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Aula 11 - Criminologia - Carreira Jurídicas 2021

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Aula 11
Criminologia p/ Carreira Jurídica 2021
(Curso Regular)-Profs. Paulo Bilynskyj e
Beatriz Pestilli
Autores:
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo
Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
Aula 11
19 de Abril de 2021
35881692373 - Batista Lima Souza
 
 
 
Sumário 
1 – Considerações Gerais ......................................................................................... 2 
2 – Introdução ......................................................................................................... 2 
3 – A Interação da Criminologia com outras Ciências ............................................... 4 
3.1 – A criminologia c/c ciência penal ................................................................................... 7 
3.2 – A Criminologia c/c a Psicanálise ................................................................................. 14 
4 – Delinquentes por sentimento de culpa ............................................................. 17 
5 – Delinquentes que se creem justificados de seus atos ....................................... 18 
6 – Delinquentes porque não desenvolveram metas nem inibições morais ........... 20 
7 – Síndromes criminológicas pensadas a partir da psicanálise .............................. 21 
▪ Vitimologia ................................................................................................................................................ 22 
▪ Vitimização ................................................................................................................................................ 25 
7.1 – Síndrome da Barbie .................................................................................................... 28 
7.2 – Síndrome da Mulher de Potifar .................................................................................. 29 
Destaques à Legislação e Jurisprudência ............................................................... 31 
Resumo ................................................................................................................. 42 
Considerações Finais .............................................................................................. 52 
Questões Comentadas ........................................................................................... 53 
Lista de Questões .................................................................................................. 62 
Gabarito ............................................................................................................................... 68 
 
 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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NOÇÕES INICIAIS SOBRE PSICOPATIA E PSICANÁLISE 
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Trabalharemos na aula de hoje as Noções iniciais de Psicologia e Psicanálise. 
Destaque-se que nossas aulas são fundamentadas em várias doutrinas modernas e 
consagradas. O nível teórico do nosso material exige uma bibliografia robusta. Por esta 
razão, ao longo desta aula utilizaremos inúmeras citações de doutrinadores consagrados. 
Dentre eles, destacamos em especial as bibliografias do Mestre JUAN PABLO MOLLO, 
traduzido por Yellbin Morete Garcia. 
Além disso, também foram fontes especiais de consultas as obras do Prof. e Mestre, 
Eduardo Viana e também do Mestre José Cesar Naves de Lima Júnior. Nos apoiaremos 
também em doutrinas mais resumidas como a dos Professores Eduardo Fontes, Henrique 
Hoffmann, Natacha Alves de Oliveira, além da clássica e moderna doutrina escrita por 
Christiano Gonzaga, entre outros doutrinadores. 
Isso é feito com propósito único: trazer a vocês as diversas correntes existentes além dos 
posicionamentos adotados pelas Bancas Examinadoras (que podem ser divergentes). O 
estudo dessa parte é totalmente teórico e conceitual, afinal, são diversas as correntes de 
pensamentos que, ao longo da História, moldaram a Criminologia, a Psicologia e o próprio 
Direito. 
Portanto, aproveite o curso e atente-se aos destaques. As provas de Carreiras Jurídicas 
cobram exaustivamente posicionamentos doutrinários. 
 
2 – INTRODUÇÃO 
Guerreiros, 
Uma das grandes discussões que ainda prevalece no ramo da Criminologia é sua interação 
com os outros ramos das ciências do saber. 
Polêmicas à parte, não se pode desprezar que essa interação é real e que a Criminologia 
possui íntima relação com outros grandes campos de investigação, como por exemplo, as 
ciências criminais e também com a Psicanálise. 
Veremos neste módulo que a aplicação das ciências criminais somada à Criminologia 
funciona como um tripé que produz inúmeros impactos no mundo legislativo – foi o que 
aconteceu em nosso Código Penal. Demonstraremos esses impactos nas alterações feitas 
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na reforma penal de 1984, tendo como principal justificativa aplicação conjunta da tríplice: 
Direito Penal, Política Criminal e, sobretudo, o estudo da Criminologia. 
Obviamente, isso não é tudo. 
Outra ligação imprescindível da Criminologia com a ciência do saber que merece destaque é 
sua ligação com o comportamento humano, diga-se de passagem, com a Psicanálise. 
É, com toda certeza, uma conditio sine qua no, considerando as inúmeras síndromes que 
são estudadas pela Criminologia, mas que foram inicialmente pensadas na Psicanálise. 
É que a Psicanálise possibilita que o investigador visite as entranhas da mente criminosa 
sendo possível que, a partir disso, entenda as motivações que cercam o crime e, 
principalmente, as vontades que estão sendo satisfeitas. A partir dessas informações, pode 
a psicanálise desvendar inúmeras questões relacionadas a criminalidade. 
Noutro giro, a Criminologia, ao contrário do Direito Penal, é mais ampla e menos afeta à 
rigidez da dogmática penal, permitindo-se uma exploração mais livre de vários fenômenos 
criminosos. No Direito Penal, como se vê dos estudos básicos de qualquer doutrina, a 
análise é fechada em três categorias imutáveis para a imposição final de uma sanção, quais 
sejam: fato típico, antijurídico e culpável. Nada pode ser ampliado fora desses limites sob 
pena de violar o já citado princípio da legalidade e toda a estática dogmática penal. De 
outro lado, a Criminologia permite uma gama infindável de atuação em vários outros ramos 
dos saberes, notadamente a Psicanálise1. 
No cenário da Criminologia nacional, Salo de Carvalho2, destaca: 
 
“A Criminologia, porém, em decorrência da fragmentação interna e do desenvolvimento de inúmeros 
discursos com matrizes epistemológicas distintas (v.g. Antropologia, Sociologia, Psicologia, 
Psiquiatria, Psicanálise), diferente do Direito Penal, não logrou delimitar unidade de investigação. A 
pluralidade de discursos criminológicos, com a consequente diversidade de objetos e de técnicas de 
pesquisa, tornou ilimitadas as possibilidades de exploração, podendo voltar sua atenção ao criminoso, 
à vítima, à criminalidade, à criminalização, à atuação das agências de punitividade, aos desvios não 
criminalizados e, inclusive, ao delito e ao próprio discurso dogmático”. 
 
Note que a Criminologia trabalha de forma livre no estudo de seus objetos, porém adota a 
Psicanálise como referente influente para seu método de estudo, uma vez que ela 
proporciona uma análise crítica e sem amarras dogmáticas aos mais variados fenômenos 
criminosos, ofertando, inclusive, inúmeras síndromes que podem facilmente ter aplicação 
no estudo do criminoso, como exemplo: Delinquentes por sentimento de culpa, 
 
1 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. SãoPaulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 26. 
2 CARVALHO, Salo de. Antimanual de Criminologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 46-4. 
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Delinquentes justificados, Delinquentes por ausência de metas ou inibições morais, 
Síndrome da Mulher de Potifar, Síndrome da Barbie etc. 
 
É o que veremos no decorrer da aula de hoje. 
Vamos lá! 
3 – A INTERAÇÃO DA CRIMINOLOGIA COM OUTRAS CIÊNCIAS 
Guerreiros, 
Alguns pontos relacionados à disciplina da Criminologia ainda são muito controvertidos na 
doutrina, como a Vitimologia e as funções da Criminologia, por exemplo. 
Além disso, outra atual e principal controvérsia sobre a Criminologia, versa sobre as 
disciplinas que compõem ou não o campo da Criminologia e sua interdisciplinaridade. 
No tocante à Vitimologia, como pode ser conferido no capítulo específico, não se questiona 
a sua pertinência à Criminologia, mas sim o seu maior ou menor grau de autonomia no seio 
daquela. 
Já em relação às polêmicas relacionadas às funções da Criminologia, tem-se uma posição 
mais fundamentada que vai dizer que a função prioritária da Criminologia é apontar um 
âmago de conhecimentos não apenas seguro, mas também fundamentado sobre seus 
objetos de estudo, quais sejam: o crime, criminoso, vítima e o controle social. Assim, após 
o condensar desse âmago de pensamentos, a Criminologia, é capaz de fornecer um 
diagnóstico mais real sobre o fato criminal, ofertando respostas seguras para a solução dos 
problemas indicados. Não é demais destacar que todo esse conjunto de respostas ofertado 
pela Criminologia é resultado de um método interdisciplinar e empírico, já que o estudo 
concreto sobre o fenômeno social só pode ser alcançado se feito a partir da dimensão do 
problema. 
Por outro lado, a moderna doutrina vai dizer que, a Criminologia, tem tríplice função. Neste 
sentido, posicionam-se Luiz Flávio Gomes e García-Pablos de Molina afirmando que a 
Criminologia, é fundamentada em: 
i. Explicar e prevenir o crime; 
ii. Intervir na pessoa do infrator; e 
iii. Avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime. 
 
Sobre a primeira função, esta é implícita quando se analisa o crime numa perspectiva 
sociológica, conforme visto acima, sendo a prevenção a forma como ele será evitado. 
Em relação à segunda função, é especial, pois atua diretamente na pessoa do delinquente, 
podendo neutralizá-lo, reprimi-lo ou ressocializá-lo. Alguns doutrinadores vão afirmar que, 
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esta segunda função, proporciona o estudo da prevenção especial da pena, apontada em 
Direito Penal, mas com enfoque na disciplina de Criminologia. Não é demais lembrá-lo que, 
nesses casos, há a prevenção especial que pode ter efeitos positivos quando busca a 
reinserção do criminoso no seio social - fenômeno da ressocialização -, e efeitos negativos, 
quando apenas neutraliza o criminoso, colocando-o numa prisão, por exemplo, com a 
finalidade apenas de evitar novos crimes. 
Finalmente, na terceira função, os modelos de reação ao crime são apontados como 
aqueles que, na análise criminológica, são eficazes para evitar ou parar ou reduzir o 
nascimento da delinquência. 
Finalmente e, de forma resumida, em relação à divergência sobre as disciplinas que 
compõem ou não o campo da Criminologia, podemos destacar duas concepções sobre o 
tema. 
De um lado, tem-se um entendimento amplo sobre o referido sistema, patrocinado pela 
Escola Austríaca também conhecida como enciclopédica. Para esta corrente, pertencem à 
Criminologia todas as disciplinas que se ocupam do estudo da realidade criminal em suas 
diversas fases ou momentos, tanto no estritamente processual, como no político-
preventivo ou no repressivo. (MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. 
Criminologia – Introdução a seus fundamentos teóricos. 2. ed. São Paulo: RT, 1997. p. 39). 
Noutras palavras, significa dizer que a posição enciclopédica, em virtude do próprio nome, 
aceita muitas disciplinas como uma extensão da Criminologia, sendo que, neste caso não há 
uma autonomia daquelas em relação a esta. 
De outro lado, a ideia estrita prevalece. 
Ao contrário do que afirmam os defensores da Escola Austríaca, para a tese estrita algumas 
disciplinas devem ficar excluídas, em especial, ascendem maiores polêmicas as disciplinas 
de Penologia, a Criminalística, e a Profilaxia. 
Isso significa que, para esta tese, há uma autonomia das referidas disciplinas em relação à 
Criminologia. 
 
 
 
▪ Quais disciplinas integram o campo da Criminologia? 
 
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▪ E agora Bilynskyj, em prova, qual posicionamento devo adotar? 
Considerando a existência consolidada de duas vertentes sobre o tema, caso o 
tema seja explorado em eventual questão dissertativa, o ideal é que o candidato 
demonstre ambos os posicionamentos do sistema em vigor. Assim, ficará 
demonstrado o domínio sobre o assunto. 
 
Neste sentido, sobre a interdisciplinaridade, não é demais esclarecer que a Criminologia se 
relaciona com várias áreas do saber, é o que prevalece, portanto é sim INTERDISCIPLINAR. 
Pode-se dizer que isto é resultado da interação nas várias soluções propostas para 
problemas sociais que surgem da criminalidade. 
 
Que fique claro! 
Não se busca a multidisciplinaridade: - reunião de vários conhecimentos que, 
embora se encontrem, não guardam reciprocidade de informações. 
Ao contrário, busca-se na Criminologia a troca de informações e de saberes entre 
as várias ciências existentes, sem desprezar qualquer que seja a ciência. São 
exemplos das ciências aproveitáveis recorrentemente ao campo da Criminologia: 
Escola Austríaca/
Enciclopédica 
Pertencem à 
Criminologia todas as 
disciplinas que se 
ocupam do estudo da 
realidade criminal 
Ideia estrita 
Deve-se excluir do 
campo da 
Criminologia 
algumas disciplinas.
Dentre elas, em 
especial, a 
penologia, a 
criminalística e a 
Profilaxia
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Biologia Criminal, Sociologia Criminal, Direito Penal, Política Criminal, 
Psicanálise etc. 
Vale dizer que a finalidade precípua é oferecer resposta adequada ao fenômeno 
da criminalidade. 
3.1 – A CRIMINOLOGIA C/C CIÊNCIA PENAL 
Muito se pergunta sobre a relação entre o Direito Penal, a Política Criminal e a Criminologia. 
Nas palavras de Christiano Gonzaga [Criminologia, 2018, p. 21]: 
 
“A Política Criminal é como se fosse um filtro das inúmeras soluções apresentadas pela Criminologia, 
de forma a escolher aquelas que sejam as mais viáveis em dado momento histórico e implementá-las 
legalmente, no combate à criminalidade. É a consubstanciação das experiências alcançadas pela 
Criminologia, ou seja, transformar pensamentos em realidades, escolhendo aquelas que sejam mais 
adequadas para aquele tipo de sociedade, permitindo-se a transformação social. Por meio da Política 
Criminal, os legisladores escolhem as soluções ofertadas pelos criminólogos e votam as leis penais, 
criando-se a regra social a ser seguida por todos, com o famosoefeito erga omnes. Assim, o processo 
de criminalização de uma conduta sempre irá passar pela Política Criminal, pois a escolha daquilo que 
vem a ser proibido deverá passar pelo crivo dos legisladores após uma longa maturação de 
pensamentos. Mais à frente, será tratado de forma especificada o processo de criminalização, que 
pode ser dividido em primário, secundário e terciário, com especial atenção para o fenômeno da 
criminalização primária que tem especial relevo para a atuação do legislador penal na elaboração das 
leis penais. Na mesma linha de pensamento, a transformação das ideias da Criminologia em 
realidade, isto é, o saber positivado, constitui o próprio Direito Penal. Esse é o resultado final da 
Criminologia, passando-se pela Política Criminal, que é a forma de se tornar lei aquilo que a 
Criminologia experimentou. 
 
Significa dizer que, de um lado, a Política Criminal é a resposta mais viável que os 
formadores de leis terão para aquele tipo de situação vivenciada e estudada pela 
Criminologia, enquanto o Direito Penal é estabelecido como um esboço de condutas que, 
de um lado, prescrevem determinadas teorias adotadas pelo legislador na Parte Geral, de 
outro, estabelece as condutas proibidas pelo ordenamento jurídico na Parte Especial, com a 
consequente aplicação de penas para quem descumpri-las. 
Não é demais lembrá-los que toda essa sistematização é feita sob o princípio da legalidade, 
isso significa que somente a lei ordinária federal é que pode tratar de matéria de Direito 
Penal. É o que estabelece a nossa Carta Magna, in verbis: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
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I – Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do 
trabalho; 
 
Autores como Gomes e Molina3 diferenciam práticas entre a Criminologia, a Política 
Criminal e o Direito Penal, da seguinte forma: 
 
“A política criminal é uma disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas 
mais adequadas para controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz entre o direito penal e a 
criminologia, facilitando a recepção das investigações empíricas e sua eventual transformação em 
preceitos normativos. Assim, a criminologia fornece o substrato empírico do sistema, seu fundamento 
científico. A política criminal, por seu turno, incumbe-se de transformar a experiência criminológica 
em opções e estratégias concretas assumíveis pelo legislador e pelos poderes públicos. O direito penal 
deve se encarregar de converter em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias o saber criminológico 
esgrimido pela política criminal.” (Grifo nosso) 
 
Note que a Criminologia, a Política Criminal e o Direito Penal são vertentes das ciências 
criminais, sendo, portanto, indispensáveis para o completo e correto estudo da 
criminalidade. 
Resultado da aplicação conjunta desta aplicação tríplice do saber muito utilizado pela 
doutrina é o estudo do comportamento da vítima para fins de dosimetria de pena, por 
exemplo. 
É que, se para a Criminologia a vítima é relevante e indispensável, para o estudo do crime a 
Política Criminal recebe essa preocupação como razoável e, por isso, positiva o 
comportamento da vítima como algo relevante à dosimetria da pena, por exemplo. É o que 
ocorre no art. 59, do CP, in verbis: 
 
Fixação da pena 
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da 
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
3 MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia – Introdução a seus 
fundamentos teóricos. 2. ed. São Paulo: RT, 1997. p. 39 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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O mesmo ocorreu com o arrependimento posterior, instituto que dá importância ao 
comportamento do criminoso que, se de forma voluntária reparar o dano que ele causou e, 
preenchendo outros requisitos, pode ter sua pena diminuída, é o que diz o art. 16 do CP: 
 
 Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena 
será reduzida de um a dois terços. 
 
Perceba que um dos objetos de estudo da Criminologia neste caso (o comportamento do 
criminoso), foi considerado para criação do tipo penal. 
Com as atenuantes inominadas, ocorre algo similar. O Art. 66, CP diz que: 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior 
ao crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Neste caso, conforme bem destaca o Mestre Christiano Gonzaga (Criminologia, 2018) 
acerca da atenuante inominada, deve ser feita uma análise mais pormenorizada, uma vez 
que as ideias previstas nos estudos da Criminologia foram muito bem destacadas para a sua 
concepção. É que, ao analisar os controles sociais formais, nota-se que o Estado censura 
inúmeras condutas desviantes, no entanto, ele mesmo cria criminosos ao omitir-se no 
provimento à sociedade de direitos sociais mínimos como aqueles previstos no rol do art. 6º 
da Constituição Federal de 1988: 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS SOCIAIS 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
 
Perceba que a ausência do Estado ou a sua omissão em relação a seus deveres, acaba por 
implicar no fenômeno do determinismo social¸ aquele cujo meio determina o homem. É a 
partir dessa realidade, por exemplo, que surge a teoria da coculpabilidade, delineada no 
art. 66 do CP, em que o Estado deve assumir sua parcela de culpa nos casos em que a 
pessoa entra para o mundo do crime por falta de opção. 
 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Zaffaroni alertou para um menor âmbito de autodeterminação por causa de 
fatores sociais, sendo possível falar numa maior vulnerabilidade por parte de 
pessoas que povoam os “grotões de pobreza’’. Tais pessoas, por serem mais 
vulneráveis às causas exógenas, deveriam fazer jus a algum tipo de benefício 
penal. Nasce, assim, a ideia de coculpabilidade intitulada por Zaffaroni em sua já 
citada obra, em que afirma que a sociedade deve arcar com a alta 
vulnerabilidade a que está exposta grande parcela da população. A 
coculpabilidade permitiria que o Estado-Juiz pudesse conceder algum tipo de 
benefício penal para os chamados “vulneráveis sociais”, sendo no Direito Penal 
brasileiro a aplicação da atenuante inominada do art. 66 do Código Penal a sua 
correta manifestação. 
 
 Art. 66 - A penapoderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou 
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
 
Em outras palavras, como o Estado-Executivo não conseguiu prover os direitos 
sociais citados acima (saúde, educação, moradia etc.), agora, o Estado-Juiz, ao 
aplicar a pena por algum tipo de infração penal cometida pelo vulnerável-
delinquente, deverá arcar com sua parcela de culpa na prática da infração penal, 
daí o nome coculpabilidade remeter à ideia de concorrência de culpas entre 
delinquente e Estado-Executivo; este último assume a mea-culpa e, por meio do 
Estado-Juiz, aplica a atenuante do art. 66 do Código Penal. Deve ser lembrado 
que a expressão coculpabilidade aqui utilizada está referindo-se à medida de 
pena que será dividida entre Estado e criminoso, ou seja, culpabilidade não 
enquanto elemento do crime na visão tripartida ou analítica, mas sim àquela que 
incide na dosimetria da pena e está inserida no art. 59, caput, do CP, permitindo-
se a adequação da pena de forma a compensar a ausência estatal na consecução 
dos direitos sociais básicos4. 
 
 Fixação da pena 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem 
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se 
cabível; 
 
4 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 23. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Perceba que é como se Estado estivesse assumindo a sua parcela de culpa na criação 
daquele criminoso e respondendo com ele, mas de forma a diminuir a reprimenda, pois 
impossível o Estado responder criminalmente por isso, então o próprio Estado aplica a 
atenuante como forma de dividir a responsabilidade (Christiano Gonzaga, 2018, p. 40). 
Guerreiros, mas não é só a aplicação conjunta da tríplice: Direito Penal, Política Criminal e 
Criminologia, que resultou em inserções de dispositivos no Código Penal que merece 
destaque. Merece menção o fato de alguns dispositivos terem sido retirados do nosso 
Código, como ocorreu com a retirada do sistema do duplo binário, que foi substituído pelo 
sistema vicariante, também chamado de alternativo, por influência do estudo da 
Criminologia. 
Ambos os sistemas versam sobre a aplicação de medida de segurança, em que, para este, o 
juiz aplica ao imputável uma sanção criminal e ao inimputável uma medida de segurança 
detentiva ou ainda um tratamento ambulatorial, na forma do art. 96 do CP: 
 
TÍTULO VI 
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 Espécies de medidas de segurança 
 Art. 96. As medidas de segurança são: 
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro 
estabelecimento adequado; 
 II - sujeição a tratamento ambulatorial. 
 Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que 
tenha sido imposta. 
 
Enquanto para aquele prevalecia a penalidade dupla, ou seja, tanto a aplicação de medida 
de segurança, quanto a sanção criminal para o inimputável que cometesse fato típico e 
antijurídico. Vale lembrar que a culpabilidade não é considerada em casos de inimputável, 
daí porque, este não pratica o crime na acepção tripartida, mas bipartida do delito. Logo, 
mesmo se doente mental, ainda que recebesse uma medida de segurança e fosse se 
recuperando, teria de cumprir, em seguida, a sanção criminal determinada na sentença. 
Hoje, isso não é aplicável! Caso um agente inimputável cometa um latrocínio, por exemplo, 
este ficará internado, mas será posto em liberdade assim que reestabelecer sua saúde 
mental, já que no Brasil não se aceita pena perpétua. 
No caso destes sistemas, os estudos da Criminologia foram fatores determinantes para 
influenciar na modificação legislativa, pois apontaram para a desnecessidade de uma dupla 
imputação de pena e medida de segurança para o inimputável, uma vez que seria 
desumano tratar aquele que era doente mental ao tempo da ação ou omissão e não sabia o 
que estava fazendo de forma a equipará-lo ao imputável. Após o cumprimento de parte da 
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medida de segurança, estando restabelecido, ele não se lembrará do que fez e a pena 
criminal cairia no vazio e não teria nenhum efeito de prevenção criminal, o que não se 
coaduna com o atual sistema penal. Daí a sua substituição pelo sistema vicariante ou 
alternativo em que se aplica a medida de segurança para o inimputável (isenção de pena) 
ou a pena para o imputável, na forma do art. 26, caput, do Código Penal, mas nunca as duas 
formas de reprimendas conjuntamente. (Christiano Gonzaga, 2018, p. 24). 
 
 
Vale alertar que, embora o sistema duplo binário tenha sido retirado do nosso 
Código Penal, resquícios do mesmo ainda podem ser encontrados no referido 
instrumento legislativo. 
A doutrina destaca que isso ocorre por uma omissão do legislador que fez a 
Reforma Penal de 1984 da Parte Geral e se esqueceu de alterar o artigo a seguir 
citado da Parte Especial. 
Como exemplo, podemos citar o crime mediante violência contra a pessoa, 
previsto no art. 352, do CP: 
 
Art. 352 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a 
medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à 
violência. 
 
Ora, se o indivíduo está cumprindo uma medida de segurança e resolve fugir, após a sua 
recaptura ele será submetido à nova medida de segurança, mas não à pena de detenção de 
três meses a um ano prevista no preceito secundário do artigo em tela. Isso somente fazia-
se possível quando o sistema era do duplo binário, em que o inimputável poderia receber 
ambas as espécies de reprimendas e cumpri-las sucessivamente. É em virtude dessa 
omissão do legislador que se diz que há um resquício do sistema já substituído na Reforma 
Penal de 1984, que, todavia, não tem aplicabilidade, uma vez que o inimputável receberá 
medida de segurança e ao imputável será determinada uma pena, sem que haja 
cumulatividade. Assim, infere-se que muitas foram as contribuições da Criminologia para a 
criação de artigos de lei que positivaram as suas ideias por meio do Direito Penal, em 
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harmoniosa interação entre outros dois ramos do conhecimento, quais sejam, o Direito 
Penal e a Política Criminal5. 
 
▪ O Tema em provas 
 
CESPE / TJCE Juiz de Direito – 2018 
A respeito da política criminal, da criminologia, da aplicação da lei penal e das 
funções da pena, julgue os itens subsequentes. 
I- Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o 
criminoso como agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da 
norma penal e seus efeitos, mas observando principalmente as causas que 
levam à delinquência, com o fim de possibilitar o aperfeiçoamento 
dogmáticodo sistema penal. 
II- A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios 
de controle social da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar 
reformas na legislação positivada. 
III- O direito penal positivado no ordenamento penal brasileiro corrobora a 
teoria absoluta, porquanto consagra a ideia do caráter retributivo da 
sanção penal. 
IV- Considera-se o lugar da prática do crime aquele onde tenha ocorrido a ação 
ou omissão, e não onde se tenha produzido o seu resultado. 
Estão certos apenas os itens 
a. I e II. 
b. I e IV. 
c. II e III. 
d. I, III e IV. 
b. II, III e IV. 
 
Gabarito: A 
 
5 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 24. 
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3.2 – A CRIMINOLOGIA C/C A PSICANÁLISE 
Guerreiros, 
A Psicanálise aplicada ao universo delinquente iniciou-se de forma paulatina junto ao 
próprio movimento analítico. Alguns autores, ressaltam que, mais especificamente, após as 
Guerras Mundiais é que a Psicanálise começou a se desenhar. 
Nos artigos de Freud, vale lembrar que o crime sempre teve destaque. Por outro lado, a 
delinquência em si não era assunto explorado diretamente – há exceção de um artigo em 
que o tema foi específico, conforme observa a doutrina –. 
Importa que Freud tem grande relevância para o estudo deste tema. A Psicanálise pode ser 
demonstrada com firmeza através de seus artigos. Daí porque, cabe a nós, estudá-los. 
Um dos primeiros apontamentos de Freud envolve a diferença entre a Psicanálise do 
neurótico e a reeducação do jovem desemparado de um lado, e o delinquente impulsivo de 
outro. A distinção foi estabelecida a partir do prólogo à obra de Aichhorn Verwahrloste 
junged de 1925. Aichhorn teve grande prática com delinquentes juvenis e, sua prática 
inaugural, foi de grande relevância para a Psicanálise relacionada à terapêutica adolescente. 
E é exatamente isso que Freud releva em seus apontamentos, embora deixa claro seu 
posicionamento acerca da impossibilidade da trindade: educar, curar e governar. 
Noutro giro, numa concepção mais paradoxal, amparada na moral sexual cultural e o 
nervosismo moderno de 1908, Freud vai dizer que “Quem, em consequência de sua 
constituição insubmissa, não possa acompanhar esse sufoco do pulsional enfrentará a 
sociedade como ‘criminoso’, como ‘outlaw’ – fora da lei – toda vez que sua posição social e 
suas realçadas aptidões não lhe impor-se na condição de grande homem, de herói”6. 
É a partir dessa concepção não patológica do delinquente que surgem duas teorias de 
cunho sociológico: 
 
1. Rebelde funcional. O delinquente com aptidões que o transformam em herói, 
resultando no rebelde funcional de Émile Durkheim ou o “tipo inovação” descrito 
por Robert Merton; 
2. Adequação as teorias da reação social. Quando a compleição subjetiva do 
“fora da lei” é a mesma, embora existam duas versões: delinquente não herói ou 
grande homem herói, então, é o julgar do Outro social que determina seu lugar 
 
6 MOLLO, Juan Pablo. Psicanálise e criminologia estudos sobre a delinquência. 1ª. Edição. 
2ª tir.: abr./2016. Salvador: Editora JusPodivm, 2015. Pg.126. 
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através do rótulo, adequando-se então as “teorias da reação social” ou de 
Labelling Approach. 
 
 
3.2.1 – O rebelde funcional 
 
No primeiro caso, Juan Pablo vai dizer que o rebelde funcional não é delinquente absoluto. 
Nas palavras do autor (Juan Pablo Mollo, 2015, p. 14), o rebelde funcional é qualificado 
como tal pelas instituições porque questiona a divisão imposta ao trabalho e as 
desigualdades sociais que a acompanham. Assim também, a rebelião que instiga é funcional 
porque ilustra a falta de correspondência entre as capacidades individuais e a assunção de 
papéis sociais. O protótipo do criminoso herói que abre o caminho das mudanças é 
Sócrates: um homem que sustenta ideias ilegítimas que Durkheim denomina de 
“consciência coletiva”. Conforme direito ateniense, Sócrates era um delinquente e sua 
condenação foi justa; no entanto, para Durkheim é um herói que antecipa uma moral e uma 
fé nova – a liberdade de pensamento – que se faziam necessárias na Atenas daquela época. 
Em teoria e estruturas sociais, Merton apresenta o inovador como uma forma de adaptação 
antissocial a uma estrutura cultural como a norte-americana, no que se promovem 
imperativamente objetivos exitistas (Seria “elitistas”?) e de trunfo – o sonho americano – 
mas que distribuiu os meios de realização de forma desigual. Por outro lado, segundo 
Foucault, o criminoso herói aparece após o ano de 1840 no contexto burguês ou peno 
burguês junto à constituição de uma estética que faz Lacenaire o protótipo deste novo 
criminoso. O criminoso herói não é nem popular nem aristocrático, e sim um inimigo das 
classes pobres. Os pais de Lacenaire fracassaram nos negócios, mas ele foi bem-educado de 
acordo com os valores da burguesia: foi ao colégio, sabia falar, ler e escrever, era lúcido e 
inteligente e por isso possuía os recursos para exercer uma liderança. Na nova literatura 
policial, o criminoso é sempre inteligente e brinca com a polícia num plano de igualdade, já 
que o criminoso herói representa um novo interesse estético e literário do crime, ou um 
heroísmo estético do crime e, inclusive, uma metafísica do crime. 
 
3.2.2 – O julgar do outro social determinando rótulos: teorias de reação social 
 
Contudo, se a compleição subjetiva do “fora da lei” é a mesma – embora existam duas 
versões: delinquentes (não herói) ou grande homem (herói) – então, o julgar do outro social 
que determina o seu lugar através do rótulo. Tal argumentação coincide com as chamadas 
“teorias de reação social” ou labelling approach. Segundo Howard Becker, nas primeiras 
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páginas de Outsiders (os de fora), para que um ato seja desviado depende simplesmente de 
alguém a quem se tem podido aplicar com êxito tal qualificação. Eis aqui um relativismo 
sociológico implícito – embora nunca puro, pois existem significados sociais impostos -, 
baseado em que, o atuar “fora da lei” não deve considerar-se uma propriedade inerente ao 
próprio agir ou à compleição psíquica do infrator, senão que é fabricado a partir das regras 
sociais que se sancionam desse modo. Da mesma forma, segundo Edwind Lemert, a 
desviação secundária (a primária surge em uma grande quantidade de contextos, é efeito 
de uma estigmatização social que serve de apoio à identidade desviada social. Em ambas as 
versões, o delinquente amoral e egoísta pode vir a ser um herói segundo o “etiquetamento” 
social, ou seja, o ato de matar pode ser julgado como um comportamento patriótico ou 
como um homicídio segundo a rotulação do contexto social. Sem embargo, à diferença da 
Psicanálise, os teóricos do Labbeling Aproach seguem a tradição dos estudos de George 
Mead, nos quais “o eu” é um produto social e, por conseguinte, a sua ação depende da 
maneira que os outros agem com relação a ele. O fenômeno do eu e suas identidades 
acentua o aspecto consciente Freud considera frágil e secundário diante do determinismo 
inconsciente (Juan Pablo Mollo, 2015, p. 15). 
 
 
Para Durkheim e Merton o delinquente inovador funcional éalguém que se 
revela contra a sociedade. 
De outro lado, para Becker e Lemert, teóricos do Labbeling Approach, o desviado 
é um produto da sociedade, e de certa forma uma “vítima” maltratada por um 
aparelho burocrático, cujo trabalho de corrigir é ineficaz. 
 
Não é exagero destacar que a análise freudiana sobre o indivíduo que age fora da lei é 
dupla e se aproxima, e muito, conceitualmente dos embasamentos sociológicos de 
Durkheim. É que ela também se opõe ao positivismo do progresso linear e a criminalidade 
patológica social e, ao mesmo tempo, supera a limitação etiológica ao envolver os efeitos 
da repressão social, por esta razão, nas palavras de Raul Zaffaroni, constitui um claro 
antecedente ou uma primeira expressão da Criminologia da reação social. 
Veremos a partir de agora as principais teorias freudianas sobre os delinquentes. 
 
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4 – DELINQUENTES POR SENTIMENTO DE CULPA 
No campo da moral e, mais precisamente, na Psicanálise de Freud, a expressão “criminoso 
por sentimento de culpa” é um dos temas mais interessantes trazidos à baila pelo filósofo. 
Nas palavras de Freud, “O crime dá origem à subjetividade e à estrutura social, assim como, 
os dois tabus fundamentais do totemismo coincidem com os dois desejos reprimidos do 
complexo do Édipo”. 
Embora os campos da mente humana ainda não tenham sido completamente explorados, 
atribuindo-se, consequentemente, à outras áreas do saber os motivos que levam um 
indivíduo a cometer crime, é com base no aprofundamento da pesquisa ideia de culpa e 
alívio que Freud constatou que certos delinquentes praticam crimes a fim de satisfazer um 
sentimento de culpa. 
Após a prática da infração, o sentimento o persegue e somente cessa depois do 
cometimento da infração penal. 
 
Numa análise inicial, isso pode parecer loucura, mas não é, pois há pessoas que possuem a 
necessidade de cometer crimes para sentir-se vivo e também eliminar o sentimento 
preexistente de culpa. 
 
Psicanalistas e estudiosos, como o Professor Salo de Carvalho, relacionam a 
prática do crime ao fato de ser a conduta proibida e de que sua execução 
produzia profundo alívio na ordem psíquica. 
 
Christiano Gonzaga7 explica: 
Essa ideia de fazer o proibido está ligada ao subconsciente do ser humano, que é preparado desde a 
infância a fazer o correto, o que gera nele uma certa vontade de “quebrar as amarras” (sensação de 
alívio) e realizar aquilo que sempre lhe vedaram, no caso os pais e adultos. Assim, quando chega à 
adolescência ou até mesmo à idade adulta, ele é dono de si e pode romper com esses limites que lhe 
foram impostos. Existem muitos dogmas sociais que são assumidos publicamente, como fidelidade 
conjugal, respeito ao próximo e atuar sempre com ética nos negócios. Não obstante, a sensação de 
quebrar ou violar dogmas considerados imutáveis traz um poder para quem viola, pois ele se coloca 
acima do bem e do mal e trata as expectativas sociais como algo que deve ser útil a ele, não o 
 
7 Op. cit., p. 25. 
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contrário. Em algumas negociações do mundo corporativo, o objetivo está muitas vezes em subjugar o 
outro do que propriamente fazer um bom negócio, sendo praticamente uma competição entre 
pessoas para ver qual que irá sair ileso após violar o que fora acertado entre eles. Colocar-se acima do 
outro traz um sentimento de alívio e realização. Quanto à fidelidade conjugal, a vida de uma pessoa 
casada é praticamente um abandono da liberdade que se tinha quando solteira e passa a ser regida 
por regras rígidas de convivência, devendo o casal zelar pelo respeito ao próximo e viver para a 
família. Todavia, essa vida pode tornar-se monótona e transformar-se numa prisão para aqueles que 
não estão determinados a constituir uma família e viver até o final de suas vidas com a mesma 
pessoa. Em virtude disso, surgem situações de adultério que bem retratam o rompimento dos dogmas 
assumidos quando da constituição da família, conferindo certa liberdade e sensação de alívio para 
quem faz a violação. Vem à tona aquele sentimento de alívio, que antes fora precedido de um 
sentimento de culpa. Com a prática do proibido, rompe-se com aquele sentimento anterior de culpa e 
o agente ingressa numa fase de regozijo. Todavia, nessa impulsividade de praticar o proibido, pode-se 
incorrer em algumas condutas enquadradas no Código Penal, o que ensejará a prática de crime e 
consequente imposição de sanção criminal, merecendo destaque e análise por parte das mais 
variadas ciências criminais, ainda que a explicação da motivação do delito esteja na Psicanálise. 
Note, portanto, que, da mesma forma que ao infringir as regras sociais gera no delinquente 
a sensação de alívio, o cometimento da infração penal gera, do mesmo modo, influência na 
pessoa do delinquente. 
O que se busca é a violação de algo tido como errado ou 
proibido para afastar o sentimento de culpa, ainda que 
isso implique a aplicação de uma pena privativa de 
liberdade. O agente já tem a vontade de violar a norma 
penal, sendo isso parte dos seus pensamentos, ou seja, no 
iter criminis, a fase da cogitação já foi vencida. O que se almeja agora é passar para a fase 
do alívio e praticar logo a infração penal. (GONZAGA, 2018, p. 26) 
Daí porque, fala-se na atuação conjunta da Psicanálise com a Criminologia. É que aquela, 
possibilita a esta que uma ida às entranhas da mente criminosa para entender as 
motivações que cercam o crime e as vontades que estão sendo satisfeitas e, com tais 
informações, é possível desvendar inúmeras questões que gravitam a criminalidade. 
 
5 – DELINQUENTES QUE SE CREEM JUSTIFICADOS DE SEUS ATOS 
Outro destaque de Freud diz respeito aos delinquentes que “creem justificados de seus 
atos”. Estes são apontados sob duas vertentes; 
1. A do Amo Hegeliano e 
2. A do que atua baseando-se em códigos – de prisão ou de rua. 
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==1bd1c7==
 
 
 
 
 
 
 
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No que tange ao amo hegeliano apontada por Lacan, o delinquente é estudado a partir de 
uma ponte que vai desde a posição do amo até a ação espiritual do jovem que delinque ou 
jovem delinquente. 
Atualmente, Molina destaca que não é difícil situar o sujeito amo em sua posição de 
apostas das distintas bandeiras. Insígnias, religiões, terrorismos ou fundamentalismo 
políticos que a cada dia tem mais força. 
Sob a outra vertente, refere-se aos criminosos que atestam suas ações a partir de ideais 
delituosos baseados em códigos, estes podem ser “códigos da prisão” ou da “rua”. 
Conforme explica Molina (2015, p.38), desde esta perspectiva, à margem da legalidade 
jurídica, um assassinato pode funcionar como símbolo e exibição de um triunfo para o 
homicida. Com efeito, o criminoso que atua por códigos está imerso em uma legalidade 
grupal fora da convenção social e que ratifica seu delito. 
Isto explica, por exemplo, porque muitos delinquentes e criminosos que não se consideram 
responsáveis pelos seus atos frente às instâncias judiciais, a fim de evitar o castigo social, 
consideram-se sim dentro do grupo ao que pertencem, onde por exemplo, um homicídio 
começa a funcionar como um valor. 
Em reforço, é notório que esses códigos de conduta supõem, nos sujeitos que incorporam 
como organizadores,fundadores e como justificação do seu agir, um registro de norma e 
um sistema compartilhado de identificações, funcionando mais ou menos assim: 
 
 
 
Os grupos de 
delinquentes 
racionalizam sua 
posição no grupo
desenvolvem uma 
justificação de sua 
atividade 
desviada, 
e tendem repudiar 
as regras morais 
convencionais.
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Não é demais lembrá-los que algumas teorias das “subculturas” consideram que os atos 
delituosos e a sua justificação não necessariamente supõem uma oposição direta aos 
valores do contrato social (MOLINA, 2015, p. 38). 
Freud, portanto, vai indicar um ponto de vista fundamentado a partir do positivismo social 
quando apresenta uma certa contracultura de viés revolucionário ao tomar partido pelos 
que se creem justificados de seus atos a partir dos que lutam contra a sociedade”. O 
positivismo social está no fato de o delinquente ser um ser antissocial cuja patologia mora 
no modo de justificação de seus atos desviados a partir da luta contra a sociedade 
contratual. 
 
6 – DELINQUENTES PORQUE NÃO DESENVOLVERAM METAS NEM 
INIBIÇÕES MORAIS 
Uma das maiores descrições de Freud gravita em “aqueles que não desenvolveram metas 
nem inibições morais”. 
Embora tais descrições não localizem os indivíduos em nenhuma nosologia (parte da 
medicina que se dedica ao estudo e classificação das doenças) científica definida, o 
problema vai surgir, de fato, na adesão implícita aos pressupostos monistas do contrato 
social e a moral. 
É que, partindo do delinquente amoral como uma figura contrária à ordem simbólica, 
caminhando para um debate mais geral relacionado à época, chegaremos à mesma ideia 
amoral que se desbota junto ao senso de contrato social quando o Outro social se mostra 
cada vez mais inconsistente. 
 
Aqui vale assinalar uma consequência imediata do declínio social dos valores e 
da norma, por exemplo, tornando ainda mais difícil e incerta a ambígua 
caracterização do indivíduo amoral e a específica forma de delinquente por 
sentimento de culpa. 
 
Noutras palavras, é dizer que nem o crime, tampouco o criminoso são objetos que se 
possam conceber fora de sua referência sociológica. – Lacan, 1991, p. 118 
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Daí porque, o declínio social da norma, ao tempo em que coloca em xeque o lugar da 
culpabilidade na subjetividade contemporânea, indaga de forma veemente a vigência dos 
delinquentes por sentimento de culpa. 
 
7 – SÍNDROMES CRIMINOLÓGICAS PENSADAS A PARTIR DA PSICANÁLISE 
Guerreiros, 
Antes de adentrarmos ao tema das síndromes criminológicas que surgem a partir da 
psicanálise, é necessário que façamos uma breve remissão ao capítulo da Vitimologia para 
melhor compreensão sobre o tema. 
No campo da Vitimologia, disciplina que tem por objeto o estudo da vítima, de sua 
personalidade, de suas características, de suas relações com o delinquente e do papel que 
assumiu na gênese do delito8, inúmeras teorias foram desenvolvidas a fim de se verificar o 
comportamento da vítima na origem do crime e do criminoso. 
 
Daí atenção! 
Não se confunde Vitimologia com vitimização. 
 
 
 
8 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 189. 
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▪ Vitimologia 
 
No que tange à Vitimologia, tema desenvolvido por Benjamin Mendelsohn, advogado e 
professor de Criminologia da Universidade Hebraica de Jerusalém que, em 1947, inúmeras 
podem ser as classificações que levam em conta a participação da vítima ou sua provocação 
no cometimento do crime. 
 
A. Classificações sobre o comportamento da vítima na origem do crime e do criminoso 
De acordo com o professor Benjamin Mendelsohn, há três (03) grupos principais de 
vítimas: 
 
 
 
Vitimologia 
Ciência que estuda 
o comportamento 
da vítima no 
surgimento do 
crime
Vítima inocente
Vítima 
provocadora 
Vítima Agressora 
Vitimização
Própria condição 
de vítima diante da 
prática de uma 
infração penal.
Vitimização 
Primária 
Vitimização 
Secundária
Vitimização 
terciária
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Para o Professor Christiano Gonzaga9: 
 
 
 
 
1. As vítimas inocentes, ou ideais, são aquelas que não têm participação ou, se 
tiverem, será ínfima na produção do resultado. 
 
2. A vítima provocadora é responsável pelo resultado e pode ser caracterizada como 
provocadora direta, imprudente, voluntária ou ignorante. 
 
3. A vítima agressora pode ser considerada uma falsa vítima em razão de sua 
participação consciente, casos em que ela cria a vontade criminosa no agente, como 
os exemplos de legítima defesa. 
É a partir dessa classificação de Mendelsohn que as vítimas podem ser consideradas como: 
 
9 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 113. 
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Vítima inocente ou ideal 
Vítima provocadora
Vítima agressora 
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✓ Completamente inocente ou chamada de vítima ideal; neste caso, a 
vítima não tem nenhuma participação no crime, sendo o criminoso o 
único culpado ou responsável, como em um roubo, por exemplo. 
 
✓ Menos culpada que o criminoso também conhecida como vítima por 
ignorância; enquadram-se nesta terminologia aquelas vítimas que 
contribuem de alguma forma para que ocorra o resultado danoso. Como 
exemplo, podemos citar a vítima que frequenta locais perigosos ou ainda 
aquelas que expõem a risco seus objetos de valor em carros ou de 
qualquer outro modo. 
 
✓ Tão culpada quanto o criminoso ou provocadoras; são assim 
consideradas pois o crime, sem a participação dela não ocorre. Exemplo, 
aborto ou rixa. 
 
✓ Mais culpada que o criminoso; São casos em que a vítima foi a maior 
responsável pela conduta do que o próprio autor. Exemplo muito comum 
ocorre em homicídio privilegiado após a injusta provocação da vítima. 
 
✓ Única culpada; Casos em que a vítima se constitui a única culpada pelo 
evento criminoso, seja por seu comportamento negligente, seja pelo 
comportamento imprudente. Ex. sujeito que, muito alcoolizado, atravessa 
BR movimentada é atropelado e vem a óbito. 
 
Ainda sobre o tema, Hans von Hentig optou pela seguinte classificação vitimológica: 
 
✓ Criminoso-vítima-criminoso (sucessivamente); trata-se do reincidente 
que é hostilizado no cárcere, vindo a delinquir novamente pela repulsa 
social que encontra fora da cadeia. É o que ocorre na teoria do 
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etiquetamento, notadamente em razão do estigma que os controles 
sociais formais e informais empregam na relação sociedade e criminoso10; 
 
✓ Criminoso-vítima-criminoso (simultaneamente); comum ocorrer quando 
a prática do crime se justifica pela condição de vítima, como nos casos em 
que o usuário de drogas faz a mercancia ilícita de entorpecentes para 
sustentar o seu próprio vício. Ele é vítima do traficante, mas também é 
autor do tráfico para manter o seu próprio vício11; 
 
✓ Criminoso-vítima (imprevisível); Situações em que há o retalhamento 
pela prática do crime por parte do criminoso, que, de autor, passa a 
vítima, por exemplo, linchamento pela prática de algum crime grave, 
podendo ser citado o homicídio do próprio filho. Também pode ser 
constatado em caso de alcoolismo quando o alcoólatra, com seu 
comportamento danoso e agressivo, cria no outro a vontade criminosa. 
Trata-se de tema extremamente relevante, a relação criminoso e vítima, 
sobretudo quando esta interage no fato típico, de forma que a análise de 
seu perfil psicológico deve ser fator considerável no desate judicial do 
delito12. 
 
Perceba que todos os temas são apontamentos de extrema relevância entre a relação 
criminoso e vítima, sobretudo quando esta interage no fato típico, de forma que a análise 
de seu perfil psicológico, deve ser fator considerável no desate judicial do delito. 
 
▪ Vitimização 
Por outro lado, é válido destacar que a vitimização é o principal enfoque para a 
Criminologia. 
 
A. Classificações da vitimização 
 
De forma resumida, a vitimização que trata da própria condição da vítima diante da prática 
de uma infração penal, consubstancia-se nas espécies: 
 
10 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 113. 
11 Op. cit. 
12 Op. cit. 
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Para o Professor Christiano Gonzaga13: 
 
1. A primeira espécie de vitimização, chamada de 
primária, decorre dos efeitos do crime na vítima, ou seja, 
os danos que ele causa nela, como físicos, psíquicos e 
materiais. Quando se tem a prática de um crime, como um estupro, a vítima sofre 
uma gama de danos em decorrência desse único ato. Há o abalo psíquico, a violação 
ao seu próprio bem jurídico, consubstanciado na dignidade sexual, e até mesmo 
danos de ordem material, uma vez que a vítima, em muitas vezes, irá necessitar de 
um acompanhamento psicológico para afastar os fantasmas daquele dia fatídico em 
que ela foi violentada, tendo gastos com psicólogo. A vitimização primária seria o 
primeiro contato da vítima com o crime, em que ela sofre a violação direta ao seu 
bem jurídico, que pode ser a dignidade sexual, como exemplo no crime de estupro, e 
o patrimônio, nos casos de roubo. Quando a vítima é forçada a manter relação 
sexual com outra pessoa, ocorre o crime de estupro e o bem jurídico - dignidade 
sexual - é destroçado. Diante disso, desencadeia uma série de violações ao 
patrimônio da pessoa, de ordem material, moral, física, entre outras. Essa espécie de 
violação traz para a vítima os mais variados transtornos e faz-se presente em 
 
13 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2018. p. 114. 
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Primária
Secundária
Terciária 
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qualquer crime, pois todo tipo penal tutela um determinado bem jurídico. É mais 
comum as vitimizações serem percebidas em crimes como os citados acima (estupro 
e roubo), pois há um ataque severo ao bem jurídico tutelado e as consequências nas 
demais vitimizações são mais nítidas, como se verá a seguir. 
 
2. A vitimização secundária, notoriamente sentida pela atuação das instituições 
estatais diante de um crime, ocorre quando a vítima vai procurar ajuda estatal diante 
da prática da infração penal sofrida por ela. Ao chegar à uma Delegacia de Polícia em 
que os agentes públicos não possuem o necessário preparo para o seu acolhimento, 
ela é novamente vitimizada, o que é chamado também de sobrevitimização. Toma-se 
por exemplo o crime de estupro, em que a vítima que acabou de sofrer esse ataque 
brutal ao seu bem jurídico vai até uma Autoridade Policial pedir ajuda. Todavia, 
como se estivesse lidando com mais um crime qualquer, manda que ela vá até o 
Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito para comprovar a prática do 
crime em tela. Muitas vezes são Delegados de Polícia que não entendem a natureza 
feminina que fora despedaçada e, em vez de fazer uma acolhida inicial, tratam a 
vítima como um pedaço de carne. 
 
3. Finalmente, nas palavras do Professor14, a vitimização terciária: consiste no 
isolamento que a sociedade impõe à vítima diante da prática do crime a que ela foi 
submetida, como o estupro. Nesse tipo de crime, é comum a vítima ser tratada com 
preconceito e ser alijada do convívio social, uma vez que muitas pessoas tendem a 
comentar o crime ocorrido e chegam até mesmo atribuir parcela de culpa à vítima. A 
fim de ilustrar tal espécie de vitimização, cumpre ressaltar o recente episódio 
ocorrido no Rio de Janeiro, em que uma garota foi vítima do chamado “estupro 
coletivo”, onde vários homens revezaram entre si durante alguns dias mantendo 
relações sexuais forçadas com ela, em típico caso de estupro. Após o ocorrido, foi 
comentário geral nas redes sociais e na comunidade em que a vítima morava de que 
ela teria sido parcialmente culpada pelo ocorrido, uma vez que já teria feito tal 
prática anteriormente e não tinha reclamado na Polícia. Ademais, ela também 
mantinha relacionamento amoroso com um dos envolvidos e de forma sistemática 
frequentava bailes funk em que tal prática era corriqueira. Ora, esse é o exemplo 
claro de que a sociedade vitimiza a pessoa, atribuindo a ela a motivação do crime, 
pois isso já teria sido feito anteriormente com o consentimento dela e agora só pelo 
fato de ter vazado um vídeo nas redes sociais com cenas de sexo explícito com ela 
nua era que teria motivado o acionamento dos controles sociais formais (Polícia, 
Ministério Público e Poder Judiciário). Chega a ser aberrante a colocação de que se a 
vítima já teria consentido em prática similar no passado ela tinha que aguentar 
calada a nova situação idêntica. É o total desprezo pela condição humana e relegar a 
 
14 Op. cit. GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: 
Editora Saraiva. 2018. p. 118. 
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segundo plano a dignidade sexual da vítima, que pode muito bem escolher fazer 
orgias consentidas num dado momento e, posteriormente, não mais aceitar práticas 
similares. Pensar de forma diferente seria coisificar a pessoa da mulher, tratando-a 
sem ser sujeito de direito. 
 
É sob esse raciocínio que surge à baila famosas síndromes 
da Criminologia que foram pensadas a partir da 
Psicanálise, como por exemplo, a Síndrome da Barbie, que 
bem sintetiza a coisificação da mulher, além da Síndrome 
da Mulher de Potifar que tem muito impacto no campo da 
produção probatória na sistemática processual penal. 
Como demonstraremos a seguir, é possível notar que tais comportamentos vitimológicos, 
por óbvio, não foram analisados apenas sobas vertentes da Criminologia, mas 
especialmente, da combinação desta com a Psicanálise. Estes são os exemplos da 
Criminologia combinada com a Psicanálise no tema da Vitimologia que veremos a seguir. 
 
7.1 – SÍNDROME DA BARBIE 
 
A Síndrome da Barbie apresenta a visão social da mulher sob a perspectiva do objeto de 
desejo. Noutras palavras, nesta síndrome, a mulher é apresentada como um objeto de 
desejo tal qual uma boneca, daí porque, a remissão à Barbie. 
Christiano Gonzaga,15 explica: 
 
Sabe-se que desde cedo muitas crianças são criadas como se fossem bonecas dos pais, sem vontade 
própria e sempre visando à subserviência ao futuro marido. Pelos simples brinquedos que os pais dão 
às meninas isso é claramente percebido, como aqueles utilizados para fazer comida (fogões de 
plástico que representam uma cozinha), estojos de maquiagem para cuidar do visual (ideia de fazer a 
 
15 
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mulher ser objeto de desejo pela beleza) e, principalmente, a boneca Barbie, em que a criança irá 
pentear, vestir roupa e desfilar como se fosse uma modelo. Tudo isso gera a perspectiva de uma 
preparação futura para ser objeto, e não sujeito de direitos. 
 
Perceba, portanto, que a Síndrome da Barbie retira a imagem da mulher independente, 
dona de si e de seu próprio corpo, fundamentando então, para o criminoso, crimes como o 
já citado estupro coletivo, em que a vítima somente reclamou do ocorrido quando o fato 
ocorrera uma segunda vez, posto que, da primeira vez, houve o medo de alertar as 
autoridades locais, uma vez que ela já se acostumou e aceitou a sua condição de objeto nas 
mãos dos homens, sendo quase que uma obrigação implícita servir aos caprichos de seus 
algozes16. 
 
7.2 – SÍNDROME DA MULHER DE POTIFAR 
Noutro giro, a Síndrome da mulher de Potifar também é uma 
das síndromes da Criminologia estudada em conjunto com a 
Psicanálise com implicações no campo da produção probatória 
na sistemática processual penal. 
Vale dizer que a síndrome faz referência ao capítulo Bíblico que 
conta a história de José, filho de Jacó, que desperta a inveja de 
seus irmãos que o vendem como escravo, no Egito, ao Capitão 
Potifar. 
Ocorre que ainda assim, José prosperou, tornando-se alvo de 
um desejo lascivo da mulher de Potifar, como relata em 
Genesis (39:7 - vide história completa no capítulo de 
“destaques a legislação e jurisprudência”). 
Ao recusar atender aos anseios da mulher, a mulher reporta à Potifar, acusando falsamente 
José de tê-la violentado sexualmente, fato que o condenou ao cárcere. 
É a partir deste capítulo bíblico que a síndrome é baseada. 
Para Christiano Gonzaga: 
 
A análise desse episódio demonstra que houve uma prova forjada de um suposto crime de estupro. 
Trazendo o fato para os dias atuais e abordando o Código Penal, pode-se dizer que, quando alguém 
imputa falsamente um crime a outro gerando um procedimento ou processo penal contra ele, tem-se 
o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP. 
 
16 Op. cit. 
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Em reforço: 
 
 Denunciação caluniosa 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de 
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
Nas palavras de Cleber Masson, para análise da verossimilhança das palavras da vítima, 
especialmente nos crimes sexuais, a Criminologia desenvolveu a teoria da “síndrome da 
mulher de Potifar”, que consistente no ato de acusar alguém falsamente pelo fato de ter 
sido rejeitada, como na hipótese em que uma mulher abandonada por um homem vem a 
imputar a ele, inveridicamente, algum crime de estupro (MASSON, 2013, p. 27). 
 
▪ O tema em provas 
 
 
CESPE/MPE GO Promotor de Justiça Substituto - 2014 
O Procurador de Justiça Rogério Greco preconiza que “no que diz respeito às 
ciências criminais propriamente ditas, serve a criminologia como mais um 
instrumento de análise do comportamento delitivo, das suas origens, dos motivos 
pelos quais se delinque, quem determina o que se punir, quando punir, como 
punir, bem como se pretende, com ela, buscar soluções que evitem ou mesmo 
diminuam o cometimento das infrações penais”. No contexto da seara 
criminológica, aponte a alternativa incorreta: 
a. Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito 
ativo invade repetidamente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas 
de perseguição e meios diversos de atuação, resultando dano à sua integridade 
psicológica e emocional, restrição à sua liberdade de locomoção ou lesão à sua 
reputação, configurando, deste modo, uma modalidade de assédio moral. 
 
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b. A teoria de anomia, a teoria da associação diferencial e a escola de Chicago 
são consideras teorias de consenso. 
 
c. A figura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potifar” 
pode ser utilizada como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima 
nos crimes de conotação sexual. 
 
d. A “síndrome de Londres” se evidencia quando a vítima, como instinto 
defensivo, passa a apresentar um comportamento excessivamente lamurioso, 
demasiadamente submisso e com pedido contínuo de misericórdia. 
 
Gabarito: D 
 
 
 
DESTAQUES À LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA 
▪ Competências 
Art. 21. Compete à União: 
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem 
pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; 
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; 
VII - emitir moeda; 
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza 
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e 
de previdência privada; 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social; 
 X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
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XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a 
criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamentoenergético dos cursos de 
água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras 
nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do 
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a 
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia 
de âmbito nacional; 
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de 
rádio e televisão; 
XVII - conceder anistia; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, 
especialmente as secas e as inundações; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de 
outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento 
básico e transportes urbanos; 
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; 
 XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer 
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os 
seguintes princípios e condições: 
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a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e 
mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de 
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de 
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em 
forma associativa. 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; 
II - desapropriação; 
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
V - serviço postal; 
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; 
VIII - comércio exterior e interestadual; 
IX - diretrizes da política nacional de transportes; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; 
XI - trânsito e transporte; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de 
profissões; 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da 
Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; 
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; 
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XX - sistemas de consórcios e sorteios; 
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e 
mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; 
XXIII - seguridade social; 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
XXV - registros públicos; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e 
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização 
nacional; 
XXIX - propaganda comercial. 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o 
patrimônio público; 
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de 
deficiência; 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, 
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens 
de valor histórico, artístico ou cultural; 
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à 
pesquisa e à inovação; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; 
 IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições 
habitacionais e de saneamento básico; 
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a 
integração social dos setores desfavorecidos; 
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 XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de 
recursos hídricos e minerais em seus territórios; 
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento 
e do bem-estar em âmbito nacional. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: 
 I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 
naturais, proteção do meio ambiente e controle da

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