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APOSTILA DO CURSO DE COMISSÁRIO DE VOO Emergências à Bordo 2 SOBREVIVÊNCIA GENERALIDADES DE SOBREVIVÊNCIA Visando garantir operações seguras e eficazes do transporte aéreo no mundo inteiro, a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) estabelece normas e regulamentos para a Aviação Civil Internacional, que são homologados pelas Agências Reguladoras de cada país signatário da Convenção de Chicago, em suas respectivas jurisdições. Portanto, todo equipamento disponível a bordo ou procedimento de segurança adotado na aviação segue normas emanadas das autoridades aeronáuticas que se baseiam tanto em pesquisas como em relatórios de investigações de incidentes e acidentes aeronáuticos, visando aperfeiçoar a segurança de voo e minimizar as possibilidades da repetição desses eventos. A Agência Reguladora Brasileira, a ANAC, através do RBAC-121 (Regulamento Brasileiro de Aviação Civil), ratifica as determinações da OACI na área da regulamentação de equipamentos de emergência e, em seus capítulos 303 e 339, homologa os equipamentos necessários às aeronaves de bandeira brasileira para o sobrevoo de grandes extensões de terra e de água, respectivamente. Se o pouso forçado for realizado em terra, em área desabitada, o período de sobrevivência pode ser vivenciado em uma região de selva, deserto ou gelo. No caso de aterrissagem decorrente de um voo transoceânico, os sobreviventes vivenciarão uma jornada no mar. Para permanecer nessas áreas até o resgate, os sobreviventes devem utilizar determinados equipamentos de emergência e executar procedimentos adequados, alguns dos quais independem do local em que o período de sobrevivência venha a se desenrolar. Neste capitulo, serão abordados os equipamentos disponíveis a bordo de aeronaves de transporte de passageiros e os procedimentos gerais aplicáveis a qualquer situação de sobrevivência. Equipamentos Utilizados em Situações de Sobrevivência Designação de Equipamentos São os equipamentos que devem ser levados pelos tripulantes quando do abandono e do afastamento da aeronave, após a evacuação de emergência procedida em áreas desabitadas. A responsabilidade pela sua retirada de bordo é estabelecida no Checklist de Procedimentos de Emergência de cada aeronave, via de regra, cabendo ao tripulante cujo jump seat (assento) estiver mais próximo de onde o equipamento estiver armazenado. Para a execução das ações imediatas e simultâneas após o abandono da aeronave e em qualquer período de sobrevivência, são necessários: Megafone, para o reagrupamento dos sobreviventes. Rádio Farol de Emergência ou Radiotransmissor, TLE (Transmissor Localizador de Emergência) Portátil, Modelo Rescu-99, sempre que disponível, para sinalizar ao Serviço de Busca e Salvamento, possibilitando a determinação das coordenadas do local do pouso. Kit de Primeiros Socorros, para atender as vítimas do acidente. Conjunto de Sobrevivência (Survival Kit). Machadinha. Lanterna. E, para a execução das ações subsequentes, empregam-se o conjunto de sobrevivência. Sinalização de Socorro Serviço de Busca e Salvamento – SAR (Search and Rescue) Para reduzir a um mínimo o tempo de permanência em áreas desabitadas, uma das ações prioritárias do sobrevivente de um pouso forçado deve ser a execução imediata da sinalização ao Serviço de Busca e Salvamento, para fornecer às equipes de socorro as coordenadas do local onde se realizou o pouso, acelerando o início das operações de resgate. 3 Como a busca e o salvamento podem ultrapassar as fronteiras de qualquer país, foi criado um sistema de cooperação internacional denominado “Programa COSPAS-SARSAT”, que utiliza dois segmentos, um espacial e outro terrestre. Esquema de funcionamento do SAR O segmento espacial emprega satélites que rastreiam os sinais de socorro emitidos por transmissores localizadores de emergência (TLE) que equipam aeronaves (um TLE fixo no cone de cauda e outro portátil do tipo RESCU - 99), navios (EPIRB – Emergency Position Indicator Radio Beacon) ou pessoas (PLB – Personal Locator Beacon), decodificando esses sinais e determinando as coordenadas do ponto que os originou. De posse das coordenadas fornecidas pelo segmento espacial, o segmento terrestre – MCC (Mission Control Center – Centro de Controle de Missão) disponibiliza os recursos humanos e materiais para as missões de busca e salvamento. O Brasil foi homologado para ingresso no programa COSPAS-SARSAT em 1998, na condição de Provedor Terrestre. O território brasileiro possui uma área de 22.000.000 de quilômetros quadrados, motivo pelo qual o país tem nesse sistema um importante aliado para o sucesso de suas missões de busca e salvamento. Há três estações terrenas (Brazilian Mission Control Center – BRMCC) que captam os sinais dos satélites do Sistema COSPAS-SARSAT em nosso território, uma localizada em Manaus, outra em Brasília e a terceira no Recife. Portanto, quanto antes o sobrevivente acionar o Radiofarol de Emergência portátil e for iniciada a transmissão dos sinais, mais rapidamente estes serão detectados pelo Serviço de Busca e Salvamento, desencadeando as ações das missões de socorro. As buscas são feitas somente durante o dia e são intensas até o sétimo dia após o acidente (depois do sétimo dia as buscas diminuem), enquanto o salvamento é realizado a qualquer hora do dia. 4 Formas de Sinalização Modelos de Radiofarol de Emergência Portáteis O Radiofarol é conhecido também como Transmissor Localizador de Emergência (TLE), derivado do inglês Emergency Locator Transmiter (ELT). O nome Radiofarol de Emergência é a tradução de Emergency Radio Beacon para o idioma português. São denominações possíveis de encontrar nas diversas bibliografias existentes para identificar o mesmo equipamento. Alguns modelos de Radiofarol de Emergência possuem bateria ativada por água ou qualquer líquido à base de água. Esse equipamento não se encontra armazenado nos conjuntos de sobrevivência. As quantidades desses transmissores e suas localizações são específicas de cada aeronave. É de fácil acesso e deve sempre ser checado pela tripulação. Ao ser retirado da aeronave para ser usado em um período de sobrevivência em áreas desabitadas, deve-ser ter o cuidado de preservar a integridade de sua embalagem plástica, para uso posterior. O equipamento deve ser acionado imediatamente após o abandono e o afastamento da aeronave, bastando mergulhá-lo em um curso d’água (rio, lago etc...). Na ausência de curso d’água, liberar manualmente a antena para a posição de transmissão e recolocá-lo em sua embalagem plástica ou em qualquer outro recipiente que contenha água ou líquido à base de água. Quando mergulhado em um curso d’água deve ser fixado às margens;. Quando acionado no mar deve ser fixado ao barco salva-vidas. Para isso ele possui uma corda de aproximadamente 18 metros. Radiofarol portátil modelo Rescu 99 mostrando a antena ainda dobrada e a corda de amarração Uma vez acionado, deve permanecer na posição vertical, pois dela dependem seu correto funcionamento e utilização. O tempo para o início da transmissão dos sinais está diretamente atrelado ao tipo de água na qual foi mergulhado. Em água salgada a transmissão tem início em 5 segundos, e em água doce, em 5 minutos. O equipamento não possui um dispositivo que possibilite ao sobrevivente a verificação visual de seu funcionamento. Somente com receptores que captem as frequências dos sinais de socorro emitidos é que será possível efetuar essa verificação. Estando em condições, o rádio de bordo pode ser empregado tanto para a transmissão de um sinal de socorro pela emissão da voz humana, um “MAYDAY”, quanto para verificar se o Rescu acionado está transmitindo os sinais de SOS nas frequências internacionais de socorro. O alcance horizontaldo Rescu é de 250 milhas náuticas; o vertical é de 40.000 pés. Uma vez localizados os sobreviventes e iniciado o resgate, pode-se interromper a transmissão do Radiofarol, colocando-o na posição horizontal. Alguns tipos de aeronaves possuem nos barcos salva-vidas ou nas escorregadeiras-barco um modelo de Radiofarol que inicia a transmissão automaticamente assim que a embarcação tenha inflado. 5 TLE portátil Locator Independentemente de modelo ou localização na aeronave, os radiofaróis de emergência transmitem sinais de SOS durante 48 horas após o seu acionamento, nas três frequências internacionais de socorro: 121.5 / 243.0 (frequências analógicas) e 406.0 MHz (frequência digital). Os alcances horizontal e vertical também são os mesmos. Tipos de Transmissores Localizadores de Emergência (TLE) TLE Fixo do Cone de Cauda De maneira geral, esse instrumento está embutido no teto da galley traseira. É de acionamento automático, por impacto da aeronave com o solo. Uma força com intensidade de 5G (G: força inercial resultante de uma desaceleração brusca) já é o suficiente para ativá-lo, podendo, também, ser acionado da cabine de comando pelos pilotos. Transmite nas mesmas frequências do Radiofarol de emergência portátil. Horário Internacional de Silêncio São períodos de silêncio nas comunicações, com duração de três minutos e repetidos a cada meia hora para uma escuta preventiva de sinais de socorro que possam ser emitidos por pessoas, aeronaves ou navios acidentados. A escuta dos Serviços de Busca e Salvamento é permanente, porém, aeronaves em voo, navios navegando, estações radioamadoras obedecem a esses períodos que são diferentes para o Oriente (do 0 aos 3 e dos 30 aos 33 minutos de cada hora) e para o Ocidente (dos 15 aos 18 e dos 45 aos 48 minutos de cada hora), de acordo com a tabela. Sinalizadores dos Conjuntos de Sobrevivência Esses sinalizadores somente devem ser acionados ao se visualizar a aproximação de aeronave, navio ou ao se escutar o ruído de seus motores. Compõem-se de artifícios pirotécnicos, lanternas, apito, espelho e corante marcador de água (sea dye marker). Artifícios Pirotécnicos ou Fumígenos Há diversos modelos e são empregados para a sinalização diurna e noturna. O agente sinalizador do lado diurno é a fumaça de cor laranja, enquanto o agente sinalizador do lado noturno é o fogo de magnésio. Os padrões de cores são convencionados internacionalmente. 6 Artifício Pirotécnico Os foguetes, como também são conhecidos, têm o formato de bastão e medem aproximadamente 20 centímetros; nas suas extremidades há indicações convencionadas em relevo para o reconhecimento tanto do lado diurno como do noturno, facilmente identificáveis até mesmo no escuro. Para o acionamento, é necessário segurar o foguete em um ângulo de 45° com o horizonte, a favor do vento e em um local aberto, de fácil visualização pelas equipes de socorro . Acionamento do artifício – modo diurno Acionamento do artifício – modo noturno Se ao acionar o lado diurno o foguete irromper em chamas, deve-se mergulhá-lo na água ou pressioná- lo contra a areia, até sair fumaça. Estando no interior do barco salva-vidas, cuidar para que os respingos do fogo de magnésio do agente sinalizador do lado noturno não caiam sobre as bordas ou no assoalho do barco. 7 Lanterna As disponíveis nos kits de sobrevivência podem ser de acionamento por baterias a seco ativadas (pilhas) e por baterias ativadas com água. A utilização da lanterna se faz de acordo com a necessidade do grupo de sobreviventes. Apito Sinalizador Deve ser empregado para chamar a atenção das equipes de busca e salvamento, tanto de dia quanto à noite, mesmo sob denso nevoeiro. Entre os sobreviventes pode ser utilizado para organizar o grupo chamando a atenção destes para o coordenador do período de sobrevivência. Espelho Sinalizador Há diversos tipos e modelos. A sinalização é a captação e projeção do reflexo dos raios solares em direção às aeronaves ou navios de resgate. Geralmente, as instruções sobre a utilização se encontram na superfície não espelhada. A técnica de sinalização consiste, basicamente, em: segurar o espelho a poucos centímetros da face e focalizar o alvo através do visor central; posicionar o espelho entre a outra mão, em linha com a direção do alvo (aeronave ou navio), até o aparecimento do reflexo do Sol sobre a mão; no orifício central do espelho, visualizar a projeção da imagem do disco solar; retirar a mão do alinhamento; projetar a imagem do disco solar visualizado na direção do alvo. Mesmo que a aeronave ou o navio esteja ainda distante, deve-se projetar a luz solar para o horizonte porque os reflexos podem ser avistados de longas distâncias. Corante Marcador de Água É um pó corante que altera o pH da água. A mancha obtida é contrastante com a cor da água (clara ou escura) e pode ser visualizada pelas aeronaves de busca e salvamento. Tanto a duração quanto o tamanho da mancha dependem do tipo de água onde o corante for acionado e da existência de correnteza. Normalmente, a mancha tem a duração de até 40 minutos e pode ser avistada de uma distância de 1 MN (uma milha náutica é equivalente a 1852 metros). É um sinalizador para utilização exclusiva sob a luz do dia e o seu acionamento somente deve ser iniciado ao se visualizar a aproximação de alguma embarcação ou aeronave ou se ouvir o ruído de motores. Corante marcador de água. Conteúdo dos Conjuntos de Sobrevivência na Selva e no Mar A Agência Reguladora Brasileira, a ANAC, homologou um conteúdo mínimo de equipamento para sobrevivência na selva e no mar; o acréscimo de qualquer outro item fica a critério da empresa aérea: purificador de água; 8 caixa de fósforos, isqueiro ou qualquer outro similar para fazer fogo; frasco com repelente de insetos; manual de sobrevivência na selva com instruções detalhadas; equipamento de sinalização: foguetes pirotécnicos, apito, espelho e corante marcador de água; medicamentos (além dos existentes nos kits de primeiros socorros): analgésicos, bandagens, esparadrapo, anti-séptico,comprimido contra enjoo, amônia, pomada contra queimaduras na área dos olhos e contra queimaduras nos lábios, pomada para picada de insetos; ração sólida: pacotes de açúcar e sal; caramelos e chicletes; ração líquida: água doce em pacotes, para uso medicinal; faca com bússola removível, agulha, alfinete tipo fralda, anéis de aço e recursos para a pesca; conjunto canivete/abridor de garrafa; lanterna. Sinalização com Recursos Locais Os sobreviventes de um pouso forçado em terra, em áreas desabitadas, podem fazer uso de recursos existentes no local para obter um meio alternativo de sinalizar às equipes de socorro, lembrando-se de que, para uma perfeita visualização, os sinais cuja mensagem pretenda transmitir devem contrastar com a cor do meio ambiente e ser de tamanho adequado. Fumaça Negra das Fogueiras É empregada para a sinalização diurna. Não há um código específico de mensagem. Para sua obtenção, basta adicionar à fogueira borracha, óleo dos motores ou qualquer material sintético disponível na aeronave. Fumaça Branca das Fogueiras É empregada para a sinalização noturna. Adicionando-se à fogueira gotículas de água, folhas verdes ou musgos, pode-se obter fumaça branca. A fumaça produzida pela queima chamará a atenção das aeronaves e embarcações de busca e salvamento. Quadro de Sinais Visuais Terra-Ar Qualquer alteração no meio ambiente é facilmente percebida pelas equipes de socorro. É claro que essa percepção depende da extensão da alteração executada. Pode-se lançar mão de recursos disponíveis no local do pouso, de forma a transmitir mensagens às equipes de socorro. Para isso, deve-se empregar os Sinais Terra-Ar, que são montados com material contrastantecom a cor do ambiente e de dimensões tais que possam ser visualizadas pelas aeronaves – SAR. A OACI estabeleceu cinco códigos para os sobreviventes sinalizarem às equipes de socorro. O comprimento mínimo recomendado é de 2,5 metros. Os códigos e as mensagens transmitidas estão de acordo com a tabela a seguir: Nº MENSAGEM SÍMBOLO DO CÓDIGO 1 NECESSITAMOS ASSISTÊNCIA V 2 NECESSITAMOS ASSISTÊNCIA MÉDICA X 3 NÃO OU NEGATIVO N 4 SIM OU AFIRMATIVO Y 5 AVANÇANDO NESTA DIREÇÃO Para a construção do quadro de sinais, o sobrevivente pode empregar os seguintes recursos: 9 Troncos de árvores Sulcos no solo Partes da aeronave Sinalização com o Próprio Corpo O MMA-64 (Manual do Ministério da Aeronáutica) estabeleceu diversos códigos de sinalização com o próprio corpo para aplicação no contexto da Aviação Militar, porém, cinco desses sinais podem ser também empregados por tripulantes da Aviação Civil, conforme as figuras abaixo: 10 Sim ou afirmativo Não ou negativo Necessitamos de assistência médica com urgência. Estas outras duas mensagens são indicações importantes que o sobrevivente pode dar às equipes de socorro, na medida em que são adequadas para a orientação do pouso do helicóptero de salvamento: Aterrisse aqui Não aterrisse aqui Sinalização da Aeronave – SAR para os Sobreviventes Após o sobrevoo das sinalizações prescritas no Quadro de Sinais Terra-Ar, o piloto deve dar um retorno aos sobreviventes quanto ao fato de ter recebido e entendido ou não a mensagem montada no quadro, sinalizando com manobras da aeronave. Mensagem Recebida e Entendida De dia: balançando lateralmente a asa. À noite: sinalizando com uma luz verde. Mensagem Recebida e Não Entendida De dia: fazendo uma curva de 360°, à direita. À noite: acendendo uma luz vermelha. Pouso do Helicóptero de Salvamento A atuação dos sobreviventes na orientação da tripulação do helicóptero para a realização de um pouso seguro é fundamental para o sucesso do resgate: Primeiro, é necessário demarcar o local do pouso com um triângulo bem visível, com lados medindo 2,5 m, de preferência em um local plano e que ofereça condições de segurança para suportar o peso da aeronave. A direção do vento é outro dado importante para os pilotos do helicóptero. O acionamento do lado diurno de um foguete pirotécnico fornece a fumaça que lhes indicará de que lado o vento está soprando. A direção da manobra é indicada pelo sobrevivente empregando a sinalização com o próprio corpo: 11 Se a tripulação do helicóptero tiver jogado o cabo de içamento, o sobrevivente deve deixar que o cabo toque primeiro o solo, para descarregar a eletricidade estática. Evitar, inclusive, tocar no tripulante que esteja descendo em rapel pelo cabo. Algumas regras de aproximação do helicóptero de salvamento devem ser obedecidas pelo sobrevivente: aproximar-se com o corpo inclinado para a frente, pelas portas laterais e somente no campo de visão do piloto e do co-piloto; evitar a aproximação nas proximidades do rotor de cauda. A priorização do embarque de feridos deve seguir a regra do maior ou menor risco de vida. Fatores Adversos ao Sobrevivente Basicamente, há três tipos de fatores que exercem pressão sobre o indivíduo com maior intensidade em situações críticas como as dificuldades enfrentadas, principalmente, em ambientes desconhecidos, hostis e que podem desencadear uma enorme carga de estresse mental e físico: fatores subjetivos, fatores objetivos e as adversidades do meio ambiente. Fatores Subjetivos Começam a se estabelecer na mente do indivíduo no momento em que é comunicada pelo comandante da aeronave a necessidade da realização do pouso forçado em área desabitada. A primeira reação é de susto pela notícia inesperada, a segunda é de ansiedade, medo; a seguir, o pânico pode se instalar. Esses fatores podem persistir e se potencializar no período de sobrevivência, caso não sejam tomadas medidas eficazes para a superação das adversidades. Ansiedade, Medo e Pânico É o conjunto de fatores subjetivos comuns a todos os indivíduos submetidos a situações de risco e desconhecimento do que lhes poderá acontecer. O controle desses fatores por parte da tripulação deve ser imediato e é conseguido através de uma liderança eficaz. O treinamento confere aos tripulantes os fundamentos sobre como proceder em situações de emergência, elevando o grau de autoconfiança e segurança para a enunciação de comandos para o abandono, afastamento da aeronave e distribuição de tarefas no período de sobrevivência, fazendo com que todos se ocupem mentalmente e se sintam úteis nas suas relações com os demais. Solidão e Tédio A solidão e a rotina experimentadas em qualquer lugar desconhecido fazem com que o tédio venha a se instalar. O estreitamento do relacionamento sócio-afetivo entre os sobreviventes é fundamental para combater os estados de solidão e tédio que possam recair sobre alguém. Para o combate a esses estados negativos de comportamento, tarefas solidárias e não estressantes são recomendadas, tais como a pesca, os cuidados com a higiene e com os feridos, a confecção de um diário. Com relação ao tédio, especificamente, o estímulo à realização de atividades como a oração em conjunto, o canto e a narração de fatos históricos positivos da vida de cada sobrevivente é bastante eficaz. No entanto, ao falar ou cantar, a sensação de sede pode ser potencializada, motivo pelo qual essas atividades devem ser administradas adequadamente com relação ao suprimento de água disponível. Fatores Objetivos Gerados por aspectos externos ao indivíduo, por questões circunstanciais de ordem física, tangíveis, concretas, enfrentadas por ele no pós-impacto, no abandono e afastamento da aeronave e no vivenciar de situações adversas proporcionadas por um ambiente hostil. As dores causadas pelos ferimentos ou queimaduras que possam ocorrer; o frio, a hipotermia e o congelamento advindos de um pouso em regiões polares; o calor que se pode sentir em decorrência do pouso realizado em lugares de clima quente. Há uma enorme possibilidade da ocorrência de cansaço, sede e fome ao se submeter a tantas pressões. A desidratação e a diarréia podem se instalar no indivíduo em qualquer situação de sobrevivência, mesmo quando em climas frios. Evitá-las é um fator importante para a priorização do curso das ações a serem executadas em um período de sobrevivência em áreas desabitadas. 12 Outro aspecto objetivo e de extrema importância a ser citado é a forma do indivíduo lidar com a morte. Cada ser humano, cada cultura, cada religião tem uma maneira diferente e própria de encarar o fim da vida. Em situações adversas, encontradas em qualquer sobrevivência, a perda de vidas é uma possibilidade sempre presente. Respeitando o que há de pessoal, cultural e religioso, esse fato não pode passar em branco; o falecimento de uma pessoa abate a moral do grupo, pode atrair animais e também doenças, e isso pode ser decisivo para o período de sobrevivência. O procedimento a ser adotado será cavar uma cova rasa e, após colocar o corpo na mesma, cobri-lo com areia, efetuando um registro do momento do óbito, pessoa falecida e qualquer outra informação necessária e relevante. Esse procedimento é válido para a sobrevivência na selva, no deserto e no gelo. Na sobrevivência no mar, deve-se jogar o corpo na água, preferencialmente à noite, tendo o cuidado com o possível aparecimento de tubarões e outros animais na área da sobrevivência.As Adversidades do Meio Ambiente O cenário de cada situação é bastante específico e variável, porém, de maneira geral, essas adversidades estão relacionadas com os seguintes fatores que podem dificultar as ações dos sobreviventes: insetos transmissores de moléstias; escassez de água, fauna e flora; clima excessivamente frio ou quente; tempestades de chuva, neve ou areia, enchentes e alagamentos; topografia muito acidentada; animais perigosos. Esses fatores estão contemplados na abordagem de cada situação de sobrevivência em áreas desabitadas, em particular na selva, no deserto, no gelo e no mar. Ações Requeridas para a Superação das Adversidades Sobreviver em áreas desabitadas, à primeira vista, parece ser um problema de difícil solução, principalmente em se tratando de pessoas de hábitos urbanos, mais sujeitas às adversidades proporcionadas por um meio ambiente desconhecido e hostil. Não obstante à falta de experiência, os fatores preponderantes para o indivíduo sobreviver nessas condições adversas são: inteligência; calma; sobriedade; resistência. Vontade de sobreviver, treinamento e liderança eficaz são essenciais. Mantendo-se a esperança no resgate e a calma, deve-se canalizar todos os esforços no sentido da busca de soluções para os problemas que se manifestarem. Cuidados com a Saúde e o Vestuário A cobertura da cabeça, a proteção dos olhos, um vestuário limpo e completo são essenciais para a proteção do sobrevivente contra a ação dos raios solares. A proteção das extremidades do corpo minimiza os efeitos de picadas de insetos ou de arranhões. A proteção do vestuário é eficaz contra o frio e o calor. A perda excessiva de calor pelo corpo resulta na redução da temperatura da pele dando a sensação de frio. Se a temperatura do corpo decrescer de 36° para 30°, o sobrevivente pode ter sua capacidade física e mental deteriorada, entrando em estado de choque; e se a temperatura não parar de decrescer, a pessoa morre. O vestuário completo pode manter o calor do corpo por um período mais prolongado. 13 Andar descalço deixa a pessoa vulnerável às condições do terreno, com possibilidades de ferimentos nos pés ou contágio por micróbios, bactérias ou picadas de animais peçonhentos. Sandálias podem ser improvisadas usando-se como sola um pedaço de pneu da aeronave ou, até mesmo, um pedaço de casca de árvore. Com o toldo da escorregadeira ou revestimentos de interiores da aeronave pode-se improvisar a parte superior e as tiras da sandália. Os cuidados acima descritos, além de preservar a saúde, também nos trazem segurança contra possíveis danos causados por animais irracionais tais como mordidas, picadas, ferroadas, queimaduras, penetrações, irritações, sucções e invasões. Ainda em relação às precauções com a saúde, cabe uma observação importante destinada aos animais de sangue quente, como piranha, sanguessuga, arraia e candiru, poraquê, carrapato, escorpião, aranha e cobra: manter-se vestido e protegido para caminhar e nadar, evitando a exposição de qualquer parte do corpo, é uma medida simples e eficaz para evitar transtornos e acidentes provocados por tais animais. Evitar a perda de líquido pelo organismo é um cuidado essencial. A transpiração, a desidratação e a diarréia podem provocar uma perda líquida excessiva; nesse caso, o vestuário protege todas as extremidades do corpo, é um ótimo escudo contra essa perda. Ações Requeridas Após o Abandono e o Afastamento da Aeronave Há dois tipos de ações a serem empregadas em situações de sobrevivência em áreas desabitadas: as que exigem uma execução imediata e as que podem ser pensadas e executadas com mais calma e tranquilidade. Os sobreviventes devem priorizar adequadamente o curso das ações e executá-las de forma coordenada e segura. Ações Imediatas e Simultâneas Em um primeiro plano estão as ações prioritárias, em que as atenções se concentram nos riscos envolvidos com as possibilidades de fogo e explosão da aeronave, riscos de perda de vidas humanas e a urgência na obtenção de socorro por parte das equipes de busca e salvamento. Essas ações exigem dos tripulantes procedimentos embasados em conhecimento, rapidez e coordenação: Afastar-se da aeronave (devido ao risco de explosão da aeronave), reagrupando os sobreviventes. Após a evacuação da aeronave, o grupo deve-se manter unido e próximo ao local do acidente; Acionar imediatamente o Radiofarol de emergência disponível: as equipes de socorro necessitam das coordenadas do local do pouso para realizar o resgate. Acionar o Radiofarol é uma ação imediata que deve ser executada. Prestar os primeiros socorros às vítimas do acidente: a preservação de vidas humanas é urgente e essencial. É importante ter conhecimentos básicos de primeiros socorros. Salvar o maior número de vidas possível é uma prática inerente aos seres humanos e ajuda psicologicamente a estabilizar o grupo. Reunir os demais recursos de sinalização e deixá-los prontos para serem utilizados. Ações Subsequentes O curso dessas ações está voltado para o planejamento, a coordenação, o vivenciar de um período de sobrevivência e que se traduzem nas respostas a questões básicas relacionadas com: o local do acidente, localização e resgate dos sobreviventes e necessidades básicas do indivíduo em situação de sobrevivência. Em um acidente aéreo o tripulante é o coordenador do período de sobrevivência. A função do coordenador é distribuir tarefas designando quem deve se responsabilizar pela proteção dos sinalizadores dos kitsde sobrevivência e executar as sinalizações que facilitam o trabalho das equipes de socorro. Os turnos de vigia, de 2 horas, devem ser estabelecidos e é imprescindível designar os responsáveis. Esse rodízio é importante para a segurança do grupo, dos equipamentos, dos recursos criados, da preservação das condições físicas dos sobreviventes evitando a fadiga, além de mantê-los em atividade. A elaboração de um diário deve ser iniciada. 14 O tempo de permanência no local do acidente deverá ser de acordo com o tempo de duração das buscas. O local do acidente deverá ser abandonado somente após o 8º dia, se houver certeza da posição geográfica ou se o local para onde ocorrer o deslocamento for habitado. De modo geral, os primeiros cuidados a serem tomados pelo sobrevivente são manter a calma, não se apressar e preservar o sono, para a reposição de energia. Em uma sobrevivência, as necessidades básicas do indivíduo são repouso, proteção, calor, água e alimento. Em um período de sobrevivência em áreas desabitadas, afeto e solidariedade são fundamentais. O local destinado para o repouso deve ser construído pelo próprio sobrevivente com o auxílio dos demais. Os suprimentos de água e alimento podem até ter sido levados preventivamente de bordo ou obtidos no próprio local. O certo é que pode haver escassez ou alguma dificuldade em sua obtenção, gerando uma necessidade de redução no seu fornecimento aos sobreviventes. A fadiga excessiva e a mudança das fontes de água e alimento são apontadas como causadoras da diarréia, um fator tão adverso. Por essa razão, o repouso imediato é essencial e os suprimentos de água e alimento somente devem ser fornecidos 24 horas após o pouso, para que o organismo dos sobreviventes se adapte às novas condições ambientais e ao novo ciclo. A obtenção do fogo também deve ser considerada uma das prioridades para o suprimento das necessidades básicas do sobrevivente, pois, na medida em que serve para purificar a água, é utilizado para cozinhar o alimento. A priorização das ações subseqüuentes de um período de sobrevivência em áreas desabitadas está de acordo com a regra balizadora AFA + A: Abrigo Fogo Água + Alimento Abrigo É o local destinado para o repouso dos sobreviventes de um pouso forçado em terra, em áreas desabitadas, e lhes serve de proteção contra as adversidades do meio ambiente. Os tipos deabrigo dependerão da situação de sobrevivência. A sua construção será abordada separadamente. Falaremos a seguir sobre procedimentos gerais em relação aos abrigos. A moral dos sobreviventes se eleva na medida em que eles se dedicam às tarefas de modificar a área no entorno do local do acidente, tornando-a limpa e adequada para a construção do abrigo. É correto afirmar que nessa etapa se despende um maior consumo de energia, porém, os sobreviventes estão, ainda, em condições físicas ideais para realizar essas tarefas. Deixar o local do acampamento sempre limpo e arrumado, além de elevar a moral do grupo, ajuda a afastar animais predadores e manter os sobreviventes ocupados. A primeira regra a ser seguida é não se apressar e manter a calma, pois o resgate virá logo, devido aos recursos tecnológicos hoje disponíveis; a segunda é preservar o sono, pois ele é de vital importância para a reposição da energia necessária para o desempenho das tarefas em um período de sobrevivência. Antes de pensar na construção do abrigo, deve-se avaliar a possibilidade da utilização da própria aeronave. Para o retorno ao seu interior com a finalidade de verificar as condições de uso, os sobreviventes devem: aguardar o resfriamento dos motores; esperar a evaporação do combustível derramado para se resguardar das possibilidades de fogo e explosão. As aberturas devem ser cobertas para a proteção contra os insetos e o frio. De acordo com as condições climáticas, pode-se estabelecer o uso da aeronave como abrigo em cada situação de sobrevivência. Critérios para a Escolha do Local para a Construção do Abrigo: Local alto, seco, próximo a uma fonte de água, se possível. 15 Evitar construir qualquer tipo de abrigo debaixo de grandes árvores, que tenham grandes frutos ou galhos secos que podem cair sobre o abrigo. NÃO construir às margens de um rio ou curso de água, devido à possibilidade de alagamento. NÃO construir em terrenos onde exista charco ou pântano. Um procedimento importante é cavar valetas de drenagem ao redor do abrigo, permitindo um rápido e eficaz escoamento da água, em caso de chuva. O interior do abrigo deve ser revestido de material que proteja o sobrevivente do contato direto com a umidade do solo, o que pode acarretar doenças. Infra-Estrutura do Acampamento Para manutenção da higiene e limpeza, é necessária a construção de dois tipos de fossas, uma de detritos e outra de dejetos Fossa de detritos: lixo, restos de alimentos, curativos podem atrair insetos e animais. Manter a fossa coberta com terra; Fossa de dejetos: evita a atração de insetos e de outros animais.Serve para proporcionar conforto e privacidade aos sobreviventes.Cobrir sempre os dejetos com uma camada de areia. Os percursos que levam ao curso d´água e às fossas de detritos e dejetos devem ser demarcados no terreno, para facilitar orientação dos sobreviventes. Deve-se ter todo o cuidado com relação às possibilidades de contaminação da fonte de água pela infiltração do conteúdo dessas fossas em períodos de chuva. Para a proteção do entorno do acampamento, devem ser providenciadas pequenas fogueiras, distanciadas 50 m umas das outras. Como material de construção do abrigo pode-se combinar a utilização de partes da aeronave, escorregadeiras, assentos, mantas, cortinas com recursos naturais disponíveis no local. Os diversos tipos de abrigo estão detalhados nos capítulos referentes a cada situação de sobrevivência em terra: selva, deserto e gelo. Fogo A obtenção do fogo é necessária pelo seu emprego em: sinalização; purificação da água; cozimento dos alimentos; relacionamento sócio-afetivo; elemento de segurança do acampamento. A preparação da área e a manutenção do fogo são itens específicos de cada situação de sobrevivência e serão abordados separadamente. Água A água doce é um fator essencial para a fisiologia humana e cuja quantidade disponível serve de balizamento para a ingestão ou não de alimento. Sabe-se que é possível viver dias ou até semanas sem alimento, porém, sem água, vive-se muito pouco. Em qualquer período de sobrevivência, a maior preocupação dos sobreviventes é com a perda de líquido pelo organismo através de transpiração, diarréia e desidratação. Em situação normal, o organismo necessita de 1,5 a 2,5 litros de água por dia. Em uma sobrevivência na selva, no gelo ou no mar, o ideal é que se beba, no mínimo, 1/2 litro de água por dia. No deserto, essa necessidade mínima é duas a três vezes maior, ou seja, 1 litro a 1 litro e meio. A ingestão de outros líquidos como água salgada, urina, bebidas alcoólicas, querosene é totalmente desaconselhável e considerada absolutamente imprópria em períodos de sobrevivência, pois, além de causar danos letais ao organismo, acarreta pânico e descontrole da situação. Os fatores que a água determina, com relação à ingestão de alimentos, são: havendo pouca água, deve-se beber toda a reserva disponível, ingerindo-se apenas alimentos de origem vegetal e evitando-se as proteínas em excesso; 16 na ausência de água não se deve comer, pois a ingestão de alimentos ricos em proteínas, principalmente, potencializa a desidratação. O número de fatalidades por ingestão de água salgada, em situações de sobrevivência no mar, é sete a oito vezes maior do que as registradas entre aqueles que não a ingeriram; portanto, deve-se beber somente água potável e jamais água do mar. A principal razão consiste no fato de que o corpo humano, para metabolizar e eliminar o sal contido na água do mar, necessita de mais água. O consumo de água, dentro das possibilidades, deve seguir o seguinte critério: Bom suprimento: 700 ml. Suprimento limitado: 525 ml. Suprimento racionado: 250 ml. A água deve ser ingerida em quatro porções diárias! Fontes de Captação de Água As fontes variam de acordo com o cenário de cada situação de sobrevivência e os principais objetivos em apontá-las é dar um referencial às tripulações que sobrevoam grandes extensões de terra desabitada e grandes extensões de água sobre as maiores possibilidades de onde encontrar água e determinar as necessidades de purificação. As maiores chances de se obter água em um período de sobrevivência consistem nas ações pró-ativas dos tripulantes em preparar os suprimentos restantes, antes do pouso forçado em áreas desabitadas, coletando as garrafas de água e colocando-as em sacos plásticos para serem levadas no abandono e afastamento da aeronave. A seguir, vêm as fontes disponibilizadas pela natureza, como a água da chuva, a água existente em cursos d’água como rios, lagos, igarapés, água do degelo nas regiões polares. A natureza ainda disponibiliza água pura e cristalina sintetizada no interior de determinados vegetais que serão analisados caso a caso quando da descrição de cada situação de sobrevivência. Destilador Solar Em uma sobrevivência em terra, selva e deserto, onde haja incidência de sol, poderá se obter água através da construção de um destilador solar. Consiste em aproveitar as variações de temperatura quando faz 60°C durante o dia e a temperatura cai para o entorno de zero grau à noite. O Destilador Solar pode ser montado em poucos minutos e possibilita a obtenção de uma quantidade média de um 1,5 litro de água por dia. Para montá-lo, deve-se: cavar um buraco de, aproximadamente, 1 m2 de largura e 50 cm de profundidade; colocar um recipiente qualquer no fundo do buraco; colocar no interior do recipiente a mangueira de uma máscara oronasal; cobrir a cavidade com um pedaço de plástico fino de 2 m2, aproximadamente, de modo que as gotas d’água, resultantes da condensação, venham a pingar no interior do recipiente. 17 Destilador solar. Métodos de Captação de Água Doce Purificar a água é diferente de filtrar. Considera-se purificar a água a ação de eliminar os germes e bactérias microscópicasnela contidos, enquanto filtrar consiste em eliminar as impurezas sólidas suspensas na água coletada, como barro ou folhas. A filtragem não dispensa a necessidade de purificação da água. A necessidade de purificação depende da fonte onde a água foi coletada. Água da chuva, quando coletada diretamente, e água de origem vegetal não necessitam ser purificadas, ao contrário da água colhida de fontes que tenham contato com o meio ambiente e que pode ter sido contaminada por larvas de insetos e deve ser purificada antes de ingerida. Num treinamento ou em uma situação de sobrevivência, pode-se utilizar qualquer um dos dois métodos de purificação da água doce abaixo listados: Emprego do purificador de água do conjunto de sobrevivência na selva da aeronave. Geralmente, os mais utilizados são o Hidrosteril em gotas ou o Clorin em comprimidos, que são germicidas e bactericidas. A dosagem deve ser de acordo com as instruções contidas na bula. Um outro purificador constante no conjunto de sobrevivência é o Iodo. Este possui uma regra específica de utilização, para cada um litro de água deve-se aplicar oito gotas de iodo e aguardar 30 minutos para consumi-la. Ferver a água durante pelo menos um minuto. Para pessoas de hábitos urbanos, o tipo de alimento que proporciona a maior quantidade de proteínas é o de origem animal. A preferência dos sobreviventes deve recair, então, sobre um cardápio misto: carboidrato vegetal: obtido de açúcar, farináceos, frutos e cereais; proteína animal: ao consumir carne magra e ovos. Qualquer tipo de gordura alimentar, não importa se de origem animal ou vegetal, além de exigir grande consumo de água, não é essencial à nutrição do sobrevivente e o seu consumo deve ser evitado. Regras Gerais para o Consumo de Alimentos Em um período de sobrevivência em áreas desabitadas, o suprimento de água é o principal fator determinante do consumo de alimentos de origem animal ou vegetal: Não havendo água, NÃO se deve comer. Se a provisão de água for diminuta, procurar alimentar-se, principalmente, de vegetais. Não se deve ingerir gorduras de espécie alguma, pois elas aumentam a necessidade de ingestão de água, podendo, inclusive, causar distúrbios à digestão. 18 Alimento de Origem Vegetal Segundo as diversas bibliografias consultadas, existem no mínimo umas 300.000 espécies de plantas silvestres no mundo. Grande número delas pode ser ingerido, embora algumas sejam mais agradáveis ao paladar do que outras. Se forem conhecidas pelos sobreviventes, podem ser consumidas sem receio. Se forem desconhecidas, devem ser testadas de duas maneiras antes de consumi-las: pela observação visual; pelo paladar. NÃO se deve ingerir qualquer alimento de origem vegetal desconhecido sem previamente colocar uma porção na boca, SEM MASTIGAR, por cinco minutos: se não for amargo e o paladar não estranhar o sabor da pequena porção, pode-se ingerir o alimento; e se houver dúvida, deve-se cozinhar o alimento. Quando o alimento vegetal for totalmente desconhecido, empregar a regra CAL, isto é, o alimento que for recoberto por fiapos (CABELUDO), apresentar gosto AMARGO ou sumo LEITOSO não deve ser consumido. Outra regra segura é a da observação dos costumes de animais silvestres. De maneira geral, não há perigo em ingerir vegetais consumidos por pássaros e mamíferos, principalmente macacos. A melhor opção para o sobrevivente é optar por uma sopa de vegetais porque é menos perigosa e indigesta. Os vegetais que contêm amido, como algumas raízes e inhame, devem ser cozidos, pois se forem consumidos crus são indigestos. Na preparação de alguns brotos de vegetais, principalmente os de samambaias e os do bambu, é preciso ter um cuidado especial. Ao prepará-los, retirar os fiapos, esfregando-os na água. Ferver os brotos por dez minutos. Trocar a água e voltar a ferver por mais trinta ou quarenta minutos. Esse cozimento em duas águas tira-lhes o gosto amargo. Alimento de Origem Animal Possui um alto valor energético, superior ao de origem vegetal. Costuma-se dizer que, em questão de sobrevivência, tudo que anda, rasteja, nada ou voa pode ser considerado alimento. Em condições de extrema necessidade, a fome prevalece sobre a repugnância. As formas de obtenção do alimento de origem animal podem ser através da caça e da pesca. Ao caçar é necessário ter cautela, porque os animais não se deixam capturar facilmente. As trilhas de animais devem ser pesquisadas, pois conduzem o sobrevivente a sua toca, a uma fonte de água ou a uma clareira. É possível reconhecer uma trilha através de restos de frutos comidos ou pelas fezes do animal. As armadilhas devem ser montadas antes do cair da noite e recolhidas pela manhã. 19 Habituados com a configuração da vida ao ar livre, os animais possuem um excelente olfato, motivo pelo qual não se deve alterar o ambiente ao redor da armadilha nem urinar próximo a ela, pois a caça pressente a presença humana. Na inexistência de material para a pesca nos conjuntos de sobrevivência, os sobreviventes podem improvisar anzóis com pregadores de fraldas, alfinete do brevê, espinhos, pregos, pedaços de ossos, clipes ou madeira. Se não dispuser de linha, pode-se fazer uso de fios elétricos, arames, linhas de roupas ou cordões de sapatos. O que puder ser improvisado, como uma pequena rede, ou um arpão (com canivete ou faca). Até mesmo o facho de luz da lanterna pode ser empregado para a pesca, atraindo pequenos cardumes. Como iscas, utilizar insetos e vísceras de animais. Preparação do Alimento Uma vez abatida a caça, deve-se proceder à retirada do couro. O método da esfola consiste em abrir o animal pela linha do peito, cuidando para não perfurar a bexiga ou a vesícula biliar. Nenhuma parte das vísceras deve ser aproveitada como alimento. Os peixes são descamados da cauda para a cabeça, no sentido contrário às escamas. Não se deve comer a cabeça nem a cauda do peixe, porque podem ser indigestas. Para depenar uma ave sem nenhum consumo de água, um processo prático que pode ser empregado é o do “descamisamento”, que consiste na inserção de um pequeno tubo à semelhança de uma caneta Bic na parte interna de cada coxa do animal. Nesse processo, a pele da ave é removida junto com as penas. As cobras podem ser encontradas tanto em ambiente de selva como no deserto. No preparo das cobras peçonhentas, deve-se desprezar um palmo a partir das extremidades, onde se encontram as glândulas e partes venenosas e a cauda, cartilaginosa, sem carne. Cobras peçonhentas não possuem carne venenosa, o veneno está contido nas suas presas e é inoculado por ocasião da picada. Formigas e gafanhotos podem ser ingeridos assados, pois possuem grande valor nutritivo e em algumas partes do mundo são considerados pratos exóticos. Deslocamento em Busca de Socorro A maior parte dos resgates bem-sucedidos comprova a necessidade de os sobreviventes permanecerem nas imediações do local do pouso forçado. Para as equipes de socorro, é mais fácil visualizar uma aeronave acidentada do que um grande número de pessoas se deslocando por uma enorme área. É muito comum essas pessoas se dispersarem e perderem a vida vagando sem orientação. Os critérios para decidir abandonar a área do acidente são: se já houver passado o sétimo dia, quando se encerram as buscas; quando forem consideradas mínimas as chances de resgate; quando houver certeza de encontrar socorro; se os referenciais para o deslocamento forem bem definidos; conhecer a posição geográfica. Orientações para o Deslocamento Com exceção de sobrevivência no mar, uma vez decidido o deslocamento para a busca de socorro, deve-se planejá-lo preparando todo o material necessário para a caminhada e a composição do grupo. As provisões de água e alimento devem ser divididas em 3 partes. O grupo que se desloca deve levar 2/3 do total disponível.Quando possível, reúna os equipamentos enumerados a seguir para o seu deslocamento: Facão; Relógio; Estojo de primeiros socorros; Suprimento de água e alimento; Fio metálico ou corda para armar abrigos; 20 Óculos para proteção contra os raios solares; Proteger em saco plástico: Bússola; Velas; Fósforo ou isqueiro; Sinalizadores; Caderno de notas; Caneta A equipe deve ser composta de, no mínimo, quatro pessoas com asseguintes funções: Homem Ponto de Referência, responsável pela abertura das picadas com o facão e por fixar o ponto de referência para as visadas da bússola; Homem Bússola, responsável pela visada e pela leitura da bússola, deslocando-se imediatamente à retaguarda do Homem Ponto de Referência; Homem Passo, responsável pela execução, contagem dos passos e sua transformação em metros. Desloca-se atrás do Homem Bússola; Homem Carta, responsável pela coordenação do deslocamento da equipe, pela elaboração dos croquis com anotações sobre pontos geográficos. Método de Aferição do Passo Como deve ser procedido um revezamento de funções durante a caminhada, é importante que todos os componentes selecionados tenham seus passos aferidos. Para essa aferição, utiliza-se um terreno plano marcando a distância de 100 m. Deve-se percorrer essa distância dez vezes e determinar, em cada vez, o número de passos percorridos, calculando-se a média. A equivalência de “P” passos necessários deve ser estabelecida pela relação (P + 1/3P), sendo 1/3P o coeficiente de correção dos passos. Fazer a conversão para metros de 50 em 50 ou de 100 em 100 passos. O Homem Carta deve assinalar os acidentes geográficos tomados como pontos de referência, as medidas angulares lidas pelo Homem Bússola, as distâncias percorridas medidas em passos. Tiras de pano coloridas devem marcar o trajeto; cortes em árvores e pequenas pedras alinhadas também podem ser empregadas; essa marcação é necessária para que as equipes de socorro possam encontrar os sobreviventes e para que o grupo que saiu em busca de socorro tenha como retornar ao acampamento. As marchas devem se iniciar ao amanhecer e ser encerradas às 15 horas para improvisação de abrigo. Para evitar a fadiga, o deslocamento deve ser lento e as caminhadas devem ter a duração máxima de 3 horas. A parada para descanso deve ser de uma hora. Os melhores trajetos são cursos d´água, trilhas de animais ou de nativos. Se, porventura, se encontrar com um grupo de nativos, deve-se deixar que parta deles a iniciativa de aproximação. Transposição de Obstáculos Durante as marchas, o grupo de deslocamento pode deparar-se com obstáculos, como subidas ou descidas acentuadas, rios, morros, buracos etc. A regra recomendada é que se a transposição desses obstáculos exigir esforços demasiados do grupo, é preferível contorna-los. Na impossibilidade de contornar um morro de aclive acentuado, é preferível subi-lo em ziguezague, seguindo as curvas de nível para atenuar os esforços. Sempre que se deslocar de um ponto a outro, é preciso marcar bem o local exato onde ocorreu a mudança de direção. Ponto de Referência Nítido (Para Obstáculos Pequenos) O processo consiste em, chegando-se ao obstáculo de pequenas dimensões, como um curso d’água, por exemplo, determinar no lado oposto um ponto bem definido para servir de referencial para o prosseguimento da marcha. Compensação com Passos e Ângulos Retos 21 Para o estabelecimento da direção da marcha caminha-se contando os passos na direção dada pelo Azimute de Marcha até o ponto A, onde o morro se inicia. No ponto A, muda-se de direção para desviar do morro, escolhendo-se um novo Azimute de 90° com o da marcha, apontando na direção B, e contam-se os passos. Chegando ao ponto B, retoma-se o Azimute de 90°, paralelo ao da marcha, e contam-se os passos do deslocamento de B para C. Chegando em C, vai-se para D deslocando-se segundo o Contra-azimute da direção AB, percorrendo-se a mesma distância, pois AB = CD. Chegando em D, retoma-se o deslocamento na direção dada pelo Azimute original. Em decorrência dos acidentes do terreno, é comum ocorrer pequenos desvios na aferição da direção e das distâncias percorridas. Para reduzir esses erros, deve-se designar dois homens para a leitura da bússola e dois outros para a contagem dos passos. Formas de Orientação Orientação por Bússola Em todas as situações de sobrevivência, é imprescindível lançar mão da bússola manual existente no kit de sobrevivência ou a da aeronave (retirar os imãs de compensação). Algumas regras devem ser seguidas: Azimute de um alinhamento é o ângulo formado pelo alinhamento com a direção Norte-Sul. Quem determina o Norte é a agulha e não o limbo. Para a leitura dos azimutes com segurança, o primeiro passo é zerar a bússola, isto é, coincidir o Norte indicado pela agulha com o zero do limbo. A seguir, marca-se a direção a partir do local do acidente, fazendo-se uma visada para a direção a ser seguida. Sempre que for feita a leitura da bússola, deve-se certificar de que a mesma não está sob influência de alguma força magnética externa (imã, ferro, aparelho elétrico...) Orientação pelo Relógio Coincidir o número 12 do mostrador com a direção do Sol. No hemisfério sul, a bissetriz do ângulo formado entre o 12 e o ponteiro das horas indica o norte em qualquer hora do dia. A linha a ser voltada para o Sol será a do ponteiro das horas e a bissetriz do ângulo desta linha com a linha 12-6 dará a direção Norte-Sul. Orientação pelo Sol 22 Estende-se o braço direito para o nascente do sol (leste), à esquerda tem-se o oeste, à frente o norte e, às costas, o sul. Determinação da linha Norte-Sul pelo Sol do Meio-dia Consiste na determinação do meio-dia local pelo Método da Estaquinha, cuja sombra projetada determina a linha norte-sul. A linha da sombra mais curta é a do meridiano local, ou seja, a linha norte- sul. Ao norte da latitude norte 24°4’, a sombra da estaca se projeta para o sul. Nos trópicos, a indicação vai depender da data e do local onde estiver o sobrevivente. 23 CAPÍTULO 06 - SOBREVIVÊNCIA NA SELVA O cenário de selva revela grandes recursos hídricos e riqueza de flora e fauna. O desconhecimento sobre como explorar esses recursos, por parte da maioria dos sobreviventes de um pouso forçado na selva, pode ser um fator adverso à sua permanência por um período prolongado. Plantas venenosas, animais venenosos e animais perigosos demonstram essa afirmação. Como saber diferenciá-los, então? Neste capítulo, serão apresentadas algumas informações importantes para auxiliar aqueles que, após terem lido este livro, queiram entrar em contato com a natureza. O assunto é muito vasto e não se esgota nesta obra. A pesquisa realizada foi uma tentativa de coletar informações básicas necessárias para a obtenção de sucesso em um ambiente hostil, diferente daquele ao qual pessoas de hábitos urbanos estão acostumadas. As fontes de consulta foram os manuais do Ministério da Aeronáutica de Busca e Salvamento (MMA 64- 2), o Manual dos Escoteiros do Brasil, o Manual da Força Aérea Americana (AFM 64-5), o Manual do Exército Americano (US Army Survival Manual FM 21-76). Em nenhuma dessas bibliografias consultadas se encontrou algo referente aos ensinamentos sobre “ter vontade de viver” e, muito menos, “vontade de sobreviver”. Esse sentimento está internalizado em cada indivíduo, e é baseado nele que os sobreviventes de um pouso forçado na selva devem buscar forças para aplicar as informações aqui contidas. Somente a experiência de pessoas adaptadas à vida em um ambiente de selva lhes possibilita fazer a seguinte afirmação com segurança: “A selva pode ser considerada paraíso ou inferno. Tudo depende do nosso conhecimento sobre ela e de como o aplicamos”.Cuidados com a Saúde e o Vestuário Uma das maiores dificuldades possíveis de ser enfrentadas pelos sobreviventes em regiões de selva é o convívio com os mosquitos e outros insetos. Ao contrário do que se imagina, o corpo e suas extremidades devem estar totalmente cobertas, independentemente da temperatura e da umidade do ambiente. Cobrir o corpo proporciona proteção contra as adversidades do meio ambiente. As roupas impedem que, durante a permanência na selva, galhos e até mesmo espinhos arranhem o corpo do sobrevivente e abram caminho para que os mosquitos ou outros insetos depositem suas larvas nos ferimentos. A transmissão de moléstia pelas picadas, pelas ferroadas ou pelo depósito de larvas desses insetos gera infecções e até mesmo irritações que, mesmo após o resgate, os sobreviventes continuam a tratá-las em seu retorno à vida urbana. O corpo totalmente coberto também protege das ações nocivas do sol, uma vez que se deve ter um cuidado muito especial com relação a queimaduras e à desidratação. Durante o período de permanência na selva, é muito importante o cuidado para que animais não se aproximem demasiadamente do acampamento, evitando dessa maneira sérios problemas com relação a mordidas, ferroadas, penetrações, sucções e a invasão de animais como aranhas, cobras, escorpiões, bichos-de-pé e carrapatos. A fadiga e a desidratação debilitam rapidamente o ser humano. Aquele que não puder preservar sua saúde com um mínimo de higiene e vestuário adequado ao local onde se encontra não terá condições psicológicas de enfrentar as adversidades de um período de sobrevivência na selva. Após a execução das ações imediatas e simultâneas, depois do abandono e do afastamento da aeronave, para que o sobrevivente comece a resgatar parte daquilo que lhe foi tirado no momento do acidente, deve-se dar prioridade ao curso de suas ações subsequentes com a aplicação da regra AFA + A, de Abrigo, Fogo, Água e Alimento. Abrigo 24 No interior de um local onde possa se sentir protegido, o sobrevivente começa a resgatar os sentimentos de dignidade e segurança que lhe foram tomados no momento do acidente e essa nova percepção é uma importante ferramenta para a criação de uma base consistente para o despertar da “vontade de sobreviver”. O abrigo proporciona a proteção contra as adversidades do meio como o sol, a chuva e as variações bruscas de temperatura. E essa proteção traz conforto espiritual. A construção do abrigo tem como principal finalidade proporcionar ao sobrevivente um lugar onde ele possa descansar e renovar suas energias para o desempenho de diversas atividades que se fazem necessárias em um período de sobrevivência. Escolha do Local para Construção do Abrigo Os sobreviventes têm duas opções: construir o abrigo com os recursos disponibilizados pelo meio ambiente; ou utilizar a própria aeronave como abrigo. Se a escolha recair sobre utilizar a aeronave como abrigo, alguns fatores devem ser considerados antecipadamente o resfriamento dos motores; e a evaporação total do combustível derramado. Outro acontecimento que deve ser levado em consideração é o fato de que durante um acidente aéreo há grandes possibilidades de haver pessoas feridas e até mesmo a ocorrência de óbitos, o que deixaria certamente sangue derramado nas cabines de comando e de passageiros, e até mesmo corpos presos entre as ferragens, o que seria um empecilho para a utilização da aeronave como abrigo. Os raios solares incidindo diretamente sobre a fuselagem podem transformar a aeronave em um local de altas temperaturas, impossibilitando a permanência dos sobreviventes em seu interior. Após a análise de todos esses fatores, ainda resta a possibilidade de construir um abrigo empregando tanto recursos da própria aeronave como do meio ambiente. A seleção do local para sua construção deve recair, preferencialmente, sobre a parte mais elevada do terreno, uma vez que, se chover, as regiões mais baixas alagam ou armazenam água. A vegetação existente pode ser utilizada como apoio para a construção do abrigo, mas é preciso ter cuidado com relação a grandes árvores, pois também grandes são os seus frutos e galhos. É grande a possibilidade de esses galhos estarem secos ou podres e da queda de frutos, causando estragos tanto materiais, destruindo o abrigo construído, como pessoais, se atingir algum dos sobreviventes. Na existência de um curso de água, deve-se construir o abrigo a uma distância segura para que não ocorra um alagamento em caso de transbordamento de rio, devido às chuvas, mas também não muito longe, o que pode forçar os sobreviventes a andar demasiadamente para a obtenção de água. Tipos de Abrigo No que se refere ao tipo de abrigo a ser construído, há diversas opções. Podem-se construir abrigos provisórios ou temporários. Qual a diferença existente entre eles? Provisório é o abrigo construído com maior premência e o mais rapidamente possível, muitas das vezes utilizando-se o primeiro material encontrado pelos sobreviventes. É aquele abrigo no qual não houve tempo hábil de se elaborar devidamente a sua construção. Abrigo Provisório Dentre os abrigos provisórios, destaca-se o conhecido como “Rabo de Jacu”. Sua construção se dá a partir de dois pedaços de madeira ou até mesmo duas árvores. Coloca-se uma terceira madeira apoiada nessas duas primeiras, formando o que se entende por uma goleira. Para a cobertura desse abrigo, coloca-se algum tipo de material retirado do interior da aeronave, que pode ser escorregadeira, barco salva-vidas, carpetes, forros, cortinas, lonas, amarrados na parte superior e esticados para um dos lados. Deve-se ter o cuidado de fechar as laterais e a frente, deixando apenas uma porta para entrada e saída dos sobreviventes. 25 Abrigo “Rabo de Jacu” Esse tipo de abrigo é de grande utilidade para quando o acidente ocorrer em um horário com pouca iluminação do sol ou até mesmo à noite. Abrigo Temporário Durante o período em que os sobreviventes se encontrarem no local do acidente, é preciso manter o grupo em atividade. A estratégia recomendada é a de transformar o abrigo provisório em um abrigo temporário. Essa determinação depende da liderança exercida no grupo pelo coordenador e de tempo, tanto cronológico quanto meteorológico, e, é lógico, dos recursos disponíveis. Dos abrigos temporários destacam-se basicamente dois tipos, que são o Abrigo tipo A e o Tapiri Simples. O Abrigo tipo A tem a mesma base do “Rabo de Jacu”, a diferença é que o material empregado na cobertura, em vez de ser esticado somente para um dos lados, deve ser esticado para ambos os lados. O fechamento das laterais se torna mais fácil, porém, gera a necessidade do emprego de uma maior quantidade de material para a sua cobertura. Abrigo tipo A O Tapiri Simples é confeccionado a partir de uma base ou estrado instalado a uma certa distância do chão, entre quatro pedaços de madeira ou árvores. Acima dessa base ou estrado é feita a cobertura. 26 Abrigo Tapiri Simples Independentemente do tipo de abrigo, alguns cuidados devem ser tomados, no que se refere ao local do acampamento. O interior dos abrigos ou até mesmo o estrado do Tapiri deve ser forrado com folhas, carpetes, tecidos, assentos ou qualquer outro material, para que não haja contato direto com o solo, devido à umidade que possa existir, bem como para deixar mais confortável. Se forem utilizadas folhas ou vegetação, elas devem ser “flambadas” na fogueira (passadas na chama) para evitar que insetos e animais, como aranhas e escorpiões, sejam levados com elas para o interior do abrigo. A altura de uma pessoa agachada serve de parâmetro para dimensionar a altura do abrigo, pois assim facilita o fechamento das laterais com folhas e galhos e também mantém o calor interno em regiões frias. No caso de regiões mais quentes, as laterais não devem ser totalmente fechadas, para facilitar a ventilação.Turnos de Vigia Nem todos podem descansar ao mesmo tempo. É preciso estabelecer os turnos de vigia para proteção do acampamento e para a observação da possibilidade do aparecimento de alguma aeronave ou embarcação nas imediações. A capacidade do abrigo deve ser suficiente para comportar quase todos que dele fazem uso, excetuando os dois sobreviventes que ficarão de vigia, do lado de fora. Os turnos de vigia não devem ser superiores a duas horas, e esse rodízio de turnos deve ser organizado de tal forma que todos possam descansar. O descanso é fundamental em uma situação de sobrevivência. Infra-estrutura do Abrigo Ao redor do acampamento devem ser construídas caneletas de drenagem para que, em caso de chuva, a água que possa escorrer do teto não penetre interior do abrigo. Essas canaletas devem ser construídas no terreno bem rente às paredes do abrigo. A profundidade e o tamanho devem ser proporcionais à precipitação pluviométrica e à inclinação do terreno. Desconhecendo-se o regime de precipitação de chuvas, a profundidade da canaleta pode ser dimensionada em torno de 10 cm. Do lado oposto ao curso de água, se houver, os sobreviventes devem construir as fossas de detritos e de dejetos. Elas devem estar a uma distância segura para que o odor exalado não penetre no ambiente do acampamento e que os sobreviventes possam chegar até elas sem o risco de se perder. Fogo O fogo é de fundamental importância para a sobrevivência na selva. Com ele, os sobreviventes estão protegidos porque os animais normalmente temem a proximidade da chama e qualquer alteração efetuada em seu habitat os afugenta. Finalidades da Obtenção do Fogo 27 O fogo também pode ser utilizado para sinalizar, purificar a água, cozinhar e, até mesmo, reunir o grupo de sobreviventes mantendo-os aquecidos, proporcionando um ambiente de união que eleva a autoestima do indivíduo, despertando e mantendo o desejo de sobreviver. O princípio fundamental para a obtenção do fogo é a reunião de calor, oxigênio e combustível, que resulta na reação em cadeia. O calor pode ser mantido em regiões frias ou dispensado em regiões quentes. No frio, devem ser construídos anteparos contra o vento, espécie de paredes protetoras, tendo o cuidado de não abafar o fogo, visto que sem oxigênio ele se extingue. Com relação ao material utilizado para produzir uma fogueira, os sobreviventes devem armazená-lo em quantidades suficientes para que não haja a necessidade de sair do local durante a noite para providenciá-lo. Para fazer o fogo, é necessário que esse material seja de vários tamanhos e espessuras. Desde a mais remota Antiguidade, quem obteve o fogo deteve o poder sobre aqueles que não o conheciam. É um milenar princípio inteligente, donde se pode concluir que a selva não pertence, necessariamente, ao mais forte, mas sim ao mais inteligente, calmo e sóbrio. Local para Acender o Fogo Deve ser um local limpo, pois qualquer material seco que estiver em contato com a fogueira queima, gerando o risco da propagação do fogo para a floresta. A limpeza da área deve ser feita de tal forma que se deixe somente terra para a base da fogueira e que o seu redor seja demarcado com pedras. Fogueira O cuidado com relação às pedras é a possibilidade da existência de bolhas de ar em seu interior, que, devido ao calor, podem se expandir estourando; as lascas de pedra podem causar ferimentos nas pessoas mais próximas da fogueira. Pela mesma razão, se estiver sendo cozinhado qualquer alimento e as pedras estourarem, a comida será perdida. Fazer o fogo em um local próximo ao acampamento afasta os insetos, por causa da fumaça, e pode até aquecer o interior do abrigo. Esse local não pode ser na parte mais baixa do terreno, pois se chover o fogo se extinguirá. É necessário construir um anteparo contra a chuva com altura suficiente para eliminar o risco de incêndio no anteparo ou nas árvores em seu redor. Como Obter o Fogo A fase mais difícil da obtenção do fogo é a da ignição. São necessárias “iscas”, ou seja, materiais de fácil queima tais como: breu vegetal , papel, folhas secas, vegetação ressecada e pequenos gravetos. De posse dessas iscas, é possível dar início à obtenção do fogo. Para a ignição, podem ser empregados os recursos que são encontrados nos kits de sobrevivência na selva ou mar, na aeronave, nas bagagens de passageiros e tripulantes e, também, na própria selva. Fósforos e isqueiros são a primeira opção dentre os artifícios que podem dar início ao fogo. Eles podem ser encontrados nos pertences de passageiros e tripulantes, bem como no kit de sobrevivência na selva. 28 Outros artifícios que podem ser empregados para dar início ao fogo são lentes de óculos, lanternas, binóculos etc. disponíveis nos pertences dos sobreviventes. Deve-se salientar que a utilização desse material só dará resultado na presença da luz solar. Método com lentes convergentes Baterias (pilhas) existentes em lanternas colocadas em seqüuência, tendo os pólos ligados através de fiação de pequena espessura geram aquecimento e faísca, capazes de dar início ao fogo. Essa fiação pode ser encontrada na aeronave. Para efeitos de treinamento, muitas vezes é utilizada a palha de aço para a demonstração. Método com pilhas Alguns tipos de pedras ou até mesmo pedras em contato com metais podem gerar faíscas e com isso possibilitar a ignição necessária, sem se perder de vista que, nesses casos, a disponibilidade de isca é fundamental. Uma excelente isca para a ignição do fogo é o combustível da aeronave. Realmente é a melhor isca, mas é difícil de se obter, pois os tanques de combustível não se abrem facilmente. As aeronaves, ao serem abastecidas, recebem o combustível de baixo para cima, sob pressão, portanto não é como em outros meios de transporte, nos quais é só abrir a tampa e coletar o combustível. Além disso, em um acidente, as asas normalmente são a primeira parte a se separar da fuselagem gerando o derramamento do combustível e, na maioria dos casos, sua queima. O atrito também é uma fonte de calor que quando em contato com a isca adequada pode possibilitar a ocorrência de ignição. O calor do atrito pode ser gerado com pedaços de madeira ou até mesmo com uma correia de aço existente dentro do cabo da faca que equipa o kit de sobrevivência. 29 Método do atrito com pedaços de madeira Se na verificação dos pertences dos passageiros se encontrar alguma arma, é bom lembrar que a munição contém pólvora e esta é de fácil ignição, sendo um excelente auxiliar na geração de faísca. Algumas árvores produzem um tipo de resina (breu vegetal) que é de fácil ignição e inflamável. Uma vez encontrada, facilita os procedimentos para a obtenção do fogo. Água Elemento fundamental para a existência da vida. Quando as naves interplanetárias pousam em outros planetas, os cientistas procuram logo por vestígios de água, pois, se forem encontrados, existe uma grande probabilidade dos terráqueos poderem sobreviver nesses planetas. Na Terra encontra-se água em abundância. Dois terços da superfície terrestre são compostos de água, mas somente parte dela não é salgada e, consequentemente, própria para o consumo. Da quantidade de água existente, 97% encontram-se distribuídos em mares e oceanos, 2,3% em geleiras, 0,6% no solo e subsolo, 0,09% em lagos e rios e 0,01% na atmosfera. Portanto, ocorrendo uma situação de sobrevivência, pode-se contar com aproximadamente 0,7% da água existente na superfície terrestre. Além disso, parte dessa água está no solo e no subsolo e são necessários conhecimentos específicos para encontrá-la e explorá-la. O que é palpável e acessível em uma sobrevivência na selva são os suprimentos restantes da aeronave e os recursos locais. Na aeronave, o material não utilizado durante o serviço de bordo deve ser trazido para o local do acampamento. Garrafas com água, sucos e refrigerantes devem ser distribuídosentre os sobreviventes. Em situações de sobrevivência, bebidas alcoólicas não devem ser ingeridas. Uma pessoa em situação de sobrevivência deve lutar contra a desidratação que, nesses casos, é fatal. Numa situação normal uma pessoa ingere cerca de 2,5 a 3 litros de água por dia. Em situação de sobrevivência essa quantidade varia de 400 ml até 1 litro, dependendo das condições de sobrevivência (região fria ou quente) e da disponibilidade de recursos hídricos. Independentemente disso, o fornecimento tanto de água quanto de alimento deve ser suspenso nas primeiras 24 horas. Pode-se viver bastante tempo sem comer, mas sem água esse tempo é reduzido. Vai depender das condições físicas e fisiológicas de cada indivíduo. Fontes de Obtenção de Água Em uma situação de sobrevivência, a aeronave é uma das melhores opções. Com relação aos tanques de água potável existentes em qualquer aeronave, sabe-se que eles contêm uma boa quantidade de água e variam, em sua capacidade, conforme o tipo de aeronave, mas é importante salientar que a água, assim como o combustível, também é colocada nos tanques sob pressão, de baixo para cima, e que o acesso a esse reservatório não é fácil, mas, sendo possível, pode- se fazer uso dessa fonte de água também. Alguns tipos de vegetais sintetizam água em seu interior, como é o caso do coco. Em algumas regiões da selva amazônica é encontrado um tipo de cipó chamado cipó de casca grossa (também conhecido como cipó d’água que sintetiza água em seu interior. 30 Cipó de casca grossa Para a extração da água do coco, necessita-se apenas de um facão e um pouco de habilidade para abri- lo. Já com o cipó de casca grossa é necessário, primeiramente, cortá-lo na parte superior o mais alto possível e, posteriormente, na parte inferior para que o líquido existente em seu interior escorra em decorrência da gravidade. Outro vegetal que possui água em seu interior é o cacto, porém nem sempre é encontrado em florestas tropicais e, sim, em matas de região semiárida. Deve-se cortar a parte superior da planta com um facão, pois possuem espinhos fortes e uma casca grossa, em seguida retira-se a polpa, macerando-a para retirada da água e descartando-a em seguida. Tipos de cactos A água de origem vegetal não necessita ser purificada. 31 A água captada diretamente da chuva também não requer purificação. Pode ser ingerida diretamente em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades de cada indivíduo. Cabe lembrar que a água da chuva não contém sais minerais. Se a água captada da chuva for armazenada ou entrar em contato com materiais que não estejam limpos, é necessário purificá-la. A água pode ser obtida em outras fontes: rios, lagos, córregos, açudes, vegetais com folhas resistentes e próximas armazenam água, bambus e até mesmo a retirada do solo. A água captada dessa forma deve ser purificada antes da ingestão. Retirada de água armazenada em bambus A obtenção de água desses recursos é simples, só se deve levar em consideração que ao recolher a água de rios, lagos, córregos e açudes o sobrevivente não deve revolver o fundo para que o material orgânico depositado não se eleve, sujando a água. Também não se deve colher a água muito rente à superfície, pois mosquitos e insetos, de maneira geral, podem depositar seus ovos e larvas, ou até mesmo serem captados junto com a água colhida. O mesmo cuidado se deve ter com relação à água armazenada por vegetais com folhas resistentes e próximas (gravatás e bromélias), onde a ação de mosquitos e insetos é maior. Retirada de água armazenada em bromélias Métodos de Purificação da Água A primeira opção é a utilização de purificadores existentes nos kits de sobrevivência na selva e no mar, que são usados conforme descrito na sua bula, e a segunda é a fervura facilmente disponível com a fogueira existente no acampamento. Para purificar a água deve-se deixar ferver por, no mínimo, 1 minuto e esfriá-la antes de ingeri-la. Quanto à água existente no solo, sua retirada pode ser através de escavação, mas seria necessário algum conhecimento para isso. A água é eliminada naturalmente pelo organismo através da sudorese e da respiração, por isso a recomendação de ingestão de, no mínimo, 500 ml de água em situação de sobrevivência na selva. Pode-se, também, controlar a perda através da sudorese, evitando-se realizar esforços desnecessários. 32 A eliminação de água através da urina, fezes e saliva é controlada pelo organismo, visto que só se elimina o que está sobrando. A ingestão de água em excesso pode gerar sensação de desconforto, donde se pode concluir que, em situação de sobrevivência, a não ingestão de água provoca desidratação; em contrapartida, a ingestão em excesso também é desconfortável. Cabe ressaltar que a construção de filtros pode ser feita utilizando algum tipo de recipiente, que pode ser de pano resistente, lona ou até mesmo gomos de bambu, e colocando dentro inicialmente pedras e, após, areia, para que a água ao passar deixe suas impurezas, tornando-se mais clara. Todo esse procedimento não dispensa a purificação da água. Alimento Um sobrevivente necessita de energia para sobreviver e desempenhar as tarefas. Essa energia é suprida com a ingestão de proteína animal e/ou vegetal. A proteína animal pode ser encontrada em alimentos como carnes e ovos e a vegetal nos carboidratos encontrados, principalmente, nos alimentos à base de amido e também nas frutas. Inicialmente, deve-se fazer uso dos alimentos trazidos dos suprimentos restantes da aeronave, pois são os que estão mais acessíveis e sobre os quais se tem mais conhecimento. Deve-se observar que os alimentos industrializados e pré-prontos que são servidos a bordo exigem conservação e por isso devem ser logo consumidos, apesar das recomendações de não se alimentar nas primeiras 24 horas. As regras existentes devem sempre ser analisadas e reavaliadas, pois cada situação exige um reordenamento. Essas regras são utilizadas como balizadoras das ações a serem executadas. Se a quantidade de água descrita anteriormente não for suprida, não se deve ingerir alimentos, pois só se pode fazê-lo em conjunto com a hidratação. Havendo água deve-se evitar a ingestão de gorduras, pois podem causar distúrbios à digestão, levando à desidratação. Fontes de Captação de Alimento Podem ser divididas em dois grandes grupos: origem vegetal; origem animal. Alimento de Origem Vegetal Na natureza, há uma grande variedade de vegetais. Fica até mesmo difícil determinar o que pode ser e o que não pode ser ingerido. É impossível o conhecimento de todas as espécies, razão pela qual algumas “regras” e “conselhos” daqueles que conhecem devem ser utilizados. Por não se conhecer vegetais venenosos e não venenosos sugere-se que os sobreviventes coloquem os vegetais em um recipiente com água e seja feito um sopão, pois, com exceção da mandioca brava e dos cogumelos, os venenos dos outros vegetais se tornam inócuos com a fervura. Se houver a necessidade de ingeri-los crus, aconselha-se colocar uma pequena porção na boca e, se depois de 2 a 3 minutos não sentir dormência, mastigar para extrair um pouco de seu sumo, sem ingeri- lo. Se ainda assim não sentirem dormência na boca, nos lábios e na língua, os sobreviventes podem considerar os alimentos testados não venenosos. Toda cautela e paciência são necessárias nessa hora. Macacos e pássaros são excelentes referenciais, pois tudo o que for ingerido por eles pode ser ingerido pelo homem. Quanto a legumes e alguns tipos de hortaliças que por ventura sejam encontrados, devem receber o mesmo tratamento dispensado na cidade. Raízes podem ser ingeridas, mas deve-se cozinhá-las, pois são ricas em amido que, se ingerido cru, é indigesto. Também em situação de sobrevivência na selva a regra que os sobreviventes podem utilizar é a de não consumir C abeludo A margo L eitoso 33
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