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DOS CRIMES MILITARES CPM – Parte Especial POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS INTRODUÇÃO À PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL MILITAR Tal como ocorre no CP, o CPM também é dividido em Parte Geral e Parte Especial. Contudo, a parte Especial do CPM é dividida em Crimes Militares em tempo de Paz e Crimes Militares em tempo de guerra. Para a exata compreensão da tipicidade de tais delitos é necessário que se combine o dispositivo da parte especial em relevo com a parte geral, em especial, ao art. 9º, se em tempo de paz, e com o art. 10º, se em tempo de guerra. Um dos pontos mais peculiares da lei penal castrense, entretanto, trata-se da possiblidade da aplicação da pena de morte, hipótese que foi recepcionada pela CF/88 (art. 5, XLVII, a), mas se, e somente se, houver a declaração do Estado de Guerra. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 1. PANORÂMA DA PARTE ESPECIAL DO CPM 1. Livro I – DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ 2. Título I – Dos crimes contra a segurança externa do país (arts. 136 a 148) 3. Título II – Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar (art. 149 a 182)autoridade 4. Título III – Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar (arts. 183 a 204) 5. Título IV – Dos crimes contra a pessoa (arts. 205 a 239) POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 1. Título V – Dos crimes contra o Patrimônio (arts. 240 a 267) 2. Título VI – Dos crimes contra a incolumidade pública (art. 268 a 297) 3. Título VII – Dos crimes contra a administração militar (arts. 298 a 339) 4. Título IV – Dos crimes contra a administração da justiça militar (arts. 340 a 354) POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 1. Parte Especial 2. Livro II – DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA 3. Título I – Do favorecimento ao inimigo (arts. 355 a 397) 4. Título II – Da hostilidade e da ordem arbitrária (arts. 398 a 399) 5. Título III – Dos crimes contra a pessoa (arts. 400 a 403) 6. Título IV – Dos crimes contra a patrimônio (arts. 404 a 406) 7. Título V – Do rapto e da violência carnal (arts. 407 a 408) POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS OS PRINCIPAIS TIPOS PENAIS MILITARES POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS CAPÍTULO I - DO MOTIM E DA REVOLTA Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: ► I – agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando- se a cumpri-la; ► II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; ► III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: ► Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, com aumento de 1/3 (um terço) para os cabeças.48 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Revolta ► Parágrafo único: Se os agentes estavam armados: ► Pena – reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, com aumento de 1/3 (um terço) para os cabeças. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o bem jurídico protegido é a disciplina militar, pois é inequívoco que um grupo de militares recalcitrantes à ordem superior e à ordem pública a atinja frontalmente. Da mesma forma, tutela-se a autoridade militar, tanto a do superior que teve sua determinação descumprida quanto a da lei ou norma que venha a ser violada. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo só pode ser militar; o passivo é o Estado. É um crime plurissubjetivo, sendo delito de concurso necessário, bastando que existam dois militares para que seja possível o cometimento do delito. ► Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa ► Causa de aumento: estabelece-se a elevação da pena em um terço, tratando- se dos líderes do motim, sejam eles mentores intelectuais ou condutores materiais da revolta. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► EMENTA: APELAÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR (MPM). CONHECIMENTO. PRELIMINAR. PENA EM ABSTRATO. PRESCRIÇÃO. ACOLHIMENTO. DECISÃO UNÂNIME. CONTROLE DE VOO. ATIVIDADE MILITAR. PARALISAÇÃO. INTERESSES PRIVADOS. SUBSUNÇÃO. DELITO DE MOTIM. AUTORIA E MATERIALIDADE. COMPROVAÇÃO. PROVIMENTO. DECISÃO UNÂNIME. 1. Conhece- se do Recurso Ministerial quando a sucumbência resta demonstrada e o seu interesse recursal está presente, consubstanciado na modificação da Sentença "a quo". Recurso de Apelação conhecido. Decisão unânime. 2. Verificada a ocorrência da prescrição em abstrato da pretensão punitiva do Estado, o magistrado deve, em qualquer momento processual, decretá-la "ex officio". Preliminar acolhida. Decisão unânime. 3. Cometem o crime de motim, previsto no art. 149, inciso I, do CPM, os militares que, reunidos para satisfazer reivindicação de natureza estatutária, paralisam, sem justa causa, as suas atividades prescritas em regulamentos, portarias, ordens ou modelos operacionais. 4. A negativa geral de manter a regularidade do tráfego aéreo descumpre nítida e permanente ordem emanada do escalão superior e, consequentemente, configura o delito do crime de motim, previsto no art. 149, inciso I, do CPM. Assim, para a subsunção da conduta a esse delito, não se exige que a ordem seja repetida, cotidianamente, antes do início das atividades da OM POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► 5. O motim integra o grupo dos mais nefastos crimes militares, porque mira, sem escrúpulos, nas raízes castrenses mais valiosas: os pilares da Hierarquia e da Disciplina. O delito atinge o âmago das Forças Armadas, reduzindo a pó os juramentos estatutários que os agentes militares realizaram perante a Bandeira Nacional. 6. O crime de motim sempre compromete a ordem pública e a constitucional, podendo, quando praticado com o intuito de pressionar o deferimento de demandas coletivas, conduzir a sociedade para o mais completo caos, pois ataca, frontalmente, a eficiência da maior ferramenta de Defesa do Estado. 7. O incorporado jura, se a situação exigir, morrer pelo Brasil (pela sociedade). A extensão do dano moral torna-se superlativa quando, mediante o amotinamento, militares da ativa priorizam os seus interesses privados em detrimento da paz social. 8. Na missão de tutelar a ultima ratio do Estado, a JMU deve reprimir atos criminosos extremamente danosos e capazes de desestabilizar, em curto tempo, os altos escalões castrenses e o normal funcionamento do País. 9. Recurso provido. Decisão unânime. (STM - APL: 70002428020197000000, Relator: MARCO ANTÔNIO DE FARIAS, Data de Julgamento: 28/10/2020, Data de Publicação: 19/11/2020) POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Entenda o motim e as reivindicações dos policiais militares no Ceará - 20/02/2020 - Poder - Folha (uol.com.br) retirado em 29.09.2021 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/entenda-o-motim-e-as-reivindicacoes-dos-policiais-militares-no-ceara.shtml://diariodonordeste.verdesmares.com.br/seguranca/400-militares-sao-reus-e-309-estao-afastados-por-participarem-de-motim-no-ceara-. Em 29.09.2021. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou entendimento no sentido de que é inconstitucional o exercício do direito de greve por parte de policiais civis e demais servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. ► A tese aprovada pelo STF para fins de repercussão geral aponta que “(1) o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. (2) É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do artigo 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria”. ► Segundo o voto condutor, feito pelo ministro Alexandre de Moraes, o interesse público na manutenção da segurança e da paz social deve estar acima do interesse de determinadas categorias de servidores públicos. Os policiais civis, complementou, integram o braço armado do Estado, o que impede que façam greve. ► “O Estado não faz greve. O Estado em greve é um Estado anárquico, e a Constituição não permite isso”. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Omissão de lealdade militar ► Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedí-lo: ► Pena – reclusão, de 3 a 5 anos. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: Continuam sendo tanto a autoridade como a disciplina militares. A omissão do militar diante do motim perturba o exercício da autoridade do superior que não esteja envolvido no delito. Ademais, macula a disciplina, frontalmente contrária a esse tipo de comportamento do grupo. Em suma, o militar deve fazer o possível para evitar o motim; no mínimo, deve comunicar o seu planejamento ou execução ao superior. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo só pode ser militar; o passivo é o Estado. É um crime omissivo próprio. ► Aspectos subjetivos: O delito é doloso. Não há a forma culposa POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Conspiração ►Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no art. 149. Pena – reclusão, de 3 a 5 anos. ►Parágrafo único: É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar, pois ao se reunirem para planejamento de motim ou revolta, os miliares ferem a estrutura, a ordem castrense. Em vista do ato que se prepara, pode-se ver também em prejuízo a autoridade militar, caso o delito implique afronta a superiores, atingindo a hierarquia. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo só pode ser militar; o passivo é o Estado. É um crime plurissubjetivo, sendo delito de concurso necessário, bastando que existam dois militares para que seja possível o cometimento do delito. Busca- se punir a preparação do delito, fase que, como regra, não é punida pelo Direito brasileiro, mas devido à gravidade das consequências do motim/revolta, o legislador criou o tipo incriminador para prevenir sua ocorrência. ► Aspectos subjetivos: O delito é doloso. Não há a forma culposa. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Incitamento ► Art. 155. incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar. ► Pena – reclusão, de 2 a 4 anos. ► Parágrafo único: na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Objetividade jurídica: o bem jurídico protegido é a disciplina militar, pois o autor, ao buscar levar terceiros à prática de crime militar, de atos de indisciplina ou de desobediência em geral, fere igualmente, a estrutura, a ordem castrense; atinge também a autoridade quando se prega a desobediência. aspectos objetivos: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, civil ou militar; o passivo é o Estado. Incitar significa incentivar, instigar, convencer. O objeto é o militar, buscando fazê-lo desobedecer ordem superior, tornar-se indisciplinado ou cometer qualquer delito militar. O crime é formal, bastando a prática do aliciamento para a consumação, mesmo que inexista qualquer insurgência ou crime por parto do aliciado. Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Figura de equiparação: considera-se, também, incitamento a introdução, afixação ou distribuição de qualquer material contendo mensagem de instigação aos atos previstos no caput. O parágrafo único somente menciona papéis (impressão, escrita, mimeografia), pois o CPM data de 1969. Atualmente, pode-se acrescentar, em interpretação extensiva, qualquer base material a conter a mensagem de incitamento, como e-mail, SMS, redes sociais, etc. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Ex: Com efeito, nos termos da denúncia, Joilson Fernandes de Gouveia teria praticado os delitos descritos nos artigos 155 e 219 do CPM durante a apresentação de palestra no I Congresso de Direito Militar realizado em Natal-RN, nos dias 28 e 29 de outubro de 2005, ao passo que, no presente writ, imputam-se a Anderson Rogério Borges dos Santos, paciente do presente habeas corpus, as seguintes condutas: (1) a incitação de praças à desobediência militar por meio de declarações divulgadas na página eletrônica da APEB/RN na Internet e (2) criticar publicamente o Exército Brasileiro e o Governo Federal, no tocante ao Projeto Soldado-Cidadão, por meio do panfleto distribuído durante o desfile cívico-militar. Portanto, não há similitude fática que autorize a extensão da ordem concedida ao corréu Joilson Fernandes de Gouveia. RETIRADO DO HC 106.808 – RN. RELATOR : MIN. GILMAR MENDES. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Violência contra superior ► Art. 157. Praticar violência contra superior. ► Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos. ► Formas qualificadas ► § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: ► Pena - reclusão, de três a nove anos. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. ► § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. ► § 4º Se da violência resulta morte: ► Pena - reclusão, de doze a trinta anos. ► § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: Certamente,tanto a autoridade do superior atingido como a disciplina militar são os bens tutelados por este tipo penal. A autoridade do superior agredido é maculada tanto perante o inferior hierárquico que o agrediu como perante terceiros que tenham assistido ou sabido da ocorrência. Quanto à disciplina, desnecessário argumentar que a agressão física contra um superior perturba a regularidade, a ordem disciplinar vigente indubitavelmente. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo é o militar, inferior hierárquico ou funcional; o passivo é o Estado, secundariamente, o superior agredido. Praticar violência significa executar qualquer ato de constrangimento físico, mediante emprego de força. É a coação física (soco, tapa, pontapé, uso de instrumentos, etc). ► Aspectos subjetivos: O delito é doloso. Não há a forma culposa. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS “O delito de Violência contra Superior (art. 157 do COM) prescinde da ocorrência de lesão corporal para a sua configuração, sendo suficiente o emprego da violência física, doutrinariamente denominada de ‘vis corporalis’, a qual pode ser constituída por mera agressão, decorrente de empurrão, de soco, de tapa, de arremesso de objeto, de ordem de ataque dada a um animal perigoso, entre outros meios (Apelação nº 7000217-33.2020.7.00.0000, Rel. Marco Antônio de Farias, 22.10.2020). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS E se um tenente da PM agride um Capitão do EB, caberia a aplicação de tal tipo penal? POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Violência contra militar de serviço ► Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão. ► Pena – reclusão, de 3 a 8 anos. ► Formas qualificadas ► § 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. ► § 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► § 3º Se da violência resulta morte: ► Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Ausência de dolo no resultado ► Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: a objetividade jurídica deste delito continua sendo a autoridade e a disciplina militares, visto que a agressão, na forma descrita pelo tipo em estudo, perturba sobremaneira a regularidade das Instituições Militares e, consequentemente, a ordem disciplinar vigente. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo é o militar, federal ou estadual, bem como qualquer civil, este somente na esfera federal, visto a limitação constitucional das justiças castrenses estaduais. O sujeito passivo é o Estado; secundariamente, o militar agredido. ► Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa ► Figura preterdolosa: quando o resultado mais grave – lesão ou morte - advém em decorrência da culpa do agente (dolo na conduta antecedente e culpa na consequente): acarreta punição mais severa na primeira conduta, e menos na figura qualificada. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Desrespeito a superior ► Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar: ► Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. ► Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço ► Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade. ► POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: a objetividade jurídica deste delito continua sendo a autoridade militar, personificada no superior hierárquico que é desrespeitado, e a disciplina militar, ordem essencial que permite a regularidade das Instituições Militares e, consequentemente, a ordem disciplinar vigente. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo, novamente, é o inferior hierárquico ou funcional, o que restringe o cometimento do delito por militar, federal ou estadual. A conduta típica é desrespeitar, significando desacatar, faltar com respeito, que por sua vez representa a obediência, deferência ou submissão devida a alguém. O objeto é o superior, exigindo-se que a conduta se desenvolva na presença de outro mililitar, pois o desrespeito só ganha relevo quando visto por outro(s). ► Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Ex.1: militar encaminha mensagem desrespeitosa para superior hierárquico em grupo de whatsapp. No grupo há além dos dois militares (o que encaminhou a mensagem e o superior hierárquico) outros militares (é necessário que tenha pelo menos mais um militar). Nesse caso haverá o crime de desrespeito a superior, desde que se comprove que a mensagem foi lida por pelo menos mais um militar (diverso do superior hierárquico). Caso a mensagem seja lida somente pelo superior hierárquico (ou pelo superior e por um civil), momento em que o militar que enviou a mensagem a apaga, o fato será atípico ou poderá ser injúria, a depender do caso concreto. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Ex.2: militar, durante serviço, desrespeita superior hierárquico através da rede-rádio da viatura. Comprovando-se que o ato de desrespeito tenha sido ouvido por pelo menos mais um militar, além do superior hierárquico, haverá o crime. ► Por fim, o ato de desrespeito deve sempre ser praticado na presença de outro militar, independentemente, do posto ou graduação, para que ocorra o crime de desrespeito a superior. Na hipótese em que não houver a presença de outro militar poderá ser fato atípico ou injúria, a depender do caso concreto. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Recusa de Obediência ► Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: ► Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: a objetividade jurídica deste delito continua sendo a autoridade militar, personificada no superior hierárquico que é desrespeitado, e a disciplina militar, ordem essencial que permite a regularidade das Instituições Militares e, consequentemente, a ordem disciplinar vigente. ► Aspectos objetivos: O sujeito ativo, novamente, é o inferior hierárquico ou funcional, o que restringe o cometimento do delito por militar, federal ou estadual. ► Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa ► Causa de aumento: justifica-se a elevação da pena, pois o grau de indisciplina é nitidamente maior, atingindo militares em serviço, o que conturba ainda mais a estabilidade da unidade. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS STM - Ap 95-10.2013.7.09.0009 /Estado de Mato Grosso do Sul - j. 30.03.2015 - m.v. - Rel. José Coêlho Ferreira - DJe 06.05.2015 - Área do Direito: Penal; Processual; Militar. CRIME MILITAR – Recusa de obediência – Caracterização – Soldado que se recusa a acatarordem superior para entrar em forma, sob alegação de estar sem fardamento e possuir dispensa – Ordem que não é manifestamente criminosa, não eximindo o militar de seu cumprimento – Hipótese de concessão de sursis, ademais, haja vista a condição de civil do réu já desincorporado – Inteligência dos arts. 88, II, a, e 163 do CPM. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Ex.1: militar que é notificado a comparecer na secretaria do quartel para que tome conhecimento de processo administrativo que pesa em seu desfavor, mas não comparece à secretaria, deixando transcorrer o prazo determinado, comete o crime de recusa de obediência (Recurso em Sentido Estrito n. 7000682-13.2018.7.00.0000 – STM); ► Ex.2: Superior hierárquico que determina ao militar que se apresente a ele para tratar de assuntos de serviço, mas o militar, simplesmente, deixa de se apresentar, propositalmente. Há crime de recusa de obediência; ► Ex.3: Comandante do turno de serviço determina ao militar que lavre um Boletim de Ocorrência com a tipificação do crime de furto, mas o militar lavra o BO com a tipificação do crime de estelionato ou roubo. Há crime de recusa de obediência; POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Publicação ou crítica indevida ► Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo: ► Pena – detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: O bem jurídico protegido é a disciplina militar perturbada pela afronta da publicação ou da crítica; entretanto, se o alvo da conduta for ato de superior, teremos também o ferimento à autoridade de quem o praticou. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos objetivos: Publicar é tornar público, levar a conhecimento, o que pode ser de viva voz, por escrito, diretamente ou por qualquer outro meio de comunicação, como televisão, jornal, e-mail etc. Irrelevante para o crime sob exame se o público que poderia ser alcançado pelo ato de publicação é composto de civis (público externo) ou de militares (público interno). A publicação, ademais, para ser delituosa, pressupõe a ausência de licença, de autorização de autoridade competente, reconhecendo-se, aqui, um elemento normativo do tipo. ► O objeto da publicação é o ato ou documento oficial. Ato oficial, para Célio Lobão, consiste na “declaração verbal ou escrita, de autoridade militar, relativa a assunto atinente às instituições militares” POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► A segunda possibilidade é a de criticar publicamente. Faz-se necessário, neste ponto, a mesma advertência feita quando do estudo do tipo anterior. Com efeito, tal qual a discussão, vista anteriormente, a crítica pode comportar conteúdo positivo ou negativo. Por óbvio, a crítica positiva não ameaçará os bens tutelados e, por consequência, não se bastará ao preenchimento do tipo penal estudado. A crítica, para ser delituosa, recairá sobre três objetos, a saber: a) o ato de superior, b) o assunto atinente à disciplina e c) a resolução do governo. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Cabe ressaltar que Resolução, segundo Hely Lopes Meirelles, é “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. ► A publicação de resolução governamental, nesse aporte, significa afronta à disciplina, pois o governo se personifica na pessoa do Chefe do Poder Executivo que é, ao final, o Chefe Supremo da Força Militar, seja ela federal ou estadual, conforme preceitos constitucionais (arts. 142 e 144, § 6 o , da CF). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos subjetivos: só admite o dolo, a vontade livre e consciente de praticar as condutas descritas. ► Caso o agente publique o ato ou documento, por autorização de pessoa que pense ser competente para tanto, sem que de fato o seja, haverá hipótese de erro de fato que afastará o dolo e, se plenamente escusável, isentará o agente de pena (art. 36 do CPM), sem prejuízo de responsabilização da pessoa que, indevidamente, autorizou e provocou o erro (art. 36, § 2 o , do CPM). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Deserção ► Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: ► Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: no tipo penal em estudo tutela-se o serviço militar afetado pelo fato de o agente não estar presente. Protege-se, ademais, o dever militar, o comprometimento, a vinculação do homem aos valores éticos e funcionais da caserna e de sua profissão. ► Aspectos objetivos: desertar significa abandonar determinado cargo, função ou posto. O sujeito ativo, novamente, é o militar da ativa (crime militar próprio). ► Aspectos subjetivos: o delito é doloso. Não há a forma culposa ► Agravante: a qualidade especial do agente – ser oficial – torna mais grave a deserção, não somente pelo exemplo esperado dos oficiais às praças, mas sobretudo pela rigorosa disciplina existente no cenário militar. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Há os que defendem que o procedimento de deserção é revestido de extrema formalidade, significando qualquer falha no registro uma nulidade que afastará a ocorrência do próprio crime. Em verdade, essas irregularidades, afetas ao procedimento (instrução provisória), não afetam a compreensão material do delito, que poderá ser constatado ainda que existam falhas no registro. Assim, malgrado a extrema formalidade exigida em alguns órgãos julgadores, o equívoco no registro provisório da deserção somente afetará a concepção do delito se importar em uma contagem aquém do octídio legal exigido pela norma penal (mais de 8 dias), o que resultaria em óbvio prejuízo ao acusado. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Abandono de posto ► Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: ► Pena - detenção, de três meses a um ano. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal em estudo busca proteger o dever e o serviço militares. ► Aspectos objetivos: a conduta nuclear é “abandonar”, que significa deixar, desincumbir-se do posto no qual presta serviço, lugar em que o presta ou o serviço prestado em si. O sujeito ativo é militar da ativa, e é preciso que esteja de serviço em posto (fixo ou móvel), em um lugar delimitado ou execução de tarefa específica. ► Aspectos subjetivos: só admite o dolo, a intenção, a vontade livre e consciente de abandonar o posto, lugar de serviço ou o próprio serviço. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSODE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Para a configuração do crime, é irrelevante se o abandono de posto (ou lugar de serviço), tenha sido por 5 minutos ou 50 minutos, bastando que o ato tenha existido, isso porque no instante em que o autor estava fora do desempenho da função, o serviço e o dever militares foram ameaçados em sua essência, sendo indiferente o fato de ter ou não acontecido algo em decorrência do abandono. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Nesse sentido, decidiu o TJM do Estado de São Paulo, e apelação criminal nº 5196/03, julgada em 5 de agosto de 2004: “indexação: abandono de posto – Policial Militar que, no comando da força patrulha em área litorânea, se afasta do posto de serviço para resolver “assuntos particulares” – caracterização – excludente de ilicitude – inexistência – crime instantâneo, formal, e de mera conduta – dolo caracterizado. Ementa: o uso de telefone celular e HT não justifica a ausência do policial militar nem configura excludente de ilicitude. Para a caracterização do crime de abandono de posto basta a ausência momentânea, não autorizada, do militar no lugar onde deveria estar presente, por dever militar e em razão de ordem de serviço. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Descumprimento de missão ► Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada: ► Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. ► § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um têrço. ► § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade. ► Modalidade culposa ► § 3º Se a abstenção é culposa: ► Pena - detenção, de três meses a um ano. ► POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal em estudo busca proteger o dever e o serviço militares. ► Aspectos objetivos: trata-se de delito omissivo próprio cujo autor não cumpre missão que lhe foi determinada. Também há de se consignar que o crime é de perigo, e não de dano. “Missão” é atividade específica, certa, definida e inequívoca, evidentemente legal, e que pertença ao conjunto de atribuições legais do ofício do militar, seja de que Força for. O crime se consuma com a inércia do autor no momento limite em que deveria cumprir a missão que lhe foi confiada. A tentativa não é possível em vista da conduta ser omissiva. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos subjetivos: o tipo-base e seus §§ 1º e 2º são modalidades dolosas, ou seja, exigem a intenção, a vontade livre e consciente de descumprir a missão. O crime também admite a forma culposa, exposta no § 3º (por negligência, em essência). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Ex.1: Comando da Unidade expede ordem de serviço para que determinado militar controle e coordene o turno de serviço, devendo empenhar as viaturas em ocorrências e fiscalizar. Durante o turno de serviço, o Comandante da Unidade questiona ao militar coordenador do turno a situação, ocasião em que constata que o militar não tem controle do turno, não sabe quais viaturas estão atendendo ocorrências e onde estão. Há crime de descumprimento de missão (TJM/MG – n. 0000041-15.2015.9.13.0003); ► Ex.2: a ausência injustificada do militar nos dias em que havia sido designado para a função específica de comando de patrulhas configura o crime de descumprimento de missão (REsp 1301155-SP). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Embriaguez em serviço ► Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: ► Pena - detenção, de seis meses a dois anos. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal em estudo tutela o serviço militar, em risco extremado pela presença de um integrante embriagado, e o dever militar, já que o militar, cônscio da importância de sua atividade, não poder ceder a certas situações que comprometam a missão conferida às Instituições militares. ► Aspectos objetivos: o sujeito ativo é somente o militar; o passivo, o Estado. Embriagar-se significa intoxicar o próprio organismo com álcool ou substância de efeito análogo, provocando a perda da consciência, quando completa, bem como a alteração dos sentidos. A disciplina militar, objeto jurídico tutelado, não condiz com tal atitude de desleixo e liberalidade. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Prova-se a ebriedade por qualquer meio de prova lícito: perícia, exame clínico e testemunhas. O acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, fornecendo material, como o sangue, para exame pericial. Se o militar for alcoólatra, cuida-se de doença mental, ficando sujeito à aplicação de medida de segurança. ► Aspectos subjetivos: o crime é doloso. Não há elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Na jurisprudência do TJMSP: “Policial Militar que, de serviço, embriaga-se, fica inconsciente no interior da viatura e deixa de cumprir a missão de patrulhamento de área que lhe foi confiada. Alegação de falta de materialidade da embriaguez pela falta de exame de dosagem alcoólica afastada – A inexistência do referido laudo ocasionada pela recusa do agente em fornecer material para o exame pode ser suprida pela prova testemunhal e por outros sinais físicos que atestem o estado etílico do agente – Embriaguez voluntária que não afasta o dolo da conduta de ingerir bebida alcoólica – delito caracterizado. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Dormir em serviço ► Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou sem situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou e qualquer serviço de natureza semelhante: ► Pena - detenção, de três meses a um anos. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal em estudo tutela o serviço militar, ameaçado e em alguns casos efetivamente lesado em face da desatenção do militar que descuida de sua missão para dormir, e o dever militar, já que, cônscio da importância de sua atividade, o militar deve ter em mente o ânimo forte de cumprimento de sua missão. ► Aspectos objetivos: o sujeito ativo é o militar; o passivo, o Estado. Dormir em serviço é o cerne da conduta criminosa, aparentando ser norma rigorosa demais, em tese incompatível com o princípio da intervenção mínima. Porém, trata-se de contexto militar, em que militares estejam desempenhando atribuições que lhe são típicas e, muitas vezes, de extrema relevância para a segurança da unidade. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Entretanto, tutela-se a disciplina militar, devendo haver fiel cumprimento dos deveres dos encarregados da segurança. Ilustrando, não se pode conceber um timoneiro dormindo na condução de um navio, podendo gerar um acidente de imensas proporções. Ademais, o crime é doloso, de modo que o militar dorme propositalmente. Se houver negligência de sua parte, o fato é atípico; se for dominado pelo sono, sem condições de resistência, pois extremamente cansado, inexiste dolo, logo, fato atípico. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOSAspectos subjetivos: o crime é doloso. Não há elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. Na jurisprudência: STM: “O elemento subjetivo do tipo foi evidenciado pelo animus livre e consciente do Apelante ao assumir o risco de dormir de dormir em serviço, ao invés de buscar proporcionar meios de evitar a sonolência”. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► EMENTA: APELAÇÃO. ART. 203 DO CPM. DORMIR EM SERVIÇO. CARACTERIZAÇÃO DO DOLO. DESPROVIMENTO DO APELO. DECISÃO UNÂNIME. I. Dormir em serviço. Crime de mera conduta, cuja consumação reside na própria execução da conduta, segundo a doutrina. II. Os autos atestam a vontade livre e consciente do militar em praticar a conduta típica de dormir, quando em serviço, consoante o ilícito descrito no art. 203 do CPM. III. Materialidade, autoria e culpabilidade comprovadas pelas provas testemunhais e pelo documento que atesta estar o militar designado para o serviço de sentinela, no dia dos fatos. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS IV. A conduta do Apelante importou em prejuízo significativo para o dever militar e colocou em risco a segurança do quartel, devido ao fato do posto ter ficado desguarnecido. Crime formal, que prescinde da prova de perigo concreto. V. O elemento subjetivo do tipo foi evidenciado pelo animus livre e consciente do Apelante ao assumir o risco de dormir em serviço, ao invés de buscar proporcionar meios de evitar a sonolência. VI. Apelo desprovido. Decisão unânime. (STM - APL: 70006804320187000000, Relator: José Barroso Filho, Data de Julgamento: 20/11/2018, Data de Publicação: 10/01/2019) POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Desacato a superior ► Art. 298. Desacatar superior, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir lhe a autoridade: ► Pena – reclusão, até 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal do crime de desacata a militar tem por objeto jurídico a Administração Militar, guardando a autoridade dela oriunda na figura do superior desacatado. ► Aspectos objetivos: o sujeito ativo é o militar, ativo ou inativo; o passivo, o Estado; secundariamente o oficial desacatado. Desacatar quer dizer desprezar, falta o respeito ou humilhar. O objeto da conduta é o superior. A dignidade e o decoro simbolizam a honradez, o brio, a decência, em suma, a autoestima da pessoa. Deprimir significa causar angustia, mas também humilhar ou rebaixar, conectando ao termo autoridade. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Presença do ofendido: é indispensável, pois o menoscabo necessita ter alvo certo, de forma que a vítima deve ouvir a palavra injuriosa ou sofrer diretamente o ato. Ainda que esteja à distância, precisa captar por seus próprios sentidos a ofensa tipo penal do crime de desacato a militar tem por objeto jurídico a Administração tem por objeto jurídico a Administração Militar, guardando a autoridade dela oriunda na figura do superior desacatado. ► Aspectos subjetivos: o crime só admite a forma dolosa, a intenção, a vontade livre e consciente de menoscabar aquele que se sabe ser superior hierárquico, no desempenho da função ou em razão dela. O nervosismo não afasta esse animus. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS Desacato a militar ► Art. 299. Desacatar militar no exercício no exercício de função de natureza militar ou em razão dela: ► Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constituir outro crime. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal do crime de desacato a militar tem por objeto jurídico a Administração Militar, guardando a autoridade dela oriunda na figura do militar desacatado. ► Aspectos objetivos: o núcleo da conduta no crime de desacato a militar é “desacatar”, ou seja, faltar com o devido respeito ou com o acatamento, desmerecer, menoscabar, afrontar a autoridade do militar em função de natureza militar. O militar que é vítima secundária (sujeito passivo mediato) deve estar em função de natureza militar ou, ainda, o desrespeito deve ter-lhe sido dirigido por decorrência da função. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos subjetivos: o crime de desacato a militar só admite a forma dolosa, ou seja, a intenção, a vontade livre e consciente de menoscabar aquele que se sabe ser militar em função ou em razão dessa função. ► Cabe ressaltar o já estudado art. 47 do CPM, que afasta o dolo quando a ação desrespeitosa é praticada em repulsa a agressão (inciso II). À letra da lei penal militar, estaria afastada a própria tipicidade objetiva (“deixam de ser elementos constitutivos do crime”), mas alguns doutrinadores preferem entender que há a afetação do dolo (COIMBRA). Essa situação, assim como no crime de desacato a superior, deve ser demonstrada. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► No delito de desacato a militar, a exemplo do desacato a superior, tem- se decidido que a embriaguez voluntária não afasta o elemento subjetivo nem a imputabilidade. Nesse sentido, do TJM de São Paulo, vide a Apelação Criminal n. 5.247/03 (Feito n. 31.231/01, 4 a Auditoria, j. em 16-12-2003, rel. Juiz Cel. PM Ubirajara Almeida Gaspar): “Conjunto probatório harmônico, farto e coeso no sentido de que o réu dirigiu às vítimas expressões depreciativas e ofensivas à dignidade e ao decoro, principalmente do superior hierárquico. O artigo 49 do Código Penal Militar somente considera causa excludente de imputabilidade a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. Na esfera militar a bebida alcoólica não pode representar salvo-conduto à prática de atos contrários às normas militares”. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Nesse ínterim, temos um desacato a militar, por exemplo, na conduta de um “Major reformado da Polícia Militar que, em entrevero com guarnição da Polícia Militar, exercendo função de natureza militar, ofende, desrespeita, injuria e vilipendia os militares, sem razão, com palavras chulas e de baixo calão, deprimindo-lhes a autoridade – o que contraria seu dever – comete o crime militar de desacato a militar (art. 9º, inc. III, letra ‘d’, do CPM)” (TJMMG, Ap. 2.253, Proc. n. 19.462, 2 a AJME, rel. Juiz Cel. PM Jair Cançado Coutinho, j. em 4-11-2003). ► Exige-se, assim como no crime de desacato a superior visto acima, a existência do nexo funcional, aqui expressamente previsto no tipo. Para a configuração do delito se faz necessário o nexo funcional, ou seja, que a ofensa seja proferida no exercício da função ou que seja perpetrada em razão dela. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► É exatamente esse nexo funcional que irá diferenciar o crime de desacato a militar de um eventual crime contra a honra. Nesse sentido vide, do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais, a Apelação n. 2.629 (Proc. n. 29.546, 1 a AJME, j. em 13-4-2010, rel. Juiz Cel. PM Sócrates Edgard dos Anjos): “APELAÇÃO CRIMINAL – DESACATO – DESCLASSIFICAÇÃO – IN-JÚRIA – IMPOSSIBILIDADE – MILITAR EM SERVIÇO E TRATANDO DE ASSUNTOS DE SERVIÇO – PROVIMENTO NEGADO. A injúria se diferencia basicamente do desacato em razão da condição funcional do militar, sendo que o bem jurídico tutelado deste é a Administração Militar. Restaconfigurado o delito de desacato, quando o funcionário público, ainda que não esteja no regular exercício de suas atribuições, tenha sido ofendido em razão de sua condição funcional. Nega-se provimento ao recurso”. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► EMENTA: APELAÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR. ABSOLVIÇÃO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. DESACATO. ART. 299 DO CPM. ÂNIMO CALMO E REFLETIDO. INEXIGÊNCIA. RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA. ART. 177 DO CPM. PROVAS TESTEMUNHAIS. OFENDIDOS. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. NÃO CABIMENTO. CONTINUIDADE DELITIVA. APLICAÇÃO DO ART. 71 DO CÓDIGO PENAL COMUM. POLÍTICA CRIMINAL. AUTORIA, MATERIALIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. MAIORIA. RECONHECIMENTO E DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO. POSSIBILIDADE. UNANIMIDADE. ► O núcleo da conduta no crime de desacato a militar é "desacatar", ou seja, faltar com o devido respeito ou com o acatamento, desmerecer, menoscabar, afrontar a autoridade do militar em função de natureza militar. ► Militar, não se exige que o agente atue com ânimo calmo e refletido, pois, geralmente, a conduta é praticada em situações de alteração psicológica, agindo o agente impulsionado por sentimentos de raiva, ódio ou rancor, caracterizando-se o elemento subjetivo pelo dolo consistente na vontade livre e consciente de ofender ou desprestigiar a função exercida pelo sujeito passivo. (...) https://www.jusbrasil.com.br/topicos/444291/ministerio-publico-militar https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10589276/artigo-299-do-decreto-lei-n-1001-de-21-de-outubro-de-1969 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028353/c%C3%B3digo-penal-militar-decreto-lei-1001-69 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602661/artigo-177-do-decreto-lei-n-1001-de-21-de-outubro-de-1969 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028353/c%C3%B3digo-penal-militar-decreto-lei-1001-69 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631430/artigo-71-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 Desobediência ► Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: ► Pena – detenção, até seis meses. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Objetividade jurídica: o tipo penal do crime de desobediência tem por objeto jurídico a Administração Militar, guardando a autoridade dela oriunda na figura do militar de quem a ordem emana. ► Aspectos objetivos: o núcleo da conduta no tipo penal em análise é “desobedecer”, ou seja, não obedecer, não acatar, não atender à ordem de autoridade militar, o que pode dar-se por ação – fazendo algo diverso do que foi determinado – ou por omissão – negando-se, simplesmente, a fazer o que foi determinado, sem adotar outra ação. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► A ordem em questão deve ser manifestamente legal e, por constituir um ato administrativo, deve atender a seus pressupostos de validade. Assim, a ordem deve ser emitida por autoridade com atribuição para tanto e endereçada a quem tenha competência para cumpri-la (competência), deve objetivar o bem comum, alvo de toda a Administração Pública (finalidade), deve observar, se assim exigida pela norma de direito, a forma prescrita, ser desencadeada por um fato que, logicamente, exija a emissão daquela ordem (motivo) e também possuir conteúdo lícito e possível (objeto). POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► O objeto da ordem, deve apenas ter conteúdo genérico, ou seja, não carecendo, como no caso do crime de recusa de obediência, ser ordem atinente ao serviço ou a dever imposto por lei, regulamento ou instrução. Assim, comete o delito de desobediência aquele que não acata, por exemplo, ordem de parada em fiscalização de trânsito, pois, ainda que seja policial militar, o conteúdo da ordem diz respeito a um dever imposto a todos, e não no bojo de uma relação hierárquica, em que ocorreria a recusa de obediência. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos Subjetivos: o crime em foco apenas admite a modalidade dolosa, ou seja, a vontade livre e consciente de não acatar, por ação ou omissão, a ordem de autoridade militar. ► Deve-se distinguir o crime de recusa de obediência (art. 163 do CPM) do crime em estudo, a desobediência (art. 301). A distinção está concentrada na análise dos elementos especializantes dos tipos penais. O crime de recusa de obediência é mais específico que o de desobediência, porquanto prevê especificamente o sujeito ativo (inferior hierárquico ou funcional) e o objeto da ordem não acatada, que, embora obviamente legal, há de ser sobre assunto atinente ao serviço ou a dever imposto por lei, regulamento ou instrução. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Aspectos Subjetivos: o crime em foco apenas admite a modalidade dolosa, ou seja, a vontade livre e consciente de não acatar, por ação ou omissão, a ordem de autoridade militar. ► Deve-se distinguir o crime de recusa de obediência (art. 163 do CPM) do crime em estudo, a desobediência (art. 301). A distinção está concentrada na análise dos elementos especializantes dos tipos penais. O crime de recusa de obediência é mais específico que o de desobediência, porquanto prevê especificamente o sujeito ativo (inferior hierárquico ou funcional) e o objeto da ordem não acatada, que, embora obviamente legal, há de ser sobre assunto atinente ao serviço ou a dever imposto por lei, regulamento ou instrução. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS ► Quando a ordem relativa a um dever imposto a todos, não decorrente de uma relação hierárquico-funcional, não for cumprida (por ação ou omissão), ainda que por um inferior hierárquico ou funcional, o crime será de desobediência. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS
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