Buscar

Apostila Noçoes Gerais do Direito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enrique Carlos Natalino 
 
É graduado em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Possui 
Mestrado em Administração Pública pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. 
Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tem 
doutorado-sanduíche no German Institute of Global and Area Studies (Alemanha). Tem 
experiência docente como professor nos cursos de Direito, Administração, Economia e 
Relações Internacionais da PUC-MG e da Faculdade de Direito Novos Horizontes. 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Bruna Luiza Mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Guilherme Prado Salles 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 Taisser Gustavo de Soares Duarte 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles 
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos 
científico (artigos, monografias, dissertações e teses), 
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre 
questões citadas em cada unidade, associando-o a 
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu 
cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
OS FUNDAMENTOS DO DIREITO ............................................................... 7 
1.1 DO DIREITO NATURAL AO DIREITO POSITIVO ..................................................... 7 
1.2 O DIREITO POSITIVO E A CIÊNCIA DO DIREITO .................................................. 8 
1.3 A OBRIGATORIEDADE DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS JURÍDICAS.............. 9 
1.4 ORDENAMENTO JURÍDICO E HIERARQUIA DAS NORMAS ............................... 10 
1.5 A POSITIVAÇÃO DO DIREITO E A LEGITIMAÇÃO DO PODER.......................... 12 
1.6 DIREITO E JUSTIÇA .............................................................................................. 13 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 15 
A NORMA JURÍDICA E O ORDENAMENTO JURÍDICO ............................ 19 
2.1 CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS JURÍDICAS .................................................. 19 
2.2 VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS .......... 20 
2.3 CLASSIFICAÇÃO DE NORMAS JURÍDICAS ....................................................... 22 
2.4 FATOS JURÍDICOS, ATOS JURÍDICOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS ...................... 23 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 27 
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO .................................................... 31 
3.1 A RELAÇÃO JURÍDICA ....................................................................................... 31 
3.2 PERSONALIDADE E CAPACIDADE – PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO 
E DIREITO PRIVADO ............................................................................................ 31 
3.3 O REGIME JURÍDICO DE DIREITO PÚBLICO E O REGIME JURÍDICO DE DIREITO 
PRIVADO ............................................................................................................ 35 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 38 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO ............................................ 42 
4.1 OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................ 42 
4.1.1. Fontes do direito do trabalho........................................................................42 
4.1.2. Princípios de interpretação do direito do trabalho....................................44 
4.1.3. A relação de emprego e os direitos do trabalhador.................................46 
4.1.4 Causas de extinção do vínculo empregatício............................................50 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 52 
INTRODUÇÃO AO DIREITO COMERCIAL ................................................ 56 
5.1 ORIGENS E FONTES DO DIREITO COMERCIAL .................................................. 56 
5.2 A EMPRESA E O EMPRESÁRIO ............................................................................ 57 
5.3 REGISTRO DE EMPRESAS MERCANTIS................................................................ 59 
5.3.1 Livros comerciais..............................................................................................63 
5.3.2. Obrigações dos empresários comerciais.....................................................65 
5.3.3 Elementos da empresa...................................................................................66 
5.3.4 Sociedades comerciais..................................................................................67 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 69 
INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................. 72 
6.1 CONCEITUAÇÃO E NATUREZA JURÍDICA ......................................................... 72 
6.2 TIPOS DE TRIBUTOS ............................................................................................. 73 
6.3 FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................ 75 
6.4 COMPETÊNCIA E RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA ......................................... 78 
6.5 CAPACIDADE, SOLIDARIEDADE E RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIAS ............ 80 
6.6 BASE DE CÁLCULO, ALÍQUOTA E LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO ......................... 81 
FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 84 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO..................................................87 
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 88 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Os alunos poderão compreender os Elementos fundamentais do 
Direito Positivo e da Ciência do Direito, bem como a lógica do 
Direito em relação a outrossistemas de dominação social. 
Características das normas jurídicas. Aspectos importantes das 
normas jurídicas (validade, vigência, vigor e eficácia. Diferenças 
entre Fatos, Atos e Negócios Jurídicos 
 
 
Diferenças entre Direito Público e Direito Privado. Diferença entre 
Personalidade e Capacidade e entre Pessoas Jurídicas de Direito 
Público e de Direito Privado. 
O Direito do Trabalho é produto circunstancial da Revolução 
Industrial. A fase final da Revolução Industrial foi marcada pela 
queda do trabalho humano, com a incorporação de tecnologias 
em progressão geométrica. Nasceu, assim, da luta social e da 
necessidade de se criar regras que disciplinem as relações de 
trabalho, inaugurando a figura do contrato coletivizado. 
 
 
O Direito Comercial é um direito nascido da prática e da 
necessidade do comerciante em proteger a circulação de 
mercadorias e de riquezas. Enquanto o Direito Civil origina-se do 
Direito Romano, tendo servido para gerar estabilidade, certeza e 
segurança em uma sociedade agrária e feudal, o Direito Comercial 
teve uma evolução menos formalista e mais prática durante a 
Idade Média. 
O Direito Tributário é o ramo da Ciência Jurídica que estuda a 
relação que se estabelece entre o Estado e os cidadãos por meio 
do pagamento de tributos. Qualquer definição de tributo implica no 
entendimento do significado do vocábulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
OS FUNDAMENTOS DO DIREITO 
 
 
 
1.1 DO DIREITO NATURAL AO DIREITO POSITIVO 
O Direito compreende um conjunto de regras utilizado por uma comunidade 
com o propósito de determinar quais normas devem ser obrigatoriamente 
observadas e quais comportamentos serão punido pelo poder público. Busca balizar 
a ação dos indivíduos e disciplinar o uso da força para punir ações contrárias à lei. 
Goffredo da Silva Telles Júnior define o Direito como “a disciplina da convivência 
humana” (TELLES JÚNIOR, 1999). Tércio Sampaio Ferraz Júnior afirma que o estudo do 
Direito envolve o homem “num mundo fantástico de piedade e impiedade, de 
sublimação e de perversão, pois o direito pode ser sentido como uma prática virtuosa 
que serve ao bom julgamento, mas também usado como instrumento para 
propósitos ocultos ou inconfessáveis” (FERRAZ JÙNIOR, 2001, p. 21). 
A evolução do Direito, no Ocidente, pode ser sintetizada em um debate 
travado entre os defensores do Direito Natural (jusnaturalistas) e os defensores do 
Direito Positivo (positivistas) ao longo dos últimos séculos. Os jusnaturalistas 
acreditavam que o direito era um dado da natureza. Haveria, portanto, um Direito 
surgido antes do estabelecimento de um Estado e de uma ordem jurídica autônoma. 
Durante os séculos XVII e XVIII, os jusnaturalistas abordaram a conexão entre 
direito e força por meio da noção de contrato social entre os homens. O contrato 
social buscava harmonizar o convívio humano, contendo os ímpetos de uso da força. 
Para o jusnaturalismo, a obrigatoriedade da lei deriva da compatibilidade com um 
corpo de regras que conformam o direito natural. A norma é válida e, portanto, 
obrigatória, somente se for justa. 
Os positivistas, por sua vez, afirmavam que o Direito era aquele criado pelo 
Homem a partir do poder do Estado. Para o positivismo jurídico, o direito era 
inseparável do poder e da força do Estado. Ele necessitava de um ente soberano 
capaz de estabelecer um conjunto de normas obrigatórias e coercitivas. Desse 
modo, os destinatários das normas estavam sujeitos a sofrer uma sanção (punição) 
quando sua conduta não correspondia à vontade do soberano. No processo de 
consolidação dos Estados liberais ao longo do século XVIII e XIX, os direitos naturais 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
tornaram-se direitos civis protegidos por um conjunto de normas garantidoras das 
liberdades fundamentais, as chamadas constituições. 
 
 
 
1.2 O DIREITO POSITIVO E A CIÊNCIA DO DIREITO 
O Direito Positivo e a Ciência do Direito, entretanto, não se confundem. O 
Direito Positivo possui um método próprio por meio dos quais se estabelecem as 
normas jurídicas válidas no Estado de Direito. E autoriza se determinada norma tem 
validade, segundo um ordenamento jurídico estabelecido. Preocupa-se com as 
relações entre os indivíduos para prescrever as condutas humanas. 
Já a Ciência do Direito tem como objetivo primordial estudar o Direito Positivo. 
Utilizando-se de uma metodologia de investigação própria, faz uma descrição 
pormenorizada do desenvolvimento das normas jurídicas, das relações entre os 
indivíduos e das condutas sociais. Seu objetivo não é interferir na vida em sociedade, 
mas entender como as relações humanas se desenvolvem. 
O estudioso do Direito é, portanto, um observador do Direito Positivo e de seus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
impactos nas relações humanas. Ao compreender como funcionam as regras do 
Direito, é capaz de elaborar conceitos, desenvolver posicionamentos e formular 
opiniões sobre o mundo jurídico. A partir de um mesmo texto do Direito Positivo, é 
possível formular diversas interpretações ou teses que constituem um juízo de valor 
acerca dos temas tratados. Chama-se de interpretação normativa o exercício lógico 
de construção de posicionamentos com base nos princípios gerais que formam a 
base do ordenamento jurídico. 
Hans Kelsen, em sua obra “Teoria Pura do Direito” (1998), aborda a questão do 
Direito e sua situação como objeto de estudo da ciência jurídica. Desse modo, a 
tarefa do jurista é saber qual a especificidade do Direito dentre os vários 
ordenamentos sociais, como a moral e a religião. O que diferencia o Direito de outras 
formas de ordenamento social, é a sua capacidade de estabelecer sanções 
(punições). Segundo a metodologia de Kelsen, a eficácia do ordenamento jurídico 
era condição de validade. 
 
1.3 A OBRIGATORIEDADE DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS JURÍDICAS 
Uma característica importante do Direito é a sua obrigatoriedade. As leis 
obrigam os indivíduos porque o ordenamento jurídico vincula a norma aos seus 
destinatários. Dessa forma, com o fenômeno da positivação do direito, as normas 
passaram a basear a sua validade na conformidade com os procedimentos que 
autorizam a sua criação. Portanto, para o Direito, o cumprimento de uma norma não 
é uma opção, mas uma conduta prevista como obrigatória cujo descumprimento 
implica em uma sanção. 
A Moral, diferentemente do Direito, baseia a sua validade na escolha 
consciente de cada indivíduo acerca do que é certo ou justo. A Moral implica em 
liberdade de escolha. Já o Direito não reserva aos indivíduos a faculdade de escolher 
se irão ou não cumprir determinada norma. Em caso de descumprimento de uma 
norma moral, não há uma sanção automática prevista. Já as normas jurídicas usam 
da força para coagir os indivíduos a cumprir as normas estabelecidas. 
Importante frisar que o Direito não usa da força para constranger os indivíduos 
o tempo todo. O que ocorre é a existência de mecanismos de intervenção do Estado 
caso os comportamentos se desviam do que prevê a norma jurídica. Ou seja, o Direito 
predetermina uma sanção (punição) determinada pela norma jurídica. Assim, ao 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
praticar uma ação que destoa do comportamento esperado pela norma, o indivíduo 
já saberá que poderá sofrer automaticamente uma sanção. 
Além de prever condutas humanas e suas consequências, cabe ao Direito 
também organizar um aparato coativo capaz de conduzir a aplicação 
institucionalizada das sanções. O Direito prevê procedimentos para a apuração dos 
delitos e para a aplicação de sanções em quem descumpriu uma norma. Uma 
característica importante do Direito moderno é o monopólio de aplicação de 
sanções pelo Estado. Enquanto no passado admitiam-se práticas de vinganças 
pessoais ou coletivas a quem descumpria uma norma, nas sociedades modernas 
somente ao Estado cabe decidir, em última instância, sobre a legitimidadedo 
emprego da força. O uso da força pelos indivíduos só é admitido em casos 
excepcionais, por meio de delegação estatal. 
 
1.4 ORDENAMENTO JURÍDICO E HIERARQUIA DAS NORMAS 
O Ordenamento Jurídico é um sistema de normas organizadas segundo um 
critério de hierarquia e de validade. Em sua obra “Teoria Pura do Direito”, o jurista 
Hans Kelsen afirma que a Ciência do Direito é independente e autônoma, 
desvinculada das Ciências Naturais e de outras Ciências Humanas (Política, 
Sociologia, Economia, Religião, Moral). Seu objeto é o estudo das normas e dos 
ordenamentos jurídicos. Kelsen defende a existência de um Direito desvinculado dos 
valores. O Direito, segundo o autor, busca o estabelecimento de uma ordem jurídica 
por meio de um sistema de normas (KELSEN, 1998). 
Por que as normas jurídicas pertencem a um determinado sistema de Direito e 
não a outro? De acordo com Kelsen, o princípio organizador de uma pluralidade de 
normas jurídicas é a existência de uma Norma Fundamental que fundamente a 
validade de todo o sistema. Nesse sentido, a norma fundamental estrutura a unidade 
na pluralidade. O fato de uma norma pertencer a uma determinada ordem jurídica 
indica que ela encontra sua legitimação na norma fundamental. Ou seja, as normas 
jurídicas não são válidas em função de suas qualidades ou de seu conteúdo, mas de 
sua submissão hierárquica a esta norma que organiza todo o sistema jurídico. 
Portanto, a ideia de Ordem Jurídica se embasa na existência de uma 
pluralidade organizada na forma de uma unidade lógica, a ordem jurídica. Esta 
ordem se baseia no sistema de legalidade estatal, cuja fonte última de legitimidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
é a Constituição de cada país. No caso do Brasil, o vértice da pirâmide de validade 
das normas jurídicas é a Constituição Federal. As diversas fontes do Direito (Leis 
Complementares, Leis Ordinárias, Decretos, Medidas-Provisórias, Resoluções) 
encontram na Constituição Federal sua validade. 
Segundo Hans Kelsen, as normas jurídicas se posicionam em um ordenamento 
jurídico segundo a sua posição hierárquica. As normas superiores condicionam as 
inferiores, assim como as inferiores encontram a sua validade nas superiores. Sem essa 
lógica hierárquica, não haveria uma ordem jurídica organizada, mas normas que 
entram em choque entre si, gerando a insegurança jurídica e o caos social. De 
acordo com Kelsen, cada Estado-nação possui autonomia para decidir sobre a 
organização do seu próprio Sistema Jurídico. E cada sistema legal de um Estado 
soberano possui autoridade própria para determinar quais as normas válidas que 
vinculam os indivíduos (KELSEN, 1998). 
Assim, as autoridades competentes para determinas a validade das normas 
são aquelas que o sistema jurídico apontar, por meio de uma norma, como dotadas 
de autoridade para tal. É importante reforçar que o fundamento de validade das 
normas jurídicas não se baseia no fato de ser posta por uma autoridade, mas na sua 
validade segundo uma norma superior que fundamente a sua existência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
1.5 A POSITIVAÇÃO DO DIREITO E A LEGITIMAÇÃO DO PODER 
Conforme visto, o Direito Positivo cumpre uma função justificadora ou 
legitimadora do poder, da técnica de controle social, porque expurga a dimensão 
ética, estabelecendo o direito como instrumento de controle social. Assim, devemos 
nossa obediência ao Direito porque o direito é um sistema de normas legitimado pelo 
Estado e fundado na hierarquia das normas. Assim, uma norma só vale se pertence 
a um dado ordenamento jurídico. 
A validade das normas, para Hans Kelsen, advém vem do sistema normativo, 
que diz que a norma pertence ao sistema jurídico. Exemplo: uma placa de trânsito só 
vale porque sei que existe outra norma anterior ou prévia. Se há uma placa proibindo 
e outra permitindo estacionar, isso cria uma contradição que precisa ser resolvida 
pelo próprio Direito. A contradição, num sistema jurídico, sempre será aparente. É 
preciso analisar as regras de integração e de interpretação do Direito, reforçando 
que o direito é um sistema de normas. 
Quanto à completude, importante entender que em um sistema jurídico não 
pode haver lacunas. Ou seja, haverá regulação de todas as situações. Pode ocorrer 
de o intérprete não saber o que aplicar, mas todo comportamento estará 
juridicamente regulado (se não está proibido, é permitido). O Direito constitui um 
sistema normativo específico porque é dotado de sanção, imposta por um poder 
soberano (poder estatal), sendo diferente de outras normas. Para Kelsen o Direito e o 
Estado são uma e mesma coisa, porque o direito é a regulamentação do poder 
estatal (KELSEN, 1998). 
Pensemos então: enquanto provedor e promotor da ordem social, o que distingue o 
direito da moral? 
. 
Disponível em: encurtador.com.br/biAIX. Acesso em 29 abr. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
Outro traço do positivismo clássico é que toda norma é um comando. O que 
significa dizer que norma é comando? Se eu digo: “saia da sala” e a pessoa sai, 
realizei um comando? Se eu digo: “por favor, saia da sala”, houve um comando? O 
que é um comando? Se uma norma diz “proibido estacionar”, tenho um comando? 
A ideia de um comando, no Direito, não se identifica a um pedido, porque 
haverá a instituição de um dever, com a ameaça de coerção se o dever não for 
cumprido. O comando só com um dever-ser é o que importa em uma sanção no 
caso de descumprimento, ou seja, tenho coerção e a sanção. Assim, as normas 
jurídicas sempre têm a forma lógica de comando, com a sanção. Tem-se a descrição 
da conduta e a sanção num mesmo dispositivo. Em outras vezes, a sanção não está 
no mesmo dispositivo de lei. Assim, toda norma jurídica tem a forma lógica de um 
comando. Porém, nem sempre as regras do sistema jurídico são da mesma natureza. 
Há normas dotadas de sanção e outras que não tem sanção (regulamentam a 
própria produção normativa). Assim nem toda regra fixa um comando ou uma 
ordem, dizendo a quem compete fazer emendas legislativas, como uma norma deve 
ser produzida ou quem tem autoridade ou competência para aplicar uma norma 
jurídica. 
 
 
 
 
1.6 DIREITO E JUSTIÇA 
Em sua obra “Uma Teoria da Justiça”, o jurista e filósofo John Rawls entende 
que a justiça deve ser a primeira virtude das instituições sociais, em especial do 
Direito. Assim, como esse é um ideal abstrato, a virtude também depreende a ideia 
Para Michel Foucault, filósofo francês, o poder só pode ser exercido sobre pessoas livres. 
Levando em conta essa premissa e os pressupostos do jusnaturalismo e do direito 
positivista, reflita conosco: a liberdade é para todos? 
 
Disponível em: encurtador.com.br/eyEKY. Acesso em: 29 abr. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
de objetivo: o fim último das instituições coletivas é alcançar a justiça. Portanto, por 
mais eficientes e bem-organizadas que possam ser as leis e as instituições de uma 
sociedade, elas devem ser reformadas ou mesmo revogadas se forem injustas. 
Assim, a verdadeira justiça não permite que o sacrifício de alguns seja 
sopesado pelas vantagens obtidas por uma soma maior de cidadãos. Isto porque, 
numa sociedade justa, os direitos garantidos a todos não estão sujeitos a barganhas 
políticas ou a cálculos. Daí decorre que a verdade e a justiça são as maiores 
qualidades do agir humano, não estando compromissadas com nada. A justiça é 
valor que está em cada um, não se podendo transigir com ele. 
A definição dos princípios de justiça de uma sociedade permite que os 
objetivos de cooperação, eficiência e estabilidade sejam atingidos, pois estes 
princípios serão respeitados, observados e aceitos por todos, ainda que o conflito seja 
inerente à sociedade e que cada homem tenha diferentes ideias de justiça. Em uma 
sociedade onde tais princípios não estão claros, por óbvio será mais difícil para os 
indivíduos coordenaremseus planos de modo eficiente. Em uma sociedade justa, 
ainda que cada um tenha uma ideia do que seja justo, as instituições básicas da 
sociedade serão tidas por justas se fizerem prevalecer os princípios de justiça que se 
encontram na base desta sociedade. 
É possível dizer que a justiça social atuará na estrutura social, determinando a 
forma das suas instituições principais, por meio da atribuição de direitos e deveres, 
bem como oportunidades econômicas e sociais. Podemos resumir da seguinte 
maneira: a justiça atua como padrão de distribuição (de direitos e deveres) e partilha 
(dos benefícios da cooperação social). Sob esse entendimento, a justiça faz parte de 
um ideal social. Seu papel é duplo: traz o equilíbrio próprio entre as reivindicações 
sociais e congrega o conjunto de princípios que identificam os elementos relevantes 
para a determinação deste equilíbrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (OAB 2019). Uma das mais importantes questões para a Filosofia do Direito diz 
respeito ao procedimento que define uma norma jurídica como sendo válida. 
Para o jusfilósofo Herbert Hart, em O Conceito de Direito, o fundamento de 
validade do Direito baseia-se na existência de uma regra de reconhecimento, 
sem a qual não seria possível a existência de ordenamentos jurídicos. Segundo 
Hart, assinale a opção que define regra de reconhecimento. 
 
a) Regra que exige que os seres humanos pratiquem ou se abstenham de praticar 
certos atos, quer queiram quer não. 
b) Regra que estabelece critérios segundo os quais uma sociedade considera válida 
a existência de suas próprias normas jurídicas. 
c) Regra que impõe deveres a todos aqueles que são reconhecidos como cidadãos 
sob a tutela do Estado. 
d) Regra que reconhece grupos excluídos e minorias sociais como detentores de 
direitos fundamentais. 
e) Regra que conhece grupos extintos reavaliando sua reinserção na sociedade 
 
2. (Concurso DPE Defensor Público 2018 – Fundação Carlos Chagas). Hans Kelsen, 
em sua “Teoria Pura do Direito”, define como elemento primordial para a análise 
científica do fenômeno jurídico: 
 
a) os fatos sociais. 
b) as normas. 
c) os valores. 
d) os princípios e as regras 
e) o poder coercitivo. 
 
3. (Concurso DPE Defensor Público 2018 – Fundação Carlos Chagas) Ao enfocar 
criticamente a “doutrina do direito natural”, Hans Kelsen a caracteriza como 
aquela fundada: 
 
a) no dualismo entre direito natural e direito positivo que considera que a validade 
deste último independe da correspondência ao direito natural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
b) no dualismo entre direito natural e direito positivo, e considera que o direito 
natural, em virtude de sua perfectibilidade, estaria acima do direito positivo, de 
modo que a validade deste último dependeria de sua correspondência ao direito 
natural. 
c) em uma visão monista que sustenta que todo direito é necessariamente natural 
uma vez que seu fundamento último é a natureza humana. 
d) em um alto grau de cientificidade e caracterizada pela ausência de 
contradições relativamente à justificação do estabelecimento do direito positivo 
ou à existência do Estado competente para o estabelecimento do direito positivo. 
e) no dualismo dentre direito natural e direito positivo que, por toda sua coerência e 
rigor conceitual, é professada pelo autor em sua teoria pura do direito. 
 
4. (DPE 2018 – Fundação Carlos Chagas). No que concerne à relação entre Direito 
e Estado, tal como a tematiza Hans Kelsen na obra O que é a justiça?, é correto 
afirmar que o Estado 
 
a) é uma ordem jurídica relativamente centralizada. 
b) é uma entidade metajurídica que precede a criação do Direito. 
c) considerado democrático, e somente este, é legítimo para produzir normas 
jurídicas, pois reflete a justiça. 
d) é um grupo de pessoas unidas para a consecução de interesses comuns, e o 
Direito é um corpo normativo que reflete a moral do povo. 
e) e Direito são duas coisas completamente distintas e não necessariamente 
relacionadas. 
 
5. (OAB 2016). A partir da leitura de Aristóteles (Ética a Nicômaco), assinale a 
alternativa que corresponde à classificação de justiça constante do texto: 
 
“... uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro 
ou das outras coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição 
(pois aí é possível receber um quinhão igual ou desigual ao de um outro) ...” 
 
a) Justiça Natural. 
b) Justiça Comutativa. 
c) Justiça Corretiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
d) Justiça Distributiva. 
e) Justiça Trabalhista. 
 
6. (OAB 2016). O raciocínio analógico é típico do pensamento jurídico. Esse é um 
tema debatido por vários teóricos e filósofos do Direito. Para Norberto Bobbio, na 
obra Teoria do Ordenamento Jurídico, trata-se de um método de autointegração 
do Direito. Assinale a opção que, segundo esse autor, apresenta o conceito de 
analogia. 
 
a) Subsunção de um caso (premissa menor) a uma norma jurídica (premissa maior) 
de forma a permitir uma conclusão lógica e necessária. 
b) Existindo relevante semelhança entre dois casos, as consequências jurídicas 
atribuídas a um caso já regulamentado deverão ser atribuídas também a um caso 
não-regulamentado. 
c) Raciocínio em que se produz, como efeito, a extensão de uma norma jurídica 
para casos não previstos por esta. 
d) Decisão, por meio de recurso, às práticas sociais que sejam uniformes e 
continuadas e que possuam previsão de necessidade jurídica. 
e) Entendimento sobre as consequências jurídicas possíveis a um crime cometido. 
 
7. (OAB 2015). Hans Kelsen, ao abordar o tema da interpretação jurídica no seu livro 
Teoria Pura do Direito, fala em ato de vontade e ato de conhecimento. Em 
relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico, assinale a afirmativa correta 
da interpretação. 
 
a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e, 
assim, capaz de prover precisão técnica no âmbito de sua aplicação por agentes 
competentes. 
b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, 
conforme seu arbítrio, qualquer norma que entenda como válida e capaz de 
regular o caso concreto. 
c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão 
aplicador efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio da 
mesma interpretação cognoscitiva. 
d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
conhecimento apropriado da mens legis. 
e) Predomina como ato comunicativo, pois o Direito é atividade empírica, assim, 
capaz de prover respostas . 
 
8. Segundo Norberto Bobbio, a norma jurídica do dispositivo normativo que afirma 
“Ninguém pode ser privado, por motivos políticos, da capacidade jurídica, da 
cidadania, do nome” pode ser classificada como norma que 
 
a) comanda comandar. 
b) permite comandar. 
c) proíbe comandar. 
d) proíbe proibir. 
e) comanda proibir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
A NORMA JURÍDICA E O 
ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
 
 
2.1 CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS JURÍDICAS 
As normas jurídicas são elementos fundamentais para a estabilização das 
relações sociais e para a redução das incertezas nas sociedades modernas. Elas 
garantem maior previsibilidade, certeza e segurança nas interações entre os 
indivíduos. Sem as normas jurídicas, prevaleceria a lei do mais forte e as sociedades 
humanas se desintegrariam completamente no caos e na anarquia. 
As normas jurídicas possuem o caráter vinculante porque não é permitido 
descumprir o que elas prescrevem. Na visão do jurista Hans Kelsen, o elemento 
vinculatório do Direito é dado pela sanção, que possui as seguintes características: 
coercitividade (uso efetivo da força), privação de um bem (liberdade, patrimônio, 
vida),competência para a aplicação da sanção e consequência para o indivíduo 
(KELSEN, 1998). 
Enquanto no Estado liberal do século XIX a função principal do Direito era 
proibir comportamentos indesejáveis, o Estado social do século XX também 
incorporou uma visão jurídica baseada no incentivo, na promoção e no estímulo. Se 
antes era necessário impedir os indivíduos de agir de determinada forma por meio 
dos instrumentos coercitivos do Estado, a nova visão do Direito necessitava também 
enfatizar a promoção de comportamentos desejáveis. 
A norma jurídica pode ser compreendida segundo três diferentes prismas. Isto 
é, pode-se indagar se a norma é justa, se tem existência e se é respeitada ou seguida 
pelos destinatários. Para ser considerada válida, uma norma precisa cumprir os 
requisitos necessários para a sua formação. Em primeiro lugar, verifica-se se esta 
norma foi instituída por autoridade competente, ou seja, se foi produto do órgão ou 
da instituição que tenha sido autorizado a produzir normas válidas. A autorização 
para a produção de uma norma é dada por uma norma superior que delimita as 
circunstâncias e o âmbito no qual terá validade. 
 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
2.2 VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS 
A validade de uma norma se refere à sua subordinação ao ordenamento 
jurídico ou a uma regra legal. Para uma norma ser válida, ela precisa ainda ser 
produzida por um órgão que tenha competência para dispor sobre uma 
determinada matéria. O regime federativo consagrado pela Constituição de 1988 
repartiu a competência para legislar sobre normas jurídicas entre três entes: a União, 
os Estados e os Municípios. É de competência privativa da União, entre outras 
matérias, legislar sobre direito civil, comercial, processual, penal e trabalhista. Aos 
A sanção possui as seguintes características: 
 é um ato coercitivo, ou seja, de ato de força efetivo 
 tem o poder da privação de um bem 
 o indivíduo que a exerce deve estar autorizado pela ordem jurídica é a 
consequência da conduta de algum indivíduo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
estados e aos municípios caberá legislar sobre outros assuntos correspondentes à sua 
esfera de atuação territorial. 
Para ser válida, a norma também precisa seguir o comando da legislação que 
a criou. A título de exemplo, não terá êxito qualquer iniciativa de alteração 
constitucional que não leve em conta a necessidade de maioria de três quintos dos 
membros das duas Casas do Congresso Nacional. Isso ocorre porque a Constituição 
Federal não autoriza a realização de emendas constitucionais que não cumpram os 
requisitos de alteração. 
A validade de uma norma jurídica pode ser ainda determinada (expira ao 
esgotar o seu prazo) ou indeterminada (perdura até a revogação por outra norma). 
Segundo o Artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, as leis passam a vigorar no 
país 45 dias após serem publicadas. Ou seja, no período que faltar para completar 
este prazo, as normas não possuem validade. 
A vigência de uma norma se refere à sua capacidade de produzir efeitos no 
mundo jurídico. Ela demarca o tempo de validade de uma norma. Assim, uma norma 
pode ser válida, mas não vigente. Isto é, pode ter sido completado o período para 
sua formação, mas ela ainda não produz efeitos. 
O vigor de uma norma trata do seu efeito vinculante. Trata-se da sua 
capacidade imperativa de obrigar a todos os indivíduos que se encontram sob o seu 
domínio. Dessa forma, uma norma revogada perde a validade e a vigência, mas 
continua tendo vigor em relação aos fatos que foram constituídos durante o período 
em que existiu no sistema jurídico. 
A eficácia de uma norma jurídica se refere à sua capacidade de produzir 
efeitos jurídicos, sendo observada no comportamento dos indivíduos. Se uma norma 
tem eficácia, ela é seguida pelos indivíduos de forma voluntária. E, em caso de 
descumprimento, uma sanção é aplicada aos seus violadores. Nesse sentido, para 
ser eficaz, uma norma precisa ter condições fáticas (estar de acordo com a 
realidade) e condições técnicas (presença de elementos normativos adequados 
para a produção de efeitos concretos) para atuar. 
A validade e a eficácia das normas estão diretamente relacionadas, pois 
antes de ser eficaz, uma norma precisa ser válida, isto é, existir dentro do 
ordenamento jurídico e ser aplicada ao caso concreto. Entretanto, uma lei que entra 
em efetivo desuso e deixa de ser aplicada, perde a sua validade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
2.3 CLASSIFICAÇÃO DE NORMAS JURÍDICAS 
No que concerne à relevância, as normas se dividem em duas espécies: 
primárias e secundárias. As normas primárias estabelecem obrigações, tendo como 
objeto as condutas individuais. Já as normas secundárias estabelecem 
competências e poderes, versando sobre a criação e a modificação de outras 
normas. 
No que toca ao seu domínio de validade, as normas podem ser internas (valem 
apenas dentro de um mesmo país) ou internacionais (podem ser aplicadas em mais 
de um Estado, com a concordância dos mesmos). Com o crescimento do 
intercâmbio de pessoas, bens e serviços, os Estados precisam escolher qual lei deve 
ser aplicada para superar conflitos entre diferentes jurisdições. Internamente, a 
Constituição Federal possui uma repartição de competências entre União, estados 
federados e municípios para dirimir conflitos de legislação concorrente. Em caso de 
concorrência entre os entes, existe hierarquia: leis federais predominam sobre a 
estaduais, bem como as estaduais sobre as municipais. Em caso de competência 
privativa, não há hierarquia. 
 
A eficácia de uma norma depende dos seguintes fatores: 
 Existência de condições palpáveis de atuação, já que precisa estar de acordo 
com a realidade 
 Existência de condições técnicas de atuação, pois são necessários elementos 
normativos para que hajam efeitos concretos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
No que concerne ao tempo, as normas podem ser permanentes, provisórias 
ou temporárias. As normas permanentes não contêm prazo dentro do qual produzirá 
efeitos. As normas provisórias ou temporárias delimitam o prazo dentro do qual terão 
validade. Mesmo cessada a sua vigência, os atos constituídos sob a sua vigência 
permanecem, em sua maioria, inalteráveis. 
Em relação aos destinatários das normas, as normas podem ser gerais ou 
individuais. As normas gerais vinculam a todos os que preenchem as condições, no 
âmbito de sua abrangência. Já as normas individuais regulam o comportamento de 
uma pessoa ou de um grupo de pessoas, como os negócios jurídicos e as decisões 
judiciais. 
No que toca à força de incidência, as normas podem cogentes ou dispositivas. 
As normas cogentes são aquelas de ordem pública que tratam de bens essenciais 
para a convivência coletiva que precisam ser integralmente observadas. O seu 
descumprimento configura um ilícito. As normas dispositivas, por sua vez, conferem às 
partes a possibilidade de se sujeitarem ao que determina a lei, ou se preferirem, de 
formular novas disposições que melhor se ajustem aos seus interesses. 
 
2.4 FATOS JURÍDICOS, ATOS JURÍDICOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS 
A doutrina brasileira costuma distinguir os Fatos Jurídicos e dos Atos Jurídicos. 
Os Fatos Jurídicos designam os acontecimentos independentes da vontade humana, 
ao passo que os Atos Jurídicos se referem às declarações de vontade que acarretam 
efeitos no campo do direito. Os atos jurídicos compreendem várias situações 
marcadas por um elemento comum: a exteriorização da vontade. São atos jurídicos 
tanto aqueles praticados pela Administração Pública na execução de serviços 
públicos (atos administrativos) quanto os de iniciativa dos particulares voltados a 
criar, modificar ou extinguir as relações jurídicasprivadas. 
O negócio jurídico, por sua vez, consiste em um ato ou em uma pluralidade 
de atos que guardam alguma relação mútua, praticados por um indivíduo ou por um 
grupo, voltando-se à produção de efeitos no âmbito do direito privado. Para a 
realização de um negócio jurídico, deve-se observar o princípio da autonomia da 
vontade das partes envolvidas em uma relação jurídica. São requisitos do negócio 
jurídico a existência de um agende capaz, de um objeto lícito e possível e da 
observância da forma prescrita em lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
No que toca à classificação dos negócios jurídicos quanto ao número de 
partes envolvidas, eles podem ser unilaterais, bilaterais e plurilaterais. Os negócios 
unilaterais exigem tão somente a emissão de uma declaração de vontade da parte, 
o que gera efeitos jurídicos. Já os negócios bilaterais exigem o consentimento das 
duas partes para a sua realização. Os negócios plurilaterais, por fim, contêm a 
presença de duas ou mais partes, constituindo cada uma delas um centro autônomo 
de interesse que busca o mesmo objetivo. 
Com relação aos efeitos dos negócios jurídicos, eles podem ser 
onerosos ou gratuitos. Nos negócios onerosos, há uma contraprestação à vantagem 
econômica de uma das partes. Eles criam vantagens ou encargos para as duas 
partes. Já nos negócios gratuitos, não há essa contraprestação em relação a 
vantagens auferidas por uma pessoa. 
Com o intuito de que as vontades das partes sejam livres de quaisquer 
obstáculos, foram elaboradas regras para impedir que sua vontade fosse distorcida. 
Dessa forma, a lei disciplinou a existência dos chamados vícios de consentimento, 
que constituem eventuais circunstâncias externas aos negócios jurídicos que 
porventura venham a interferir na deliberação dos agentes. São vícios de 
consentimento que podem provocar a anulação de um negócio jurídico o erro, o 
dolo e a coação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
O erro é a falsa representação de um fato, sendo que a vontade de um 
agente seria diversa se o sujeito conhecesse realmente os fatos que serviram de base 
para sua decisão. Para fins de anulação de um negócio, o erro deve ser substancial 
e inescusável, afetando o objeto central da declaração. O erro de menor 
importância (erro acidental), assim como o erro cometido em virtude de 
negligência, imprudência ou imperícia, não autoriza a anulação do negócio. O 
dolo, por sua vez, pode ser causa de anulação de um negócio jurídico nas 
circunstâncias em que se empregam artifícios maliciosos de uma parte para a 
obtenção de uma declaração de vontade que traga proveito a um indivíduo. Pode 
resultar do mero silêncio de um dos agentes sobre determinado fato que possa influir 
na elaboração do contrato. A coação, resultado do uso de qualquer ameaça que 
prive a livre manifestação da vontade, também constitui a causa de anulação de 
um contrato. 
No que concerne à possibilidade de invalidação dos atos jurídicos, o Código 
Civil distingue os negócios nulos daqueles meramente anuláveis e dos inexistentes. Os 
negócios nulos não produzem quaisquer efeitos, enquanto os negócios anuláveis 
Levando-se em conta que tais normas são criadas mediante os requisitos de 
comportamento e atitudes que seguem o padrão de moral de um grupo de indivíduos, 
reflita conosco: nas sociedades atuais, onde há pluralidade de códigos morais entre os 
seus integrantes, até que ponto uma determinada sanção pode redimir e modificar o 
comportamento de sujeitos também plurais? 
 
 
Imagem disponível em: encurtador.com.br/nrwD4. Acesso em 29 abr. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
produzem efeitos até o instante em que são invalidados por uma sentença judicial. 
Enquanto a nulidade decorre da lei operando de pleno direito, a anulabilidade 
depende de uma provocação da parte interessada. Tendo em vista o interesse 
coletivo envolvido, a nulidade pode ser arguida não só pelo interessado, mas 
também pelo Ministério Público. Já a anulabilidade, por seu caráter privado, só 
pode ser arguida pela parte interessada. Já os atos inexistentes não possuem 
elementos fáticos imprescindíveis. Desse modo, uma relação social só irá se converter 
em relação jurídica no momento em que se adeque à norma jurídica existente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (FEPESE 2012). Hans Kelsen afrmou que a teoria pura do direito é uma teoria geral 
do direito positivo. Para ele, o Direito é “uma ordem normativa da conduta 
humana, ou seja, um sistema de normas que regulam o comporta- mento 
humano”. Com o termo norma, Kelsen buscou signifcar algo que “deve ser ou 
acontecer, especialmente que um homem se deve conduzir de determinada 
maneira”. Na obra Teoria Pura do Direito , que leva o mesmo nome da teoria de 
Kelsen, o autor afrma que essa teoria pura busca única e exclusivamente 
conhecer o seu próprio objeto, ou seja: 
 
a) o que é e como é o Direito. 
b) como deve ser o Direito. 
c) como deve ser feito o Direito. 
d) como deve ser feita a política do Direito. 
e) como ocorre a relação entre o Direito e as demais áreas do saber. 
 
2. (FCC 2017). Segundo Hans Kelsen, em sua obra Teoria Pura do Direito, 
 
a) o fundamento de validade de um ordenamento jurídico é tido como sua norma 
fundamental, a qual deve ser posta por uma autoridade a ela pressuposta. 
b) um sistema de normas cujo fundamento de validade e conteúdo de validade são 
deduzidos de uma norma pressuposta é um sistema dinâmico de normas. 
c) a interpretação autêntica feita por um órgão aplicador do Direito, sempre é 
criadora do Direito mesmo quando cria uma norma individual a um único caso. 
d) o propósito único e exclusivo da Teoria Pura do Direito é responder à questão: “o 
que é e como deve ser um Direito legítimo?”. 
e) sendo possível relacionar o conteúdo da norma moral com o da norma jurídica, 
pode haver hipóteses de aplicação em que uma norma jurídica seja, 
necessariamente, moral. 
 
3. (FGV 2015). Hans Kelsen, ao abordar o tema da interpretação jurídica no seu livro 
Teoria Pura do Direito, fala em ato de vontade e ato de conhecimento. Em 
relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico, assinale a afirmativa correta 
da interpretação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e, 
assim, capaz de prover precisão técnica no âmbito de sua aplicação por agentes 
competentes. 
b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, 
conforme seu arbítrio, qualquer norma que entenda como válida e capaz de 
regular o caso concreto. 
c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão 
aplicador efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio da 
mesma interpretação cognoscitiva. 
d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o 
conhecimento apropriado da mens legis. 
e) A interpretação como puro ato é a única capaz de revelar o conhecimento 
apropriado. 
 
4. (FCC 2015). No panorama histórico da Ciência do Direito, realizado por Tércio 
Sampaio Ferraz Júnior, na obra A Ciência do Direito, o autor caracteriza a prática 
dos glosadores da seguinte forma: “Tomando como base assentada os textos de 
Justiniano, os juristas da época passaram a dar-lhes um tratamento metódico, 
cujas raízes estavam nas técnicas explicativas usadas em aulas, sobretudo no 
chamado Trivium, composto de gramática, retórica e dialética, que compunham 
as artes liberales de então. Com isto, eles desenvolveram uma técnica especial 
de abordagem de textos pré-fabricados e aceitos por sua autoridade, 
caracterizada pela glosa gramatical e filológica, pela exegese ou explicação do 
sentido, pela concordância, pela distinção". 
 
Neste sentido, o autor considera que neste confronto do texto estabelecido edo seu tratamento explicativo, presente na prática dos glosadores, é que nasce a 
 
a) Jurisprudência medieval com seu caráter eminentemente dialético. 
b) Ciência do Direito com seu caráter eminentemente dogmático. 
c) Ciência do Direito com seu caráter eminentemente zetético. 
d) Ciência do Direito com seu caráter exclusivamente interpretativo. 
e) Jurisprudência romana com seu caráter prioritariamente comparativo. 
 
5. (Quadrix 2017) Relativamente aos direitos da personalidade, assinale a alternativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
correta. 
a) Segundo jurisprudência do STJ, o pseudônimo utilizado para atividades lícitas ou 
ilícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
b) A publicação de biografias dispensa autorização prévia da pessoa biografada, 
consoante jurisprudência do Supremo. 
c) Qualquer pessoa pode ser constrangida a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou intervenção cirúrgica, desde que haja determinação 
médica. 
d) Se houver objetivo científico ou altruístico, é possível a disposição gratuita ou 
onerosa do próprio corpo. 
e) A proteção dos direitos da personalidade, segundo entendimento do STJ, aplica-
se igualmente às pessoas jurídicas. 
 
6. A capacidade legal das pessoas físicas é tema que passou por diversas 
mudanças com a entrada em vigor do Código Civil de 2002 e, mais 
recentemente, com as alterações promovidas pelo Estatuto da Pessoa com 
Deficiência (Lei nº 13.146/2018). Levando em consideração o atual regramento 
do tema, assinale a alternativa INCORRETA. 
 
a) São relativamente incapazes os pródigos e os ébrios habituais. 
b) São capazes os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos que tenham 
economia própria. 
c) São absolutamente incapazes aqueles que por causa transitória não puderem 
exprimir a sua vontade. 
d) A capacidade dos indígenas não é regulada pelo Código Civil. 
e) São relativamente incapazes os viciados em tóxico. 
 
7. (VUNESP 2019). Com relação á capacidade civil, é correto afirmar: 
 
a) todo ser humano tem capacidade de direito ou de gozo. 
b) todo ser humano tem capacidade de fato ou de exercício. 
c) o ser humano adquire a capacidade civil a partir do registro civil do nascimento. 
d) os menores de dezesseis anos não têm capacidade de direito ou de gozo, 
e) todo ser humano menor de 21 anos não tem direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
8. (FEPESE 2019) É correto afirmar sobre as Pessoas Naturais. 
 
a) Os pródigos são absolutamente incapazes. 
b) Os menos de 16 anos são considerados relativamente incapazes para os atos da 
vida civil. 
c) São incapazes os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
d) A pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil, a partir dos 16 
anos completos. 
e) Aquele que, por causa transitória, não puder exprimir sua vontade será 
considerado incapaz, relativamente a certos atos ou à maneira exercê-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
DIREITO PÚBLICO E DIREITO 
PRIVADO 
 
 
 
3.1 A RELAÇÃO JURÍDICA 
A relação jurídica é aquela regulada pelo Direito e que, naturalmente, gera 
consequências jurídicas. A ordem jurídica não apenas considera as relações entre os 
sujeitos jurídicos, mas também se preocupa com a instauração de modelos 
normativos que busquem gerar efeitos jurídicos entre as partes. Dessa forma, para 
que uma relação seja considerada jurídica, são necessários quatro elementos: o 
sujeito, o objeto, o fato jurídico e a garantia do cumprimento. Os sujeitos são as 
pessoas entre quais é estabelecido um vínculo obrigacional. Os objetos podem ser 
uma coisa (objetos reais) ou uma prestação (vínculo obrigacional). O fato jurídico 
constitui todo negócio humano ou acontecimento natural que tem previsão legal 
para se converter do plano abstrato para o mundo real. Já a garantia é a 
possibilidade de acionamento do aparato repressivo do Estado para o cumprimento 
de um direito subjetivo que tenha sido violado. 
 
3.2 PERSONALIDADE E CAPACIDADE – PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO 
PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
 Personalidade e capacidade são dois conceitos importantes para a 
compreensão das relações jurídicas. O Código Civil declara, em seu Artigo 2º, que 
“todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. No passado, não 
havia essa identificação necessária entre homem e pessoa. Nos regimes de 
escravidão, os servos não eram sujeitos de direito e não poderiam ser titulares de 
direitos e deveres. Eram simples objetos de direito, podendo o seu dono (senhor) deles 
dispor como melhor lhe aprouvesse. 
Com a afirmação histórica do princípio da igualdade, uma das conquistas do 
cristianismo, tornou-se imoral a caracterização de qualquer ser humano como coisa. 
Na visão do jusnaturalismo, os direitos naturais dos homens precediam a sua 
positivação em leis, códigos ou constituições. A afirmação da ética contemporânea, 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
fruto das reflexões do filósofo Immanuel Kant, o homem deveria ser um fim em sai 
mesmo, não se admitindo a sua redução a um mero objeto. Nos séculos XIX e XX, 
foram consagrados, nos códigos modernos, o reconhecimento de que todos os 
homens são capazes de direitos e de obrigações. O Direito poderia modificar, ampliar 
ou até mesmo suprimir a capacidade dos sujeitos. Dessa forma, haveria uma 
personalidade natural, inata ao homem, e uma personalidade artificial, construída 
artificialmente. 
 
 
 
A Ciência do Direito distingue a capacidade de direito e a capacidade de 
fato. A capacidade de direito se estende a todos os indivíduos, mas não se confunde 
com a personalidade. Já a capacidade de fato depende do preenchimento de 
certas condições (saúde, idade). Exemplos: os loucos e os menores de 16 anos são 
considerados absolutamente incapazes, não estando habilitados para os atos da 
vida civil. A capacidade de fato pressupõe a existência da capacidade de direito. 
O inverso, no entanto, não é verdadeiro, pois há indivíduos que adquirem direitos sem 
poder exercê-los diretamente. É o que corre, por exemplo, com os bens que 
pertencem aos filhos menores, administrados pelos seus pais. Desse modo, a 
capacidade é a aptidão para ter direitos e obrigações, com a possibilidade 
concreta de exercê-los em algum momento. 
A personalidade jurídica compreende as funções ou papéis desempenhados 
pelos indivíduos na sociedade (pai, filho, comprador, vendedor, cidadão, legislador). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Desse modo, os seres humanos individuais são as chamadas pessoas físicas. 
Entretanto, o ordenamento jurídico confere personalidade jurídica igualmente a 
entidades coletivas, chamadas de pessoas jurídicas. Embora não sejam dotadas de 
vontade, como as pessoas físicas, as pessoas jurídicas atribuem personalidade 
jurídica a essas entidades com o intuito de realizar propósitos que, de outra forma, 
não poderiam ser alcançados. 
Dessa forma, a pessoa jurídica constitui um ente fictício criado pelo Direito. 
Diferentemente das pessoas físicas, no entanto, o seu âmbito de atuação seria mais 
limitado, não tendo capacidade delitual e só podendo atuar para a realização de 
fins considerados lícitos. Sua criação ou extinção se faz de acordo com a 
conveniência do Estado. Além disso, as pessoas jurídicas são organismos que são 
dotados de vontade própria, independente da soma das vontades individuais dos 
membros que a compõem. 
A vontade das pessoas jurídicas é atingida mediante procedimentos que são 
fixados previamente, no ato constitutivo dessas organizações. Consequentemente, 
elas são consideradas sujeitos de direito, à semelhança do que ocorre com as 
pessoas físicas individuais. Dessa forma, em sua atuação no plano externo, são 
utilizados órgãos que constituem a pessoa jurídica mesma. Enquanto a morte de um 
indivíduo é causa extintiva da pessoa natural, a destruiçãoou o desaparecimento 
do organismo social extingue a pessoa jurídica. Na visão de Hans Kelsen, enquanto o 
homem é uma entidade biológica e psicológica, a pessoa é um ente puramente 
jurídico, formado por um conjunto de normas que apresentam certa unidade. A 
distinção entre a pessoa física e a pessoa jurídica, portanto, residiria em que, no caso 
de uma pessoa física, as normas se referem a um indivíduo, ao passo que nas pessoas 
jurídicas, atrelam um grupo de indivíduos. Portanto, a pessoa jurídica se constitui de 
um conjunto de papeis integradas previstos em estatuto de uma organização. 
As pessoas jurídicas podem ser de Direito Público e de Direito Privado. As 
primeiras podem ser de direito público externo e de direito público interno. Como um 
país independente, a República Federativa do Brasil tem personalidade jurídica 
internacional. Dessa forma, como sujeito de direito e de obrigações, o Brasil é 
responsável pelos atos que pratica no plano internacional, vinculando-se aos 
tratados internacionais celebrados aos quais tenha firmado o compromisso de 
cumprir. Dessa forma, um Estado soberano possui autonomia no plano externo, frente 
a outros Estados, e supremacia no plano interno, podendo declarar qual é o direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
válido dentro das fronteiras nacionais. Assim, a Constituição Federal se revela a norma 
jurídica fundamental do Estado brasileiro no plano interno, promovendo a repartição 
de competências entre os entes federados (União, Estados e Municípios). 
 
 
 
Dessa maneira, entende-se o Estado brasileiro não como uma realidade única 
monolítica, mas como uma reunião de diferentes unidades, cada qual com 
personalidade jurídica singular. No entanto, as pessoas jurídicas de direito público não 
se restringem apenas à União, aos Estados e aos Municípios. Com a necessidade de 
maior descentralização e eficiência administrativa para a realização de certas 
atividades, as autarquias se caracterizam como entidades específicas criadas para 
 
Imagem disponível em: encurtador.com.br/elVW1. Acesso em 29 abr. 2021. 
 
A relação jurídica é aquela qualificada pela norma. Partindo da afirmação acima, reflita 
conosco: 
 Apesar de ser qualificada pela norma, pode-se afirmar que a relação jurídica seja, 
de certa forma, uma relação também social, já que é estabelecida entre 
pessoas? 
 Haveria alguma relação jurídica totalmente apartada da aspecto social? 
 É correto afirmar que a relação jurídica é um vínculo que se estabelece entre 
pessoas, baseado na reciprocidade de direitos e deveres, e que tal vinculo não 
existe por si só, ou pela norma, mas pela expectativa trazida pela ideia de 
relação? 
 A relação jurídica seria uma prerrogativa exclusiva do direito privado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
a execução de determinados serviços pela Administração Pública. Elas são instituídas 
por meio de instrumentos legais que criam direitos e obrigações, separando-se da 
pessoa jurídica que lhe deu origem. As autarquias dispõem, portanto, de uma 
capacidade limitada às finalidades inspiradoras de sua criação, o que impede que 
seus objetivos se desviem daqueles originalmente criados. 
Já as fundações públicas dispõem de personalidade de direito público e são 
compostas por porções do patrimônio público destinados a satisfazer objetivos de 
interesse coletivo. As empresas públicas, por sua vez, são formadas por capital 
exclusivamente público e podem ser organizadas sob quaisquer das formas emitidas 
em direito. Elas se compõem de porções do patrimônio público destinadas a 
satisfazer fins de interesse coletivo. As sociedades de economia mista, por fim, 
organizam-se sob a forma de sociedades anônimas, sendo caracterizadas pela soma 
de capitais públicos e privados para a exploração de um determinado tipo de 
atividade econômica. Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de 
economia mista, no entanto, têm personalidade de direito privado, integrando a 
chamada Administração Indireta, juntamente com as autarquias e com as 
fundações. 
 
3.3 O REGIME JURÍDICO DE DIREITO PÚBLICO E O REGIME JURÍDICO DE DIREITO 
PRIVADO 
Quais as diferenças entre as pessoas públicas e as pessoas privadas? As 
empresas privadas são caracterizadas pela origem na vontade particular, pelo fim 
geralmente lucrativo, pela finalidade de interesse particular, pela liberdade de 
fixação dos próprios fins ou de se extinguirem e pela sujeição a controle negativo 
(fiscalização) do Estado. Já as pessoas públicas se originam na vontade do Estado, 
não possuem fins lucrativos, têm por finalidade o interesse coletivo e são destituídas 
de liberdade de fixação ou de modificação dos próprios fins. Diretamente 
subordinadas ao Estado, elas possuem a obrigação de cumprir o seu escopo, não 
podendo se extinguir segundo a sua própria vontade. Sujeitam-se, portanto, a 
controle positivo do Estado. 
Em certas situações, o Estado também pode criar pessoas jurídicas com 
personalidade de Direito Privado. Isso torna necessário investigar qual a diferença de 
regime jurídico entre as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
direito privado criadas pela Administração Pública. Excepcionalmente, as pessoas 
jurídicas públicas também se submetem ao Direito Público, o que ocorre somente por 
meio de autorização legal. Já as pessoas privadas são, via de regra, regidas pelo 
Direito Privado, exceto quando as normas de Direito Público disciplinem de maneira 
diversa. 
As pessoas jurídicas privadas cumprem funções específicas no campo do 
Direito. As associações, por exemplo, são formadas por indivíduos que se reúnem 
com o intuito de alcançar objetivos de ordem moral, religiosa, recreativa ou 
científica, sem fins lucrativos. As sociedades, de modo distinto, envolvem a 
comunhão de esforços ou de recursos para a divisão dos benefícios advindos de 
determinado empreendimento. Visam, assim, a realização de objetivos 
econômicos. As sociedades empresariais, por sua vez, têm como finalidade a oferta 
de bens ou serviços para o mercado. Com o intuito de prover sistema destinados ao 
funcionamento dessas organizações de forma estável e contínua, o Direito Comercial 
busca estudar o conjunto de atos unificados voltados à produção de uma finalidade 
comum. 
 Com a expansão do papel do Estado na economia e a crescente 
participação da sociedade no funcionamento e no controle das atividades estatais, 
houve uma maior transferência de competências das pessoas privadas para a esfera 
pública e uma grande atribuição de funções tradicionalmente atribuídas ao Estado 
para as pessoas privadas. Dessa forma, setores da sociedade e do Estado se misturam 
e mesclam suas funções, tornando-se difícil a sua diferenciação. 
O fenômeno do Estado Social, marca do século XX, demonstrou que existem 
institutos que não mais podem ser separados, tanto no âmbito do Direito Público 
quanto no de Direito Privado. A propriedade e o contrato, tradicionalmente, 
possibilitavam grande maleabilidade no que toca à disposição dos indivíduos sobre 
os bens privados. Com o fenômeno da regulação e da padronização, a esfera de 
autonomia individual ficou mais restrita. Da mesma forma, o Direito Público 
tradicional, antes regido por relações de subordinação à hierarquia, se vê cada vez 
mais dominado por uma lógica de contratual típica do Direito Privado. 
Em síntese, houve uma relativização da importância da divisão entre Direito 
Público e Direito Privado com a crescente interpenetração entre Estado e Sociedade. 
Isso coloca em xeque uma das diferenças dos dois regimes, que é a clássica 
prevalência do ente soberano (Estado) sobre os interesses privados. Tendo em vista o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
interesse público, as normas estatais são cogentes (de cumprimento obrigatório). Isso 
se torna mais claro no Direito Administrativo, em que a vontade da AdministraçãoPública prevalece sobre as vontades privadas. 
No âmbito do Direito Penal ou Criminal, o princípio da legalidade se traduz na 
permissão para se fazer tudo o que a lei não obriga ou proíbe. Por seu turno, o 
princípio da autonomia privada faculta aos indivíduos a regulação dos seus 
interesses, desde que não sejam contrariados os fins legais. Assim, no Direito Público, 
diferentemente do Direito Privado, só é possível fazer o que a lei permite. Na ausência 
de permissão legal, os atos são considerados proibidos (princípio da estrita 
legalidade). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
 
1. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
 
a) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei ou ordem da autoridade administrativa. 
b) são gratuitos a todos os brasileiros, na forma da lei, os registros civis. 
c) é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. 
d) é livre a manifestação do pensamento, não sendo vedado o anonimato. 
e) não haverá em hipótese alguma prisão civil por dívida. 
 
2. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições: 
 
a) ilícitas, mas não as de fazer coisa ilícita, porque, neste caso, apenas a condição 
é inválida e não os negócios. 
b) física ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas. 
c) incompreensíveis ou contraditórias. 
d) impossíveis e as de não fazer coisa impossível, quando resolutivas. 
e) suspensivas quando juridicamente impossíveis, mas não as que forem apenas 
fisicamente impossíveis. 
 
3. (TRT 9ª 2013 - FCC - Analista Judiciário). Em relação à interpretação do negócio 
jurídico, é correto afirmar que 
 
a) quaisquer negócios jurídicos onerosos interpretamse estritamente. 
b) na vontade declarada atender-se-á mais à intenção das partes do que à 
literalidade da linguagem. 
c) a renúncia interpreta-se ampliativamente. 
d) o silêncio da parte importa sempre anuência ao que foi requerido pela outra 
parte. 
e) como regra geral, não subsiste a manifestação da vontade se o seu autor houver 
feito a reserva mental de não querer o que manifestou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
4. (FCC 2013). No que concerne à nulidade e anulabilidade dos atos jurídicos, é 
correto afirmar: 
 
a) O ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro, mas a 
ratificação não retroage à data da celebração do ato. 
b) A parte poderá reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um 
incapaz, mesmo se não provar que reverteu em proveito dele a importância 
paga. 
c) A invalidade parcial de um negócio jurídico sempre prejudicará a parte válida. 
d) A invalidade dos atos por incapacidade relativa do agente ou por vício resultante 
de erro, dolo, coação, simulação ou fraude, não tem efeito antes de julgada por 
sentença, e poderá ser pronunciada de ofício pelo juiz. 
e) A invalidade da obrigação principal implica o das obrigações acessórias, mas a 
destas não induz a da obrigação principal. 
 
5. Considere as seguintes assertivas sobre a Nulidade e Anulabilidade dos atos 
jurídicos: 
 
I. Se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este 
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se 
houvessem previsto a nulidade. 
II. Tratando-se de negócio anulável é escusada a confirmação expressa, 
quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o 
inquinava. 
III. É de cinco anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do 
negócio jurídico, contado no caso de erro, dolo, fraude contra credores, estado de 
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. 
 
Está correto o que se afirma em: 
 
a) I, apenas. 
b) I, II e III. 
c) I e II, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) Todas as alternativas estão corretas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
6. (TRT 2013) Sobre os Fatos Jurídicos, de acordo com o Código Civil Brasileiro, 
considerar as seguintes assertivas: 
 
I. A manifestação de vontade, em regra, não subsiste se o seu autor haja feito 
a reserva mental de não querer o que manifestou. 
II. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for 
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. 
III. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela 
outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, 
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II. 
d) II e III. 
e) III. 
 
7. Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, de acordo com o Código Civil brasileiro, 
considere: 
 
I. A coação sempre vicia o ato, ainda que exercida por terceiro, e se a parte 
prejudicada com a anulação do ato não soube da coação exercida por terceiro, só 
este responde por perdas e danos. 
II. Tratando-se de negócios gratuitos, a anulação por fraude contra credores 
dispensa que o estado de insolvência do devedor seja conhecido por qualquer uma 
das partes, mas no caso de contrato oneroso do devedor insolvente é necessário, 
para a anulação, que a insolvência seja notória ou houver motivo para que ela seja 
conhecida do outro contratante. 
III. O dolo do representante legal ou convencional de uma das partes só obriga 
o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
c) II. 
d) II e III. 
e) III. 
 
8. Aqueles que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade, são 
considerados 
 
a) relativamente incapazes, para os quais será nomeado curador que os assistirá, 
após sofrerem interdição. 
b) plenamente capazes, todavia para eles será nomeado curador. 
c) relativamente incapazes, mas não sofrerão interdição, sendo-lhes nomeado 
curador. 
d) absolutamente incapazes, porém não precisarão sofrer interdição, sendo-lhes 
nomeado curador. 
e) absolutamente incapazes, para cuja representação será nomeado curador, 
depois de sofrerem interdição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DO 
TRABALHO 
 
 
 
4.1 OBJETO DE ESTUDO 
O Direito do Trabalho é produto circunstancial da Revolução Industrial. A fase 
final da Revolução Industrial foi marcada pela queda do trabalho humano, com a 
incorporação de tecnologias em progressão geométrica. Nasceu, assim, da luta 
social e da necessidade de se criar regras que disciplinem as relações de trabalho, 
inaugurando a figura do contrato coletivizado. A única forma de nascimento de um 
contrato coletivizado é a renúncia da capacidade negocial do indivíduo ao integrar-
se ao grupo e a existência de uma parte aglutinadora, que contrate com a massa 
de indivíduos (empregador).1 O vínculo empregatício, no Direito do Trabalho, é 
marcado por uma relação de subordinação, de vínculo pessoal (do ponto de vista 
do empregado, sendo impessoal do ponto de vista do empregador), de onerosidade 
e de habitualidade. 
Apesar de predominantemente privado, o nascimento do Direito do Trabalho 
teve características marcadamente publicistas. A razão de ser desse ramo do Direito 
é o fato de a relação de trabalho se dar entre partes essencialmente desiguais. Nem 
toda relação de trabalho privada, contudo, é regida pelas normas do Direito do 
Trabalho. A principal figura que não está coberta é a da prestação de serviços, em 
que não há subordinação na relação de trabalho, pois existe uma simetria entre o 
poder do empregador e a autonomia do empregado. 
 
4.1.1 Fontes do Direito do TrabalhoA primeira fonte formal do Direito do Trabalho, no Brasil, é a Constituição 
Federal. Mais especificamente, o Art. 7º da Constituição traz uma pauta de direitos 
trabalhistas mínimos. No art. 8º, a Carta Magna trata do Direito Sindical do Trabalho. 
O Art. 9º, por sua vez, disciplina o direito de greve (apenas do setor privado). O Art. 
 
1 Diferentemente do Direito Civil, aceita-se o princípio da desigualdade material, o que autoriza o 
tratamento jurídico desigual (no Direito Civil, isso ocorre eventualmente, por derrogação do princípio da 
igualdade e não por aceitação do princípio da desigualdade). 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
114, por sua vez, trata da competência da Justiça do Trabalho. A Consolidação das 
Leis do Trabalho (1943), que rege as relações individuais e coletivas de trabalho, a 
inspeção do trabalho, a Justiça do Trabalho e o processo judiciário do trabalho, é a 
principal fonte infraconstitucional dos direitos trabalhistas no Brasil. 
No Direito do Trabalho existe ainda uma fonte informal, que é fruto da 
negociação coletiva, a Convenção Coletiva de Trabalho. A própria Constituição 
Federal, em seu Art. 7º, autoriza a convenção coletiva como fonte informal do Direito 
do Trabalho. O que é a Convenção coletiva? É um negócio jurídico. Tem algumas 
peculiaridades: a) não vincula apenas as partes (sindicato e empresa); b) produz 
normas que disciplinam as reações de emprego de outros trabalhadores da mesma 
base territorial e a categoria representada. A convenção é obrigatoriamente escrita 
e registrada. Tem prazo de dois anos, mas, em geral, é renovada em um ano. Aplica-
se até aos trabalhadores não sindicalizados. 
Ninguém discute mais a autonomia do Direito do Trabalho em relação ao 
Direito Civil. Entre os processualistas, predomina a ideia de que os princípios do 
Processo do Trabalho são os mesmos do Processo Civil. Na maioria dos países 
ocidentais, não há uma estrutura própria jurisdicional para o Direito do Trabalho. As 
causas são julgadas na Justiça Comum, aplicando-se as regras do processo civil. 
Entretanto, no Brasil há uma estrutura própria do Direito do Trabalho. 
O Direito Processual do Trabalho tem alguns princípios: oralidade, celeridade, 
economicidade e fungibilidade das formas, que também se aplicam ao Processo 
Civil. No entanto, o Processo do Trabalho é muito semelhante ao Processo Civil, o que 
não justifica considerar o Direito Processual do Trabalho como disciplina autônoma. 
Há uma série de particularidades no Direito Trabalho, mas os princípios são os 
mesmos. Aqueles que defendem a autonomia do Direito Processual do Trabalho 
perderam muitos argumentos com as alterações do Processo Civil e do Processo do 
Trabalho. 
A Justiça do Trabalho, no entanto, é a única que não tem competência 
criminal. Isso se deve, historicamente, ao fato de que a Justiça do Trabalho era 
formada por juízes classistas. Não seria aceitável uma pessoa ser processada 
criminalmente por um juiz não togado. Hoje, há uma corrente doutrinaria que 
defende a incorporação da competência criminal à justiça do trabalho. Isso é 
razoável, pois evita que os mesmos fatos sejam julgados por órgãos diferentes, 
possibilitando decisões conflitantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
4.1.2 Princípios de Interpretação do Direito do Trabalho 
O que distingue o princípio da regra? O princípio traz uma carga valorativa. 
Tem como característica estar presente em proposições éticas. O princípio se 
direciona ao intérprete e ao legislador, enquanto a regra se dirige ao ator jurídico. Os 
princípios são sempre expressos por meio de dicções de textura aberta. Já a regra 
pode ter expressões de textura aberta, mas essa abertura é limitada, de forma a 
possibilitar a compreensão pelo seu destinatário. Os princípios servem, muitas vezes, 
para hierarquizar normas, de forma a sistematizá-las e viabilizar sua aplicação 
integrada e coordenada. Os princípios têm ainda o papel de determinar a maior ou 
menor aplicação de uma regra (pode haver a inibição da aplicação de uma regra 
formalmente perfeita). 
Quais são os princípios de Direito do Trabalho? Muitos deles são comuns aos 
demais ramos do Direito, a exemplo da boa-fé contratual. Outros são específicos do 
Direito do Trabalho. O Direito do trabalho, como ramo do Direito Privado, admite 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
todos os princípios deste segmento, desde que não colidam com os princípios 
específicos do Direito do Trabalho. 
 
a) Princípio da proteção: a razão de ser do direito do trabalho é reconhecer a 
desigualdade entre empregador e empregado, conferindo ao segundo 
proteção. O vínculo empregatício se dá, por essência, entre partes desiguais. 
Não há dúvida quanto ao escopo de proteção de empregado; o problema é 
como fazê-lo. Este princípio encontra-se previsto no Art. 7º, caput, da 
Constituição Federal. 
b) Principio da realidade: a base positiva encontra-se prevista no no art. 9º da CL, 
um dos mais importantes. Tudo o que vise a dar forma à relação jurídica, mas 
não corresponda à essência ou à realidade da relação, será nulo de pleno 
direito. Assim, se na realidade a relação é de vínculo de emprego, pouco 
importa a forma que reveste essa relação. O vínculo se materializa, uma vez 
presentes os requisitos: habitualidade, subordinação, onerosidade, 
pessoalidade do empregado. 
c) Proibição da alteração in pejus (para pior): a alteração contratual só pode ser 
feita com consentimento de ambas as partes, e contanto que a alteração não 
seja desfavorável ao empregado. Se resultar prejuízo ao empregado a 
alteração é nula (art. 468 da CLT). Alterações deste tipo só podem ser feitas 
mediante acordo coletivo. Isso porque o empregador tem o poder e pode 
coagir o empregado a consentir, por exemplo, uma redução salarial. O efeito 
desta alteração, bem como o efeito da fraude, são a nulidade, e não a 
anulabilidade do ato. 
 
São requisitos de validade do ato jurídico a capacidade jurídica, a forma 
prescrita ou não defesa em lei e o objeto lícito. Com relação à capacidade jurídica, 
o inicio se dá aos 16 anos, para contratos de trabalho, embora se admita o trabalho 
na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Para o Direito Civil, a capacidade surge 
aos 18 anos. No âmbito do Direito Civil, a incapacidade gera nulidade. No Direito de 
Trabalho, pelo princípio geral da proibição do enriquecimento sem causa, considera-
se devida a remuneração ao menor pelo período que trabalhou, mas extingue-se a 
reação de trabalho para não perpetuar o erro (não se anula o que já passou). Com 
relação à forma, no caso do vínculo empregatício, o ato é completamente informal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Os contratos podem, mas não precisam ser escritos. E quanto ao objeto do vínculo 
empregatício, ele se caracteriza pela prestação do trabalho. A ilicitude da prestação 
inválida o ato e veda a invocação de qualquer direito pelo empregado se este tiver 
ciência dos fatos que geram a ilicitude. 
 
4.1.3 A relação de emprego e os direitos do trabalhador 
O direito ao trabalho configura como uma das balizas orientadoras da 
Constituição Federal de 1988 (Art. 6º) no que toca à proteção dos direitos sociais dos 
brasileiros. A Constituição fixou, no Art. 7º, as seguintes normas de proteção ao 
trabalho e ao trabalhador urbano e rural, dentre outros: 
Proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem 
justa causa (Art. 7º, I) 
Seguro-desemprego (Art. 7º, II) 
Fundo de garantia do tempo de serviço (Art. 7º, III) 
Salário mínimo nacionalmente unificado, com valores fixados em lei, 
capaz de suprir as necessidades vitais básicas e com reajustes anuais 
que busquem preservar o seu poder de compra (Art. 7º, IV); 
Piso salarial proporcional ao tipo de trabalho (Art. 7º, V); 
Irredutibilidade do salário, salvo disposição em convenção ou acordo 
coletivo

Outros materiais