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Aula 8

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Aula 8: O Brasil e o cenário ambiental e global
Atividade de Sensibilização
Leia o texto a seguir:
Em 1983, a Natura colocou no mercado o primeiro refil para produtos de alto consumo no Brasil, como shampoos e desodorantes. A medida contribuiu para a redução do uso de água, energia e matéria-prima para a confecção de embalagens.
Além da economia na produção, o lançamento do primeiro refil foi um importante marco na abordagem da questão ambiental na Natura, segundo Rodolfo Guttilla, diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da Natura. “Aos poucos essa variante foi sendo incorporada à estratégia da empresa e novas oportunidades de negócios foram identificadas, como a linha Ekos, lançada em 2000. Os produtos dessa linha são desenvolvidos a partir de ativos da biodiversidade brasileira, extraídos e processados de forma sustentável.
Essa postura tornou-se um diferencial competitivo e teve influência na conquista de novos mercados, inclusive no exterior”, afirma Guttilla (Revista Socioambiental, 2008).
Detentor de algumas das características mais importantes do mundo quando se fala em meio ambiente e natureza, o Brasil ganha destaque nos debates internacionais e chama atenção no modo como cuidamos de nossas florestas, recursos hídricos, ecossistemas e espécies animais e vegetais. Temos em nosso território a maior parte da maior floresta do mundo, a Amazônia; possuímos um dos maiores reservatórios de água portável do planeta, também na bacia amazônica; nossa biodiversidade de espécies ocupa cerca de 2/3 de toda a biodiversidade global; já fomos chamados de “pulmão do mundo” por conta da capacidade de nossas árvores em relação à emissão de carbono e, como se não bastasse, começamos o séc. XXI anunciando a maior descoberta de petróleo em todo o mundo nos últimos 50 anos.
Detentor de algumas das características mais importantes do mundo quando se fala em meio ambiente e natureza, o Brasil ganha destaque nos debates internacionais e chama atenção no modo como cuidamos de nossas florestas, recursos hídricos, ecossistemas e espécies animais e vegetais. Temos em nosso território a maior parte da maior floresta do mundo, a Amazônia; possuímos um dos maiores reservatórios de água portável do planeta, também na bacia amazônica; nossa biodiversidade de espécies ocupa cerca de 2/3 de toda a biodiversidade global; já fomos chamados de “pulmão do mundo” por conta da capacidade de nossas árvores em relação à emissão de carbono e, como se não bastasse, começamos o séc. XXI anunciando a maior descoberta de petróleo em todo o mundo nos últimos 50 anos.
A inserção do ambientalismo no Brasil
Como já vimos, uma das primeiras iniciativas no sentido de proteção ambiental se deu com a criação de parques ambientais nos Estados Unidos, fato que também pode ser identificado ainda no Brasil Imperial com a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 1808, sob forte influência dos ideais preservacionistas e repouso cultivado na Alemanha e Inglaterra.  No âmbito artístico, a exuberância da flora e fauna local também esteve fortemente presente entre os anglo-saxônicos em países coloniais, dando peso significativo à importância do meio ambiente no Brasil como fator diferenciado frente às outras regiões conhecidas e administradas pelos impérios europeus.
As lutas ambientalistas e o conservacionismo, no entanto, somente se aproximariam da sociedade brasileira com a influência dos movimentos de contracultura na década de 1960, quando nos Estados Unidos grupos e ativistas políticos começavam a questionar o status quo e a manutenção de velhos modismos de consumo, cuja valorização morava na imagem do consumo voraz e contínuo do american way of life. Mesmo sobre a forte repressão da ditadura militar brasileira, não demorou a surgir no cenário civil de grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, os primeiros movimentos influenciados pelas atitudes preservacionistas e conservacionistas voltados para a questão ecológica e a preservação de matas regionais (WALDMAN, 1992).
Importante notar que durante os governos militares houve uma clara escolha política pela manutenção do latifúndio agrícola e a adoção de medidas de modernização no campo com vistas à grande produção agrícola, sobretudo no setor de grãos. Esse processo pode ser verificado na ação do governo em incentivar a atração de empresas estrangeiras do setor de insumos químicos, maquinários e equipamentos de grande escala para a produção no campo. Além disso, viu-se a criação de centros e órgãos de pesquisa como a EMBRAPA, EMBRATER  e as EMATERs, cujos objetivos eram garantir competitividade ao produto agrícola nacional frente aos nossos solos e clima (FRONCHETI, p. 17, 2001).
Conscientização global sobre o meio ambiente
A mudança na conscientização global sobre o meio ambiente gerou pressões sociais em todos os níveis, também a mídia passou a exercer uma importante função na disseminação dos temas ambientais na sociedade brasileira com a crescente produção de matérias jornalísticas e, ate mesmo, com a teledramaturgia que incorporava as questões ambientais e as mazelas do subdesenvolvimento nos folhetins dos canais de televisão.
A Agenda Política Brasileira
Como já é possível perceber, após a Rio-92 o tema ambiental entra de vez para a agenda política, empresarial e social no país. Para muitos autores, um dos grandes legados da conferência de 1992 foi colocar o Brasil como protagonista do tema para a sua própria sociedade, que ainda não vislumbrava ou compreendia a importância da preservação do ecossistema apropriadamente (SETUBAL, p. 13, 198).
Uma das questões que se tornou latente foi a posição do país vis a vis suas vantagens estratégicas, tais como o uso em larga escala da energia hidrelétrica, um programa de biocombústivel consolidado, possibilidades de exploração de energias eólica e solar e, em destaque absoluto, a riqueza da biodiversidade amazônica. Por outro lado, percebeu-se a urgência de políticas voltadas para a ocupação ordenada na própria Amazônia e a exploração sustentável de seus recursos.
A questão das queimadas, inclusive, se tornou alvo de duas preocupações: a destruição da biodiversidade e a contribuição na emissão de gases do efeito estufa. Estima-se que em 1994, por exemplo, graças a uma matriz energética relativamente limpa, a emissão de carbono a partir do uso do solo e incêndios florestais tenha chegado ao patamar de 210 milhões de toneladas, enquanto que a emissão decorrente da queima de combustíveis em torno de 70 milhões de toneladas.
O que comprava a disparidade do Brasil em relação aos países desenvolvidos onde a emissão por queima de combustível pelas indústrias e automóveis é amplamente maior. O desmatamento da Amazônia, no entanto, responsável pela emissão média anual de 200 milhões de toneladas de carbono entre os anos de 1989 e 1998 coloca o Brasil como um dos maiores poluidores do mundo, representando cerca de 5% das emissões globais (HOUGHTON, p. 301-04, 2000)
Para entender melhor a evolução do tema ambiental na agenda política nacional, vamos analisar a postura dos governos federais desde a década de 1990, quando é realizada a Rio-92.
Governo Collor (1990 – 1992). 
Embora a posição pró meio ambiente do Presidente Collor seja vista por muitos autores como uma iniciativa política para ganhar força internacional e apoio na implantação de uma política econômica neoliberal no Brasil, de fato é em seu governo que algumas medidas importantes serão tomadas.
A fim de “modernizar” a economia nacional, Collor aplicaria um modelo econômico altamente dependente dos investimentos estrangeiros e da vinda de empresas dos países desenvolvidos para o território brasileiro.
Como a questão ambiental estava tomando um lugar de destaque na agenda política internacional e já estava entre as três maiores prioridades nos países ricos a defesa do meio ambiente, era preciso gerar nos hemisfério norte um reconhecimento quanto a evolução da preocupação ambiental no Brasil.
Collor, então, percebe que a Conferência de 1992 seria a grande oportunidadepara “mostrar serviço” ao mundo (VIOLA, p. 10, 1988).
Neste quesito, o governo reconheceria tanto na preparação quanto na sua atuação na conferência de 1992 a importância do tema ambiental e a prioridade que deveria assumir na agenda política internacional.
Também seria colocada a diferenciação de responsabilidade dos países ricos e pobres sobre a degradação ambiental, sem esquivar os países subdesenvolvidos de um papel no enfrentamento do problema.
Logo no primeiro ano de governo, a Amazônia se torna foco de atenção e meio através do qual se perceberia uma mudança na ação dos órgãos públicos quanto ao desenvolvimento na região.
Somadas à proteção ambiental, as decisões do governo rapidamente colocaram o presidente como um nome forte nos meios internacionais onde o debate “verde” ganha espaço. As principais ações foram:
1. Continuidade de medidas que suspendiam apoio econômico dos órgãos públicos para a agropecuária na Amazônia.
2. Aumento no monitoramento para prevenir e multar o desflorestamento, obtendo queda de 50% no desmatamento entre março e outubro de 1990.
3. Elaboração de um programa de desenvolvimento econômico baseado em limites ecológicos e macrozoneamento.
4. Interrupção permanente do programa nuclear brasileiro. Somadas à proteção ambiental, as decisões do governo rapidamente colocaram o presidente como um nome forte nos meios internacionais onde o debate “verde” ganha espaço. As principais ações foram:
No contexto ambiental, o BNDES se torna um importante apoiador de projetos de despoluição, colocando o saneamento básico pela primeira vez no centro dos gastos públicos.
Também é feita a demarcação da reserva Yanomami  atendendo às reivindicações indígenas e o reconhecimento da responsabilidade dos países do Conesul em relação à  questão ambiental, que é formalizada com o Pacto Amazônico e no âmbito do Mercosul.
Ao longo do ano de 1991, no entanto, as próprias medidas macroeconômicas de contenção de despesas adotadas pelo governo começam a inviabilizar o funcionamento de órgãos ligados ao setor ambiental, e a retórica ambiental não se traduz, de fato, em realocação de gastos públicos e investimentos em medidas de proteção ambiental (MOURA, 1996).
Governo Itamar Franco (1992 – 1994)
Mesmo tendo sido neste governo a criação do Ministério do Meio Ambiente, pouca coisa foi obtida em termos de sucesso e envolvimento do executivo nas questões ambientais, principalmente porque a agenda política nacional estava imersa em questões emergenciais de curto prazo, como a inflação, a crise política desencadeada pelo impeachment de Collor e a estagnação em termos de crescimento econômico e aumento do desemprego.
De modo geral o Ministério do Meio Ambiente ficou praticamente paralisado devido à perda de importância do tema ambiental frente aos problemas econômicos e sociais do país, a postura política do Ministro Coutinho Jorge distante de uma formação técnica no setor e, também, a menor sensibilidade do presidente em exercício com o tema ambiental.
Somado a esse cenário, o Ministério da Fazendo teve grande dificuldade em aprovar financiamentos internacionais por não conseguir garantir as contrapartidas exigidas do Tesouro Nacional, além do corporativismo que tomou os funcionários do IBAMA, bloqueando reformas administrativas fundamentais para dar funcionalidade e eficiência aos seus trabalhos.
Em 1993, a Amazônia volta ao noticiário internacional por conta do massacre de vinte índios Yanomami em sua reserva em Roraima, chamando a atenção da mídia e das ONGs estrangeiras. Sob pressão dos setores militares que temiam, inclusive, uma quebra de soberania na Amazônia por parte de forças políticas e militares estrangeiras, é criado um moderno sistema de controle aéreo na região, denominado Projeto SIVAM. e também um órgão de coordenação das ações governamentais na região Amazônica posteriormente fundido com o Ministério do Meio Ambiente.
O processo eleitoral para eleger o substituto de Itamar Franco não representou qualquer preocupação com a questão ambiental, e todos os candidatos pautavam suas agendas nas questões de governabilidade e reestruturação de planos econômicos para fins de estabilidade macroeconômica e controle da inflação. Mesmo que a maior parte dos ambientalistas tenha prefiro a candidatura do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, a maior parte da população brasileira consolidou seu voto no nome que apresentava credenciais no combate aos problemas econômicos nacionais: Fernando Henrique Cardoso.
Em termos gerais o ambientalismo entra num processo de enfraquecimento no Brasil, sem nenhuma capacidade de articulação política que pudesse ser traduzido na eleição de nomes oriundos de quadros técnicos do setor ambiental ou pressões para a retomada da agenda ambiental, tal qual aconteceu por ocasião da Rio-92 (FERREIRA E VIOLA, 1996).
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 1998/1999 - 2002)
O primeiro mandato de FHC é marcado pela reconstrução da governabilidade amplamente comprometida pelos eventos decorrentes do afastamento do então Presidente Collor e a deterioração das condições econômicas na virada da década de 1980 para 1990, com isso as questões ambientais permanecem num plano secundário, recebendo atenção principalmente de setores organizados da sociedade civil, ONGs e atores transnacionais.

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