Buscar

FEBRE E HIPERTERMIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
 
 
 
 
FEBRE E HIPERTERMIA 
 A temperatura normal do corpo humano varia entre 36 e 37,5°C coordenado pelo núcleo pré-
optico do hipotálamo. Essa faixa de temperatura depende do grau de atividade no momento da 
aferição, bem como de outros fatores como: alimentação, ação hormonal e metabolismo 
celular. Essa variação no valor normal da temperatura decorre do ritmo circadiano dentro desse 
intervalo, com temperaturas mais baixas pela manha e altas no final da tarde. 
A febre é conceituada como a elevação da temperatura corpórea acima de 37,8°C em 
aferição axilar e 38,3°C em aferição oral. 
Já a hipertermia é a elevação da temperatura relacionada a incapacidade do corpo de 
dissipar o calor, atingindo na maioria das vezes temperaturas superiores a 41ºC. 
Um ponto importante sobre os dois conceitos é que, na febre, a termorregulação continua 
acontecendo, isso por que o ponto de ajuste hipotalâmico é apenas alterado para valores 
maiores. Por essa razão que as drogas antipiréticas conseguem atuar apenas na febre, pelo 
motivo de sua ação ocorrer apenas em nível do ponto de ajuste hipotalâmico. 
FISIOPATOLOGIA DA FEBRE 
Os neurônios existentes no hipotálamo recebem dois tipos de sinais: informações de receptores 
de frio e calor na pele e informações da temperatura do sangue que irriga a região. Esses dois 
sinais são integrados pelo centro termorregulador do hipotálamo, produzindo uma temperatura 
media basal. 
Como a febre é resultado da elevação da temperatura-alvo após ajuste pelo termostato, para 
manter uma temperatura mais elevada, o organismo utiliza mecanismos de conservação de 
calor, como vasoconstricção periférica, calafrios, aumento da atividade metabólica. 
Já a hipertermia é caracteriza pela falência dos mecanismos periféricos em corrigir o aumento 
da temperatura corporal frente a uma produção metabólica exagerada de calor. 
A febre ocorre pela ação de fatores pirogênicos sobre o centro termorregulador do hipotálamo, 
elevando o limiar térmico e desencadeado respostas metabólicas de produção e conservação 
de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal). Essa ação pode 
se dar por basicamente duas vias: a via humoral 1 e a via humoral 2. 
 A via humoral 1 consiste na ativação dos receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica 
pelos fatores exógenos (principalmente microorganismos). Estes pirogênios exógenos 
estimulam os leucócitos a liberar pirogênios endógenos como a IL-1 e o TNF que 
aumentam as enzimas (ciclo-oxigenases) responsáveis pela conversão de ácido 
araquidônico em prostaglandina. No hipotálamo, a prostaglandina (principalmente a 
Semiologia febre e 
intermação 
 
2 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
prostaglandina E2) promove a ativação de receptores do núcleo pré-óptico, levando ao 
aumento do ponto de ajuste hipotalâmico. 
 
 A via humoral 2 pode ser direta ou indireta. No caso da via indireta, as citocinas irão ativar 
os receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica, desencadeado toda a sequência 
descrita na via humoral 1. Já na via direta, as citocinas atuam diretamente no núcleo pré-
óptico, aumentando o ponto de ajuste hipotalâmico. 
Quando a temperatura ultrapassa o novo limiar, são desencadeados mecanismos de dissipação 
de calor (vasodilatação periférica, sudorese e perspiração) que tendem a reduzi-la novamente. 
Desta forma, na resposta febril a termorregulação é preservada, ainda que em nível mais 
elevado, mantendo-se 
inclusive o ciclo 
circadiano fisiológico 
(temperatura máxima 
entre 16 e 20hrs, mínima 
entre 4 e 6hrs). 
Os principais pirogênios 
endógenos são as IL-1 e 
IL-6, o TNF e o IFN e, mais 
recentemente descritos, 
a IL-8 e o MIP-1. Já 
principais os pirogênios 
exógenos são os 
microorganismos 
intactos, produtos 
microbianos, complexos 
imunes, antígenos não-
microbianos, drogas e 
outras agentes 
farmacológicos. 
LOCAIS DE AFERIÇÃO DA TEMPERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Dentre essas medidas, a aferição anal é a mais precisa da prática clínica. Já as temperaturas 
oral e axilar são as mais utilizadas, visto que são de fácil aplicabilidade, porém apresentam baixa 
precisão da temperatura interna e por sofrerem com a influência de fatores do meio ambiente 
(temperatura ambiental, exposição a fontes térmicas, vestimentas). 
As temperaturas timpânica e temporal são as mais próximas da temperatura interna em 
procedimentos não invasivos. 
Além disso, em neonatos, é indicada a aferição da temperatura axilar, visto que a aferição anal 
consiste em risco de perfuração do TGI com o termômetro. 
CLASSIFICAÇÃO DA FEBRE 
Sob o parâmetro axilar: 
 Febre de baixo grau: 37,5 - 38,4ºC 
 Febre moderada: 38,5 - 39,4 ºC 
 Febre alta: 39,5 – 40,5 ºC 
 Hiperpirexia: > 40,5 ºC 
 
Em relação à duração: 
 Febre aguda: Inferior a 7 dias; 
 Febre subaguda: Entre 7 – 14 dias; 
 Febre crônica: > 14 dias. 
 
PADRÕES DA FEBRE: 
 Contínua: Inicia-se subitamente e permanece durante 24hrs sofrendo pequenas 
flutuações com um desvio médio padrão menor ou igual a 1 grau. A febre segue-se por 3-
4 dias sofrendo pequenas alterações durante o dia; (Febre tifoide, brucelose, entre outras). 
 
 Intermitente: Febre queocorre exclusivamente durante um determinado numero de horas, 
seguida de um retorno à temperatura fisiológica ao menos 1 vez durante 24hrs; - (Infecção 
pirogênica, tuberculose, linfoma, artrite juvenil idiopática). 
 
 Remitente: Febre que apresenta flutuações com valores do desvio padrão acima de 1 
grau celsius sem que atinja valores normais no período de tempo avaliado; (Infecções 
virais, infecções bacterianas {endocardite}, sarcoidose, mixoma atrial {Tumor primário 
mais comum do coração}). 
 
 Recorrente: Febre que apresenta períodos febris e afebris. Normalmente tem longa 
duração, podendo durar de dias à semanas; Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre 
e outro sem) ou quartã (um dia com febre e dois sem). (Malária, febre por mordedura de 
rato, linfoma, defeitos metabólicos, desregulação central e estados de imunodeficiência). 
 
 Febrícula: Caracterizada por temperatura abaixo de 38 graus geralmente acompanhada 
de sudorese e flutuações diárias inferiores à 1 grau. Tem predomínio vespertino, 
principalmente entre 16 e 18hrs. Também tem longa duração, de dias à semanas; 
 
 Febre com picos matinais: Em pessoas saudáveis, as variações matinais refletem o ciclo 
circadiano e as secreções hormonais de esteroides provenientes das glândulas adrenais. 
Quando estamos em quadros infecciosos febris, é esperado que os picos térmicos sejam 
vespertinos ou noturnos. 
 
4 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Por fim, o término da febre pode ser súbito ou gradual: 
 O término súbito é chamado de crise e apresenta sudorese profusa e prostrações. 
 O término gradual é denominado de lise e apresenta uma diminuição da temperatura 
dia após dia, até alcançar os níveis normais. 
 
TIPOS DE FEBRE 
 
 Febre neurogênica: É comum em pacientes com lesões cerebrais graves, como o TCE, 
AVC isquêmico ou hemorrágico, encefalopatia hipóxica-isquêmica. Lesões que afetam o 
lobo frontal geralmente são mais pirogênicas, isso porque ocorre mais facilmente lesão 
hipotalâmica com alteração do ponto de ajuste térmico, que ocorre em conjunto do 
aumento local de citocinas inflamatórias, resultando em agravamento das lesões iniciais e 
prognóstico reservado. 
 Febre neutropênica: Entende-se por febre, no contexto da neutropenia, a medida única da 
temperatura oral acima de 38,3 graus OU uma medida de valor maior ou igual a 38 graus 
durante 1hr contínua OU a presença de temperatura acima ou igual a 38 graus no mínimo 
duas vezes num período de, ao menos, 12 horas. Está associada à disfunção do sistema 
imune e pode ser classificada como: Isolada, persistente, recrudescente, inexplicável, 
associada à infecção documentadapela clínica, associada à infecção documentada 
microbiologicamente ou apresentar-se sob a forma de uma síndrome de reconstituição 
mieloide. 
 Febre associada à neoplasia: É mais comum nos casos de linfomas, sendo comumente um 
diagnóstico de exclusão por não estar associada aos sinais típicos da doença infecciosa 
(sem sinais flogísticos). Dessa forma, os sinais que podem ser observados é a elevação na 
taxa de sedimentação eritrocitária e da proteína C reativa (PCR). Outra característica é a 
não responsividade aos AINEs. 
 Febre no idoso: A resposta febril no idoso pode estar ausente ou mínima em 20-30%, 
mesmo na presença de agente infeccioso, o que acarreta diagnósticos tardios e piores 
prognósticos. O idoso é considerado febril quando apresenta elevação persistente da 
temperatura maior que 37,2 graus OU quando há elevação maior que 1,3 graus em 
qualquer sítio anatômico OU quando tem temperatura oral ou timpânica acima de 37,2 
graus OU quando tem temperatura real acima de 37,5 graus em várias ocasiões. 
Importante salientar que, ao contrário do jovem, a febre no idoso é indicativa de infecção 
grave, geralmente bacteriana. Além disso, é esperada uma redução na temperatura basal 
com o envelhecimento, independente do local de aferição. O sintoma que pode indicar 
uma infecção é a desorientação. 
 Febre nosocomial: Está associada à hospitalização e a procedimentos como: cateteres, 
cirurgias, sondagens, intubações. Lembrar-se da colite por Clostridium difficile e a febre por 
drogas. 
 Febre na AIDS/SIDA: É muito comum, sendo multifatorial. Suas causas são: infecções 
oportunistas, febre pelo próprio HIV, neoplasias e reações a drogas (mais comum no 
paciente com AIDS). Na fase aguda da doença, a febre se associa a sintomas como 
mialgia, erupções cutâneas, cefaleia e linfadenopatias, sendo semelhante ao quadro 
clinico da mononucleose infecciosa. É um diagnóstico de exclusão, devendo ser feito 
investigação completa das outras causas de febre. 
 Febre de origem indeterminada: é definida pela presença de temperatura axilar maior do 
que 37,8ºC, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana 
de investigação hospitalar sem sucesso, eliminando assim doenças infecciosas 
 
5 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
autolimitadas (viroses), pacientes com hipertemia habitual e casos onde se identifica a 
causa da febre. Hemograma, VHS, PCR e sumario de urina para crianças de ate 2 meses 
deve ser solicitado em 72h. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
ANAMNESE 
Antecedentes pessoais: hábitos de vida (tabagismo, etilismo, uso de outras drogas) e vacinação 
(para crianças); 
Antecedentes patológicos: doenças e cirurgias prévias, uso de medicações, alergias 
(medicamentosas ou alimentares); 
Procedência e viagens recentes para locais onde há doenças endêmicas. 
Além disso, deve-se fazer uma avaliação completa das características da febre: 
 Quando iniciou? Foi súbita ou gradual? 
 Qual a intensidade da febre? (superior a 39ºC?). 
 Essa febre durou quanto tempo? (minutos, horas, dias); 
 Como essa febre evoluiu? Foi intermitente? Tem alguma periodicidade? Tem algum horário 
preferencial de acontecimento? É sempre alta? 
 A febre foi embora de forma abrupta ou gradativa? Cedeu com o uso de antipirético? 
 Fez uso de medicação durante o quadro febril? Obteve melhora? 
 Além da febre, teve algum sintoma associado? (cefaleia, náuseas, vômitos, convulsões, 
extremidades frias, sudorese, confusão mental, taquicardia, taquipneia); 
EXAME FÍSICO 
O exame físico deve ser completo, mas com enfoque maior nas regiões onde existem queixas. 
É essencial a aferição dos sinais vitais, avaliação do abdome, verificação de rigidez ou dor a 
flexão do pescoço e busca de possíveis focos infecciosos/inflamatórios em orofaringe, ouvido e 
pele. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Em boa parte dos casos de febre, os exames complementares não são de extrema importância, 
porém, nos casos em que são necessários, os exames devem ser dirigidos e condizentes com a 
suspeita diagnóstica. 
Quando a anamnese e o exame físico não sugerem nenhuma suspeita diagnóstica, dois exames 
complementares são mandatórios: a radiografia de tórax e o sumário de urina tipo 1. 
As situações em que mais se obtém benefício de exames complementares são as febres de 
origem indeterminada (FOI), apesar da alta prevalência de casos sem diagnóstico. 
 A FOI clássica é caracterizada por temperaturas axilares maiores que 38,3 °C em várias 
ocasiões, febre com duração de mais de três semanas e impossibilidade de estabelecer 
um diagnóstico após três consultas ambulatoriais ou três dias de internamento hospitalar. 
 Na FOI nosocomial deve-se encontrar temperaturas acima de 38,3 °C em pacientes 
internados com ausência de infecção ou doença incub admissão, o pré-requisito 
mínimo é pelo menos três dias de internação com pelo menos dois dias de incubação de 
culturas. 
 A FOI neutropênica é febre > 38,3°C naqueles pacientes que possuem neutófilos com 
valor absoluto menor que 500, ou nos quais exista expectativa de queda para tais valores 
em 1 a 2 dias. 
 
7 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
 A FOI associada ao HIV é quando se encontra febre > 38,3°C em várias ocasiões em 
pacientes infectados pelo vírus HIV. 
As principais etiologias da FOI são as infecções, neoplasias, doenças inflamatórias não-infeccioas 
e miscelânea. Sendo que causas de FOI mais frequentes são as tuberculoses extrapulmonares e 
miliares, abcessos (principalmente abdominais), síndrome de mononucleose, linfomas, leucemias. 
 
 
FEBRE E USO RECENTE DE 
MEDICAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
8 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
TRATAMENTO 
O tratamento da “febre” não é apenas antitérmico; é necessário buscar a causa e tratá-la. 
A decisão de tratar a febre é baseada no fato de que não há benefício diagnóstico em deixar a 
febre persistir. O aumento da temperatura corpórea aumenta a demanda por oxigênio e pode 
agravar insuficiências cardíacas ou respiratórias prévias. Para cada grau acima de 37ºC, há um 
aumento de 13% no consumo de oxigênio, além de poderem ocorrer alterações no status 
neurológico, a chamada doença cerebral orgânica que normalmente se manifesta como 
delirium. 
Sendo assim, é particularmente importante controlar a temperatura do paciente com disfunções 
orgânicas instaladas, algo que acontece com frequência em situações de sepse grave, 
principalmente. Entretanto, há algumas situações em que o padrão da febre pode auxiliar no 
diagnóstico. 
 
O tratamento da hipertermia envolve as medidas físicas de resfriamento, a correção da causa de 
base e o suporte cardiovascular e metabólico. As medidas físicas de resfriamento devem ser 
utilizadas com cuidado para se evitar a hipotermia. 
Não há benefício no uso de drogas antipiréticas de ação central (como a aspirina, a dipirona e o 
paracetamol) no tratamento da hipertermia . 
INTERMAÇÃO/SÍNDROME DO GOLPE DE CALOR 
A intermação é uma emergência clinica que frequentemente é subnotificada. No entanto, é 
importante considera-la como diagnostico de exclusão em qualquer paciente com elevação da 
temperatura corporal. 
INTERMAÇÃO OU TERMOPLEGIA é caracterizada por temperatura corporal central acima de 40 
graus, acompanhada de pele seca e quente além de anormalidades do SNC, como delirium, 
convulsões e coma. Também pode ser caracterizada por uma hipertermia associada à uma 
resposta inflamatória sistêmica que leva a uma síndrome de disfunção em vários órgãos, 
predominantemente encefalopatias. 
Para o diagnóstico, a recomendação é que a temperatura seja aferida por via anal. 
 
9 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
 
CLASSIFICAÇÕES: 
 Intermação clássica: É uma condição causada pela exposição ambiental a altas 
temperaturas ou indivíduos que apresentam uma deficiência na termorregulação. É 
comum em crianças e idosos acima dos 65 anos. Pode ocorrerdiante do uso de drogas 
como: diuréticos, Antiparkinsonianos, anticolinérgicos/anticonvulsivantes. Além disso, 
quadros de obesidade, anidrose e condições neurológicas ou cardiopulmonares também 
podem ser a causa. 
 
 Intermação induzida pelo exercício: É comum em indivíduos que pratiquem atividade 
física em ambientes muito úmidos ou muito quentes, bem como usando roupas pesadas e 
quentes durante essa atividade. O mecanismo pela qual ocorre seria pela ineficiência da 
sudorese seguida de desidratação. É bem comum em profissões que exijam o uso de 
vestimentas pesadas (militares, atletas e operários). 
 
 
 
QUADRO CLÍNICO: 
Sinais e sintomas: Aumento da temperatura corporal acima de 40,5 graus; pele quente, vermelha 
e úmida; taquicardia e hiperventilação. Náuseas e/ou vômitos; cefaleia; vertigem; confusão 
mental (delirium); coma. 
 
 
10 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
 
ETIOLOGIA: 
Das causas clássicas, estão a temperatura ambiente e a umidade aumentada. Quando falamos 
da intermação induzida pelo exercício, a etiologia relaciona-se à própria atividade física 
extenuante, além dos fatores ambientais, uso de drogas e condições médicas subjacentes. 
Fatores de risco: 
 Uso de drogas: álcool, anfetaminas, ADTs, anticolinérgicos, antipsicóticos, 
benzodiazepínicos, betabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio, diuréticos e 
drogas ilícitas; 
 Fatores ambientais: Falta de pausas para descanso, falta de sombra, alta umidade, altas 
temperaturas, pouca ingesta de água; 
 Fatores individuais: Extremo de idade (abaixo de 15 e acima de 65 anos), sedentarismo, 
sono inadequado, grande massa muscular, obesidade e desidratação prévia; 
 Condições médicas: Cardiopatias, doenças congênitas, DM, doença aguda recente ou 
alterações da pele. 
Esses fatores podem ou não se sobrepor, o que significa risco aumentado para o 
desenvolvimento do quadro. 
 
SEQUÊNCIA DE EVENTOS DA INTERMAÇÃO (CHOQUE DE GOLPE DE CALOR): 
 
 
 
11 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
COMPLICAÇÕES: 
 
A principal delas é a rabdomiólise (destruição de miócitos (células musculares) e liberação de 
creatoquinases (CK)). Com o aumento da concentração plasmática de creatinoquinases, o risco 
de lesões no sistema hepático e renal é aumentado, podendo gerar insuficiência renal aguda e 
hepática. 
Outros sistemas podem ser acometidos, ocasionando, por exemplo: encefalopatias, síndrome da 
angústia respiratória aguda (SARA), infarto intestinal (aumento da permeabilidade pode levar à 
insuficiência circulatória e infarto tecidual), além de coagulação intravascular disseminada. 
A complicação mais letal da intermação, em termo de velocidade de instalação e dificuldade 
de reversão é o infarto agudo do miocárdio. 
DIAGNÓSTICO: 
História de ambiente com elevada temperatura ou excesso de atividade física; temperatura 
central acima de 40 graus e estado neurológico alterado; 
Diagnóstico diferencial: Infecção aguda (sepse, malária, meningite), fármacos, síndrome 
neuroléptica maligna, estado epiléptico, AVE e tempestade tireotóxica. 
EXAMES LABORATORIAIS: 
Hemograma completo; tempo de protrombina e tromboplastina, eletrólitos, nitrogênio urêmico 
sanguíneo, cálcio, creatinina, creatinina quinase (CK), TGO e TGP, EAS e o monitoramento da 
temperatura por via retal ou esofágica (invasiva). 
TRATAMENTO: 
 
O principal aspecto a ser levado em consideração é o resfriamento do paciente o mais rápido 
possível. A reidratação também é muito importante, seja ele por via oral ou venosa. 
O diagnóstico e tratamento das doenças relacionadas ao calor obedecem a um algoritmo de 
diagnóstico sugerido por Gauer e Meyers: 
 
12 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
 Cooling (Resfriamento) - Métodos externos: Pode ser feito por imersão no gelo (redução 
de 8 graus/hora; muitas pessoas não suportam ficam numa banheira de gelo), uso de 
toalhas, compressas e coletes com gelo (redução de 7 graus/hora) e o resfriamento por 
evaporação (Ventila o paciente com ar úmido. Menos eficiente, mas é uma das formas 
de tratar); 
 Cooling - Métodos internos: Lavagem gástrica com solução salina gelada, e lavagem 
peritoneal com salina gelada 
 Reposição intravenosa de líquidos e eletrólitos com uso de soro fisiológico gelado; 
 Oxigenoterapia com alto fluxo e umidificação; 
Dentre essas opções, o resfriamento é a primeira linha de tratamento, por ser mais eficaz. Com o 
resfriamento, os sinais e sintomas tendem a desaparecer. A única exceção é quando existe risco 
de choque cardiogênico, com esse devendo ser tratado imediatamente através do uso de 
vasopressores visando a manutenção da PAM > 65mmHg. 
Também devemos massagear a panturrilha e manter os MMIIs levantados durante a terapêutica, 
isso por que a intermação leva à bradicardia e coagulação intravascular disseminada, o que 
reduz o retorno venoso e diminui o volume de ejeção do coração, levando ao quadro de 
choque cardiogênico.

Continue navegando