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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE DATA: 14/04/2020 DISCIPLINA: Direito Empresarial III DOCENTE: Luciana de Oliveira Figueira DISCENTE: Nathália Ferraz de Oliveira 9º SEMESTRE B – MATUTINO HANDOUT SOBRE PROCESSO FALIMENTAR: 2ª FASE – AULA 06 (POSTADA 07 DE ABRIL DE 2020) 1. OBJETIVOS/ FINALIDADES O presente trabalho tem como propósito apresentar a segunda fase do processo falimentar, dentro do que foi demonstrando na aula, especialmente, quais são os passos a serem seguidos em relação ao pedido de restituição de coisa/dinheiro, o procedimento, suas peculiaridades e os embargos de terceiro. 2. REVISÃO TEÓRICA Como visto no Handout da aula 05, após a arrecadação, ainda na fase de Apuração do Ativo, começa a serem realizados os pedidos de restituição por terceiro de boa-fé, isto porque, inicialmente, foram tomados bens cuja posse anterior era do Falido, podendo ter afetado negócios já realizados com outros sujeitos, e, por isso, a legislação lhe assegura a possibilidade de ajuizamento do pedido de restituição e dos embargos de terceiro. O pedido de restituição nada mais é que um processo com a finalidade de retirar bens, inclusive imóveis e dinheiro, da massa falida formada com a decretação da falência, em virtude de algum equívoco cometido outrora. Frise-se que ele não é considerado uma proteção especial a certos credores, mas apenas correções na formação da massa falida, ou seja, esses terceiros não participam da ordem de preferência, haja vista que a quantia será paga ainda que os reais credores não tiverem recebido. O pedido de restituição pode ter como fundamento a alegação da propriedade sobre coisa (art. 85, LRE) ou dinheiro (art. 86, LRE). Quando restar corroborado que um dos bens, móveis ou imóveis, foi arrecadado em virtude do Falido somente deter a posse, o real proprietário deverá solicitar a restituição de tal coisa, uma vez que a sua propriedade não deve responder por atos/obrigações de um terceiro. Um ponto importante a se lembrar é que o trânsito em julgado da decisão no caso acima elencado faz somente coisa julgada em relação à posse do bem, assim, se, por algum acaso, surgir novos documentos questionando a propriedade, ela poderá ser objeto da lide. Além disso, pode haver também a restituição de coisa vendida pelo Falido ao terceiro, alienação dada em garantia de alguma obrigação. Também em conformidade com o que atesta o par. único do art. 85 da LRE, existe a possibilidade de restituição da coisa vendida a crédito e entregue ao devedor 15 dias anteriores à SOLICITAÇÃO da falência. Logicamente, nesses casos, não se protege o real direito de propriedade do credor, e sim a boa-fé presente na alienação. Quanto ao prazo de 15 dias, destaca-se que deve ser contado a partir da entrega efetiva e não o da remessa, em consonância à súmula 193 do STF. As coisas também ainda não podem ter sido vendidas, dado que os bens pertenciam ao quadro de propriedades do Falido e qualquer venda realizada é regular. Ademais, fora a restituição de bem, também é admitida a restituição em dinheiro, ou seja, a retirada de dinheiro da massa falida sem entrar na ordem de preferência do concurso de credores. Podendo acontecer de três modos: O bem não compõe mais a massa falida: se, por algum acaso (geralmente, demora), ele foi vendido ou deteriorou-se, assim, o terceiro será restituído de acordo o valor vendido ou da avaliação. Antecipação de crédito em contrato de câmbio: decorrente de contrato de exportação, o qual uma instituição financeira antecipa valores ao exportador que só receberia quando do pagamento das exportações realizadas, todavia, a falência dele é decretada antes de cumprir, assim, nesses casos, a empresa não adentrará no concurso de credores, recebendo antes mesmo deles, consoante súmula 307 do STJ. Vale lembrar que só vale se o prazo até o final da operação não passar de 750 dias. Consequência da ação revocatória: acontecerá nos processos em que o terceiro obtém êxito no que confere à declaração de ineficácia do contrato firmado. Crédito previdenciário: caso o Falido possua alguma restituição a ser feita ao INSS, a Autarquia não entrará na lista de credores, obtendo o pagamento também antes deles, consoante art. 51 da Lei 8.212/91. Essa espécie de restituição somente ocorrerá, em situações fora das quatro acima mencionada, em último caso, ou seja, depois da restituição das coisas e do pagamento das despesas essenciais e créditos trabalhistas vencidos 3 meses antes da decretação da falência. O valor é restrito a 5 salários por credor e acontecerá no momento em que a massa falida tiver dinheiro em caixa. O procedimento será por meio da Petição Inicial, cujo juízo competente é o falimentar, possuindo prazo de ajuizar tal demanda até o encerramento do processo de falência. Além dos requisitos básicos da Inicial (art. 319 do CPC), ela deverá conter a descrição minuciosa do bem e sua fundamentação, lembrando que o rito dela, apesar de ser no mesmo juízo da falência, é paralelo a esse processo, sendo especial. Protocolada a peça, o juiz intimará o Falido, o Comitê de Credores, os credores e o administrador judicial para apresentarem, dentro de 5 dias, sua contestação ou se manifestarem. Se tiver necessidade, o Ministério público também será ouvido dentro desse prazo. Realizado todas essas etapas, o magistrado sentenciará pela restituição ou não da coisa/dinheiro. Essa decisão não tem caráter definitivo de trânsito em julgado se os interessados, querendo, interponham recurso de apelação (sem efeito suspensivo) para mudança, seguindo o rito do CPC. Quanto aos embargos de terceiro, poderá ser oposto pelo terceiro de boa- fé a fim de evitar que o bem seja apreendido para compor a massa falida, ocorrerá quando não puder solicitar a restituição, ou seja, medida residual. 3. CONCLUSÃO Dessa aula, conclui-se a continuação da formação dos ativos no processo falimentar após a decretação da falência. Pode ser observada a divisão em duas etapas especiais: a restituição do bem/coisa e a em dinheiro. Além disso, apresentou-se a diferença dessas duas espécies, evidenciando quando poderá ser solicitada e o motivo. Fora visto também os procedimentos em uma demanda desde a etapa inicial, com o protocolo da exordial, até a decisão do juiz, a qual cabe o recurso de apelação sem efeito suspensivo. Assim sendo, resta corroborado a forma como a Lei de Recuperação Judicial atua em casos de pedido de restituição, sendo averiguado também quando poderá ser opostos os embargos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Falência e recuperação de empresas, v. 3. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 644-662 p. ______.Lei n° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 fev. 2005. NEGRÃO, Ricardo. Curso de direito comercial e empresa: recuperação de empresa, falência e procedimentos concursais administrativos. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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