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Resenha Crítica do filme "WIT: uma lição de vida"

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Universidade de Pernambuco – UPE
Faculdade de Ciências Médicas – FCM 
ATENÇÃO GLOBAL AO DOENTE I
RESENHA CRÍTICA
WIT: Uma lição de vida
Marcos Lorran Paranhos Leão
Aluno de Medicina FCM/UPE
Matrícula: 300501791
Recife – PE
2021
“Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem
Poderosa, temível, pois não és assim.
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
[...]”
Interessante, começo este texto com breves frases do poeta inglês Jonh Donne, sobre o qual a protagonista do filme “Wit: Uma lição de vida”, Vivian Bearing, se considera uma erudita e ferrenha estudiosa. O literato é conhecido por seus textos complexos e sua forma de tratar sobre temas como a morte e o pós-morte. Esse grande autor disserta acerca da passagem desse plano de forma fria e distante, a qual era venerada por Vivian e que agora se via sendo tratada do mesmo modo pelas pessoas que a estavam atendendo. 
Já na primeira frase do filme: “Você tem câncer”, fica evidente o tema que permeará o enredo. Contudo, apesar dessa informação inicial, não se pode imaginar como isso seria tratado. A quarta parede é, frequentemente, quebrada e a protagonista conversa diretamente com os telespectadores. Ela logo aceita ser cobaia de um tratamento tão agressivo quando a doença que a acometia, munida de seu senso de vencedora e após uma muito rápida explicação, prontamente, assina os papeis. Cabe ressaltar que apesar de parecer muito atencioso e cortês, o médico responsável pela pesquisa não gastou mais que 10 minutos do seu tempo para explicar tudo que ele considerava importante sobre a pesquisa e fica muito claro em falas posteriores que nem tudo foi abordado, já que a protagonista afirma: “se eu soubesse disso, teria perguntado mais”.
“[...]
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
[...]”
Em muitas dessas conversas, a protagonista nos conta momentos de arrependimento em sua vida e como ela poderia ter vivido diferente e acaba nos provando que, em diversas situações, a mesma forma que ela tratava seus alunos e pessoas ao seu redor é revivida na forma com que os médicos à tratam. Em diversas situações, o filme nos impacta com trechos como quando Vivian foi submetida a um exame pélvico feito pelo jovem médico Jason, que já tinha sido seu aluno, que a trata com descaso ao deixa-la em posição ginecológica por muito tempo para buscar a enfermeira. “Uma regra maluca da clínica”, disse ele ao deixar a professora na maca e ir buscar a profissional. 
A literata, que era acostumada a ler livros cotidianamente, agora era lida como um livro pelos residentes na “Grande Ronda”, em que passavam ao Dr. Kalekian (responsável pela pesquisa) todas as informações e respostas ao tratamento ao qual a protagonista estava sendo submetida. 
“[...]
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
[...]”
A pesquisadora se questiona em todo o momento como ela negou às pessoas ao seu redor a humanidade que, agora, tanto procurava. Em conversa com ela, Jason diz considerar que matérias como as de humanização da ciência são desnecessárias para pesquisadores, que tudo deveria ser mais pragmático e os limites atingidos em prol da ciência são moldáveis. Já no fim do filme, ele e a enfermeira responsável por Vivian fazem um procedimento de colocação de sonda vesical em que o médico a trata com desprezo e brinca com a situação, bem como faz o mesmo quando vai avaliar o prontuário da paciente e percebe que ela não está eliminando urina indicando falência renal, “E lá se vão os rins”. 
Por fim, ao perceber a morte de Vivian, Jason chama a equipe de ressuscitação, ignorando a vontade da professora de não intervir. Ele gritava: “Ela é pesquisa”, enquanto a enfermeira Susie tentava avisar à equipe, demonstrando total descaso do médico pela vontade da paciente ao colocar a pesquisa acima de tudo.
“[...]
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás.”
_John Donne. 
Dessa maneira, o filme é permeado de quebras de uma boa relação médico paciente e mostra o completo desprezo de alguns profissionais aos pacientes. É interessante ressaltar que as cenas que mais evocam os nossos sentimentos são as que a paciente encontra-se sofrendo sem ninguém para acompanha-la recebendo apenas de Susie um pouco de afeto e empatia. 
Um conto feito para um jogo, atualmente muito famoso entre os jovens (League of Legends), representa a morte como uma entidade dupla. Composto por duas partes de si mesma, que se separaram pois estava se sentindo sozinha, já que todos a evitavam. Esse conto exemplifica a natureza do sofrer sozinho, em que nem mesmo a morte se satisfaz dessa tremenda solidão. Do mesmo modo, é interessante se pensar que vivemos a vida toda rodeados de pessoas e que no momento mais incerto e inseguro dela, justamente seu fim, temos que enfrentar sozinhos. Evidente que para isso ficar mais leve e aprazível, estar rodeado de pessoas que se preocupam é importante, o que não foi evidente à protagonista do filme em questão. A ela foi negado o direito a empatia humana, tanto pelas pessoas que ela não tinha, quanto pelos que mais a deviam assistir e entender, que deveriam zelar pela sua saúde física e mental e fazer o seu melhor para que essa paciente tão delicada tivesse todo o necessário para se sentir bem, os profissionais de saúde.
“Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo.”
_John Donne

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