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Gabriela Petkevicius Abordagem da febre e síndrome febril INTRODUÇÃO ✓ A temperatura corporal é controlada pelo hipotálamo ✓ Os sinais são integrados pelo centro termorregulador do hipotálamo, visando a manutenção da temperatura corporal ✓ Indivíduos sadios entre 18 e 40 anos de idade, a temperatura oral média é de 36,8 +/- 0,4°C, com níveis mais baixos às 6 horas e mais altos entre 16 e 18 horas. ✓ A variação diária normal da temperatura, também chamada ritmo circadiano, é normalmente de 0,5°C ✓ Febre: elevação da temperatura corporal acima da faixa de normalidade (37,5°C – axilar/ 37,8°C – oral/ 38°C – retal) + aumento do ponto de ajuste hipotalâmico (diferentemente da hipertermia) ✓ Hipertemia: é aumento descontrolado da temperatura corporal, que excede a capacidade do organismo de perder calor. Costuma ser diagnosticada com base nos eventos imediatamente precedentes à elevação da temperatura central – por ex. exposição ao calor ou tratamento com fármacos que interferem na termorregulação, endocrinopatias, sendo que esta não altera o centro termorregulador ✓ Hiperpirexia: A febre > 41,5°C é descrita como hiperpirexia. Uma febre extremamente elevada que pode ocorrer em pacientes com infecções graves (como nas sepses) também desencadeada pela ação de fatores pirogênicos (endógenos - endotoxinas ou exógenos - citocinas inflamatórias) ✓ Mecanismo de resposta do organismo a alguma anomalia (ou seja, é uma consequência) ✓ Obs: Hipertermia costuma ser diagnosticada com base nos eventos imediatamente precedentes a elevação da temperatura central – por exemplos: exposição ao calor ou tratamento com fármacos que interferem na termorregulação, endocrinopatias ✓ Locais de verificação Temperatura axilar: 35,5°C a 37°C Temperatura bucal: 36°C a 37,4°C Temperatura retal: 36 a 37,5°C (0,5°C maior que a axilar) FISIOPATOLOGIA ✓ Ação de fatores pirogênicos sobre o centro termorregulador do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadeando respostas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal) ✓ Pirógenos exógenos (endotoxinas, enterotoxinas) x pirógenos endógenos (citocinas infamatória – IL-1, IL-6, TNF, IFN, IL- 8, MIP-1) Gabriela Petkevicius CAUSAS ABORDAGEM AO PACIENTE ✓ Exame físico: cronologia dos eventos que precedem a febre, incluindo exposição a indivíduos infectados ou a vetores de doenças, condições associadas (comorbidades), uso de medicamentos ✓ Exames laboratoriais: hemograma completo, PCR, VHS, medição de citocinas inflamatórias? ✓ Terapia anticitocina (anticorpos monoclonais, Anti-TNF): risco aumentado de infecção devido à redução nas defesas SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS ✓ Astenia ✓ Inapetência ✓ Cefaleia ✓ Taquicardia ✓ Taquipneia ✓ Mialgia ✓ Calafrios ou sudorese ✓ Náuseas e vômitos ✓ Delírio ✓ Confusão mental ✓ Convulsões PADRÃO DE EVOLUÇÃO ✓ Febre Contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1 grau, sem grandes oscilações. - p.ex : Pneumonia ✓ Febre irregular ou séptica: picos muito altos intercalados baixas temperaturas ou apirexia, sem nenhum caráter cíclico nessas variações. P.ex: septicemia ✓ Febre Remitente: há hipertermia diária com variações de mais de 1 grau, sem períodos de apirexia. p. ex: septicemia, pneumonia ✓ Febre Intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre e outro sem - P. vivax) ou quartã (um dia com febre e dois sem - P. malariae) - p. ex: linfomas, tuberculose, malária ✓ Febre Recorrente ou Ondulante: semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura elevada ocorram. Durante a fase de febre não há grandes oscilações - p. ex: linfomas (Febre de Pel ebstein) FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA ✓ FOI clássica: temperaturas axilares > 38,3°C em várias ocasiões, febre com duração de mais de 3 semanas e sem diagnostico após 3 consultas ambulatoriais ou três dias de internamento hospitalar ✓ FOI nosocomial: temperaturas > 38,3°C em pacientes internados com ausência de infecção ou doença incubada à admissão, o pré-requisito mínimo é pelo menos 3 dias de internação com pelo menos 2 dias de incubação de culturas ✓ FOI neutropênica: febre > 38,3°C naqueles pacientes que possuem neutrófilos com valores absolutos menor que 500, ou entre 500-1000 nos quais exista expectativa de queda para tais valores em 1 a 2 dias ✓ FOI associada ao HIV é quando se encontra febre > 38,3°C em várias ocasiões em pacientes infectados pelo vírus HIV. TRATAMENTO ✓ O tratamento da febre e dos seus sintomas com antipiréticos rotineiros não faz mal, nem retarda a resolução das infecções virais e bacterianas comuns Gabriela Petkevicius ✓ Objetivo principal é tratar a causa e não a febre em si ✓ Em alguns casos, a não utilização de antipiréticos pode facilitar o diagnóstico de uma doença febril incomum ✓ OBS: a dissociação temperatura-pulso (bradicardia relativa) ocorre em casos de febre tifoide, brucelose, leptospirose, em algumas febres induzidas por medicamento e na febre factícia ✓ Os objetivos do tratamento da febre são reduzir o ponto de ajuste hipotalâmico elevado e facilitar a perda de calor ✓ O ácido acetilsalicílico e os AINEs orais são efetivos para reduzir a febre, mas também produzem efeitos adversos sobre as plaquetas e o TGI ✓ Dar preferencia a paracetamol e dipirona ✓ Dipirona 500mg-1g, até 4x ao dia ✓ Paracetamol 500mg-1g, até 4x ao dia (doses acima disso, risco de hepatotoxicidade)
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