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Marta Leal 1 Universalidade e variabilidade da molécula de DNA Existem diferenças relativas ao material genético dos procariontes e dos eucariontes ao nível da quantidade de DNA que constitui a informação genética, da organização e da localização do DNA na célula. O DNA das células eucarióticas é linear enquanto que o das procarióticas é circular. Nos procariontes o DNA encontra-se no hialoplasma, como uma molécula circular, sem outros constituintes associados – nucleoide. O núcleo das células eucarióticas é separado do citoplasma pelo invólucro nuclear (membrana dupla). Em determinados locais as duas membranas fundem-se e formam poros nucleares – regulam o movimento de macromoléculas entre o núcleo e o citoplasma. No núcleo, podem existir nucléolos – regiões em cuja constituição entram ácidos nucleicos e proteínas. DNA – molécula pertencente à categoria dos ácidos nucleicos; na sua estrutura encontra-se, em código, a informação que programa todas as atividades celulares e que é transmitida de geração em geração. O DNA é igual em todo o lado (46 cromossomas), menos nos gametas femininos e masculinos (23 cromossomas) e nos glóbulos vermelhos (por serem células anucleadas, e por isso sem núcleo, também não têm cromossomas) A totalidade das 100 biliões de células resultou de uma célula inicial- o ovo ou zigoto. Esta célula contém a informação necessária para o nosso desenvolvimento. DNA e Síntese proteica Experiências: • Experiência de Griffith: Após a descoberta de Friedrich Miescher em 1869 da existência do DNA, Griffith realizou uma série de experiências em 1928 que vieram a desenvolver a importância do DNA para a célula. A partir das bactérias que causam a pneumonia (Strepococcus Pneumoniae) que se podem dividir em duas estirpes, S (lisas, capsuladas e virulentas) e R (rugosas, não capsuladas e não patogénicas), Griffith procedeu da seguinte forma: Lote 1: O rato foi infetado com a estirpe virulenta e morreu. Lote 2:O rato foi infetado com a estirpe não virulenta e sobreviveu. Lote 3:O rato foi infetado com a estirpe virulenta morta pelo calor e sobreviveu. Lote 4:O rato foi infetado com a estirpe não virulenta juntamente com a virulenta morta pelo calor e morreu. Surgiam bactérias tipo S vivas no rato. Marta Leal 2 Grupo Fosfato Pentose Base Azotada Griffith tirou conclusões acerca do sucedido no lote 4. A experiência sugeria que as bactérias do tipo S conseguiam transmitir a sua virulência às do tipo R. No entanto, o cientista não foi capaz de explicar como. Assim sugeriu a existência de um princípio transformante (DNA), que permitiria que as S transmitissem informação às R, de modo a que as últimas pudessem desenvolver cápsula. Isto foi desenvolvido na experiência de Avery. • Experiência de Avery: Avery e os seus colaboradores suspeitavam que o DNA pudesse "princípio transformante". Ao tratarem o DNA proveniente das bactérias tipo S com proteases e RNAases, não conseguiram evitar a transformação das estirpes não virulentas em virulentas. Mas, ao fazerem o tratamento com enzimas que degradam o DNA, a transformação foi impedida. Desta forma, estes investigadores concluíram que o DNA era o princípio transformante, que passa das bactérias do tipo S mortas para as bactérias do tipo R, dando-lhes a informação necessária para que estas produzam cápsula e se tornem virulentas. A-Tipo R (não virulentas) ------------------------------------------------------> tipo R vivas, ato vivo B-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S (virulentas) ---------------------> tipo S vivas, o rato morre C-Tipo R (não virulentas) + DNA degradado tipo S ---------------------->Tipo R, rato vivo (porque o DNA está degradado) D-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S + RNA degradado -------------> tipo S vivas, o rato vive (o rato vive, pois o RNA está degradado, não virulentas) E-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S + protease ----------------------> tipo S vivas, o rato vive (o rato vive, pois a proteína está degradada, não virulentas) Composição química dos ácidos nucleicos, DNA e RNA Os ácidos nucleicos (DNA e RNA) são moléculas constituídas por unidades básicas designadas nucleótidos (que no total podem ser de 8 tipo diferentes). Cada nucleótido é formado por uma base azotada (Adenina, Guanina, Citosina, Timina, Uracilo), uma Pentose (Desoxirribose ou Ribose) e por um grupo fosfato. Do ponto de vista químico a pentose do ácido desoxirribonucleico (DNA) é a desoxirribose enquanto que no ácido ribonucleico (RNA) é a ribose. As bases azotadas podem dividir-se em: • Bases púricas: Adenina e Guanina, que formam um anel duplo . Marta Leal 3 • Bases Pirimídicas: Uracilo (RNA), Timina (DNA) e Citosina que formam um anel simples. Os nucleótidos formam ligações entre si, formando cadeias polinucleotídicas. Estas ligações estabelecem-se entre o grupo fosfato de um dos nucleótidos e o carbono 3’ da pentose do nucleótido seguinte, chamam-se ligações fosfodiéster. Estrutura do DNA: Através da análise do DNA de vários organismos por Chargaff foi possível chegar-se à conclusão de que a percentagem de Adenina é igual a de Timina e que a de Guanina é igual à de Citosina (não perfeitamente pois existem sempre erros). Assim, a percentagem de Purinas é igual à de Pirimidinas. A partir destas investigações e da descoberta de Rosalind Franklin, Watson e Crick apresentaram na Universidade de Cambridge o Modelo de Dupla Hélice do DNA. Ex: 1 cadeia tem: A molécula a que pertence essa cadeia tem: 100 nucleótidos 200 nucleótidos 3 timinas 6 timinas 3 adeninas 6 adeninas 100-6=94 guaninas + citosinas 188 guaninas + citosinas ? guaninas 94 guaninas ? citosinas 94 citosinas Modelo de Dupla Hélice do DNA: Segundo este modelo, a molécula de DNA é composta por duas cadeias polinucleótidicas (dupla), que se dispõem em sentidos inversos, designando-se por isso, antiparalelas. Os nucleótidos que formam uma cadeia polinucleotídica ligam-se entre si através de ligações covalentes (do tipo fosfodiéster) que se estabelecem entre o grupo fosfato e os carbonos 3’ e 5’ das pentoses. Cada cadeia de nucleótidos apresenta nas extremidades uma ponta livre uma designada 3’ e ou 5’. As cadeias designam-se por antiparalelas uma vez que a extremidade 5’ de uma cadeia corresponde a extremidade 3’ da outra cadeia. Entre as bases azotadas verifica-se uma ligação por pontes de hidrogénio. Ou seja, a Adenina emparelha com a Timina (por duas pontes de hidrogénio) e a Guanina à Citosina (por três pontes de hidrogénio). Por isso são bases complementares, o que justifica as proporções encontradas por Chargaff. Marta Leal 4 Estrutura do RNA: A molécula de RNA é formada por uma cadeia simples de nucleótidos e é muito mais pequena que a molécula de DNA. Contudo, em determinadas regiões, a molécula de RNA pode dobrar-se devido ao estabelecimento de pontes de hidrogénio entre as bases complementares (A com U e G com C). Esta pode apresentar formas estruturais diferentes de acordo com a função que desempenha; Esta molécula é sintetizada a partir do DNA (por isso é que é mais curta que este) e pode ser de três tipos: • RNA mensageiro ou mRNA – que transporta a mensagem contida no DNA do núcleo para o citoplasma; • RNA de transferência ou tRNA – que transporta os aminoácidos dispersos no citoplasma para os locais de síntese de proteínas, os ribossomas; • RNA ribossómico ou rRNA – que juntamente com algumas proteínas forma o ribossoma. O RNA encontra-se no nucléolo, no citoplasma, nas mitocôndrias e nos cloroplastos. Marta Leal 5 Diferenças entre DNA e RNA Replicação do DNA: Foram propostos três modelos para a replicação do DNA: • Hipótese semiconservativa (a qual foi apoiada por Watson e Crick) • Hipótese conservativa • Hipótesedispersiva • Experiência de Meselson e Stahl Experiência A A1-Cultivaram bactérias (Escherichia coli) em meios de cultura diferentes. um contendo um isótopo pesado de azoto (15N) e outro contendo azoto normal (14N) A2-Extrairam o DNA das bactérias presentes em cada um dos meios de cultura e colocaram essas amostras de DNA numa solução de cloreto de césio (CsCl), procedendo à sua centrifugação. Marta Leal 6 A3 - Verificaram que as cadeias de DNA das bactérias cultivadas no meio contendo 15N eram mais densas do que as cadeias de DNA das bactérias que cresceram no meio com azoto normal (1N). Esta experiência é necessária para saber a posição onde estaria o DNA, informação importante para a experiência seguinte. Experiência B Cultivaram E.Coli num meio de cultura com 15N durante várias gerações de bactérias, transferindo posteriormente para um meio com azoto normal. Extraiu-se DNA no momento em que foi colocado no azoto normal, 20 minutos depois e 40 minutos depois. Através da densidade do DNA recolhido foi possível chegar-se à conclusão que o DNA se duplica de modo semiconservativo, sendo que se conserva sempre uma cadeia e se gera uma nova. • As bactérias cultivadas em 15N incorporam esse azoto nos seus nucleotídeos, formando um DNA com maior densidade, que se deposita mais próximo do fundo do tubo sujeito à centrifugação. • Quando as bactérias são transferidas para um meio de cultura com 14N, use esse azoto para produzir novas cadeias de DNA. Assim, na primeira geração, cada molécula de DNA apresenta uma cadeia de nucléolos com 15N (que provinha da geração parental) outra com 14N (formados com nucléolos que incorporam o azoto presente no meio). Desta forma as moléculas de DNA apresentam uma densidade intermediária entre DNA com 15N e DNA com 14N. (50%/50%) Na segunda geração, metade das moléculas é formada por duas cadeias leves e outra metade é formada por uma cadeia leve e uma cadeia pesada (densidade intermediária). (75%/25%) Pode, portanto, verificar se os resultados são compatíveis com o modelo semiconservativo. Replicação semiconservativa do DNA: • as duas cadeias da molécula de DNA, na presença da DNA polimerase, afastam-se por rutura das pontes de hidrogénio que unem as bases azotadas; • os nucleótidos de DNA que se encontram livres na célula encaixam nos filamentos que se vão afastando, através de ligações que obedecem à regra da complementaridade das bases – a citosina liga-se à guanina e a timina à adenina; • quando os filamentos de DNA que serviram de molde estão inteiramente preenchidos pelos novos nucleótidos, formam-se duas novas moléculas de DNA; • as novas moléculas de DNA, idênticas entre si, são complementares das cadeias originais e cada uma delas é antiparalela relativamente à cadeia que lhe serviu de molde; Marta Leal 7 • cada molécula de DNA formada é idêntica à molécula original e é portadora de uma cadeia antiga (metade da molécula-mãe) e de uma cadeia recém-formada, daí a designação de semiconservativa. Síntese Proteica: A molécula de DNA garante a preservação da informação genética, transmitindo-a sempre a cada nova célula. A célula utiliza parte dessa informação para gerar proteínas, que tem várias funções, quando a síntese proteica acaba nem todas estão aptas para funcionar e tem que passar por mais transformações. As proteínas podem ser enzimas ou até hormonas, importantes para o nosso metabolismo celular e sistema hormonal. Para que a síntese proteica ocorra, são necessários dois processos: a transcrição e a tradução. A transcrição é o processo que permite que a informação genética do DNA seja copiada para uma molécula de mRNA. A tradução é o processo de utilização da informação contida, agora, na molécula de RNA para sintetizar proteínas. O segmento de DNA que contem a informação necessária para sintetizar uma determinada proteína é o gene. Ao conjunto dos genes que existe num indivíduo chama-se genoma. O genoma constitui a totalidade da informação genética presente num ser vivo. Depois da síntese da proteína o mRNA desfazem-se em nucleótidos que depois serão reutilizados para a formação de novo mRNA. Código Genético: As moléculas de DNA e as proteínas são constituídas por monómeros ou unidades básicas. Os monómeros dos ácidos nucleicos são os nucleótidos, enquanto que os monómeros das proteínas são os aminoácidos. No caso dos ácidos nucleicos, existem quatro monómeros diferentes, enquanto que nas proteínas existem cerca de vinte unidades básicas diferentes. Como é que, existindo quatro nucleótidos diferentes, era possível que estas codificassem cerca de vinte aminoácidos distintos? Que código seria usado pelos genes? Marta Leal 8 Assim, chegou-se à conclusão de que para codificar um aminoácido seriam necessários três nucleótidos, um tripleto. Após esta descoberta, realizaram-se duas experiências que a vieram desenvolver. Nirenberg chegou à conclusão de que quando utilizava mRNA poli-U apenas obtinha um tipo de aminoácido, e a mesma coisa com poli-A e poli-C. Khorana sintetizou moléculas com nucleótidos alternados (ACACACA), e como esta cadeia permitia duas combinações (ACA e CAC) formaram-se dois tipos de aminoácidos. Estas experiências permitiram concluir que diferentes combinações de tripletos codificam diferentes tipos de aminoácidos. Codão- tripleto do mRNA. Cada codão resulta, por complementaridade, de um tripleto de nucleótidos do DNA desigando de codogene. Assim uma informação do DNA é transcrita para o mRNA, sendo, posteriormente, traduzida para linguagem proteica (com intervenção do tRNA e dos ribossomas) Marta Leal 9 (ver melhor isto) Em relação aos erros neste código, na formação de proteínas, alguns podem causar grandes consequências, como nenhuma. Pois mais que uma sequência de nucleótidos está associada a uma proteína, por isso em certos erros a proteína é a mesma em outras não, e por isso trazem consequências. Características do código genético As características do código genético são as seguintes: • Cada aminoácido é codificado por um tripleto designado codão • é universal – isto é um determinado codão tem o mesmo significado para a maioria dos organismos, quer seja rato, humano ou bactéria. • não é ambíguo – a um tripleto de nucleótidos corresponde um e só um aminoácido; • é redundante – vários codões são sinónimos, ou seja, podem codificar o mesmo aminoácido. A maioria dos sinónimos difere apenas no último nucleótido. Este fenómeno é também designado por degenerescência do código genético, pelo que se pode caracterizar como sendo degenerado; • o terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros – por exemplo, os codões CGU, CGC, CGA e CGG são sinónimos na codificação da arginina; • o tripleto AUG tem dupla função – este tripleto codifica a metionina e é um codão de iniciação da síntese de proteínas; • os tripletos UAA, UAG e UGA são codões STOP ou de finalização – estes codões, que não codificam nenhum aminoácido, representam sinais de fim de síntese de proteínas. Mecanismos envolvidos na síntese proteica Como já foi referido, na passagem da linguagem dos genes para a linguagem das proteínas estão envolvidos dois processos: a tradução e a transcrição da informação contida na molécula do DNA. Entre a transcrição ea tradução, nos seres eucariontes, ocorre uma etapa importante- o processamento do RNA. Transcrição Para que a transcrição ocorra é necessário que a RNA polimerase desenrole um segmento de DNA, quebrando as ligações hidrogénio entre as bases azotadas e separando as cadeias. Assim, uma das cadeias de DNA serve de molde para o mRNA (que se constitui através dos nucleótidos existentes no nucleoplasma). A formação do RNA ocorre no sentido 5’ para o3’. A transcrição termina quando a RNA polimerase encontra um codão de finalização. Nessa altura a molécula de RNA sintetizada desprende-se da molécula de DNA, que volta à sua estrutura inicial de dupla hélice. Marta Leal 10 Processamento (apenas ocorre nas cel. eucarióticas) Nos seres eucariontes o mRNA utilizado durante a transcrição é designado por RNA pré- mensageiro, uma vez que ainda irá sofrer uma maturação ou processamento. Esta ocorre quando diversas secções do mRNA, os intrões, são removidas. Desta forma, os exões constituem o mRNA maturado, ou seja, a informação para a síntese proteica dispõe-se de forma fragmentada. Nos seres procariontes a fase de processamento do mRNA não ocorre, pois a transcrição e tradução correm no citoplasma, e por isso a transcrição ainda não acabou e a tradução já começou, não dando tempo para que ocorra o processamento. No final deste processo, o mRNA migra do núcleo para o citoplasma, onde ocorrerá o processo de tradução. Tradução Para o processo de tradução é necessária a presença do tRNA (RNA de transferência) e do rRNA (RNA ribossómico). Cada molécula de tRNA apresenta: • uma região que lhe permite fixar um aminoácido específico, designado local aminoacil. Esta região localiza-se na extremidade 3’ da molécula (de tRNA); • uma sequencia de três nucleótidos, complementar ao do codão do mRNA designado anticodão. O anticodão reconhece o codão, ligando-se a ele. Este é igual ao codogene do DNA, menos quando o codogene apresenta timina, no anticodão será o uracilo; • locais para ligação ao ribossoma; • locais para a ligação às enzimas intervenientes na formação dos péptidos Marta Leal 11 Iniciação • O processo inicia-se quando a subunidade menor do ribossoma se liga ao mRNA, na extremidade 5’ . • Deslizando até encontrar o codão de iniciação (AUG). • De seguida o tRNA, que transporta o aminoácido metionina liga-se por complementaridade ao codão de iniciação. • A subunidade maior do ribossoma liga-se à menor. Alongamento • Um segundo tRNA transporta outro aminoácido que se liga ao codão. • Estabelece-se uma ligação peptídica entre o aminoácido recém-chegado e a metionina. • O ribossoma avança três bases (sentido 5’ para 3’) • O processo repete-se ao longo da molécula de mRNA. • Os tRNA vão se desprendendo sucessivamente, apenas depois do seu aminoácido de ligar ao aminoácido anterior. (se ele se desprendesse e o aminoácido que este transportava ainda não se tivesse ligado ao anterior então este soltar-se-ia, interrompendo o processo) Finalização • Por último o ribossoma encontra um codão de finalização (UAA UAG ou UGA). Como a estes codões não corresponde nenhum tRNA, o alongamento termina. • O último tRNA abandona o ribossoma. • As subunidades do ribossoma separam-se, podendo ser recicladas • Finalmente, o péptido (o melhor é dizer sequencia de aminoácidos, pois pode não ser péptido, tendo mais de 20 aminoácidos e pode não ser uma proteína funcional) é libertada. Marta Leal 12 Apesar de este ser um processo anabólico exige consumo de energia, a síntese proteica pode ser considerada um processo económico pois a cada molécula de mRNA podem ligar-se vários ribossomas, formando um polirribossoma ou polissoma. Assim que um ribossoma se desloca o suficiente outro ribossoma se pode ligar ao mRNA, desta forma podem ser feitas várias copias desta proteína. Alterações do Material Genético As mutações genéticas resultam da substituição, do desaparecimento ou da adição de um nucleótido à sequência que constitui o gene. Assim, constituem-se proteínas diferentes. Quando estas proteínas têm um papel importante no organismo podem originar doenças. (Anemia Falciforme, Albinismo). São exemplos de agentes mutagénicos, os raios X, gama, cósmicos, UV e as partículas emitidas por substâncias radioativas ou químicas como o gás mostarda e as nitrosaminas. Nota: É mais grave ocorrer mutações na replicação do DNA do que na transcrição, pois tudo o que será formado a partir desta molécula terá um erro, enquanto que na transcrição afetará apenas aquele mRNA. É ainda menos grave na formação da proteína. Existem 3 tipos de mutação • Génicas • Cromossomática • Quando uma célula se divide é necessário que a molécula de DNA se replique, permitindo que cada célula-filha herde uma cópia de toda a informação que a célula mãe possuía. No caso das células procarióticas, apresenta uma só molécula de DNA, que não está associada a proteínas e se encontra dispersa no hialoplasma. Neste caso, a divisão celular é um processo simples, que pode ocorrer assim que a molécula de DNA se tenha replicado. Como são organismos unicelulares cada vez que ocorre a divisão celular, verifica-se a produção de dois novos indivíduos que, salvo algumas exceções, são idênticos entre si e idênticos à célula-mãe. Marta Leal 13 A divisão nuclear dos organismos celulares é mais complexa. A informação genética nestes organismos encontra-se distribuída por várias moléculas de DNA, as quais estão associadas a proteínas designadas histonas. • DNA- moléculas responsáveis pelo armazenamento da informação genética • Histonas proteínas que conferem estabilidade ao DNA e são responsáveis pelo processo de condensação. Quando uma célula entra em divisão para facilitar a mesma o DNA necessita de se condensar e por isso o DNA sofre um processo progressivo de condensação, originando filamentos curtos e espessos designados cromossomas, que antes desta condensação constituam um filamento de cromatina. Nucleossoma- O filamento de DNA, presente em cada cromatídeo, enrola-se em torno de um conjunto de histonas, formando um nucleossoma. Os nucleossomas, por sua vez, podem dispor-se de tal maneira que conduzem à formação do cromossoma no seu estado mais condensado. Na fase de condensação, cada cromossoma é constituído por dois cromatídeos, que resultaram de uma duplicação do filamento inicial de cromatina, e que ocorreu anteriormente. Assim, cada um dos cromatídeos é formado por uma molécula de DNA e por histonas que lhe estão associadas. Os cromatídeos de um cromossoma encontram-se unidos por uma estrutura resistente designada centrómero. Quando uma célula se divide, cada célula-filha recebe uma de cada um dos seus cromossomas, assegurando-se, desta forma, que recebe toda a informação genética que a célula-mãe possuía. Marta Leal 14 O processo que permite que um núcleo se divida, originando dois núcleos-filhos, cada um contendo uma cópia de todos os cromossomas do núcleo original e, consequentemente, de toda a informação genética, designa-se mitose. Esta divisão nuclear é, geralmente, seguida de uma divisão do citoplasma, designada citocinese. Assim, a partir de uma célula-mãe formam-se duas células-filhas, idênticas entre si e idênticas à célula-mãe que lhes deu origem. O conjunto destas divisões celulares permite: • A partir de uma célula inicial, se origine um organismo constituído por vários milhões de células. (crescimento do ser vivo); • Reprodução assexuada; • Renovação das células ou reparação das que foram lesadas. Ciclo celular- corresponde à alternância de períodos de crescimento com períodos de divisão celular, com o objetivo final de originar novas células. Algumas células mantêm a capacidade de se dividirem continuamente; outras perdem essa capacidade quando atingem a maturidade. Assim, a periodicidade com que ocorrem os ciclos celulares depende de vários fatores, como, por exemplo, o tipo de célula. Em qualquer caso, o ritmo de divisão permite responder às necessidades do organismo, pois só assim se mantém a vida. O ciclo celular compreende dois períodos ou fases, a interfase e a fase mitótica.Marta Leal 15 Interfase A interfase é um período relativamente longo quando comparado mitose, podendo demorar horas, semanas, anos ou mesmo perpetuar-se com a até à morte da célula, sem que uma nova divisão ocorra. Durante este período, a célula procede à síntese de diversos constituintes, o que conduz ao crescimento e à maturação. Desta forma, a interfase permite que a célula se prepare para uma nova divisão celular. A interfase compreende três períodos: G1, S e G2. • Período G1 Após uma divisão celular, inicia-se a primeira etapa da interfase, o período G1. Durante este período, ocorre uma intensa atividade de síntese. São produzidas moléculas de RNA, a partir da informação do DNA nuclear, no sentido de sintetizar proteínas, lípidos e glícidos. Esta fase tem uma duração muito variável, dependendo do tipo de célula (se a célula já estava em repouso antes já foram, por isso, já foi formandas novas substancias se este período foi curto ou mesmo 0). As células de divisão lenta, ou que não irão sofrer mais divisões, entram então numa fase G0 onde permanecem longos períodos de tempo, até nova divisão ou até à sua morte. Por sua vez, as células de divisão rápida entram no período S • Período S O período S é caracterizado pela replicação do DNA. Durante este período, cada molécula de DNA origina, por replicação semiconservativa, duas moléculas-filhas idênticas. Às novas moléculas de DNA associam-se histonas, formando-se, então, cromossomas constituídos por dois cromatídeos ligados pelo centrómero. • Período G2 O período G2 tem lugar após a replicação do DNA e antes de ter início a divisão nuclear. Neste período, verifica-se a síntese de mais proteínas, bem como a produção de estruturas membranares, a partir das moléculas sintetizadas em G2, que serão utilizadas nas células-filhas No final do período G2, inicia-se a mitose, período durante o qual O núcleo da célula experimenta um conjunto de transformações que termina com a sua divisão. Embora a mitose seja um fenómeno contínuo, por uma questão de facilidade de estudo, é comum distinguir-se quatro fases: profase, metafase, anafase e telofase. Marta Leal 16 Fase Mitótica (Mitose + Citocinese) Mitose • Profase o É a etapa mais longa da mitose; o Os cromossomos começam a enrolar-se, tornando-se mais condensados, curtos e grossos. (o que facilita sua separação mais tarde); o Os centrossomas (dois pares de centríolos) afastam-se um do outro indo em direção a polos opostos, (formando entre eles o fuso acromático). o O fuso acromático (ou mitótico) começa a formar-se. O fuso é uma estrutura feita de microtúbulos, fibras fortes que são parte do "esqueleto" da célula. Sua função é organizar os cromossomos e movê-los durante a mitose. O fuso cresce entre os centrossomos a medida que eles se separam. o O(s) nucléolo(s) desparece(m) e involucro nuclear desagrega-se. • Metafase o Os cromossomas continuam a sua condensação até ao seu máximo; o Os cromossomas, dispõem-se no plano equatorial do fuso acromático, formando a chamada placa equatorial. o Os centrómeros encontram-se voltados para o centro do plano equatorial, enquanto que os braços dos cromossomas voltam-se para fora deste plano. • Anafase o Verifica-se o rompimento do centrómero, separando-se os dois cromatídeos que constituíam cada um dos cromossomas. o Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo das fibrilas dos microtúbulos. o No final da anafase, cada polo da célula possui um conjunto de cromossomas (constituídos por um só cromatídeo) exatamente igual. • Telofase o Inicia-se a organização dos núcleos-filhos. o Forma-se um invólucro nuclear em torno dos cromossomas de cada monte de cromossomas o Os cromossomas iniciam um processo descondensação, formando a cromatina. o As fibrilas do fuso acromático desorganizam-se. o A mitose termina. A célula possui agora dois núcleos. Marta Leal 17 Citocinese Citocinese- a divisão do citoplasma que completa a divisão celular, pode ocorrer (ou não no caso das células polinucleadas). Esta pode se iniciar na anafase ou na telófase. Marta Leal 18 Ovo (Célula totipotente : a partir da qual se formam todas as outras células). Processo de Diferenciação - Origina células especializadas com funções específicas por activação/inibição de genes, devido a: Nas 1ª divisões dá origem a células indiferenciadas - células estaminais. Factores Citoplasmáticos nos processos de transcreição e tradução Sinais provenientes de células vizinhas Células estaminais e suas características Todos os fenómenos de multiplicação, reprodução assexuada e crescimento são justificados pela mitose. No entanto, as células dos organismos multicelulares são de diferentes tipos e apresentam diferentes funções, organizando-se em tecidos que formam órgãos e sistemas, estas células sofreram uma diferenciação. Para que a partir de uma célula inicial se obtenha uma variedade tão grande de células têm que existir um processo de diferenciação. As células que, como o ovo ou zigoto, possuem a capacidade de originar todas as outras células, designam-se, totipotentes. As primeiras divisões do ovo originam células indiferenciadas que se vão continuar a dividir até que iniciam um processo de diferenciação, tornando-se células especializadas. Fatores citoplasmáticos envolvidos nos processos de tradução e transcrição, ou sinais de células vizinhas conduzem à diferenciação celular. Estes fatores ativam ou bloqueiam determinados genes que dão à célula informação para se diferenciar, tornando-as células especializadas. As células responsáveis pela construção do corpo das plantas e dos animais são as células estaminais. Como se forma um ser diferenciado a partir de uma única célula? As células estaminais (células-mãe) são células capazes de se autorrenovarem e de se diferenciarem em diferentes tipos de células ou tecidos. Características: • São células indiferenciadas - não especializadas; • Têm a capacidade de expansão, isto é, são capazes de se dividirem e de se diferenciarem em diferentes tipos de células • Apresentam capacidade de autorrenovação – apresentam uma divisão assimétrica originando, por mitose, uma célula especializada e outra estaminal. Marta Leal 19 Os vários tipos de células estaminais • Embrionárias: Obtidas a partir do embrião pré-implantação (embrião com 3 dias com 6 a 12 células). • Fetais: Obtidas do embrião pós-implantação e do feto (no embrião pré-implantado com 6 dias de vida, o blastocisto, e no embrião pós-implantação). • Adultas: Obtidas da placenta, cordão umbilical ou de um organismo adulto. (Dados mais recentes indicam que os tecidos fetais, da placenta e dos adultos também possuem uma população minoritária de células estaminais pluripotentes.) • Totipotentes: Diferenciam-se em qualquer tipo de célula. • Pluripotentes: Diferenciam-se em todos os tipos de tecidos com exceção da placenta. Ex: Células Sanguíneas. • Multipotentes: Originam células de tecidos específicos (reserva celular para renovação e reparação de tecidos). Foram isoladas de tecidos como a medula óssea, pele, fígado, etc. Mais recentemente, também no cérebro, coração e músculos. Nos tecidos adultos apenas existem células multipotentes, que não são capazes de produzir células de outro tipo. No entanto, nos tecidos adultos vegetais existe um outro tipo de células indiferenciadas, os meristemas, que são capazes de renovar zonas lesadas e levar ao crescimento de órgãos. Conceito e processo de clonagem Clonagem- é a produção de um ou mais indivíduos geneticamente iguais ao progenitor (os clones). Para clonar um organismo é necessária a reprogramação do núcleo de uma célula diferenciada, tornando-a totipotente.Assim, funde-se uma célula diferenciada com um óvulo anucleado, que se tornará um embrião. Células Estaminais Embrionárias Totipotentes Fetais Pluripotentes Adultas Multipotentes Marta Leal 20 • Experiência de Robert Briggs e Thomas King- transplante nuclear em células animais Robert Briggs e Thomas King removeram o núcleo de um ovo de rã. Seguidamente, transplantaram, para esse ovo anucleado, um núcleo de uma célula de um embrião de rã. Estes investigadores verificaram ainda que, se o núcleo proviesse de células de embriões muito jovens, o desenvolvimento de um novo embrião era possível (embora dificilmente ultrapassas se o estado larvar). Mas, quando usavam núcleos de células com uma certa diferenciação, nomeadamente de células intestinais, só cerca de 2% dessas células desenvolveriam um novo embrião. Assim, verificaram que a capacidade de o núcleo transplantado suportar um desenvolvimento normal estava diretamente relacionada com a idade do dador. • Clonagem de mamíferos (ovelha Dolly) 1º Foi transplantado uma célula das glândulas mamárias de uma ovelha para um ovulo de outra. 2º Após se ter cultivado estas células num meio de cultura apropriado, este grupo parou o ciclo celular em G0. Seguidamente, fundiu- se estas células com óvulos de ovelha, aos quais se tinha removido o núcleo. 3º As células resultantes desenvolveram embriões e foram implantados noutra ovelha. Desta forma tinha sido conseguido o primeiro clone de mamífero manipulado pelo Homem. O processo que conduziu à formação da ovelha Dolly exigiu a desprogramação do núcleo de uma célula indiferenciada. O núcleo da célula mamária foi transplantado para um óvulo, pois este é uma célula totipotente e dessa forma as substâncias que estão no citoplasma que permitem a ativação ou bloqueio dos genes são ainda de um grau de diferenciação baixo(nulo?), (apresentam a Marta Leal 21 informação para a diferenciação de qualquer célula) permitindo que ocorra a diferenciação das células. É óbvio que o clone é o clone do dador do núcleo, pois é lá que está a informação genética que será usada. Para ser geneticamente igual à mãe usa-se apenas o óvulo, se fosse usado um Ovo,e ntão o ser vivo já não seria geneticamente igual. Nota: a grande diferença entre a estas duas últimas experiências é o facto na experiencia de Briggs e King é utilizado um embrião, podendo ainda ter células totipotentes tornando a clonagem mais fácil do a da ovelha Dolly . Vantagens da clonagem • A preservação de animais em extinção; • Desenvolvimento de animais imunes a algumas doenças que são contagiosas; • Clonagem de células humanas para tratamento de doenças, como: pâncreas para diabéticos e de células do sangue para indivíduos com leucemia. Diferenciação celular e cancro Durante os processos de divisão e diferenciação celulares, ocorrem, por vezes, erros que conduzem à produção de células cancerosas. Causas: alguns fatores externos, como radiações, certas substâncias tóxicas e vírus. Determinados Nota: Para que ocorra a formação de cancro são necessárias duas coisas: que o gene que aumenta a divisão das células esteja ativo e que o gene responsável por diminuir a divisão das células esteja desativado. Uma das mais preocupantes alterações que ocorre nas células é a perda dos mecanismos de regulação celular, resultantes da alteração na expressão dos genes. Estas alterações podem traduzir-se por um aumento da proliferação celular ou por uma diminuição da apoptose (morte celular programada). Nestas situações, as células dividem-se de forma descontrolada, até que não existam nutrientes disponíveis. O resultado desta divisão frenética é a produção de grandes aglomerados celulares, com diferenciação deficiente (a massa de tecido cancerígena não tem a função do tecido onde se encontra, o que impede o normal funcionamento de um ou mais órgãos levando o indivíduo à morte), que constituem os tumores. As células de alguns tumores - tumores malignos - podem espalhar-se pelo organismo, invadindo outros tecidos e formando metástases. (o que não acontece no caso do tumor benigno, pois este está limitado por um gênero de cápsula) Marta Leal 22 Metastização - consiste na formação de tumores em novos locais e resulta da migração de células cancerosas a partir de um foco inicial. A migração das células e a sua fixação em novos locais está dependente do rompimento e do estabelecimento de ligações entre as células ou entre as células e o meio envolvente (matriz extracelular). Estas ligações dependem de proteínas membranares, das quais se destacam as caderinas e as integrinas. Alterações nos genes que codificam essas proteí- nas podem levar à produção de formas anormais destas, o que pode resul- tar numa alteração da adesão célula-célula e da adesão célula- matriz. Neste caso, as células de um tecido podem separar-se (desagregação do tecido), degradarem a matriz extracelular e iniciar um processo de migração. Quando atingem os vasos sanguíneos, as células cancerosas disseminam-se pelo organismo, podendo invadir e fixar-se em novos locais. Esta migração anormal das células tumorais é um processo necessário para que ocorra a metastização. De uma forma geral podemos identificar as seguintes etapas no desenvolvimento de um cancro (neoplasia): Proliferação celular não controlada (aumento de prooliferação e/ou diminuição da apoptose Perda de diferenciação (Displasia) Cancro in situ (localizado, não invasivo) Cancro invasivo (resultante da acumulação de vários alterações genéticas nas células). Marta Leal 23 A reprodução é uma função características dos seres vivos, que permite o aparecimento de novos indivíduos. A grande variedade de processos reprodutivos que existe pode sistematizar-se em dois tipos fundamentais: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada. • A reprodução assexuada ocorre quando um indivíduo dá origem a outros sem ocorrer fecundação, isto é, sem a união de duas células especializadas, denominadas gâmetas. • Na reprodução sexuada os novos indivíduos são originados através da união de duas células especializadas – os gâmetas Assim originam-se clones da célula-mãe, o que permite concluir que este tipo de reprodução não contribui para a variabilidade genética, embora assegure o rápido crescimento em colonização em ambientes favoráveis. Muitos dos organismos que se reproduzem assexuadamente também o podem fazer sexuadamente, sempre que as condições do meio se tornem desfavoráveis. Esta capacidade permite-lhes diminuir o risco de extinção, uma vez que a reprodução sexuada conduz à variabilidade genética, logo, a uma capacidade de ultrapassar a adversidade do meio ambiente. Reprodução Assexuada Na reprodução assexuada: • Apenas intervém um progenitor, que origina um conjunto de indivíduos; • Não há participação de células reprodutoras ou gâmetas; • Não há fecundação nem meiose; • Ocorrem mitoses sucessivas (divisões que mantêm o número de cromossomas) responsáveis pelo crescimento e pelo aumento do número de indivíduos; • Se não se verificarem mutações, os descendentes são geneticamente iguais entre si e aos progenitores, sendo um processo que não contribui para a variabilidade genética das populações; • A descendência é numerosa e o processo é rápido; Apesar destes aspetos comuns, existe uma grande diversidade de processos reprodutivos assexuados, sendo os fundamentais a bipartição, a gemulação, a divisão múltipla, a esporulação, a fragmentação, a multiplicação vegetativa e a partenogénese. Marta Leal 24 Marta Leal 25 Marta Leal 26 Multiplicação vegetativa natural Dependendo da espécie podem-se originar novas plantas a partir de várias partesda planta- mãe. Os processos de multiplicação podem ser por folhas, estolhos, rizomas, tubérculos e bolbos. Marta Leal 27 Multiplicação vegetativa artificial Os métodos artificiais de multiplicação vegetativa são usados no sector agroflorestal com o intuito de rapidamente produzir novas plantas. Estas técnicas têm elevado interesse económico já que permitem preservar as características genéticas das plantas. Destaca-se o método da estaca, a mergulhia e a enxertia. Marta Leal 28 Tipos de enxertia: • Enxertia por garfo: Junção de superfícies cortadas de duas plantas diferentes. Costumam ser utilizados caules ou gomos, sendo as plantas de espécies iguais ou semelhantes. A parte da planta que recebe o enxerto chama-se cavalo e a parte da planta dadora chama-se garfo. • Enxertia por encosto: Junção de superfícies cortadas de duas plantas diferentes, em que se amarram ramos de duas plantas. Após a cicatrização corta-se a parte de baixo do garfo e a parte de cima do cavalo. • Enxertia por borbulha: Corta-se uma parte do ramo em T e insere-se uma gema de outra planta. A nova planta desenvolver-se-á juntando o DNA de ambas. Marta Leal 29 Nota: A micropropagação: Através dos tecidos meristemáticos replicam-se várias vezes os fragmentos da planta mãe, o que permite criar muito rapidamente uma série de novas plantas Reprodução assexuada - vantagens e inconvenientes Este tipo de reprodução apresenta vantagens económicas, ao permitir selecionar variedades de plantas com as características pretendidas e reproduzi-las em grande quantidade, de um modo bastante rápido, conservando nos descendentes as características selecionadas. Contudo, a reprodução assexuada apresenta desvantagens, dado que os clones são geneticamente idênticos ao progenitor (excetuando nos casos de ocorrência de mutações). Em termos evolutivos, esta ausência de variabilidade genética pode tornar-se perigosa para a sobrevivência da espécie. O aparecimento de mudanças ambientais desfavoráveis às variedades existentes pode levar ao seu desaparecimento, ou mesmo à extinção da espécie. Reprodução sexuada A reprodução sexuada é o tipo de reprodução mais comum no mundo vivo; é o processo reprodutivo quase exclusivo dos animais superiores e é usual nas plantas superiores. A maioria dos seres com reprodução assexuada, em certas condições, também se reproduz sexuadamente. Na reprodução sexuada: • intervêm dois progenitores (ou não existem muitas plantas que têm ambos os sexos, por exemplo), que produzem células reprodutoras especializadas – os gâmetas, ou seja, para ser considerada uma reprodução sexuada deve haver a intervenção de gametas) • ocorre fusão dos dois gâmetas, ou seja, ocorre fecundação. A reprodução sexuada depende da fecundação; • durante a fecundação ocorre cariogamia, a fusão dos núcleos dos gâmetas, que leva à formação do ovo ou zigoto; • o ovo é a primeira célula do futuro ser vivo. Por mitoses sucessivas, vai originar um indivíduo com características resultantes da combinação genética dos gâmetas dos progenitores; • os indivíduos das sucessivas gerações que vão sendo originados, apesar de terem algumas características comuns, apresentam diferenças mais ou menos acentuadas entre eles e em relação aos progenitores – verifica-se, assim, variabilidade genética nas populações; Marta Leal 30 • a descendência é, normalmente, reduzida e o processo é lento; • como se verifica variabilidade genética, os indivíduos suportam as alterações do meio com alguma facilidade, estando aptos a sobreviver em ambientes em mudança. A seleção natural elimina os menos aptos e os mais aptos vão ser selecionados; • para a formação dos gâmetas ocorre um processo de divisão celular – a meiose – que permite a redução do número de cromossomas de uma célula. A reprodução sexuada depende da meiose. O ovo resulta da união dos gâmetas que ocorre durante a fecundação. Assim, os cromossomas presentes no núcleo do ovo são pares de cromossomas do mesmo tipo que provieram metade de cada gâmeta. Designam-se cromossomas homólogos e possuem forma e estrutura idênticas, sendo portadores de genes correspondentes (genes alelos). Quanto ao número de cromossomas que possuem, as células podem classificar-se em haploides e diploides: • Haploides – são células que possuem um só cromossoma para cada par de homólogos, representam-se simbolicamente por n. Exemplos destas células são os gâmetas que se formaram por meiose; Os seres que são constituídos maioritariamente por células haploides são seres haploides e têm um ciclo de vida haplonte. • Diploides – são células que possuem dois pares de cromossomas homólogos e representam-se simbolicamente por 2n. Exemplos destas células são o ovo que resultou da fecundação e todas as células somáticas. Os seres que são constituídos maioritariamente por células diploides são seres dploides e têm um ciclo de vida diplonte. A fecundação implica uma duplicação cromossómica mas o número de cromossomas característico de cada espécie mantém-se constante, pois a meiose, por sua vez, garante a passagem da diploidia para a haploidia, assim quando os gâmetas, com n cromossomas, se unirem formando o ovo este irá ter 2n cromossomas. Assim, pela existência alternada destes dois fenómenos indispensáveis para que ocorra reprodução sexual, está garantida a constância do número de cromossomas de geração em geração. Marta Leal 31 Meiose – redução cromossómica A meiose é um processo de divisão celular que leva à formação de quatro células haploides semelhantes entre si e com metade do número de cromossomas da célula que lhes deu origem. Como este fenómeno implica a passagem de um estado Diplóide para um estado haploide, pode ser designado por redução cromossómica. A meiose inclui duas divisões sequenciais e inseparáveis, a divisão I e a divisão II. Divisão I: • é precedida pela interfase onde, no período S ocorre a replicação do DNA, constituinte dos cromossomas; • no início da meiose cada cromossoma é constituído por dois cromatídios; • a separação dos cromossomas homólogos de cada par reduz para metade o número de cromossomas da célula diploide; • são originados dois núcleos haploides, ou seja, com metade do número de cromossomas do núcleo da célula que lhes deu origem; • porque reduz o número de cromossomas, é uma divisão reducional. Divisão II: • os dois núcleos haploides dividem-se e formam-se quatro núcleos, também haploides; • porque os cromossomas são igualmente distribuídos pelos novos núcleos, é uma divisão equacional; • no final, formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um cromossoma de cada par de homólogos; • é uma divisão idêntica à mitose. Marta Leal 32 As divisões I e II da meiose, embora tenham fenómenos exclusivos, incluem sequências de estádios com características idênticas às que ocorrem na mitose. Por este facto, os estádios têm o mesmo nome – prófase, metáfase, anáfase e telófase: Divisão I Profase I • é a etapa mais longa e é a fase preparatória para a redução de cromossomas; • caracteriza-se pela desorganização nuclear; • os cromossomas condensam-se, encurtam e engrossam • Os cromossomas homólogos emparelham, num processo denominado sinapse, assim formam-se bivelentes (ou dieda cromossómica ou tétradas cromatídicas) • Entre os cromatídios dos bivalentes ocorrem sobrecruzamentos em vários pontos. Os pontos de cruzamento entre os dois cromatídios dos homólogos são designados pontos de quiasma ou quiasmas. • Nos pontos de quiasmas pode haver rutura de cromatídeos, podendo ocorrer trocas recíprocas de segmentos de cromatídios entre dois cromossomas homólogos, fenómeno designado por crossing-over – umdos responsáveis pela variabilidade genética; • O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram. Metafase I • Nesta fase, os cromossomas homólogos de cada bivalente dispõem-se aleatoriamente (ou seja os cromossomas paterno e materno dispõem- se de forma completamente aleatória ou seja a maneira como se dispõem não é igual e por isso quando as células se dividem apresentam tanto cromossomas paternos como maternos, se não fosse aleatória então as células iriam apresentar apenas cromossomas paternos ou maternos, diminuindo a variabilidade genética) – um dos responsáveis pela variabilidade genética - na placa equatorial, equidistantes dos polos e presos pelos centrómeros às fibras do fuso acromático. • Ao contrário da metáfase da mitose, não são os centrómeros que se localizam no plano equatorial do fuso acromático, mas sim os pontos de quiasma. • O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram. Marta Leal 33 Anafase I • Caracteriza-se pela ascensão polar dos cromossomas homólogos; • Os dois cromossomas homólogos de cada bivalente separam-se e ascendem aos polos (como dissemos anteriormente a disposição dos cromossomas e o crossing-over irá fornecer à célula mais variabilidade); • Cada cromossoma, que nesta fase é constituído por dois cromatídeos, migra para um dos polos da célula com a orientação definida na metáfase I; • O número de cromossomas é reduzido para metade, bem como o teor de DNA - um núcleo diploide origina dois núcleos haploides. Telofase I • Caracteriza-se pela organização nuclear; • Os cromossomas atingem os polos da célula e tornam-se mais finos e mais longos, descondensando; • O fuso acromático desagrega-se; • Os nucléolos reorganizam-se e forma-se o involucro nuclear em volta de cada conjunto de cromossomas • Cada núcleo formado tem metade do número de cromossomas do núcleo diploide inicial; • Nesta fase não ocorreu alteração do número de cromossomas, nem do teor de DNA. • Algo muito importante a ter em conta é que como ocorrerá uma divisão logo a seguir a telófase I, ocorrerá a prófase II, e por isso a maioria dos acontecimentos que ocorrem nesta etapa não aconteceram realmente evitando gasto de energia e tempo pela célula, já que os processos que ocorrem na telófase I são os contrários ao que acontece na Profase II, mas mesmo assim o fuso acromático deve obrigatoriamente se desagregar. Divisão II Profase I • Na prófase II, os cromossomas com dois cromatídeos condensam-se. (caso se tenham descondensado na telófase I), o núcleolo desorganiza-se (same), os dois cromatídeos condensam (same) . O fuso acromático forma-se após a divisão do centrossoma. Os cromossomas dirigem-se para a placa equatorial, presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático. • Não ocorre alteração do número de cromossomas nem do teor de DNA; Marta Leal 34 Metafase II • Caracteriza-se pela formação da placa equatorial; • Os cromossomas constituídos por dois cromatídeos dispõem- se na placa equatorial, equidistantes dos polos e sempre presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático; • O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram. Anafase II • Caracteriza-se pela ascensão polar dos cromossomas-filhos; • Os centrómeros dividem-se; • Os dois cromatídeos de cada cromossoma separam-se e passam a construir cromossomas filhos independentes; • Cada cromossoma-filho, com um só cromatídeo, migra para os polos opostos da célula; • Não existe alteração do número de cromossomas, mas há redução do ter de DNA. Telofase II • Ocorre a organização nuclear; • Os cromossomas atingem os polos da célula; • Em volta de cada conjunto de cromossomas-filhos organiza-se um invólucro nuclear; • Os núcleos reorganizam-se; • Os cromossomas tornam-se mais finos e mais longos; • A célula fica constituída por dois núcleos com os mesmo número de cromossomas; • O número de cromossomas não se altera, nem o teor de DNA. No final da Divisão II formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um cromossoma de cada para de homólogos. Marta Leal 35 Mitose e meiose – Aspetos comparativos Nos processos de reprodução assexuada, a divisão celular é feita por mitose. Na reprodução sexuada, para além da mitose ser fundamental para que se verifique o crescimento dos novos indivíduos, a meiose é também necessária, como processo de divisão que compensa a duplicação de cromossomas que se verifica na fecundação. ➢ Assim, existem algumas diferenças bem significativas entre estes dois processos: Mitose Divisão I da meiose Profase Não ocorre emparelhamento dos cromossomas homólogos e crossing-over Profase I Ocorre emparelhamento dos cromossomas homólogos e crossing-over Metafase Cromossomas alinham-se no plano equatorial Metafase I Cromossomas homólogos de cada bivalente alinham-se aleatoriamente no plano equatorial Marta Leal 36 Anafase Separação dos comossomas.e ascenção dos cromatídeos Anafase I Separação dos comossomas homólogos.e ascenção dos cromossomas (2 cromatídeos) Telofase Formam-se células-filhas idênticas à célula-mãe (diploides) Telofase I Formam-se duas células-filhas com metade do número de cromossomas da célula-mãe (haploides) Mitose Divisão II da meiose Profase Não ocorre emparelhamento dos cromossomas homólogos e crossing-over Profase II Não ocorre emparelhamento dos cromossomas homólogos e crossing-over Metafase Cromossomas alinham-se no plano equatorial Metafase II Cromossomas alinham-se no plano equatorial Anafase Separação dos comossomas.e ascenção dos cromatídeos Anafase II Separação dos comossomas.e ascenção dos cromatídeos Telofase Formam-se células-filhas idênticas à célula-mãe (diploides) Telofase II Formam-se 4 células-filhas com metade do número de cromossomas da célula-mãe (haploides) Nem sempre são formadas 4 células na fim da meiose, por exemplo : Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro corpúsculo (ou glóbulo) polar. A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de segunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda divisão da meiose, origina o segundo corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino, célula volumosa e cheia de vitelo. Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja bastante rico em substâncias nutritivas. Marta Leal 37 Mutação Cromossómica A mutação cromossômica refere-se a qualquer alteração no número ou estrutura dos cromossomos. A mutação cromossômica pode ser de dois tipos: ➢ Mutações numéricas: podem ser classificadas em aneuploidias e euploidias. Também chamadas de aberrações numéricas. o Aneuploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de um ou mais cromossomos, devido a erros na distribuição dos cromossomos durante a mitose ou meiose. Ex: Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter. o Euploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de genomas completos. Surge quando os cromossomos se duplicam e a célula não se divide. Neste tipo de mutação podem ser formados indivíduos triplóides (3n), tetraplóides (4n), entre outros casos de poliploidia. ➢ Mutações estruturais: são alterações que afetam a estrutura dos cromossomos, ou seja, o número ou o arranjo dos genes nos cromossomos. Podem ser classificadas em alguns tipos: • Deficiência ou deleção: quando falta um pedaço de cromossoma; • Duplicação: quando o cromossoma tem um pedaço repetido; • Inversão: quando o cromossoma tem um pedaço invertido;• Translocação: quando um cromossoma tem um pedaço proveniente de um outro cromossoma. Exemplos de Mutações: - Quando na anáfase I, em vez de cada cromossoma de um dado par de cromossomas homólogos ir para polos opostos, vão os dois cromossomas para o mesmo polo. (e durante a anafase II) - Quando no processo de Crossing-Over, um cromossoma “dá”, mas não “recebe”, fazendo com que um dado cromossoma possua um tamanho maior. ➢ Efeitos das mutações cromossómicas: • a maior parte é prejudicial para o indivíduo portador ou para os seus descendentes; • algumas podem ser benéficas e melhorar a capacidade de sobrevivência dos indivíduos das novas gerações; • são as fontes primárias da variabilidade genética que permitem a diversidade de organismos e a evolução das espécies. As mutações podem ser provocadas por vários fatores físicos e químicos, mas também podem ser propositadamente causadas pelo homem, como, por exemplo, a duplicação do número de cromossomas – poliploidia – para a obtenção de alguns alimentos. Marta Leal 38 Reprodução sexuada e variabilidade Na reprodução sexuada, a meiose e a fecundação, que são dois mecanismos compensatórios, asseguram a manutenção do número de cromossomas característico de cada espécie, de geração em geração. Estes dois fenómenos são igualmente responsáveis pela variabilidade genética que se verifica entre indivíduos da mesma espécie. Ao contrário do que se sucede nos animais, em que os gâmetas se formam por meiose a partir das células das Gónadas (órgão especializados para a produção de gâmetas), nas plantas, os gâmetas raramente resultam diretamente da meiose. Geralmente, a meiose origina esporos. Os ovários são as gónadas femininas, onde se produzem os óvulos (gâmetas femininos), e os testículos são as gónadas masculinas, onde se produzem os espermatozoides (gâmetas masculinos). Gametângio- estruturas que dão origem a gâmetas, ainda que estes não sejam formados por mitose. Esporângio- estruturas que dão origem a esporos, sejam eles originados ou não por meiose. Musgos e dos fetos Os musgos e os fetos, por exemplo, produzem os Anterozoides (gâmetas masculinos) no Anterídio (gametângio masculino). Os anterozoides dependem da água par alcançar a Oosfera (gâmeta feminino) que se encontra dento do Arquegónio (gametângio feminino). Pinheiro Os pinheiros fazem parte de um grupo de plantas, as Gimnospérmicas, mais complexos que os musgos ou os fetos. Nestas árvores, os gametângios masculinos (as escamas dos cones masculinos) denominam-se Microsporofilos e produzem os grãos de pólen e os gametângios femininos (as escamas dos cones femininos- as pinhas) chamam-se Megasporofilos e contêm óvulos. Notas: - O musgo é uma Briófita. - Os pinheiros fazem parte das Gimnospérmicas, que, posteriormente, pertencem ao grupo das Espermatófitas que se dividem Gimnospérmicas e Angiospérmicas. Marta Leal 39 Angiospérmicas As Angiospérmicas são o grupo mais complexo de plantas e caracterizem-se por possuírem flor. A flor assume a função reprodutora nestas plantas. É nas anteras dos estames que se produzem os grãos de pólen e nos ovários que estão contidos os óvulos. Tantos nas Angiospérmicas como nas Gimnospérmicas, a fecundação é independente da água, o que permite uma melhor adaptação ao ambiente terrestre. ATENÇÃO: ver o que está a partir da página 80 sobre as Plantas. Fecundação nos animais Nos animais há duas estratégias de reprodução, o hermafroditismo e o unissexualismo: ➢ Hermafroditismo: Um indivíduo possui simultaneamente o sexo masculino e o sexo feminino; Ocorre principalmente em espécies que têm dificuldades de dispersão geográfica, ou vivem mesmo isolados; É comum nos seres invertebrados; Podem verificar-se dois tipos de comportamento distinto – o hermafroditismo suficiente e o hermafroditismo insuficiente. o Hermafroditismo Suficiente – ocorre por autofecundação, um só indivíduo pode originar descendentes. Verifica-se, por exemplo, na ténia. o Hermafroditismo Insuficiente – não se verifica a autofecundação, como nos unissexuais tem de haver fecundação cruzada. Ocorre na minhoca e no caracol, por exemplo. ➢ Unissexualismo: Há um indivíduo do sexo masculino – macho – e um do sexo feminino – fêmea; A reprodução, neste caso, exige a contribuição de dois indivíduos, um de cada sexo, sendo estas espécies dioicas; Ocorre na maioria das espécies; De acordo com o local onde ocorre, a fecundação pode ser externa ou interna: Marta Leal 40 Fecundação nas plantas Nas plantas, as estratégias reprodutivas são bastante diversas. Também os gametângios são muito variados e característicos dos diferentes tipos de plantas e, como tal, também os processos de fecundação são diferentes: • Nos musgos e nos fetos a fecundação é dependente da água, só assim é que os anterozoides podem alcançar as oosferas que se encontram dentro dos arquegónios; • Nas Gimnospérmicas, como os pinheiros, os gametângios são estruturas especializadas – os cones masculinos, onde se produzem os grãos de pólen, e os cones femininos (as pinhas), onde se produzem os óvulos. A fecundação não depende da água, revelando melhor adaptação ao ambiente terrestre; • As Angiospérmicas caracterizam-se por possuírem flor, que é o órgão reprodutor nestas plantas e, portanto, onde se formam os gâmetas. A fecundação é independente da água. Marta Leal 41 Quanto às angiospérmicas: o Produzem: - Os grãos de pólen, gametas masculinos, produzidos nos sacos polínicos que se localizam nas anteras; - Os óvulos, gâmetas femininos existentes no interior dos ovários. • Podem ser: o hermafroditas – os estames e os carpelos estão na mesma flor; o unissexuais – há flores só com estames – flores unissexuais masculinas; e há flores só com carpelos – flores unissexuais femininas. • Para que haja fecundação tem de ocorrer a polinização que é o transporte de grãos de pólen para os órgãos femininos da flor esta pode ser direta ou indireta: o direta – quando há polinização na mesma flor. Nesta situação a variabilidade genética é reduzida; o cruzada – quando a polinização se efetua entre flores de plantas distintas, mas da mesma espécie. Esta estratégia propicia grande variabilidade genética; A polinização ocorre devido a atuação de agentes polinizadores, como o vento, a chuva e alguns animais como o Homem e a abelha; Vantagens e desvantagens dos tipos de reprodução Alguns seres vivos podem apresentar os dois tipos de reprodução, conseguindo mudar de estratégia reprodutiva de acordo com as condições do meio, de modo a maximizar as vantagens oferecidas por cada processo. Esta situação é vulgar em espécies como os afídios, vulgarmente designados por pulgões.As principais vantagens e desvantagens destes dois tipos de reprodução são: Marta Leal 42 O ciclo de vida de um ser vivo corresponde à sequência de acontecimentos que ocorrem na vida de um organismo desde que foi concebido até que produz a sua própria descendência. O ciclo de vida de uma espécie repete-se de geração em geração. Quando a reprodução é assexuada existe estabilidade genética e, como tal, não há alteração do número de cromossomas de cada espécie. Quando a reprodução é sexuada, a duplicação do número de cromossomas que resulta da fecundação é compensada pela redução de cromossomas que ocorre na meiose, possibilitando a manutenção de um número de cromossomas constante em cada espécie.Da alternância entre estes dois fenómenos resulta sempre uma alternância de fases nucleares características: • a haplofase ou fase haploide – está compreendida entre a meiose e a fecundação, inicia-se na célula que resultou da meiose e que possui n cromossomas; • a diplofase ou fase diploide – está compreendida entrea fecundação e a meiose, inicia- se no ovo, célula que resultou da fecundação e que possui 2n cromossomas. A ocorrência da fecundação e da meiose, embora comum a todos os seres vivos com reprodução sexuada, pode dar-se em momentos diferentes do ciclo de vida do organismo. Tendo em conta esse momento, estabeleceram-se, então, diferentes tipos de meiose – a meiose pós-zigótica, a meiose pré-gamética e a meiose pré-espórica: ➢ Meiose pré-gamética – a meiose ocorre durante a produção dos gâmetas, que são as únicas células haplóides. O ciclo correspondente diz-se diplonte. ➢ Meiose pós-zigótica – a meiose ocorre logo após a formação do zigoto, sendo o zigoto a única estrutura diplóide do ciclo, que se designa por haplonte. ➢ Meiose pré-espórica – a meiose ocorre para a formação dos esporos, e só acontece em indivíduos com dois tipos de células sexuais (gâmetas e esporos). O ciclo de vida correspondente denomina-se haplodiplonte. Marta Leal 43 Atendendo ao desenvolvimento relativo das duas fases nucleares, determinadas pelo momento em que ocorre a meiose, gera-se alguma diversidade nos ciclos de vida dos seres vivos que se podem classificar em: Ciclo de vida haplonte: ➢ Característico da maioria dos fungos e de alguns protistas, incluindo algumas algas ➢ A meiose ocorre após formação do zigoto diploide – meiose pós- zigótica – sendo este a única estrutura diplóide do ciclo de vida do organismo; ➢ A meiose não produz gâmetas mas sim células haplóides que se dividem por mitose formando um organismo adulto haplonte; ➢ O ser representativo da fase haploide é o organismo multicelular haplonte (formado pelas mitoses) ➢ os gâmetas são produzidos por mitose e não meiose. EXEMPLO: Ciclo de vida de uma alga – espirogira (Spirogyra sp.) A espirogira: • É uma alga que vive em água doce. Forma agregados filamentosos, constituídos por células cilíndricas dispostas topo a topo, que fazem parte daquilo que vulgarmente se chama limo. • Apresenta reprodução assexuada por fragmentação – quando as condições são favoráveis, podem destacar-se dos filamentos fragmentos que crescem e originam novos indivíduos; • Tem reprodução sexuada quando as condições do meio são desfavoráveis, garantindo a possibilidade de se formarem indivíduos com características que podem ser vantajosas nesses ambientes. Marta Leal 44 Importante: Não ocorro citocinese e 3 dos 4 núcleos formados degeneram; a espirogira é um falso ser vivo multicelular, todas as células têm as mesmas funções Ciclo de vida diplonte: • Característico da maioria dos animais e de algumas algas; • Os gâmetas são as únicas células haplóides; • A meiose ocorre antes da formação dos gâmetas – pré- gamética; • O zigoto diplóide (2n) sofre mitoses consecutiva dando origem a um organismo pluricelular diplonte (o ser representativo da fase diploide é o organismo multicelular diplonte). Nota: se eu der o exemplo do homem, devo explicitar… por exemplo no caso do homem (cuidado) Marta Leal 45 EXEMPLO: Ciclo de vida do ser humano O ser humano produz-se exclusivamente de forma sexuada e apresenta dimorfismo sexual (homem e mulher). A reprodução humana envolve uma anatomia intrincada e um comportamento complexo (Ah, vamos admitir, o ciclo haplodiplonte é mais complexa, nós somos mesmo egocêntricos) • A fecundação é interna e o desenvolvimento embrionário, ocorre no útero da fêmea. • Para se formarem gâmetas tem que se verificar meiose. Etapas da reprodução no homem: • A meiose ocorre durante a formação dos gâmetas, em células presentes nas gónadas masculinas-testículos- e nas gónadas femininas-ovários. o No homem é nas células-mãe dos espermatozoides; o Na mulher é nas células-mãe dos óvulos; • Os gâmetas – espermatozoides e óvulos – são células unicelulares haploides que se unem durante a fecundação. • Desta fecundação resulta um ovo ou zigoto diploide que sofre divisões mitóticas sucessivas originando um novo indivíduo pluricelular. Ciclo de vida haplodiplonte: • Característico das plantas e algumas algas; • Inclui ao contrário dos outros dois ciclos estados pluricelulares diplóides e haplóides; Marta Leal 46 • A meiose ocorre para a formação de esporos – meiose pré-espórica (n); • Os organismos têm uma geração produtora de esporos – geração esporófita constituída pelo esporófito – e uma outra geração produtora de gâmetas – geração gametófita constituída pelo gametófito; • A haplofase inicia-se com os esporos que sofrem mitoses originando um organismo multicelular haplonte – gametófito, que diferencia gametângios onde se formam gâmetas e termina no momento da fecundação em que se forma uma célula diplóide; todas as células desta fase são haplóides à excepção do zigoto resultante da fecundação. • A diplofase tem início no ovo ou zigoto (2n) que sofre mitoses consecutivas formando um organismo multicelular diplóide – esporófito, que diferencia esporângios onde, as células mãe dos esporos sofrem meiose formando os esporos (n) no momento em que ocorre meiose, esta fase acaba; todas as células desta fase são diplóides à excepção dos esporos; Cuidado: o gametófito é obrigatoriamente fotossintético, o esporófito depende o que consideramos como esporófito. (se nos dirigimos ao feto em si ou aos sorosCiclo de vida de uma planta – polipódio (Polypodium sp.) EXEMPLO: Cilco de vida do polipódio (feto) • É uma planta vascular que não produz sementes; • Habita locais húmidos, tais como zonas arborizadas, troncos de árvores e muros velhos; • Tem o corpo constituído por um caule subterrâneo – o rizoma, de onde emergem raízes e folhas; • Apresenta reprodução sexuada e assexuada por fragmentação vegetativa do rizoma e por esporulação. Etapas da reprodução no polipódio: • na época reprodutiva, na página inferior das folhas, formam-se soros que são grupos de esporângios que contêm as células-mãe dos esporos; • as células-mãe dos esporos sofrem meiose, originando esporos haploides que, quando estão maduros, são libertados; • se caírem em solo favorável, cada esporo germina e origina uma estrutura laminar, fotossintética de vida independente – o protalo; Marta Leal 47 • na face inferior do protalo, que é um gametófito pluricelular, formam-se os gametângios: o Arquegónios – gametângios femininos que produzem a oosfera; o Anterídios – gametângios masculinos que produzem os anterozoides. • os anterozoides, quando a água no solo é suficiente, nadam até aos arquegónios onde se fundem com a oosfera; • desta fecundação, dependente da água, resulta um zigoto diploide que vai iniciar o seu desenvolvimento sobre o protalo, originando uma nova planta adulta – novo esporófito de vida independente. • Há alternância de gerações (que também existe nos outros ciclos de vida, mas como nesses casos um dos ciclos é muito maior que o outro, então a fase mais pequena não é considerada, como neste ciclo ambas as fases são iguais ambas são consideradas) • A fase diploide é mais desenvolvida do que a fase haploide, isto apenas acontece pois a planta adulta encontra-se na fase diploide. • Existem dois seres representativos, o esporófito (que pode ou não ser fotossintético, dependendo se consideramos os soros ou próprio feto como esporófito), que é o ser pluricelular diploide, assim representante da fase diploide; e o gametófito, que é fotossintético, é um ser pluricelular haploide, assim representante da fase haploide. Marta Leal 48 EXEMPLO: Ciclo de do vida musgo • Os musgos apresentam plantas masculinas ou femininas, são dióicos. • O musgo masculino produz os anterozóides (gameta masculino) que através da água alcançam o arquegônio. Dentro do arquegônio, um anterozóide fecunda a oosfera (gameta feminino), formandoum zigoto (2n). • O zigoto se desenvolve em um embrião. O embrião também se desenvolve e origina o esporófito, uma estrutura temporária do musgo, localizada no final dos filoides. • O esporófito abriga os esporângios, local os esporos são produzidos por meiose. Quando os esporos são liberados no ambiente, reiniciam o ciclo de vida. https://www.todamateria.com.br/esporos/ Marta Leal 49 A vida na Terra foi evoluindo, de forma lenta e gradual, sofrendo diversas modificações que deram origem à grande diversidade de seres vivos que podemos observar atualmente no nosso planeta. Dos procariontes aos eucariontes Para compreendermos a evolução da vida temos de compreender, em primeiro lugar, a história evolutiva da célula. Os seres vivos podem agrupar-se em dois grandes grupos, os seres procariontes e os seres eucariontes: • São classificados com base na organização celular, ou seja, no tipo de células que os constituem: Marta Leal 50 Pensa-se que foram os procariontes que estiveram na origem da diversidade de formas de vida existentes atualmente, devido: • À sua simplicidade estrutural (a evolução processar-se-ia de seres mais simples para mais complexos); • Ao registo fóssil existente: os dados fósseis sugerem que os seres eucariontes surgiram 2000 milhões de anos depois dos organismos procariontes. Alguns grupos de procariontes terão evoluído e aumentado a sua complexidade e terão estado, provavelmente, na origem dos organismos eucariontes. Para explicar o aparecimento de células eucarióticas a partir da evolução de células procarióticas, existem duas hipóteses: a hipótese autogénica e a hipótese endossimbiótica. Nota: nenhuma das hipóteses explica esta evolução de forma completa, mas podemos afirmar que a mais aceitável é a hipótese endossimbiótica. Marta Leal 51 Hipótese Autogénica Segundo a Hipótese Autogénica, os seres eucariontes são o resultado de uma evolução gradual dos seres procariontes. Numa fase inicial, as células desenvolveram sistemas endomembranares resultantes de invaginações da membrana plasmática. Algumas dessas invaginações armazenavam o DNA, formando um núcleo. Outras membranas evoluíram no sentido de produzir organelos semelhantes ao retículo endoplasmático. Posteriormente, algumas porções do material genético abandonaram o núcleo e evoluíram sozinhas no interior de estruturas membranares. Desta forma, formaram-se organelos como as mitocôndrias e os cloroplastos. Esta hipótese pressupõe que o material genético do núcleo e dos organelos (sobretudo das mitocôndrias e dos cloroplastos) tenha uma estrutura idêntica. Contudo, tal não se verifica. O material genético destes organelos apresenta, geralmente, uma maior semelhança com o das bactérias autónomas, do que com o material genético presente no núcleo. Esta e outras observações levaram ao desenvolvimento de um outro modelo ou hipótese – a Hipótese Endossimbiótica Marta Leal 52 Hipótese Endossimbiótica Algumas células procarióticas de grandes dimensões (célula hospedeira) capturaram células mais pequenas, como os ancestrais das mitocôndrias e cloroplastos. Alguns destes ancestrais conseguiam sobreviver no interior da célula procarióticas de maiores dimensões, resistindo à ingestão, estabelecendo-se relações de simbiose. A íntima cooperação entre estas células conduziu ao estabelecimento de uma relação simbiótica estável e permanente. A evolução conjunta destes organismos terá levado ao surgimento das células eucarióticas constituídas por vários organelos, alguns dos quais foram, em tempos, organismos autónomos. Assim, as primeiras relações endossimbióticas terão sido estabelecidas com os ancestrais das mitocôndrias. Os ancestrais das mitocôndrias seriam organismos que tinham desenvolvido a capacidade de produzir energia, de forma muito rentável, utilizando o oxigénio no processo de degradação de compostos orgânicos. Por outro lado, outro grupo de procariontes, semelhante às atuais ciano- bactérias, tinha desenvolvido a capacidade de produzir compostos orgânicos, utilizando a energia luminosa. A associação das células procarióticas de maiores dimensões com estes seres, ancestrais dos cloroplastos, conferia-lhe vantagens evidentes. Mas, nem todas as células eucarióticas possuem cloroplastos. Este facto é explicado, segundo a Hipótese Endossimbiótica, pelo estabelecimento de relações simbióticas de forma sequencial. Isto é, as primeiras relações endossimbióticas terão sido estabelecidas com os ancestrais das mitocôndrias e, só posteriormente, algumas dessas células terão estabelecido relações de simbiose com os ancestrais dos cloroplastos. Marta Leal 53 Marta Leal 54 Argumentos a favor da hipótese autogénica: • Todas as membranas que constituem os organelos celulares possuem a mesma composição bioquímica; • Alguns genes necessários ao funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos estão atualmente no núcleo; Argumentos contra a hipótese autogénica: • Não explica o que desencadeou a invaginação da membrana celular; • Se o núcleo fosse formado por invaginações de membrana procariótica, então o DNA do núcleo seria circular, o que não corresponde a realidade. Argumentos a favor da hipótese endossimbiótica: • As mitocôndrias e os cloroplastos são muito semelhantes a bactérias (seres procariontes), na forma, no tamanho e nas estruturas membranares; • Estes organelos produzem as suas próprias membranas, as suas divisões são independentes das da célula e são semelhantes à divisão binária das bactérias; • Contêm um DNA próprio semelhante ao das bactérias – uma molécula circular, geralmente, não associada a histonas; • Os ribossomas das mitocôndrias e dos cloroplastos são semelhantes aos dos procariontes, quer no tamanho, quer nas suas características bioquímicas; • Na membrana interna destes organelos, existem enzimas e sistemas de transporte que se assemelham aos que estão presentes nos atuais procariontes. Assim, admite-se que as membranas internas derivem das membranas dos procariontes endossimbióticos; • Atualmente, podem encontrar-se associações simbióticas entre bactérias e alguns eucariontes. Pontos fracos da hipótese endossimbiótica: • Esta hipótese não explica a origem do núcleo das células procarióticas; • Não esclarece como é que o DNA nuclear comanda o funcionamento dos cloroplastos e das mitocôndrias; • Não explica como é que tendo os seres procariontes as mesmas dimensões um foi englobado por outro (stor). • Não explica o porque dos ribossomas das células eucarióticas serem maiores (stor). • Não explica o porque do DNA nas células eucarióticas no núcleo é linear (stor). Marta Leal 55 Da unicelularidade à multicelularidade Depois do aparecimento das células eucarióticas, a vida na Terra apresentava já grande diversidade. Os organismos eucariontes, que desenvolveram capacidade de predação, começaram a aumentar de tamanho, o que favoreceu: • A captura mais eficiente de outras células; • A deslocação que, sendo mais rápida, facilita a fuga e a alimentação; • O aumento do metabolismo. À medida que as dimensões da célula aumentam, a razão entre a área da célula e o seu volume diminui porque o crescimento celular não pode ser indefinido. Então, como o metabolismo se torna mais ativo, mas a superfície membranar que contacta com o exterior não tem um aumento proporcional, as trocas com o meio tornam-se menos eficientes e não são capazes de dar resposta às necessidades das células. Assim, para indivíduos com dimensões superiores a 1mm sobreviverem só têm duas possibilidades: ou são unicelulares, mas com um metabolismo muito baixo ou, para darem resposta às necessidades metabólicas, têm de ser multicelulares. Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o registo fóssil não é suficiente, pensa-se