Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- -1 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA I OS MODOS DE PRODUÇÃO: CAPITALISMO E SOCIALISMO - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Definir capitalismo; 2- Descrever as principais teorias sobre o sistema capitalista em sua formação; 3- Listar os principais filósofos socialistas e analisar suas teorias. Introdução Nesta aula, vamos estudar os dois grandes sistemas econômicos do século XX, o capitalismo e suas diversas modalidades, como mercantil e financeiro, e o socialismo, tanto o utópico quanto o científico. Vamos distinguir esses dois sistemas a fim de entendermos sua aplicação em diferentes países do mundo contemporâneo. 1 Introdução Na aula passada, estudamos a Revolução Industrial e as mudanças que ocasionou no modo de produção. Seguindo a linha dessas mudanças, veremos, nesta aula, os fundamentos dos dois modos de produção fundamentais para o entendimento da Idade Contemporânea: .o capitalismo e o socialismo Vamos começar? 2 Modelo produtivo e suas transformações Desde a Idade Média, o modelo produtivo passou por diversas transformações. Feudalismo O feudalismo baseou-se na e seu centro de vida econômica era o .mão de obra servil feudo Com a centralização dos estados nacionais e o renascimento comercial e urbano, o feudalismo é progressivamente substituído pelo mercantilismo. Mercantilismo Em sentido restrito, embora não seja um sistema econômico, o mercantilismo pode ser definido como um conjunto de práticas econômicas que daria origem ao capitalismo. Podemos afirmar essa origem, pois um dos objetivos do mercantilismo é o lucro, diferente do feudalismo, que se caracteriza mais como uma economia de subsistência que de acúmulo de capital. Entendendo o contexto - -3 Vamos entender o contexto. Sabemos que, durante a Idade Média, a religião dominante era o catolicismo. A Igreja católica condenava o lucro como prática religiosa. Entretanto, com a decadência do sistema feudal e a formação de uma classe burguesa cujos interesses mercantis existiam exatamente para gerar lucro, passou a haver uma incompatibilidade entre o que a Igreja católica pregava e as necessidades burguesas. Esse é o pano de fundo para as reformas protestantes, que, mais do que um fenômeno social e de questionamento do modelo católico, são uma resposta aos anseios burgueses, que abraçam o movimento reformista. O que podemos concluir? Figura 1 - A burguesia medieval estava próxima dos valores que impediam o rápido acúmulo de capitais. Mesmo que nosso foco seja discutir , não podemos pensá-los isoladamente, descolados domodelos econômicos contexto em que passam a existir. Como sabemos, a história é um processo no qual todos os aspectos ― político, cultural, social e econômico ― estão interligados. Por essa razão, ainda que estejamos estudando as teorias econômicas, temos de estar atentos ao momento em que essas teorias são produzidas. - -4 Figura 2 - Mercado medieval 2.1 Mercantilismo O mercantilismo como prática econômica própria dos estados nacionais possuía alguns princípios fundamentais: Metalismo; Balança comercial favorável; Pacto colonial; Protecionismo. - -5 De modo geral, podemos dizer que o sentido de riqueza para o mercantilismo eram as reservas de metal preciosos; no feudalismo, a riqueza era medida pela posse da terra. 2.2 Metalismo Por que o acúmulo de metal era importante? Porque o metal precioso ― ouro, prata, cobre ― era utilizado para cunhar moedas, então isso fortalecia a economia monetária e, consequentemente, o comércio. Além disso, se analisarmos os princípios de colonialismo e (Pacto colonial), veremosexclusivismo comercial que o eixo econômico do mercantilismo está no mercado, tanto interno quanto externo. O protecionismo marca a formação dos monopólios, ou seja, a necessária intervenção do Estado em todos os aspectos da economia. - -6 Essas práticas estiveram em vigor, aproximadamente, entre os séculos XV e XVIII. Como era necessária a interferência do Estado para regular a economia, é compreensível que ela tenha se desenvolvido durante o período absolutista, no qual o rei tinha ingerência em todos os aspectos políticos e econômicos da vida nacional. No entanto, conforme a burguesia se desenvolve e se afirma como classe, essa interferência real, que já foi necessária, torna-se um fardo, pois impede o livre desenvolvimento do comércio. Surgem então novas teorias econômicas, que vão compor o quadro que chamaremos de modo capitalista de produção. Correntes de pensamento A partir do metalismo, surgiram teorias que começam a questionar a validade do protecionismo e do controle do rei na economia e, ao mesmo tempo, buscam entender o mecanismo de formação e o funcionamento do sistema capitalista à medida que este vai se desenvolvendo. Duas correntes de pensamento se destacam a partir do século XVIII: a e o .fisiocracia liberalismo Tanto fisiocratas quanto liberais se opunham à ingerência do Estado na economia e defendiam que esta possuía uma dinâmica própria, que funcionaria melhor quanto menor fosse a intervenção estatal. Entretanto, os fisiocratas defendem que a fonte de toda a riqueza está na terra, enquanto os liberais defendem a preponderância das relações comerciais. Fisiocracia Um dos principais nomes da fisiocracia foi o francês François Quesnay. Embora defendam a posse de terra como medida da riqueza, os princípios da fisiocracia são bem diferentes da economia que vimos na Idade Média, em que a posse da terra também era importante. Por que então os fisiocratas defendem a propriedade e a agricultura como as bases sólidas da economia? Devemos considerar que estamos falando de uma sociedade ainda pré–industrial, em que, a não ser pela Inglaterra, que fez a Revolução Industrial no século XVIII, a maior parte das economias ainda é agrária e está desenvolvendo, progressivamente, seu comércio. Portanto, a agricultura permite que seja gerado o excedente. Excedente é tudo aquilo que não é necessário à subsistência e, logo, pode ser comercializado. Dessa maneira, a fisiocracia não se posiciona contra o comércio, mas o entende como atividade acessória para o desenvolvimento agrário. François Quesnay (4 de Junho de 1694 — Paris, 16 de Dezembro de 1774) foi um economista francês que se destacou como principal figura da escola dos fisiocratas. Quesnay era filho de agricultores e, devido à situação em que viveu, sendo fruto de sua época, era adepto da Fisiocracia, ou seja, destaca a agricultura como sendo a fonte de riquezas da nação, conceito contrário ao - -7 Mercantilismo inglês que primava pelo desenvolvimento da indústria e do comércio exterior. Quesnay acreditava que somente a agricultura era criadora de riqueza, já que a indústria limitava-se a transformar a matéria. Trata-se pois de uma visão defensora da liberdade económica. O melhor Estado era aquele que menos governava e este só se deveria interessar com a manutenção da ordem, da propriedade e da liberdade individual. As suas teorias seriam desenvolvidas pelos seus discípulos (Turgot, Gournay) e viriam a influenciar o pensamento de Adam Smith. Criou a ideia de “oferta-procura”, isto é, quanto maior a procura do produto, maior seu preço. Contrariamente, quanto menor a procura, menor o preço. Se existir liberdade, produz-se e consome-se o necessário, logo, há estabilidade do preço e equilíbrio. Os excedentes A ideia de excedente é apropriada por aquela que ficaria conhecida como Escola Clássica de economia, da qual Adam Smith é um dos principais nomes. Smith defende a não intervenção do Estado em uma teoria que ficaria conhecida como liberalismo. Para Smith, a economia se autorregularia tendo como principal ferramenta a fixação de preços. Ele defendia que os negociantes, comerciantes e prestadores de serviço, ao ambicionarem seu próprio lucro, acabariam, ainda que não propositalmente, cobrando um preço justo. Se cobrassem caro demais, não conseguiriam vender suas mercadorias; se muito barato, não teriam lucro. Dessa forma,ao encontrarem o preço médio ― com o qual é possível vender de forma acessível sem ter prejuízo ―, a economia encontraria seu próprio processo de regulação. Adam Smith (5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um filósofo e economista escocês. Teve como cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. É o pai da economia moderna, e é considerado o mais do liberalismo econômico.importante teórico1 Acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores. 1Autor de "uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações”, a sua obra mais conhecida, e que continua sendo usada como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de individuos que, movidos inclusive pelo seu próprio interesse, promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica. Ele analisou a divisão do trabalho como um fator evolucionário poderoso a propulsionar a economia. Uma frase de Adam Smith se tornou famosa: "Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse - -8 egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade." Como resultado da atuação dessa "mão invisível", o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir. As doutrinas de Adam Smith exerceram uma rápida e intensa influência na (Comerciantes,burguesia industrias e financistas.), pois queriam acabar com os direitos feudais e com o mercantilismo. As teorias liberais As iam diretamente ao encontro dos , que viam na liberdade de comércioteorias liberais interesses burgueses e na livre concorrência o futuro do mercado. Além de Smith, a chamada Escola Clássica de economia tem dois outros nomes importantes: e David Ricardo .Thomas Malthus Das teorias clássicas, podemos inferir que o capitalismo é sustentado pelo seguinte tripé: Lucro; Propriedade privada; Trabalho assalariado. David Ricardo Se Adam Smith desenvolve suas teorias pensando no funcionamento da economia interna, David Ricardo expande essas teorias aplicando-as sobretudo ao mercado externo. Propõe assim a teoria das vantagens comparativas, na qual a relação econômica entre dois países, ainda que não seja igualitária, trará benefícios para ambas as partes. Thomas Malthus Thomas Malthus, foi um economista inglês considerado o pai da demografia. Malthus estudou a relação entre e capitalismo preocupando-se, especialmente, com a decorrente dodemografia escassez de recursos crescimento demográfico. Suas teorias serviram como base para as mais diversas áreas de pensamento, como a biologia. Além disso, a ideia de que se deveria produzir a partir de uma demanda inspiraram outros teóricos do capitalismo. 3 O capitalismo e a escravidão Dos princípios apresentados surgiu uma importante discussão para a historiografia. Nas sociedades escravistas, como a brasileira no período entre a Colônia e o Império, a existência do capitalismo é possível? - -9 Eric Williams, um dos estudiosos sobre o tema, em sua obra Capitalismo e escravidão, recorre a Smith para pontuar a questão do trabalho escravo: O trabalho feito por escravos, embora pareça custar apenas o sustento deles, no final é o mais caro de todos. Uma pessoa que não pode adquirir bens não terá outro interesse senão comer o máximo e trabalhar o mínimo possível (Williams, 2012, p. 32). Se considerarmos o caso brasileiro, a riqueza gerada pelo comércio escravo foi maior do que a gerada pelo trabalho produzido por esses mesmos escravos. O escravo não recebia salário; não era, portanto, consumidor. Logo, não demandava mercadorias, impedindo o pleno desenvolvimento do comércio. Entretanto, se olharmos com mais cuidado, veremos que a sociedade brasileira desse momento, embora pautada no trabalho escravo, também se utilizava do trabalho assalariado e, após a vinda da família real, em 1808, desenvolveu a manufatura. Dessa forma, não há um consenso acerca dessa questão de o Brasil, antes da abolição da escravatura, poder ser considerado uma economia capitalista. Capital Como podemos definir capital? Dinheiro, riqueza e capital não são sinônimos. “O capital é a parte da riqueza de um país empregada na produção e consiste em alimentos, roupas, ferramentas, matérias-primas, maquinaria etc., necessários à realização do trabalho” (Ricardo, 1996, p. 68). Logo, é aquilo que pode ser investido para gerar riqueza e lucro. Pode se referir tanto ao dinheiro em sicapital quanto a maquinário, trabalho, ferramentas, entre outros meios. Também seguindo a definição de Ricardo, podemos dividir o capital em fixo e circulante: Dependendo da rapidez com que pereça e a frequência com que precise ser reproduzido, ou segundo a lentidão com que se consome, o capital é classificado como capital fixo ou circulante. Um fabricante de cerveja, cujas edificações e maquinaria têm grande valor e são duráveis, emprega uma grande parcela de capital fixo. Ao, contrário, um sapateiro, cujo capital é principalmente empregado no pagamento de salários, que são gastos em alimentos e em roupas, mercadorias mais perecíveis que edifícios e maquinaria, utiliza uma grande proporção de seu capital como capital circulante (Ricardo, 1996, p. 36). - -10 Nesse caso, o sapateiro necessitará de mais investimentos para que seu negócio gere lucro ― por isso, capital circulante ―, ao passo que a cervejaria possui um valor intrínseco, ditado por sua estrutura ― edifícios e maquinário. Capitalismo O é fruto das transformações políticas e sociais que ocorreram ao longo da Era Moderna. Seuscapitalismo teóricos se dedicaram a entendê-lo e aperfeiçoá-lo. É bem diferente das teorias socialistas, que se basearam na construção de um modelo ideal de modo de produção. Como sistema, o capitalismo está sujeito a crises cíclicas que podem ter causas diversas: escassez de matéria-prima, de energia, de mão de obra, superprodução, guerra, processo inflacionário, especulação. Além disso, a partir do momento em que determinamos que o capitalismo necessita do ,trabalho assalariado estamos vinculando-o a uma sociedade de classes: há os que trabalham e os que são donos dos meios de produção. Figura 3 - Revolução Industrial 4 Socialismo Observar o inchaço das cidades, a miséria do operariado e o enriquecimento da burguesia, com o apoio do Estado, motivou o surgimento de novas teorias, que se oporiam ao capitalismo, as teorias socialistas. Embora seja o mais famoso de seus teóricos, ele não foi o único, tampouco o primeiro.Karl Marx2 - -11 2Karl Heinrich Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia, Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Turismo, Design, Arquitetura, entre outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos. Desde o século XVIII, essas teorias socialistas têm sido gestadas, no que foi chamado por Marx e por seus contemporâneos de socialismo utópico. Logo, devemos dividir as teorias socialistas em duas correntes: Socialismo utópico Socialismo científico Os representantes do socialismo utópico Como representantes do socialismo utópico destacam-se Robert Owen, Saint-Simon, Louis Blanc, Charles Fourier e Pierre-Joseph Proudhon. Suas teorias foram produzidas entre os séculos XVIII e XIX e criticavam, de modo geral, as condições de vida às quais era submetida a classetrabalhadora, além da desigualdade social provocada pelo capitalismo. De modo geral, podemos dizer que os socialistas utópicos têm como ponto em comum, além da crítica ao capitalismo, a valorização da racionalidade e o repúdio à religião, que viam como um mecanismo de controle social da população. Suas teorias são baseadas em uma nova visão do papel do Estado, atuante e coletivo, e, portanto, oposto ao liberalismo. Robert Owen Robert Owen, inglês, preocupava-se, sobretudo, com as condições do trabalho operário. Owen gerenciou uma tecelagem e procurou, durante sua gerência, melhorar as condições de vida dos trabalhadores que chefiava. Defendia a existência de pequenas comunidades nas quais a desigualdade social fosse mínima ou inexistente. Além disso, defendia a educação e a racionalidade, repudiando a religião como forma de controle social do homem inculto. Saint-Simon Ao contrário de Owen, um trabalhador, Saint-Simon pertencia à nobreza e portava o título de conde. - -12 Embora de família aristocrática, defendia que o Estado deveria interferir na economia e distribuir recursos de acordo com a capacidade dos indivíduos, permitindo que cada um desenvolvesse suas potencialidades em harmonia. Foi um dos precursores do socialismo, acreditando que a sociedade deveria ser baseada na racionalidade e no progresso científico. Charles Fourier Charles Fourier viveu na França no final do século XVIII, foi um dos mais ferrenhos críticos do capitalismo como sistema e das teorias liberais. Elaborou a teoria das comunidades-modelo, formada por pequenas unidades produtivas e cooperativas, sendo por isso conhecido como um dos pais do cooperativismo. Louis Blanc Seguindo a mesma linha de pensamento de Fourier, o francês Louis Blanc, que tomaria parte nas manifestações de 1848, desenvolveu a ideia de que o Estado deveria incentivar as associações profissionais, semelhantes às corporações de ofício, em que os lucros seriam divididos igualmente entre Estado e trabalhadores que fizessem parte dessa associação. Pierre-Joseph Proudhon Pierre-Joseph Proudhon foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês. É considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do anarquismo, sendo também o primeiro a se auto- proclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários. Foi ainda em vida chamado de socialista utópico por Marx e seus seguidores, rótulo sobre o qual jamais se reconheceu. Após a revolução de 1848 passou a se denominar federalista. Pierre-Joseph Proudhon e as teorias anarquistas Pierre-Joseph Proudhon recusava o título de socialista utópico e entendia suas teorias como anarquistas, tendo sido um dos primeiros a usar essa expressão. Ao contrário dos demais socialistas utópicos, que acreditavam na necessidade de um Estado que conduzisse a política e a economia, Proudhon defendia a sociedade sem Estado, uma das bases ideológicas do anarquismo. Contemporâneo de Marx e de Engels, Proudhon criticava as relações de trabalho capitalista e defendia, a exemplo de seus antecessores, o corporativismo e as associações coletivas. Em sua obra Sistema das contradições econômicas ou filosofia da miséria, discorre sobre essa questão. Enquanto que, pelo progresso da indústria coletiva, cada jornada de trabalho individual obtém um produto cada vez maior, e consequentemente necessário, e enquanto o trabalhador com o mesmo salário deveria tornar-se a - -13 cada dia mais rico, existem na sociedade estados que aproveitam e outros que se enfraquecem; existem trabalhadores com salário duplo, triplo ou cêntuplo e outros em déficit; por toda a parte, enfim, há pessoas que gozam e outras que sofrem e, por uma divisão monstruosa das faculdades industriais, há ainda indivíduos que consomem e que nada produzem (2003, p. 169). Proudhon foi fortemente criticado por Marx, assim como os demais socialistas utópicos. Tal expressão, utilizada para definir essa corrente do socialismo, foi cunhada por Marx, que dizia que, embora esses teóricos apontassem os problemas sociais, não propunham meios efetivos de combater o que acreditavam serem mazelas do sistema. Como resposta à filosofia da miséria, Marx escreveu a Miséria da filosofia, cujo título já é, por si só, uma provocação à obra de Proudhon, a quem acusava de apontar problemas para os quais faltavam os fundamentos básicos para elaborar uma solução. 4.1 Socialismo científico Apesar da crítica de Marx, não restam dúvidas acerca da contribuição dos chamados utópicos, pois foram os precursores da crítica ao capitalismo. Tanto quanto , que elaboram suas teorias também no século XIX, passam a ser conhecidos comoMarx3 Engels4 socialismo científico, já que suas teses propõem, de fato, uma modificação do Estado e a abolição de princípios capitalistas, em especial, da propriedade privada. O alemão Karl Marx foi, antes de tudo, um estudioso do sistema capitalista. Foi com base na compreensão do funcionamento desse modelo produtivo que elaborou suas críticas e, mais tarde, o modelo econômico que ficaria conhecido como socialismo. 3Karl Heinrich Marx foi um filósofo, cientista político, e socialista revolucionário muito influente em sua época, até os dias atuais. É muito conhecido por seus estudos sobre as causas sociais. Teve enorme importância para a política européia, ao escrever o Manifesto Comunista, juntamente com Friedrich Engels, que deu origem ao “Marxismo”, citado adiante. Foi um ativista do movimento operário europeu, no chamado International Workingmen’s Association (IWA), também conhecido como First International. A influência de suas idéias atingiram todo o mundo, como na vitória dos Bolcheviques na Rússia. Enquanto suas teorias começaram a declinar quanto à popularidade, especialmente após o colapso do regime Soviético, elas continuam sendo muito utilizadas hoje, em movimentos trabalhistas, práticas políticas, movimentos políticos. 4Friedrich Engels foi um teórico revolucionário alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal - -14 obra de seu amigo e colaborador. Grande companheiro de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. Entre dezembro de 1847 à janeiro de 1848, junto com Marx, escreve o Manifesto do Partido Comunista, onde faz uma breve apresentação de uma nova concepção de história, afirmando que: “A história da humanidade é a história da luta de classes.” 5 Karl Marx A principal obra de Karl Marx é O capital, mas também podemos destacar O manifesto comunista, escrito em colaboração com Friedrich Engels. Para Marx, a história da humanidade é a história da luta de classes, e o trabalho é a atividade fundadora das sociedades. Em suas teorias, ele funda o conceito de , que seria a base do lucro do capitalista, ou burguês, que émais-valia5 definido como o dono dos meios de produção. Ao trabalhador resta vender sua força de trabalho, já que não possui os meios de produção. Exemplo de mais-valia5 Em oito horas de trabalho, um operário produz três cadeiras. Cada cadeira será vendida por R$50,00, mas o trabalhador receberá, por todo o seu dia de trabalho, apenas R$10,00. Os R$40,00 restantes são o lucro sobre o trabalho, ou seja, a mais-valia. As teorias marxistas As foram incorporadas por Lenin, que as aplicou na Rússia após 1917, quando uma revoluçãoteorias marxistas derrubou o sistema monárquico e instaurou o regime socialista. Dessa forma, o socialismo russo é conhecido como .marxista-leninista O socialismo do século XIX chegará ao século seguinte como alternativa política e econômica ao capitalismo. De sua aplicação na Rússia revolucionária surgiria a consolidação de um modelo de Estado autoritário, cujo principal representante seria .Stálin6 Josef Vissarionovitch Stalin6 foisecretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comitê Central a partir de 1922 até a sua morte em 1953, sendo assim o líder soberano da União Soviética. Sob a liderança de Stalin, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939 -1945) e passou a atingir o estatuto de , após rápida industrialização e melhorassuperpotência nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu seu território para um tamanho semelhante ao do antigo Império Russo. Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Stalin, Nikita Khrushchov, apresentou seu Discurso secreto oficialmente - -15 chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual iniciou-se um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspectivas ao redor de Stalin e seu governo, alguns o vendo como e outros como .ditador tirano líder habilidoso O termo é utilizado para designar a corrente política surgida pelo rompimento político com oleninismo economicismo da social-democracia européia no começo do século XX. Apesar de levar o nome de seu principal fundador, o leninismo também carrega contribuições de revolucionários como Grigory Zinoviev - por formular junto com Lenin a teoria do desenvolvimento desigual - e Lev Kamenev. Lenin procurou adaptar a teoria marxista do século XIX à realidade do século XX e foi um dos principais teóricos marxistas e o principal lider da Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia. O se espalharia sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, quando tem início oautoritarismo socialista período de , uma disputa ideológica por zonas de influência liderada pela União Soviética,Guerra Fria7 socialista, e pelos Estados Unidos, capitalista. 7A Guerra Fria foi um conflito que não resultou em confronto armado, foi uma disputa ideológica entre Estados Unidos e União Soviética, que transcorreu a partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e findou em 1991, com o fim da União Soviética. Esse conflito pode ser definido como uma guerra econômica, diplomática e tecnológica que tinha como objetivo a expansão das áreas de influências do capitalismo e do socialismo. O principal ponto da Guerra Fria foi a difusão dos sistemas político-econômicos existentes, de um lado o capitalismo, liderado pelos Estados Unidos; e do outro, o socialismo, liderado pela União Soviética. É importante lembrar que os dois eram as duas maiores potências mundiais que constituíam o mundo bipolar. A principal preocupação de ambos estava relacionada à questão da predominância de uma das influências, que poderia significar a hegemonia de uma potência sobre a outra, esse temor elevou ainda mais a rivalidade entre eles. Assim, americanos e soviéticos saíram em busca de aliados para expandir suas respectivas ideologias. O clima de apreensão fez com que as potências em questão saíssem em disparada para o desenvolvimento de inovações bélicas, produzindo um gigantesco arsenal bélico, como armas, mísseis, submarinos e armamentos nucleares capazes de destruir o planeta. Durante a Guerra Fria o mundo conviveu com um constante clima de tensão entre americanos e soviéticos, uma vez que qualquer situação envolvendo os dois países poderia gerar um conflito armado sem precedentes. Essa ordem mundial, denominada , seria uma das principais características da segunda metade dobipolaridade século XX, pondo o mundo em alerta com a possibilidade de um conflito nuclear entre as duas potências. - -16 O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Primavera dos Povos; • Comuna de Paris; • Nacionalismo europeu: as unificações italiana e alemã; • A consolidação do proletariado na qualidade de classe atuante nas transformações sociais operadas no mundo do trabalho, como a luta por direitos trabalhistas; • O processo de unificação da Itália e da Alemanha e a consolidação do nacionalismo nesses estados. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Viu a formação do sistema capitalista e seus principais teóricos no período de sua consolidação. Compreendemos também o contexto de produção das ideias socialistas e duas de suas principais correntes de pensamento: o socialismo utópico e o socialismo científico, identificando seus principais teóricos e suas teses. • • • • • • Olá! 1 Introdução 2 Modelo produtivo e suas transformações 2.1 Mercantilismo 2.2 Metalismo 3 O capitalismo e a escravidão 4 Socialismo 4.1 Socialismo científico 5 Karl Marx O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
Compartilhar