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal 11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como compulsoriamente, nos termos em que prevista na lei complementar estadual que institui as aglomerações urbanas. A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a participação de municípios limítrofes, com o objetivo de executar e planejar a função pública do saneamento básico, seja para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5. Inconstitucionalidade da transferência ao estado- membro do poder concedente de funções e serviços públicos de interesse comum. O estabelecimento de região metropolitana não significa simples transferência de competências para o estado. O interesse comum é muito mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má condução da função de saneamento básico por apenas um município pode colocar em risco todo o esforço do conjunto, além das consequências para a saúde pública de toda a região. O parâmetro para aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão de responsabilidades entre municípios e estado. É necessário evitar que o poder decisório e o poder concedente se concentrem nas mãos de um único ente para preservação do autogoverno e da autoadministração dos municípios. Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do serviço ao colegiado formado pelos municípios e pelo estado federado. A participação dos entes nesse colegiado não necessita de ser paritária, desde que apta a prevenir a concentração do poder decisório no âmbito de um único ente. A participação de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada região metropolitana de acordo com suas particularidades, sem que se permita que um ente tenha predomínio absoluto. Ação julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido à Assembleia Legislativa” constante do art. 5º, I; e do § 2º do art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do § 2º do art. 11 da Lei Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro, bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do Rio de Janeiro. 6. Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade de continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse social para vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n. 9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data de conclusão do julgamento, lapso temporal razoável dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema, constituindo modelo de prestação de saneamento básico nas áreas de integração metropolitana, dirigido por órgão colegiado com participação dos municípios pertinentes e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder decisório nas mãos de qualquer ente. Decisão Após o voto do Relator, Ministro Maurício Corrêa, Presidente, que afastava a preliminar de inépcia da ação argüida pela Advocacia-Geral da União; julgava prejudicada a ação quanto ao Decreto nº 24.631, de 03 de setembro de 1998, bem como em relação aos artigos 1º, 2º, 4º e 11 da Lei Complementar nº 87, de 16 de dezembro de 1997, ambos do Estado do Rio de Janeiro, por perda superveniente de seu objeto; e, no mais, julgava improcedentes as ações, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso e Nelson Jobim. Plenário, 12.04.2004. Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de Atividade de direcionamento para conteúdo à distância. 2003. Presidência, em exercício, do Senhor Ministro Nelson Jobim, Vice-Presidente. Plenário, 02.06.2004. Decisão: Prosseguindo no julgamento, após os votos dos Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Nelson Jobim (Presidente), julgando procedente, em parte, a ação para declarar a inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido à Assembléia Legislativa”, contida no inciso I do artigo 5º; do parágrafo único do mesmo artigo 5º; do artigo 6º e incisos I, II, IV e V; do artigo 7º e do artigo 10, todos da Lei Complementar nº 87, de 16 de dezembro de 1997, e dos artigos 11 a 21 da Lei nº 2.869, de 18 de dezembro de 1997, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Não participou da votação o Senhor Ministro Eros Grau por suceder ao Senhor Ministro Maurício Corrêa, que proferira voto. Plenário, 08.03.2006. Decisão: Colhido o voto-vista do Senhor Ministro Gilmar Mendes, que julgava parcialmente procedente a ação, nos termos de seu voto, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Não participam da votação a Senhora Ministra Cármen Lúcia e o Senhor Ministro Eros Grau, por sucederem, respectivamente, aos Senhores Ministros Nelson Jobim e Maurício Corrêa. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa (com voto proferido em assentada anterior) e, neste julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie (Presidente) e os Senhores Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Vice-Presidente). Plenário, 03.04.2008. Decisão: O Tribunal rejeitou a preliminar de insuficiência de quorum para prosseguimento do julgamento da ação direta, vencido o Ministro Marco Aurélio. Votou o Presidente. Colhido o voto-vista do Ministro Ricardo Lewandowski, o Tribunal julgou prejudicada a ação quanto ao Decreto nº 24.631/1998, do Estado do Rio de Janeiro, e quanto ao art. 1º, caput, e § 1º; quanto ao art. 2º, caput; quanto ao art. 4º, caput, e incisos I a VII; e quanto ao art. 11, caput, e incisos I a VI, todos da Lei Complementar nº 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro. Por maioria, julgou parcialmente procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido à Assembléia Legislativa”, constante do inciso I do art. 5º; além do § 2º do art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do § 2º do art. 11, todos da LC nº 87/1997-RJ, bem como dos artigos 11 a 21 da Lei nº 2.869/1997-RJ, vencidos o Relator, que julgava improcedente a ação, e, em menor extensão, o Ministro Marco Aurélio, que declarava a inconstitucionalidade das expressões “condicionada sua execução à ratificação pelo Governador do Estado” e “a ser submetido à Assembléia Legislativa”, contidas, respectivamente, no § 2º do art. 4º e no inciso I do art. 5º, ambos da LC nº 87/1997-RJ. O Ministro Joaquim Barbosa (Presidente) reajustou parcialmente seu voto. Redigirá o acórdão o Ministro Gilmar Mendes. Impedido o Ministro Dias Toffoli. Não participaram da votação o Ministro Luiz Fux, por suceder ao Ministro Eros Grau, sucessor do Ministro Maurício Corrêa (Relator), e a Ministra Cármem Lúcia, por suceder ao Ministro Nelson Jobim. Em seguida, quanto à proposta do Ministro Gilmar Mendes de modulação dos efeitos da decisão
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