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Aula 3: Os debates teóricos sobre desenvolvimento e meio ambiente
Nas aulas anteriores compreendemos o que é a questão ambiental e como ela se torna um elemento de grande importância na agenda internacional. Através das conferencias e relatórios internacionais, vimos a evolução do tema ambiental através das organizações globais e como elas foram importantes na conscientização do tema e na promoção de ferramentas de cooperação entre os Estados. A fim de compreender, no entanto, as diversas perspectivas defendidas nesses grandes eventos internacionais e exploradas em extensos relatórios e declarações conjuntas, torna-se fundamental conhecer e analisar as diferentes correntes cujas abordagens integram os debates políticos e científicos na temática ambiental.
Assim como outros temas das Relações Internacionais, tais como a atuação dos Estados e questões de segurança internacional, o tema ambiental é cercado de inúmeras polêmicas, desde aquelas que questionam a validade de dados científicos para justificar grandes mudanças de padrão comportamental, até as variadas concepções sobre as saídas para a degradação ambiental e a harmonia na relação entre o homem e a natureza.
Um elemento importante e que devemos nos atentar ao estudar as concepções teóricas dos estudos do meio ambiente é que essas correntes e pensamentos estão por trás de todos os debates na área, portanto são de fundamental importância por servirem de base cientifica e sociológica para a própria compreensão dos fatos ambientais e, logo, na busca de soluções para a degradação ambiental e na formulação de políticas sustentáveis ou, por outro lado, na desconsideração de determinadas analises e prerrogativas.
Como já vimos, a expansão desenfreado do capitalismo promovendo o crescimento econômico mundial ao longo das décadas de 1950 e 1960 trouxeram à tona uma preocupação em torno da sustentabilidade dos recursos naturais e as condições ambientais de vida na Terra num futuro próximo.
Essas analises focadas na questão ambiental, cujo primeiro exemplo pode ser percebido no relatório produzido pelo Clube de Roma, estavam voltadas para a dicotomia entre a preservação ambiental e o crescimento econômico. Importante lembrar que as orientações oriundas do relatório produzido pelo Clube de Roma apontavam na direção do crescimento zero como meio de trazer de volta o equilíbrio do meio ambiente e dos recursos naturais em escala global (MEADOWS, 1992).
Nesse contexto, Ignacy Sachs – acadêmico presente na Conferencia Preparatória para a I Conferencia Mundial do Meio Ambiente da ONU – indicou pela primeira vez a ideia do eco desenvolvimento, referindo-se a um modo de desenvolvimento compatível com a renovação dos recursos naturais a fim de garanti-los às gerações futuras. Essa preocupação, no entanto, não era nova, e para entendermos o desenvolver dos debates teóricos na questão do meio ambiente é necessário voltarmos um pouco no tempo.
Quanto ao meio ambiente
No limiar do sec. XIX para o sec. XX, o ambientalismo começou lentamente a se aproximar das discussões políticas e preocupações reais das elites, sobretudo nos meios acadêmicos e políticos, e isso porque diversas posições sobre o mundo natural – a Terra – começavam a se traduzir em posturas e atores diferenciados. Neste momento, nos Estados Unidos principalmente, emerge o debate entre os preservacionistas e os conservacionistas (LEIS, p. 6. 1992).
Mas quem são esses grupos?
O que pensam?
Os preservacionistas, observando o estágio de desenvolvimento da produção e os danos causados ao meio ambiente, defendiam uma postura radical de preservação ambiental baseada na proteção integral de determinados ecossistemas, com o objetivo de garantir sua intocabilidade pelo homem ou que fossem assimilados pela lógica da expansão do desenvolvimento urbano.
Esse grupo teve um importante papel na criação dos primeiros parques nacionais nos Estados Unidos, como o Parque Nacional de Yellowstone (1872) e o Parque Nacional de Sequoia (1890).
Parque Nacional de Yellowstone, EUA
Sequoia National Park, EUA
Os conservacionistas, por sua vez, admitiam os riscos da exploração dos recursos naturais e também o avançado estágio da degradação produzido pelo desenvolvimento. No entanto, defendiam um uso racional e eficiente justamente como garantia para a preservação. Como assim?
Bem, para os conservacionistas conservar era justamente utilizar a natureza de uma maneira sustentável, consumir adequadamente de acordo com necessidades equilibradas e considerar as necessidades futuras, e não – como defendiam os preservacionistas – guardar esses recursos e ignorar as necessidades humanas.
A maior parte dos movimentos ambientalistas inclusive, se baseia na visão conservacionista, que se tornou, gradualmente, um consenso entre as nações ao longo do sec. XX e está na base das políticas instruídas pela ideia de desenvolvimento sustentável.
Voltando ao debate entre esses dois grupos, os preservacionistas adotavam posições radicais, defendendo que grandes áreas fossem garantidas em sua intocabilidade e fossem, no máximo, usadas para fins recreativos ou educacionais.
Já os conservacionistas defendiam uma postura mais moderada, defendendo a viabilidade em explorar recursos naturais de uma maneira racional, sem promover a degradação ambiental ou extinguir recursos para as gerações futuras.
Além desses dois grupos, convém indicar também os chamados desenvolvimentistas adeptos de que o crescimento econômico deveria acontecer a qualquer custo, sem qualquer preocupação quanto às questões ambientais ou aos danos provenientes da exploração contínua e de grandes proporções sobre os recursos naturais.
“Desenvolvimento, progresso e industrialização transformam-se em termos equivalentes, almejados por todas as nações. Caberia, assim, às nações subdesenvolvidas alcançarem as demais através da industrialização” (NOVAES, p.31, 2000).
Essa concepção compreende que crescimento econômico e desenvolvimento são as mesmas coisas, portanto, é natural ao ser humano – e as suas demandas por desenvolver-se em sociedade – o consumo crescente de recursos naturais e energia.
O homem, a terra, a tecnologia: quem é o centro?
Nas décadas posteriores, os debates dentro da esfera ambiental basicamente se polarizaram entre o antropocentrismo e o ecocentrismo (MENDONÇA, 2009).
O antropocentrismo percebe a natureza como um conjunto de elementos que servem ao homem, e a este todos os direitos de utilização dos recursos naturais através de meios científicos e tecnológicos. Essa concepção se baseia na premissa de que a natureza é um tipo de reserva, sem valor em si ou importância autônoma, ou seja, o papel da natureza seria atender as demandas e necessidades do homem. Logo, todas as consequências da atuação do homem sobre a natureza são legitimadas pelas necessidades naturais da humanidade. Por outro lado, há um aspecto de sustentabilidade a medida que há a necessidade de assegurar a máxima utilização sustentável dos recursos naturais, contando com o controle eficiente do Estado.
O ecocentrismo (ou biocentrismo), ao contrario da premissa anterior que privilegiava o homem, baseia-se na ideia de que a natureza e o mundo natural – a Terra – possuem um valor em si, e não são apenas reservas de recursos para as necessidades humanas. Na verdade, para os defensores desta premissa a natureza já tem um valor em si, mesmo que não apresente recursos necessários ou úteis à humanidade, por isso estão bastante influenciados pelas ideias preservacionistas da proteção total e intocabilidade humana. Logo, há uma incompatibilidade entre as atividades humanas e esse estado de preservação ambiental.
Também podemos falar do tecnocentrismo, cuja característica principal é o otimismo quanto a evolução tecnológica e as soluções que esses meios poderão oferecer em termos de gestão eficiente dos recursos naturais e assuntos afins.
Para os tecnocentristas, a postura cientifica e a racionalidade econômica são elementos fundamentais na compreensão dos problemas ecológicos e próprios da sociedade.
O berço filosóficodo tecnocentrismo encontra-se na revolução científico-tecnológica do século XVII, responsável por colocar a ciência e a tecnologia num alto grau de confiabilidade por parte dos homens.
O tecnocentrismo, então,  pode ser visto como um pensamento antropocentrista, a medida que coloca nas mãos do homem a atuação sobre o meio ambiente, de acordo com suas necessidades e interesses (MC CORMINCK, p. 170, 1992).
Nos dias atuais, tanto o ecocentrismo como o tecnocentrismo se valem de resultados científicos a fim de fortalecer suas proposições e ideias. As interpretações sobre tais resultados, entretanto, diferem de acordo com a linha de pensamento, a ver:
Na visão tecnocentrista a evolução cientifica prova as possibilidades humanas de administrar e dominar a natureza.
Já o ecocentrismo reivindica as relações de harmonia com a natureza amparadas na ecologia e leis naturais.
Raízes teóricas
Embora importante, o debate entre o antropocentrismo, ecocentrismo e tecnocentrismo remonta a outras linhas teóricas que estão na base dessas concepções (LEIS, p. 06,1992). São elas:
Ecologia Profunda: trata-se de um conceito filosófico que enxerga o homem como parte integral da complexa estrutura da natureza, portanto, assim como as outras espécies, o homem deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio da biosfera.
Ecologia Social: este grupo sustenta que os problemas ecológicos estão ligados aos problemas na evolução da própria sociedade sob um sistema político hierárquico e dominante. Dessa forma, apenas medidas tomadas pela coletividade no sentido de romper os tradicionais laços sociais podem surtir efeito sobre as questões ecológicas.
Eco-Socialismo: este pensamento, como o próprio nome indica, se apodera das reflexões marxistas sobre as consequências do capitalismo para analisar a degradação ambiental como resultado da expansão do modelo econômico vigente e dominante, ou seja, o próprio capitalismo. Para os partidários desse pensamento, então, a expansão do capitalismo gerou a exclusão social, a miséria, a guerra e, evidentemente, a degradação ambiental. Eco-socialistas, portanto, defendem que apenas.
Teoria de Gaia 
Também conhecida como Hipótese Biogeoquímica, a Teoria de Gaia baseia-se na proposta de que a biosfera e os elementos físicos da Terra estão completamente integrados, de forma a gerar um complexo sistema interligado que mantém as condições viáveis de sobrevivência e transformação do Planeta Terra, em outras palavras, a Terra seria um super organismo vivo e a biosfera seria um ser único auto regulável.
Proposta pelo cientista britânico James E. Lovelock, a Teoria de Gaia foi originalmente vista com descrédito pela comunidade cientifica internacional, se aproximando apenas de grupos ecológicos, místicos e alguns grupos de investigadores interessados em respostas avessas às tradicionais teorias vigentes.
Ao longo do tempo, no entanto, com o aquecimento global e as transformações climáticas na Terra, a hipótese levantada por Lovelock – que sempre a considerou uma teoria cientifica –, tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre a questão global (PFEIL, 2006).
Teorias sobre economia ambiental
Até agora, vimos diferentes concepções e debates quanto à formulação da questão ambiental e o papel do homem nesse contexto, discutindo a relação humana com a natureza e a representação desta frente às necessidade da humanidade.
Neste ponto, já podemos começar a abordar teorias que visam explicar e indicar caminhos para reverter o processo de degradação ambiental, aceitando, portanto, que a atuação do homem e o desenvolvimento foram – e são – fatores reais e impactantes sobre o meio ambiente.
O Estado e o Sistema Internacional: a questão do meio ambiente
Antes de finalizarmos essa aula, é preciso apresentar um último escopo conceitual, proveniente das posturas recomendadas em âmbito global quando se fala em modelos de gestão internacional do meio ambiente e comportamentos esperados das nações. Importante registrar que, neste item, a base teórica não se constrói a partir de um debate ideológico – como nas primeiras teorias estudadas nessa aula –, ou por uma visão econômica – como no segundo item estudo – mas, como resultado da ação acadêmica, política e diplomática oriunda, sobretudo, de organismos internacionais.
Na verdade, as três abordagens que apresentaremos aqui para compreender a questão da gestão coletiva em meio ambiente, representam importantes movimentos de cooperação internacional, mas não podem ser entendidas dentro de uma abordagem teórica porque, como coloca Marie-Claude Smouts, carecem enormemente de um refinamento teórico típico das ciências sociais no mundo contemporâneo (SMOUTS, p. 135-89, 1998). São elas:
Abordagens Organizacionais
Com grande impacto nos estudos das Relações Internacionais na década de 1960, a ideia de abordagem organizacional nasce nas discussões em torno de um “governo mundial” e da suposta necessidade de regulação, ou legalização, das relações interestatais.
Inicialmente percebe-se um pré disposição em compreender o sistema internacional como um ambiente que caminhava rumo a uma centralização de poder, ou seja, para uma organização ou governo mundial, capaz de unir as principais demandas transfronteiriças ou bens comuns da humanidade através de um mesmo escopo político diplomático.
A governança internacional, portanto, seria justamente o resultado da ação dessas organização no âmbito global.
Como era de se prever, a abordagem organizacional não ganha impulso ao longo do tempo, e isso se da, principalmente, por conta da chamada “crise do multilateralismo” no pós Guerra Fria e a ascensão de diferentes pólos de poder em diversas regiões do globo.
Para muitos autores, mesmo durante a Guerra Fria a abordagem organizacional já entra em declínio por conta do afastamento das grandes potencias desses espaços lineares de decisão política, privilegiando a ação unilateral moldada pelo interessa nacional e pelas demandas típicas da bipolaridade (SUHR, p. 95-6, 1997).
O Estado e o Sistema Internacional: a questão do meio ambiente
Regimes Internacionais
A partir da década de 1970, mesmo com a ausência de um poder central que exercesse o papel de governança global, os autores das Relações Internacionais passam a perceber uma tendência de movimentação de alguns Estados em direção a redes institucionais não hierárquicas ou formalmente estabelecidas. Nesse ambiente surgiam regras implícitas ou explicitas que resultavam na modificação do comportamento dos Estados sob a luz de determinados temas. Em outras palavras, a interação se dá independente de um ente organizacional, ou governamental, superior que possa regular esse relacionamento.  
“Os regimes são estas instituições de caráter não-hierárquico em torno das quais as expectativas dos atores convergem.
Eles são deliberadamente construídos pelos atores com o propósito de mitigar o caráter de auto-ajuda das RI ao demonstrar aos Estados a possibilidade de obter ganhos conjuntos por meio da cooperação” (HASENCLEAVER, p.3, 2000).
Alguns autores, como Robert Keohane, compreendem os regimes internacionais como modelos que “involuntariamente” interferem na atuação do Estado, gerando resultados esperados no ambiente internacional. Segundo o Professor Arthur do Amaral, os regimes internacionais ganham cada vez mais importância nas relações internacionais contemporâneas e na formação de cooperação e modelos de comportamento frente aos desafios da agenda internacional atual (AMARAL, n. 10, 2010).
“Regimes internacionais são definidos como princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão, sobre os quais as expectativas dos atores convergem em uma determinada área temática” (KRASNER, p. 01, 1995).
ATIVIDADE PROPOSTA
Atividade de sensibilização
 Em 1972, foi realizada a I Conferência Ambiental de Estocolmo com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre as consequências do desenvolvimento sobre o meio ambiente e, assim, atender as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras. A conferência dasNações Unidas foi a primeira atitude mundial voltada para a preservação ambiental. Acreditava-se, então, que o meio ambiente fosse uma fonte inesgotável, mesmo reconhecendo a desigualdade na relação do homem com a natureza. De um lado os seres humanos gananciosos tentando satisfazer seus desejos de conforto e consumo; do outro, a natureza com toda a sua riqueza e exuberância, sendo a fonte principal para as ações dos homens e, portanto, em crescente processo de degradação.
Com a conferência de Estocolmo, esse pensamento foi modificado e os principais problemas ambientais são apontados. A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu, então, lançar a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Como podemos entender essa atitude das Nações Unidas?

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