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O Discípulo: Seguindo Jesus com Profundidade

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O DISCÍPULO 
Seguindo a Jesus com profundidade na 
era na superficialidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eu, um discípulo? 
 
Ser um discípulo é colocar os pés na estrada e “sujar o seu rosto com a 
areia dos pés de seu mestre”. Essa imagem era um ditado muito comum na 
época de Jesus. Remonta o período da história em que os jovens de Israel 
procuravam um mestre para seguir e imitar e, de tanto andar atrás dele, 
ficavam literalmente cobertos da areia que pulava de suas sandálias. Por isso, o 
bom discípulo era aquele que vivia coberto da areia dos pés do seu próprio 
mestre, sinalizando que era um discípulo verdadeiro, presente em todos os 
momentos da vida do seu professor. 
De igual forma, ser discípulo de Jesus é andar com ele, é desejar e viver 
um relacionamento íntimo com ele e, portanto, estar coberto de seus ensinos, 
palavras e atitudes. A palavra “discípulo” significa, literalmente, ser um 
aprendiz, alguém que entrou no caminho de como aprender a pensar e viver 
como o seu Mestre. 
Este processo de caminhar com Jesus por toda a nossa vida chamamos 
de Discipulado. É uma caminhada em que o Mestre decide e modela os rumos 
de toda a nossa história, envolvendo todas as áreas de nossa vida. Se você 
decidiu firmemente que deseja caminhar o resto de seus dias ao lado de Jesus, 
você está matriculado no discipulado, porém, não se esqueça que nunca 
chegará o dia da sua formatura, pois essa é uma caminhada que começa aqui e 
continua na vida eterna. 
O objetivo deste livro é preparar você para caminhar com mais 
profundidade em sua vida com Deus, especialmente para aqueles que ainda 
não foram batizados e desejam entrar na família de Jesus ou àqueles que foram 
batizados, mas continuam sem muita coisa sobre ele, ou para você que já anda 
com Jesus faz muito tempo e gostaria de aprofundar mais ainda seu 
relacionamento com ele. 
 
Ser um discípulo do Salvador envolve tudo o que somos, nosso 
intelecto, nossas emoções e nossas vontades. Isso significa que andar ao lado 
do Senhor desenvolve e transforma a nossa maneira de pensar, sentir e 
realizar. Em outras palavras, um discípulo pensa diferente, um discípulo deseja 
diferente, um discípulo age diferente. Nós queremos ser como Jesus é. 
Eu particularmente acredito que o grande desafio dos cristãos no século 
21 é conhecer o que realmente é a fé cristã ou o que significa fazer parte do 
movimento que Jesus iniciou1. Precisamos reconhecer que o cristianismo 
global experimenta uma grande fase de analfabetismo bíblico e teológico. A 
única opção que temos para reverter esse quadro é o discipulado; por mais 
óbvio que pareça, ensinar o que é o cristianismo para os cristãos é a coisa mais 
urgente que cada Igreja deveria esforçar-se para fazer. 
Comecei essa jornada especialmente com os novos na fé – aqueles que 
se convertem e estão crus de toda a bagagem cristã – de nossa comunidade, 
mas depois de alguns anos ensinando o que significa fazer parte do movimento 
que Jesus começou para eles, descobri que muita gente que cresceu ouvindo 
muito sobre isso, sabe, na verdade, muito pouco sobre o que é isso. É por isso 
que este livro serve tanto para os novos na fé quanto para os já “iniciados” na 
fé ou comumente conhecidos como “velhos de igreja”. 
Os temas que você verá aqui foram escolhidos durante a caminhada com 
adolescentes, jovens, adultos, homens e mulheres – até mesmo crianças. São 
assuntos que despertavam maior curiosidade entre eles e também aqueles que 
julguei essenciais que todo cristão precisa conhecer para viver um cristianismo 
mais autêntico e sólido. 
Vamos estudar juntos dezoito (18) temas que julgo serem fundamentais 
para a teoria e prática cristã. Preciso confessar, antes de tudo, que todo 
 
1 Estes autores tem me ajudado muito na compreensão do que significa seguir Jesus: (1) Discípulo 
Radical, John Stott; (2) Entenda a fé cristã, Wayne Grudem; (3) O Deus Presente, D. A. Carson; (4) 
Louco Amor, Francis Chan; (5) Fé na era do ceticismo, Tim Keller; (6) O Discípulo, Juan Carlos Ortiz; 
(7) J. I. Packer, O conhecimento de Deus; e mais recentemente (8) Discipulado Radical, Edmund Chan. 
 
discípulo de Jesus precisa ser um teólogo. Não se assuste! Com isso quero 
defender apenas que todo cristão deveria ter uma mente pensante e 
minimamente organizada a respeito dos conteúdos da fé. No entanto, é o meu 
papel aqui defender também que ser um discípulo de Jesus não significa 
conhecer apenas coisas sobre Jesus, mas conhecer o próprio Jesus. O discípulo 
é, então, aquele que conhece coisas sobre Jesus e o próprio Jesus. 
É impossível conhecer Jesus sem saber coisas sobre ele. Por essa razão, 
tudo o que sabemos sobre Cristo deve nos colocar em movimento no seu 
caminho. Pense bem, qualquer conhecimento que paralisa o seu discipulado 
com Cristo não serve mais para nada senão ser digno do seu esquecimento. 
Eu acho que todos os assuntos escolhidos nos colocarão sempre em 
movimento no caminho com Cristo. Começamos com a Bíblia, a fonte de tudo 
aquilo que pensamos e sabemos sobre Deus, até chegarmos à Igreja local, o 
ambiente de vida em que nós celebramos a Deus com o povo dele. No meio do 
caminho passaremos pelo ser de Deus, a Trindade: Pai, Filho e Espírito, a 
grande história que corta toda a Escritura: Criação, Queda, Redenção, 
Consumação e Restauração, quem é Jesus, qual é a mensagem do Evangelho, 
qual é a missão da Igreja, o que é oração, o que é a Igreja, quais são as 
Doutrinas da Graça, o que são os sacramentos Batismo e a Ceia e um 
pouquinho daquilo que chamamos de tradição reformada, que nos define como 
protestantes, que são os olhos pelos quais enxergamos as Escrituras e a fé 
cristã. 
Meu desejo é que você embarque nesta viagem rumo à pensar, desejar e 
viver o caminho de Jesus, sinta-se desafiado a amar a Deus com muito mais 
profundidade e preparado para explicar o que significa seguir Jesus às pessoas 
que ainda não andam com ele. 
É hora de começar! 
 
ROTEIRO 
 
1. O que é a Bíblia? ......................................................... 6 
2. Quem é Deus? ............................................................ 17 
3. O que é a Trindade? ................................................... 27 
4. Criação: como tudo começou? ................................... 35 
5. Queda: o que deu errado com o mundo? .................... 41 
6. Redenção: como Deus resgata o mundo? ................... 47 
7. Consumação: como será o fim da história? ................ 59 
8. Restauração: como será a vida após o fim? ................ 68 
9. Quem é Jesus Cristo? .................................................. 75 
10. O que é o Evangelho? ................................................ 83 
11. Qual é a missão do povo de Deus? .............................90 
12. O que é oração?........................................................... 102 
13. O que é Igreja? ........................................................... 112 
14. O que são Sacramentos? ............................................ 119 
15. Quais são as Doutrinas da Graça? .............................. 125 
16. O que é a Tradição Reformada? ................................. 132 
17. O que é Ética cristã? ................................................... 138 
18. Como me envolver com a igreja local? ...................... 144 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
O que é a Bíblia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
Todo discípulo de Jesus caminha com a sua Bíblia – seja no papel, 
no celular ou na cabeça. A palavra “Bíblia” vem do latim e significa, 
literalmente livros. Porém, muito mais do que um livro, ela é, na verdade, 
uma biblioteca. Você sabia que a Bíblia é uma coleção de 66 livros com a 
maior riqueza literária do mundo? Nela encontramos histórias, poesias, 
canções, orações, mandamentos, cartas, biografias, provérbios, parábolas, 
novelas, genealogias e muito mais.A Bíblia já foi traduzida para mais de 
2.400 línguas e é o livro mais lido e vendido em todo o mundo. 
 
QUAL É A ESTRUTURA DA BÍBLIA? 
Pensando numa biblioteca, a Bíblia é basicamente dividida em 
duas (2) estantes, uma maior e outra menor. A primeira chamamos de 
Antigo Testamento (A.T.) e a segunda chamamos de Novo Testamento 
(N.T.). Dentro do A.T. temos mais cinco subdivisões e, da mesma forma, 
cinco subdivisões no N.T. Saber dessa estrutura vai ajudar você em pelo 
menos duas coisas: 1. Não se perder na biblioteca; 2. Entender o agir de 
Deus na história. 
 Existe uma palavra muito importante para entendermos a posição 
dos livros da Bíblia: “cânon”. Esse termo significa qual é a “régua” ou 
“lista” de livros inspirados por Deus. De fato, para o Novo Testamento a 
lista é unânime entre a Igreja Católica, Ortodoxa e Protestante, mas para 
o Antigo Testamento existem algumas diferenças. 
 Podemos dividir o A.T. em cinco (5) partes: Pentateuco, 
Históricos, Poéticos, Profetas Maiores e Profetas Menores. O N.T. em 1. 
Evangelhos; 2. História; 3. Cartas de Paulo; 4. Cartas Gerais e 5. 
Profecia. Fizemos uma tabela para entender melhor essa lista: 
 
 
 8 
ANTIGO TESTAMENTO 
 
 
*Essa ordem representa a lista dos livros de acordo com 
a Bíblia Protestante, ao todo 39 livros. Contudo, 
existem outras formas de organizar o texto bíblico. As 
mais importantes são o Tanakh, que é a estrutura tripla 
da Bíblia Hebraica: 1. Torah; 2. Profetas; 3. Escritos; e 
a ordem Católica que apenas acrescenta os doze livros 
apócrifos. 
 
 
 
 
 
 
 
PROFETAS MENORES 
(28) Oséias 
(29) Joel 
(30) Amós 
(31) Obadias 
(32) Jonas 
(33) Miquéias 
(34) Naum 
(35) Habacuque 
(36) Sofonias 
(37) Ageu 
(38) Zacarias 
(39) Malaquias 
PENTATEUCO 
(1) Gênesis 
(2) Êxodo 
(3) Levítico 
(4) Números 
(5) Deuteronômio 
HISTÓRICOS 
(6) Josué 
(7) Juízes 
(8) Rute 
(9) I Samuel 
(10) II Samuel 
(11) I Reis 
(12) II Reis 
(13) I Crônicas 
(14) II Crônicas 
(15) Esdras 
(16) Neemias 
(17) Ester 
POÉTICOS 
(18) Jó 
(19) Salmos 
(20) Provérbios 
(21) Eclesiastes 
(22) Cantares de Salomão 
EVANGELHOS 
(1) Mateus 
(2) Marcos 
(3) Lucas 
(4) João 
CARTAS GERAIS 
(19) Hebreus 
(20) Tiago 
(21) I Pedro 
(22) II Pedro 
(23) I João 
(24) II João 
(25) III João 
(26) Judas 
PROFETAS MAIORES 
(23) Isaías 
(24) Jeremias 
(25) Lamentações 
(26) Ezequiel 
(27) Daniel 
PROFÉTICO 
(27) Apocalipse 
NOVO TESTAMENTO 
CARTAS DE PAULO 
(6) Romanos 
(7) 1 Coríntios 
(8) 2 Coríntios 
(9) Gálatas 
(10) Efésios 
(11) Filipenses 
(12) Colossenses 
(13) 1 Tessalonicenses 
(14) 2 Tessalonicenses 
(15) 1 Timóteo 
(16) 2 Timóteo 
(17) Tito 
(18) Filemom 
PROFÉTICO 
(27) Apocalipse 
HISTÓRIA 
(5) Atos dos Apóstolos 
 9 
COMO A BÍBLIA FOI FORMADA? 
Qual é a idade do livro que você tem nas mãos? O A.T. e o N.T. 
foram formados durante aproximadamente 1.500 anos. Outro dado 
importante: a Bíblia foi escrita originalmente em três (3) línguas: 
Hebraico e Aramaico2 para o A.T. e Grego para o N.T. A Bíblia possui 
mais de 30 autores que escreveram em várias épocas, lugares, culturas e 
em línguas diferentes. O Antigo Testamento foi terminado no século IV 
a.C. e o Novo Testamento, no século II d.C. Ela permaneceu em vigor 
durante os séculos por causa das muitas cópias que foram feitas pelos 
seus ouvintes. 
 
POR QUE ACREDITAR NA BÍBLIA? 
 Crer na Bíblia como a própria Palavra de Deus é fundamental. Sem 
uma voz clara para dirigir os nossos caminhos, qualquer outro caminho 
será possível, inclusive os errados. Mais à frente vamos analisar 
evidências científicas de como a Bíblia é perfeitamente confiável, mas 
antes é prioridade fazer um exame no nosso próprio coração. 
Parafraseando Mário Quintana, “um bom livro é aquele que nos dá a 
impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele”, certamente é 
assim com a Bíblia. Escolhi seis critérios pessoais que te ajudarão a crer 
com o coração que a Bíblia é a Palavra de Deus. Todos eles tem a ver 
com o testemunho interno que o Espírito Santo dá ao nosso coração no 
momento em que lemos ou ouvimos algo sobre a Palavra: 
 
1) Ela fala ao meu coração: Salmo 19.7-10; 
2) Ela alimenta o meu ser: Deuteronômio 8.3; 
3) Ela nos apresenta quem Deus realmente é: João 4.24, 1 João 4.7-8; 
4) Ela fala a verdade sobre Jesus Cristo: Hebreus 1.2, João 14.6; 
 
2 Apenas algumas partes do livro de Daniel. 
 10 
5) Ela é inspirada por Deus: 2Tm 3.16-17; 2Pd 1.20-21 
6) Ela muda a minha vida: 2Tm 3.15, Salmo 119.11; 
 
COMO LER A BÍBLIA? 
 Muita gente lê a Bíblia e não entende absolutamente nada, você se 
encaixa nesse rol de decepcionados? Por isso, quero dar algumas 
ferramentas que me ajudaram a entender a Bíblia com mais facilidade não 
apenas para pregar nos cultos, mas para ouvir Deus falando comigo 
pessoalmente. Existem livros inteiros que ensinam como ler a Bíblia, vou 
dar aqui apenas alguns conselhos rápidos: 
 1) Escolha um livro para ler. Muita gente não entende a Bíblia 
porque lê apenas “pedaços” ou versículos pinçados dela. Assim você 
nunca conseguirá entender mesmo, pois a Bíblia foi escrita para ser lida 
livro a livro, de acordo com as características específicas dele.3 Por 
exemplo: comece lendo o Evangelho de João do capítulo 1 até o 21, de 
uma vez só, e você vai se encantar pelo texto Sagrado. Você pode 
começar por Gênesis também e ir livro por livro, só não faça um quebra-
cabeças com a Bíblia que nada irá fazer sentido para você. 
 2) Faça perguntas para o texto. Aprendi que uma leitura profunda 
da Bíblia é aquela que faz as perguntas inteligentes ao texto. Quatro 
perguntas que me ajudam muito são: 1. O que o texto fala sobre Deus? 2. 
O que o texto fala sobre o pecado ou pecador? 3. O que eu aprendo sobre 
Jesus? 4. O que eu tenho que fazer como resposta a tudo isso? Faça o 
teste com Efésios 2.1-11 ou qualquer texto bíblico e você vai ver a 
diferença na suas interpretações. 
 3) Leia numa versão adequada ao seu português. Uma das razões 
por que muita gente não entende a Bíblia se dá pelo fato de escolherem 
 
3 Um dos melhores e mais acessíveis livros em língua portuguesa para entender a Bíblia é “Entendes o 
que lês”, de Gordon Fee e Douglas Stuart. Outra indicação que vale a pena é “Lendo a Bíblia com o 
coração e a mente” de Tremper Longman III. Dois livros essenciais para começar a entender a Bíblia. 
 11 
versões incompatíveis com o seu vocabulário. A SBB (Sociedade Bíblica 
do Brasil) diz que a tradução Almeida tem o vocabulário de 8,38 mil 
palavras e a NTLH, 4,39 mil. Leve em conta que o brasileiro com 
escolaridade média fala apenas 3 mil palavras! Conclusão: o vocabulário 
pobre do brasileiro é uma boa razão para ele não entender a metade das 
palavras da Bíblia, quanto mais seu significado mais amplo - claro que 
também levamos em conta a ação do Espírito iluminando os leitores e etc. 
O ponto é que existem realmente traduções melhores e outras menos, mas 
se você quer entender a Bíblia, seja realista, comece pela mais simples e 
vá progredindo. 
 
A BÍBLIA FOI ALTERADA COM O TEMPO? 
Outra coisa importante: você sabia que os documentos originais da 
Bíblia não existem mais? Não existem mais os autógrafos,4 apenas cópias 
de cópias de manuscritos. Será, então, que as cópias que temos são 
confiáveis? Eu posso dizer com tranquilidade: “Sem sombra de dúvidas!” 
Como? Pelo fato de que os manuscritos antigos não resistiriam por mais 
de um século e que, dependendo das condições climáticas, se 
deterioravam bem antes que isso, o judaísmo instituiu, através dos 
escribas, uma rígida cultura de conservação de documentos que se tornou 
modelo para outros povos. 
Quem eram os escribas? Os escribas se dedicavam exclusivamente 
à reprodução de manuscritos. Seu trabalho era feito com tamanho zelo 
que, após completarem uma cópia, contavam as palavras e as letras do 
textooriginal e da cópia, a fim de aferirem a exatidão do documento 
reproduzido. Eles eram muito cuidadosos, raramente cometiam erros. 
Além disso, existem quatro argumentos que confirmam que as cópias da 
Bíblia são confiáveis: 
 
4 Os manuscritos originais que saíram da pena dos autores. 
 12 
1. Achados arqueológicos: Existem várias descobertas que 
mostram que as informações bíblicas são verdadeiras, algumas delas: 
vilas desconhecidas e outros lugares, nomes, vasos com desenhos, 
estátuas de deuses, utensílios de povos antigos, textos que narram 
episódios do passado entre outros5; 
2. Coerência entre os textos: De acordo com os melhores 
manuscritologistas, a Bíblia possui de 95% a 98% de coerência entre suas 
cópias, algo muito difícil comparado a outros textos do passado, é 
simplesmente um milagre. Nem num “telefone sem fio”6 você consegue 
tanta exatidão assim, imagine no contexto de formação da Bíblia?; 
3. Quantidade de cópias preservadas: Existem hoje 5.600 cópias 
bem preservadas do N.T. e mais de 24 mil cópias e fragmentos 
preservados da Bíblia toda. Isso é digno de muita confiança. Geralmente 
estudiosos das ciências humanas não duvidam da confiabilidade das 
cópias de Platão, Aristóteles, Sófocles, Homero entre outros, quando a 
Bíblia tem um número esmagador de cópias a mais se comparado a eles. 
Por exemplo: 1. Platão 7 cópias; 2. Heródoto 8 cópias; 3. Tácito 20 
cópias; 4. Aristóteles 49 cópias; 5. Homero 643 cópias; 6. Bíblia, mais de 
24 mil. Dá para sustentar que a Bíblia é um documento sem confiança? 
Quem afirma isso o faz por preconceito ou por ignorância.7 
4. Exatidão do mesmo texto em línguas e lugares diferentes: 
Existem milhares de cópias hebraicas e gregas do A.T. e do N.T. vindas 
do Egito, Síria, Itália, Israel, Turquia e todas elas mantêm um padrão 
sólido de coerência. 
Além da evidência dos escribas e dos quatro argumentos científicos 
acima, ainda existem três testemunhas confiáveis dizendo que o Antigo 
 
5 Um clássico da arqueologia bíblica: KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão. Ed. Melhoramentos. 
6 Uma brincadeira em que uma pessoa fala uma frase e ela vai sendo reproduzida pessoa a pessoa e 
geralmente há uma confusão no último que a ouve. 
7 Um livro bem legal sobre esses dados é “Merece confiança o Novo Testamento”, de F.F. Bruce, 
grande estudioso dessa área. 
 13 
Testamento é a palavra de Deus. Jesus, Paulo e Pedro citam o A.T. como 
um texto escrito por homens, mas homens movidos durante o processo 
pelo Espírito Santo. Confira os textos: 1. Jesus: Lucas 24.448; 2. Paulo9: 2 
Timóteo 3.16; 3. Pedro: 2 Pedro 1.20-21. 
O Antigo Testamento é realmente muito confiável e certamente 
isso também vale para o Novo Testamento. Tive o privilégio de conhecer 
pessoalmente Donald Carson10, talvez um dos maiores estudiosos vivos 
do N.T., e em um de seus livros ele apresenta com base no estudo dos 
Pais da Igreja pelo menos três critérios que levaram a Igreja primitiva a 
receber como normativos os vinte e sete (27) livros do N.T: 
1. Apostolicidade: Todos os livros vem de uma fonte apostólica 
(Mateus a Apocalipse), ou seja, ainda que todos os escritores não fossem 
apóstolos, todos receberam a influência deles. A única exceção é o livro 
de Hebreus11; 
2. Catolicidade: Todos os livros foram aceitos pela igreja 
universal, tanto no Ocidente quanto no Oriente. A Igreja acreditava que 
os vinte e sete (27) livros do N.T. eram norma de fé e vida; 
3. Coerência teológica: Todos os livros têm coerência com a 
mensagem do Evangelho, por isso Hebreus e Apocalipse, os dois livros 
mais debatidos, entraram também na lista bíblica, pois em nada diferem 
das doutrinas essenciais cristãs, antes, as confirmam. 
 
O QUE SÃO OS LIVROS APÓCRIFOS? 
Algumas pessoas têm a Bíblia Católica Romana e perceberam que 
ela é um pouco maior. Se você se encontra nessa situação, você está 
 
8 O Antigo Testamento Hebraico é dividido em três partes: Torá (Lei), Profetas e Escritos (Salmos). 
9 Na época de Paulo o Novo Testamento ainda não estava terminada, ele estava se referindo ao Antigo 
Testamento. 
10 A opinião toda de Carson está em “Introdução ao Novo Testamento”, no capítulo 24. 
11 Como a autoria de Hebreus era desconhecida, ele foi aceito pela igreja pelos dois critérios 
subsequentes. 
 14 
certo! A versão Católica Romana da Bíblia contém alguns livros que nós 
chamamos de “apócrifos” que a Bíblia protestante não tem. Muita gente 
tem dúvidas a respeito desses livros. Vamos compreender as coisas mais 
importantes que você precisa saber sobre os livros apócrifos. 
Primeiro, a palavra “apócrifo” significa literalmente “não 
autêntico” e foi cunhada pelo teólogo Jerônimo (347-420 d.C) para se 
referir aos livros que não tem autoridade como Palavra de Deus para o 
povo de Deus, pois ao invés de inspirados, são tidos como suspeitos e 
duvidosos em suas afirmações. 
Segundo, todos os livros apócrifos pertencem ao Antigo 
Testamento da Bíblia católica e foram escritos durante o período 
intertestamentário, isto é, o período de 400 anos entre o último profeta 
bíblico, Malaquias, até o nascimento de Jesus. 
Terceiro, a Bíblia católica possui sete livros e dois acréscimos a 
mais que a Bíblia protestante. São eles: Tobias, Judite, Baruque, 
Sabedoria, Eclesiástico, 1 e 2 Macabeus e seis capítulos a mais em Ester 
(11-16) e três capítulos a mais em Daniel (3, 13,14). Cabe aqui lembrar 
que os católicos romanos não chamam tais livros de apócrifos e sim de 
deutero-canônicos, isto é, que só num “segundo” (deutero) tempo foram 
considerados como canônicos. Todos eles foram escritos em grego e não 
em hebraico, pois foram compilados na Septuaginta, a primeira tradução 
grega do Antigo Testamento. 
Quarto, Jerônimo no quinto século fez uma tradução da Bíblia toda 
para o latim que ficou conhecida como Vulgata — sem dúvidas a versão 
mais utilizada das Escrituras em toda Idade Média — e no prefácio dela 
Jerônimo explicitamente disse que os apócrifos não eram livros 
canônicos, portanto, não deveriam servir de fundamento para doutrina e 
vida da Igreja. Esses sete livros a mais foram considerados “canônicos” 
pela Igreja Católica Apostólica Romana apenas no século XVI, no 
 15 
Concílio de Trento, de modo que não foram os protestantes que 
excluíram tais livros, foram os católicos que os acrescentaram. 
Quinto, nós não os aceitamos como Palavra de Deus porque, 
embora sejam considerados bons documentos históricos e devocionais, 
tais livros são apenas escritos humanos. O 2º livro de Macabeus é um 
bom exemplo disso, pois no final dele o autor se desculpa caso tenha 
errado em alguma coisa que escreveu. Por essa razão os apócrifos não 
servem para orientar nossas vidas. 
Sexto, eles são contraditórios com boa parte das Escrituras, 
possuem informações históricas erradas e, às vezes, incentivam o povo de 
Deus em coisas que o próprio Deus proíbe, como a oração em favor dos 
mortos. 
Sétimo, os judeus que viviam na época em que os livros foram 
escritos não os aceitaram como parte do Antigo Testamento, nem na 
época do Novo Testamento, nem aceitam atualmente. Da mesma forma, 
os apócrifos não foram reconhecidos como inspirados pela maioria dos 
primeiros cristãos. 
Portanto, nós podemos ler esses livros sem medo algum, como 
fizeram Lutero e Calvino escrevendo até comentários sobre eles, pois são 
bons livros de história intertestamentária, mas não devemos pensar que 
eles sejam Palavra de Deus para guiar nossa fé e prática de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
RECAPITULANDO 
O que é a Bíblia? 
 
 
1. Quantos livros tem a Bíblia? 
 
2. Cite três gêneros literários que encontramos na Bíblia. 
 
3. Quais são as línguas originais da Bíblia? 
 
4. Quantos autores aproximadamente escreveram a Bíblia? 
 
5. Cite 4 argumentos pessoaisdo por que você acredita na Bíblia? 
 
6. Os documentos originais do A.T. e N.T. ainda existem? 
 
7. Nós sabemos que não existem mais os documentos originais da Bíblia, 
restaram apenas cópias das cópias. Por que as cópias da Bíblia são 
confiáveis? 
 
8. O que é um livro apócrifo? O que nós pensamos sobre estes livros? 
 
9. Quais são as três testemunhas do Novo Testamento que confirmam a 
veracidade do Antigo Testamento? 
 
10. Os teólogos F.F. Bruce e D.A. Carson apresentam três argumentos 
para confirmar que o Novo Testamento é a palavra de Deus. Quais são? 
 
 
 17 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
Quem é Deus? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
Deus é realmente o assunto mais interessante do mundo. Todos 
querem saber quem é Deus e se ele realmente existe. Deus existe? Essa é 
a maior pergunta que já se fez em toda a história porque Deus é o assunto 
mais relevante do mundo. Então, quem é Deus? Todo discípulo de Jesus 
precisa ter uma noção clara do Deus que está seguindo. Mas antes de 
vermos quem é Deus, pensemos primeiro em quem Deus não é, para 
evitarmos algumas confusões. 
 
QUEM DEUS NÃO É? 
 Algumas pessoas pensam que assumir uma fé e por causa dela 
rejeitar as demais é uma forma de fanatismo. Outros chamam isso de 
“espalhar ódio entre as pessoas”. Nós cremos que não é bem assim. Se 
somos cristãos, então somos seguidores de Jesus e cremos na autoridade 
da Bíblia. Qualquer pesquisa por mais rasa que seja feita nas outras 
concepções sobre Deus vai apresentar lógicas em conflito 12 . Não 
podemos pegar o conceito Deus, bater no liquidificador e dizer que todos 
creem na divindade e ponto final13. Vamos fazer um panorama daquilo 
que, para nós, Deus não é: 
 (1) Energia: para a Astrologia, Nova Era e religiões espiritualistas 
Deus é uma força que está no Universo sustentando todas as coisas. Para 
os cristãos Deus não é uma energia, mas um Deus pessoal, ele fala, geme, 
ama, cria, vê, ouve, toca, ira-se, agrada-se, alegra-se, entristece-se, sofre, 
corrige, entre outras coisas mais. 
 (2) Tudo: para as religiões panteístas Deus é e está em todas as 
coisas. Ele é a natureza, o homem, a alma, chuva, água, animais e etc., as 
principais vertentes que assumem essa visão são: Hinduísmo e o 
 
12 No Anexo 3 apresento algumas razões porque todas as religiões não podem estar corretas. 
13 Um ótimo livro para entender com maior profundidade outras maneiras de enxergar Deus é SIRE, 
James. Universo Ao Lado. São Paulo: Editora Hagnos. Vale muito a pena a leitura de todo o livro. 
 19 
Budismo. Para os cristãos Deus é diferente da sua criação, ele é Criador e 
não criatura. 
 (3) Vários: para os politeístas não existem apenas um Deus, mas 
vários. Isso foi comum na Grécia e continua sendo predominante em 
países animistas. Para os cristãos Deus é único. 
 (4) Indiferente: para aqueles que abraçam o Deísmo, existe 
realmente um Deus criador do mundo, mas esse Deus não tem nenhum 
contato, muito menos interfere em suas relações. Para os cristãos Deus é 
relacional, ama e interfere sua criação. 
 (5) Limitado: bem próximo ao Deísmo estão os defensores do 
conceito Teísmo Aberto. Esta é uma visão na qual Deus é relacional, mas 
não é soberano, não conhece todas as coisas antes delas acontecerem. 
Deus é como um cavalheiro, ele não interfere – e nem pode interferir - no 
mundo, por isso vive convidando a humanidade ao seu amor. Ele é pego 
de surpresa em Tsunamis e terremotos e a única coisa que pode fazer 
diante do sofrimento humano é sofrer junto conosco. Para os cristãos 
Deus não apenas sofre junto conosco, ele está plenamente no controle de 
todas as coisas. 
 (6) Unipessoal: para o Judaísmo Deus é um em Natureza – nisso 
concordamos e recebemos seu legado – mas apenas um em Pessoa. Por 
isso, o judaísmo não aceita a divindade de Jesus. Para os cristãos Deus é 
um em Natureza e três em Pessoa: Pai, Filho e Espírito Santo. 
 (7) Ditador: para os mulçumanos Alá também é unipessoal, e 
embora seja bondoso e misericordioso em alguns momentos, em essência, 
é o Deus Soberano e Déspota que exige submissão e obediência de todos 
os humanos. No islamismo é impossível ter a certeza do perdão divino e 
o relacionamento se fundamenta apenas em regras. Para os cristãos Deus 
também é Soberano, mas sua relação com a humanidade é baseada no 
amor de Jesus Cristo. 
 20 
 (8) Um mistério: para os agnósticos Deus é um ser que não pode ser 
conhecido, logo, tudo aquilo que se fala sobre Deus, sua existência, amor, 
ira, salvação, juízo é tudo mera especulação. Para os cristãos Deus é um 
mistério, mas o mistério que foi descortinado na Pessoa extraordinária de 
Jesus. 
 (9) Uma mentira: Os ateus, diferente dos agnósticos, não dizem que 
“é impossível saber”, afirmam com toda força baseado em seu 
naturalismo filosófico: Deus não existe. Para os cristãos Deus colocou em 
todos nós o desejo por Deus, podemos mascarar com ideologias a sua 
inexistência, mas no coração de todo homem existe uma semente divina. 
 
DEUS POSSUI CARACTERÍSTICAS INCOMUNICÁVEIS 
 Para entendermos melhor a Deus necessário é saber que ele possui 
características incomunicáveis. Essas qualidades apenas Deus possui e 
não comunica a nenhuma de suas criaturas, caso contrário, todas seriam 
deuses como ele é. Vamos entender melhor o que são os atributos 
incomunicáveis de Deus14: 
(1) Deus é onipotente: A palavra omni significa “todo” e potente é 
igual a “poderoso”. Aqueles que andam com Jesus sabem que Deus é 
Todo-Poderoso, isto é, tem total domínio sobre todas as coisas que foram 
criadas por ele mesmo e ninguém pode resistir sua vontade. Deus é 
Soberano e nada que acontece no mundo saiu da sintonia fina de seus 
propósitos. Deus não tem um Plano B. Pode até parecer às vezes que o 
mundo está fora de controle, mas ele sempre sinaliza que está assentado 
no trono da história. Para mim, o texto apaixonante sobre esse adjetivo de 
Deus foi registrado em Isaías 40.12-31. Faça uma pausa e descubra você 
mesmo. 
 
14 Um livro indispensável para aprofundar sua visão sobre o caráter de Deus foi escrito por Arthur Pink 
em “Os Atributos de Deus”. 
 21 
(2) Deus é onisciente: Junte omni novamente e adicione ciente, 
então você tem Todo-Conhecedor. O que estamos dizendo é que o nosso 
Deus tem o conhecimento de todas as coisas, tanto as do passado, 
presente e futuro. A Bíblia diz que Deus já conhece todas as coisas desde 
a eternidade. Leia a história do nascimento do profeta Jeremias e observe 
este conceito ali presente, Jeremias 1.4-5. 
(3) Deus é onipresente: Agora é omni mais presente, essa ficou 
fácil: Todo-Presente. A fé cristã entende que Deus está em todo lugar 
porque ele é maior do que o Universo criado. Alguns, por isso, dizem que 
é o Universo que está em Deus. Deus está na Terra, no Céu e até mesmo 
no Inferno, certamente com nuances diferentes. Não existe texto mais 
lindo para contemplar a total presença de Deus neste mundo e em nossas 
vidas do que o Salmo 139. Aprenda com Davi sobre essa bela doutrina. 
(4) Deus é eterno: Muito cuidado agora. Muitas pessoas ouvem a 
palavra “eternidade” e de cara imaginam algo que não tem fim. Essa é 
uma meia verdade. Sim, tudo aquilo que é eterno não tem fim, mas para 
isso damos o nome específico de “infinito” ou “imortal”. A eternidade de 
Deus é mais ampla, envolve o fato de que Deus não tem fim e nem 
começo. Ele, por isso, é antes de todas as coisas, incriado e sempre 
existiu. Injete uma dose da eternidade de Deus em sua compreensão dele 
lendo Apocalipse 4 e 5. É demais. 
(5) Deus é único e trino: Vamos entender melhor o que isso 
significa no próximo capítulo. Por hora, vamos entender apenas esta 
definição: Deus é “um” em sua Natureza, mas “três” em Pessoas. Não 
cremos em três deuses, mas também não cremos que ele é unipessoal. 
Difícil, não é? Aguardeo próximo capítulo que talvez sua compreensão 
melhore. Para dar um gostinho na boca compare dois textos: 
Deuteronômio 6.4 – Deus é único – com Mateus 28.19 – Três Pessoas 
existindo dentro da divindade. 
 22 
(6) Deus é espírito: Isso significa que Deus é invisível e não está 
limitado à matéria física – a não ser pelo corpo humano de Jesus, 
Segunda Pessoa da Trindade. O apóstolo João foi quem mais trabalhou 
em cima desse ponto, leia o que ele disse em João 1.18 e 4.24. 
(7) Deus é imutável: O significado de imutável é simples, mas pode 
gerar confusões, “Deus não muda”. Em que sentido Deus não muda? 
Diferente do que ensinava Aristóteles, Deus não é um Motor Imóvel, 
Deus está sempre em constante movimento no mundo. O que ele não 
pode mudar são suas promessas e seu caráter santo. Neste sentido Deus 
não pode se arrepender, pois não pratica o mal. Veja o que diz Tiago 
1.17. Contudo, frequentemente nas Escrituras é dito que Deus muda (ou 
se arrepende) a sua forma de agir. 
Sem dúvidas uma das coisas que mais move o coração de Deus é o 
arrependimento dos pecadores. Uma das cenas mais lindas do Antigo 
Testamento é a história de Jonas. Dê uma olhada em Jonas 4 e reflita na 
compreensão que Jonas tem do caráter de Deus. 
Espero que você tenha chegado a mesma conclusão que eu cheguei 
após me deparar com esse conhecimento de Deus. Tente aplicar cada um 
dos sete atributos incomunicáveis de Deus as suas experiências de vida e 
uma atitude você irá tomar: adorar. 
 
DEUS POSSUI CARACTERÍSTICAS COMUNICÁVEIS 
Por outro lado, como poderemos nos relacionar com um Deus tão 
diferente assim? A resposta é que Deus possui também características 
comunicáveis, isto é, aquelas características que ele compartilha com os 
seres humanos. Ele simplifica a si mesmo para que possamos entendê-lo 
melhor e assim interagirmos com ele em nossa caminhada de fé. É neste 
sentido que a nossa vida também reflete a glória de Deus. Vamos 
entender melhor quais são: 
 23 
(1) Deus é bom: Poderíamos gastar páginas e páginas descrevendo a 
bondade de Deus em todo o registro bíblico, mas uma coisa nos é 
suficiente, saber qual é a definição da bondade de Deus. Na minha 
compreensão Deus é o único que consegue experimentar prazer perfeito 
enquanto faz o bem às suas criaturas. A alegria de Deus é abençoar. Foi 
por isso que Jesus afirmou para um jovem: “Ninguém é bom, senão um, 
que é Deus” Marcos 10.18. Contudo, como esse é um atributo 
comunicável, Deus empresta um pouco da sua bondade para nós para que 
também possamos praticar boas obras. 
(2) Deus é fiel: por fidelidade de Deus estamos dizendo que ele é fiel 
porque cumpre o que diz e não abandona a aliança que fez com o seu 
povo. Deus é plenamente confiável, nele você pode esperar e caminhar, 
descansar e agir, ele prometeu estar ao seu lado e seu amor não falha. 
Deus prometeu uma coisa que jamais deixará de cumprir sempre que 
passarmos por tentações, descubra o que é em 1 Coríntios 10.13. 
(3) Deus é justo: Esse talvez seja um dos atributos de Deus que o 
mundo mais se esquece: justiça. Por justo estamos afirmando que Deus 
não faz acepção de pessoas, é imparcial e faz justiça na terra. Em alguns 
momentos a sua justiça pode em nossa visão “demorar”, mas Deus nunca 
chega atrasado. Deus é o nosso verdadeiro Juiz e julgará com justiça 
todas as situações da história humana. Uma das histórias mais dramáticas 
da Bíblia é a de Jó. Aparentemente Deus foi injusto com ele ao deixa-lo 
sofrer nas mãos cruéis de Satanás, contudo o próprio Jó, durante e depois 
da sua dor reconheceu a sabedoria e a justiça de Deus. Leia Jó 38-42. 
(4) Deus é verdadeiro: Pode ser de fácil compreensão saber que 
Deus não pode mentir, enganar e sempre expressar a verdade em tudo o 
que diz e faz. Mas, às vezes, nós duvidamos de suas palavras de 
sabedoria, de suas escolhas, de seus planos. Nosso dever é descansar em 
 24 
Deus por saber que tudo o que ele é faz e fala é a verdadeira verdade. O 
próprio Jesus fez essa afirmação no Evangelho de João 14.6. 
(5) Deus é misericordioso: Para algumas pessoas bondade, 
fidelidade, misericórdia, amor e etc., são tudo a mesma coisa. Se 
pensarmos assim perderemos muito da beleza do caráter divino, 
principalmente da sua misericórdia. O que é, então, misericórdia? 
Significa que Deus não nos pune de acordo com os nossos pecados. 
Provavelmente você teve pai e mãe. Será que seus pais sempre te puniram 
de acordo com aquilo que você merecia? Creio que não. Nossos pais em 
muitas ocasiões nos tratam com misericórdia, eles não nos punem de 
acordo com o que merecemos. 
Deus tem que ter misericórdia de nós diariamente, caso contrário 
seríamos destruídos. Veja o lamento do profeta Jeremias e como ele se 
apoia na misericórdia de Deus, Lamentações 3.22. 
(6) Deus é amor: Acho que essa é uma das frases mais conhecidas 
que você deve ter ouvido, e embora um pouco “clichê”, é pura verdade. 
Deus não apenas pratica amor, amor é aquilo que ele é. Porém, diferente 
da forma como o amor é entendido nos dias atuais, como sentimento, 
paixão, fogo, desejo, Deus ama com atitudes. E mais, Deus ama quem 
não o ama de volta. Deus ama pecadores. Consegue amar assim? Pare um 
pouco rumine várias vezes o que o apóstolo João disse sobre o amor de 
Deus: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, 
mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos 
nossos pecados” (1 João 4.10). 
(7) Deus é belo: Ouço muito pouca gente reverberando a beleza de 
Deus. Dá para entender a razão, para os religiosos Deus é algo útil, para 
cristãos é alguém lindo. Para a religião Deus é aquilo que pode nos 
oferecer, para o seu povo Deus é aquilo que ele é. Ele é invisível, mas a 
 25 
glória de seu caráter e a perfeição de suas palavras e ações embelezam a 
vida. Leia o Salmo 27 e comprove essa linda verdade. 
Deus é muito maior do que podemos imaginar, belo, alegre, 
generoso, paciente e etc. Tentaríamos enumerar milhares de atributos 
mais, porém, essas sete já são suficientes para entendermos como Deus 
empresta qualidades dele para nós, essas são suas qualidades 
comunicáveis. 
 
DEUS É RELACIONAL 
Deus quer andar com você. É para um relacionamento com este 
Deus que as Escrituras nos chamam. Uma das regras de ouro da vida 
cristã é que quanto mais andamos com Deus mais nos parecemos com 
ele. É impossível andar com ele e não compartilhar de suas marcas. 
Como afirma o apóstolo João: "... aquele que diz que permanece nele, 
esse deve também andar assim como ele andou." 1 João 2.6. Viver com 
Deus é ter a certeza de que, enquanto caminhamos com ele, o nosso 
caminho muda também. 
O que você achou deste Deus? Percebeu o quanto ele é glorioso e 
diferente de nós? Você acha que a partir do que vimos sua relação com 
ele ganhou mais profundidade? Você quer andar com ele e parecer-se 
com ele? Andar com Jesus é a coisa mais inteligente e prazerosa que você 
pode fazer na sua vida. 
A melhor coisa a fazer depois de conversarmos sobre Deus é fazer 
uma pausa e louvá-lo. Faça isso agora. 
 
 
 
 
 
 26 
 
RECAPITULANDO 
Quem é Deus? 
 
1. Mencione quatro ideias que distorcem a verdadeira visão sobre Deus. 
 
2. O que é um atributo incomunicável de Deus? 
 
3. Cite quatro atributos incomunicáveis de Deus e comente brevemente 
algo sobre eles. 
 
4. O que é um atributo comunicável de Deus? 
 
5. Cite 6 atributos comunicáveis de Deus e comente algo sobre três deles. 
 
6. “Quanto mais andamos com Deus mais nos parecemos com ele.” Isso é 
verdade em sua vida? 
 
7. Qual é a diferença entre os ateus e os agnósticos? 
 
8. O que mais te marcou neste estudo sobre “Quem é Deus?” (pergunta 
pessoal). 
 
9. O que você achou das 9 visões sobre quem Deus não é apresentadas 
aqui? O que o nosso Deus tem de diferente? 
 
10. Por que faz diferença saber quem realmente é Deus? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO3 
O que é a Trindade? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
Como eu prometi, vamos entender melhor o que significa “um” em 
Natureza e “três” em Pessoa. Já deu para perceber que a doutrina da 
Trindade não é algo fácil de entender. A Igreja cristã demorou três 
séculos para entender melhor a Triunidade de Deus e até hoje não 
conseguimos entender isso com tanta precisão, pois Deus é imenso e 
infinito para as nossas mentes finitas. 
É fato que não existe a palavra “Trindade” na Bíblia. Porém, isso 
não significa que a Bíblia não ensine esta doutrina. O Antigo Testamento 
ensina que há um só Deus, você já viu isso em Deuteronômio 6.4. Viu 
também que Jesus enviou seus discípulos em missão no mundo para 
batizar em nome do Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19). Como 
entender essa mudança de perspectiva? 
 
(1) EXISTE APENAS UM DEUS 
Vamos bem devagar colocar os fundamentos. A questão é a 
seguinte, tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento dizem 
que há um só Deus, isto é, nós enquanto cristãos somos monoteístas. A 
acusação que sofremos por parte dos judeus não procede. O apóstolo 
Paulo cita o mesmo texto de Dt 6.4 em 1Co 8.4-6, afirmando que há um 
só Deus. Todavia, ele adiciona o Senhorio de Cristo, aqui as coisas 
precisam ser melhor resolvidas. Vamos à próxima ideia. 
 
(2) DEUS É UM EM NATUREZA E TRÊS EM PESSOA 
Esta é a definição básica da Trindade. Embora Deus tenha uma só 
essência ou natureza (seu Ser), dentro de sua essência subsistem (ficam 
dentro dele) três pessoas. Grave e repita o que eu acabei de dizer várias 
vezes. Isso significa que as três pessoas da Trindade, Deus Pai, Deus 
Filho e Deus Espírito Santo compartilham da mesma essência-natureza, 
 29 
pois as três tem os mesmos atributos divinos – os incomunicáveis do 
capítulo anterior. 
O Pai é Todo-Poderoso igual ao Filho e ao Espírito. O Filho sabe 
de todas as coisas igual ao Pai e ao Espírito. O Espírito está presente em 
todo lugar como o Filho e o Pai. Apenas uma observação: o Filho 
também está em todo lugar (Mt 28.20), não corporalmente, mas 
espiritualmente, pois seu corpo ressurreto está no céu ao lado do Pai (Hb 
10.12). Fora isso, o Pai é eterno e incriado tal como o Filho e o Espírito. 
O Filho é espiritual tal como o Pai e o Espírito. O Espírito é imutável tal 
como o Filho e o Pai. Demorei-me nisso para cravar uma estaca em sua 
mente: O Pai, Filho e Espírito são o único Deus porque partilham dos 
mesmos atributos divinos. 
 No entanto, embora os três sejam idênticos em natureza, possuem 
diferenças quanto as suas pessoalidades. As diferenças de cada Pessoa da 
Trindade estão relacionadas à singularidade de suas funções. Isso ficará 
mais claro no próximo tópico. 
 
(3) AS TRÊS PESSOAS TEM FUNÇÕES ESPECÍFICAS 
As três pessoas têm o mesmo poder, a mesma glória e as três são 
dignas da mesma adoração, pois são o Único e Verdadeiro Deus, porém 
tem papéis ou funções diferentes. 
(1) Deus Pai: A função do Pai é a de liderar o Filho e o Espírito. 
Percebemos esta noção de liderança paterna no ensino apostólico de João 
quando Jesus afirma “este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.18). Outra 
afirmação de Jesus que denota essa nuance de autoridade do Pai é: “O Pai 
é maior do que eu” (Jo 14.28). 
Alguns usam essa frase para concluir que Jesus não é divino, mas 
eles se esquecem que ele também disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 
10.30). Ou, mais a frente disse: “glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com 
 30 
a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17.5). 
Jesus faz duas afirmações suficientes de sua divindade aqui: 1. O Pai 
glorifica o Filho; 2. Ele é eterno junto com o Pai. Por essa razão 
entendemos que Jesus não estava dizendo que seu Pai é maior em 
“divindade” do que ele, mas em função, como seu líder. 
Dois textos a mais colaboram para esse entendimento funcional da 
superioridade do Pai em relação ao Filho, João 15.10: “Se guardardes os 
meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também 
eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor 
permaneço.” Numa discussão com os fariseus ele afirmou: “E aquele que 
me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que 
lhe agrada” (Jo 8.29). 
Nítido como cristal: Jesus se submete ao Pai não por ser menor que 
o Pai, mas por ser liderado dele. Em Apocalipse 4 e 5 também fica bem 
clara a noção do Pai assentado no Trono concedendo ao Filho, à sua 
direita, a autoridade para dirigir a história, mas falar de Apocalipse é 
assunto para outro livro. Vamos pensar agora no Deus Filho. 
(2) Deus Filho: Se o Pai é o líder, o Filho é o fiel executor dos 
planos de seu líder e Pai. Fora os textos que já citamos, outros nos 
auxiliam ainda mais. Note o tom trinitário da oração de Jesus em João 
17.4: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste 
para fazer.” Podemos entender o Pai como grande Arquiteto (Hb 11.10), 
e o filho como o grande Construtor da obra. 
Qual é a grande obra do Filho? Várias, uma delas revelar quem é o 
Pai. João 1.18 diz: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que 
está no seio do Pai, é quem o revelou.” Respondendo à pergunta de Filipe 
Jesus disse: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens 
conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Paulo diz que Jesus é 
a “imagem do Deus invisível” (Col 1.15), para o autor de Hebreus é 
 31 
aquele por meio de quem Deus fala, pois é a expressão exata do seu ser 
(Hb 1.2-3). 
Além de revelar quem é o Pai para o mundo, Jesus veio para 
cumprir outro desejo do Pai, o de salvar aqueles que são amados desde a 
eternidade. Note a conversa de Jesus com o Pai em João 17.2: “Pois tens 
dado ao Filho autoridade sobre todos os seres humanos para que ele dê a 
vida eterna a todos os que lhe deste” (NTLH). E mais adiante no verso 6: 
“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu 
os deste a mim, e eles têm obedecido à tua palavra” (NVI). 
 Vale a pena relembrar o verso tão conhecido que sintetiza a missão 
principal que o Pai deu ao Filho: “Porque Deus tanto amou o mundo que 
deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas 
tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Esse é o papel do filho, executar os planos 
do Pai. Vamos, por fim, analisar o papel – um pouco esquecido – do 
Espírito Santo. 
(3) Deus Espírito Santo: O Pai é o líder, o Filho é o executor, quem 
é o Espírito Santo? Preste atenção nesta definição: O Espírito Santo é a 
fonte de poder do Pai para liderar, fonte de poder do Filho para executar 
e fonte de poder da Igreja para cumprir sua missão no mundo. Dá para 
gastarmos muitos neurônios decifrando essa pequena frase. Compreender 
o agir do Espírito Santo é essencial para ser um discípulo de Jesus. 
Primeiro de tudo, não pode haver dúvidas de que o Espírito Santo é 
Deus. Nós também adoramos o Espírito Santo, como diz Paulo: “... nós 
que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não 
confiamos na carne” (Fl 3.3). Ele estava na criação junto com o Pai sendo 
a fonte de sua sabedoria, pois o Espírito de Deus pairava sobre as águas 
(Gn 1.2). 
Foi através do Espírito Santo que o poder do Pai fecundou Maria 
para o nascimento de Jesus. Veja que obra magnífica: “Descerá sobre ti o 
 32 
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; 
por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de 
Deus” (Lc 1.35). Jesus recebeu esse poder do Espírito Santo no batismo. 
Faça uma pausa e leia com calma a linda descrição dessa cena em Mateus 
3.13-17. Veja a interação perfeita das três Pessoas. 
Foi no poder do Espírito Santo que Jesus cumpriu o seu ministério: 
“Então, Jesus, no poder do Espírito...” mais à frente: “O Espírito do 
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; 
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista 
aos cegos,para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4.14,18). Tudo o que 
Jesus fazia vinha da sua fonte de poder, o Espírito Santo. Se em João 
vemos repetidas vezes a menção do Pai e do Filho, em Lucas o lugar é do 
Espírito, “E o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17). 
Ele também é o responsável por agir no povo de Deus de várias 
formas. Regenerando (Jo 3.6-8), habitando e consolando (Jo 14.16-17, 
26, 15.26), santificando (1Co 6.11), oferecendo dons espirituais (1Co 12 
e 14), capacitando para a missão. Essa última missão do Espírito vale ser 
citada: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e 
sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e 
Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Esse é o papel do Espírito, 
fonte de poder para o Pai, Filho e para o povo deste Deus maravilhoso. 
 
(4) AS TRÊS PESSOAS SEMPRE TRABALHAM JUNTAS 
As três Pessoas trabalham e estão juntas ao mesmo tempo, em 
todas as coisas, em todos os momentos na eternidade e no tempo. No 
entanto, para efeitos didáticos, é possível entendermos a função de cada 
Pessoa em determinada ação: 
 
 
 33 
Exemplo 1: Criação 
1) Deus Pai – Planejou a criação 
2) Deus Filho – Criou o mundo 
3) Deus Espírito – Deu sabedoria ao Pai para planejar e poder ao 
Filho para criar o mundo. Ele também capacita o homem a 
entender como Deus está por trás da criação. 
 
Exemplo 2: Salvação 
1) Deus Pai – Planejou a nossa salvação 
2) Deus Filho – Executou a nossa salvação 
3) Deus Espírito – Deu sabedoria ao Pai para planejar nossa salvação 
e poder ao Filho para executá-la. Ao mesmo tempo ele aplica a 
vontade do Pai e o trabalho do Filho em nosso coração. 
 
Embora trabalhando sempre juntos em todas as coisas, é facilmente 
perceptível na Bíblia que cada Pessoa da Trindade recebe mais ênfase em 
suas funções em relação às outras. Vamos perceber isso olhando para a 
nossa salvação: 1. Eleição: Deus Pai nos escolheu na eternidade para 
sermos salvos; 2. Justificação: Deus Filho nos justificou dos pecados 
morrendo por nós na história; 3. Regeneração: Deus Espírito implanta 
sua vida em nós em nossa história pessoal. 
Para concluir este estudo, podemos afirmar que a maneira mais 
fácil de entendermos o plano de Deus para nossa salvação é olhá-lo a 
partir das ações da Trindade: “Nós somos eleitos pelo Pai na eternidade, 
justificados pelo Filho na história e regenerados pelo Espírito Santo em 
nossa história pessoal.” Isso é quase o mais próximo que podemos 
chegar, para articular a doutrina histórica da Trindade. 
 
 
 34 
RECAPITULANDO: 
O que é a Trindade? 
 
 
1. Quantos séculos a Igreja cristã demorou a entender melhor a doutrina 
da Trindade? 
 
2. Qual é a definição básica da Trindade? 
 
3. Responda se é verdadeiro (V) ou falso (F): 
“Embora Deus tenha uma só essência, dentro de sua essência subsistem 
três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.” ( ) 
 
4. Quais são os papéis principais de cada Pessoa da Trindade? 
 
5. Complete a frase: 
 “As três pessoas da Trindade têm o mesmo poder e glória e são dignas 
da nossa ___________, pois são o único Deus verdadeiro. Porém, as três 
têm _______________ diferentes.” 
 
6. Explique quais são as funções da Trindade na Criação: 
 
7. Explique quais são as funções da Trindade na Salvação: 
 
8. “Nosso Deus trabalha tanto na eternidade quanto no tempo.” (V) ou 
(F)? 
 
9. Determine quando a Trindade realizou cada uma das coisas abaixo: 
Eleição: Deus Pai nos escolhe na _________________. 
Justificação: Deus Filho nos justifica dos pecados na________________. 
Regeneração: Deus Espírito implanta sua vida em nós em nossa 
__________________. 
 
10. O que você achou mais interessante no estudo da Trindade? 
 
 35 
 
 
 
 
CAPÍTULO 4 
Criação: Como tudo 
começou? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
Alguns pensadores cristãos reformados escolheram quatro palavras 
que resumem os principais temas da Bíblia, são eles: 1. Criação; 2. 
Queda; 3. Redenção; 4. Consumação. Nós adicionamos uma quinta 
palavra: 5. Restauração. Acreditamos que se soubermos estes cinco 
conceitos, entender a Bíblia não será mais uma tarefa difícil. Vamos 
estudar hoje o primeiro deles: Criação. 
Todos nós ficamos curiosos em relação à origem da vida e muitas 
respostas atualmente têm sido oferecidas. Neste estudo vamos ler os dois 
primeiros capítulos da Bíblia, Gênesis 1-2, para respondermos às 
seguintes perguntas: Como tudo começou? Quem criou tudo o que 
existe? Quem é o ser humano? Existe algum propósito para a vida? 
 
1. COMO TUDO COMEÇOU? 
Deus criou o mundo que conhecemos. Tudo começa com Deus, o 
mundo vem depois dele, pois ele é o seu Criador. O mundo não surgiu do 
acaso, por uma explosão ou de forma espontânea. Deus é a inteligência 
por trás da maravilhosa criação que temos o privilégio de ver e viver. 
Mas o que foi criado e como foi criado? Note como o livro de Gênesis 
traça ordem dos elementos criados por Deus: 
 
Dia 1 Dia 2 Dia 3 
Dia e noite Céu e água Terra 
Dia 4 Dia 5 Dia 6 
Sol, lua e estrelas Aves e peixes Animais e seres humanos 
 
Um dos propósitos do autor de Gênesis, a partir desse olhar 
literário, é apresentar a organização da criação. A relação é 1x4, 2x5, 
3x6: primeiro Deus cria os habitats, depois os habitantes. A divisão em 6 
 37 
dias é uma forma poética e didática para entendermos o que é o mundo 
criado por Deus. Se o tempo que Deus levou para criar o Universo foram 
6 dias literais de 24 horas ou não é assunto para outro livro e 
provavelmente não era a intenção do autor. 
E o sétimo dia? Por que ele é chamado “dia do Descanso”? Deus 
parou de trabalhar? De maneira alguma! O sétimo dia, no qual Deus 
termina o seu trabalho de criar todas as coisas, é só o início do trabalho 
de Deus. A partir desta primeira obra, Deus agora vai cuidar da criação. 
O termo descansar neste texto lembra o que faz um artista depois de 
perceber que sua pintura ficou magnífica: “Voilà” 15 Deus sentiu-se 
satisfeito com o que havia criado, pois o mundo ficou “muito bom!” 
Deus criou o mundo perfeito e bom. Este mundo em que vivemos é 
bom e tem um dono, o próprio Deus Criador. O diabo não é o dono do 
universo e nem está dominando sobre ele. Além disso, a criação ou 
natureza não é eterna, pois teve um início. Podemos dizer também, 
diferente de outras religiões que a criação não deve ser adorada, pois é a 
criatura que deve adorar ao Criador. 
 
2. QUEM É O HOMEM? 
O homem e a mulher são a obra prima da criação de Deus. Nós 
não viemos do acaso, nem somos produto de bilhões de anos de evolução, 
muito menos somos “animais racionais”, somos a imagem de Deus. 
Podemos afirmar que “Deus nos criou para se ver.” Somos o reflexo de 
Deus, seus representantes na terra criada. Ele nos criou para que o mundo 
olhasse para nós e enxergasse a Ele mesmo. 
Deus nos criou para refletir o seu glorioso ser na terra. Somos a 
fotografia de Deus no mundo. Nenhuma criação anterior tem esse 
privilégio, por isso o salmo 8.5 diz que somos a “coroa” da criação. Não 
 
15 Voilà – leia-se voalá – é a expressão francesa de apreço por algo que quer dizer: “Veja lá!” 
 38 
somos nada menos que a obra prima da arte criativa de Deus. Somos os 
únicos seres criados à imagem e semelhança de Deus. 
 
3. EXISTE PROPÓSITO NA VIDA? 
Além de nos ter criado com toda essa dignidade, em Gênesis 1.26-
28, Deus nos deu três ordens, que são as três tarefas criacionais da vida 
humana. São coisas que fazemos desde que existimos. O ser humano 
precisa equilibrar estas três ordens em sua vida e, a menos que faça isso, 
nunca experimentará o sentido da existência: 
 
1. Desenvolver relacionamentos: o ser humano é um ser social 
Quando Deus diz para multiplicarmo-nos na terra, ele estava nos 
comissionando um mandato social, isto é, constituirmos família, 
gerarmos filhos, sermos irmãos uns dos outros, sermosseres relacionais 
entendendo que nós precisamos de Deus, mas também precisamos de 
pessoas. A menos que sejamos seres relacionais jamais nos sentiremos 
satisfeitos com a vida. Nós existimos para nos relacionar com outras 
pessoas. Uma boa ilustração disso é o dilema de solidão que o ator Tom 
Hanks vive no filme “O Náufrago.” 
 
2. Desenvolver trabalho e cultura: o ser humano é um ser artesanal16 
Em Gn 2.15 lemos o seguinte: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao 
homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” Esta 
é a nossa segunda tarefa nesta vida: cuidar do mundo em que vivemos, 
administrar os animais e a terra que Deus fez. Deus nos criou para 
desenvolver o mundo, sermos engenheiros do progresso da criação. 
Nós fazemos isso produzindo cultura, cuidando da terra, 
desenvolvendo as potencialidades da mesma para o seu progresso e 
 
16 O ser humano é alguém que produz arte no trabalho e na vida comum. 
 39 
também para o desenvolvimento da sociedade. Hoje em dia, nós 
cumprimos o mandato cultural através das nossas profissões que o 
próprio Deus nos dá em algum momento da nossa história e de todas as 
nossas ocupações, hobbyes, artes, serviços, etc. A menos que 
encontremos algo que nos torne úteis para melhorarmos o mundo criado, 
não nos sentiremos satisfeitos. 
 
3. Desenvolver um relacionamento com Deus: o ser humano é um ser 
espiritual 
Além da necessidade de nos envolvermos com outras pessoas e 
termos alguma utilidade no mundo, todos nós nascemos para ter um 
encontro com Deus. E enquanto isso não acontecer, sempre iremos atrás 
de atalhos e refúgios que não nos tornarão satisfeitos. Estaremos 
inquietos sem Deus. Como disse Agostinho: “o nosso coração não 
encontra descanso, até que descanse em Ti”. Ou como Matthew Henry 
em suas últimas palavras, que estão até hoje na lápide de seu túmulo: 
“uma vida investida em comunhão com Deus é a vida mais prazerosa do 
mundo inteiro.” É a prioridade dentre os três. Se tivermos intimidade com 
Deus, iremos desejar desempenhar os dois mandatos anteriores. 
Sem a doutrina da criação como base para a nossa vida é 
impossível responder as perguntas: Como tudo começou? Quem somos 
nós? E qual é o nosso propósito na vida? Deus tem respostas para nós, 
respostas que podem satisfazer por completo o nosso coração e de toda a 
humanidade. 
Quando nós internalizamos a doutrina da criação em nosso coração 
passamos a ver a sabedoria de Deus esculpida em cada parte da natureza. 
 
 
 
 40 
RECAPITULANDO: 
Criação: Como tudo começou? 
 
1. Quais são os dois capítulos da Bíblia que nos apresentam o relato da 
Criação? 
 
2. O mundo foi criado ao acaso ou de forma espontânea? 
 
3. Qual é a relação do que Deus criou entre os dias 1-3 e os dias 4-6? 
 
4. Qual é o significado do Sétimo dia? 
 
5. O mundo é uma criação boa ou má? Explique. 
 
6. Quem é o homem? 
 
7. Quais são as três ordens ou mandatos que Deus deu para o ser humano 
no jardim? 
 
8. Qual é a importância da doutrina da criação para a sua vida? 
 
9. O que significa para você ter sido criado à imagem e semelhança de 
Deus? 
 
10. Qual é a relação que você vê entre o ser humano e os demais animais? 
Leia Gênesis 1-2. 
 
 
 41 
 
 
 
 
CAPÍTULO 5 
Queda: O que deu errado 
com o mundo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos nós sabemos que algo deu de errado com o mundo. “Não era 
para ser assim” é o sussurro mais sincero da alma humana, pois há tanto 
 42 
sofrimento, dor, perdas e tristezas na vida que a existência do mal não 
pode ser ignorada. Afinal, o que deu errado com a criação boa de Deus? 
Essa é a importância do estudo da Queda. Esta palavra é um sinônimo de 
pecado. É a expressão que resume como o ser humano caiu em pecado 
logo no início da história humana registrada em Gênesis 3.1-22. Leia este 
relato e entenda melhor a origem do mal e do sofrimento. 
 
1. DE ONDE VEIO MAL E O SOFRIMENTO? 
Deus fez um acordo com o homem (cf. Gn 2.16-17). Ele ofereceu 
liberdade total ao homem para desfrutar de toda a criação que ele mesmo 
tinha feito. A única restrição seria comer da árvore do conhecimento do 
bem e do mal, pois se eles a comessem experimentariam a morte. O 
primeiro casal humano viveu neste estado de liberdade e comunhão com 
Deus por algum tempo, no entanto, a serpente veio ao jardim para tentá-
los. 
Leia atentamente Gn 3.1-5 e veja como a proposta da serpente era 
astuta e fatal. No diálogo da serpente com o casal, o diabo propôs três 
coisas: Dúvida, contradição e indução: 
 
Dúvida: “Foi isso mesmo que Deus disse?” 
Contradição: “Vocês certamente não morrerão!” 
Indução: “No dia em que vocês comerem, serão como Deus!” 
 
A questão essencial aqui é perceber o que significava comer ou 
deixar de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. 
Conhecer o bem e o mal naquele caso significava poder decidir, 
independente de Deus, o que seria bom e o que seria mal. Em outras 
palavras, a proposta do diabo era a seguinte: “Sejam independentes e 
 43 
criem suas próprias leis, vivam do jeito que vocês quiserem, assumam o 
comando de seu destino e não dependam mais de Deus para viver.” 
A serpente conseguiu enganar o casal. O ato de comer o fruto não 
foi um gesto passivo ou sem importância – não foi "sem querer 
querendo" – eles decidiram conscientemente que deixariam tudo o que 
Deus criou, a maneira de cuidar da criação, jogariam tudo fora para 
começar a viver, do zero, por eles mesmos. Por isso, o pecado é o 
homem querendo ser o seu próprio deus. Pecado é o desenho se rebelando 
contra o Desenhista. O vaso se rebelando contra o Oleiro. A pintura se 
rebelando contra o Pintor. 
Por isso, o mal, o pecado, o sofrimento e a morte são os frutos da 
quebra da dependência entre criatura e Criador que aconteceu no Éden 
com os nossos primeiros pais. Todo o sofrimento que a humanidade 
experimentou e ainda experimenta através de guerras, fome, doenças, 
catástrofes, assaltos, crimes e morte são consequências diretas do pecado 
original. 
 
2. TODOS NÓS SOMOS PECADORES? 
 Já ouvi muita gente dizer: “fulano é tão bonzinho, não acho que ele 
será condenado!” Ou outras pessoas que dizem: “fulano é perfeito, só 
falta ser crente!”. O que é que está por trás dessas frases? Com certeza, 
uma visão bem “aguada” do impacto que o pecado tem em nossas vidas. 
O salmo 14.3 é bem claro quando diz que “todos se rebelaram e 
juntamente se corromperam, não há quem faça o bem, não há nenhum 
sequer.” Esse “TODOS” inclui crianças, adolescentes, jovens, adultos, 
idosos. Todos nós fomos infectados pelo vírus do pecado. 
Talvez você possa dizer: “Conheço pessoas que não são crentes, 
mas são pessoas maravilhosas, cheias de amor; para elas só falta Jesus.” 
Eu respondo: conviva mais tempo com essas pessoas “boazinhas” e você 
 44 
verá claramente que as marcas do pecado estão em sua vida. Ninguém 
escapa! Leia também Romanos 3.9-26, 5.12-21. 
No próprio jardim, o homem, depois do pecado, se torna um 
grande fugitivo de Deus. 
 
3. QUAIS SÃO OS RESULTADOS PRÁTICOS DA REBELIÃO DO 
PECADO? 
Depois de o pecado ser introduzido na vida humana, pelo menos 
quatro consequências diretas afetaram a vida de toda a humanidade: 
1) O ser humano está desconectado de Deus (v.8-10). Todos os 
seres humanos carregam em si mesmos o DNA do pecado, isto é, têm o 
pecado gravado em todas as áreas do seu coração. O homem não busca 
mais a Deus, pelo contrário, agora foge dele. O homem está morto em 
seus pecados. 
2) O ser humano está desconectado dos outros seres humanos (v.7, 
11-13, 16). Todos os relacionamentos depois do pecado foram 
fragmentados. Não existe paz absoluta. A partir desse momento brigas e 
guerras são inevitáveis. Viver em sociedade agora é um problema, 
casamentos são desfeitos, relacionamentos são descartáveis e sem 
compromisso, há roubo, assassinatos ecaos social. 
3) O ser humano está desconectado do seu trabalho e distorce a 
cultura (v.17-19). Todos os seres humanos terão que suar bastante para 
desenvolverem seu trabalho. Agora, o trabalho é fonte de canseira e 
desgosto. A terra boa foi amaldiçoada por causa do pecado do homem. 
Até a criação sofre com o pecado humano. A cultura do homem não 
reflete mais a beleza de Deus. 
4) O ser humano está desconectado da própria vida (Gn 5) . Todos 
os seres humanos agora experimentam a realidade da morte física. O 
salário do pecado é a morte. Esta é a trágica recompensa do pecado da 
 45 
humanidade, o homem estar desconectado da própria vida criada por 
Deus. Em outras palavras, o pecado do casal não apenas afetou o seu 
relacionamento com Deus, mas todas as dimensões da vida, a relacional, 
a espiritual, a cultural e a individual. O mundo inteiro está em desarmonia 
e há sofrimento em todas as áreas da vida porque o relacionamento 
central – com Deus – foi quebrado. 
 
4. O PLANO DE DEUS FOI DESTRUÍDO? 
Será que o projeto de Deus foi totalmente estragado? O projeto de 
Deus foi destruído pelo Diabo e pelo ser humano? Não. O pecado e a 
morte não são a última palavra no livro de Gênesis. Quais são as atitudes 
de Deus no jardim que nos mostram que Deus não foi pego de surpresa 
pelo pecado da raça humana? Temos “três pistas de esperança” aqui: 
 
1) Deus prometeu que um menino nasceria da mulher e iria destruir 
a serpente v. 3.15 
2) Deus vestiu o casal com pele de animais, isto é, alguém morreu 
por eles (houve o primeiro sacrifício) v.21 
3) Deus expulsou o casal do jardim para que não vivessem 
eternamente em pecado v.22-23 
Vejam que coisa extraordinária em Gênesis 3! Você percebeu que 
Deus já tinha um plano para nos salvar, antes mesmo do nosso pecado? 
 
 
 
 
 
RECAPITULANDO: 
 46 
Queda: o que Deus errado com o mundo? 
 
1. Você concorda que dentro do coração da humanidade há uma noção 
geral de que “algo está errado” ou que o mundo e a vida “não eram para 
ser assim”? 
 
2. Qual é o capítulo da Bíblia que descreve o relato da Queda? 
 
3. De onde veio o mal e o sofrimento que experimentamos? Explique. 
 
4. Quais foram as 3 estratégias de Satanás para seduzir o primeiro casal à 
rebelião do pecado? 
 
5. Qual é o significado mais profundo de “comer o fruto da árvore do 
bem e do mal?” Explique. 
 
6. Defina o que é pecado. 
 
7. Todos nós somos pecadores? Por quê? 
 
8. Quais são as 4 consequências ou “desconexões” geradas pelo pecado 
original? 
 
9. Deus foi pego de surpresa pela Queda ou tinha já tinha um plano em 
mente? 
 
10. O que mais te marcou no estudo da Queda? 
 47 
 
 
 
 
CAPÍTULO 6 
Redenção: Como Deus 
resgata o mundo caído? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
Você já ouviu falar em “final feliz?” Com certeza sim. Da mesma 
forma que a maioria de nós aceita que algo deu errado com o mundo, 
também acreditamos que de alguma forma “viveremos felizes para 
sempre.” Foi por isso que a humanidade inventou os heróis, aqueles que 
aparecem quando tudo está prestes a ser destruído e, de forma miraculosa, 
eles restauram a paz mundial. 
Nossas histórias infantis estão repletas de “...e viveram felizes para 
sempre”. Dentro de nós há uma sede por salvação. Entretanto, essa 
Redenção não veio através do Homem de Ferro, do Batman, do Homem 
Aranha, do Thor, do Lanterna Verde ou de quem quer que seja. Veio, 
sim, através de Jesus Cristo. 
Para descobrirmos o plano de Deus para nos salvar precisamos 
fazer pelo menos seis perguntas: 1. Do que precisamos ser salvos? 2. Por 
qual razão Deus quer nos salvar? 3. Quem pode nos salvar? 4. Como ele 
pode nos salvar? 5. Quais são os resultados práticos desta salvação aqui e 
agora? 6. Por que, embora salvos, continuamos pecando? 
 
1. DO QUE PRECISAMOS SER SALVOS? 
 Precisamos ser salvos do pecado e da morte. Já vimos no estudo 
anterior, sobre a Queda, que o mal, o pecado, o sofrimento e a morte são 
os frutos da quebra da dependência entre criatura e Criador que aconteceu 
no Éden com os nossos primeiros pais. A menos que entendamos o nosso 
problema jamais reconheceremos que precisamos de um salvador. 
Somente quando estamos à beira da morte que gritamos por um salva-
vidas. 
 Assim deve acontecer com todos nós, precisamos entender bem a 
nossa condição para que tenhamos as motivações corretas para gritar 
“socorro” para o nosso Salvador. Não adianta pensarmos que o nosso real 
problema são os nossos sintomas, como a tristeza, o desânimo, 
 49 
sofrimento, doenças, pobreza, depressão, decepções etc. Sem dúvidas 
todas estas coisas são um problema real para nós, mas são os nossos 
sintomas, não a causa de nossos problemas. 
Como Médico dos Médicos, Deus sabe muito bem que não adianta 
atacar os sintomas para curar a causa da nossa vida caótica, ele precisa 
atacar a causa. E é exatamente isso que Deus planejou para nos salvar, ele 
atacou o principal câncer do coração humano: o pecado e o seu principal 
resultado, a morte. 
 
2. POR QUE DEUS QUER NOS SALVAR? 
 A única motivação que Deus tem para nos resgatar do pecado e da 
morte é o seu amor cheio de compaixão e graça. Como diz o apóstolo 
João no clássico texto: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que 
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas 
tenha a vida eterna” (João 3.16). 
 Fica muito claro nesta passagem que a motivação existente em 
Deus para que o mundo não pereça é o seu grande amor. Outro texto 
muito importante é Efésios 2.5: “e estando nós mortos em nossos delitos, 
nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos”. A graça 
de Deus é a motivação que anda de mãos dadas com o amor de Deus – 
podemos dizer que amor e graça são coisas diferentes, mas aqui 
funcionam como sinônimos. 
 O amor é a decisão livre – sem razão – de Deus em querer nos 
fazer bem. De forma franca, Deus só deveria ter motivos para rejeitar o 
ser humano, pelo fato de todos terem se rebelado da sua presença. Mas, 
por causa do seu grande e inexplicável amor, ele decidiu e escolheu nos 
aceitar, por isso elaborou este plano salvífico para nos libertar do pecado 
e morte. 
 50 
 A graça funciona como um sinônimo do amor, pois ela é um favor 
que Deus concede a nós sem que tenhamos qualquer mérito. Graça é 
oferecer um presente a quem não pode pagar por isso ou dar uma benção 
para quem merece maldição. 
 Portanto, se quisermos por qual razão Deus escolheu nos salvar do 
pecado e da morte, é essencial compreendermos que nada em nós 
mesmos é capaz de cativar o coração justo de Deus, nem nossas obras ou 
feitos notáveis, pois todos somos igualmente pecadores e nossas boas 
obras não podem compensar nossas atitudes más. Pelo contrário, somente 
o amor e graça livres de Deus são capazes de mover o coração justo de 
Deus em direção de pecadores. É por esta razão que costumamos dizer 
que a graça de Deus é maravilhosa! 
 
3. QUEM PODE NOS SALVAR? 
 O requisito fundamental do Salvador precisa ser a sua total 
santidade e sua total humanidade. Em primeiro lugar, o nosso Salvador 
precisa ser alguém totalmente santo porque um pecador não poderia 
salvar outros pecadores, da mesma forma que um cego não pode devolver 
a vista a outros cegos. Ele precisa ser totalmente livre de pecado para que 
possa resgatar pecadores. 
 Isso nos leva a seguinte pergunta: existe algum ser humano que 
não tenha cometido pecado? E a resposta é obviamente não. É por esta 
causa que o Salvador só pode ser ninguém mais, ninguém menos que o 
próprio Deus. Somente ele comporta o caráter santo e puro que todos nós 
não possuímos. 
 Por outro lado, temos que fazer outra pergunta: Como um Deus 
santo pode receber os pecados dos pecadores? E a resposta é, ele não 
pode. O salario do pecado é a morte, sendo assim, como Deus poderia 
morrer? Novamente a resposta é não, é impossível que Deus morra. A 
 51 
únicaforma de Deus pagar o preço (morte) dos nossos pecados seria se 
ele fosse, além de Deus, totalmente humano. E é por esta razão que Deus 
decidiu encarnar-se. Em outras palavras, o próprio Deus, que não tem 
pecado, precisou encarnar-se, isto é, assumir uma natureza corpórea e 
somente com esta natureza corpórea ele poderia morrer pelos homens. 
 Quem pode nos salvar? Alguém que fosse exclusivamente e 
perfeitamente Deus e homem. Não serviria se fosse apenas Deus ou 
apenas homem, mas necessariamente Deus e homem, como diriam os 
cristãos primitivos: “duas naturezas em uma só pessoa”. Quem é essa 
pessoa que tem duas naturezas, uma divina e outra humana? É o nosso 
senhor Jesus Cristo, ele é o único que pode ser nosso Salvador. 
 É exatamente por isso que Jesus precisava nascer necessariamente 
de uma virgem. Como assim? Caso Jesus tivesse nascido da relação 
natural de um homem com outra mulher, qual seria o resultado? Um 
homem naturalmente pecador. Poderia um homem naturalmente pecador 
dar sua vida aos pecadores? Não, pois não seria santo e impecável. 
Portanto, Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem porque recebeu sua 
plena humanidade de Maria, mas continuou sendo Deus porque a 
fecundação de sua mãe ocorreu por intermédio do Espírito Santo, não 
pela relação sexual normal. 
 De uma forma mais concreta, biologicamente falando, Jesus foi 
trazido à existência por um óvulo humano (Maria) que foi fecundado por 
uma semente – espermatozoide – divina (Espírito Santo). Assim, em uma 
só pessoa Jesus possuí duas naturezas, a divina e humana. O nascimento 
virginal de Jesus não é uma opção, mas uma necessidade, já que não 
haveria possibilidade de Jesus ser Deus e homem ao mesmo tempo sem 
que o fosse por intermédio de um milagre. Veja só o relato de Lucas: 
 
 52 
“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome 
de Jesus [...] Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho 
relação com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o 
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; 
por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de 
Deus” (Lucas 1.31,34-35). 
 
4. COMO ELE PODE NOS SALVAR? 
 Não tendo mais dúvidas a respeito da competência para ser o nosso 
Salvador, precisamos perguntar agora: Como Jesus nos salva dos nossos 
pecados? Em primeiro lugar, por meio da sua obediência. Ele precisa 
passar por tudo o que os seres humanos passaram, mas sem pecar. É por 
isso que o apóstolo Paulo disse: “Porque, como, pela desobediência de 
um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da 
obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Romanos 5.19). Por 
meio da obediência e perfeição moral de Cristo ele adquire, como 
homem, o status de homem perfeito e só assim pode ter a dignidade de 
ser nosso Salvador. 
 Em segundo lugar, ao lado da obediência de Cristo, está o seu 
sacrifício. Paulo diz: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco 
pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” 
(Romanos 5.8). E em outro lugar ele diz: “Antes de tudo, vos entreguei o 
que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as 
Escrituras” (1 Coríntios 15.3). 
Pela sua obediência ele conquistou como homem o direito de ser o 
nosso Salvador, mas somente pela sua própria morte que ele, de fato, nos 
salva do pecado e da morte. Cristo, de fato, foi até a cruz pelos nossos 
pecados, ele morreu em nosso lugar. Portanto, a morte de Jesus foi um 
sacrifício substitutivo: quando ele recebeu a morte, nós pela fé, 
 53 
recebemos o cancelamento da morte. Os teólogos chamam esse 
cancelamento da nossa pena de morte de justificação, isto é, diante de 
Deus somos declarados justos por meio do sangue de Jesus (Romanos 
5.9) Como escreveu John Owen “a nossa morte morreu na morte de 
Cristo”17. 
Em terceiro lugar, por meio da sua ressurreição. Se na cruz Jesus 
cancelou a necessidade da nossa morte, em sua ressurreição ao terceiro 
dia ele nos deu o direito e possibilidade de vivermos uma nova vida, para 
sempre. Note como Paulo resume esse conceito: “Fomos, pois, sepultados 
com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado 
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em 
novidade de vida” (Romanos 6.4). Ele morreu para cancelar a nossa 
morte e ressuscitou para nos devolver a verdadeira vida. 
É por isso que a obediência de Cristo, sua morte e ressurreição são 
tão essenciais para a fé cristã, ao passo que sem essas três coisas, não 
existe fé cristã genuína, como diz Paulo: 
 
“se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé [...] E, 
se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos 
vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se 
a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais 
infelizes de todos os homens” (1 Coríntios 15.14, 17-19). 
 
A LINGUAGEM COMERCIAL DA SALVAÇÃO 
Você irá perceber que ao longo de sua leitura bíblica que existem 
várias maneiras de falar a respeito de nossa salvação. Além da linguagem 
jurídica da salvação (justificação, substituição, condenação, sentença etc.) 
que já vimos acima, há também uma linguagem “comercial” no Novo 
 
17 OWEN, John. Por quem Cristo morreu? São Paulo: PES. 
 54 
Testamento, Cristo nos “comprou” com o seu sangue e nos libertou do 
império de Satanás. Isso tudo está em Colossenses 1.13-14: “Ele nos 
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho 
do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”. 
Vamos analisar isso com mais profundidade. O texto deixa claro 
que Cristo nos libertou do reino das trevas e nos transportou para o reino 
do seu amor. Esse ato de salvação se chama redenção. Redenção 
significa, literalmente, “comprar alguém de volta”. Quando uma nação 
perdia a guerra para outra, os guerreiros perdedores tornavam-se 
prisioneiros e escravos dos inimigos vencedores. Como alguém poderia 
ficar livre desta escravidão? 
Era possível desde que alguém da própria família da pessoa, que 
fosse livre, comprasse-o de volta para o seu país. Em outras palavras, 
para haver libertação, essa pessoa tinha que ser: 1. Livre; 2. Parente da 
pessoa; 3. Ter os recursos; 4. Vontade. O que isso tem a ver com Cristo e 
nós pecadores? 
 Nós estávamos presos e escravizados pelo reino do pecado e pelo 
diabo. Não podíamos alcançar a liberdade por nós mesmos. Porém, Jesus 
Cristo, que é totalmente livre de pecado, nos adotou para Deus Pai, 
pagando o preço dos nossos pecados, por sua própria vontade. O nosso 
salário era a morte, por isso ele nos comprou de volta, morrendo na cruz. 
Suas feridas ganharam a nossa cura. Sua tristeza, a nossa alegria. Sua 
morte, a nossa vida. Chamamos a morte de Cristo por nós de “sacrifício 
substitutivo”, pois o Salvador nos substituiu na cruz: a morte que era para 
ser nossa, Deus depositou na conta dele, e a vida que era para ser dele, 
Deus creditou em nós. 
Assim, Cristo nos liberta do reino das trevas e nos compra de volta 
para o reino do seu amor. Isso é Redenção. Ninguém pode ser realmente 
livre nesta vida sem receber a liberdade de Jesus Cristo. 
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5. QUAIS SÃO OS RESULTADOS PRÁTICOS DA SALVAÇÃO? 
Quando qualquer pecador se aproxima de Jesus, arrependendo dos 
seus pecados e depositando inteiramente sua fé nele, as coisas começam a 
mudar dentre dele. Quando não apenas entendemos, mas cremos de todo 
o coração na morte e ressurreição de Jesus, imediatamente entramos num 
processo de mortificação da nossa velha natureza e nascimento da nova. 
Quais foram as áreas de nossa vida distorcidas pelo pecado? 1. A 
nossa relação com Deus foi quebrada; 2. Nossa relação com o próximo 
foi quebrada; 3. Nossa relação com o mundo foi quebrada; 4. Nossa 
relação com a vida eterna

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