Buscar

Tipos e Funcionamento da Memória

Prévia do material em texto

MEMÓRIA
- A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Tudo o que uma pessoa aprende em sua existência depende intimamente da memória. 
- A memória não é um processo unitário. Ela é composta de múltiplos elementos, que podem ser organizados e expostos de distintas formas e exigem redes e estruturas cerebrais diferentes.
- A memória não é um processo passivo e fidedigno de fixação de elementos e de evocação exata e realista do que foi arquivado. Nesse sentido, ela é muito mais um processo ativo, no qual vários elementos do indivíduo participam da codificação e da evocação, como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e afetivos.
Tipos de Memória:
1. Memória psicológica (cognitiva ou neuropsicológica).
- É uma atividade altamente diferenciada do sistema nervoso, que permite ao indivíduo codificar, conservar e evocar, a qualquer momento, os dados aprendidos da experiência.
2. Memória genética e epigenética
- Esse tipo de memória abrange conteúdos de informações biológicas adquiridos ao longo da história filogenética da espécie e ao longo das vivências do indivíduo e de seus ancestrais, contidos no material biológico (DNA, RNA, cromossomos,
mitocôndrias, mudanças epigenéticas) dos seres vivos.
3. Memória imunológica. 
- Esse tipo de memória reúne informações registradas e
potencialmente recuperáveis pelo sistema imune de um ser vivo.
4. Memória coletiva, social ou cultural. 
- Envolve conhecimentos e práticas sociais e culturais produzidos, acumulados e mantidos por um grupo social. Esse tipo de memória tem importância fundamental para as sociedades humanas. Sem ela, os grupos sociais perdem sua identidade básica.
5. Memória sensorial e depósito sensorial (até 1 segundo). 
- As memórias sensoriais são ricas (muitos conteúdos), mas muitíssimo breves (os conteúdos se apagam rapidamente). Quando estímulos visuais (memória icônica) ou auditivos (memória ecoica) são expostos ao indivíduo, ele capta (não de modo consciente) um número relativamente grande de informações, mas pode guardá-las apenas por um período muito curto.
6. Memória imediata (segundos até 1 a 3 minutos). 
- Esse tipo de memória se confunde conceitualmente também com a atenção e com a memória de trabalho. Trata-se da capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc.) imediatamente após ser percebido, como reter um número telefônico para logo em seguida discar. A memória imediata tem também capacidade limitada e depende da concentração, da fatigabilidade e de certo treino. As memórias imediata e de trabalho dependem sobretudo da integridade das áreas pré-frontais.
7. Memória recente ou de curto prazo (de poucos minutos até 3 a 6 horas). 
- Refere-se à capacidade de reter a informação por curto período. Também é um tipo de memória de capacidade limitada. Muitas vezes, as memórias de curto prazo e de curtíssimo prazo são consideradas simplesmente como memória de curto prazo.
8. Memória de longo prazo ou remota (de dias, meses até muitos anos). 
- É a função relacionada à transferência de informações para depósitos de longo prazo, tendo capacidade quase ilimitada. Ela também se relaciona à evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo do evento (pode durar por toda a vida). É um tipo de memória de capacidade bem mais ampla em termos de itens a serem guardados que a memória imediata e a recente.
9. Memória explícita (memória declarativa) 
- É relacionada ao conhecimento consciente, obtido geralmente com algum esforço. Esse tipo de memória é adquirido e evocado com plena intervenção da consciência, incluindo as lembranças de fatos autobiográficos (memória autobiográfica). Um episódio como ter almoçado no último domingo com a avó pode ser lembrado com algum esforço e de forma consciente. A memória explícita pode ser de imagens visuais, palavras, conceitos ou eventos.
10. Memória implícita (memória sem consciência ou não declarativa) 
- É um tipo de memória que adquirimos e utilizamos sem que percebamos, sem consciência e, geralmente, sem esforço. É uma forma relativamente automática e espontânea.
- Ela pode incluir procedimentos, como muitas habilidades motoras (andar de bicicleta, saber bordar, saber escovar os dentes), assim como conhecimentos gerais ancorados em palavras, que adquirimos e utilizamos sem perceber, como aprender e falar a língua materna.
- A memória implícita está envolvida, ainda, com as chamadas sensações de familiaridade. Mesmo sem perceber conscientemente, paramos nos semáforos vermelhos e seguimos o trajeto de casa, sem errar. É nossa memória implícita que nos possibilita isso.
Priming:
- Se refere a um tipo de memória implícita, importante no processo de recordação e execução de tarefas cognitivas. Estímulos que já foram expostos ao sujeito, de forma consciente ou não consciente, são mais bem processados do que aqueles que nunca lhe foram expostos.
- O priming também se verifica quando identificamos uma maçã, em meio a muitas imagens de objetos, mais rapidamente quando ela nos foi exposta antes.
Devaneio (mind wandering):
- Ocorre quando soltamos a mente e relaxadamente construímos histórias e eventos mentais, variando ou inventando cenas e episódios, em relação tanto ao nosso passado como ao nosso futuro.
11. Memória de trabalho
- A memória de trabalho (working memory) situa-se entre os processos e habilidades da atenção e os da memória imediata. São exemplos de memória de trabalho ouvir um número telefônico e retê-lo na mente para, em seguida, discá-lo, assim como, ao dirigir em uma cidade desconhecida, perguntar sobre um endereço, receber a informação e a sugestão do trajeto e, mentalmente, executar o itinerário de forma progressiva.
- A memória de trabalho é, de modo geral, uma memória explícita, consciente, que exige esforço. Para diferenciá-la da memória de curto prazo, deve-se realçar que a memória de trabalho é plenamente ativa, que realiza operações mentais de modo constante (por isso, “está trabalhando” constantemente).
12. Memória episódica (Pause et al., 2013)
- Trata-se de memória explícita, de médio e longo prazos, relacionada a eventos específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Relatar o que foi feito no último fim de semana é um típico exemplo de memória episódica. Ela corresponde a eventos específicos e concretos, comumente autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento e local. Refere-se, assim, à recordação consciente de fatos reais.
13. Memória semântica
- Esse tipo de memória se refere ao aprendizado, à conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos e conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo). Assim, conhecimentos como a cor do céu (azul) ou de um papagaio (verde), ou quantos dias há na semana (sete), são de caráter geral e se cristalizam por meio da linguagem, ou seja, também são de caráter semântico.
FASES OU ELEMENTOS BÁSICOS DA MEMÓRIA:
· Codificação: captar, adquirir e codificar informações. A codificação é o processo inicial da memorização. Ela depende muito da atenção.
· Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno. Reconhecimento é a capacidade de identificar uma informação apresentada ao sujeito com informações já disponíveis na memória de longo prazo.
· Evocação: também denominada de lembranças ou recordações; é fase em que as informações são recuperadas para distintos fins. A capacidade de acessar os dados fixados, seria a etapa final do processo de memória.
TIPOS DE AMNÉSIA
1. Amnésias dissociativas (ou psicogênicas):
- Há perda de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter valor psicológico específico (simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, uma fase ou um evento de sua vida (que teve um significado especial para ele), mas consegue lembrar de tudo que ocorreu “ao seu redor”. É quase sempre uma amnésia retrógrada (ver adiante). A amnésia dissociativa pode surgir em sequência a um episódio de trauma emocional e/ou relacionadaa fuga dissociativa (quando o indivíduo foge de sua casa, em estado dissociativo).
2. Amnésias orgânicas:
- A perda de memória é geralmente menos seletiva, em relação ao conteúdo emocional e/ou simbólico do material esquecido, do que na amnésia psicogênica. Em geral, perde-se primeiramente a capacidade de memorização de fatos e eventos recentes, e, em estados avançados da doença (geralmente demência), o indivíduo passa gradualmente a perder conteúdos mais antigos
3. Retrógrada:
- O indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início do transtorno (ou trauma). Sua ocorrência, sem amnésia anterógrada, é observada em quadros dissociativos (psicogênicos), como a amnésia dissociativa e a fuga dissociativa. 
4. Anterógrada:
- O indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. Por exemplo, ele não lembra o que ocorreu nas semanas (ou meses) seguintes a um trauma cranioencefálico. A amnésia anterógrada é um distúrbio-chave e bastante frequente na maior parte dos distúrbios neuro cognitivos, transtornos de base orgânica.

Continue navegando