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1 Marcela Oliveira – Medicina 2021 FEBRE E HIPERTERMIA A temperatura normal do corpo humano varia entre 36 e 37,5°C coordenado pelo núcleo pré- optico do hipotálamo. Essa faixa de temperatura depende do grau de atividade no momento da aferição, bem como de outros fatores como: alimentação, ação hormonal e metabolismo celular. Essa variação no valor normal da temperatura decorre do ritmo circadiano dentro desse intervalo, com temperaturas mais baixas pela manha e altas no final da tarde. A febre é conceituada como a elevação da temperatura corpórea acima de 37,8°C em aferição axilar e 38,3°C em aferição oral. Já a hipertermia é a elevação da temperatura relacionada a incapacidade do corpo de dissipar o calor, atingindo na maioria das vezes temperaturas superiores a 41ºC. Um ponto importante sobre os dois conceitos é que, na febre, a termorregulação continua acontecendo, isso por que o ponto de ajuste hipotalâmico é apenas alterado para valores maiores. Por essa razão que as drogas antipiréticas conseguem atuar apenas na febre, pelo motivo de sua ação ocorrer apenas em nível do ponto de ajuste hipotalâmico. FISIOPATOLOGIA DA FEBRE Os neurônios existentes no hipotálamo recebem dois tipos de sinais: informações de receptores de frio e calor na pele e informações da temperatura do sangue que irriga a região. Esses dois sinais são integrados pelo centro termorregulador do hipotálamo, produzindo uma temperatura media basal. Como a febre é resultado da elevação da temperatura-alvo após ajuste pelo termostato, para manter uma temperatura mais elevada, o organismo utiliza mecanismos de conservação de calor, como vasoconstricção periférica, calafrios, aumento da atividade metabólica. Já a hipertermia é caracteriza pela falência dos mecanismos periféricos em corrigir o aumento da temperatura corporal frente a uma produção metabólica exagerada de calor. A febre ocorre pela ação de fatores pirogênicos sobre o centro termorregulador do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadeado respostas metabólicas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal). Essa ação pode se dar por basicamente duas vias: a via humoral 1 e a via humoral 2. A via humoral 1 consiste na ativação dos receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica pelos fatores exógenos (principalmente microorganismos). Estes pirogênios exógenos estimulam os leucócitos a liberar pirogênios endógenos como a IL-1 e o TNF que aumentam as enzimas (ciclo-oxigenases) responsáveis pela conversão de ácido araquidônico em prostaglandina. No hipotálamo, a prostaglandina (principalmente a Semiologia febre e intermação 2 Marcela Oliveira – Medicina 2021 prostaglandina E2) promove a ativação de receptores do núcleo pré-óptico, levando ao aumento do ponto de ajuste hipotalâmico. A via humoral 2 pode ser direta ou indireta. No caso da via indireta, as citocinas irão ativar os receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica, desencadeado toda a sequência descrita na via humoral 1. Já na via direta, as citocinas atuam diretamente no núcleo pré- óptico, aumentando o ponto de ajuste hipotalâmico. Quando a temperatura ultrapassa o novo limiar, são desencadeados mecanismos de dissipação de calor (vasodilatação periférica, sudorese e perspiração) que tendem a reduzi-la novamente. Desta forma, na resposta febril a termorregulação é preservada, ainda que em nível mais elevado, mantendo-se inclusive o ciclo circadiano fisiológico (temperatura máxima entre 16 e 20hrs, mínima entre 4 e 6hrs). Os principais pirogênios endógenos são as IL-1 e IL-6, o TNF e o IFN e, mais recentemente descritos, a IL-8 e o MIP-1. Já principais os pirogênios exógenos são os microorganismos intactos, produtos microbianos, complexos imunes, antígenos não- microbianos, drogas e outras agentes farmacológicos. LOCAIS DE AFERIÇÃO DA TEMPERATURA 3 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Dentre essas medidas, a aferição anal é a mais precisa da prática clínica. Já as temperaturas oral e axilar são as mais utilizadas, visto que são de fácil aplicabilidade, porém apresentam baixa precisão da temperatura interna e por sofrerem com a influência de fatores do meio ambiente (temperatura ambiental, exposição a fontes térmicas, vestimentas). As temperaturas timpânica e temporal são as mais próximas da temperatura interna em procedimentos não invasivos. Além disso, em neonatos, é indicada a aferição da temperatura axilar, visto que a aferição anal consiste em risco de perfuração do TGI com o termômetro. CLASSIFICAÇÃO DA FEBRE Sob o parâmetro axilar: Febre de baixo grau: 37,5 - 38,4ºC Febre moderada: 38,5 - 39,4 ºC Febre alta: 39,5 – 40,5 ºC Hiperpirexia: > 40,5 ºC Em relação à duração: Febre aguda: Inferior a 7 dias; Febre subaguda: Entre 7 – 14 dias; Febre crônica: > 14 dias. PADRÕES DA FEBRE: Contínua: Inicia-se subitamente e permanece durante 24hrs sofrendo pequenas flutuações com um desvio médio padrão menor ou igual a 1 grau. A febre segue-se por 3- 4 dias sofrendo pequenas alterações durante o dia; (Febre tifoide, brucelose, entre outras). Intermitente: Febre queocorre exclusivamente durante um determinado numero de horas, seguida de um retorno à temperatura fisiológica ao menos 1 vez durante 24hrs; - (Infecção pirogênica, tuberculose, linfoma, artrite juvenil idiopática). Remitente: Febre que apresenta flutuações com valores do desvio padrão acima de 1 grau celsius sem que atinja valores normais no período de tempo avaliado; (Infecções virais, infecções bacterianas {endocardite}, sarcoidose, mixoma atrial {Tumor primário mais comum do coração}). Recorrente: Febre que apresenta períodos febris e afebris. Normalmente tem longa duração, podendo durar de dias à semanas; Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre e outro sem) ou quartã (um dia com febre e dois sem). (Malária, febre por mordedura de rato, linfoma, defeitos metabólicos, desregulação central e estados de imunodeficiência). Febrícula: Caracterizada por temperatura abaixo de 38 graus geralmente acompanhada de sudorese e flutuações diárias inferiores à 1 grau. Tem predomínio vespertino, principalmente entre 16 e 18hrs. Também tem longa duração, de dias à semanas; Febre com picos matinais: Em pessoas saudáveis, as variações matinais refletem o ciclo circadiano e as secreções hormonais de esteroides provenientes das glândulas adrenais. Quando estamos em quadros infecciosos febris, é esperado que os picos térmicos sejam vespertinos ou noturnos. 4 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Por fim, o término da febre pode ser súbito ou gradual: O término súbito é chamado de crise e apresenta sudorese profusa e prostrações. O término gradual é denominado de lise e apresenta uma diminuição da temperatura dia após dia, até alcançar os níveis normais. TIPOS DE FEBRE Febre neurogênica: É comum em pacientes com lesões cerebrais graves, como o TCE, AVC isquêmico ou hemorrágico, encefalopatia hipóxica-isquêmica. Lesões que afetam o lobo frontal geralmente são mais pirogênicas, isso porque ocorre mais facilmente lesão hipotalâmica com alteração do ponto de ajuste térmico, que ocorre em conjunto do aumento local de citocinas inflamatórias, resultando em agravamento das lesões iniciais e prognóstico reservado. Febre neutropênica: Entende-se por febre, no contexto da neutropenia, a medida única da temperatura oral acima de 38,3 graus OU uma medida de valor maior ou igual a 38 graus durante 1hr contínua OU a presença de temperatura acima ou igual a 38 graus no mínimo duas vezes num período de, ao menos, 12 horas. Está associada à disfunção do sistema imune e pode ser classificada como: Isolada, persistente, recrudescente, inexplicável, associada à infecção documentadapela clínica, associada à infecção documentada microbiologicamente ou apresentar-se sob a forma de uma síndrome de reconstituição mieloide. Febre associada à neoplasia: É mais comum nos casos de linfomas, sendo comumente um diagnóstico de exclusão por não estar associada aos sinais típicos da doença infecciosa (sem sinais flogísticos). Dessa forma, os sinais que podem ser observados é a elevação na taxa de sedimentação eritrocitária e da proteína C reativa (PCR). Outra característica é a não responsividade aos AINEs. Febre no idoso: A resposta febril no idoso pode estar ausente ou mínima em 20-30%, mesmo na presença de agente infeccioso, o que acarreta diagnósticos tardios e piores prognósticos. O idoso é considerado febril quando apresenta elevação persistente da temperatura maior que 37,2 graus OU quando há elevação maior que 1,3 graus em qualquer sítio anatômico OU quando tem temperatura oral ou timpânica acima de 37,2 graus OU quando tem temperatura real acima de 37,5 graus em várias ocasiões. Importante salientar que, ao contrário do jovem, a febre no idoso é indicativa de infecção grave, geralmente bacteriana. Além disso, é esperada uma redução na temperatura basal com o envelhecimento, independente do local de aferição. O sintoma que pode indicar uma infecção é a desorientação. Febre nosocomial: Está associada à hospitalização e a procedimentos como: cateteres, cirurgias, sondagens, intubações. Lembrar-se da colite por Clostridium difficile e a febre por drogas. Febre na AIDS/SIDA: É muito comum, sendo multifatorial. Suas causas são: infecções oportunistas, febre pelo próprio HIV, neoplasias e reações a drogas (mais comum no paciente com AIDS). Na fase aguda da doença, a febre se associa a sintomas como mialgia, erupções cutâneas, cefaleia e linfadenopatias, sendo semelhante ao quadro clinico da mononucleose infecciosa. É um diagnóstico de exclusão, devendo ser feito investigação completa das outras causas de febre. Febre de origem indeterminada: é definida pela presença de temperatura axilar maior do que 37,8ºC, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana de investigação hospitalar sem sucesso, eliminando assim doenças infecciosas 5 Marcela Oliveira – Medicina 2021 autolimitadas (viroses), pacientes com hipertemia habitual e casos onde se identifica a causa da febre. Hemograma, VHS, PCR e sumario de urina para crianças de ate 2 meses deve ser solicitado em 72h. 6 Marcela Oliveira – Medicina 2021 ANAMNESE Antecedentes pessoais: hábitos de vida (tabagismo, etilismo, uso de outras drogas) e vacinação (para crianças); Antecedentes patológicos: doenças e cirurgias prévias, uso de medicações, alergias (medicamentosas ou alimentares); Procedência e viagens recentes para locais onde há doenças endêmicas. Além disso, deve-se fazer uma avaliação completa das características da febre: Quando iniciou? Foi súbita ou gradual? Qual a intensidade da febre? (superior a 39ºC?). Essa febre durou quanto tempo? (minutos, horas, dias); Como essa febre evoluiu? Foi intermitente? Tem alguma periodicidade? Tem algum horário preferencial de acontecimento? É sempre alta? A febre foi embora de forma abrupta ou gradativa? Cedeu com o uso de antipirético? Fez uso de medicação durante o quadro febril? Obteve melhora? Além da febre, teve algum sintoma associado? (cefaleia, náuseas, vômitos, convulsões, extremidades frias, sudorese, confusão mental, taquicardia, taquipneia); EXAME FÍSICO O exame físico deve ser completo, mas com enfoque maior nas regiões onde existem queixas. É essencial a aferição dos sinais vitais, avaliação do abdome, verificação de rigidez ou dor a flexão do pescoço e busca de possíveis focos infecciosos/inflamatórios em orofaringe, ouvido e pele. EXAMES COMPLEMENTARES Em boa parte dos casos de febre, os exames complementares não são de extrema importância, porém, nos casos em que são necessários, os exames devem ser dirigidos e condizentes com a suspeita diagnóstica. Quando a anamnese e o exame físico não sugerem nenhuma suspeita diagnóstica, dois exames complementares são mandatórios: a radiografia de tórax e o sumário de urina tipo 1. As situações em que mais se obtém benefício de exames complementares são as febres de origem indeterminada (FOI), apesar da alta prevalência de casos sem diagnóstico. A FOI clássica é caracterizada por temperaturas axilares maiores que 38,3 °C em várias ocasiões, febre com duração de mais de três semanas e impossibilidade de estabelecer um diagnóstico após três consultas ambulatoriais ou três dias de internamento hospitalar. Na FOI nosocomial deve-se encontrar temperaturas acima de 38,3 °C em pacientes internados com ausência de infecção ou doença incub admissão, o pré-requisito mínimo é pelo menos três dias de internação com pelo menos dois dias de incubação de culturas. A FOI neutropênica é febre > 38,3°C naqueles pacientes que possuem neutófilos com valor absoluto menor que 500, ou nos quais exista expectativa de queda para tais valores em 1 a 2 dias. 7 Marcela Oliveira – Medicina 2021 A FOI associada ao HIV é quando se encontra febre > 38,3°C em várias ocasiões em pacientes infectados pelo vírus HIV. As principais etiologias da FOI são as infecções, neoplasias, doenças inflamatórias não-infeccioas e miscelânea. Sendo que causas de FOI mais frequentes são as tuberculoses extrapulmonares e miliares, abcessos (principalmente abdominais), síndrome de mononucleose, linfomas, leucemias. FEBRE E USO RECENTE DE MEDICAMENTO 8 Marcela Oliveira – Medicina 2021 TRATAMENTO O tratamento da “febre” não é apenas antitérmico; é necessário buscar a causa e tratá-la. A decisão de tratar a febre é baseada no fato de que não há benefício diagnóstico em deixar a febre persistir. O aumento da temperatura corpórea aumenta a demanda por oxigênio e pode agravar insuficiências cardíacas ou respiratórias prévias. Para cada grau acima de 37ºC, há um aumento de 13% no consumo de oxigênio, além de poderem ocorrer alterações no status neurológico, a chamada doença cerebral orgânica que normalmente se manifesta como delirium. Sendo assim, é particularmente importante controlar a temperatura do paciente com disfunções orgânicas instaladas, algo que acontece com frequência em situações de sepse grave, principalmente. Entretanto, há algumas situações em que o padrão da febre pode auxiliar no diagnóstico. O tratamento da hipertermia envolve as medidas físicas de resfriamento, a correção da causa de base e o suporte cardiovascular e metabólico. As medidas físicas de resfriamento devem ser utilizadas com cuidado para se evitar a hipotermia. Não há benefício no uso de drogas antipiréticas de ação central (como a aspirina, a dipirona e o paracetamol) no tratamento da hipertermia . INTERMAÇÃO/SÍNDROME DO GOLPE DE CALOR A intermação é uma emergência clinica que frequentemente é subnotificada. No entanto, é importante considera-la como diagnostico de exclusão em qualquer paciente com elevação da temperatura corporal. INTERMAÇÃO OU TERMOPLEGIA é caracterizada por temperatura corporal central acima de 40 graus, acompanhada de pele seca e quente além de anormalidades do SNC, como delirium, convulsões e coma. Também pode ser caracterizada por uma hipertermia associada à uma resposta inflamatória sistêmica que leva a uma síndrome de disfunção em vários órgãos, predominantemente encefalopatias. Para o diagnóstico, a recomendação é que a temperatura seja aferida por via anal. 9 Marcela Oliveira – Medicina 2021 CLASSIFICAÇÕES: Intermação clássica: É uma condição causada pela exposição ambiental a altas temperaturas ou indivíduos que apresentam uma deficiência na termorregulação. É comum em crianças e idosos acima dos 65 anos. Pode ocorrerdiante do uso de drogas como: diuréticos, Antiparkinsonianos, anticolinérgicos/anticonvulsivantes. Além disso, quadros de obesidade, anidrose e condições neurológicas ou cardiopulmonares também podem ser a causa. Intermação induzida pelo exercício: É comum em indivíduos que pratiquem atividade física em ambientes muito úmidos ou muito quentes, bem como usando roupas pesadas e quentes durante essa atividade. O mecanismo pela qual ocorre seria pela ineficiência da sudorese seguida de desidratação. É bem comum em profissões que exijam o uso de vestimentas pesadas (militares, atletas e operários). QUADRO CLÍNICO: Sinais e sintomas: Aumento da temperatura corporal acima de 40,5 graus; pele quente, vermelha e úmida; taquicardia e hiperventilação. Náuseas e/ou vômitos; cefaleia; vertigem; confusão mental (delirium); coma. 10 Marcela Oliveira – Medicina 2021 ETIOLOGIA: Das causas clássicas, estão a temperatura ambiente e a umidade aumentada. Quando falamos da intermação induzida pelo exercício, a etiologia relaciona-se à própria atividade física extenuante, além dos fatores ambientais, uso de drogas e condições médicas subjacentes. Fatores de risco: Uso de drogas: álcool, anfetaminas, ADTs, anticolinérgicos, antipsicóticos, benzodiazepínicos, betabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio, diuréticos e drogas ilícitas; Fatores ambientais: Falta de pausas para descanso, falta de sombra, alta umidade, altas temperaturas, pouca ingesta de água; Fatores individuais: Extremo de idade (abaixo de 15 e acima de 65 anos), sedentarismo, sono inadequado, grande massa muscular, obesidade e desidratação prévia; Condições médicas: Cardiopatias, doenças congênitas, DM, doença aguda recente ou alterações da pele. Esses fatores podem ou não se sobrepor, o que significa risco aumentado para o desenvolvimento do quadro. SEQUÊNCIA DE EVENTOS DA INTERMAÇÃO (CHOQUE DE GOLPE DE CALOR): 11 Marcela Oliveira – Medicina 2021 COMPLICAÇÕES: A principal delas é a rabdomiólise (destruição de miócitos (células musculares) e liberação de creatoquinases (CK)). Com o aumento da concentração plasmática de creatinoquinases, o risco de lesões no sistema hepático e renal é aumentado, podendo gerar insuficiência renal aguda e hepática. Outros sistemas podem ser acometidos, ocasionando, por exemplo: encefalopatias, síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), infarto intestinal (aumento da permeabilidade pode levar à insuficiência circulatória e infarto tecidual), além de coagulação intravascular disseminada. A complicação mais letal da intermação, em termo de velocidade de instalação e dificuldade de reversão é o infarto agudo do miocárdio. DIAGNÓSTICO: História de ambiente com elevada temperatura ou excesso de atividade física; temperatura central acima de 40 graus e estado neurológico alterado; Diagnóstico diferencial: Infecção aguda (sepse, malária, meningite), fármacos, síndrome neuroléptica maligna, estado epiléptico, AVE e tempestade tireotóxica. EXAMES LABORATORIAIS: Hemograma completo; tempo de protrombina e tromboplastina, eletrólitos, nitrogênio urêmico sanguíneo, cálcio, creatinina, creatinina quinase (CK), TGO e TGP, EAS e o monitoramento da temperatura por via retal ou esofágica (invasiva). TRATAMENTO: O principal aspecto a ser levado em consideração é o resfriamento do paciente o mais rápido possível. A reidratação também é muito importante, seja ele por via oral ou venosa. O diagnóstico e tratamento das doenças relacionadas ao calor obedecem a um algoritmo de diagnóstico sugerido por Gauer e Meyers: 12 Marcela Oliveira – Medicina 2021 Cooling (Resfriamento) - Métodos externos: Pode ser feito por imersão no gelo (redução de 8 graus/hora; muitas pessoas não suportam ficam numa banheira de gelo), uso de toalhas, compressas e coletes com gelo (redução de 7 graus/hora) e o resfriamento por evaporação (Ventila o paciente com ar úmido. Menos eficiente, mas é uma das formas de tratar); Cooling - Métodos internos: Lavagem gástrica com solução salina gelada, e lavagem peritoneal com salina gelada Reposição intravenosa de líquidos e eletrólitos com uso de soro fisiológico gelado; Oxigenoterapia com alto fluxo e umidificação; Dentre essas opções, o resfriamento é a primeira linha de tratamento, por ser mais eficaz. Com o resfriamento, os sinais e sintomas tendem a desaparecer. A única exceção é quando existe risco de choque cardiogênico, com esse devendo ser tratado imediatamente através do uso de vasopressores visando a manutenção da PAM > 65mmHg. Também devemos massagear a panturrilha e manter os MMIIs levantados durante a terapêutica, isso por que a intermação leva à bradicardia e coagulação intravascular disseminada, o que reduz o retorno venoso e diminui o volume de ejeção do coração, levando ao quadro de choque cardiogênico.
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