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DIREITO-PROCESSUAL-PENAL-III-1ª-PROVA (1) (1)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL III – 1ª PROVA 
 
1. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL 
1.1 FORMAS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL 
A comunicação processual pode se dar por meio de atos distintos, que serão praticados conforme a 
sua finalidade. Os atos de comunicação podem ser citação, intimação ou notificação. O CPP não é 
uniforme na indicação do nome de cada um desses atos, de forma que a definição é dada pela doutrina. 
Citação: visa dar ciência de imputação ao acusado, chamando-o a se defender. 
Intimação: é a comunicação à parte de que foi praticado um ato no processo. 
Notificação: é a comunicação para que a parte ou o interessado realize uma atividade, um fazer necessário 
ao andamento regular do processo. 
Os atos de comunicação processual devem ser realizados em conformidade com a Constituição, pois 
são considerados garantias individuais do cidadão frente ao Estado, uma vez que conferem efetividade aos 
princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório como direitos fundamentais (art. 5º, 
LIV e LV, CF/88),. 
Reformas processuais: 
- Lei nº 11.419/2006. Previsão legal de informatização do processo judicial: introdução de modalidades 
eletrônicas de atos de comunicação processual 
- Lei nº 11.719/2008, lei alteradora do CPP, que, com o fito de conferir maior celeridade ao processo 
criminal, estabeleceu, pela primeira vez nesse âmbito, a possibilidade de citação por hora certa. 
 
1.2 CITAÇÃO 
→ CONCEITO 
Citação é o ato pelo qual o réu toma ciência dos termos da acusação, sendo chamado a respondê-la e 
a comparecer aos atos do processo. Começa, via de regra, pela resposta preliminar à acusação (no 
procedimento comum ordinário e sumário, bem como na primeira fase do procedimento do júri). 
Lembra-se que o processo penal não será iniciado pelo ato de interrogatório do acusado, salvo em rito 
especial que ainda o preveja expressamente. Ex. Código de Processo Penal Militar. 
A citação é providência essencial à validade do processo. Dessa forma, a falta de citação importa em 
nulidade absoluta (não precisa de prova do prejuízo e pode ser alegada a qualquer tempo). No entanto, a 
nulidade pode ser suprida pelo comparecimento voluntário do acusado (art. 570, CPP). A citação deficiente 
ou incompleta, por sua vez, acarreta nulidade relativa (necessita de prova de prejuízo e deve ser alegada na 
primeira oportunidade de manifestação nos autos). 
Uma vez realizada validamente, a citação tem o efeito de completar a instância, com a formação 
efetiva da relação jurídica processual. 
Art. 363, CPP. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. 
O ato citatório eficaz tem o condão de reputar revel o acusado que não atender o seu chamado para se 
defender ou que não comunicar alteração de residência. 
A citação, no processo penal, não é causa interruptiva da prescrição, nem previne a jurisdição. O 
recebimento da denúncia ou da queixa é que é causa interruptiva (art. 117, I, CP) e a prevenção se dá com a 
admissibilidade da inicial ou com a distribuição, em caso de pluralidade de varas. 
 
→ ESPÉCIES 
Real (pessoal): ocorre por intermédio de oficial de justiça, por mandado, precatória (em Comarca 
diversa), requisição (de militar), rogatória (fora do país) ou carta de ordem (hierarquia – 2º grau ao 1º grau 
de jurisdição). 
Ficta (presumida): pode ser tanto por citação editalícia ou por hora certa. 
OBS. Não é válida a citação pelo correio, por e-mail ou por telefone, por falta de previsão legal. É vedada a 
citação por meio eletrônico (art. 6º da Lei nº 11.419/2006). 
 
a) CITAÇÃO PESSOAL 
A citação por mandado é realizada pelo oficial de justiça e é a regra geral do CPP. 
Exceções: citação do militar (art. 358, CPP) e citação levada a efeito em legação estrangeira (artigos 352, 
368 e 369, CPP). 
Não há previsão para que a citação por mandado se dê através do escrivão ou do diretor de secretaria. 
- FORMALIDADES: art. 352, CPP - nome do juiz, do querelante (quando a ação for de iniciativa privada), 
do acusado (ou de seus sinais característicos), da residência do réu, da finalidade, o juízo de comparecimento 
do réu e a subscrição do escrivão com o visto do juiz. 
 O mandado é acompanhado de cópia da denúncia ou da queixa crime para ser entregue ao acusado 
(contrafé). O oficial de justiça realizará a citação, fazendo a leitura do mandado e exarando certidão, provida 
de fé pública, da mesma forma que o fará quando as diligências envidadas não forem frutíferas. 
- HORÁRIO: a realização de citação pode ser feita em qualquer dia e horário, não se realizando durante a 
noite se o réu estiver em seu domicílio, por conta da inviolabilidade constitucional do local. 
- CARTA PRECATÓRIA: a citação pode se dar por carta precatória, (art. 353 do CPP) quando o réu 
residir em comarca distinta da jurisdição do juiz do processo-crime. A precatória deverá conter a indicação 
do juiz deprecado e do deprecante, a sede da jurisdição de cada um, a finalidade e o local de 
comparecimento do acusado. No juízo deprecado, a citação é realizada pelo oficial de justiça conforme as 
regras da citação. Da emissão da carta precatória, devem ser intimados o acusado e o seu defensor. 
- PRECATÓRIA ITINERANTE: se o juízo deprecado também não tiver jurisdição sobre o local da 
residência do citando ou se este mudou de residência para localidade conhecida, a precatória ganhará 
contornos itinerantes, ou seja, bastará que o juízo deprecado remeta a precatória para o juízo com 
competência para fazer a citação, comunicando ao deprecante, se ainda em tempo hábil para ser cumprida 
(art. 355, § 1º, CPP). Em casos de urgência, é plausível que seja admitida a precatória telegráfica ou por 
meios eletrônicos. 
- CITAÇÃO DO MILITAR: se dá por intermédio do chefe do respectivo serviço, devendo o militar ser 
requisitado quando estiver fora de sua sede (art. 358, CPP), em homenagem à hierarquia militar e a 
inviolabilidade do quartel. A citação será, em regra, para que o acusado ofereça resposta escrita à acusação 
(tratando-se de crime comum), em dez dias (art. 396, CPP). Nas hipóteses que ainda sobejaram de citação 
para o interrogatório ou mesmo de intimação para que o militar compareça à audiência de instrução e 
julgamento, onde se dará o seu interrogatório, prevalece a posição de que sua presença é obrigatória, de 
forma que o réu pode ser conduzido coercitivamente para o fim de ser interrogado, embora se lhe assegure o 
direito ao silêncio. Se a falta ao ato processual tiver ocorrido por culpa do chefe do serviço, poderá haver 
responsabilidade criminal, não existindo revelia do réu em tal caso. Por edital e a com hora certa só podem 
ocorrer de forma justificada. 
- CITAÇÃO DO PRESO: se o acusado estiver preso, a sua citação será feita pessoalmente, e não por meio 
do diretor do estabelecimento prisional (art. 360, CPP), havendo apenas a comunicação ao diretor de 
eventual audiência. 
- CITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO: o funcionário público deve ser citado pessoalmente, por 
mandado, havendo a comunicação ao chefe da repartição se o rito conta com a realização inicial de 
interrogatório (audiência), hipótese em o funcionário teria que se ausentar do serviço para comparecer à 
audiência. Assim, o seu superior, em homenagem à continuidade do serviço público, providenciaria a 
substituição do funcionário faltante. Em regra, só é necessário comunicar o superior da audiência designada 
já ao fim do processo (art. 359, CPP). 
- CITAÇÃO DE RÉU NO ESTRANGEIRO: réu no estrangeiro, em lugar sabido, será citado por carta 
rogatória, com a suspensão do prazo prescricional até o seu efetivo cumprimento (art. 368, CPP), seguindo-
se as vias diplomáticas. A carta rogatória só é expedida se demonstrada previamente a sua 
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. Se o infrator está no estrangeiro em 
endereço desconhecido pela autoridade, será citado por edital. 
OBS.Quando o processo criminal tramitar em tribunal, a citação será efetivada mediante carta de ordem, 
que é uma forma de citação, semelhante à precatória, que ganha esse nome em face da superioridade do grau 
de jurisdição do órgão colegiado ad quem. 
 
b) CITAÇÃO POR EDITAL 
A citação pode ser feita por edital (artigo 362 e seguintes do CPP), sendo de natureza ficta e devendo 
ocorrer em situações excepcionais, decorrentes da impossibilidade de encontrar o réu. No entanto, o sistema 
processual penal brasileiro não presume a ciência da imputação pelo acusado citado por edital. 
Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o 
processo e o curso do prazo prescricional pelo tempo abstratamente fixado para o delito prescrever (art. 109, 
CP). 
Súmula nº 415 do STJ: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”. 
O juiz pode determinar a produção antecipada das provas e, se for o caso, decretar prisão preventiva 
(art. 366). A produção antecipada de provas consideradas urgentes, autorizada excepcionalmente em casos 
de citação por edital, deve ocorrer com a prévia intimação do Ministério Público, do querelante e do 
defensor público ou dativo, na falta do primeiro, designado para o ato (§ 3º, art. 363, CPP). 
Súmula 455, STJ. A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente 
fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. 
Realizado o ato processual urgente, o processo permanecerá em estado de suspensão, evidenciando o 
que se denomina crise de instância. 
A urgência deve embasar a medida, notadamente nas hipóteses de iminente perecimento ou 
desaparecimento da prova que se pretende produzir (art. 225, CPP), o que exige devida motivação, evitando 
assim uma “regular instrução” enquanto pende a suspensão do processo, agravada pela ausência do réu. A 
deliberação judicial autorizando ou denegando a antecipação da prova desafia correição parcial, além da 
admissibilidade de habeas corpus ou mandado de segurança, conforme o interesse contrariado seja da defesa 
ou da acusação. 
O processo, no entanto, voltará a correr se o réu citado por edital, em qualquer tempo (limitado 
evidentemente por causa extintiva de punibilidade), comparecer, caso em que ter-se-á por citado 
pessoalmente e se observará o rito preconizado por lei (§ 4º, art. 363, e art. 394 et seq, CPP), prosseguindo o 
processo em seus ulteriores atos (§ 2º). 
Transcorrido o prazo de suspensão, e mantida a ausência do imputado, o processo seguirá suspenso, 
mas o prazo prescricional voltará a correr normalmente. 
Todo edital tem um prazo de dilação (tempo que deve correr entre a publicação do edital e a data em 
que se considera efetivado o ato processual). Assim, a citação por edital não está perfeita com a simples 
publicação do edital, uma vez que é ato complexo que só se perfaz com a sua publicação e com o decurso do 
prazo de dilação consignado no edital. 
O Código de Processo Penal estabelece prazos de dilação diferentes, bem como hipóteses específicas 
para citação por edital. A regra geral é a de que “se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o 
prazo de 15 (quinze) dias”. 
É inconcebível dúvida quanto à individualização do acusado para fins de citação por edital. A 
identificação do acusado, com os sinais característicos que possam diferenciá-lo dos demais deve estar 
relatada na inicial acusatória (art. 41, CPP). Já a incerteza de localização, por ter o infrator vida itinerante, 
fazendo parte do Movimento dos Sem-Terra, ou dos Sem-Teto, por exemplo, leva à realização da citação 
editalícia, em consonância com o art. 361, CPP. 
Requisitos específicos do edital de citação (art. 365, CPP): o nome do juiz que a ordenou, o nome do 
acusado ou características que possam identificá-lo, a finalidade da citação, o juízo com horário para 
comparecimento e o prazo de dilação contado da publicação na imprensa ou da afixação em local 
apropriado. “A prova da publicação em jornal é feita pela juntada da página onde ela se acha, aos autos, ou 
pela certidão do escrivão em que constará a página e a data da publicação”. 
 O edital, em suma, deve ser o mais completo possível, de preferência com a transcrição da narrativa 
da denúncia. Todavia, a jurisprudência tem se contentado com a simples indicação do tipo penal no qual se 
encontra incurso o acusado, (STF, súmula nº 366 - “não é nula a citação por edital que indica o dispositivo 
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou a queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”). De 
outro lado, deve ser constatada a efetiva necessidade da citação editalícia, fazendo-a preceder, por cautela, 
de diligências, para que não seja ela realizada quando possível citação pessoal ou com hora certa. Nesse 
sentido, o enunciado 351, da súmula do STF, estatui que “é nula a citação por edital de réu preso na mesma 
unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”. 
Nos Juizados Especiais, por sua vez, não é admitida citação por edital, pois esta é incompatível com a 
ideia de celeridade do procedimento. Se o infrator não for encontrado para ser citado pessoalmente, ou se o 
ato não é realizado no próprio juizado, os autos serão remetidos ao juízo comum (art. 66, parágrafo único, 
Lei nº 9.099/1995). 
 
c) CITAÇÃO POR HORA CERTA 
Se o oficial de justiça verificar “que o réu se oculta para não ser citado”, deve certificar a ocorrência 
e proceder “à citação com hora certa”, nos termos do estatuído nos artigos que atualmente correspondem aos 
252 a 254 do Código de Processo Civil (art. 362, CPP). Uma vez “completada a citação com hora certa, se o 
acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo” (parágrafo único, art. 362, CPP). Deve 
obedecer as cautelas do CPC, a fim de precaver contra alegações de nulidade e de ampliar a possibilidade de 
conhecimento da acusação pelo réu 
A citação com hora certa tem por pressuposto duas tentativas frustradas de encontrar o réu no 
domicílio ou residência e mais a suspeita de estar-se ele ocultando para frustrar diligência. Diante dessa 
situação, deve o oficial intimar qualquer pessoa da família – ou, em sua falta, algum vizinho capaz de 
transmitir ao citando o aviso – de que voltará no dia seguinte (ou se não for possível, noutro dia marcado, tão 
breve quanto o seja), em hora fixada, a fim de efetuar a citação (art. 252, CPC). Nessa data, o oficial de 
justiça retornará e poderá citar pessoalmente o acusado ou não o encontrando, informar-se das razoes da 
ausência. Caso conclua que há motivo justo para tanto, ficará “sem efeito a marcação de dia e hora”, 
marcando nova data e hora, salvo se negativamente apontarem as circunstâncias. Diversamente, “se a 
ausência confirmar a suspeita de ocultação (e só neste caso)”, “o oficial dará por efetuada a citação, ainda 
que o citando tenha se deslocado para o território de outra comarca, seção ou subseção judiciária” (§ 1º, art. 
253, CPC), “e deixará a contrafé da certidão da ocorrência com pessoa da família ou vizinho do réu, 
declarando-lhe o nome” (art. 253, § 3º, CPC). “Não é preciso que se trate da mesma pessoa com quem fora 
deixado o aviso a que se refere o art. 252”. 
 Não há aplicação de efeitos da revelia no direito processual penal (art. 253, 4º, CPC). Feita a citação 
com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu carta, no prazo de dez dias contado da data 
da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência 
(art. 254 CPC). 
 
1.3 INTIMAÇÃO, NOTIFICAÇÃO E CONTAGEM DE PRAZOS 
→ INTIMAÇÃO 
A ciência da prática de um ato processual nos autos é dada à parte através de uma intimação. 
Intimação, assim, pressupõe fato processual já consumado e cuja ciência ao interessado é reclamada para o 
fito de serem produzidos validamente seus efeitos legais.→ NOTIFICAÇÃO 
A notificação é a ciência que é dada ao interessado de seu dever ou de seu ônus de praticar um ato 
processual ou de adotar determinada conduta, pressupondo um fazer, um comportamento positivo, tal como 
ocorre com a comunicação de designação de ato processual a que deva a parte comparecer. 
→ CITAÇÃO 
Enquanto por meio da citação se leva ao conhecimento do acusado a existência de uma ação penal 
contra ele instaurada, pela intimação se dá conhecimento da prática dos demais atos processuais realizados e 
a serem realizados no processo, assim como da necessidade ou da possibilidade (ou faculdade) da 
participação, tanto das partes quanto das pessoas (terceiros) que, eventualmente, devam ou possam a eles 
estar presentes. 
 A intimação e a notificação tem em comum com a citação a característica de servir de comunicaça 
processual. A falta de intimação da prática de algum ato processual pode dar azo à nulidade, com a 
impetração de habeas corpus ou de mandado de segurança (este se ao crime não for cominada pena privativa 
de liberdade). Contudo, o CPP seguiu a orientação da instrumentalidade das formas, buscando sempre 
prestigiar a conservação dos atos processuais, de molde que não haverá nulidade se o ato atingiu seu fim, 
bem como se não houve prejuízo para a parte interessada, nem alegação oportuna. 
 
→ INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFENSORIA PÚBLICA 
As intimações do Ministério Público, da Defensoria Pública e do advogado dativo são pessoais, 
sendo a do MP procedida mediante a entrega dos autos, enquanto a da DP é feita por mandado, sem carga 
dos autos. No entanto, se houver necessidade, devem ser entregues os autos com vista (art. 44, I, LC 80/94). 
O mais adequado é que os autos sejam sempre entregues, preservando a isonomia de tratamento. 
→ INTIMAÇÃO DO DEFENSOR DATIVO E DO ADVOGADO 
 O advogado dativo (nomeado pela autoridade) é intimado pessoalmente por mandado, sem carga dos 
autos. 
 A intimação do advogado constituído pelo réu, pelo querelante e pelo assistente à acusação é feita 
pela imprensa (Diário Oficial). Nas comarcas onde não exista tal recurso será por mandado, via postal ou 
qualquer outro meio idôneo. 
 
→ FLUÊNCIA E CONTAGEM DOS PRAZOS 
 Fluência: termo inicial do lapso demarcado pela comunicação do ato à parte. 
 Contagem: unidade de tempo a partir da qual se inclui o cômputo do prazo estipulado por lei, 
geralmente fixado em dias. 
 STJ tem reiterado o posicionamento quando a isonomia entre o MP e a DP. Exemplo disso é o inicio 
da contagem do prazo para impugnar decisão judicial que começa na data da entrega dos autos na repartição 
administrativa do órgão. 
A súmula 310 do STF esclarece a efetivação de intimações em dias não úteis, ao dizer que “quando a 
intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo 
judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no 
primeiro dia útil que se seguir”. Se exclui, no âmbito processual penal, o dia do início, para se considerar 
realizada a intimação no dia seguinte, incluindo, por decorrência, o dia do termo final. Ademais, os prazos 
processuais penais fluem a partir da efetivação, consoante o teor da súmula nº 710, do STF, que aviva que 
“no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado de 
intimação ou da carta precatória ou de ordem”. 
Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por 
férias, domingo ou dia feriado (art. 798, CPP); 
 
→ INTIMAÇÃO EM AUDIÊNCIA 
Durante o curso do processo penal a praxe – que se alia ao princípio da economia processual – é a de 
que as partes saiam cientes das audiências do ato processual praticado, bem como da designação do ato 
subsequente. Na ata de audiência, são feitas as consignações de que as partes saem intimadas (art. 272, CPP) 
 
→ INTIMAÇÃO POR EDITAL OU COM HORA CERTA 
A intimação ficta em processo penal pode se revelar demasiadamente gravosa ao acusado de modo a 
ofender o princípio da proporcionalidade, não devendo se admitir, por exemplo, que se intime o acusado da 
sentença condenatória por edital ou por hora certa. Se a previsão legal de intimação ficta da sentença de 
pronúncia tem a vantagem de conferir celeridade ao feito, pode suscitar debate sobre sua constitucionalidade 
no caso concreto, notadamente quando se perceber que não foram exauridos todos os meios para intimar o 
acusado pessoalmente 
 
→ INTIMAÇÃO DO RÉU PRESO 
A intimação do réu preso deve ocorrer pessoalmente, dando-se ciência ao diretor do estabelecimento 
onde se encontre, com vistas a providenciar a presença do acusado aos atos do processo. 
 
→ INTIMAÇÃO POR CARTA 
 A intimação por carta precatória, rogatória ou de ordem segue no que for compatível os regramentos 
da citação por esse meio, devendo ser ordenado seu cumprimento pelo juízo deprecado. O juízo deprecante 
deve emitir a carta acompanhada dos documentos necessários. 
Havendo a expedição de carta precatória para a oitiva de testemunhas que residam em outra comarca, 
as partes devem ser intimadas da expedição da carta, sob pena de nulidade (relativa), consoante súmula nº 
155, STF. Todavia, nos termos preconizado pela súmula nº 273 do STJ, “intimada a defesa da expedição da 
carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado”. Deste modo, 
fica a cargo da parte acompanhar o andamento processual na comarca deprecada para que possa, querendo, 
participar do ato. Todavia, se o réu for assistido pela Defensoria Pública e, na sede do juízo deprecado, a 
Instituição estiver estruturada, é necessária a intimação da Defensoria do dia da audiência designada, sob 
pena de nulidade. 
 
1.4 REVELIA E SUSPENSÃO 
Uma vez declarada a revelia, o acusado sofrerá seus efeitos, não sendo mais intimado dos atos 
processuais subsequentes, ressalvada a sentença. Sem embargo, o comparecimento do réu em momento 
ulterior, faz cessar os efeitos da revelia, não tendo, porém, o condão de eliminar os fatos processuais já 
produzidos sem a sua presença: o acusado passará a participar do processo, conforme o estado em que se 
encontre, sem prejuízo, contudo, de seu interrogatório ao final da instrução ou em grau de recurso. 
Hipóteses de revelia: 
(1) no âmbito do júri, quando o acusado, regularmente intimado, deixar de comparecer à sessão de 
julgamento, nos termos do art. 457 – não ocorrendo mais a crise de instância do acusado solto que, intimado, 
deixava de comparecer, eis que o novo texto aviva que “o julgamento não será adiado pelo não 
comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente 
intimado” – caso em que ocorrerá o julgamento sem a sua presença; e, 
(2) em todo caso, quando o réu, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato processual, deixar de 
comparecer sem motivo justificado ou, na hipótese de alteração de residência, não comunicar o novo 
endereço ao juízo (art. 367). 
A revelia implica o quebramento da fiança, isto é, a perda de metade do valor pago a título de fiança, 
o que significa que, ainda que absolvido o acusado ao final, a devolução da quantia afiançada não se fará de 
maneira integral (artigos 338 e 339, CPP). Porém, a revelia não importa confissão ficta (que não deve ser 
aplicada em matéria penal) nem obsta que o acusado participe, depois, dos demais atos processuais, quando, 
então, passará novamente a ser intimado dos atos seguintes. 
Note-se que se a revelia ocorreu depois de efetivada a citação pessoal, não se aplica a suspensão do 
processo e do prazo prescricional (art. 366, CPP), devendo prosseguir o processo até a sentença, intimando-
se desta o acusado. 
 
1.5 INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO PENAL 
A Lei nº 11.419/2006 dispôs sobre a informatização do processo judicial, passando a admitir, 
expressamente,o uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e 
transmissão de peças processuais. A Lei, no § 1º, do seu art. 1º, previu a aplicação de suas disposições a 
todos os processos, inclusive ao processo penal, com a exposição dos conceitos de meio eletrônico, 
transmissão eletrônica e assinatura eletrônica. 
 A lei preocupa-se com a segurança e a exatidão na transmissão de dados e da comunicação dos atos 
processuais, preconizando o atendimento de condições para a viabilidade do processo eletrônico. Dessa 
forma, o envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico serão 
admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, com a obrigatoriedade do credenciamento prévio no Poder 
Judiciário, com adequada identificação presencial do interessado, em conformidade com a disciplina dos 
órgãos correspondentes (art. 2º, caput, § 1º, Lei nº 11.419/2006) 
Os atos processuais por meio eletrônico são considerados praticados no dia e hora do seu envio ao 
sistema do Poder Judiciário, com a emissão de protocolo eletrônico, sendo as petições consideradas 
tempestivas se apresentadas até às vinte e quatro horas do último dia (art. 3º, caput e parágrafo único, Lei nº 
11.419/2006). O envio da petição é de ser feito pelo credenciado, ao qual, antes, “será atribuído registro e 
meio de acesso ao sistema, de modo a preservar o sigilo, a identificação e a autenticidade de suas 
comunicações” (§ 2º, art. 2º, Lei nº 11.419/2006). 
 O art. 4º, caput, da Lei nº 11.419/2006, estabelece que “os tribunais poderão criar Diário da Justiça 
eletrônico, disponibilizando em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e 
administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral”. A cautela 
com a segurança dos dados é constatada com o dever de assinatura digital com lastro em certificado emitido 
por órgão credenciado. 
 Outras previsões: 
(1) a publicação eletrônica, realizada em conformidade com suas disposições, “substitui qualquer outro meio 
de publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou 
vista pessoal”; 
(2) é considerada “como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da 
informação no Diário da Justiça eletrônico”; 
(3) “os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da 
publicação”; e, 
(4) “a criação do Diário da Justiça eletrônico deverá ser acompanhada de ampla divulgação, e o ato 
administrativo correspondente será publicado durante 30 (trinta) dias no diário oficial em uso”. 
 A lei estatui que “as intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se 
cadastrarem na forma do art. 2º”, com a dispensa da “publicação no órgão oficial, inclusive o eletrônico” 
(art. 5º, Lei nº 11.419/2006). Tais intimações “serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais” (§ 6º, 
art. 5º, Lei nº 11.419/2006). A intimação, nessa esteira, é considerada realizada “no dia em que o intimando 
efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização”, sendo que 
quando a intimação se dê em dia não útil, seja “considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte”. A 
intimação é considerada realizada se a consulta não for realizada “em até dez dias corridos contados da data 
do envio da informação”, automaticamente, na data do término de tal prazo decenal (§ 3º, do art. 5º, Lei nº 
11.419/2006). 
Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica, comunicando o 
envio da intimação e a abertura automática no prazo processual nos termos do § 3º deste artigo, aos que 
manifestarem interesse por esse serviço (§ 4º, do art. 5º, Lei nº 11.419/2006), com a previsão de que “nos 
casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes 
ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser 
realizado por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz”. 
 A citação eletrônica não é aplicável ao processo penal (art. 6º, Lei nº 11.419/2006). As cartas 
precatórias, rogatórias e de ordem – bem como as comunicações oficiais “entre órgãos do Poder Judiciário e 
entre este e os demais Poderes” – contudo, serão, de forma preferencial, expedidas por meio eletrônico (art. 
7º, Lei nº 11.419/2006). As peculiaridades do processo penal não dispensarão, em várias hipóteses, as 
intimações por oficial de justiça, em especial, a do acusado, do Ministério Público (com carga dos autos) e 
da Defensoria Pública, além do advogado dativo. A instituição do processo eletrônico criminal, não obstante 
viável, deve levar em consideração as particularidades processuais penais que afastarão a incidência de 
alguns dispositivos. No que for cabível ao processo penal (que atinge o estado de liberdade do acusado), 
plausível é a cláusula de convalidação dos atos processuais praticados até a data do advento da Lei nº 
11.419/2006, desde que haja obtenção da finalidade do ato e não tenha ocorrido prejuízo para as partes. 
 
2. SENTENÇA CRIMINAL 
2.1 NOÇÕES GERAIS DE SENTENÇA 
O Código de Processo Penal não é sistemático quando se refere à sentença, não obstante tenha um 
título com dispositivos regulando, especialmente, a sentença penal condenatória (artigos 381-392, CPP). As 
sentenças possíveis em direito processual penal não encontram um padrão rígido de conceituação, como 
subsiste no âmbito do processo civil. Assim, o Código de Processo Penal não define propriamente um 
conceito de sentença. 
Entende-se como sentença em sentido estrito a decisão que julga o mérito principal, ou seja, a que 
condena ou absolve o réu. No entanto, há sentenças que não encerram o processo, a exemplo da “sentença” 
de pronúncia (§ 1º, art. 413, CPP) decisão interlocutória mista não terminativa. 
A “sentença” de pronúncia, malgrado não contenha mérito de julgamento definitivo com aplicação de 
pena, não deixa de ter um conteúdo declaratório do direito sob o ponto de vista de que faz o “recorte” da 
imputação. É, ontologicamente, uma sentença, por definir os limites da acusação que será movida na 
segunda fase do procedimento do júri. 
OUTROS ATOS JUDICIAIS 
Os atos processuais da autoridade judiciária podem ser divididos em: 
(1) provimentos: despachos de mero expediente, decisões interlocutórias e decisões definitivas. 
Despachos de mero expediente: são decisões tendentes a impulsionar o processo, caracterizando-se 
pelo baixo ou irrelevante teor decisório e pela irrecorribilidade. Ex. designação de audiência, 
determinação de vistas às partes, citação do réu, 
Decisões interlocutórias: são as soluções dadas pelo juiz, acerca de qualquer questão controversa, 
envolvendo a contraposição de interesses das partes, podendo ou não colocar fim ao processo. 
- interlocutórias simples 
- interlocutórias mistas: dentre estas, ainda encontram-se as decisões interlocutórias mistas 
terminativas e mistas não terminativas. 
Decisões definitivas: são aquelas que julgam o mérito da causa, extinguindo o processo sem apreciar 
a imputação feita ao réu – sendo este o aspecto que a diferencia da sentença definitiva ou em sentido 
estrito. Ex. decisão que julga extinta a punibilidade pela ocorrência da prescrição. 
(2) atos reais ou materiais subdividem-se em atos instrutórios (realização de inspeções em pessoas ou 
coisas, por exemplo) e atos de documentação (rubricar as folhas dos autos, subscrever termo de audiência). 
 
2.2 CLASSIFICAÇÃO 
NATUREZA JURÍDICA DAS SENTENÇAS 
O processo penal não se resume ao de natureza condenatória, podendo existir sentenças de outras 
espécies, tais como declaratórias, executivas, mandamentais ou constitutivas. Não há, no entanto, uma 
sentença com eficácia unicamente de uma espécie, mas sima preponderância de determinada eficácia. 
a) SENTENÇA DECLARATÓRIA: não necessita de providência ulterior, contendo uma força 
preponderantemente de declaração. Ex1. sentença que declara reabilitado o apenado no processo de 
reabilitação, dois anos depois da extinção da pena, ocasionando a sua reinserção ao gozo de determinados 
direitos que foram atingidos pela condenação. Ex2. sentença que julga improcedente a denúncia. 
b) SENTENÇA CONSTITUTIVA: tem como eficácia preponderante a modificação de situação jurídica e 
não impõe ação de execução subsequente. Ex. a sentença em habeas corpus que invalida inquérito policial 
em curso, com o seu conseguinte trancamento. 
 Sentença constitutiva positiva: faz surgir uma nova situação jurídica. 
Sentença constitutiva negativa: importa em desconstituir um ato jurídico anterior, até então válido e 
eficaz. Ex. sentença que julga procedente a revisão criminal, que desfaz uma sentença com trânsito 
em julgado. 
c) SENTENÇA MANDAMENTAL: retrata um pronunciamento judicial que consubstancia uma ordem. 
Ex. ação de habeas corpus que termina com a emissão de um alvará de soltura ou de um salvo-conduto. Não 
há necessidade de ação ou pedido de execução da sentença, sendo expedido o mandado de imediato. 
d) SENTENÇA EXECUTIVA: podem existir ainda que em sede de processos instaurados de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público, do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial (art. 127, 
CPP). Ex. medida assecuratória de sequestro, cabível quando houver indícios veementes de que bens foram 
adquiridos com os proventos da infração pelo indiciado (art. 125, CPP). A eficácia executiva é depreendida 
pela autorização de venda dos bens inscritos no Registro de Imóveis após a sentença condenatória transitada 
em julgado (art. 133, CPP). 
e) SENTENÇA CONDENATÓRIA: tem lugar quando reconhecida a procedência da inicial acusatória. Há 
a determinação de uma pena, com a devida individualização. Para o cumprimento da sentença condenatória, 
é necessária a instauração de um processo de execução penal, que ocorre em autos, sendo extraídas cópias do 
processo penal onde exarada a sentença exequenda e expedida guia de execução penal, formando-se os autos 
de execução penal, com os elementos essenciais do processo originário, da sentença e do regime de 
cumprimento da pena. 
 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Conforme Mirabete, as sentenças, em sentido amplo, se dividem em: 
- Interlocutórias simples: dirimem questões relativas à regularidade do processo, exigindo um 
pronunciamento decisório sem penetrar no mérito da causa. Ex. decisão de recebimento da denúncia ou que 
decreta prisão preventiva. 
- Interlocutórias mistas (decisões com força de definitivas): art. 593, II, CPP. ou”, sendo, no primeiro 
caso, denominadas 
- interlocutórias mistas não terminativas: encerram ou uma etapa do procedimento, sem o 
julgamento do mérito da causa. Ex. pronúncia – remete o feito ao tribunal do júri 
- interlocutórias mistas terminativas: encerram a própria relação processual, sem o julgamento do 
mérito da causa. 
- Definitivas ou sentenças em sentido próprio: solucionam a lide, julgando o mérito da causa, podendo se 
apresentar como condenatórias, absolutórias e terminativas de mérito. 
OBS. Decisões definitivas: apreciam o mérito da pretensão punitiva. Sentenças definitivas (sentença stricto 
sensu): decidem não somente o mérito da pretensão, mas também a imputação feita ao acusado. 
 
 Outras classificações: 
- Sentenças executáveis: podem ser executadas de plano. Ex. sentença absolutória (art. 596, CPP). 
- Sentenças não executáveis: pendentes de recurso com efeito suspensivo 
- Sentenças condicionais: carecem de um acontecimento futuro e incerto. Ex. sursis e livramento 
condicional. 
- Sentenças suicidas: há contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação. Podem ser nulas ou 
corrigidas por embargos de declaração. 
- Sentenças vazias: decisões passíveis de anulação por falta de fundamentação, uma vez que desrespeitam o 
art. 93, IX, CF e o art. 381, III e IV, CPP. 
- Sentenças subjetivamente simples: proferidas por órgão singular. 
- Subjetivamente plúrimas: emanadas de órgão colegiado homogêneo. Ex. por câmaras, turmas e seções de 
tribunais. 
- Subjetivamente complexas: proferidas por órgão colegiado heterogêneo. Ex. Tribunal do Júri. 
- Sentença autofágica: reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade. Ex. perdão judicial. 
 
Classificação de Nucci: 
- Sentenças materiais: decidem o mérito da causa Ex. condenação ou absolvição. 
- Sentenças formais: decidem questões meramente processuais, podendo colocar fim ao processo ou à 
instância. Ex. impronúncia. 
 
 Classificação de Távora: 
- Despacho de mero expediente: mero comando de impulso processual. 
- Sentença decisão condenatória ou absolutória proferida pelo magistrado após esgotar todas as fases do 
procedimento respectivo. 
- Decisão interlocutória mista: decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo ao 
procedimento, importando em seu arquivamento após o trânsito em julgado. 
- Decisão interlocutória mista não terminativa: decisão que, não sendo despacho nem sentença, põe termo 
a uma fase do procedimento, dando início a outra, sem importar, contudo, em arquivamento após o trânsito 
em julgado. 
 
2.3 FUNDAMENTAÇÃO E ESTRUTURA 
A Constituição de 1988 impôs expressamente o dever de fundamentação das decisões judiciais, em 
conformidade com a garantia do devido processo legal e das garantias processuais fundamentais. 
O sistema da persuasão racional ou do livre convencimento motivado é o adotado como regra no 
direito processual penal, sendo o juiz livre para decidir, desde que fundamente e esteja em conformidade 
com o ordenamento jurídico. Daí a imposição da fundamentação das sentenças, como especial parâmetro 
para o controle da concretização das garantias fundamentais no processo penal. 
OBS. Fundamentação per relationem ou aliunde: é a motivação de decisão ou sentença que se reporta às 
razões de decidir consignadas na fundamentação de outra decisão ou sentença. É fundamentação por 
remissão. Embora encontre resistências da doutrina, na jurisprudência é admitida, tanto pelo STF, quanto 
pelo STJ, desde que não implique falta de motivos para decidir. 
 
→ ESTRUTURAÇÃO DA SENTENÇA 
(1) relatório, traduzindo-se num resumo do processo (que é dispensado nas sentenças proferidas na esfera 
dos juizados especiais criminais, a teor do § 3º, do art. 81, da Lei nº 9.099/1995, sendo, contudo, causa de 
nulidade absoluta a sua falta nos demais procedimentos e nem sempre gerando nulidade a sua deficiência); 
(2) fundamentação, motivação ou fundamentos (razões de decidir), cuja falta implica nulidade absoluta, 
não se confundindo com fundamentação sucinta; e 
(3) dispositivo ou conclusão (onde consta o núcleo da decisão). 
A sentença penal conterá(art. 381, CPP): 
1) os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las, exigência que 
se justifica pelo efeito inter partes da coisa julgada, valendo observar que só a omissão do nome do réu na 
sentença será causa da nulidade, não tendo esse condão eventual equívoco que não conduza à 
impossibilidade de sua identificação; frise-se, ainda, que a ausência do nome da vítima é mera 
irregularidade, conforme já decidido pelo STJ 24. O nome do Promotor de Justiça que atuou no feito não 
deve constar da sentença, vez que seu pronunciamento se dá em nome da instituição que presenta. Já em 
caso de ação penal privada, a referência ao nome do querelante é obrigatória, sob pena de nulidade; 
2) a exposição sucinta da acusação e da defesa; 
3) a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
4) a indicação dos artigos de lei aplicados; 
5) o dispositivo, conclusão ou parte dispositiva, parte que contém a decisão propriamente dita, de forma 
coerente com a fundamentação, noqual o juiz aplica a lei ao caso concreto, condenando ou absolvendo o 
réu, devendo indicar os artigos de lei aplicados; 
6) a data e a assinatura do juiz, com rubrica do juiz em todas as páginas (art. 388, CPP). 
 Há no processo penal a possibilidade de emendatio libeli e mutatio libeli, que possuem íntima 
relação com os princípios da correlação – ou seja, uma congruência lógica entre o que foi apresentado ao 
juiz e a sentença – e da consubstanciação – isto é, que o acusado se defende dos fatos e não da capitulação 
legal. 
 
→ EMENDATIO LIBELI (AR. 383, CPP) 
O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe 
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave (art. 383, CPP), 
quando há equívoco na indicação do tipo penal pelo Parquet ou pelo querelante. 
Não haveria necessidade de oitiva prévia das partes, sob o fundamento de que o réu se defende dos 
fatos e não da mera tipificação legal, não havendo, desse modo, que se falar em prejuízo. Apesar de ser essa 
a forma tradicional de entender o art. 383, do CPP, é mais prudente a abertura de contraditório prévio. 
A emendatio libelli pode ser aplicada até mesmo na fase recursal, desde que não implique reformatio 
in pejus (art. 617 do CPP). 
Questão controversa diz respeito à possibilidade de emendatio por ocasião do recebimento da inicial 
acusatória. Trata-se da hipótese em que, verificando capitulação equivocada quando do juízo de 
admissibilidade da denúncia ou queixa, o magistrado adequa a imputação, prosseguindo-se a instrução 
normalmente. Os tribunais superiores adotaram o entendimento de que a correção da inicial (bem como a 
mutatio libelli) deve se dar no momento de prolação da sentença, porém o STF declarou que, em situações 
excepcionais, quando a qualificação jurídica do crime imputado repercutir na definição da competência, é 
viável aplicar a emendatio libelli. 
 Formas de emendatio libeli: 
- emendatio libelli por defeito de capitulação: situação na qual o juiz profere sentença condenatória ou 
decisão de pronúncia em conformidade exata com o fato descrito na denúncia ou na queixa, apenas 
corrigindo a capitulação trazida na inicial 
- emendatio libelli por interpretação diferente: ex. o Ministério Público oferece denúncia por homicídio 
qualificado por meio cruel (art. 121, § 2º, III, CP) enquanto o magistrado, com amparo na mesma situação 
fática, vislumbra, em oposição, a qualificadora de recurso que impossibilitou a defesa do ofendido (art. 121, 
§ 2º, IV, CP), conferindo nova capitulação ao fato 
 Consequências: 
1) se da definição jurídica diversa decorrer a possibilidade de proposta de suspensão condicional do 
processo, o juiz dará vista dos autos ao Ministério Público para que este a ofereça e, caso haja negativa 
deste, o magistrado procederá nos termos do art. 28, CPP 
Súmula nº 337 do STJ, “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão 
punitiva”. 
2) se o novo enquadramento importar em modificação de competência, os autos serão encaminhados ao 
juízo respectivo (§ 2º, art. 383, CPP, nova redação) 
 
→ MUTATIO LIBELI (ART. 384, CPP) 
Ocorre na hipótese de se verificar durante a instrução que existe elementar ou fatos diversos dos 
narrados na peça acusatória. A sentença deve abranger os fatos narrados na denúncia ou queixa. Se outros 
estiverem presentes no processo, há o indicativo da necessidade de aditamento. 
Dessa forma, quando encerrada a instrução probatória, se o juiz entender cabível nova definição 
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração 
penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, pelo lapso de cinco 
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo a termo o 
aditamento, quando feito oralmente. 
Não há menção à pena do crime decorrente da nova definição jurídica do fato, sendo idêntico o 
procedimento a ser adotado, bem como se ratifica que a mutatio libelli só tem cabimento nas ações públicas 
ou privada subsidiária (não sendo admissível na ação privada), não podendo, ademais, ser invocada na fase 
recursal, pois haveria supressão de instância (súmula nº 453, STF). 
Ocorre que, embora vedada a aplicação da mutatio libelli em grau recursal, nada impede que o juízo 
ad quem declare a nulidade da sentença que deixou de aplicar esse instituto. Devolverá, portanto ao juiz de 
primeiro grau, a fim de que sejam aplicadas as disposições do art. 384. 
A violação do art. 384 do CPP é matéria de ordem pública, de natureza jurídico-constitucional, por 
acarretar a violação de um conjunto de normas constitucionais (princípio da tripartição de poderes, princípio 
acusatório e princípio da demanda, bem como, dependendo do caso, princípio da ampla defesa). Deste 
modo, ainda que a adequada descrição fática corresponda a delito cuja pena é mais grave, deverá ser anulada 
a decisão e não absolvido o réu. Entretanto, em razão da proibição da reformatio in pejus indireta, a pena 
fixada na sentença anulada será a pena máxima que o juízo a quo poderá fixar na nova sentença. 
Há quem entenda que só cabe o aditamento para acrescer elemento ou circunstância, pelo que sempre 
o delito será mais grave, não se exigindo aditamento se o fato novo importar enquadramento que preveja 
pena igual ou menor. No entanto, segundo Távora o aditamento será sempre necessário, seja em razão de 
elemento explícito ou implícito, e que é dever do Ministério Público aditar espontaneamente a denúncia. 
Destarte, o juiz só provocará o Ministério Público em caso de inércia deste, quando concederá o prazo de 
cinco dias para que o MP (o querelante não, por faltar-lhe legitimidade) ofereça o aditamento. 
Procedimento da mutatio libelli: 
1) “não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código” (o juiz, 
discordando do Parquet, remete os autos ao Procurador-Geral de Justiça) (§ 1º). Neste particular, a ausência 
de aditamento por parte do Procurador Geral inviabiliza a condenação do réu, devendo o juiz absolvê-lo por 
ausência de correlação; 
2) ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento 
de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, 
novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento (§ 2º); 
3) se a nova definição jurídica do fato implicar possibilidade de proposta de suspensão condicional do 
processo, o juiz dará vista dos autos ao Ministério Público para que este a ofereça e, caso haja negativa, o 
magistrado procederá nos termos do art. 28, CPP (§ 3º); 
4) se a definição nova do fato importar em modificação de competência, os autos serão encaminhados ao 
juízo respectivo (§ 3º); 5) “havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo 
de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento; e, 
6) “não recebido o aditamento, o processo prosseguirá”. 
 - O juiz deve ficar adstrito aos termos do aditamento? 
Há discussão doutrinária sobre a possibilidade de depois de aditada a denúncia e realizada a instrução 
processual em torno do elemento ou circunstância objeto do acréscimo, se o juiz pode condenar pelo fato 
descrito tão somente na imputação originária. 
Entretanto, a parte final do § 4º, do art. 384, CPP, pode ensejar interpretação de que a possibilidade 
de imputação alternativa objetiva superveniente (acusado passa a responder depois do aditamento por 
dois fatos delituosos, de forma alternativa com o primeiro definido na denúncia)foi banida do processo 
penal. É que tal dispositivo preconiza que, havendo aditamento, o juiz ficará, na sentença, adstrito aos seus 
termos. Parte da doutrina sustenta a impossibilidadede se condenar o acusado pela definição da denúncia, só 
podendo se prolatar sentença condenatória com base no aditamento. Segundo Távora, a incidência da parte 
final do enunciado do § 4º do art. 384 ocorrerá quando o fato definido no aditamento suplantar inteiramente 
os fatos narrados na denúncia, conferindo base descritiva para a classificação do crime em seu tipo 
fundamental e de suas circunstâncias qualificadoras. Porém, caso o aditamento se refira ao acréscimo de 
circunstância que qualifica o crime descrito na forma simples na petição inicial acusatória, o juiz não ficará 
“adstrito” ao aditamento no sentido de que só pode condenar pelo crime em sua forma qualificada, mas, caso 
não provada a qualificadora e reste patentemente provado o delito na sua forma simples, deve desacolher a 
acusação no que toca ao aditamento (qualificadora), condenando o acusado pelo crime simples. 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de 
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito 
oralmente. 
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. 
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará 
dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. 
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos 
termos do aditamento. 
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
 
2.4 SENTENÇA CONDENATÓRIA 
A sentença condenatória é a que acolhe o pedido em ação penal que imputa um fato delituoso a 
alguém. A sentença deve conter relatório, fundamentação e dispositivo. Aplica-se subsidiariamente o art. 
489, §1º do CPC quanto as hipóteses em que não é considerada fundamentada a sentença. 
O art. 387, CPP, detalha o conteúdo da sentença condenatória. o magistrado, “ao proferir sentença 
condenatória”, além de enfrentar expressamente os fatos alegados e provas em favor da acusação e da 
defesa, com fundamentação suficiente: 
1) “mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código, e cuja existência 
reconhecer”; 
2) “mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação 
da pena”, a teor dos artigos 59 e 60, do Código Penal; 
3) “aplicará as penas, de acordo com essas conclusões”; 
4) “fixará valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido” 
5) “decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou 
de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta” (art. 387, § 
1º, do CPP). 
A seu turno, o Código Penal arrola as demais providências aplicáveis, preconizando no seu art. 59 
que o juiz “estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime”: 
1) “as penas aplicáveis dentre as cominadas”; 
2) “a quantidade da pena aplicável, dentro dos limites previstos”; 
3) “o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade”, que será fixado levando em 
consideração o cômputo na pena da detração penal do tempo de prisão provisória, de prisão administrativa 
ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, nos termos do § 2º, do art. 387, do CPP 
4) “a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível”, com 
observância do seu art. 44. 
 A partir daí terá incidência o sistema trifásico de aplicação da pena, pelo art. 68 do Código Penal. 
1) a fixação da pena-base, com a indicação das razões da imposição de “condenação criminal em desfavor 
do acusado”. É estabelecida com base nas circunstâncias judiciais do art. 59 do CP e das regras especiais da 
legislação específica. Nesse ponto, importante destacar a discussão doutrinária sobre o entendimento de 
“maus antecedentes”, sendo que Távora defende ser a existência de sentença penal transitada em julgado. 
Salienta-se, ainda, que o STF firmou entendimento que deve ser respeitado o período depurador da 
reincidência, como limite para considerar sentença penal condenatória anterior como maus antecedentes. 
2) em seguida, passa-se à dosagem da sanção penal, com a “consideração das causas atenuantes e das 
agravantes”, 
3) após, devem ser consideradas as causas de aumento e diminuição da pena. Não é suficiente para a 
exasperação da pena a mera indicação do número de majorantes do crime de roubo circunstanciado, como 
assentado na súmula nº 443, do STJ. Ademais, em respeito ao princípio da tipicidade penal, também não é 
aceitável aplicar, no furto qualificado, a majorante estatuída para outro delito, como o de roubo, a teor da 
súmula nº 442, do STJ. 
 Após, podem ser consideradas outras etapas a do art. 44 do CP, quanto a substituição da PPL por 
pena restritiva de direito, e a do art. 77, correspondendo a suspensão condicional da pena (SURSIS). 
OBS. O STJ editou a Súmula 588 que veda a aplicação das regras de substituição de PPL por PRD cquando 
o delito envolver a Lei Maria da Penha. 
 A sentença condenatória também pode fixar a pena de multa, o que pode ocorrer a título de sanção 
principal, alternativa ou cumulativamente com a pena de prisão, podendo ser, ainda, aplicada em 
substituição desta. A aplicação da pena de multa restringe-se às seguintes fases: (1) determinação da 
quantidade de dias-multa, de um mínimo de 10 a um máximo de 360 dias-multa; (2) estabelecimento do 
valor do dia-multa, levando em consideração a situação econômica do réu (art. 60, caput, CP), que não pode 
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco 
vezes esse salário; e (3) eventualmente, pode aumentar a multa até o triplo, se considerar que, em virtude da 
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo (art. 60, § 1º, CP). 
 
→ EFEITOS DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA 
O simples fato de haver sentença condenatória não é suficiente para levar alguém à prisão, 
necessitando, antes, da presença dos requisitos autorizadores da decretação da prisão preventiva (art. 312, 
CPP). O status de inocência só se encerra com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Antes deste 
marco, o encarceramento deveria estar pautado nos fundamentos de cautelaridade. Seguia-se a tendência de 
não se admitir qualquer espécie de execução penal provisória antes do transito em julgado da sentença penal 
condenatória. No entanto, o STS deliberou, por maioria, o cabimento de execução provisória da pena após a 
confirmação da condenação penal por tribunal, o que não ofenderia o princípio constitucional da preseuncao 
da inocência nem fere o art. 283, do CPP. 
Os efeitos condenatórios estão dispostos nos art. 91 e 92 do CP: 
1) “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”, sendo a sentença condenatória penal 
um título executivo judicial que legitima o ofendido a ajuizar, de plano, ação executiva, na parte líquida. Do 
eventual remanescente ilíquido, exige-se a competente liquidação (art. 63, CPP); 
2) “a perda em favor da União” dos produtos do crime ou de bem decorrente do proveito do delito, bem 
como dos instrumentos do crime cujo porte, fabrico, uso, alienação ou detenção constitua fato ilícito, 
“ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé”. Ressalte-se quehá outras hipóteses de perda de 
bens tanto na Constituição quanto na legislação extravagante 
a) o art. 243, CF, que prevê a expropriação de propriedades rurais e urbanas usadas para “culturas ilegais de 
plantas psicotrópicas” e de trabalho escravo, e o confisco de “todo e qualquer bem de valor econômico 
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins” 
b) os arts. 63 e 72 da Lei nº 11.343/2006, que disciplinam o perdimento de bens a ser explicitado na sentença 
e de destruição da substância entorpecente apreendida; 
c) o art. 20, § 4º, da Lei nº 7.716/1989, que estabelece como “efeito da condenação, após o trânsito em 
julgado da decisão, a destruição” de “símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que 
utilizem a cruz suástica ou gamada” empregados para fins de divulgação do nazismo; 
d) o art. 7º da Lei nº 9.613/1998, com redação dada pela Lei nº 12.683/2012, que prevê a perda de todos os 
bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previstos na lei, incluídos 
os bens utilizados para prestar fiança. 
3) “a perda de cargo ou função pública ou mandato eletivo” quando aplicada pena superior a quatro anos ou, 
nos crimes contra a Administração Pública, se a pena for igual ou superior a um ano (efeito do art. 92, I, CP, 
que não é automático e deve restar motivado na sentença, a teor do seu parágrafo único). Este efeito não se 
aplica a juízes e membros do Ministério Público, aos quais é assegurada a garantia da vitaliciedade (arts. 95, 
I e 128, § 5º, I, “a”, da CF/1988), dependendo a perda do cargo de ação própria, tampouco aos senadores e 
deputados federais, cuja perda do mandado dependerá de deliberação da respectiva casa, mediante 
provocação dos legitimados pelo art. 55, § 2º, CF/1988, estendendo-se esta regra aos deputados estaduais, 
por disposição do art. 27, § 1º, CF/1988. 
Existem ainda outras hipóteses na legislação extravagante, tais como na Lei nº 9.455/1997 (que, 
tratando da tortura, prevê como efeito automático a perda do cargo do agente público, conforme art. 1º, § 5º); 
na Lei nº 7.716/1989 (define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, estabelecendo a perda 
do cargo ou função pública como efeito – não automático, vide art. 18 do mesmo diploma – da condenação, 
consoante previsão do art. 16 da Lei); e, ainda, na Lei nº 9.613/1998 (disciplina a “lavagem” ou ocultação de 
bens, direitos e valores, estatuindo no seu art. 7º, II, não a perda, mas “a interdição do exercício de cargo ou 
função pública de qualquer natureza e de diretor de membro de conselho de administração ou de gerência 
das pessoas jurídicas referidas” na Lei). 
4) “a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de 
reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado” (efeito do art. 92, II, CP, que não é automático e 
deve restar motivado na sentença, a teor do seu parágrafo único); 
5) “a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso” (efeito do 
art. 92, III, CP, que não é automático e deve restar motivado na sentença, a teor do seu parágrafo único). 
Podem ser destacados, ainda, efeitos da condenação “decorrentes de previsão constitucional”, que seriam a 
suspensão dos direitos políticos (art. 15, III, CF/1988), o impedimento à naturalização e a submissão do 
oficial (art. 12, II, “b”, CF/1988) condenado à pena privativa de liberdade superior a dois anos, a julgamento 
de indignidade do oficialato ou incompatibilidade (art. 142, § 3º, VII, CF/1988) 
São também efeitos da condenação: 
1) a comunicação ao Conselho Ttutelar de que trata o art. 13, da Lei 8.069/1990, com redação dada pela Lei 
nº 13.010/2014, toda vez que, no momento da sentença, o juiz constatar que se confirmou caso de castigo 
físico, tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente. 
2) a destituição do poder familiar do pai e/ou da mãe quando for hipótese de condenação por crime doloso, 
sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (§ 2º, do art. 23, ECA). Pressupõe transito em 
julgado. 
3) a submissão obrigatória à identificação do perfil genético para os condenados por crime praticado 
dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º, 
da Lei nº 8.072/1990 (crimes hediondos apenas, ou seja, não inclui os equiparados a hediondos), a teor do 
art. 9º-A, da Lei 12.037/2009. 
4) a destruição das amostras da substância entorpecente guardadas para contraprova nos autos de ação penal 
por crime relacionado a drogas (Lei nº 11.343/2006). 
 
→ EFEITO PRODÔMICO DA SENTENÇA CODENATÓRIA OU NON REFORMATIO IN PEJUS 
Há vedação à reforma da sentença em prejuízo do acusado, quando só este tenha recorrido, pode se 
dar: 
1) de forma direta: quando o órgão para o qual foi dirigido o recurso exclusivo da defesa do réu, não pode 
reformar a sentença impugnada para, por exemplo, majorar a pena do acusado; 
2) de forma indireta: quando o órgão recursal, em recurso exclusivo do acusado, anula a sentença 
condenatória para determinar um novo julgamento. Nesse novo julgamento, não pode o juiz proferir 
sentença que implique situação mais gravosa ao réu, tomando como parâmetro aquela primeira sentença que 
foi invalidada em razão de recurso exclusivo da defesa. 
 
→ TÉCNICA DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA 
 Aspectos mínimos para a elaboração da sentença penal condenatória: 
a) quando o caso tem mais de um réu e mais de um fato criminoso, é recomendável, antes de se elaborar o 
relatório, previamente destacar a conduta de cada agente, tal como foi tipificada pelo Ministério Público ou 
querelante; 
b) o relatório é elaborado com a menção dos fatos relevantes ocorridos durante o processo; 
c) ao iniciar a fundamentação, primeiro serão apreciadas as questões processuais (preliminares como 
competência, ilegitimidade) queBprecedam a motivação propriamente dita da sentença penal condenatória (o 
mérito); 
d) caso os fatos descritos pelo Ministério Público ou querelante estejam tipificados de forma equivocada, 
caberá emendatio libelli; 
e) enfrentamento das teses da acusação e da defesa de forma exauriente 
f) nos casos com mais de um acusado e/ou mais de um crime, a fundamentaçao pode se referir a cada 
conjunto de atos praticados por cada acusado ou a cada fato criminoso, delineando as condutas dos 
participantes. 
g) dispositivo, com a descrição da tipificação 
h) dosagem da pena, segundo o critério trifásico 
i) análise da possibilidade de substituição da pena por PRD (art. 44, CP) 
j) aplicação das regras de concurso de crimes 
k) indicação do regime inicial de pena aplicável (aberto, semiaberto ou fechado) 
l) fundamentar a necessidade ou a desnecessidade de prisão preventiva 
m) fixação de custas ex lege (a execução das custas por sucumbência na justiça criminal é de difícil 
ocorrência) e determinação de perda dos instrumentos do crime cuja detenção seja ilícita, dentre outras 
possibilidade previstas na lei 
n) fixação de valor mínimo para fins de indenização da vítima do crime (art. 387, CPP) 
 
2.5 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
A sentença absolutória é a que rejeita a pretensão punitiva estatal, isto é, julga improcedente o pedido 
condenatório. A indicação do motivo na sentença é muito importante, pois demarca os efeitos que dela 
decorrem. 
Hipóteses de absolvição (art. 386, CPP): 
1) “estar provada a inexistência do fato”; 
2) “não haver prova da existência do fato”; 
3) “não constituir o fato infração penal”; 
4) “estar provado que o réu não concorreu para a infração penal”; 
5) “não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal”; 
6) “existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do 
art. 28, todos do Código Penal)”; 
7) “não existir prova suficiente paraa condenação”. 
Como decorrência da absolvição, o juiz: 
1) “mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade”; 
2) “ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas”; 
3) “aplicará medida de segurança, se cabível” (parágrafo único, art. 386, CPP). 
 As hipóteses de reconhecimento de inexistência do fato e de negativa de autoria (“estar provada a 
inexistência do fato”; “estar provado que o réu não concorreu para a infração penal”) fazem coisa julgada na 
esfera cível, impedindo que o suposto ofendido ou o Estado (para o caso de agente funcionário público) 
tome providências contra o réu através de ação indenizatória ou de providência disciplinar respectivamente. 
 No caso de absolvição por insuficiência de provas (“não haver prova da existência do fato” ou “não 
existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal” ou “não existir prova suficiente para a 
condenação”) ou de reconhecimento de atipicidade (“não constituir o fato infração penal”), o resultado no 
âmbito criminal não faz coisa julgada na esfera cível ou administrativa. 
 A sentença absolutória pode reconhecer circunstância justificante. Conforme o art. 23 do CP, “não há 
crime quando o agente pratica o fato”: (1) “em estado de necessidade”; (2) “em legítima defesa”; e, (3) “em 
estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito”. 
O acusado absolvido não se sujeitará à ação civil, mercê da aplicação da regra de que a coisa julgada 
criminal faz coisa julgada no âmbito cível: (1) se, em legítima defesa, o ofendido tiver dado causa a situação 
excludente, iniciando agressão injusta; (2) se, em estado necessidade, a vítima tiver provocado a situação de 
estado de necessidade; (3) se, nas hipóteses de estrito cumprimento do dever legal ou de exercício regular de 
direito, o ofendido tiver sido o responsável pelas respectivas situações excludentes. 
Outrossim, se o fato praticado em situação excludente de criminalidade tiver atingido terceiro 
inocente ou, se o estado de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito 
não tiverem sido desencadeados pela pessoa ofendida, mas por um terceiro, a vítima não fica impedida de 
acionar o agente absolvido. Se a situação excludente de criminalidade não tiver sido provocada pela vítima, 
mas por um terceiro, o agente absolvido, uma vez acionado pelo ofendido, poderá intentar ação regressiva 
contra o terceiro que deu causa à situação. A providência disciplinar, por parte do Estado contra o seu 
funcionário, poderá ter lugar, em qualquer caso, se presente infração disciplinar residual ou subjacente, pois 
a esfera administrativa é independente da criminal. 
Diversa das hipóteses aludidas até este ponto é a da sentença que absolve o réu por reconhecer 
excludente de culpabilidade (dirimentes), isto é, em situações que o isentam de pena, tais como: (1) o erro 
inevitável sobre a ilicitude do fato (art. 21, CP); (2) coação irresistível ou obediência hierárquica (art. 22, 
CP); e, (3) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que 
implique na incapacidade de entendimento do fato ou de determinação de acordo com esse entendimento 
(art. 26, CP). 
As hipóteses de isenção de pena, quando o juiz reconhece exclusão de culpabilidade por 
inimputabilidade (art. 26, CP, ficando ressalvada a menoridade – art. 27, CP –, por ser remetida ao juízo da 
infância e da juventude, não havendo que se falar em processo penal), dão lugar ao que se tem por sentença 
absolutória imprópria, que tem conteúdo que reconhece a prática do fato e, ao final, não obstante contenha 
dispositivo absolutório, aplica medida de segurança, que, nada mais é que uma denominação eufemística 
para uma “pena” cominada a alguém que sofra de alguma perturbação mental. 
A sentença absolutória imprópria é título executivo equiparável à sentença condenatória. Da mesma 
forma, “a sentença em que concede o perdão judicial é condenatória, conforme orientação do STF, valendo 
também como título executivo”. 
No que for compatível, são aplicáveis os enunciados dos artigos 91 e 92, do Código Penal, que 
dispõem sobre os efeitos da sentença penal condenatória. Daí que a sentença absolutória imprópria: (1) 
tornará “certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”, já que seria equiparável a um título 
executivo judicial; (2) determinará “a perda em favor da União” dos produtos do crime ou de bem decorrente 
do proveito do delito, bem como dos instrumentos do crime cujo porte, fabrico, uso, alienação ou detenção 
constitua fato ilícito, “ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé”; e, (3) a adoção das medidas 
administrativas que decorram do reconhecimento do cometimento do fato, a exemplo da punição disciplinar 
por falta residual ou subjacente ao fato definido, em tese, como crime. Podem ser vislumbrados os seguintes 
efeitos secundários produzidos pela sentença absolutória, a exemplo do levantamento do sequestro incidente 
sobre bens do acusado supostamente adquiridos com o produto da infração penal (art. 131, III, CPP); 
cancelamento da hipoteca legal e do arresto determinados sobre o patrimônio lícito do acusado (art. 141, 
CPP); e restituição integral da fiança (art. 337, CPP). Anote-se, por derradeiro, que as absolvições fundadas 
no chamado erro de direito (erro inevitável sobre a ilicitude do fato, do art. 21, CP), na coação irresistível ou 
obediência hierárquica (art. 22, CP), e na embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior 
(art. 28, § 1º, CP) não impedem que o acusado seja acionado civilmente. Os fatos reconhecidos 
judicialmente na esfera criminal são, de antemão, considerados como ocorridos no âmbito cível. Contudo, é 
preciso que o ofendido ajuíze ação de conhecimento para que obtenha um título executivo. 
 
2.6 SENTENÇA DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
É uma decisão definitiva que encerra a relação processual, julga o mérito, mas não condena nem 
absolve. Aprecia o mérito da demanda, porém não de forma exauriente. 
Pode advir em momentos variados, no curso do processo penal condenatório ou de execução. Se já 
houver sentença condenatória proferida, a declaração de extinção da punibilidade tem o condão de retirar a 
qualidade de título executivo daquela. Já quando a declaração da extinção da punibilidade em sede de 
execução penal, seja mesmo com base no dispositivo que autoriza o reconhecimento da prescrição da 
pretensão executória, não obsta a produção dos efeitos civis da sentença condenatória proferida 
anteriormente e transitada em julgado. 
A sentença que reconhece a prescrição da pretensão punitiva, não produz qualquer efeito civil, afinal 
deságua na extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP) 
Outras hipóteses de sentença de extinção da punibilidade são a abolitio criminis e a hipótese fundada 
na Lei de Repatriação de Valores (Lei nº 13.254/2016), desde que observados os parâmetros para inclusão da 
pessoa imputada no Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT), consoante os 
ditames do art. 4º, e parágrafos, daquele novel diploma legal. É necessário, em outros termos, que tenha sido 
entregue, pelo indiciado ou acusado, declaração dos recursos, bens e direitos sujeitos à regularização e ao 
pagamento de imposto, assim como que o cumprimento dessas condições ocorra antes do trânsito em 
julgado da decisão criminal condenatória. 
 
2.7 PUBLICAÇÃO E INTIMAÇÃO DA SENTENÇA 
→ PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA 
 Ato que torna a sentença existente juridicamente, consistente na sua inserção no sistema processual, 
delimitando o termo a partir do qual se considera apta à produção de efeitos jurídicos. 
 A sentença será publicada em mão do escrivão (art. 389, CPP). Vale dizer, a prolação da sentença e 
entrega ao setor que deve juntá-la aos autos é suficiente para se considerar ordenada, pelo juiz, a sua 
publicação. O perfazimento desse ato, no entanto, ocorrerácom a lavratura do respectivo termo. É o escrivão 
ou o diretor de secretaria (ou servidor com atribuição prevista normativamente) que deverá assim proceder e 
registrá-la em livro especialmente destinado para aquela finalidade. 
Se sua prolação ocorrer no bojo do próprio termo de audiência, restará dispensada a certidão ou a 
lavratura de outro termo, eis que já consignada sua emissão, pelo juiz, naquele ato processual. Nos 
procedimentos dos juizados especiais criminais, comum sumário e do júri, as sentenças são publicadas no 
ato da audiência ou sessão. No rito do júri, aliás, a sentença “se considera publicada no momento em que o 
magistrado procede, ao final da sessão, à sua leitura”. A decisão de pronúncia, que encerra a primeira fase do 
júri, também é ato passível de publicação em audiência. 
Nos termos da Lei nº 11.419/2008 (que dispõe sobre a informatização do processo judicial), a 
publicação poderá ser feita através de meio digital. Neste caso, a publicação eletrônica substituirá qualquer 
outro meio e publicação oficial, exceto quando a lei exija intimação pessoal. Entretanto, uma vez feita a 
publicação digital, será considerada como data da publicação “o primeiro dia útil seguinte ao da 
disponibilização da informação no Diário de Justiça eletrônico” (art. 4º, § 3º) e os prazos processuais se 
iniciarão no primeiro dia útil seguinte àquele considerado para efeitos de publicação 
A publicação tem como efeito, a título de exemplo, a interrupção da prescrição quando da hipótese da 
sentença condenatória recorrível. Ademais, após a publicação a sentença se torna imutável para aquele juízo, 
salvo se forem acolhidos embargos de declaração (art. 382, CPP) ou em caso de erro de material, quando a 
alteração poderá ser feita ex officio. Também pode haver modificação posterior da decisão de pronúncia, 
notadamente quando surgir fato superveniente a ela, ainda que preclusa, a teor do art. 421, § 1º, do CPP. 
 
→ INTIMAÇÃO DA SENTENÇA 
a) Intimação da parte autora nas ações penais privadas 
O querelante ou o assistente deve ser intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu 
advogado (artigo 391, do CPP). A forma é alternativa, não sendo necessária a de ambos. 
Se nem o querelante ou o seu advogado for encontrado no lugar da sede do juízo, deve ser efetivada a 
intimação por edital, sendo o prazo de dilação do edital de 10 (dez) dias, 
Se o querelante estiver representado por defensor público ou por defensor dativo, a intimação destes 
deve ser realizada pessoalmente 
 
b) Intimação do Ministério Público, do Defensor Público e do defensor dativo 
O Ministério Público deve ser intimado pessoalmente, mediante a entrega dos autos. Segundo a 
jurisprudência recente do STF, o Parquet será considerado intimado pessoalmente com a entrega dos autos 
na repartição do respectivo órgão, mediante protocolo. A Defensoria Pública também é intimada 
pessoalmente, porém a entrega dos autos (carga) só ocorre quando necessária. A sua vez, o advogado dativo 
é intimado pessoalmente, por mandado (sem carga dos autos). 
 
c) Formas de intimação da sentença 
O art. 392 do CPP é aplicável às sentenças condenatórias, absolutórias e extintivas de punibilidade, 
bem como outras decisões equivalentes, como a sentença que homologa suspensão condicional do processo 
e a que homologa termo de colaboração premiada. 
a intimação da sentença deve ser feita: 
(1) ao acusado, pessoalmente, se estiver preso. Não se dispensa a intimação do advogado ou do defensor. 
Cuida-se de uma garantia apta a viabilizar a interposição de recursos pelo réu, ainda que haja discordância 
de seu causídico; 
(2) ao réu pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a 
infração, tiver prestado fiança. Deve ser feita a interpretação do dispositivo conforme a CF/88, não se 
dispensando a intimação do réu solto, quando intimado seu advogado; 
(3) ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, 
não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça. Não sendo encontrado o réu, a intimação 
do advogado não dispensa a intimação daquele por edital, caso se trate de sentença condenatória; 
(4) por edital, nas hipóteses em que o acusado se livrar solto ou tiver prestado fiança, “o réu e o defensor que 
houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça”. Na hipótese, a intimação 
do advogado (constituído) ocorre pela imprensa, enquanto a do defensor público ou dativo, de forma 
pessoal. Pode ser necessária a intimação pessoal do advogado, mormente onde não existir ou não for 
acessível imprensa oficial. De todo modo, é indispensável a intimação de um defensor, ainda que seja 
preciso substituir o originário, em face da obrigatoriedade da defesa técnica; 
(5) mediante edital, havendo contra o acusado mandado de prisão em infração afiançável ou não, o defensor 
que o réu houver constituído também não for encontrado; 
(6) por edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado. Além do edital, é indeclinável a 
nomeação de defensor dativo ou a intimação de defensor público, eis que a defesa técnica não é facultativa. 
 
d) Prazo de dilação dos editais de intimação da sentença 
 O prazo de dilação constante dos editais de intimação da sentença, acima referidos, “será de 90 
(noventa) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e 
de 60 (sessenta) dias, nos outros casos” (§ 1º, art. 392, CPP). O acusado e/ou o seu defensor são 
considerados intimados no dia útil subsequente à expiração do prazo de dilação editalícia. Nesse sentido, o § 
2º, do art. 392, CPP, verbera que “o prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, 
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo”. Frise-se que 
o edital não precisa conter o inteiro teor da decisão, devendo contar, de forma breve e precisa, com os 
elementos essenciais ao entendimento do decisum, como identificação do réu e a parte dispositiva da 
sentença. 
 
e) Intimação do ofendido 
É obrigatória a comunicação ao ofendido quanto à sentença ou acórdão proferido, no intuito de 
viabilizar a sua ciência acerca da manutenção ou modificação da decisão de prisão do acusado, consoante 
preceituado pelo art. 201, § 2º, do CPP 
É possível que tal intimação se dê de maneira eletrônica, desde que haja prévio cadastro no Poder 
Judiciário. Nesses casos, a intimação dispensará publicação no órgão oficial (inclusive eletrônico), sendo 
considerada feita no dia em que for efetivada a consulta ao teor da intimação. De modo a evitar manobras 
procrastinatórias, a intimação será considerada realizada, caso transcorridos 10 (dez) dias da data do envio 
da intimação sem que haja consulta ao seu teor (art. 5º, § 3º da Lei nº 11.419/2008). Noutra quadra, nos 
casos urgentes em que a intimação eletrônica possa causar prejuízo ou em que evidenciada tentativa de burla 
ao sistema, o juiz poderá determinar a realização do ato por outro meio, para que seja atingida sua finalidade. 
 
f) Intimação da sentença por carta precatória 
Se a intimação, do acusado ou do ofendido, ocorrer por carta precatória ou de ordem, considera-se 
efetuado esse ato de comunicação processual com a efetiva intimação no juízo deprecado e não com a 
juntada da carta aos autos, como reza a súmula nº 710 do STF 
 
2.8 COISA JULGADA E PRECLUSÃO 
→ COISA JULGADA 
A coisa julgada se agrega à parte dispositiva de um julgado, tornando-o imutável. É fenômeno que se 
dá com o decurso do prazo recursal in albis, sem que as partes interponham o recurso cabível, ou, em tendo 
havido recurso, após a apreciação definitiva deste. Coisa julgada, a rigor, ocorre para situações onde há 
sentença propriamente dita, com julgamento da pretensão punitiva em seu mérito. É uma qualidade de

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