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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO ANTIGUIDADE – MESOPOTÂMICOS, EGÍPCIOS, FENÍCIOS E HEBREUS: SOCIEDADE, ECONOMIA, POLÍTICA E RELIGIÃO ............................................................................................................................................................ 2 1. AS CIVILIZAÇÕES DA MESOPOTÂMIA .................................................................................................... 2 1.1 OS SUMÉRIOS ................................................................................................................................ 2 1.2 OS ACADIANOS .............................................................................................................................. 4 1.3 OS BABILÔNIOS .............................................................................................................................. 4 1.4 OS ASSÍRIOS ................................................................................................................................... 5 1.5 OS CALDEUS ................................................................................................................................... 5 2. EGITO ANTIGO ....................................................................................................................................... 6 3. FENÍCIOS ............................................................................................................................................ 8 4. HEBREUS ............................................................................................................................................ 9 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 ANTIGUIDADE – MESOPOTÂMICOS, EGÍPCIOS, FENÍCIOS E HEBREUS: SOCIEDADE, ECONOMIA, POLÍTICA E RELIGIÃO A criação da escrita correspondeu a uma condição diferenciada para alguns grupos humanos, pois os registros materiais dos pensamentos contribuíram para ampliar horizontes e preservar conhecimentos. As civilizações que primeiro entraram para esse universo dos povos com escrita viveram no Oriente, com destaque para Mesopotâmia e Egito. Essas civilizações apresentaram certos aspectos semelhantes em relação à sua organização política, econômica e social. Nesse sentido, podemos assinalar a estruturação de Estados teocráticos que revelam a importância dos sistemas religiosos no ordenamento social. Tais grupos humanos desenvolveram sistemas de irrigação do solo, constituindo cidades às margens dos rios. O esforço humano consistiu, entre outros aspectos, na realização da produção agrícola, garantindo a subsistência de populações que cresciam em ritmo acelerado (civilizações de regadio). O solo pobre tornou-se cultivável graças à capacidade do homem de modificar a natureza. Foi a necessidade de, por um lado, controlar a força das cheias para evitar a destruição e, por outro, a de irrigar o solo árido que possibilitou a união de diversas tribos que, organizando o trabalho coletivo, deram origem às primeiras civilizações. No caso do trabalho, havia uma obrigatoriedade controlada pelo Estado. As populações eram obrigadas a trabalhar em uma espécie de servidão coletiva ou de Estado. Quanto ao domínio territorial, a terra ficava sob o controle da organização estatal ou daquele que representava o topo da hierarquia desse Estado, normalmente associado à religião. 1. AS CIVILIZAÇÕES DA MESOPOTÂMIA Encontramos os primórdios da civilização escrita oriental na região que compreende as terras entre os rios Tigre e Eufrates, a chamada Mesopotâmia, que atualmente corresponde ao Iraque. Essa foi uma área aberta, por conta de suas características geográficas, a uma infinidade de grupos humanos que buscaram ali condições melhores para sua sobrevivência. Por isso, não é possível falar em uma civilização mesopotâmica, mas em civilizações, ainda que algumas comunidades tenham se destacado no conjunto dos povos e sejam mais frequentemente lembradas. Dentre essas, encontramos as comunidades dos sumérios, dos acadianos, dos babilônios, dos assírios e dos caldeus. 1.1 OS SUMÉRIOS Os Sumérios teriam sido os primeiros povoadores da Mesopotâmia. Não se sabe a origem certa desse povo, mas não se pode considerá-los semíticos ou arianos, grupos que marcaram o Oriente Próximo na Antiguidade. A civilização sumeriana desenvolveu-se na parte mais meridional da Mesopotâmia, próxima do Golfo Pérsico, por volta de 4 mil a.C. Eles criaram um sistema de escrita em tabletes de argila por meio de sinais na forma de cunha, daí essa escrita ser chamada de cuneiforme. Desenvolveram também uma arquitetura de tijolos, erguendo cidades como Ur, Uruk, Eridu e Lagash. Com autonomia política de umas em relação às outras, elas eram cidades-Estado governadas por chefes religiosos, os patesi. Em uma área pantanosa do sul os sumérios criaram sistemas de diques e barragens e construíram canais de irrigação que permitiram o desenvolvimento da agricultura. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 O regime periódico de cheias destes rios possibilitou, além da agricultura, o processo de sedentarização e a consequente revolução urbana, ocorrida na Baixa Mesopotâmia no início do III milênio a.C. As principais mudanças provocadas pela revolução urbana foram: • Sociedade dividida em camadas sociais e dirigida por uma elite política, militar e religiosa; • Imposição de tributos e construção de templos e edifícios públicos gigantescos; • Desenvolvimento do comércio e do artesanato; • Surgimento da escrita em função das necessidades comerciais. Com o processo de sedentarização do homem e com o surgimento da agricultura e das primeiras cidades, percebem-se algumas características comuns na organização das primeiras civilizações, conhecidas como Modo de Produção Asiático. Tais características são as seguintes: • A propriedade da terra é do Estado. A posse da terra é comunitária; • A base social era formada por comunidades aldeãs, com maioria composta de camponeses; • O grupo social dominante identificava-se com o Estado, pois exigia e arrecadava tributos; • Graças aos excedentes acumulados, o Estado podia realizar as grandes obras públicas. Além disso, eles produziram as primeiras leis da Mesopotâmia de que se tem notícias, como a Lei do Talião, mais tarde absorvida no código de Hamurabi. Essa lei afirma que uma ofensa deveria ser paga pelo ofensor na mesma medida de seu crime, por isso a expressão que dizia “olho por olho, dente por dente”. Acrescente-se a essa literatura jurídica o livro mais antigo de que se tem notícia, criado pelos sumérios: a Epopeia de Gilgamesh. Essa obra fornece a visão de mundo fatalista existente naquela cultura, ou seja, vai contra a ideia de imortalidade ou de transcendência após a morte. Outro aspecto relevante diz respeito aos mitos constituídos que pretendiam dar conta da natureza e das limitações das ações humanas. Nesse sentido, a origem do mundo, a história da Criação, foi contada levando em consideração as fases da lua, mais precisamente sua mudança de sete em sete dias. Disso conclui-se que o mundo havia sido feito em seis dias e, no sétimo, os deuses descansaram. Relato semelhante é encontrado no Antigo Testamento dos hebreus. Além disso, a própria história do dilúvio faz parte da literatura suméria. É importante lembrar que, de acordo com a historiografia, Abraão, pai do povo hebreu, teria saído de Ur, cidade suméria, para a região da Palestina. Assim, ele teria levado consigo um relato de origem suméria, que passou para seus descendentes que, depois, fixaram-no na Bíblia. Devido à sua fertilidade, a Mesopotâmia foi dominada por diversos invasores, mas foram os sumérios que lançaram as bases da civilização na região. As várias invasões de outros grupos encontraram elementos culturais preexistentes dessa cultura e acabaram por absorvê-los. Por isso encontra-se o mesmo tipo de arquitetura e de escrita entre os habitantes da Mesopotâmia, além do compartilhamento de mitologias e princípios de justiça. A unificação política da Mesopotâmia ocorreu pela primeira vez com o rei Sargão I, de Acad, ao dominar as cidades-Estado sumérias. Seu império foi, no entanto, destruído pelo povo guti. Por volta de 2 mil a.C. a região foi conquistada e unificada por um povo semita chamado amorita. Esse povo fundou a Babilônia e estabeleceu ali a capital de seu império, inaugurando a segunda fase importante da civilização do Tigre-Eufrates. O soberano principal do Império Babilônico foi Hamurabi, que compilou, com base em leis anteriores, o primeiro código de leis https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 escritas. Em seguida, os assírios, da região montanhosa do norte da Mesopotâmia, dispondo de superioridade militar (cavalo, carro de guerra, etc.) e derrotando os inimigos pelo terror, dominaram o Primeiro Império Babilônico por volta de 1300 a.C. Foram, por sua vez, destruídos em 612 a.C. por uma coligação entre caldeus e medos do planalto do Irã. O Império Caldeu ou Segundo Império Babilônico teve vida curta. Seu principal soberano foi Nabucodonosor, que conquistou o reino de Judá e construiu os jardins suspensos. Seu império foi conquistado em 549 a.C. por Ciro, rei dos persas. 1.2 OS ACADIANOS Os acadianos eram povos semitas e assim ficaram conhecidos por terem fundado uma cidade ao norte de Sumer denominada Acad, por volta de 2550 a.C. O fundador de Acad e seu principal líder foi Sargão, o Antigo. Esse primeiro Sargão empreendeu a conquista das cidades sumérias ao sul, estabelecendo a primeira unidade política da Mesopotâmia, o Império Acadiano. Os conquistadores acabaram assimilando a cultura suméria e ampliando a capacidade de produção agrícola entre os rios Tigre e Eufrates. As conquistas foram sendo ampliadas, configurando uma vasta extensão territorial que chegou a atingir o Mediterrâneo com vários povos sendo tributários do Império Acádio-Sumério. A rapidez das conquistas só teve equivalência à rapidez da derrocada desse império, pois, após aproximadamente um século, os gutis, povos nômades originários do Monte Zagros no norte, atacaram as forças acadianas, causando a desordem daquela organização política. Em meio à anarquia, os amoritas e os elamitas (outro grupo semita) invadiram a região, constituindo um centro de poder: a cidade da Babilônia. A respeito dos acadianos, pode-se assinalar ainda que estabeleceram grande poderio militar associado à religião que ainda não havia sido experimentado pelos sumérios. O rei guerreiro era visto como uma entidade divina, sendo, por isso, cultuado. Além disso, a língua acadiana tornou-se padrão de comunicação entre os povos da Mesopotâmia, uma língua semita que deu suporte, com a adoção da técnica cuneiforme suméria, à constituição de leis e a uma literatura em que eram sistematizadas novas narrativas míticas ordenadoras da vida coletiva. 1.3 OS BABILÔNIOS Os amoritas, semitas originários do sul do deserto da Arábia, ocuparam a região central da Mesopotâmia, estabelecendo-se na Babilônia. Desse lugar, começaram a empreender conquistas sobre grupos humanos localizados nas proximidades. Foram séculos de agitação e de campanhas militares até que o rei da Babilônia, Hamurabi, tornou-se imperador da Mesopotâmia, estendendo seus domínios do sul ao norte. Seu reinado (1728-1686 a.C.) foi marcado pela unificação política e jurídica ao consolidar leis em um código que recebeu seu nome. A justificativa desse ordenamento também foi realizada, como no caso dos acádios, de forma religiosa. Hamurabi teria recebido dos deuses aquele código. Escrito com base no princípio do Talião, o código possibilita compreender, pelo conjunto de leis, a diversidade socioeconômica existente na Mesopotâmia à época do Império Babilônico. Menções à família, à agricultura, ao trabalho na conservação de diques/barragens, ao comércio de artigos artesanais e à posse de animais revelam a teia de relações complexas tecida pela sociedade mesopotâmica. Os sucessores de Hamurabi não conseguiram preservar a unidade política mesopotâmica em razão das invasões de outros grupos: os cassitas e os hititas. Além disso, agitações no sul promoveram a emancipação da região suméria. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 1.4 OS ASSÍRIOS Por volta de 1300 a.C., em meio às agitações, os assírios, povo da parte mais setentrional da Mesopotâmia, iniciaram um processo de conquistas militares, construindo um novo império na região. Vários reinos foram subjugados pelos assírios e o centro de poder mesopotâmico dirigiu-se para o norte. Cidades como Nínive, Assur, Kalakh e Dur Sharrukin destacaram-se entre as demais e superaram Babilônia – que entrou em decadência. Os assírios constituíram um dos maiores impérios até aquele momento, incorporando territórios da Palestina, da Fenícia e do Egito. Além disso, estenderam seus domínios até a foz dos rios Tigre e Eufrates. O Império Assírio esteve associado a uma política de intolerância em relação aos povos conquistados. Muitos relatos da escrita cuneiforme demonstram a violência praticada pelos assírios no momento da conquista com o objetivo de destruir os símbolos de poder do povo vencido e inaugurar seu ordenamento nas áreas atingidas. Disso decorreram muitas rebeliões dos povos submetidos e instabilidade em meio ao poder das cidades de Assur e Nínive. Quando os povos se revoltavam, os assírios dispersavam tais populações nas terras imperiais para evitar novos levantes, isso foi denominado diáspora. Um dos povos que sofreram a diáspora conduzida pelos assírios foi o hebreu que habitava o reino de Israel, em 722 a.C. Embora marcados pelo caráter guerreiro, os assírios conduziram um império em que as atividades comerciais foram desenvolvidas, intercâmbios variados aconteceram e promoveram-se alguns conhecimentos importantes como os desenvolvidos no campo matemático. Além disso, houve a incorporação da literatura babilônica de substrato sumério e bibliotecas foram formadas no norte, garantindo conhecimentos sobre os povos submetidos. Sendo um povo de origem semita, os assírios possuíam elementos culturais próximos aos dos babilônio, o que não dificultou a assimilação da legislação babilônica e dos rituais religiosos. Deuses eram compartilhados como Marduk, Shamash, Ea, Ishtar, Sin e Aru, além da escrita cuneiforme. O império assírio, depois de alguns séculos de existência, sucumbiu às investidas dos medos que se associaram aos antigos babilônios, dando origem ao povo caldeu. O chefe babilônico Nabopolassar e o rei dos medos, Ciaxares, uniram-se no combate ao domínio assírio e constituíram um novo império. Em 612 a.C., Nínive caía nas mãos de Nabopolassar, encerrando a história do poder assírio. 1.5 OS CALDEUS Os caldeus organizaram um império mais poderoso que o dos assírios: conquistaram o Reino de Judá, aprisionaram o povo hebreu e o levaram para a Babilônia, episódio bíblico conhecido como Cativeiro da Babilônia, em 586 a.C. Nabopolassar teria inaugurado essa nova organização política, cujo centro de poder voltava a ser a cidade da Babilônia, daí o império ter sido conhecido por neobabilônico (ou Segundo Império Babilônico). Seu maior governante foi Nabucodonosor II (604-561 a.C.), o imperador que conquistou Jerusalém e estaria associado à construção dos jardins suspensos da Babilônia. Também foi reconstruído o Zigurate de Etemenanki, que dera origem ao episódio bíblico da Torre de Babel. O império de Nabucodonosor não resistiu muito tempo após a sua morte. Em 539 a.C., ele foi submetido pelo chefe dos persas, Ciro. O povo persa havia conseguido anos antes sua autonomia em relação aos medos que dominaram o planalto do Irã. Logo depois ocorreu o controle persa sobre toda aquela região e o homem que chefiou tal empreitada foi o mesmo que dominou a Mesopotâmia, dando início ao Império Persa e encerrando a experiência caldeia de poder na Babilônia. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 2. EGITO ANTIGO A história do Egito Antigo confunde-se com os primórdios das civilizações. Por muito tempo tal história foi uma incógnita para o Ocidente, apesar de os gregos, no mundo antigo, já terem feito, em seus escritos, referências a eles. Um dos fatores que criava obstáculos à aquisição do conhecimento da civilização egípcia antiga estava na dificuldade de se entender sua escrita. Apenas no século XIX, a escrita desse grupo humano foi decifrada por um francês chamado Jean-François Champollion, que estudou uma pedra com inscrições em grego e em hieróglifos encontrada na região de Roseta. Desde então, todo esse universo foi sendo descortinado, permitindo aos historiadores melhor compreensão dos quadros de vida, de espiritualidade, de organização política, de produção material e tecnológica dos antigos egípcios que se desenvolveram no vale do rio Nilo. Além disso, estudos envolvendo a cultura material egípcia têm ajudado muito na elaboração de interpretações abrangentes de um universo social rico em representações do mundo e interações com a natureza. A história do Egito Antigo é um recorte espaço-temporal que compreende parte do Crescente Fértil, mais precisamente o nordeste da África e adjacências durante cerca de quatro mil anos antes do nascimento de Cristo. Durante esse período, foram organizadas várias dinastias e constituídos impérios cuja complexidade de organização demonstra a sofisticação civilizacional ali desenvolvida. A história do Egito Antigo foi objeto de várias representações fantásticas no mundo ocidental, que mais explicitam o olhar do Ocidente sobre o Oriente do que propriamente dão conta da complexidade das relações engendradas naquele universo social do vale do Nilo. O cinema, a literatura e as propagandas televisivas informam um mundo mágico, extremamente religioso, em que forças sobrenaturais agiam, exigindo dos homens dedicação plena. Não podemos dizer que isso foi uma simples fantasia do Ocidente, mas devemos considerar que, no mundo egípcio, não há separação entre natural e sobrenatural, que a mitologia não é pura transcendência do mundo material, mas está coligida a este mundo como uma estampa, como uma imagem significativa da própria natureza. Assim, há coesão entre aquilo que denominamos fantástico e o natural de tal forma que a comunidade humana se sente ajustada, harmonizada nas diferenças e compromissos assumidos por seus integrantes. Isso dá sentido ao termo civilização egípcia, pois é um ordenamento, mesmo havendo tensões no seio da sociedade. Dessa forma, mudanças dinásticas e conflitos pelo exercício do poder estão contemplados, de alguma forma, em sua religiosidade, em sua visão de mundo, sem que isso represente uma corrupção de certos princípios ordenadores da comunidade. A luta entre os deuses Seth e Osíris, a filiação divina ordenadora da trindade (Osíris, Isis e Hórus), o tempo da existência condicionado pelo deu Amon-Rá (Sol) são exemplos da variedade da própria natureza e de seu sentido. Além disso, os hieróglifos expressavam as diferenças, mas também a aproximação de todas as coisas. Eram sinais que correspondiam à própria ordem do mundo, de sua diversidade, sem, contudo, deixar de representar as derivações das coisas em uma teia que envolvia todos os seres. Assim, percebia-se um universo que encerrava deuses, homens e natureza que se refletiam em derivações sucessivas. Daí a dificuldade do Ocidente em entender o mundo antigo egípcio, pois o olhar ocidental já está marcado pela dissociação entre religião e ciência, sobrenatural e natural, entendidos como polos opostos. Nosso olhar interroga as expressões de vida do mundo egípcio definindo seu caráter como sobrenatural, místico, religioso, sem entender as múltiplas relações constituídas naquela sociedade, que estamparam uma simbologia que referendava a organização de sua comunidade. O que a mídia normalmente veicula sobre o Egito Antigo corresponde a uma egiptomania, a uma espécie de fantasia ocidental sobre o Oriente, em especial, sobre o Egito. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 A economia egípcia estava intimamente ligada a uma estrutura social de inspiração religiosa. Agricultura e pecuária eram complementadas pela pesca e pela caça. A economia egípcia era centralizada. O Estado era proprietário dos meios de produção, incluindo terras e instrumentos de trabalho. Os camponeses, organizados em comunidades, recebiam terras para o cultivo, pagando tributos em produtos e trabalho. As atividades produtivas no Egito Antigo configuram divisões no interior da sociedade e estabeleceram um ordenamento pautado por noções míticas expressivas das condições naturais. Os excedentes recolhidos eram depositados em grandes armazéns pertencentes ao Estado. A distribuição não era igualitária. A fatia maior cabia aos altos funcionários, escribas, sacerdotes, artesãos qualificados e outros. Por último, era distribuída a ração aos trabalhadores braçais. A sociedade egípcia era hierárquica e de limitada mobilidade social. No alto da pirâmide estava o faraó, considerado um deus vivo. A seguir, vinham os nobres, os altos funcionários, os sacerdotes, os militares, os escribas, que compunham a classe dominante. Os artesãos, os trabalhadores comuns e os camponeses livres (a maioria da população) formavam uma classe intermediária e, finalmente, havia os escravos, que constituíam a base da pirâmide social. As origens da escravidão egípcia eram a captura, a guerra, o comércio, a prole dos escravos e o tributo das regiões dominadas, que incluía cativos. O tratamento recebido por estes escravos variava muito: os escravos domésticos, os artesãos e os artistas recebiam melhor tratamento; o mesmo não acontecia com os escravos que trabalhavam nas minas e pedreiras. Comparativamente a outros povos da Antiguidade a situação da mulher egípcia era boa. Ela tinha personalidade jurídica, podia adquirir propriedade, legar bens e fazer testamentos. Os egípcios valorizavam a família, daí o respeito e consideração por suas mães. O adultério era punido com severidade. Quanto ao casamento, predominava a monogamia. Já o faraó podia ter várias esposas, inclusive era comum a prática da endogamia, ou seja, casar-se com alguém do seu grupo familiar como, por exemplo, uma irmã. Em relação à formação do Estado egípcio, populações seminômades, bandos de caçadores e coletores de alimentos ocuparam o Vale do Nilo há aproximadamente 10 mil anos. Essas populações, aproveitando a irrigação natural provocada pelas enchentes do Nilo, iniciaram o cultivo de plantas, desenvolvendo uma agricultura rudimentar, e começaram também a domesticar animais. Assim, foram se sedentarizando, constituindo aldeias; da reunião de aldeias, nasceram os nomos. Os nomos eram independentes entre si, mas havia cooperação econômica entre eles, notadamente quando se tratava da construção de grandes obras. O nomarca era, ao mesmo tempo, rei, juiz e chefe militar. Foi nesse período, que os egiptólogos chamam de Pré-Dinástico, que os egípcios teriam inventado um sistema de escrita, os hieróglifos, e um calendário solar. Nessa época, a agricultura converte-se na principal atividade dos egípcios. Os métodos de cultivo foram aperfeiçoados. O trabalho coletivo, visando domesticar as águas do Nilo, tornou-se cada vez mais necessário. Em torno de 3.500 a.C., com a progressiva reunião dos nomos, formaram-se dois reinos: o do Baixo Egito, na região do delta do Nilo; e o do Alto Egito, no Vale do Nilo. Acredita-se que, por volta de 3 mil a.C., Menés, que governava o Alto Egito, conquistou o Baixo Egito, unificando o país. A capital ficava em Tínis. Mais tarde, a partir da III Dinastia, a capital foi transferida para Mênfis. O rei, chamado depois de faraó, governava como senhor absoluto. Todo o Egito era considerado sua propriedade. Para reforçar o seu prestígio, haviam- no divinizado e proclamado “grande deus”. O faraó governava apoiado num imenso aparelho de funcionários. Subordinavam-se ao soberano os nomarcas, os escribas e os militares. O Estado egípcio era uma monarquia despótica de origem divina, baseado na servidão coletiva dos camponeses. A ideologia religiosa era dominante, influenciando a vida econômica, política e cultural, daí dizer-se também que era um Estado Teocrático. Com a ascensão de Amenófis IV, por volta de 1372 a.C., ocorreram mudanças profundas. Casado com Nefertiti, que muito o influenciava, ele, objetivando liquidar o poderio crescente do clero tebano que cultuava o deus Amon, realizou uma reforma religiosa, instaurando uma https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 crença monoteísta dedicada ao deus Aton, representado pelo disco solar. Mudou seu nome para Akhenaton e construiu uma nova capital, Akhetaton. O culto passou a ser realizado na presença dos fiéis, o faraó tornou pública sua vida familiar e ficou indiferente à política externa. A imposição da nova religião desagradou a muitos. Akhenaton tomou medidas repressivas e o país mergulhou em uma guerra civil. Não se sabe se o “faraó herético” morreu de morte natural, ou foi assassinado. É bem provável que a proposta de reforma religiosa de Amenófis IV objetivasse o aumento do poder pessoal do monarca e a consequente diminuição da influência política dos sacerdotes sobre a sociedade egípcia. A reforma não foi bem sucedida, logo após a morte do faraó, os cultos politeístas foram revigorados. Após a morte de Akhenaton, houve um curto período turbulento. No reinado do jovem Tutankamon, o clero tebano recuperou seus antigos privilégios. O enfraquecimento do poder central e as guerras prolongadas acarretaram sua decadência. Sob o comando de Assurbanipal o Egito foi devastado duas vezes pelos assírios. Em 525 a.C., no reinado de Psamético III, dilacerado por lutas intensas, foi invadido pelos persas. O rei persa Cambises venceu a Batalha de Pelusa, pondo fim à independência egípcia. Mais tarde os egípcios foram conquistados pelos macedônicos de Alexandre. Após a morte do conquistador, seus generais dividiram o império. Formaram-se os Reinos Helenísticos. O Egito coube a Ptolomeu. Eram os descendentes de Ptolomeu que governavam o país quando ocorreu a dominação romana. Mais tarde, ocorreu a dominação bizantina. 3. FENÍCIOS A Fenícia, que corresponde ao atual Estado do Líbano e parte da Síria, consistia em uma estreita faixa de terra, localizada entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do Líbano. Vivendo praticamente espremidos entre o mar e a montanha, os fenícios dedicaram-se, inicialmente, à pesca, à agricultura e à extração de madeira. Gradativamente, eles foram sendo impulsionados ao mar pela excelente localização geográfica que possuíam, desenvolvendo uma intensa atividade comercial no Mediterrâneo e se transformando nos melhores navegadores da Antiguidade. Localizados em uma privilegiada região de passagem de comerciantes de outras localidades, os mercadores fenícios dedicaram-se à exportação de vinho, azeite, pescados, tecidos e, principalmente, madeira. A madeira, matéria-prima abundante nas montanhas do Líbano, além de proporcionar um lucrativo comércio, foi utilizada na construção de embarcações. Os fenícios realizaram um intenso comércio marítimo por todo o Mediterrâneo, onde foram fundadas várias colônias, desde o Norte da África (Cartago) até a Península Ibérica (Cádiz). Todo esse rico comércio, contudo, foi disputado entre as próprias cidades-Estado fenícias. A organização política da Fenícia caracterizou-se pela descentralização administrativa; as cidades jamais constituíram um Estado unificado. Cada cidade possuía seu próprio regime de governo, independentemente das outras cidades fenícias. Por essa razão, as principais cidades-Estado – Ugarit, Biblos, Sidon e Tiro, principalmente as duas últimas – criaram um sentimento de rivalidade e disputa pelo domínio das principais rotas comerciais. As viagens marítimas permitiram o conhecimento das civilizações ocidentais e o contato com vários povos de língua e costumes diferentes, fato que influenciou no desenvolvimento da cultura fenícia. O grande destaque da produção cultural fenícia foi o desenvolvimento da escrita alfabética, a maior contribuição cultural deixada por essa civilização aos demais povos. Criado por volta de 2000/1500 a.C., o alfabeto fenício, composto por 22 letras, inaugurou o chamado sistema fonético. Diante da complexidade dos sistemas cuneiforme e hieroglífico, o alfabeto fenício representava, naquela época, um grande avanço, facilitando o domínio da escrita. Ele simplificou os modelos egípcio e mesopotâmico. Os fenícios tornaram a leitura e a escrita mais https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 acessíveis. Gradativamente, a escrita deixava de ser monopólio de uma minoria privilegiada para se tornar um importante instrumento de comunicação. Os fenícios sentiam a necessidade de utilizar um sistema simplificado de escrita em virtude do grande volume de transações comerciais realizadas com vários povos e da necessidade que os comerciantes tinham de registrar essas atividades. Os caracteres fenícios serviram para a constituição dos alfabetos grego, aramaico, latino e russo. A própria palavra alfabeto deriva das duas primeiras letras fenícias, alef (touro) e bet (casa), que se tornaram o alfa e o beta dos gregos. Quanto à religião fenícia, cada reino tinha os seus deuses oficiais: Baal (Senhor) e Baalat (Senhora) em Biblos, Adônis e Astartê; em Ugarit, Aleim e Anet; em Tiro, Melcart. Entre os fenícios existia um clero hierarquizado. O culto era realizado ao ar livre. Eram feitos sacrifícios de animais e até de crianças. Acreditava-se na vida além-túmulo e mumificava-se cadáveres. As artes fenícias nada tiveram de original. Em geral copiavam o que outros povos produziam. 4. HEBREUS Vimos que a Mesopotâmia foi o local de sedentarização de diversos povos que disputavam as áreas férteis próximas aos rios Tigres e Eufrates. Na mesma região teve origem a civilização hebraica. Embora originários da cidade de Ur, na Caldeia (sul da Mesopotâmia), os hebreus não se fixaram definitivamente naquela região. As primeiras tribos foram conduzidas pelo patriarca Abraão à região que corresponde atualmente à Palestina. Sob o ponto de vista religioso, esse movimento foi impulsionado pelas profecias de Abraão, líder dos primeiros clãs de origem hebraica. Utilizando a Bíblia como referência e principal documento de análise desse período histórico, é possível resgatar a vida nas antigas comunidades patriarcais dos hebreus. A busca por essa “terra prometida” ocorreu aproximadamente em 1800 a.C. e marcou o processo de busca dos hebreus por um território onde pudessem se fixar, pois, inicialmente, eles viviam de maneira seminômade, organizados em clãs patriarcais. Ao atingir Canaã, na Palestina, o povo hebreu enfrentou os antigos habitantes locais – cananeus e filisteus – travando com eles sucessivos confrontos pela posse da região. O território da Palestina é formado por uma pequena porção de terras férteis restrita apenas à costa do Mediterrâneo e às margens do rio Jordão, embora as narrações bíblicas apontassem “uma terra onde jorrava leite e mel”. Enfrentando muitas adversidades na região, os hebreus, forçados por um longo período de seca e, consequentemente, pela fome, migraram em direção ao vale do rio Nilo, no Egito. Entretanto, as dificuldades só aumentaram para o povo hebreu em terras egípcias, eles foram escravizados pelos egípcios durante o período em que diversos clãs de origem hebraica permaneceram naquela região do nordeste africano. A libertação da escravidão imposta pelos egípcios ocorreu por volta de 1250 a.C. quando, liderados por Moisés, os hebreus fugiram do Egito e retornaram à terra prometida. Essa fuga foi denominada Êxodo. Fugindo em direção à região leste do Nilo, os hebreus atravessaram o mar Vermelho e atingiram a Península do Sinai. Segundo as narrativas bíblicas, ao pé do Monte Sinai, Moisés recebeu as Tábuas da Lei ou Os Dez Mandamentos. Esse fato simbolizou a aliança do povo hebreu com Deus e promoveu a unificação política e religiosa da civilização hebraica. O Êxodo representou, portanto, a confirmação da unidade religiosa do povo hebreu, o qual se submeteu às leis de um Deus único (Javé ou Jeová). Além disso, o Êxodo também representa o início da criação do Estado de Israel. Após se perderem no deserto, sob a chefia de Josué, iniciaram a luta pelo controle da Palestina, a Terra Prometida. A morte de Josué causou o fracionamento do povo hebreu, resultando na formação de grupos, os quais eram conduzidos pelos juízes, que comandaram combates contra outros grupos semitas que viviam na Palestina. Essa foi uma fase de confrontos permanentes entre Hebreus e Filisteus. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 Dada a dificuldade de controle da região, os grupos foram se unindo em torno de homens que pudessem coordenar esforços para fixação definitiva na área. Nesse sentido, os hebreus passaram a viver o período dos reis. Davi teria sido o responsável por consolidar o controle de vastos territórios por meio de atividades militares, estendendo seus domínios às proximidades do rio Eufrates. Contudo, Salomão foi o rei mais poderoso dos hebreus. Em seu reinado, houve a intensificação do comércio, o estabelecimento de relações diplomáticas com outros grupos e a construção de obras públicas, entre as quais, seu grandioso templo. Após a morte de Salomão, os grupos hebreus começaram uma intensa disputa pelo controle político. Disso resultou uma divisão do reino em dois outros. As dez tribos do norte criaram o Reino de Israel e as duas do sul construíram o Reino de Judá. Esses reinos acabaram sofrendo domínios estrangeiros não durando muito tempo. O primeiro Reino a desaparecer foi o de Israel, conquistado pelos assírios em 722 a.C. A esse respeito, podemos afirmar que os assírios fizeram com que os hebreus se espalhassem pelo seu imenso império, episódio conhecido como Diáspora. Já o Reino de Judá foi dominado pelos caldeus conduzidos por Nabucodonosor II. O imperador caldeu aprisionou os hebreus e levou-os para a Babilônia, local em que tiveram que realizar trabalhos forçados. Esse episódio ficou conhecido como Cativeiro da Babilônia. Esses hebreus só foram libertados após a conquista da Babilônia pelo líder persa Ciro. É importante afirmar que as relações entre hebreus e persas foram cordiais e que o povo hebreu pôde voltar para a Palestina. Daí em diante ocorreram sucessivos domínios estrangeiros. Depois dos persas foi a vez de Alexandre Magno conduzir um império que uniu o Ocidente e o Oriente, envolvendo as terras palestinas. O encerramento do Império Macedônico, com a morte de Alexandre, fez a Palestina passar ao controle da última dinastia egípcia, a dos ptolomeus. Nesse interím, Roma já havia inaugurado sua trajetória rumo às terras orientais. Após a derrota de Marco Antônio e Cleópatra, última representante dos ptolomeus, Otávio, conhecido a partir daí como Augusto, passou a exercer plenos poderes em todas as terras, incluindo aí a região da Palestina. Em 70 d.C., em meio a conspirações dos hebreus contra o domínio romano, a decisão de Roma foi a realização de uma diáspora do povo hebreu. Deste então os hebreus ficaram espalhados pelo mundo, mas preservaram suas tradições, sua história e sua identidade na Bíblia. O monoteísmo judaico influenciou o aparecimento de outras importantes religiões monoteístas, constituindo a base de fundamentação do cristianismo e do islamismo. Pode-se considerar a religião o mais importante legado dos hebreus às sociedades contemporâneas. Politicamente, os hebreus tiveram três importantes períodos e neles os seus principais representantes: • Patriarcado: Abraão, Isaac, Jacó, José e Moisés; • Juizado: Otoniel, Gedeão, Jefté, Sansão e Samuel; • Reinado: Saul, Davi e Salomão. No século XIX surge o movimento sionista, que inicia o processo que criará na Palestina o Estado de Israel. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO ANTIGUIDADE: A GRÉCIA ANTIGA ..................................................................................................................... 2 1. GRÉCIA PRÉ-HELÊNICA ........................................................................................................................... 2 1.1 CRETENSES ..................................................................................................................................... 2 2. O PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO .................................................................................................................. 3 3. O PERÍODO HOMÉRICO ......................................................................................................................... 3 4. O PERÍODO ARCAICO ............................................................................................................................. 4 5. ESPARTA ................................................................................................................................................ 4 6. ATENAS .................................................................................................................................................. 5 6.1 O PERÍODO CLÁSSICO: DEMOCRACIA EM ATENAS ........................................................................ 5 7. GUERRAS MÉDICAS ................................................................................................................................ 6 8. O PERÍODO HELENÍSTICO: IMPÉRIO MACEDÔNICO .............................................................................. 7 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 ANTIGUIDADE: A GRÉCIA ANTIGA A Grécia Antiga, chamada Hélade pelos antigos gregos (daí helenos), abrangia o sul da península Balcânica (Grécia Continental), as ilhas dos mares Egeu e Jônio (Grécia Insular) e o litoral da Ásia Menor (Grécia Asiática). A Grécia Continental é montanhosa no interior e tem um litoral recheado de golfos e baías. Os solos são pobres. A pecuária desempenhou um papel relevante na economia. A agricultura era praticada nos vales e nas encostas das montanhas. Na Grécia Insular destacaram-se as ilhas de Creta, Eubeia, Delos e Lesbos. As dificuldades econômicas, aliadas a um litoral favorável, fizeram com que os gregos se lançassem ao comércio marítimo e ocupassem o litoral da Ásia Menor. 1. GRÉCIA PRÉ-HELÊNICA O período mais antigo da história grega nos remete à ilha de Creta, local de desenvolvimento da civilização cretense ou minoica, e à cidade de Micenas, centro principal da civilização micênica. Cronologicamente, esse período que se estende até 1100 a.C. e é denominado de Grécia Pré-Helênica pois indica o processo histórico anterior à chegada dos invasores indo-europeus responsáveis pelo crescimento populacional e pelo povoamento do território grego. 1.1 CRETENSES A história da civilização cretense é resgatada a partir das escavações arqueológicas na ilha de Creta, realizadas no início do século pelo pesquisador inglês Arthur Evans. A partir de seus estudos foi descoberto no palácio de Cnossos, o Labirinto – pertencente ao lendário rei Minos. A lenda de Minos conta que o rei, filho de Zeus, controlou o Mediterrâneo e colonizou vários povos, submetendo-os ao seu domínio. Minos era casado com Pasífae, filha do Sol, a qual fora tomada de uma súbita paixão por um touro sagrado, saído do mar. Relacionando-se com o animal, Pasífae deu à luz um animal, metade homem, metade touro, chamado Minotauro. Certa vez, Teseu, filho do rei ateniense, convenceu seu pai a inclui-lo na remessa anual de vítimas. Ao chegar à ilha e Creta, o jovem conquistou o amor de Ariadne, filha do rei Minos e, com sua ajuda, conseguiu matar o Touro de Minos. Acredita-se que a lenda teria sido utilizada pelos gregos para expressar a submissão dos atenienses à supremacia cretense sobre o mar Egeu, embora existam objeções a esse respeito. Há controvérsias também quanto ao significado do termo Minos: para uns teria sido um rei de Creta; para outros teria sido utilizado para designar uma dinastia ou um título honorífico. O labirinto representava o próprio palácio de Cnossos e o touro consistia no símbolo sagrado da civilização cretense. Os jovens enviados anualmente ao labirinto expressavam a pesada carga de impostos exigida pelo rei; e a vitória de Teseu sobre o Minotauro significou, nesse contexto, a libertação de Atenas do domínio cretense. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 2. O PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO Essa fase da história grega corresponde às invasões dos jônios, aqueus e eólios que assimilaram os elementos da civilização minoica e, posteriormente, da micênica. Houve também o domínio sobre antigos habitantes da região balcânica, conhecidos por pelágios, parentes dos anatólios da ilha de Creta. As organizações humanas daí derivadas estabeleceram domínios iniciados por núcleos urbanos onde a produção era compartilhada pelos grupos aparentados. Guerras faziam parte do cotidiano em que se disputavam terras e homens para o trabalho forçado. Apesar das guerras, é nesse período que se encontra um amalgama de contribuições variadas que definiram o que se denomina antropocentrismo grego. O final desse período esteve associado a novas invasões realizadas pelos dórios. Tais ataques produziram, entre outros aspectos, a diáspora dos povos já estabelecidos, configurando um movimento de novas colonizações nas terras que margeavam o Mediterrâneo oriental e ocidental. Isso não só difundiu a cultura grega para outros espaços, contribuindo com novos arranjos no interior dos grupos humanos, mas também representou uma modificação política, pois a dispersão limitou o ordenamento político-social no interior dos genos. Os genos eram grupos familiares nos quais toda a produção era dividida entre seus membros e a autoridade era exercida pelo pai da família, líder inquestionável, que conduzia o culto aos ancestrais e que permitia, entre outros aspectos, a manutenção da unidade e a colaboração entre seus integrantes. Iniciava-se aí, a fase homérica. Os dórios sobressaíram-se, entre outros aspectos, por terem desenvolvido armas de ferro, enquanto aqueus e eólios conheciam apenas o bronze. Isso representou o fim da Idade do Bronze do mundo grego. 3. O PERÍODO HOMÉRICO Essa fase conheceu inicialmente um retrocesso significativo, pois o comércio foi interrompido, as trocas foram dificultadas e a escrita foi abandonada. Era a Idade do Ferro instituída pelos dórios. Grupos de aqueus, eólios e jônios buscaram refúgio em terras mais orientais da região balcânica e chegaram a ocupar a Ásia Menor, deslocando também seus interesses para a área do Helesponto, região em que arqueólogos encontraram as ruínas de uma cidade que consideraram ser a antiga Troia. Sabe-se que relatos fantásticos associados a essa cidade contribuíram para a consolidação da cultura grega, também conhecida como helênica. As obras atribuídas a Homero, Ilíada e Odisseia, teriam representado a cristalização de um conjunto dessas histórias fantásticas que colocavam o ser humano como pertencente a uma raça de heróis. Há nisso a afirmação de uma virtude característica ou de uma ideal humano que se expressa na capacidade de vencer obstáculos. Enquanto essa cultura foi sendo forjada em cantos que rememoravam ou construíam um passado mítico, as organizações gentílicas passaram por um processo de desagregação, pois a população crescia e os recursos eram menores. Havia ruptura do modelo de produção e distribuição comunal e a introdução da instituição da propriedade privada que beneficiava alguns. Da desestruturação dos genos, depois de um período de agitações, houve a afirmação de frátrias hierarquizadas, de tribos e, por último, a formação da polis. A cidades-Estado inauguraram uma nova fase da história grega em que as divisões sociais ficaram mais nítidas e se afirmava um poder aristocrático em detrimento do igualitarismo que havia inaugurado a fase homérica. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 4. O PERÍODO ARCAICO A fase arcaica representou o momento de organização das cidades-Estado. Instituições políticas foram concebidas e, assim, os homens considerados iguais (cidadãos) podiam discutir os assuntos comuns e tomar decisões reunidos em uma praça (Ágora). Como cada cidade tinha o poder de se governar, as decisões tomadas por uma polis eram distintas das tomadas pelas outras. Isso caracterizou a diversidade do mundo grego, o que significa dizer que, embora compartilhassem de uma visão de mundo comum, algo que permitia uma relativa proximidade, havia na história de cada polis um espaço para a diferenciação no interior da Hélade. Nesse sentido, reconhecem-se as cidades de Esparta e de Atenas como exemplos claros dessa diversidade. Na economia predominou a prática da agricultura, com destaque para a produção de cereais e produtos típicos do Mediterrâneo como o vinho e o azeite. Mas o crescimento populacional e o processo de apropriação privada da terra impulsionaram os gregos ao mar, à conquista de colônias e ao desenvolvimento de um intenso comércio marítimo. A geografia grega apresenta um relevo irregular e montanhoso, portanto, apesar das terras de boa qualidade e do clima favorável à produção agrícola, a terra tornou-se escassa para uma população em crescimento viver apenas da atividade agrícola. Assim, ocorreu o processo de colonização e povoamento de diversas ilhas no litoral da Ásia Menor, sul da península Itálica e norte da África. Muitas cidades-Estado gregas tornaram-se grandes metrópoles (Mileto, Corinto, Foceia, Megara), dominando diversas colônias pelo Mediterrâneo (Nápoles, Tarento, Siracusa, Bizâncio etc.). Em geral, as colônias gregas (apoikia: lar distante) eram independentes em relação à metrópole, mas também havia o emporium, espécie de estabelecimento comercial, subordinado a ela. 5. ESPARTA A antiga cidade-Estado de Esparta ocupava uma ampla área territorial que abrangia as regiões da Lacônia e da Messênia. A vida aí ficou marcada por um regime oligárquico e pelo militarismo, política adotada pela elite espartana excessivamente preocupada em formar um grande exército. A sociedade era escravista, ou seja, fundamentada na exploração do trabalho escravo. Dessa forma, a elite não precisava se ocupar das atividades econômicas, podendo se dedicar exclusivamente às práticas militares. A sociedade espartana estava dividida basicamente em três grupos: • Espartanos ou esparciatas: detentores da propriedade privada, a elite rural; • Periecos: comerciantes e artesãos; • Hilotas: escravos públicos. O regime oligárquico espartano era comandado por dois reis. Um dos monarcas tinha função militar e outro possuía função administrativa. Para controlar a ação dos reis havia a gerúsia, conselho de anciãos, formada por influentes espartanos com mais de 60 anos, chamados de gerontes. Havia também o conselho dos éforos, cinco conselheiros eleitos anualmente e a ápela, uma assembleia para apreciação e aprovação das leis. Para atender ao ideal militarista da sociedade, a educação espartana era voltada para a guerra. As crianças do sexo masculino permaneciam com seus pais apenas até os sete anos. A partir dessa idade, os meninos eram entregues ao Estado para que este cuidasse de sua https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 educação, voltada à preparação militar. Os principais ensinamentos dos jovens da elite espartana estavam voltados à guerra, à força, à bravura e à disciplina. O controle do Estado se manifestava desde o nascimento, quando as crianças eram examinadas pelos éforos. As crianças que apresentassem alguma deficiência física que impedisse sua formação militar eram sacrificadas. Por isso, exigia-se da mulher espartana a prática de exercícios físicos e a participação em jogos e competições esportivas para que pudesse gerar filhos fortes e saudáveis. Tal fato nos permite concluir que a mulher em Esparta gozava de um pouco mais de liberdade e participava mais ativamente da sociedade quando comparada à mulher ateniense. Sabe-se, inclusive, que à mulher espartana era atribuída a tarefa de administrar o patrimônio familiar quando da ausência do marido, que frequentemente se encontrava em guerras. 6. ATENAS Com um perfil diferente da sua rival Esparta, a cidade de Atenas, localizada na Península da Ática, obteve destaque em virtude do regime político democrático adotado a partir do final do século VI a.C. A sociedade ateniense era assim constituída: • Eupátridas: “bem-nascidos”, aristocracia detentora da propriedade e do poder político; • Geomores: pequenos proprietários rurais; • Demiurgos: comerciantes e artesãos; • Metecos: estrangeiros, mesmo sendo homens livres não eram considerados cidadãos; • Escravos: prisioneiros de guerra ou endividados. A sociedade ateniense era essencialmente masculina, além de não ter direito à cidadania, a mulher não participava da sociedade. Esperava-se que elas preparassem a comida, dirigissem a casa e se conservassem à distância. Deviam ficar em casa e caladas, totalmente subordinadas ao marido. As jovens atenienses viviam confinadas nos gineceus, uma parte da habitação reservada ao sexo feminino, onde elas aprendiam com as mães a se tornarem boas esposas. As meninas se casavam muito cedo, geralmente entre 14 e 16 anos, com um noivo escolhido pelo seu pai. 6.1 O PERÍODO CLÁSSICO: DEMOCRACIA EM ATENAS Gradativamente, a camada excluída da sociedade ateniense foi exigindo seus direitos políticos. Pressionados, os eupátridas foram obrigados a atender a algumas das reivindicações populares. Em torno de 594 a.C., Sólon, representante do partido popular, impôs algumas reformas econômicas. Ele proibiu a escravidão por dívidas e suprimiu o direito de primogenitura, entre outras determinações. Entretanto, Sólon conseguiu descontentar tanto os eupátridas quanto a maioria dos cidadãos, iniciando uma fase de ferrenhas disputas políticas que acabaram culminando com a implantação da tirania. A tirania – exercício do poder pessoal e autoritário – só chegou ao fim em Atenas quando Clístenes, em 506 a.C., após um longo período de revoltas sociais, reformou a legislação e introduziu o regime democrático. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 Os princípios básicos da reforma de Clístenes, que originou a democracia em Atenas, foram: concessão de direitos políticos para todos os cidadãos e participação direta dos cidadãos no governo. Apesar disso, a maior parte da população não possuía tal direito à cidadania. Os metecos, os escravos e as mulheres não eram considerados cidadãos, sendo assim, eram excluídos do processo de participação política. A cidadania só era concedida aos homens livres, maiores de 18 anos, filhos de pais atenienses e nascidos em Atenas. Clístenes instituiu, ainda, o ostracismo, no intuito de evitar atitudes tiranas. Aqueles que fossem considerados inimigos da democracia poderiam ser desterrados por 10 anos, perdendo seus direitos políticos. A educação em Atenas, diferentemente do que acontecia em Esparta, não era voltada exclusivamente à guerra. Embora os atenienses também se preocupassem com a formação militar, os jovens só serviam ao exército depois que completassem 18 anos de idade. Antes disso a família ateniense procurava garantir aos seus filhos uma formação intelectual formal, fundamentada nos valores cívicos, que lhes desse condições de se tornarem cidadãos aptos a exercerem seus deveres políticos. 7. GUERRAS MÉDICAS Os choques entre o expansionismo grego e persa na Ásia Menor acabaram provocando as Guerras Greco-Pérsicas, também chamadas Guerras Médicas. Dario I, imperador persa, desencadeou, em 492 a.C., a Primeira Guerra Médica. Em 490 a.C. o exército persa desembarcou a leste da Península da Ática, nas proximidades da planície de Maratona. A ofensiva das tropas persas foi, no entanto, contida pelo ateniense Milcíades, à frente de 10 mil hoplitas, na Batalha de Maratona. Xerxes, filho de Dario, em 480 a.C. desencadeou a Segunda Guerra Médica. As cidades gregas haviam formado uma simaquia, ou seja, uma aliança defensiva. Mesmo assim, a ofensiva persa foi avassaladora. Leônidas e os trezentos espartanos resistiram heroicamente até sua morte no desfiladeiro das Termópilas. Atenas foi incendiada, contudo, os gregos, comandados por Temístocles, obtiveram vitória na Batalha Naval de Salamina. A ofensiva grega se intensificou na Ásia. Nessas incursões destacou-se o ateniense Címon. O tratado de Susa ou Paz de Kalias, em 448 a.C., marcou o fim das Guerras Médicas: os persas reconheceram a hegemonia dos gregos no mar Egeu e prometeram não atacar mais a Grécia ou suas colônias na Ásia. Após vitória grega sobre os persas, Atenas liderou a chamada Liga de Delos, reunindo cidades gregas aliadas com o objetivo de fortalecer militarmente a Grécia. As cidades aliadas deveriam contribuir enviando recursos financeiros para Atenas. Os atenienses, no entanto, utilizaram esse recurso em benefício próprio e consolidaram a cidade de Atenas como um grande império marítimo e comercial. Desta forma, Atenas exerceu, em meados do século V a.C., a hegemonia sobre o mundo grego, o chamado Imperialismo Ateniense. Esparta e suas aliadas do Peloponeso não participaram da Liga de Delos e não aceitaram a hegemonia ateniense sobre o mundo grego. Os espartanos formaram a Liga do Peloponeso, contando com aliados de Tebas, Corinto e Megara, imbuídos de derrotar Atenas. A rivalidade entre as cidades gregas desencadeou a chamada Guerra do Peloponeso, conflito que se estendeu por 27 anos e terminou com a vitória de Esparta sobre Atenas no ano de 404 a.C., dando início à hegemonia de Esparta sobre o mundo grego. Atenas foi atingida pela peste, traída por Alcebíades e fracassou ao tentar tomar Siracusa. Finalmente, ela foi vencida pelos espartanos, que receberam ajuda financeira dos antigos inimigos persas e da esquadra de Corinto. O período de hegemonia espartana foi efêmero, pois as mesmas cidades que lutaram contra Atenas se voltaram também contra a hegemonia espartana e, lideradas por Tebas, venceram a antiga aliada na Batalha de Leuctras (371 a.C.). Em seguida, os tebanos são https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 derrotados pelos atenienses, em 362 a.C., na batalha de Mantineia, na qual morreu o célebre general tebano Epaminondas. Todo esse conflito envolvendo as principais cidades gregas teve como principal consequência o enfraquecimento militar do mundo grego. Ou seja, após décadas de intensos combates as cidades gregas estavam exauridas e o território vulnerável, abrindo caminho para as conquistas de Filipe II da Macedônia. 8. O PERÍODO HELENÍSTICO: IMPÉRIO MACEDÔNICO Situada ao norte da Grécia, a Macedônia foi, durante muito tempo, um pequeno reino. Filipe II, ao realizar, no século IV a.C., a centralização político-militar, lançou os fundamentos do Império Macedônico. Em 338 a.C., Filipe II conquistou a Grécia na Batalha de Queroneia. Dois anos mais tarde ele foi assassinado por um dos seus oficiais, sendo sucedido pelo seu filho Alexandre que, com apenas 20 anos de idade, herdou o trono imperial. Após dominar com muita energia várias revoltas de cidades gregas Alexandre lançou-se à conquista do Império Persa. Em 10 anos de batalhas espetaculares, fundou um dos maiores impérios de os tempos: da Macedônia ao oceano Índico, do Egito à Índia. Alexandre conquistou o mundo a fim de unificá-lo e levou à Ásia filósofos e engenheiros, que fundaram cidades helênicas por onde passaram as tropas vitoriosas. As consequências imediatas da política de Alexandre foram: • A circulação das riquezas asiáticas; • O desenvolvimento das relações Europa-Oriente, com ampliação das rotas comerciais e fundação de portos e cidades; • Fusão de povos; • Difusão da língua, da arte e do pensamento helênicos. Alexandre morreu repentinamente, na Babilônia (323 a.C.), com apenas 33 anos de idade. Após sua morte seu grandioso império se desintegrou devido às ambições de seus generais e também em função da falta de solidez desse efêmero império mundial. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO ANTIGUIDADE: A ROMA ANTIGA ....................................................................................................................... 2 1. ROMANOS ............................................................................................................................................. 2 2. MONARQUIA ROMANA ......................................................................................................................... 4 3. REPÚBLICA ROMANA ............................................................................................................................. 4 4. O IMPÉRIO ROMANO ............................................................................................................................. 7 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 ANTIGUIDADE: A ROMA ANTIGA 1. ROMANOS A cidade de Roma, como conta uma lenda, foi fundada em meados do século VIII a.C., quando os irmãos gêmeos Rômulo e Remo estabeleceram as bases de um aldeamento no topo do Monte Palatino. Com o passar do tempo a cidade foi crescendo, assim como os domínios dos romanos. Inicialmente, regiões da própria Península Itálica foram sendo conquistadas. Mais tarde praticamente todas as terras às margens do Mar Mediterrâneo foram incorporadas aos domínios de Roma. Uma das lendas mais conhecidas a respeito da fundação de Roma relata as façanhas desses dois jovens, Rômulo e Remo. Todavia, antes disso, muita coisa aconteceu. Na cidade de Alba Longa reinava Numitor, pai de Reia Sílvia e irmão de Amúlio. Sendo um homem muito invejoso, usurpou o trono de Numitor e determinou que a sobrinha ingressasse como sacerdotisa do templo da deusa Vesta. Ser vestal significava permanecer virgem, servindo e velando o fogo sagrado perpétuo do altar da deusa romana. O objetivo de Amúlio era impedir que sua sobrinha viesse a ter filhos, herdeiros em potencial do trono que ele havia roubado. Mas, de acordo com a lenda o deus Marte apaixonou-se por Reia Sílvia e os dois tiveram filhos gêmeos. Quando Amúlio ficou sabendo do nascimento das duas crianças, determinou que Reia Sílvia fosse enterrada viva e que os gêmeos fossem atirados ao Rio Tibre. O responsável por cumprir tão violenta condenação colocou-os em uma cesta e deixou que as águas do rio os carregassem. Os meninos sobreviveram, pois a cesta ficou presa em alguns galhos na margem do rio. Então uma loba os encontrou e as duas crianças foram amamentadas pelo animal. Um pastor chamado Fáustolo encontrou os garotos e passou a cuidar deles, dando-lhes os nomes pelos quais ficaram conhecidos: Rômulo e Remo. Os dois, já maiores, descobriram que Amúlio havia deposto o avô e mandado matar a mãe deles. Como vingança, decidiram destronar Amúlio, que acabou sendo assassinado. A cidade de Alba Longa voltou a ser governada pelo avô de Rômulo e Remo, que os autorizou a fundar uma cidade. Começou, assim, a disputa entre os dois irmãos, que não entraram em acordo a respeito de onde isso deveria ser feito. Decidiram, pois, aguardar um sinal divino. Recebido o sinal, Rômulo começou a demarcar o topo do Monte Palatino. Remo, contrariado, acabou brigando e sendo morto por seu irmão. As bases do que viria a ser a grandiosa cidade de Roma haviam sido lançadas. A lenda conta ainda que, para povoar de mulheres a cidade, foi organizada e oferecida uma festa aos povos vizinhos, os sabinos, e, nessa ocasião, suas mulheres foram raptadas pelos romanos. Entretanto, em vez de guerrearem entre si, que seria o esperado, sabinos e romanos, que na verdade eram descendentes dos latinos, uniram-se e tornaram-se os primeiros governantes de Roma. Não se sabe quanto da lenda é verdade, mas pesquisas arqueológicas indicam que, em meados do século VIII a.C., já havia algumas habitações e uma construção, que parece ter sido uma pequena muralha, na região do Monte Palatino. Tratar da história de Roma é encontrar outras referências fundamentais da constituição do mundo ocidental. Os romanos, juntamente com os gregos, formaram as bases de uma cultura antropocêntrica, racionalista e humanista, em que as instituições políticas, embora levassem em consideração as divindades, conferiram um papel importante ao homem como sujeito da história. A história de Roma foi dividida pelos historiadores tendo como critério as mudanças político-institucionais da cidade. É uma divisão comprometida com a compreensão das inovações no âmbito do poder que refletiram, de certa forma, as mudanças no interior da sociedade romana antiga e no universo produtivo, ou seja, no universo econômico daquele mundo dominado por Roma. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 A divisão referida é a seguinte: ➢ Monarquia (753-509 a.C.); ➢ República (509-27 a.C.); ➢ Império (27 a.C. – 476 d.C.). Os romanos foram o resultado da mistura de outros povos, provavelmente de latinos e sabinos. Eles também foram influenciados pelos etruscos, que têm origem na confluência das culturas oriental e grega. Eles fundaram cidades agrupadas em confederações e que eram governadas por reis. A influência etrusca se fez sentir na organização social romana, pois nos primeiros tempos a cidade era governada por reis, oriundos das famílias mais ricas e tradicionais da região, a gens (termo latino que designa família). Os membros da gens foram denominados patrícios, compondo o grupo de homens livres e detentores de direitos políticos. Os patrícios constituíam uma aristocracia de sangue, com antepassados comuns, daí seu nome “aqueles com pais”. Dependentes dos patrícios, os clientes, homens livres que não tinham propriedades ou riquezas, não contavam com direitos políticos e foram assim denominados em virtude da ligação que apresentavam com os patrícios: buscavam junto a eles proteção e trabalho. Entretanto, como a história de Roma se estendeu por vários séculos, com características políticas e econômicas que variaram de acordo com o período, alterações também ocorreram na organização da sociedade. Durante o período imperial, ser cliente de um patrício poderia ter vários significados. Um cliente poderia ser pobre ou rico, poderoso ou miserável, às vezes mais poderoso que o patrono ao qual saúda. Nestes casos, os objetivos dos clientes variavam: alguns ambicionavam a carreira pública e buscavam auxílio de seu patrono; outros eram comerciantes que viam no patrono um meio de acesso aos negócios políticos; alguns eram pobres-diabos, poetas, filósofos, ou seja, pessoas que consideravam o trabalho desonroso e viviam da ajuda financeira de seus patronos; e existiam pessoas simplesmente poderosas, mas que cobiçavam ser incluídas no testamento de um patrono rico e poderoso. Havia um grupo, bastante numeroso, daqueles que não eram nem patrícios nem clientes: os plebeus, homens livres que não desfrutavam das mesmas regalias que os patrícios, mas, assim como ocorrido com os clientes, a situação deles na sociedade mudou significativamente no decorrer do tempo. Aos poucos, os plebeus conquistaram certos direitos sociais e políticos. Uma parcela da sociedade romana era composta de escravizados. Seu número se alterou conforme a época, até que a escravidão foi gradualmente desaparecendo. Da mesma maneira que a quantidade de escravizados variou, também mudaram as maneiras de tratá-los. Nos primeiros tempos, apesar das duras condições, eles eram reconhecidos por seus senhores com certa benevolência. À medida que as riquezas afluíam a Roma, a relação entre escravizados e seus senhores tendeu a piorar. Havia três possibilidades de uma pessoa ser escravizada em Roma: • Por nascimento (no caso de filhos de escravizados); • Pelo fato de ser prisioneiro (nas guerras, os povos conquistados tornavam-se escravizados, podendo ser vendidos pelos vencedores); • Em virtude de dívidas (era a perda de direitos, nesse caso, a pena mais severa, capitis deminutio maxima – com ela, perdia-se a liberdade e a cidadania). Como o trabalho era visto como uma degeneração moral, pois “só quem trabalhava era a gentinha”, os escravizados atuavam nas mais variadas funções: aqueles do Estado, servi publici, eram empregados nos escritórios públicos, nos templos e na frota. Já os escravizados de https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 particulares, servi privati, podiam ser desde médicos e preceptores, passando por porteiros e cozinheiros, até gladiadores. Os homens de bem, por outro lado, exerciam apenas atividades de direção, já que a “única atividade digna de um homem livre” era o exercício de comando. 2. MONARQUIA ROMANA A monarquia foi a primeira forma de organização política que Roma conheceu. Não era para menos, afinal, a lenda da fundação da cidade refere-se a Alba Longa, que era governada pelo rei Numitor, depois destronado por seu irmão Amúlio. É provável que naquela época não se conhecesse outra forma de governo na região. Ser rei significava ser indicado pelos deuses, pois o rei não era uma pessoa qualquer. Talvez, história e lenda tenham se fundido e, juntas, serviram para consolidar o poder dos reis. E se foi isso mesmo o que aconteceu, o governo de Rômulo compartilhado com o rei dos sabinos, Tito Tácio, reforça a lenda da fundação de Roma, de acordo com a qual, para evitar maiores conflitos, os sabinos e os latinos alternaram-se no poder – pelo menos até o rei Tarquínio Prisco, que era etrusco, assumir o trono. Desde a fundação de Roma, em meados do século VIII a.C., a monarquia refletia os costumes das antigas tribos que habitavam a região, ou seja, baseava-se nas relações de parentesco. O patriarca, pater familias (chefe da família romana), destacava-se nesse sistema, já que tinha autoridade suprema. Por isso, na monarquia romana, o rei era também um pater, um chefe oriundo das principais famílias proprietárias de terras. Em outras palavras, pode-se dizer que a organização monárquica romana estava centrada na propriedade fundiária. Os reis romanos eram os grandes proprietários de terras que tinham; sob sua supervisão, vários clientes lhes davam sustentação política. Essa conformação política começou a mudar quando parte do poder dos patriarcas das poderosas famílias foi limitada. Novos costumes foram disseminados em Roma, principalmente em relação ao luxo e à riqueza advindos das relações comerciais tão conhecidas dos etruscos. A política monárquica romana se fortalecia e oferecia cada vez mais proteção aos artesãos e comerciantes. Nesse sentido, Sérvio Túlio, um dos últimos reis de Roma, dividiu a população em classes, de acordo com a riqueza. Ele proibiu que os patrícios exercessem poder militar dentro dos limites da cidade, que passou a contar com uma muralha defensiva e, como consequência dessa proibição, limitou drasticamente o poder dos patrícios. As mudanças afetavam os interesses dominantes, isto é, os direitos das famílias tradicionais, que se consideravam descendentes dos fundadores de Roma. Por fim, o último rei, Tarquínio, o Soberbo, pouco acrescentou às reformas de seus antecessores: foi expulso de Roma e, com ele, a monarquia. Com a expulsão do último rei, o etrusco Tarquínio, o Soberbo, a monarquia romana deixou de existir e um novo sistema de governo foi instalado. Desde então, os romanos constituíram uma civilização “superlativa”, isto é, exagerada. Começaram expandindo os territórios sob seu controle, processo histórico que resultou no aumento populacional e fortaleceu economicamente parte da sociedade romana. 3. REPÚBLICA ROMANA O fim da monarquia resultou na passagem do poder dos reis para um grupo maior de cidadãos romanos. Assim, fundou-se o sistema denominado República, termo de origem latina (res + publicae = coisa do povo). Com a República, os romanos decidiram pulverizar o poder executivo para as mãos de muitos. A colegialidade, grupo dos muitos que foram agraciados com o poder, deveria ser eleita para mandatos curtos (geralmente um ano), pois o maior objetivo https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 era impedir a concentração de poder nas mãos de um único homem, ou seja, os cargos, também denominados magistraturas, possibilitavam o controle recíproco do poder. Entre as várias magistraturas, destacavam-se os cônsules (eleitos em número de dois e com poderes equivalentes), que comandavam o exército e presidiam o Senado, instituição que era anterior à própria República e a única a manter cargos vitalícios. O Senado era o conselho dos anciãos (em latim, Senatus deriva das palavras senis e senectus, ancião e velho, respectivamente). Por isso, o Senado era responsável pela ligação da cidade com sua história, sua vida, sua autoridade. Roma foi a civilização da tradição, na qual o Senado exercia e simbolizava a auctoritas patrum, autoridade dos pais fundadores. Além do Senado e dos dois cônsules, compunham a organização política da República romana: • Pretores: magistrados que administravam a justiça, detendo poderes de disciplinar, coercitio, e de verificar alegações e fixar limites da disputa judicial, iurisdictio; • Edis: magistrados cuja função era observar e garantir o bom estado e o funcionamento de edifícios e de outras obras, de serviços públicos ou de interesse comum, como ruas, tráfego, abastecimento de gêneros diversos e água, e as condições de culto e de prática religiosa; • Questores: magistrados encarregados, principalmente, de funções financeiras; • Censores: magistrados que recenseavam a população, cuidavam da arrecadação dos impostos e eram responsáveis pela manutenção dos bons costumes. Excepcionalmente, era eleito um ditador, pelo período máximo de seis meses. A escolha desse magistrado anulava a autoridade das demais magistraturas, pois ele era eleito em casos extraordinários, nos quais as decisões tinham de ser tomadas de maneira urgente, isto é, o ditador era nomeado em casos de grave crise interna ou ameaças externas. Ser eleito magistrado demandava certas condições básicas como ser cidadão detentor de direitos plenos e, dependendo do cargo, já ter ocupado outra magistratura. Por exemplo, geralmente só os cidadãos que já houvessem ocupado o cargo de cônsul eram eleitos censores. O fim da monarquia e o início da República foram marcados por uma grande crise e empobrecimento de Roma causados pela elevada concentração de terras nas mãos de poucos patrícios. A decadência e o contínuo endividamento de muitos plebeus tornaram inevitável que irrompessem conflitos, pois, além da penúria em que estavam vivendo, esse grupo de cidadãos não tinha nenhum direito político. Havia também um agravante: de acordo com os costumes romanos, um devedor que não conseguisse saldar suas dívidas poderia ser escravizado ou até mesmo vendido e encaminhado a locais distantes de sua residência. Com o agravamento das condições de vida e diante da intolerância dos patrícios em tentar resolver a situação, os plebeus resolveram se organizar e protestar. De fato, eles se negaram a continuar suas atividades na cidade de Roma. Assim, os campos, as oficinas, as obras e até o exército se viram paralisados. Para reforçar suas reivindicações, os plebeus retiraram-se de Roma e montaram um acampamento nas redondezas, no Monte Sagrado (a, aproximadamente, 5 quilômetros de Roma). Os plebeus clamavam por mudanças e, caso não fossem atendidos, ameaçavam fundar uma cidade. Os patrícios, detentores das maiores propriedades rurais e do poder político, perceberam que, sem os plebeus, estariam reduzidos a nada (eles eram fundamentais, ao menos para o exército romano). A solução encontrada foi negociar o retorno deles à cidade de Roma. Os plebeus exigiram garantias, e algumas foram concedidas pelos patrícios. A participação política almejada pelos plebeus se concretizou com a criação dos tribunos da plebe, magistrados plebeus (inicialmente dois, mais tarde dez), que fariam parte da assembleia com poder limitado (direito a veto). Foi abolida a escravidão por dívidas, e as terras https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 tomadas pelos credores foram devolvidas. Houve a elaboração e publicação de um código de leis: as disposições e os mandamentos jurídicos, que eram exclusividade dos patrícios, foram reunidos por escrito. Dessa forma, o direito público tornou-se acessível a mais pessoas, evitando as desvantagens corriqueiras de quando as desavenças e os processos eram resolvidos pelos patrícios. Com os conflitos sociais praticamente resolvidos, Roma deu continuidade ao processo de expansão territorial iniciado na época da monarquia. Nesse processo, ocorreram guerras de defesa e de conquista e a República que, aparentemente, seria o governo do povo, não se realizou. Com isso, o Senado tornou-se a instituição que realmente governou Roma nos últimos três séculos antes da Era Cristã. O exército romano, que inicialmente era composto de cidadãos e por eles mantido, foi profissionalizando-se ao mesmo tempo que as conquistas romanas avançavam além da Península Itálica. A partir de meados do século III a.C. os romanos resolveram que sua supremacia dependia economicamente do controle comercial do Mar Mediterrâneo. Havia, entretanto, um obstáculo para os propósitos dominadores de Roma: Cartago, uma antiga colônia fenícia que prosperou muito desde sua criação, no fim do século IX a.C., e que contava com uma marinha poderosa e possessões espalhadas por todo o Mar Mediterrâneo. A disputa pelo monopólio comercial mediterrâneo levou as duas cidades à guerra. Foram três grandes embates bélicos que ficaram conhecidos como Guerras Púnicas (de meados do século III a.C. a meados do século II a.C.). Roma saiu vitoriosa e, até o século II da Era Cristã, não parou de expandir seu território. Entretanto, as vitórias militares minaram as bases de sustentação da República: o povo, de fato, não participava do governo, e o Senado não conseguiu conduzir os assuntos políticos com a eficácia e a integridade moral de seus primeiros tempos. Além da crise política, o rápido enriquecimento de alguns cidadãos em decorrência dos espólios de guerra gerou uma disputa pelas propriedades rurais, que acabaram concentrando- se nas mãos de poucos. Em parte, isso ocorreu em razão do aumento do número de escravizados entre os romanos. A mão de obra escrava acabou substituindo os trabalhadores assalariados, dando origem a um problema social. Os pequenos proprietários, incapazes de manter suas propriedades, venderam-nas aos grandes latifundiários, aumentando ainda mais o poder deles. Os camponeses, despejados de suas terras, buscaram refúgio nas cidades, principalmente em Roma, que crescia e revelava-se uma das maiores cidades de toda a Antiguidade. As vitórias militares do exército romano e as sucessivas conquistas territoriais serviram para minar as bases de sustentação da República Romana. O rápido enriquecimento de alguns setores minoritários em oposição ao empobrecimento de uma parcela mais ampla da sociedade gerou uma crise social e política, na qual se destacaram alguns generais que buscaram satisfazer suas ambições pessoais. Diante das rivalidades individuais, os assuntos públicos, como as necessidades da população e a lealdade ao Estado, passaram para segundo plano. A esse respeito, pode-se considerar o insucesso das tentativas de reformas, como as dos irmãos Tibério e Caio Graco, que pretendiam neutralizar o êxodo rural e a contínua decadência da agricultura em Roma e suas adjacências (as riquezas propiciavam a importação de produtos agrícolas relativamente baratos em detrimento da produção local). Assim, sem fazer justiça ao termo república (coisa do povo), os rumos políticos de Roma mudaram para sempre. O exército, que um dia fora formado por cidadãos romanos, tornou-se uma organização profissional, com soldados que recebiam remuneração e obedeciam, fielmente, a seus generais. Além disso, converteu-se em um importante difusor dos costumes romanos, “era uma poderosa influência civilizadora”, pois o soldado que combatia também construía valetas, acampamentos, estradas e pontes, semeava e colhia, organizava a divisão dos lotes, policiava os costumes dos povos conquistados, entre outras atividades. Quando o exército romano conquistou a região da Gália, atual França e Bélgica, os soldados comandados por Caio Júlio César (101-44 a.C.) foram os pioneiros no processo de romanização, isto é, tomaram as primeiras medidas com o objetivo de implantar as https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 características da civilização romana. Em outras palavras, era um chefe militar, e não o Senado romano, quem estava realmente governando a Gália. Além das conquistas bélicas, o vitorioso Júlio César adquiriu grande popularidade e despertou apreensão em outros líderes militares. Sua crescente influência levou o Senado a determinar a desmobilização de seu exército, ordem que não foi cumprida, resultando em uma guerra civil. Em meio à crise, Júlio Cesar, Pompeu e Crasso conseguiram apoio do Senado para a organização de um governo comandado pelos três, com o intuito de zelar pela ordem pública. A morte de Crasso, no Oriente, e o êxito de Júlio Cesar, na Gália, determinaram o fim dessa experiência política, pois Pompeu, aliado com o Senado, tramou contra Júlio Cesar para deixá- lo fora do poder. Júlio César conseguiu afastar de Roma todos aqueles que conspiraram contra ele e intitulou-se ditador perpétuo. Como na República Romana o titular do cargo de ditador não deveria permanecer mais que seis meses no poder, Júlio César começava a parecer cada vez mais um rei (ditador perpétuo). A centralização política, em sintonia com os desejos dos cidadãos romanos empobrecidos, fez com que a ordem pública fosse restabelecida. Cesar foi responsável por reformas que beneficiariam a plebe, em especial ao mexer na estrutura fundiária. Ele dizia que nenhum homem poderia ser disciplinado se não tivesse algo a defender. O que Roma dava aos plebeus? Se Roma conferisse algo à plebe, em troca poderia ver a antiga disciplina militar e a vontade de lutar pela cidade. Assim, a ordem foi restaurada. Além de realizar reformas, Cesar ampliou o raio de influência romana no Oriente ao realizar uma ingerência no Egito dos Ptolomeus, pois Cleópatra tornara-se rainha do Egito com o apoio do ditador romano. Enquanto isso, havia uma conspiração senatorial que visava pôr fim à ditadura de Cesar e restabelecer o poder da instituição política do Senado. Dessa conspiração resultou o assassinato de Júlio Cesar, em 44 a.C. Novas agitações tomaram conta da cidade após a morte de Cesar. Generais aliados do ditador colocaram-se contra o Senado e houve levantes da população. Senadores foram assassinados. Nesse
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