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Apostila Fundamentos Sociológicos e Antropológicos

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1
FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS E
 ANTROPOLÓGICOS
CÍNTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MEDEIROS
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
1
FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS 
CÍNTIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MEDEIROS
1
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
 Diretor Geral: Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
 Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite
 Carla Jordânia G. de Souza
 Guilherme Prado Salles
 Design: Aline de Paiva Alves
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Taisser Gustavo Soares Duarte
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita 
do Editor
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
2
FUNDAMENTOS
SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS 
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
3
4
LEGENDA DE
Ícones
São os conceitos, definições ou afirmações importantes 
aos quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
1.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................8
1.2 Principais áreas da Antropologia e da Sociologia .................................................................................................8
1.3 Antropologia - Principais teóricos clássicos ............................................................................................................10
1.4 Sociologia - Principais teóricos clássicos ....................................................................................................................11
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................14
2.1 Introdução ......................................................................................................................................................................................17
2.2 A organização da sociedade .............................................................................................................................................17
2.3 Organnizações modernas ..................................................................................................................................................18
2.4 Trabalho e vida econômica .............................................................................................................................................20
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................24
3.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................27
3.2 A gênese das noções de cultura ....................................................................................................................................27
3.3 Socialização ..................................................................................................................................................................................28
3.4 Mídia e comunicação de massa ....................................................................................................................................29
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................32
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: PESPECTIVA HISTÓRICA 
CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO E SOCIOLÓGICO COMO BASE PARA 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE 
A CULTURA NA PESPECTIVA SOCI0OLÓGICA E ANTROPOLÓGICA 
UNIDADE 4
4.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................35
4.2 Cultura organizacional X Cultura administrativa .............................................................................................35
4.3 Paradigmas da cultura ........................................................................................................................................................36
4.4Método etnográfico ................................................................................................................................................................38
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................40
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DAS 
RELAÇÕES SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES 
UNIDADE 5
5.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................43
5.2 Multiculturalismo e diversidade ...................................................................................................................................43
5.3 Pobreza e exclusão social ..................................................................................................................................................45
5.4 Raça e etnicidade ....................................................................................................................................................................46
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................50
O OLHAR SOCIOANTROPOLÓGICO SOBRE OS PROBLEMAS SOCIAIS 
UNIDADE 6
6.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................53
6.2 Neoliberalismoe globalização ........................................................................................................................................53
6.3 Direitos, cidadania e movimentos sociais ...............................................................................................................57
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................61
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ....................................................................................................................63
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................64
DEBATES CONTEPORÂNEOS 
6
UNIDADE 1
Nesta unidade, serão apresentadas as perspectivas teóricas da Antropologia e da 
Sociologia e sua constituição como campo de conhecimento, bem como seus 
principais teóricos clássicos, e suas contribuições para a compreensão da sociedade 
e dos problemas sociais.
UNIDADE 2
Depois de conhecer as perspectivas teóricas da Antropologia e da Sociologia, você 
verá um pouco sobre a organização da sociedade, as organizações modernas e a 
relação trabalho e vida econômica.
UNIDADE 3
Nesta unidade serão apresentadas as noções de cultura, o conceito de socialização e 
a mídia e comunicação de massa como influenciadores de estilo de vida.
UNIDADE 4
Nesta unidade, serão apresentados as contribuições da Antropologia e da Sociologia 
para a compreensão das relações sociais nas organizações. Serão foco de discussão a 
cultura organizacional e a pesquisa da cultura na vertente sociológica, antropológica 
e em Administração.
UNIDADE 5
Nesta unidade, serão apresentados conceitos que contribuem para a compreensão 
dos problemas sociais contemporâneos: multiculturalismo, diversidade, pobreza, 
exclusão social, raça e etnicidade.
UNIDADE 6
Nesta unidade serão apresentados três temas que são alvo de debates 
contemporâneos: Neoliberalismo e Globalização, Direitos, cidadania e movimentos 
sociais.
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: 
PERSPECTIVA HISTÓRICA
UNIDADE
01
8
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 PRINCIPAIS ÁREAS DA ANTROPOLOGIA E DA SOCIOLOGIA
 As ciências sociais constituem uma área de conhecimento relevante para a compre-
ensão da sociedade e das relações humanas. Particularmente, a Antropologia e a Socio-
logia, a despeito de suas diferenças, têm em comum teorias que buscam explicar a vida 
cotidiana, portanto, sua aplicabilidade se expande para além do senso comum, potenciali-
zando intervenções das pessoas para melhorar a vida em sociedade. O estudo das pessoas 
na sociedade, ou como parte da estrutura da sociedade, pode levar à compreensão de pro-
blemas como a violência, o preconceito, os conflitos sociais, o futebol, entre outros. Além 
disso, a Antropologia e a Sociologia oferecem conhecimento que auxilia outros campos de 
conhecimento, como a informática, a arquitetura, a administração, entre outros. 
 O campo de conhecimento formado pela Antropologia e a Sociologia não é recente, 
apresentando uma trajetória histórica com a presença de teóricos clássicos, como Augus-
to Comte, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx, Franz Boaz, Margarete Mead, Bronislaw 
Malinowski, para mencionar alguns. O estudo das teorias antropológicas e sociológicas 
tem o potencial de estimular o questionamento sobre o contexto social e suas problemá-
ticas. No cotidiano da vida em sociedade, as pessoas se deparam com fenômenos natu-
ralizados, sem exercer o estranhamento sobre eles, ou seja, aceitam-se esses fenômenos 
como eles se apresentam. 
 Consumo, produção, música, economia, organizações, entre outros, são fenômenos 
sobre os quais exige-se o pensar, exige-se o refletir sobre o posicionamento que se tem a 
respeito deles, e, assim, rever a visão de mundo adotada para lidar com os problemas do 
cotidiano. As teorias sociológicas e antropológicas constituem-se em conhecimento que 
permite às pessoas compreender, interpretar, analisar e resolver problemas sociais pre-
sentes no cotidiano de suas vidas. Dessa maneira, tais teorias permitem desenvolver uma 
postura caraterística de um cidadão crítico e uma cidadã crítica, habilitando-os ao pleno 
exercício da cidadania. 
 Nesta unidade, iniciamos apresentando o percurso da trajetória da Antropologia e 
da Sociologia para, em seguida, considerando os diversos limites deste material, apresen-
tar os principais teóricos clássicos, de modo a estimular o estudo de outros teóricos que 
contribuíram para a constituição do campo.
Aprender a pensar sociologicamente – olhando – em 
outras palavras, de forma mais ampla – significa cul-
tivar a imaginação. Estudar sociologia não pode ser 
apenas um processo rotineiro de adquirir conheci-
mento. Um sociólogo é alguém que é capaz de se 
libertar da imediatidade das circunstâncias pessoais 
e apresentar as coisas num contexto mais amplo (GI-
DDENS, 2005, p. 24).
 A Antropologia e a Sociologia têm abordagens distintas, portanto, suas áreas serão 
tratadas separadamente. Inicialmente, apresenta-se a Antropologia.
 O debate central da Antropologia é o enigma do homem, o que está expresso na 
etimologia da palavra: Anthropos (homem) e logos (conhecimento). A Antropologia é, en-
9
Só pode ser considerada como antropológica uma abordagem integrativa que objetice levar 
em consideração as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade.
FIQUE ATENTO
tão, a ciência que estuda o homem, sua evolução biológica, cultural e social. Foi no Século 
XIX que a Antropologia alcançou o status de disciplina científica, no entanto, suas origens 
datam de séculos anteriores, quando das descobertas de outros povos (DAMATTA, 1997)
 Tomando a categorização de Laplantine (1991) a Antropologia desenvolveu-se em 
quatro campos: 
1. Antropologia Biológica ou Física: esta abordagem se ancora na noção do homem en-
quanto ser biológico, sendo centrais para esse entendimento os seguintes aspectos: 
relações entre natureza e cultura na constituição do ser humano; a variação espaço-
-temporal dos caracteres biológicos do homem; e a influência dos fatores culturais no 
desenvolvimento do indivíduo. 
2. Antropologia Pré-histórica ou Arqueologia: esta abordagem estuda o homem pelos 
seus vestígios materiais encontrados no solo ou em inscrições rupestres. As interpreta-
ções sobre sistemas socioculturais já desaparecidos permitem a dedução de aspectos 
relacionados à cultura, como alimentação, práticas religiosas, entre outros. 
3. Antropologia Linguística: esta abordagem concentra-se no estudo da linguagem, 
como símbolo da cultura e ferramenta para transmissão das tradições. É pela lingua-
gem que os indivíduos significam e ressignificam o mundo, expressando seus valores, 
suas preocupações e seus pensamentos. 
4. Antropologia Social ou Cultural, ou Etnologia: esta abordagem diz respeito à socieda-
de, seus modos de produção, suas técnicas, sua organização política, sistemas familia-
res, religião, entre outros fenômenos. A Antropologia social considera o homem como 
membro de uma cultura e sociedades específicas. 
 Enquanto a Antropologia se desenvolveu em direção à compreensão do homem, a 
Sociologia se desenvolveu em torno das preocupações relacionadas com as consequên-
cias do processo de industrialização nas cidades. 
 A Sociologia busca compreender, com auxílio da antropologia e de outros campos 
de conhecimento, como os agrupamentos sociais humanos se desenvolveram, ou seja, se 
concentra nas estruturas sociais para fornecer ferramentas teóricas que permitam a inter-
venção nas problemáticas sociais. Assim como a Antropologia, a Sociologia é uma ciência 
recente, tendo surgido do pensamento iluminista, pouco depois da Revolução Francesa. 
Foi a primeira ciência social a se institucionalizar, antes mesmo da ciência política.
 Giddens (2005) destaca três das maisimportantes e recentes perspectivas sociológi-
cas, com suas concepções sobre a sociedade:
1. Funcionalismo – a sociedade é um sistema complexo composto por partes que funcio-
nam em conjunto para produzir a estabilidade, tendo o consenso moral sua relevância 
para a manutenção da ordem. 
2. Abordagem de conflito – a sociedade é composta por grupos distintos que buscam 
10
garantir seus próprios interesses. Os interesses divergentes indicam potencial para o 
surgimento de conflitos e tensões entre grupos dominantes e desfavorecidos dentro da 
sociedade.
3. Interacionismo simbólico - A sociedade é produzida pelas interações face a face nos 
contextos da vida cotidiana e suas instituições. As interações envolvem símbolos e seus 
significados, os quais são compartilhados para dar sentido aos que as pessoas dizem e 
fazem.
 O Funcionalismo foi adaptado para diferentes campos de conhecimento, como a 
filosofia, a psicologia e a antropologia. Seu principal objetivo é explicar a sociedade, as 
ações coletivas e individuais, a partir de causalidades, ou seja, de funções. Nesse sentido, a 
sociedade, ou o que se observa com as lentes do funcionalismo, é compreendida como um 
sistema, composto por subsistemas relacionados e com funções específicas.
1.3 ANTROPOLOGIA - PRINCIPAIS TEÓRICOS CLÁSSICOS 
 A Antropologia se desenvolveu com base em diversos estudiosos, destacando-se en-
tre eles: Franz Boas, Margarete Mead e Bronislaw Malinowski.
 Franz Boas (1818-1883) formulou a teoria do relativismo cultural, que sustentava que 
todas as culturas eram essencialmente iguais, mas, simplesmente, deveriam ser entendi-
das em suas especificidades. Comparar duas culturas seria equivalente a comparar maçãs 
e laranjas: são distintas e, portanto, devem ser abordadas como tal. Para Boas, nenhuma 
cultura era mais ou menos desenvolvida ou avançada do que outra, elas eram, simples-
mente, diferentes. Boas também confrontou a crença de que diferentes grupos étnicos 
eram mais avançados que outros, se opondo ao racismo científico, que sustentava que a 
raça era um conceito biológico, e não cultural, e que as diferenças raciais poderiam, assim, 
ser atribuídas à biologia subjacente (ELWERT, 2015)
 Bronislaw Malinowski (1884-1942), sob a bandeira teórica do Funcionalismo, revo-
lucionou os métodos de trabalho de campo, cultivando um estilo inovador de escrita et-
nográfica. Juntamente com Radcliffe-Brown, estabeleceu os fundamentos metodológicos 
do trabalho de campo etnográfico. Durante a Primeira Guerra Mundial, Malinowski reali-
zou um estudo etnográfico intensivo na Ilha Trobiand, que representou um dos momentos 
da fundação da Antropologia Moderna. 
 Margarete Mead (1901-1978) era mais conhecida por seus estudos sobre os povos 
não alfabetizados na Oceania, especialmente no que diz respeito a vários aspectos da psi-
cologia e da cultura: o condicionamento cultural do comportamento sexual, o caráter na-
tural e a mudança cultural. Mead também fez incursões em tópicos como direitos das 
mulheres, educação dos filhos, moralidade sexual, proliferação nuclear, relações sociais, 
abuso de drogas, controle populacional, poluição ambiental e fome no mundo.
A Sociologia e a Antropologia nos permitem compreender o mundo social a partir de outros 
pontos de vista que não o nosso. Essas duas ciências não têm um corpo de ideias que todos 
aceitam como válidas e universais, pois elas dizem respeito às nossas vidas e ao nosso com-
portamento, tarefa que exige esforço e reflexão. 
FIQUE ATENTO
11
1.4 SOCIOLOGIA – PRINCIPAIS TEÓRICOS CLÁSSICOS 
 Os principais teóricos clássicos da Sociologia, conforme apontado por Giddens (2005), 
são Augusto Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Abaixo estão descritos os 
pontos centrais de suas teorias.
 Augusto Comte (1758 – 1857) - Auguste Marie François Xavier Comte, francês, filó-
sofo e matemático, fundou o Positivismo e é considerado o pai da Sociologia. Comte en-
tendia que a sociologia deveria aplicar métodos científicos rigorosos da ciência positiva, 
os mesmos usados no estudo do mundo físico, para entender a sociedade, visto que para 
ele a sociedade se conforma com leis invariáveis. Uma abordagem positivista da sociologia 
pretende produzir conhecimento sobre a sociedade com base em evidências empíricas 
obtidas de forma metodológica (observação, comparação e experimentação).
 Karl Marx (1818-1883) é uma das figuras mais influentes da história da humanidade. 
A maior parte da sua obra concentra-se em temas econômicos, mas sempre conectados 
com as instituições sociais. O ponto de vista de Marx estava fundado no que ele chama-
va de concepção materialista da história. O materialismo histórico está centrado na ideia 
de que as formas da sociedade aumentam e diminuem à medida que avançam e impe-
dem o desenvolvimento do poder produtivo do homem. O processo histórico, para Marx, 
é necessário para uma série de modos de produção caracterizados pela luta de classes. A 
análise econômica de Marx sobre o capitalismo baseia-se em sua teoria do valor do traba-
lho e inclui a análise do lucro capitalista como a extração da mais-valia do proletariado. A 
análise da história e da economia se reúne na previsão de Marx sobre o inevitável colapso 
econômico do capitalismo, que seria, em um futuro, substituído por uma sociedade mais 
humana.
MAIS-VALIA – conceito empregado por Karl Marx para explicar a diferença entre o valor final 
da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, 
que é a base do lucro no sistema capitalista.
FIQUE ATENTO
 Émile Durkheim (1859 – 1917), assim como Comte, entendia que a vida social deve 
ser estudada com a objetividade das ciências naturais. A obra de Durkheim abrange um 
amplo espectro de tópicos (instituições sociais, solidariedade, anomia, mudança social, en-
tre outros). Para Durkheim, a Sociologia deveria se preocupar com os fatos sociais, que são 
maneiras de agir, de pensar e de sentir que obriga os indivíduos a se adaptar às regras da 
sociedade onde vivem. Porém, um fato social não é qualquer acontecimento. Um fato so-
cial apresenta três características: Coercitividade (característica relacionada com o poder, 
ou a força com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos 
que a integram, obrigando esses indivíduos a segui-los); Exterioridade (quando o indivíduo 
nasce, a sociedade já está organizada com suas leis, seus padrões, etc.); Generalidade (os 
fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo 
um grupo, ou sociedade).
 Max Weber (1864-1920) tinha amplo conhecimento relacionado à economia, direito, 
filosofia, história e sociologia. Os estudos empíricos de Weber apontaram características 
12
básicas das sociedades industriais modernas. Weber achava que a sociologia deveria se 
concentrar na ação social e não nas estruturas, pois as motivações e ideias humanas eram 
as forças que levariam à mudança social, pois os indivíduos têm a habilidade de agir livre-
mente e moldar o futuro. Ao contrário de Durkheim e Marx, Weber não acreditava que as 
estruturas sociais existiam independentemente dos indivíduos. As ideias de Weber, apesar 
de controversas, representaram uma inovação sobre o modo de pensar a sociedade.
 Anthony Giddens oferece uma comparação entre as ideias de Weber e Marx:
IDEIAS MARXISTAS IDEIAS WEBERIANAS
A principal dinâmica do desenvolvimento 
moderno é a expansão dos mecanismos 
econômicos capitalistas. 
A principal dinâmica do desenvolvimento 
moderno é a racionalização da produção.
As sociedades modernas são fendidas pe-
las desigualdades de classe, que são fun-
damentais para sua própria natureza.
A classe é um tipo de desigualdade entre 
tantos – como as desigualdades existentes 
entre homens e mulheres – nas sociedades 
modernas.
As grandes divisões de poder, como aque-
las que afetam a posição diferencial entre 
homens e mulheres, são, no fim das con-
tas, resultado de desigualdades econômi-cas.
No sistema econômico, o poder é separável 
de outras fontes, por exemplo, as desigual-
dades entre homens e mulheres não podem 
ser explicadas em termos econômicos.
As sociedades modernas, assim como 
hoje as conhecemos (sociedades capita-
listas), são um tipo transicional – podemos 
esperar que venham a ser radialmente 
reorganizadas no futuro. O socialismo, de 
um tipo ou de outro, acabará substituindo 
o capitalismo.
Certamente, haverá um progresso ainda 
maior da racionalização, no futuro, em todas 
as esferas, da vida social. Todas as sociedades 
modernas dependem dos mesmos modos 
fundamentais de organização social e eco-
nômica.
O avanço da influência ocidental em todo 
o mundo é resultado, sobretudo, das ten-
dências expansionistas da iniciativa capi-
talista.
O impacto global do Ocidente origina-se no 
seu controle sobre os recursos industriais, 
aliado a um poder militar superior.
Quadro 1: Uma comparação entre Marx e Weber
Fonte: Giddens (2005, p. 536)
Procure compreender as diferenças entre Marx e Weber sobre: o desenvolvimento, o poder, a 
mudança social, impacto global do Ocidente no mundo. Com quais dessas ideias você pode-
ria concordar analisando o contexto contemporâneo?
VAMOS PENSAR?
 A Sociologia tem um amplo conjunto de ideias, teorias e perspectivas para expli-
car fenômenos sociais. A título de exemplo, apresentamos três autores contemporâneos e 
suas temáticas:
 Ulrich Beck e a sociedade de risco – o argumento é que a sociedade industrial está 
sendo substituída por uma sociedade de risco, em uma época que as instituições são cada 
vez mais globais. O avanço tecnológico e científico, de fato, cria situações de riscos de difícil 
avaliação, mesmo que tenha trazido muitos benefícios para a vida humana. Observe que 
13
em muitas decisões que tomamos no nível da vida cotidiana incidem riscos. O autor não 
defende que o mundo contemporâneo tenha maiores riscos que épocas anteriores, mas, 
sim, mostra que há uma natureza dos riscos com os quais nos defrontamos (BECK, 1992).
 Manuel Castells e a economia em rede - o argumento é que a sociedade da infor-
mação se caracteriza por uma economia em rede proporcionada pelo avanço tecnológico. 
A tecnologia da informação, para Castells, é o meio de capacitação local e de renovação co-
munitária , representando uma mudança qualitativa na experiência humana (CASTELLS, 
2003)
 Cada vez mais, a nova ordem social, a sociedade em 
rede, parece uma ordem social para a maior parte 
das pessoas. Ou seja, uma sequência automática e 
aleatória de eventos, derivada da lógica incontrolável 
dos mercados, tecnologia, ordem geográfica ou de-
terminação biológica (CASTELLS, 1999, p. 505).
 Anthony Giddens e a reflexividade social – o autor desenvolve o conceito de reflexivi-
dade social para se referir à necessidade de pensarmos e refletir a respeito da nossa vida e 
das circunstâncias que lhe são comuns. Esse conceito é uma referência ao fato de que as 
práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas conforme as descobertas 
sucessivas acerca dessas práticas (GIDDENS, 1991).
 Manifesto Comunista: A análise textual de Ruy Fausto (1998) é didática e abor-
da acertos e erros do manifesto, considerando a época, sendo um exemplo de 
uma postura crítica sobre um manuscrito tão debatido. 
Disponível em: https://bit.ly/2OBkBKE. Acesso em: 20 mar. 2020.
Strangers Abroad: A série televisiva sobre Bronislaw Malinowski, apresenta al-
guns dos primeiros antropólogos a viverem entre os povos que lhes interessa-
vam, suas trajetórias acadêmicas e suas contribuições para o pensamento con-
temporâneo. Disponível em: https://bit.ly/2DTatek. Acesso em: 20 mar. 2020. 
Incidência de suicídio: Confira a reportagem do G1 sobre os índices de suicídio 
em São Paulo, publicada em 2020. 
Disponível em: https://glo.bo/3lQhFd3. Acesso em: 20 mar. 2020.
BUSQUE POR MAIS
O Suicídio: Para Emile Durkheim, o suicídio, antes que o problema psicológico, é um fato 
social. A obra publicada em 1877 traz o relato de sua pesquisa sobre os índices de suicídio 
na Europa, mostrando como padrões sociais podem ser detectados em ações individuais. 
Mesmo recebendo muitas críticas, o estudo de Durkheim sobre o suicídio é um clássico para 
a compreensão da sociedade. 
https://bit.ly/2OBkBKE
https://bit.ly/2DTatek
https://glo.bo/3lQhFd3.
14
1. A Antropologia e a Sociologia são ciências sociais cujas abordagens são distintas. 
Assinale a alternativa correta sobre essas duas ciências sociais.
a) A Sociologia e a Antropologia foram criadas no mesmo contexto sócio-histórico e com 
os mesmos objetivos.
b) A Antropologia é a ciência que estuda o homem, sua evolução biológica, cultural e social. 
c) A Antropologia e a Sociologia se desenvolveram a partir dos estudos de Karl Marx.
d) A Sociologia é uma ciência que busca entender a origem biológica do homem.
e) A Antropologia e a Sociologia são ciências exatas.
2. A abordagem da antropologia que se baseia na dimensão física do homem é denominada:
a) Antropologia Social
b) Arqueologia
c) Antropologia Biológica
d) Antropologia Pré-histórica
e) Antropologia Humana
3. A abordagem da Antropologia Linguística concentra-se nos seguintes aspectos:
a) Variação espaço-temporal das características morfológicas do homem
b) Inscrições rupestres e linguagem
c) Religião e família
d) Signos e linguagem
e) Música e Alimentação
4. Sobre as perspectivas sociológicas, aponte a alternativa correta:
a) Para o funcionalismo, os sistemas que compõem a sociedade devem produzir a 
instabilidade.
b) Para a abordagem do conflito, a sociedade é composta por sistemas que devem produzir 
a instabilidade.
c) Para a abordagem do interacionismo simbólico, a sociedade é produzida pelas interações 
humanas.
d) A abordagem funcionalista e a abordagem do conflito têm em comum a busca pelo 
consenso
e) Nenhuma das respostas acima está correta
5. A abordagem sociológica que entende que os interesses divergentes dos diversos 
grupos da sociedade promovem tensões entre grupos dominantes e desfavorecidos é 
denominada:
FIXANDO O CONTEÚDO
15
a) Funcionalismo
b) Interpretativismo
c) Marxismo
d) Simbolismo
e) Nenhuma das alternativas
6. Sobre os teóricos clássicos da Antropologia, é correto afirmar que:
a) Franz Boas argumenta que não existem diferenças culturais, pois todas as culturas são 
essencialmente iguais; 
b) Bronislaw Malinowski confrontou a crença de que diferentes grupos étnicos eram mais 
avançados que outros;
c) Margarete Mead concentrou-se nos estudos sobre o comportamento e a mudança 
cultural
d) Margarete Mead e Bronislaw Malinowski concentraram no estudo de povos não 
alfabetizados
e) Todas as respostas acima estão corretas.
7. Sobre os teóricos clássicos da Sociologia, é correto afirmar que:
a) Augusto Comte argumenta que o conhecimento universal deve ser aplicado no estudo 
da sociedade.
b) Karl Marx explica o capitalismo com base em sua teoria do valor do trabalho 
c) Para Karl Marx, o capitalismo impede o poder produtivo do homem
d) Durkheim defende que a Sociologia não deveria se preocupar com os fatos sociais
e) Nenhuma das alternativas acima está correta
8. Os estudos empíricos de Max Weber apontaram caraterísticas básicas das sociedades 
industriais modernas. Marque a alternativa correta quanto ao pensamento weberiano:
a) a sociologia deveria se interessar no estudo de suas estruturas
b) são as estruturas sociais e o estado que levam à mudança social
c) as estruturas sociais existem independentemente do homem
d) A principal dinâmica do desenvolvimento moderno é a racionalização da produção.
e) nenhuma das alternativas acima está correta
16
CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO 
E SOCIOLÓGICO COMO BASE PARA 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE 
UNIDADE
02
17
2.1 INTRODUÇÃO
 Depois de conhecer as ideias centrais da Sociologia e Antropologia, pode-se enten-
der a sua importância como ciências e como elas contribuem para o entendimento da 
sociedade, de suas relações e de seus fenômenos, como, por exemplo, as organizações einstituições que a compõem. 
 A sociedade se organiza ou se estrutura em grupos e organizações que buscam al-
cançar seus objetivos. Esses grupos têm acesso a diferentes tipos e quantidade de recur-
sos, gerando, então, as desigualdades, pois alguns grupos têm maior acesso aos recursos 
disponíveis que, por sua vez, podem ser escassos.
 As organizações tornaram-se cada vez mais importante para as pessoas, pois elas 
estão presentes em todos os momentos da vida do homem, desde o seu nascimento até 
sua morte. O funcionamento das organizações baseia-se no papel que elas assumem no 
sistema social.
 Muitos aspectos do mundo social estão mudando ao longo do tempo. O trabalho e a 
vida econômica também vêm sofrendo grandes transformações, como o fim de algumas 
carreiras e o surgimento de novas, e, também, o modo como as corporações se movimen-
tam pelo mundo fazendo alianças para competir em um mercado cada vez mais comple-
xo.
 Nesta Unidade 2, serão tratados temas relacionados com o modo como a socieda-
de se organiza e a relação entre trabalho e vida econômica. Você poderá compreender as 
estruturas sociais e seu funcionamento, bem como os problemas que decorrem do modo 
como a sociedade está organizada.
2.2 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE
 Sociedade é uma rede complexa de relações sociais composta por um conjunto de 
indivíduos que, pelo fato de terem diferentes acessos aos recursos disponíveis, estão es-
tratificados em camadas sociais, conforme fatores econômicos, culturais, políticos e reli-
giosos. Uma sociedade é estruturada e organizada conforme o papel que cada uma das 
partes (estrutura econômica, política jurídica, familiar, instituições sociais, etc) que a com-
põem desempenha. A estratificação social é a diferenciação de indivíduos e grupos em 
posições de forma hierárquica em um sistema, considerando que esses são ligados por um 
sistema de relações, direitos e deveres.
 Dessa forma, a estrutura social representa a posição de indivíduos e grupos dentro 
de um sistema de padrões que confere a cada um dos seus componentes um sentido 
quanto às expectativas a serem atendidas e quanto ao modo como esses devem pensar 
e agir. Portanto, a estrutura da sociedade tem a função de possibilitar a interação social e, 
também, um sentido organizacional aos indivíduos ou grupos.
 O status de um indivíduo é a sua posição social de acordo com a hierarquia, privilé-
gios, riqueza e poder. O papel que o indivíduo desempenha em uma sociedade está rela-
cionada às regras e normas que prescreve a ocupação do indivíduo na sociedade e que 
pode ser biológico ou social. 
 Na sociedade, têm-se os seguintes tipos de estrutura social: Grupos sociais (com-
postos por algum tipo de status de acordo com as expectativas culturais), organizações ou 
estruturas organizacionais (compostas por diversidades de status e finalidades), comuni-
dades (organizações das residências e atividades das pessoas), instituições (criadas para 
18
manter a regulamentação e controle), e categorias sociais (compostas por grupos com 
caraterísticas semelhantes, como sexo, idade, etc.).
O conceito de estrutura social como a representação das posições de indivíduos e grupos em 
dada sociedade pode não retratar os desvios ocultos. Muitas variáveis não são identificáveis 
nesse conceito, por exemplo, gênero. Os homens e as mulheres recebem tratamento diferen-
ciado no ambiente de trabalho por causa do seu sexo, o que é identificável na estrutura social, 
porém, o tempo ou as horas trabalhadas podem ser mascarados. Portanto, uma análise da 
estrutura social deve levar em conta uma multiplicidade de variáveis e sub-variáveis além de 
combinar os vários aspectos da vida social, o que consiste em um desafio a ser superado.
VAMOS PENSAR?
 Essa abordagem, de natureza funcionalista, pressupõe que as estruturas sociais de-
terminam a ação humana. Ao explicar a estrutura social como um fenômeno social pa-
dronizado, o funcionalismo coloca a ação humana à margem, ou seja, a estrutura social de 
uma dada sociedade é capaz de coagir os indivíduos a se comportarem de forma a buscar 
a estabilidade do sistema. 
 No entanto, as sociedades podem ser estruturadas da mesma forma, mas se orga-
nizarem de formas diferentes, pois a vida coletiva ganha vida e contornos pelas interações 
de indivíduos e grupos. Giddens (2009) propõe a Teoria da Estruturação (TE) que explica 
não ser possível conceber os sistemas sociais e a ação individual de modo separadamente, 
visto a necessidade de recíproca existência entre ambos, o que ele chama de dualidade da 
estrutura. 
[...] uma das principais proposições da TE [Teoria da 
Estruturação] é que as regras e os recursos esboça-
dos na produção e na reprodução da ação social são, 
ao mesmo tempo, os meios de reprodução do siste-
ma (a dualidade da estrutura) (GIDDENS, 2009, p. 22).
 Nessa perspectiva, Giddens (2009) argumenta que a ação social pode ocorrer dentro 
de uma determinada estrutura social preexistente, que se transforma através das ações 
dos atores que, por sua vez, agem de acordo com as regras e normas do sistema social vi-
gente, reproduzindo e transformando as estruturas sociais. 
2.3 ORGANIZAÇÕES MODERNAS 
 Atualmente, as organizações desempenham papéis importantes para nossas vidas, 
estando presentes no nosso cotidiano de forma nunca vista. Durante a maior parte da 
história do homem, as pessoas não podiam contar com aspectos da vida, hoje comuns na 
maioria das sociedades do mundo, como, por exemplo, fornecimento de água, energia elé-
trica, bens de consumo e outros. Cada vez que nós agimos, nas mínimas coisas do cotidia-
no, nós estamos em contato com organizações e, como diz Giddens (2005), dependemos 
delas para realizar quase tudo nas nossas vidas. Sendo assim, é certo que as organizações 
influenciam a vida em sociedade, modificando costumes, estilos de vida, e o modo como 
vemos o mundo. Imagine que, ao decidir ir para o trabalho, de carro ou usando o trans-
porte público, a pessoa está interagindo com uma ou mais organizações que, por sua vez, 
19
também está em contato ou depende de outras organizações. Imagine ainda a decisão de 
comprar um bem ou serviço no comércio eletrônico ou na loja física: essa decisão ilustra 
como as mudanças afetam os modos de vida em sociedade.
 No entanto, as organizações não influenciam nossas vidas de forma totalmente be-
néfica, muitas vezes, as organizações têm a capacidade de submeter as pessoas a regras, 
ordens e normas sobre as quais temos pouca influência. As organizações foram objeto de 
estudo de vários teóricos, mas foi Max Weber quem desenvolveu a primeira interpretação 
sistemática sobre as organizações modernas (GIDDENS, 2005). 
 Max Weber descreveu o funcionamento das organizações modernas na coordena-
ção das atividades dos seres humanos, ou dos bens que essas produzem, de uma maneira 
estável, através do tempo e do espaço. Para Weber, as organizações de larga escala ten-
dem a ser burocráticas por natureza, pois o seu desenvolvimento depende do controle 
das informações, do registro dos processos, das regras claras e ainda, o poder de decisões 
concentra-se no topo, ou seja, elas tendem a ser hierárquicas. Na análise weberiana, os 
conflitos e as conexões entre as organizações modernas e a democracia poderiam trazer 
consequências para a vida social.
 Para Weber, a ideia de burocracia está ligada ao conceito de autoridade, a qual se 
manifesta em três formas, a depender das bases da sociedade ou de sua legitimidade:
Tradicional
O poder legítimo é conferido por costume ou prática aceita, ou seja, a 
autoridade está no costume e não mas características pessoais, com-
petência técnica ou mesmo na lei. As pessoas aceitam a autoridade do 
governante ou líder porque as coisas sempre foram feitas daquela ma-
neira. A autoridade tradicional é absoluta quando o governante tem a 
capacidade de determinar leis e políticas
Racional-
Legal
O poder é legitimidado por lei, normas e regulamentações eritas dos 
sitemas políticos e organizacionais.Os líderes têm áras específicas de 
competência e autoridade, mas eles não são considerados dotados de 
inspiração divina, como em determinadas soieades com formas tradi-
cionais de autoridade.
Caristmática
O poder é legitimidado pelas características pessoais do líder, pela ex-
cepcional atração pessoal ou emocional exercida sobre seus seguido-
res. Ao contrário da autoridade racional-legal, a carismática é derivda 
mais das crenças dos seguidores do que das qualdiades reais dos líde-
res.
Quadro 2: Ideia de burocracia
Fonte: SCHAEFER, R. T.(2006)
 Os sistemas burocráticos estão cada vez mais sendo desafiados por outras formas 
de organização. As organizações, atualmente, buscam se reestruturar com o objetivo de 
tornarem-se menos burocráticas e mais flexíveis, usufruindo das novas tecnologias da in-
formação, pois muitas tarefas podem ser executadas e concluídas eletronicamente. 
 Um dos debates contemporâneos acerca das organizações é justamente sobre a 
transição de sistemas burocráticos para organizações flexíveis. Se para alguns a tendência 
de desburocratizar é uma certeza nas organizações, para os críticos, algumas formas são 
20
apenas parcialmente e aparentemente flexíveis, como, por exemplo, redes de empresas 
formadas para agilizar e minimizar custos de produção. Nesse sentido, os críticos apontam 
para uma McDonaldização da sociedade, ou seja, a sociedade será cada vez mais raciona-
lizada (GIDDENS, 2005). 
2.4 TRABALHO E VIDA ECONÔMICA
 O trabalho e a dimensão econômica da sociedade foram impactados por significa-
tivas mudanças, principalmente de natureza tecnológica, que deram novos contornos à 
vida em sociedade. Para entender melhor tais mudanças, é útil analisar as mudanças ocor-
ridas relacionadas ao trabalho. 
 De modo geral, o trabalho ocupa a maior parte do tempo de nossas vidas. Ao 
longo da história da humanidade, o trabalho foi relacionado à pena, punição, sofrimento, 
liberdade, prazer, isso porque, dependendo do contexto sócio-histórico, a noção de traba-
lho adquiria um significado. A palavra trabalho tem sua origem no latim tripalium e, com 
o tempo, passou a ser relacionado com a realização de uma atividade difícil. Portanto, em 
sua gênese, o trabalho foi associado à dor e sofrimento. No entanto, mais do que um meio 
de sobrevivência e sustento, o trabalho está associado à busca de um sentido pelo homem, 
inclusive, o trabalho pode levar o indivíduo à felicidade, caso ele trabalhe com o que real-
mente gosta. Muitas vezes, trabalho, profissão, emprego e ocupação são utilizados como 
sinônimos, mas existem diferenças entre os termos. 
• “Emprego” é o termo para se referir a uma relação contratual estabelecida entre duas 
partes: o empregador e o empregado. 
• “Profissão” é uma vocação que requer conhecimento de alguma área específica ou for-
mação em um curso técnico, superior, ou de pós graduação. 
• “Ocupação” é o cargo exercido.
GLOSSÁRIO
 Nas sociedades modernas, o trabalho está relacionado com a autoestima e a identi-
dade do indivíduo, sendo importante desempenhar uma atividade de trabalho, que pode 
ser remunerada ou não remunerada, como é o caso do trabalho doméstico. Muitas vezes, 
o trabalho não equivale a um emprego remunerado, não figurando nas estatísticas oficiais 
de emprego, mas compondo a economia informal (GIDDENS, 2005). De modo geral, até 
mesmo em lugares nos quais as condições de trabalho são precárias, o trabalho é visto 
como um elemento estruturador da identidade da pessoa e no seu cotidiano, pois a pessoa 
se reconhece e é reconhecida pelo trabalho que desempenha na sociedade. 
 Giddens (2005) aponta características do trabalho que podem ser relevantes para o 
trabalho como estruturador da identidade do indivíduo:
• Dinheiro – a remuneração recebida é um recurso necessário para satisfazer as neces-
sidades do indivíduo;
• Nível de atividade – base para aquisição e exercício de conhecimento e habilidades;
21
• Variedade – o ambiente de trabalho é diferente do ambiente doméstico;
• Estrutura temporal – o trabalho regular é o elemento estruturador do tempo do in-
divíduo;
• Contatos sociais – oportunidade para criação de laços com outras pessoas e para 
participação em outras atividades;
• Identidade pessoal – o trabalho oferece uma identidade social ao indivíduo, que é 
reconhecido pelo que faz.
 A divisão do trabalho nas sociedades modernas é bastante complexa. O trabalho é 
dividido em uma série de atividades menores nas quais as pessoas se especializam, dife-
rentemente nas sociedades tradicionais, quando o trabalho implicava em um domínio de 
um ofício. Inclusive, o desenvolvimento da indústria moderna provocou a separação entre 
a casa (privado) e o local de trabalho (público), trazendo implicações para as desigualda-
des entre homens e mulheres. Com as mudanças tecnológicas, muitos ofícios tradicionais 
desapareceram e foram substituídos por habilidades que fazem parte da produção em 
grande escala. A produção em massa de bens e mercadorias passou a ofuscar a habilidade 
artesanal e pequena escala. O trabalho nas fábricas passou a ser executado por pessoas 
especialistas em tarefas, as quais eram supervisionadas por gerentes que se preocupavam 
com as técnicas que ampliavam a produtividade e mantinha a disciplina dos trabalhado-
res.
 As mudanças relacionadas ao trabalho foram intensificadas a partir de 1970 e, desde 
então, termos como produção flexível, trabalho em equipe, produção em grupo, habilida-
des múltiplas, trabalho parcial, home-office, empreendedor individual, entre outros, tor-
naram-se comuns nas discussões e debates sobre o trabalho contemporâneo. De fato, as 
mudanças que vêm ocorrendo na natureza e na organização do trabalho estão intrinseca-
mente ligadas à economia e ao avanço tecnológico, portanto, tem profunda relação com o 
estilo de vida da sociedade. Um exemplo disso é o modelo disseminado pela empresa Uber 
de trabalho mediado por aplicativos, que gera discussões sobre a precarização e a intensi-
ficação do trabalho.
 No cenário da precarização do trabalho destacam-se as denúncias de trabalhadores 
em condições análoga à escravidão, o que é chamado de escravidão contemporânea. No 
âmbito da competitividade empresarial e das formas de organização do trabalho, a escra-
vidão contemporânea surge como uma prática de gestão das empresas que operam em 
uma cadeia global (CRANE, 2013)
 Esse tipo de escravidão está associado às formas repressivas de exploração da mão 
de obra, mediante a violência física e ou moral, e, principalmente, da restrição da liberda-
de de ir e vir dos trabalhadores, bem como da limitação de sua liberdade de oferecer seus 
serviços a outros empregadores (OLIVEIRA, 2016). 
Os elementos que caracterizam o trabalho escravo são: 
1. a submissão de trabalhador a trabalhos forçados; 
2. a submissão de trabalhador a jornada exaustiva; 
3. a sujeição de trabalhador a condições degradantes de trabalho; 
4. a restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida contraída, seja por 
meio do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalha-
dor, ou por qualquer outro meio com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
5. a vigilância ostensiva no local de trabalho por parte do empregador ou seu preposto, 
22
com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
6. a posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do emprega-
dor ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho (MINISTÉRIO DA ECO-
NOMIA, 2020, online)
 O setor de vestuário é um dos que mais utilizam trabalho escravo em sua cadeia de 
operações, um setor em que a imagem é vinculada ao glamour, à beleza e há uma forte 
valorização do exótico e do novo. A despeito disso, trata-se de uma indústria cujos basti-
dores escondem mazelas, como assédio, discriminação e a exploração criminosa de tra-
balhadores, com a utilização de trabalho escravo. A mão de obra escrava é utilizada, nesse 
setor, em sua cadeia de produção, por parte dos fornecedores terceirizados,diferentemen-
te das marcas e conceitos que são cuidadosamente criados e aperfeiçoados. A indústria 
paga valores ínfimos por peça produzida, o que é possível em virtude dos fornecedores 
obrigarem os trabalhadores a jornadas extenuantes a fim de produzirem muito recebendo 
uma remuneração mínima para sobrevivência (OLIVEIRA, 2016).
A escravidão moderna ou contemporânea é defini-
da pela presença dos seguintes elementos que ca-
racterizam relações de exploração entre um ser hu-
mano e outro, quais sejam: (a) envolvem exploração 
econômica: (b) ausência de direitos humanos; (c) 
manutenção de controle de uma pessoa sobre outra 
com a utilização da violência, não necessariamente a 
violência física, a qual assume a forma de condições 
degradantes de trabalho e de habitação, a retenção 
de documentos de identidade, fraude e abuso de 
poder e a utilização de capatazes para ameaçar os 
trabalhadores com o objetivo de manter o controle 
(CRAIG et al., 2007)
 As empresas tentam se esquivar da responsabilidade alegando a terceirização da 
produção e o desconhecimento dessas práticas nas empresas contratadas. No entanto, 
muitas são consideradas corresponsáveis pela justiça por essa exploração de capital huma-
no em condições análogas à de escravos. Apesar das ações de investigação e fiscalização 
nos últimos anos por órgãos como Ministério Público, Ministério do Trabalho e Emprego 
(atual Ministério do Trabalho e Previdência Social) e Polícia Federal, essa prática de ges-
tão e exploração persiste, sugerindo que o crime compensa, pois as multas e penalidades 
parecem ser irrelevantes quando comparadas aos lucros obtidos por meio dessa prática 
(OLIVEIRA, 2016)
 Em âmbito mundial, foi emblemático o desabamento de um prédio de três andares 
onde funcionava uma fábrica de tecidos em Bangladesh, em 2013, revelou não só o amplo 
descumprimento com normas básicas de segurança no país, mas também o lado obscuro 
da indústria de roupas internacional (HASHIZUME, 2013).
23
Tragédia em Bangladesh simboliza despotismo do lucro: O artigo escrito por 
Maurício Hashizume (2013) está disponível em: https://bit.ly/30iLDMx. Acesso em: 
20 mar. 2020.
Agência e estrutura: Neste link, você tem acesso a um vídeo de sociologia ani-
mada sobre Anthony Giddens e a Teoria da Estruturação. Essa teoria traz signifi-
cativa contribuição para a compreensão da sociedade contemporânea. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3lRrxDj. Acesso em: 20 mar. 2020. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: O IBGE é a principal fonte 
de dados e informações do País. Visite o website e busque informações sobre 
a população brasileira e sua composição, entre outras informações relevantes 
que contribuem para o entendimento desta unidade. Disponível em: https://bit.
ly/3haK5uN. Acesso em: 20 mar. 2020.
BUSQUE POR MAIS
GIG – A Uberização do Trabalho – Para saber mais sobre as mudanças contem-
porâneas da organização do trabalho e como elas estão relacionadas com à 
economia e o avanço tecnológico, assistam este documentário. O documentário 
ganhou o prêmio público na Mostra Ecofalante de Cinema, em São Paulo. Dispo-
nível em: https://bit.ly/393AQtA. Acesso em: 20 mar. 2020.
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 https://bit.ly/393AQtA
24
1. Sobre o conceito de sociedade, é correto afirmar:
a) É uma rede complexa de fatos sociais
b) É composta por grupos diferentes com acesso aos mesmos recursos disponíveis
c) É estratificada conforme o fator econômico, sem considerar outras dimensões.
d) É composta por um conjunto de indivíduos que, pelo fato de terem diferentes acessos 
aos recursos disponíveis, estão estratificados em camadas sociais.
e) Nenhuma das respostas está correta
2. A estrutura da sociedade tem a função de possibilitar a interação social e dar um sentido 
organizacional aos indivíduos ou grupos. Esse conceito é proveniente de uma abordagem:
a) Conflito
b) Marxista
c) Interacionista 
d) Funcionalista
e) Nenhuma das anteriores
3. A posição social do indivíduo de acordo com a hierarquia privilégios, riqueza e poder 
significa:
a) Papel
b) Estilo de Vida
c) Status
d) Estratificação
e) Nenhuma das anteriores
4. São exemplos de tipos de estrutura social:
a) Igrejas e o indivíduo
b) Famílias e igrejas
c) Empresas e o indivíduo
d) O indivíduo e a sociedade
e) Nenhuma das respostas está correta.
5. A Teoria da Estruturação pressupõe que:
a) As estruturas sociais determinam a ação humana, sendo capaz de obrigando os indivíduos 
a se comportarem de maneira padronizada.
b) As sociedades são essencialmente iguais e, portanto, se organizam da mesma forma.
c) Os sistemas sociais e a ação individual devem ser estudados isoladamente.
d) Existe uma necessidade de recíproca existência entre sistemas sociais e ação individual.
e) Nenhuma das respostas está correta.
FIXANDO O CONTEÚDO
25
6. Sobre a influência das organizações modernas nas nossas vidas, é correto afirmar que:
a) Seus efeitos são totalmente benéficos para nossas vidas
b) São orientadas pela flexibilidade e instabilidade do sistema
c) Seus efeitos são totalmente prejudiciais para nossas vidas
d) Criam e modificam estilos de vida
e) Nenhuma das respostas acima
7. O trabalho e a dimensão econômica da sociedade foram impactados por significativas 
mudanças. São considerados exemplos dessas mudanças:
a) diferenças de gênero, quando as mulheres passaram a ter maior remuneração que os 
homens
b) valorização da atividade artesanal nas organizações moderna
c) surgimento do trabalho mediado por aplicativos
d) a produção artesanal 
e) nenhuma das respostas acima
8. São características relevantes do trabalho como estruturador da identidade do indivíduo:
a) Salário e Mais valia
b) Conhecimento e exploração
c) Tempo e Salário
d) Mais valia e uberização
e) Nenhuma das respostas acima
26
A CULTURA NA PERSPECTIVA 
SOCIOLÓGICA E ANTROPOLÓGICA
UNIDADE
03
27
3.1 INTRODUÇÃO
 Cultura é um dos principais conceitos estudados em Antropologia e Sociologia. Usu-
almente, o termo cultura é utilizado como referência à arte, à literatura, à música, à pintura, 
no entanto, no âmbito da Sociologia e Antropologia, a cultura refere-se aos modos de vida 
dos membros de uma sociedade ou de grupos que compõem uma sociedade. O estudo 
de cultura é igualmente importante para outras disciplinas, como a Administração, que 
tem como objeto de estudo a gestão das organizações.
 Os diferentes tipos de sociedade carregam diferenças culturais. Cultura e socieda-
de não significam a mesma coisa, porém, não estão dissociadas uma da outra. Nenhuma 
sociedade poderia existir sem uma cultura e nenhuma cultura poderia existir sem uma 
sociedade. 
 Nesta unidade, serão apresentados conceitos e ideias relevantes para a compreen-
são da cultura, e, consequentemente, para o entendimento das organizações, grupos e 
sociedades.
3.2 A GÊNESE DAS NOÇÕES DE CULTURA
 O termo cultura tem sua origem no latim, com o significado de cultivar, sendo inicial-
mente utilizada nas ciências agrárias para se referir ao cultivo da terra. Mais tarde o termo 
ganhou o caráter multidisciplinar, sendo estudado em diversas áreas das ciências sociais e 
humanas, incluindo Sociologia, Antropologia, Administração. Considerando sua natureza 
multidisciplinar e transversal, é natural que o termo não tenha alcançado consenso quanto 
ao seu significado, pois o desenvolvimento do campo deu-se em diferentes perspectivas.
 Na Antropologia, Edward Tylor formulou a primeira definição para cultura, argumen-
tando que cultura pode ser objeto de estudos sistemáticos, pois trata-se de um fenômeno 
natural com causas e regularidades, o que permite o estudo objetivo para a formulação de 
leis sobre o processo cultural. Tylor conceituou cultura como um “todo complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábi-
tos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (TYLOR, 2009, p. 69)
 Clifford Geertz formula oconceito de cultura em uma perspectiva interpretativista. 
Para esse antropólogo, a cultura é a própria existência dos seres humanos, sendo produto 
das ações e interações humanas, nas suas palavras, a cultura é uma teia de significados 
tecida pelo homem. A cultura é um sistema de símbolos que interage com os sistemas de 
símbolos de cada indivíduo. Símbolo é qualquer ato, objeto ou acontecimento que repre-
senta um significado.
O homem é um animal amarrado a teias de signifi-
cados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como 
sendo essas teias e sua análise; portanto não como 
uma ciência experimental em busca de leis, mas 
como uma ciência interpretativa à procura de signi-
ficados (GEERTZ, 1978, p. 15).
 Na Sociologia, o termo cultura está associado aos aspectos da vida humana que são 
aprendidos ao longo da vida, e não herdados. Tais aspectos são compartilhados por mem-
bros de uma sociedade, favorecendo a cooperação e a comunicação. A cultura de uma 
sociedade compreende tantos aspetos intangíveis (valores, crenças e normas), como tan-
28
gíveis (objetos) (GIDDENS, 2005).
 Valores de uma sociedade são as definições do que é considerado importante, váli-
do e desejável. Normas são regras de comportamento, o que é permitido ou proibido em 
uma dada sociedade. Crenças são as convicções do que seja verdadeiro. Valores, normas e 
crenças trabalham em conjunto para determinar a forma como os membros de uma so-
ciedade devem se comportar dentro de seus limites (GIDDENS, 2005). Por exemplo, uma 
sociedade que valoriza o conhecimento encoraja os estudantes a se dedicarem aos estu-
dos e apoia os pais para que isso aconteça. 
 Os valores e normas não variam entre as culturas, mas dentro de uma sociedade ou 
grupo, os valores podem ser contraditórios: enquanto alguns membros valorizam confor-
to material e sucesso, outros valorizam uma vida tranquila e a simplicidade. Na socieda-
de contemporânea, é comum nos depararmos com valores culturais em conflito em uma 
mesma sociedade. É difícil imaginar, por exemplo, que exista uma única cultura em uma 
mesma sociedade.
3.3 SOCIALIZAÇÃO
 O processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou organização aprendem 
o modo de vida, os valores, as crenças e as normas é chamado de socialização. Nesse pro-
cesso, diferentes gerações estão conectadas, pois o conhecimento produzido sobre aquela 
sociedade é transmitido a cada geração, pelas interações sociais e também pelos agentes 
de socialização, que são as instituições, como a família, escola, etc.
Cada sociedade tem uma única cultura? O Brasil tem uma cultura?
VAMOS PENSAR?
A socialização difere de um processo de doutrinação.
FIQUE ATENTO
 A socialização primária ocorre na primeira infância, cujo período de aprendizagem 
cultural é o mais intenso, pois é quando a criança aprende a linguagem e os padrões bá-
sicos de comportamento, sendo a família o principal agente desta fase. A socialização se-
cundária acontece mais tarde na infância e na maturidade, e, nessa fase, outros agentes 
de socialização participam, como a escola, os grupos sociais, a mídia e o local de trabalho 
(GIDDENS, 2005). 
 Quando um trabalhador inicia um novo emprego, as interações sociais na empresa 
o ajudam a aprender os valores, as normas e outros padrões culturais que são aceitos na-
quela empresa.
 O processo de socialização é importante para que os indivíduos aprendam sobre os 
papeis sociais que uma pessoa segue numa dada posição social. O papel social de geren-
te, por exemplo, agrupa comportamentos que deveriam ser representados por todos os 
29
gerentes sem levar em consideração suas opiniões pessoais. Na perspectiva funcionalista, 
os papeis sociais são fixos e relativamente imutáveis em uma sociedade. Os indivíduos 
aprendem as expectativas quanto ao papel social que devem desempenhar e internalizam 
os comportamentos que devem adotar. 
 No entanto, conforme Giddens (2005), os indivíduos não são sujeitos passivos espe-
rando para serem instruídos ou programados. Os indivíduos passam a entender e a assumir 
os papeis sociais por meio de um processo progressivo de interação social. Por exemplo, as 
empresas em geral estabelecem um treinamento de integração para novos funcionários 
para que esses possam aprender sobre a dinâmica da empresa, porém, esse aprendizado 
ocorre progressivamente com outras interações.
 No decorrer da socialização, o indivíduo desenvolve um sentido de identidade. De 
modo geral, a identidade é a compreensão que o indivíduo tem sobre quem ele é e sobre o 
que é significativo para ele. As principais fontes de identidade incluem gênero, orientação 
sexual, nacionalidade, etnicidade, classe social. A identidade social envolve uma dimensão 
coletiva, pois refere-se às características atribuídas a um indivíduo pelos outros, ou seja, são 
atributos que posicionam o indivíduo em relação a outros indivíduos que compartilham 
os mesmos atributos (exemplos: mãe, professor, engenheiro, et). As identidades sociais po-
dem ser múltiplas, ou seja, um indivíduo pode ser pai, médico e católico, pois a identidade 
social reflete as diferentes dimensões da vida do indivíduo. Já a identidade pessoal refere-
-se ao processo negociação constante do indivíduo com o mundo exterior que ajuda a criar 
e a moldar seu sentido sobre si mesmo. A identidade pessoal compreende a resposta para 
si mesmo sobre quem o indivíduo e qual sua relação com o mundo (GIDDENS, 2005).
Valores são ideias abstratas que definem as escolhas do indivíduo ao tomar decisões no dia 
a dia. Normas definem o que é permitido e o que é proibido.
GLOSSÁRIO
3.4 MÍDIA E COMUNICAÇÃO DE MASSA
 A mídia e a comunicação de massa disseminam informações dos fatos diariamente, 
transmitem coberturas de eventos que são vistas no mundo inteiro, influenciando, alteran-
do e criando estilos de vida. A produção, distribuição e consumo de informações passaram 
e estão passando por significativas transformações em virtude do avanço tecnológico. A 
mídia de massa inclui a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a publicidade, as 
redes sociais online, e outras ferramentas propiciadas pela internet. Os diversos tipos de 
mídia têm uma ampla influência sobre a opinião pública e sobre nossas decisões cotidia-
nas, por exemplo, sobre o que vestir, o que comprar, etc.
 A televisão representa um dos maiores avanços da mídia do século XX e, ao lado de 
outros meios, exerce influência crescente sobre a sociedade. O número de aparelhos de TV 
vendidos no mundo é crescente, com modelos que permitem o acesso à internet e outros 
meios, atraindo cada vez a permanência das pessoas diante da TV. O número de canais de 
TV disponíveis aumentou em virtude dos avanços tecnológicos de satélite e cabos. Segun-
do as tendências, uma criança passa mais tempo vendo TV que qualquer outra atividade, 
exceto dormir (GIDDENS, 2005).
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O termo “mídia de massa” refere-se ao tipo de mídia que atinge audiências de massa, ou 
seja, grandes volumes de pessoas.
GLOSSÁRIO
 Os jornais ocuparam lugar de destaque na antiga mídia de massa, mas o surgimen-
to de outros veículos, como a Televisão e a internet, mudou esse cenário. A influência que 
essas mídias exercem sobre a sociedade é maior em relação ao modo de sua comunicação 
do que ao conteúdo do que é transmitido. Por exemplo, as telenovelas e os reality shows 
influenciam o comportamento das pessoas pelas características da televisão, que são dife-
rentes das características dos jornais e livros.
 O mundo assiste a surgimento de um sistema internacional de produção, distribui-
ção e consumo de informações. As diversas culturas existentes no mundo estão ao alcance 
das regiões mais distantes, que têm acesso às tecnologias informacionais. Porém, esse am-
plo acesso não é garantia de que nossa compreensão das diferenças culturais irá melhorar. 
Uma questão relevante é que a indústria global da mídia – música, televisão, cinema, notí-
cias, redes sociais – é dominada por um pequeno número de corporações multinacionais,o que pode resultar em uma nova forma de imperialismo de mídia.
 É indiscutível que a mídia e os meios de comunicação em massa exercem poder so-
bre a sociedade a ponto de serem consideradas uma espécie de quarto poder, visto sua in-
fluência equiparar-se à influência dos três poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário). Essa 
analogia da mídia como quarto poder ilustra o papel que a imprensa e os meios de comu-
nicação têm desempenhado quanto à influência nas decisões políticas e sociais. O poder 
e influência da mídia levantam questões relevantes quanto à fragilização da democracia, à 
redução do papel do Estado, ao enfraquecimento da sociedade civil e dos laços comunitá-
rios.
 Não se pode deixar de considerar que, ao nos remetermos ao termo mídia, não se 
deve esquecer da internet e seu potencial. Assim como existe uma concentração de em-
presas de mídia convencionais, os principais serviços da internet estão também concen-
trados em algumas empresas. Por exemplo, a rede social Facebook adquiriu a rede social 
Instagram e o aplicativo para troca de mensagens instantâneas WhatsApp, o que confere 
maior controle ao grupo empresarial. 
 Porém, a internet guarda muitas dife-
renças com as mídias convencionais. A regu-
lamentação da internet, além de depender 
de entidades internacionais, se esbarra com 
as dificuldades de controle devido às suas 
características tecnológicas. Tráfego de ví-
rus, invasões de sistemas pelo hackers, pu-
blicação de pornografia, a dark internet e 
a quebra da privacidade são algumas limi-
tações para a regulamentação da internet. 
Já as mídias convencionais têm sua regula-
mentação dependente do local e é dirigida 
diretamente às empresas de mídia.
Figura 1: Redes sociais
Fonte: Sistema Educacional Brasileiro (2019)
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 Uma diferença relevante entre a internet e as mídias convencionais é a comunica-
ção direta entre os usuários, o que possibilita a organização de movimentos sociais como 
ativismo ecológico, movimentos antiglobalização e de valorização de minorias culturais e 
sociais (CASTELLS, 2003). 
 As redes sociais online (RSO) tornaram-se parte integrante da vida social, levando a 
questionamentos sobre o que é real ou não quando se trata do mundo virtual. 
 As mudanças nas interações sociais decorrentes das possibilidades de acesso à in-
ternet são expressivas, dentre elas, destaca-se o crescimento do número de usuários de 
redes sociais online, o que potencializa aplicações diversas, como o marketing digital ou 
o marketing online como ferramenta para fortalecer uma marca, divulgar produtos e ou 
serviços, além de estreitar o relacionamento com consumidores.
 Esse crescimento vertiginoso implica na produção de interações e relacionamentos 
no chamado ciberespaço cada vez mais ricos e complexos. Sendo as redes sociais online 
um espaço de interações sociais sem a necessidade da presença física das pessoas, essas 
atraem diversos interessados, como o mundo corporativo que se dirige para as potenciali-
dades relacionadas ao consumo de bens e serviços. O fato é que a utilização generalizada 
das redes sociais online amplia seu potencial para aplicações, tanto para trazer benefícios 
bem como prejuízos ou danos.
Você tem Cultura?: O texto de Roberto DaMatta que traz explicações sobre os 
conceitos de cultura está disponível em: https://bit.ly/3jh8Hni. Acesso em: 20 mar. 
2020.
Why humans run the world: No Ted Talk com Yuval Noah Harari, a palestrante 
argumenta que o homem domina o mundo porque é o único animal capaz de 
cooperar em sistemas de larga escala de forma flexível e por ser capaz de acre-
ditar em histórias criadas pela imaginação. Disponível em: https://bit.ly/3fF7LXS. 
Acesso em: 20 mar. 2020.
Zygmunt Bauman – Fronteiras do Pensamento: Uma entrevista sobre a socie-
dade consumista com o sociólogo Zygmunt Bauman. Disponível em: https://bit.
ly/2ClKaNq. Acesso em: 20 mar. 2020.
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1. Sobre o conceito de cultura, é correto afirmar:
a) Cultura é um termo de propriedade das ciências sociais.
b) Existe um consenso sobre o seu significado.
c) Não é um fenômeno natural
d) O termo cultura refere-se ao ato de cultivar
e) Nenhuma das respostas anteriores
2. Em relação à Antropologia, pode-se afirmar quanto ao conceito de cultura:
a) A primeira definição na antropologia foi formulada por Geertz
b) A perspectiva de Geertz sobre cultura é funcionalista, ou seja, a cultura tem a função de 
controlar o indivíduo
c) Para Geertz a Cultura é produto das ações e interações humanas
d) Não é objeto de estudo da Antropologia
e) Todas as alternativas estão corretas
3. O conceito de cultura como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade” foi formulado por:
a) Malinowski
b) Geertz
c) Tylor
d) Franz Boas
e) Nenhuma das alternativas está correta
4. No âmbito da sociologia, o termo cultura está associado a:
a) Aspectos da vida humana herdados pelas tradições
b) Aspectos da vida humana aprendidos ao longo da vida
c) Aspectos biológicos do homem
d) Aspectos físicos do homem
e) Todas estão corretas
5. Marque a alternativa correta para o significado das definições do que é considerado 
importante, válido e desejável:
a) Normas
b) Regras
c) Leis
d) Valores
e) Nenhuma das respostas está correta
FIXANDO O CONTEÚDO
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6. O processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou organização aprendem 
como lidar com os problemas internos e externos é denominado:
a) Cultura
b) Transmissão
c) Socialização
d) Ideologia
e) Nenhuma das respostas
7. É exemplo de agentes de socialização:
a) Família 
b) Escola 
c) Empresa
d) Igreja
e) Todas as respostas estão corretas
8. Sobre a mídia e a comunicação de massa é correto afirmar que:
a) Influenciam, alteram e criam estilos de vida
b) Não influenciam a opinião pública
c) Aniquilaram as diferenças culturais no mundo
d) exercem influência sobre a sociedade em relação ao conteúdo do que é transmitido.
e) Todas as respostas estão corretas
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ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA: 
CONTRIBUIÇÕES PARA A 
COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES 
SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES 
UNIDADE
04
35
4.1 INTRODUÇÃO
 Na unidade anterior apresentamos as noções de cultura e suas origens na Sociolo-
gia e na Antropologia. O estudo da cultura permite a compreensão das diversas facetas da 
vida social, portanto, os pesquisadores da Administração, que tem como foco o estudo das 
organizações e o indivíduo, também se interessou sobre esse conceito e fez uma transpo-
sição para seu campo de estudo, considerando que as organizações (empresas, ONGs, etc) 
são minissociedades.
 Essa transposição do conceito de cultura pela Administração não se desenvolveu 
sem críticas. Nesta unidade, apresentamos o conceito de cultura organizacional e o con-
ceito de cultura administrativa. Em seguida, apresentamos os três paradigmas da cultura 
organizacional e finalizamos com as diferenças metodológicas na pesquisa em cultura nos 
campos da Administração e da Antropologia.
4.2 CULTURA ORGANIZACIONAL X CULTURA ADMINISTRATIVA
 O interesse pelo termo cultura por parte de pesquisadores organizacionais iniciou-se 
na década de 1970, na tentativa de compreender o sucesso da indústria automobilística 
japonesa (MORGAN, 2006)
 O conceito de cultura organizacional mais citado é de Schein (1984, p. 9) (1984, p. 9): 
“A Cultura Organizacional é o modelo dos pressupostos básicos, que um dado grupo in-
ventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar com os proble-
mas de adaptação externa e integração interna”. Esse conceito implica o padrão de com-
portamento desenvolvido ser criado pelo grupo. Ainda segundo o autor, “Uma vez que os 
pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, eles 
são ensinados aos demais membros da organização como a maneira certa de se perceber, 
pensar e sentir em relaçãoàqueles problemas”, o que confere aos sujeitos a criação de sig-
nificados quanto à realidade em que estão inseridos (CASAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO 
JÚNIOR, 2012).
 Barbosa (1996) questiona o uso do termo cultura organizacional e traz uma nova 
perspectiva em que, no âmbito da administração e dos negócios, o termo adequado seria 
cultura administrativa. Para a autora, o conceito de cultura organizacional é utilizado de 
forma mecânica no campo da administração, não dando conta das várias temáticas que 
a questão cultural traz para as organizações. Ao propor o termo cultura administrativa em 
substituição ao termo cultura organizacional, a autora justifica que o conceito não se res-
tringe a um único tipo de instituição moderna, e, além disso, não traz as marcas evidentes 
da antropologia, contemplando somente a sociologia na tarefa de gerir recursos humanos 
e materiais.
A cultura organizacional pode ser entendida a partir de duas perspectivas: como uma variá-
vel e como contexto. Essas diferentes visões influenciam na gestão das organizações.
FIQUE ATENTO
36
Cultura administrativa como o conjunto de lógicas 
e valores contextualizados de forma recorrente na 
maneira de administrar de diferentes sociedades. 
Esses valores não são necessariamente intrínsecos 
à tarefa de gerir recursos humanos e materiais. São 
as mesmas regras de interpretação da realidade que 
instruem a vida social como um todo, apenas hierar-
quizadas e relacionadas, em alguns casos, de manei-
ra distinta ou não, no interior das instituições encar-
regadas de gerir (BARBOSA, 1996, p. 19).
 Barbosa (2003) alerta sobre o fato de que, mesmo a visão da cultura sendo apresen-
tada como o resultado das ações e do pensamento da organização, dificilmente envolve 
toda a organização. Na maioria das vezes, quando se fala em cultura organizacional, está 
se falando dos valores que o segmento gerencial considera ideais para a organização e não 
dos valores que existem subjacentes junto aos demais segmentos. 
4.3 PARADIGMAS DE CULTURA
 A importância do estudo da cultura organizacional cresce na medida em que se 
constitui ferramenta preciosa para uma profunda compreensão da dinâmica de uma or-
ganização. Contudo, a conceituação de cultura difere entre os pesquisadores, de um lado, 
se posicionando aqueles adeptos ao conceito de cultura como variável, algo que a organi-
zação tem, e, de outro lado, aqueles que entendem a cultura como a própria organização, 
ou como contexto (CASAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
 A cultura é compreendida por muitos autores como uma dimensão simbólica da 
realidade, não se resumindo a uma variável interna ou externa da organização, a exemplo 
do conceito de Schein (1984)Na perspectiva da cultura como um fenômeno complexo e 
multifacetado, não é possível defini-la claramente, pois o indivíduo não se resume em um 
receptáculo de normas de comportamento.
 Martin e Frost (1996) identificam uma estrutura de três diferentes perspectivas nos 
estudos sobre cultura organizacional: integração, diferenciação e fragmentação, em que 
haveria a existência simultânea de elementos de integração e de conflito, de poder e de 
incerteza, considerando-se que em todo contexto organizacional existem consensos e 
conflitos quanto às manifestações culturais, bem como existem aquelas manifestações 
culturais que não são bem definidas para os membros organizacionais. 
 A perspectiva da integração foi a primeira a ser adotada quando o tema cultura or-
ganizacional passou a despertar a atenção dos pesquisadores a partir da década de 1970. 
Havia, na época, a defesa da construção de uma cultura organizacional forte, no sentido 
de unitária, como se fosse um bloco compacto de manifestações culturais, que geravam 
consenso em toda a organização e, especialmente, em torno de um conjunto de valores 
compartilhados (MARTIN, 1992)
 Sob o enfoque de integração, a cultura organizacional é entendida como proprieda-
de de uma unidade social estável e coesa, formada por pessoas que compartilham uma 
visão de mundo em função de terem vivenciado e encontrado soluções em conjunto para 
os problemas de integração interna e adaptação externa, e que tenham admitido novos 
membros para os quais transmitiram sua forma de pensar. A perspectiva da integração 
37
considera que o desempenho organizacional viria de uma cultura consensual, pois haveria 
então um maior comprometimento dos membros e, consequentemente, maior produtivi-
dade. 
 As perspectivas da diferenciação e a integração consideram que o consenso existe 
apenas entre grupos (diferenciação) e em questões específicas (fragmentação). Como a 
integração é metaforizada como um holograma, a diferenciação seria a metáfora das ilhas 
de clareza e a fragmentação seria a metáfora da selva, do desconhecido.
 A integração retrata a cultura sob três aspectos principais: (a) consistência entre as 
manifestações culturais; (b) consenso entre os membros e (c) manutenção do foco sobre 
o líder como o criador da cultura. A impressão de consistência emerge nessa perspectiva, 
pois a cultura é compreendida apenas pelas manifestações que são comuns, como, por 
exemplo, a consistência entre valores e objetivos e os rituais realizados para reforçá-la. O 
segundo aspecto, o consenso, é evidenciado quando membros de diversos níveis organi-
zacionais compartilham o mesmo ponto de vista. Quanto às manifestações culturais, elas 
refletem os valores pessoais do líder, que acabam sendo compartilhados pelos liderados 
(CASAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
 A diferenciação considera haver interpretações inconsistentes nas manifestações 
culturais, embora haja, também, consenso entre um grupo ou subculturas. Em uma mes-
ma organização, subculturas diferentes emergem em níveis de status, gênero, classe ou 
ocupação, podendo coexistirem em harmonia, entrarem em conflito ou, simplesmente, 
serem indiferentes umas às outras. A ênfase é que o consenso não é extensivo a toda orga-
nização, visto que ele ocorre dentro das fronteiras de uma subcultura. Nessa perspectiva, 
as características da cultura organizacional fundamentam-se em três aspectos: (a) incon-
sistência (os valores, crenças, normas e práticas são inconsistentes entre si); (b) consenso 
subcultural (não resulta em consenso organizacional) e (c) limitação da existência de am-
biguidade entre as fronteiras subculturais. O que é único em uma determinada cultura 
organizacional, portanto, é o conjunto particular de diferentes subculturas dentro dos limi-
tes de uma organização / diferentes subculturas no interior de uma organização (CASAVE-
CHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
 A fragmentação, ao contrário das outras perspectivas, não nega, limita ou exclui a 
ambiguidade, mas aceita a sua existência, destacando a falta de clareza quanto ao que seja 
consistente ou inconsistente. As manifestações culturais são inconsistentes, ambíguas; o 
consenso, quando existe, é transitório e sobre uma questão específica. 
 A ambiguidade é vista como normal; o consenso e dissenso coexistem em um pa-
drão que flutua constantemente, dependendo dos eventos e das decisões tomadas em 
áreas específicas. Ao contrário da unidade e da clareza dos conflitos, a fragmentação dirige 
seu foco para o que não está claro, explorando ironias e paradoxos, tensões e conflitos (CA-
SAVECHIA; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2012).
É possível obter o consenso em todas as manifestações culturais em uma organização? Como 
seria?
VAMOS PENSAR?
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 As três perspectivas combinadas oferecem à cultura organizacional uma variedade 
de insights que cada abordagem única não oferece, pois os pontos obscuros de cada abor-
dagem são superados, ou seja, enquanto a perspectiva de integração ignora os conflitos 
e as ambiguidades da cultura, as abordagens de diferenciação e fragmentação tendem a 
ignorar o que a maioria dos indivíduos compartilha.
4.4 O MÉTODO ETNOGRÁFICO
 As pesquisas sobre cultura na antropologia e administração carregam as diferen-
ças conforme suas perspectivas.

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