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DIREITO AGRÁRIO - HG2

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DIREITO AGRÁRIO 
TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO 
 
O regime de sesmarias, levou um grande número de possuidores a pedir o 
reconhecimento de títulos sobre as áreas utilizadas. 
Esta situação gerou - o que a doutrina chama de, Império da Posse, ou seja, quem 
era possuidor de terras (sobretudo as devolutas) passou a reclamar o título, o domínio 
do bem. Trabalhadores rurais, camponeses e toda sorte de moradores do campo 
pleitearam a propriedade das áreas que ocuparam. O costume “a posse é meio de 
aquisição” da terra foi o que vigorou. 
Foi a Lei de Terras (Resolução de 1850) e o Estatuto da Terra (Lei 4504/1964) que 
estabeleceram freios para a situação, que até hoje ainda é ponto de conflito no campo. 
Entendido o contexto em que está inserido o Direito Agrário, vamos conhecer o 
conceito, o objeto, o relacionamento desta disciplina com outras ciências, a natureza 
jurídica do direito agrário, suas fontes e princípios. 
1) Conceito 
A questão agrária está vinculada a relações jurídicas, econômicas e sociais oriundas 
da atuação humana no setor primário da economia (agricultura, pecuária, pesca e 
extrativismo mineral) e de sua repercussão (no meio ambiente, na indústria, no 
transporte e comercialização de produtos), como vimos na aula anterior. 
Podemos afirmar então que: 
2) TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO 
 “Direito Agrário é o conjunto de normas jurídicas concernentes ao aproveitamento do 
imóvel rural” (Silvia e Oswaldo Opitz). 
 “Direito Agrário é o ramo do direito positivo que regula as relações jurídicas do homem 
com a terra” (Wellington Pacheco Barros2). 
 “É o sistema normativo, fundamentado em princípios gerais próprios e específicos, 
que regula as relações estabelecidas entre sujeitos e os bens agrários em razão da 
atividade agrária. Como finalidade desse direito indicamos o fomento (incentivo) da 
produção e melhor distribuição da terra para integração da comunidade rural ao 
processo de desenvolvimento nacional” (Telga de Araújo3 ). 
 “É o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir função social à terra, 
regulam relações afeitas à sua pertença e uso e disciplinam a prática das explorações 
agrárias e da conservação dos recursos naturais” (Raymundo Laranjeira4 ). 
A primeira ideia que precisamos entender é que o direito agrário preocupa-se com o 
homem e a propriedade que produz, aquela que é viável economicamente. Então 
podemos designar como “agrário” o bem que admite exploração econômica. O 
designativo “rural” acabou deixado de lado porque definia mais o “campo” ou ainda, 
visto que imóvel “rural” era termo antagônico ao imóvel “urbano” (no direito romano). 
Sabemos que estas expressões não são abandonadas na explicação dos pontos 
importantes do direito, porém, tecnicamente, a palavra “agrária” passou a melhor 
expressar a ciência que analisamos agora. 
3) TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO 
No século passado, a doutrina muito se preocupou em definir quais atividades eram 
ou não consideradas agrárias. Realmente, não havia como dar respaldo jurídico a 
todos os casos que envolviam o campo em um só ramo do direito, como por exemplo, 
proteção do trabalhador rural, garimpo, transporte de produtos agrícolas, 
arrendamento rural, imposto sobre a propriedade territorial rural, enfim, uma teia de 
situações dispersas em regramentos específicos. 
2) Objeto: 
O Estatuto da Terra fixou, em seu art. 1º, o objeto do Direito Agrário e as situações 
ele regula: 
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, 
para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola. 
Por isso, verificamos que o conjunto dos direitos e das obrigações dos bens imóveis 
rurais para reforma agrária e a política agrícola são o objeto do Direito Agrário. 
Quais são estes direitos e obrigações? 
São as obrigações e direitos relacionados aos fatos jurídicos que provém da produção, 
do campo. 
A doutrina coloca a atividade agrária; a função social da propriedade; as relações do 
homem e da terra e o aproveitamento do imóvel como cerne deste ramo do Direito. 
Sodero aponta quais são as atividades agrárias: 
“(...) Observe-se que a atividade agrária é produtiva por excelência. Por meio dela se 
realizam o cultivo da terra, pela exploração agrícola, extrativa, agro-industrial e 
florestal; bem como a exploração de animais, ou seja, a pecuária. Já as atividades 
agrárias vinculadas se dirigem à conservação dos recursos naturais considerados 
renováveis, terra, água e ar; às conexas à de produção, têm por fim transformar ou 
vender os produtos agropecuários”. 
De modo esquemático visualizamos: 
ATIVIDADE AGRÁRIA (produção): 
Típica: exploração agrícola, extrativa, pecuária; Conexa ou complementar à 
produção, portanto, atividade agrária atípica: agroindústria, comércio e transporte; 
Atividade vinculada à atividade agrária: utilização e conservação dos recursos 
naturais. SODERO, Fernando Pereira. Revista di Diritto Agrário. Ano LVII, 1978, p.69. 
3) Relacionamento do Direito Agrário com outras Ciências e com outros ramos do 
Direito: Apreciando o objeto do Direito Agrário podemos entender que outras ciências 
estão envolvidas com nossa disciplina. É o caso das ciências sociais. 
Quando o artigo 1º do Estatuto da Terra invoca que o fim, o intuito de promoção dos 
direitos e obrigações concernentes ao bem rural imóvel, é a execução da reforma 
agrária e da política agrícola, fica claro que a produção está ligada ao fenômeno de 
sustento das populações e das melhores técnicas agrícolas para retirar o proveito 
sustentável da atividade agrária. 
Assim, podemos dizer que o enfoque do Direito agrário é multidisciplinar, agregando 
conceitos sociais, estudos da economia agrária, interligação com estatísticas, dados 
de produção e escoamento dos produtos, entre outros. Com os demais ramos do 
Direito, também há conexão do Direito Agrário. Regia o imóvel rural o antigo Código 
Civil, da mesma forma que o antigo Código Comercial desafiava o empresário rural. 
Hoje o Estatuto da Terra regula a maior parte das situações, mas subsidiariamente a 
legislação civil ainda pode 
ser invocada. O direito administrativo, sobretudo quando se fala em política agrícola 
e reforma agrária, ainda é muito alinhado com a questão da terra. Os institutos da 
desapropriação, os órgãos de execução da política fundiária (INCRA, INDA), as 
normas ambientais, estudo de impacto ambiental, proteção de espécies da fauna e 
flora, enfim, todo um conjunto de ações do governo são estritamente relacionados 
com o Direito Agrário. 
A questão dos recursos financeiros e a arrecadação de tributos (ITR, etc.), provam 
que o Direito Tributário está relacionado com a questão agrária. 
No que concerne ao direito processual podemos apontar que litígios do homem da 
terra com proprietários, fazendeiros, arrendatários, etc., são destinados a solução 
judicial com uso das normas processuais civis. Já o trabalhador rural e o vínculo com 
empresas agrícolas, de pesca, agroindustriais, etc. é alvo da análise do Direito e 
Processo do Trabalho. 
Com o Direito Penal também se relaciona o Direito Agrário. A mídia não cansa de 
relatar crimes de homicídio, danos, lesões corporais e outros, todos gerados com os 
conflitos agrários. É o Direito Penal e o Processual Penal que cuidam destas infrações 
socialmente relevantes. 
No entanto poderia haver a seguinte colocação: o Direito Agrário possui autonomia 
como ciência jurídica? 
A resposta é sim. A autonomia se revela em diversas facetas: a) a legislação que é 
aprovada pelo Congresso Nacional considera o desequilibro nas relações agrárias e 
a proteção de populações ou indivíduos menos favorecidos Ex. o Estatuto da Terra; 
b) a jurisprudência vem consolidando as posições específicas da relação jurídica 
agrária, atentando, muitos dos julgados, para a função social da propriedade, para a 
desapropriação para fins de reforma agrária,para as varas especializadas, etc. c) o 
ensino do direito agrário como ramo próprio nas universidades. Todos estes enfoques 
afirmam a autonomia do Direito Agrário. 
4) Natureza Jurídica 
O Direito Agrário é um ramo do Direito com natureza jurídica predominantemente 
social, conforme determina a Constituição Federal. Foi superada a dicotomia do 
Direito Público ou do Privado reger as relações agrárias: 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos 
seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
5) Fontes 
Fontes do Direito (De onde surge o Direito) e as Formas de Expressão do Direito 
(Como o Direito se revela) A origem, o nascedouro do Direito está na própria origem 
da sociedade. São chamadas de fontes do Direito aquelas que condicionam a origem 
da norma. Nas palavras de Roberto Senise Lisboa as fontes do Direito são: 
SINISE LISBOA, Roberto. Op. Cit. p. 28. 
 “o arbítrio pessoal, ou seja, a consciência coletiva que leva os representantes da 
sociedade civil a elaborar normas jurídicas que regulam a convivência interpessoal e 
o direito natural, consistente em princípios inerentes ao homem e preexistentes ao 
Estado politicamente organizado (é o que sucede com a noção de preservação 
pessoal, liberdade e apropriação de bens).” 
Existe ainda o meio pelo qual o Direito se manifesta, ou seja, as chamadas formas de 
expressão do Direito. No Brasil, em geral, a lei pode ser chamada de FONTE 
PRINCIPAL OU FONTE PRIMÁRIA DE EXPRESSÃO DO DIREITO. Já que são as 
leis que ditam quais comportamentos devem ser observados na sociedade. A lei 
determina como são os procedimentos e meios para se alcançar a distribuição da 
Justiça. É a lei que determina que direitos devem ser sacrificados e quais merecem 
prevalecer. 
Em especial, no direito agrário, a Constituição Federal é a primeira FONTE de 
expressão a ser invocada. Vejamos os dispositivos constitucionais que tutelam a 
questão agrária: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...)” 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
(...) 
Art. 20. São bens da União: 
(...) 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, 
definidas em lei; 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; 
(...) 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
(...) 
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de 
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. 
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-
se-á presente no local do litígio. 
(...) 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
VI - propriedade territorial rural; 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a 
manutenção de propriedades improdutivas; 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o 
proprietário que não possua outro imóvel; 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, 
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia 
fiscal. 
(...) 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: 
(...) 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
(...) 
POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e 
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor 
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, 
e cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma 
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de 
rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim 
como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no 
exercício. 
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de 
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu 
proprietário não possua outra; 
II - a propriedade produtiva. 
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará 
normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos 
seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a 
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores 
rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de 
transportes, levando em conta, especialmente: 
I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; 
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
IV - a assistência técnica e extensão rural; 
V - o seguro agrícola; 
VI - o cooperativismo; 
VII - a eletrificação rural e irrigação; 
VIII - a habitação para o trabalhador rural. 
§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, 
agropecuárias, pesqueiras e florestais. 
§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária. 
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizadacom a 
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área 
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por 
interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. 
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões 
de terras públicas para fins de reforma agrária. 
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária 
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez 
anos. 
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e 
condições previstos em lei. 
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural 
por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de 
autorização do Congresso Nacional. 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como 
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não 
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
O Estatuto da Terra é outra importante fonte de expressão a ser invocada (lei). Além 
dele todas as outras normas e regulamentos que tratam da tutela fundiária são 
imprescindíveis para a compreensão desta ciência. 
A doutrina e a jurisprudência são fontes de expressão secundárias. 
Os costumes, no direito agrário, são outro destaque. Eles tiveram papel importante na 
questão da ocupação das terras desde a época romana e, principalmente, na era 
medieval (feudos). Algumas das práticas do campo remontam àqueles tempos e 
passam de pai para filho. 
A analogia e o direito comparado também são presentes no direito agrário como fontes 
de expressão. 
6) Princípios 
São muitos, os princípios do Direito Agrário, estudados pela doutrina. Vamos focar 
nossa análise nos 5 (cinco) principais e mais abrangentes princípios: 
Princípios do Direito Agrário (Wellington Pacheco Barros): 
I. Função Social da Propriedade. Significa, conforme vimos no art. 186 da CF, que 
o imóvel deve atender a requisitos para não ser desapropriado. O art. 2º do Estatuto 
da Terra repete o comando constitucional: 
“Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, 
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.” 
 § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, 
simultaneamente: 
 a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, 
assim como de suas famílias; 
 b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
 c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
 d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os 
que a possuem e a cultivem.”. 
I - O instituto da desapropriação penaliza o proprietário que não obedece ao conjunto 
de ações para utilização do bem. Também existe mesma determinação para a função 
social da posse agrária. 
II. Justiça Social. O legislador entendeu que o desequilíbrio existente entre o 
trabalhador rural e a estrutura fundiária merece ser coadunado. Várias leis são 
aprovadas visando a implementação de políticas para assistência das famílias e 
comunidades rurais. 
III. Prevalência do interesse coletivo sobre o privado. Seria a releitura do princípio 
administrativo da predominância do interesse público sobre o privado. Este princípio 
reflete a necessidade de proteção dos trabalhadores rurais balanceando-o com a 
propriedade particular, também incentiva ações para implementação de cooperativas 
de trabalhadores. 
Vejamos o que diz o art. 12 e 14 do ET: 
Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu 
uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e 
caracterizado nesta Lei. 
Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de associações 
de pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento 
extrativo agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação do sistema 
cooperativo, bem como de outras modalidades associativas e societárias que 
objetivem a democratização do capital. 
§ 1º Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e 
trabalhadores rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma 
consorcial ou condominial, com a denominação de "consórcio" ou "condomínio", nos 
termos dos arts. 3o e 6º desta Lei. 
 
IV. Reformulação da Estrutura Fundiária. O próprio Estatuto da Terra (art. 1º, § 1º) 
reflete a intenção de se adotar medidas para melhor realizar a distribuição de terras: 
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover 
melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a 
fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. 
V. Progresso Econômico e Social. O passo para este desenvolvimento é a 
viabilização de mecanismos para sustentar o homem no campo, com produtividade e 
sustentabilidade, para que mantenha a si, sua família e aperfeiçoe sua ação para 
alcançar o âmbito social, com atividades complementares à agrícola (ET art. 1o): 
 § 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à 
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as 
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no 
de harmonizá-las com o processo de industrialização do país. 
Finalizamos nossa análise do Direito Agrário em seus termos, importância e 
características.

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