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METODOLOGIA DO ENSINO DE GUILHERME GUIMARÃES BEVILACQUA M ETODOLOGIA DO EN SIN O DE VOLEIBOL GUILHERM E GUIM ARÃES BEVILACQUA Esta obra tem o objetivo de apresentar o voleibol e discutir a sua inserção no ambiente escolar como conteúdo das aulas de Educação Física e como esporte de rendimento de caráter competitivo, além de orientar o leitor a respeito do ensino dessa modalidade de acordo com as características dos alunos e com o contexto no qual eles estão inseridos. O intuito desta obra é, também, revelar as diversas possibilidades de iniciação no voleibol, inclusive como esporte inclusivo, proporcionando novas oportunidades de ensino da prática desse esporte, de modo que seja acessível a todos. Código Logístico 59628 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6698-8 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 9 8 8 Metodologia do ensino de voleibol Guilherme Guimarães Bevilacqua IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Sergey Novikov/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B392m Bevilacqua, Guilherme Guimarães Metodologia do ensino de voleibol / Guilherme Guimarães Bevilac- qua. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 114 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6698-8 1. Voleibol - Estudo e ensino. 2. Educação física - Estudo e ensino. I. Título. 20-65768 CDD: 796.325 CDU: 796.325 Guilherme Guimarães Bevilacqua Vídeo Doutorando e mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Bacharel em Educação Física pela mesma instituição. Atua como pesquisador pelo Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (Lape/Udesc) e como técnico principal das equipes de voleibol sub-16 e sub-18 que representam Florianópolis em competições regionais, estaduais, nacionais e internacionais. Além disso, atua como auxiliar técnico das categorias sub-14 e adulto, também de Florianópolis. É técnico nível 3 da Confederação Brasileira de Voleibol, com habilitação para comandar equipes da Superliga Nacional e seleções brasileiras de base. É analista de desempenho de atletas e equipes nível 2. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 História e características básicas do voleibol 9 1.1 A história do voleibol 9 1.2 Áreas de jogo e materiais 13 1.3 Regras básicas para o contexto escolar 17 1.4 Noções básicas de arbitragem 21 2 Iniciando o voleibol 31 2.1 Posições, rodízio e as funções dos jogadores 31 2.2 Deslocamentos e movimentações básicas 37 2.3 Técnicas básicas 40 2.4 Fundamentos do voleibol 41 3 Complexos e sistemas do voleibol 51 3.1 Complexos do jogo 52 3.2 Sistemas de recepção 53 3.3 Sistemas defensivos 57 3.4 Sistemas ofensivos 63 4 Voleibol na escola: Planejamento de aulas, jogos e competições 78 4.1 Características e objetivos do voleibol escolar 78 4.2 Metodologias de ensino 81 4.3 Ensinando o voleibol 88 4.4 Elaboração do plano de aula, jogos e competições 95 5 Possibilidades do voleibol 99 5.1 Voleibol sentado 100 5.2 Vôlei de praia 103 5.3 Vôlei na neve 108 5.4 Minivoleibol 110 Esta obra tem o objetivo de apresentar o voleibol e discutir a sua inserção no ambiente escolar como conteúdo das aulas de Educação Física e como esporte de rendimento de caráter competitivo. Outro tema central e fundamental deste livro são as metodologias de ensino, ou seja, como o professor de Educação Física pode ensinar essa modalidade de acordo com as características dos alunos e com o contexto no qual eles estão inseridos. Desse modo, no primeiro capítulo, iremos tratar sobre assuntos teóricos e básicos do voleibol, como seu histórico, a área de jogo e os materiais necessários para a prática oficial, além das adaptações para o ambiente escolar. Também traremos como aspecto de estudo as regras básicas e as noções de arbitragem, que possibilitam ao professor conduzir uma aula e/ou jogo da maneira correta. No segundo capítulo, apresentaremos alguns tópicos iniciais sobre aspectos técnicos e táticos do voleibol. Nesse capítulo, será possível conhecer as posições da quadra, o rodízio, as funções dos jogadores, os deslocamentos, as movimentações básicas, algumas técnicas mais utilizadas e os seis fundamentos que compõem o jogo: saque, passe, levantamento, ataque, bloqueio e defesa. Já no terceiro capítulo, abordaremos aspectos teóricos do jogo, como os complexos e os sistemas, que são muito importantes no momento de planejar uma aula. Ao estudarmos os sistemas, apresentaremos a diferença entre os de recepção, de ataque e de defesa, bem como o papel de cada um dentro de uma equipe. Analisaremos também, de modo aprofundado, o papel dos fundamentos durante uma partida. No quarto capítulo, trataremos do ensino de voleibol especificamente na escola, como conteúdo das aulas de Educação Física ou em caráter de competição. Discutiremos diferentes metodologias de ensino, apresentando os pontos positivos e negativos de cada uma delas. Analisaremos, ainda, os processos de ensino de movimentos e fundamentos do jogo, assim como os processos pedagógicos e os erros comuns de execução. Explicaremos também como elaborar um plano de aula, seja para jogos ou competições, com o objetivo de guiar os profissionais da área. APRESENTAÇÃO Por fim, apresentaremos no quinto e último capítulo as principais possibilidades do voleibol, criadas com base no vôlei tradicional. A mais conhecida é o vôlei de praia, no entanto apresentaremos também o vôlei sentado, praticado por pessoas com determinadas deficiências, e o vôlei na neve. Embora esse último não seja uma prática comum no Brasil, o sistema de jogo em trios poderá agregar contribuições ao ensino inicial. Por último, estudaremos como deve ocorrer a prática do minivoleibol. Nosso intuito é revelar as diversas possibilidades de iniciação no voleibol, proporcionando novas oportunidades de ensino da prática, tanto para ambientes escolares quanto competitivos. Além disso, trazemos como proposta o trabalho do esporte inclusivo, em que a prática é acessível a todos. Bons estudos! História e características básicas do voleibol 9 1 História e características básicas do voleibol Neste capítulo, vamos estudar a história do voleibol desde a sua origem. Compreender a origem, a difusão e a evolução desse esporte é de suma importância para entendermos como a moda- lidade se tornou a segunda mais popular no Brasil, uma das mais praticadas no mundo e uma das mais trabalhadas nas aulas de Educação Física das escolas. Também discutiremos outros temas importantes, como a área de jogo, as zonas da quadra, os materiais utilizados e as principais regras básicas para o desenvolvimento do jogo no contexto esco- lar. Além disso, serão apresentadas as funções e obrigações dos árbitros, bemcomo as sinalizações elementares da arbitragem. Conhecer as regras fundamentais e ter uma noção básica dos as- pectos da arbitragem são os primeiros passos para você, futuro pro- fessor de Educação Física, ministrar aulas de voleibol com qualidade. Sendo assim, o convidamos a estudar este capítulo com o mes- mo entusiasmo com que foi escrito. Esperamos que, ao finalizar essa leitura, você seja capaz de contar a história do voleibol e que tenha todas as informações básicas necessárias para promover e conduzir um jogo de vôlei em suas aulas e competições escolares. 1.1 A história do voleibol Vídeo Vamos conhecer o surgimento do voleibol nos Estados Unidos e com- preender como ocorreu sua evolução até os dias atuais. Além disso, co- nheceremos um pouco da história do vôlei brasileiro, considerado por muitos o melhor voleibol do mundo. 10 Metodologia do ensino de voleibol 1.1.1 Origem e desenvolvimento do voleibol Em 1895, o esporte da moda nos Estados Unidos era o basquete, que a cada dia conquistava mais e mais pessoas, aumentando rapida- mente o número de praticantes. No entanto, era um jogo considera- do violento e cansativo para determinados públicos, como pessoas de meia-idade e idosos (MARCHY JUNIOR, 2004). Foi com base nesses fatores que William G. Morgan, diretor de Edu- cação Física da Associação Cristã de Moços (ACM) da cidade de Holyoke, no estado de Massachusetts, idealizou um jogo que fosse mais apro- priado a esse tipo de público. Então, Morgan estendeu uma rede e uti- lizou a câmara de uma bola de basquete para que os associados mais antigos da ACM jogassem essa “bola” de um lado para o outro, de modo que ela passasse por cima da rede. Essa primeira prática deu origem ao primeiro jogo de voleibol que se tem registro (RIBEIRO, 2008). No entanto, o voleibol (ou volleyball, em inglês) não foi o primeiro nome desse esporte. Quando essa modalidade foi criada, havia ou- tra similar – e que existe até hoje – chamada Badminton, na qual os praticantes devem jogar uma peteca para o outro lado da rede utili- zando uma raquete. Com base nisso, Morgan uniu o final da palavra Badminton com a palavra Net (que em inglês significa rede), dando origem ao nome Mintonette. Um ano depois, foi sugerida a mudança do nome do esporte para volleyball, devido aos princípios serem si- milares aos dos voleios (ação de rebater uma bola antes de ela tocar o chão). Com o aval de Morgan, o nome volleyball foi oficializado e é utilizado até hoje. Mas como ocorreu o desenvolvimento e o aperfeiçoamento desse esporte? A primeira bola utilizada foi a câmara de uma bola de basque- te. No entanto, notou-se que ela era muito leve e lenta e não atendia ao objetivo do esporte. Morgan, então, decidiu mudar e usar a própria bola de basquete. Mas não foram necessárias muitas partidas de vôlei para perceber que aquela não era a bola ideal para ser batida com as mãos e antebraços devido ao seu peso e tamanho. Sem encontrar alternativa, Morgan viu a necessidade de solici- tar à empresa A.G. Spalding & Brothers a confecção de uma bola específica para voleibol. Com isso, a empresa criou uma bola com dimensões e peso semelhantes às das bolas utilizadas nas partidas História e características básicas do voleibol 11 atuais, facilitando o desempenho dos praticantes nos jogos. Já em relação ao espaço de jogo, foi determinado que a quadra deveria medir 15,24 m de comprimento por 7,62 m de largura; e a rede de- veria ser colocada a uma altura de 1,98 m do chão, dimensões bem diferentes das atuais. Após ter a nova bola, mais adequada à prática, e as dimensões da quadra e rede serem definidas, era hora de difundir a modalidade en- tre as pessoas. Para isso, uma conferência foi realizada, em 1896, na fa- culdade da ACM, na cidade de Springfield, no estado de Massachusetts, e reuniu todos os conselheiros da associação. Para ilustrar melhor como o esporte deveria acontecer, Morgan formou duas equipes para um jogo de apresentação, que despertou grande interesse em todos os que estavam presentes no evento. Com a aprovação dos conselheiros, Morgan trabalhou em um livro de regras e em um guia para uso e desenvolvimento do jogo e os distri- buiu para toda a associação. A aceitação do voleibol pelas pessoas foi tão boa que rapidamente uma comissão foi organizada com o objetivo de estudar as regras e sugerir modificações que pudessem aperfeiçoar o jogo. Após essas organizações e aperfeiçoamentos, os conselheiros levaram o voleibol para seus clubes e cidades com o objetivo de di- fundi-lo cada vez mais. Chicago foi o mais importante polo de desen- volvimento, principalmente na Faculdade de Springfield e no George Williams College. 1.1.2 O vôlei no mundo Não demorou muito para o voleibol ser conhecido e difundido para além dos Estados Unidos. Em 1900, cinco anos após sua criação, o Ca- nadá se tornou o primeiro país estrangeiro a jogar vôlei. Uma década depois essa prática já estava nos seguintes países: China, Filipinas, Ja- pão, Índia, México, Cuba, Europa e África. Na América do Sul, o primeiro país a ter contato com o esporte foi o Peru, em 1910 (RIBEIRO, 2008). Com o avanço do vôlei pelo mundo as regras sofreram diversas mo- dificações em decorrência de muitos países praticarem esse esporte seguindo diretrizes diferentes das originais. Por esse motivo, surgiu a Federação Internacional de Voleibol (FIVB – órgão que comanda o es- porte até hoje) em 1946. No ano seguinte à sua fundação, o voleibol já estava padronizado praticamente em todo o mundo, com exceção da 12 Metodologia do ensino de voleibol Ásia, que ainda possuía algumas regras próprias. Em 1949, ocorreu o primeiro campeonato mundial masculino e, em 1952, o feminino, am- bos com as regras da FIVB em vigência. Vale ressaltar que, em 1924, jogou-se vôlei pela primeira vez em uma Olimpíada, mas apenas como parte de um evento especial de apresentação de esportes americanos, e não como esporte olímpico. No entanto, em 1957, foi organizado um torneio para exibição do vo- leibol durante a 53ª sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Sófia, na Bulgária. Devido ao sucesso do evento, o esporte foi introdu- zido oficialmente nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964 e, um ano depois, foi realizada a primeira Copa do Mundo Masculina de voleibol, vencida pela União Soviética (hoje Rússia); e, em 1973, a primeira Copa do Mundo Feminina, também vencida pela União Soviética. 1.1.3 O vôlei no Brasil O voleibol chegou ao Brasil em 1915 e foi trazido por professores da ACM que trabalhavam em unidades espalhadas pelo país. Nos anos 1940 e início da década de 1950, o vôlei era um esporte jogado apenas pela elite, o que segregava o público e fazia com que o número de prati- cantes fosse baixo. Essa segregação no esporte durou até 1954, ano em que foi fundada a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), responsá- vel pela difusão do esporte pelo país, promovendo cursos para treina- dores e a abertura de escolas profissionalizantes (TEIXEIRA, 1992). Com essa ampla divulgação, o vôlei rapidamente se tornou popu- lar no Brasil, resultando em milhares de praticantes e espectadores. No entanto, houve um marco na história do voleibol que fez com que o esporte ficasse ainda mais conhecido. No dia 26 de julho de 1983, ocorreu uma partida amistosa entre Brasil e União Soviética no estádio do Maracanã que resultou em um placar de 3 sets 1 a 1 para a seleção brasileira. Essa partida teve um público recorde de 100 mil pessoas, perdendo apenas para o futebol, e ficou conhecida como “o grande desafio de vôlei – Brasil x URSS”, tornando-se uma das partidas mais importantes para a história do voleibol. A partir da década de 1980, o Brasil começou a obter resultados mais expressivos, como a conquista do segundo lugar da equipe masculina nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, nos Estados Unidos. Os atletas brasileiros da seleção masculina ficaram conhecidos como a Ge- Quem inventou o voleibol e por que ele foi criado?Atividade 1 Na primeira edição do voleibol nas Olimpíadas os campeões foram: União Soviética (masculi- no) e Japão (feminino). Curiosidade Set é considerado uma etapa da partida e, para uma equipe ser vencedora, deve ganhar 3 etapas (sets) antes do seu adversário. Cada set é disputado até 25 pontos. 1 História e características básicas do voleibol 13 ração de Prata e inspiraram milhares de novos jogadores da época. Nas Olimpíadas de 1992, em Barcelona, o Brasil finalmente conquistou o primeiro ouro olímpico; também se tornou bicampeão em 2004, em Atenas, e tricampeão em 2016, no Rio de Janeiro. Na caminhada olímpica, a equipe feminina conquistou duas vezes o lugar mais alto do pódio. Após duas medalhas de bronze (Atlanta - 1996 e Sidney - 2000), foi campeã nos Jogos de Pequim (2008) e bicampeã em Londres (2012). Brasil, Japão e União Soviética são os únicos países a conquis- tarem o ouro olímpico tanto com as seleções masculinas quanto com as femininas. Curiosidade 1.2 Áreas de jogo e materiais Vídeo Imagine que você é um professor de Educação Física em uma escola e o diretor lhe atribui a função de planejar como deve ser a quadra de esportes. Você seria capaz de montar uma quadra de vôlei que pudesse sediar tanto as aulas de Educação Física quanto competições escolares? A menos que você tenha vivência com o voleibol, a resposta prova- velmente é não. Portanto é fundamental, como professor de Educação Física, conhecer as áreas de jogo e os materiais necessários, para que seja possível realizar uma partida de voleibol de acordo com as regras. 1.2.1 A quadra A quadra de voleibol tem, no total, 18 m de comprimento por 9 m de largura. Ela deve ser dividida em duas partes e no centro deve ficar a rede, guiada por uma linha central. Ou seja, a área de jogo de cada equipe é de 9 m x 9 m, sendo 81 m² no total. Cada lado da quadra possui uma linha que fica três metros afasta- da da rede, denominada linha dos 3 m. Essa linha serve para dividir a quadra em zona de ataque e zona de defesa. As linhas de demarcação da quadra devem ser feitas com 5 cm de largura e ter uma cor contras- tante em relação à da quadra. É obrigatório existir um espaço entre a linha de fundo e a parede/ limitante do espaço em que ocorrerá a partida. Ou seja, deve haver uma distância de 3 a 8 m entre a linha de fundo da quadra e a parede do local para que seja possível a realização do saque pelo jogador. Nas laterais, esse espaço deve ficar entre 3 e 5 m (Figura 1). É importante fri- 14 Metodologia do ensino de voleibol sar que essas medidas devem ser respeitadas à risca, pois, no voleibol, é muito comum os jogadores buscarem a bola longe da quadra de jogo, e, se não houver espaço suficiente tanto no fundo quanto nas laterais da quadra, podem ocorrer graves lesões ou acidentes. 1.2.2 Zonas e áreas Em uma quadra de vôlei, existem locais chamados zonas ou áreas (Figura 1), cada uma com funções específicas. Veja as especificações de cada uma a seguir. • A zona de ataque (ou zona da frente) é a região entre a linha dos 3 m e a rede, espaço no qual o jogador pode atacar livremente. • A zona de defesa (ou zona de trás) é o espaço entre a linha dos 3 m e a linha de fundo. Se um jogador está nessa zona, pode realizar um ataque, desde que, no momento do salto, não pise na linha dos 3 m ou dentro da zona de ataque – conhecida como ataque de fundo. • A zona de saque é a região da quadra onde o jogador pode efe- tuar o saque. Lateralmente ela é delimitada por duas pequenas linhas de 15 cm, que devem ser traçadas a 20 cm do final das linhas laterais. A profundidade é limitada até o final da zona livre. • As zonas livres são os espaços existentes nas laterais e ao fundo da quadra. Esses espaços permitem que o atleta corra livremente e execute as ações do jogo sem riscos de sofrer lesões. • A zona de substituição é delimitada por linhas tracejadas ao fi- nal da linha de ataque dos 3 m. Essa zona fica, obrigatoriamente, entre a rede e a linha de ataque. • A zona de troca do líbero é a mesma da zona de defesa. • A área de penalidade é demarcada por uma linha – geralmente vermelha – que deve formar um quadrado de aproximadamente 1 m x 1 m. Dentro desse quadrado, devem ter duas cadeiras nas quais os atletas que receberem as penalidades devem permane- cer. Essa área fica localizada próxima ao banco de reservas, na lateral da quadra, e próxima à linha de fundo. Quais são as zonas e áreas em uma quadra de vôlei? Atividade 2 História e características básicas do voleibol 15 Figura 1 Dimensões e zonas da quadra Ár ea d e aq ue ci m en to Ba nc o da e qu ip e Ba nc o da e qu ip e M es a do s ap on ta do re s Ár ea d e aq ue ci m en to 3x 3m Zo na li vr e Zo na d e tr oc a do L íb er o Zo na d e tr ás Q U AD RA Q ua dr a de jo go 0,50m - 1 m Q U AD RA Zo na d e tr ás Zo na d a fr en te Zo na d a fr en te Zo na d e su bs tit ui çã o Zo na d e tr oc a do L íb er o 3m - 8m 3m - 8m 3m - 5m 9m 9m Zona de saque Zona de saque Zo na li vr e Zo na li vr e 15m - 19m 24 m - 34 m Ár ea d e pe na lid ad e 1m x1 m 3x 3m 3 - 5m 1,75m 1,75m 1,50m A 1. Fonte: Elaborada pelo autor. 16 Metodologia do ensino de voleibol 1.2.3 Materiais Para que um jogo de voleibol ocorra, são necessários pelo menos quatro materiais básicos: bola, rede, poste de fixação da rede e antenas. A bola oficial é revestida de couro, ou de couro sintético, e tem uma cir- cunferência que pode variar entre 65 e 67 cm. O peso padrão está entre 260 e 280 g e a pressão interna que varia entre 0,30 e 0,325 kg/cm². Já a rede possui 1 m de altura e seu comprimento pode variar entre 9,5 e 10 m; ela também é constituída de malhas quadradas que têm 10 cm. Tanto na parte de cima quanto na de baixo da rede há duas faixas brancas fixadas, chamadas bordo (ou fita) superior e inferior, res- pectivamente. Por dentro dessas faixas, passam cordas que devem ser amarradas aos postes para manter a rede tensionada (bem esticada). Em relação à altura da rede, devemos levar em consideração o gênero e a categoria, conforme ilustrado no quadro a seguir. Quadro 1 Altura da rede de acordo com gênero e categoria Fonte: Elaborado pelo autor. Categoria Masculino Feminino Iniciante 2,24 m 2,05 m Pré-mirim 2,30 m 2,10 m Mirim 2,38 m 2,15 m Infantil 2,40 m 2,20 m Infanto-juvenil 2,43 m 2,24 m Juvenil 2,43 m 2,24 m Adulto 2,43 m 2,24 m Para a fixação da rede, os postes são colocados a uma distância de 0,5 a 1 m de cada linha lateral e têm aproximadamente 2,55 m de altu- ra. Eles devem ser encaixados diretamente em buracos existentes no chão e não deve haver neles qualquer tipo de objeto que possa lesionar os jogadores durante a partida. Outro elemento importante que deve existir na partida são as ante- nas. Elas são hastes flexíveis com 1,8 m de comprimento e 10 mm de diâmetro. Essas antenas são colocadas na rede de modo que 80 cm de cada uma delas fique acima do bordo superior da rede, exatamente so- bre as linhas laterais, para delimitar o espaço aéreo. As antenas devem ser pintadas, ao longo de sua extensão, com faixas de 10 cm de largura que tenham cores contrastantes, preferencialmente branco e vermelho. História e características básicas do voleibol 17 1.3 Regras básicas para o contexto escolar Vídeo O livro atual de regras da FIVB possui 76 páginas e é bem detalhado quanto às regras e ao que precisa ser cumprido em uma partida de voleibol. No entanto, um professor de Educação Física não precisa conhecer todas as regras em seus mínimos detalhes. Desse modo, nesta seção, vamos falar apenas das regras principais e fundamen- tais para o ensino do vôlei na escola e para os jogos escolares. 1.3.1 Equipes Uma equipe de vôlei pode ser composta, no total, por 12 atletas sem a presença de um líbero ou com um/ dois líberos. No entanto, 13 ou 14 atletassão permitidos somente se a equipe tiver dois líberos relacionados na súmula 2 .O número máximo de atletas não pode exce- der a 14 por equipe, e, em quadra, o número de jogado- res deve ser exatamente igual a seis. Um dos jogadores, exceto o líbero, é designado pelo técnico como o capitão da equipe e deve ser identifica- do com uma tarja colocada na camisa de jogo, logo abaixo do número frontal. Outro ponto importante é que, no voleibol, somente o capitão é autorizado a falar com os árbitros. Desse modo, caso algum outro joga- dor, que não seja o capitão, vá falar com a arbitragem, pode ser punido. A comissão técnica pode ser compos- ta de até cinco integrantes: um técnico, dois assistentes técnicos, um médico e um fisioterapeuta. O uniforme de todos os jogadores deve ser exata- mente igual, com exceção do líbero, que deve usar um uniforme de cor contrastante em relação aos demais. As camisetas devem ser numeradas somente de 1 a 20. Site Para ter acesso ao livro completo de regras e a outras informações so- bre o voleibol, acesse os sites da Confederação Brasileira de Vôlei e da Fundação Internacional de Voleibol. Disponível em: https://cbv.com. br/. Acesso em 24 jul. 2020. Disponível em: https://www.fivb. com/en. Acesso em 24 jul. 2020. 2 A súmula é um documento oficial em que são registrados todos os acontecimentos do jogo, como placar, substitui- ções, relação de atletas de cada equipe, penalidades etc. Quem preenche a súmula é um árbitro chamado de apontador. Saiba mais Em outros esportes, quando um atleta é expulso, a equipe fica com um jogador a menos. Já no voleibol isso não é permitido, ou seja, caso um atleta seja expulso, outro deve entrar em seu lugar. Se alguma das equipes não tiver um mínimo de seis jogadores, será declarada como perdedora da partida. https://cbv.com.br/ https://cbv.com.br/ https://www.fivb.com/en https://www.fivb.com/en 18 Metodologia do ensino de voleibol 1.3.2 Formato do jogo O voleibol oficial é jogado no sistema de 3 sets vencedores, também conhecido como melhor de 5. Isso quer dizer que uma equipe precisa vencer 3 sets para ganhar o jogo. Cada set é disputado com um placar de até 25 pontos, mas, caso haja empate de 24 a 24, uma das equipes deve chegar a 26; caso empate em 25 a 25, precisa chegar a 27; e assim sucessivamente. Para finalizar um set, é necessário ter uma vantagem de, pelo menos, dois pontos sobre a equipe adversária. Caso uma partida esteja empatada em 2 a 2 nos sets, é disputado o quinto set, conhecido como tie-break. Esse set de desempate é mais curto e é disputado em até 15 pontos. Caso haja empate em 14 a 14, vale a mesma regra dos outros sets. É comum, em campeonatos de categorias de base com muitos jogos e em competições escolares, as partidas serem disputadas em 2 sets vencedores, ou melhor de 3. São considerados pontos de uma equipe: quando a bola toca o chão na quadra adversária; quando a bola sai de jogo e o último toque for o de um jogador adversário; e quando a equipe adversária comete uma falta – exemplo: toque na rede. 1.3.3 Formação inicial das equipes Cada equipe sempre estará com 6 jogadores em quadra. Antes do início de cada set os técnicos devem entregar ao apontador a ordem de saque da sua equipe na papeleta de formação. A formação inicial de uma equipe indica qual deverá ser a ordem de rotação dos jogadores em quadra, que deve ser mantida durante todo o set. Um ponto importante é que a formação pode ser modificada somente para os sets seguintes, ou seja, caso um jogador erre seu po- sicionamento em quadra, de modo que modifique a estrutura da for- mação inicial antes da troca de set, será considerado como falta (erro de rodízio) e um ponto será marcado para o adversário. Os jogadores que não constarem na papeleta de formação automaticamente serão considerados os reservas da equipe, com exceção dos líberos. História e características básicas do voleibol 19 1.3.4 Situações de jogo Quando falamos a expressão bola em jogo, estamos nos referindo ao momento em que o sacador golpeia a bola e a disputa se inicia a partir de seu saque. Já o termo bola fora de jogo é quando algum dos jogadores comete uma falta ou quando o apito do árbitro soa. Bola dentro é quando qualquer parte da bola toca em alguma das linhas de delimitação da quadra ou dentro dela. Já a bola fora é quando todas as partes da bola entram em contato com o chão ou com qual- quer outra parte que esteja completamente fora das linhas de delimi- tação da quadra, ou seja, quando toca o teto ou algum objeto fora da área de jogo – antena, cordas de sustentação da rede, postes, a parte da rede entre o poste e as antenas, ou passa para a quadra adversária por fora das antenas. 1.3.5 Jogando a bola Cada equipe tem o direito de realizar até três toques na bola para passá-la a outra quadra, com exceção do bloqueio. Caso ocorra mais de três toques, o árbitro marca a falta de quatro toques com ponto para o adversário. Além disso, esses três toques devem ser feitos por jogadores diferentes. Outra ocorrência é quando o mesmo jogador faz dois contatos com a bola, resultando na falta de dois toques e marcando ponto para o adversário. No entanto, vale ressaltar que, no primeiro toque de cada equipe, é permitido que a bola toque várias partes do corpo de um jogador simultaneamente e em uma mesma ação, ou seja, a bola pode ser tocada por qualquer parte do corpo, nesse momento. Um fator importante é que a bola não pode ser retida ou lançada. Caso isso ocorra, é marcada uma falta chamada condução e o ponto vai para o adversário. Caso a bola toque na rede, ela pode ser recuperada, desde que respeite o limite dos três toques. Por fim, para cruzar a rede, a bola deve passar pelo espaço de jogo, ou seja, pela área delimitada pelas antenas. 20 Metodologia do ensino de voleibol 1.3.6 O jogador Um jogador não pode tocar na rede ou nas antenas, em hipótese alguma, durante a disputa por um ponto. Caso isso ocorra, é marcada a falta conhecida como toque na rede, e o adversário ganha um ponto. Entretanto o toque na rede fora das antenas, nas cordas de sustenta- ção e nos postes, é permitido. O jogador também não pode ter contato com a rede quando a bola ainda estiver na quadra adversária. Se isso ocorrer, é marcada a falta invasão por cima, e o adversário ganha um ponto. Caso um atleta ul- trapasse completamente um de seus pés pela linha central e pise na quadra adversária, são marcados a falta invasão por baixo e um ponto para o adversário. É importante ressaltar que essa regra da invasão por baixo vale somente para os pés. No entanto, se o atleta ultrapassar o corpo para a quadra adversária, mas os pés ainda estiverem na sua área da quadra, não será considerado falta; isso desde que não interfi- ra na jogada do adversário. Outro ponto importante em relação às regras para os jogadores é que o saque deve ser executado em, no máximo, oito segundos após o apito do árbitro. Depois de lançar a bola para efetuar o saque, o joga- dor não pode mais segurá-la, sendo obrigatória a execução do saque. A técnica de saque não pode ser bloqueada por um jogador adversário. 1.3.7 Interrupções, retardos e intervalos As únicas interrupções regulares em uma partida são os tempos de descanso e as substituições, ambos solicitados pelo técnico da equipe ou pelo capitão. Cada equipe tem direito a dois pedidos de tempo de descanso e seis substituições por set, as quais são zeradas para o set seguinte. Os tempos de descanso devem ser solicitados ao segundo árbitro e têm duração de 30 segundos. Nesse tempo, os atletas devem se direcionar para a zona livre da sua quadra, próxima ao banco de reservas. As substituições devem ser realizadas dentro da zona de substituições e ser controladas pelo apontador que está fazendo a súmula. Um joga- dor da formação inicial pode ser substituído e posteriormente retornar, mas somente uma vez no set e para sua posição original na formação. História e característicasbásicas do voleibol 21 Um jogador reserva também pode entrar durante a partida no lugar de um jogador da formação inicial, mas somente uma vez por set e só pode ser substituído pelo mesmo jogador titular. Por exemplo, se o jogador A entrou no lugar do jogador B, o jogador B só pode voltar ao jogo no mesmo set se entrar no lugar do jogador A. Já os retardos são quaisquer ações que atrasem o reinício do jogo. Dentre essas ações estão: prolongar uma interrupção ou requisitar uma substituição ilegal. A primeira sanção para retardamento é uma advertência; a segunda é uma penalidade com um ponto e um direito ao saque para o adversário. 1.4 Noções básicas de arbitragem Vídeo Assim como conhecer as áreas de jogo, os materiais e as regras básicas, é de suma importância o profissional de Educação Física en- tender e saber aplicar as noções básicas de arbitragem. Essas noções básicas englobam, principalmente, as funções dos árbitros e as princi- pais sinalizações. Mas antes de entrarmos nos aspectos técnicos da arbitragem, você sabe o que é necessário para se tornar um árbitro de voleibol? Essa não é uma pergunta muito frequente, mas é interessante sabermos a resposta. Primeiramente, não é necessário ser formado em Educação Física. Muitos árbitros, inclusive, são de áreas bem distintas, mas têm em co- mum a paixão pelo esporte. As Federações Estaduais de Voleibol são as responsáveis pela formação de árbitros, oferecendo cursos de capaci- tação com a exigência de notas mínimas tanto na prova teórica quanto na prática. Após ser aprovado, o novo árbitro é incluído no quadro de arbitragem da respectiva federação na categoria iniciante. Com o pas- sar do tempo e com o aumento de sua experiência, torna-se um árbitro regional, aspirante a nacional e internacional, respectivamente. A equipe de arbitragem é constituída pelo 1º árbitro, 2º árbitro, apontador e quatro juízes de linha. Em competições de categorias de base, mui- tas vezes são utilizados apenas dois juízes de linha, podendo também não ter juiz (BOJIKIAN, 1999). Já Curiosidade Caso você queira se tornar um árbitro de voleibol basta entrar em contato com a federação do seu estado. Além de ganhar experiên- cia na profissão, pode ser uma boa fonte de renda extra. 22 Metodologia do ensino de voleibol em competições internacionais é obrigatória a presença de um apon- tador assistente. O 1º árbitro deve estar posicionado em cima de uma cadeira espe- cífica para arbitrar, de modo que fique com a visão acima do poste de sustentação da rede. O 2º árbitro deve estar de frente para o 1º árbitro, logo atrás do outro poste. A mesa de controle, em que deve estar o apontador, fica logo atrás do 2º árbitro, e os juízes de linha ficam ao final de cada linha de demarcação da quadra. No entanto, quando há apenas dois juízes de linha cada um fica responsável por duas linhas, sendo uma lateral e uma de fundo. Podemos observar todas essas posições de modo mais claro na Fi- gura 2. Observe atentamente em quais locais cada árbitro deve ficar durante uma partida oficial de vôlei. Figura 2 Posicionamento da equipe de arbitragem 2 1 1JL JL JL JL 2A 1A 4 3 2 Fonte: Elaborado pelo autor. História e características básicas do voleibol 23 O 1º árbitro é a autoridade máxima de uma partida de voleibol e pode anular a decisão do 2º árbitro ou dos juízes de linha. Com base nisso, vamos entender qual é a atribuição de cada uma dessas funções durante uma partida de voleibol. O 1º árbitro tem como principais funções: autorizar o saque; adver- tir e penalizar as equipes durante o jogo; decidir a respeito das faltas do sacador e de posição da equipe sacadora; atribuir faltas no toque de bola, faltas no bordo superior e acima da rede, faltas nos ataques do líbero e dos jogadores da linha de trás. Já o 2ª árbitro é assistente do 1º, mas também tem suas próprias competências. Algumas delas são: controlar o trabalho dos apontado- res; supervisionar os membros das equipes no banco de reservas; rela- tar ao primeiro árbitro condutas incorretas; autorizar as interrupções; controlar o tempo de 30 segundos para os tempos de descanso. O 2º árbitro também é responsável por: apitar quando ocorre invasão na quadra do adversário no espaço sob a rede; faltas de posição da equipe receptora do saque; contato do jogador com a rede; além de sinalizar (sem apitar) faltas que são de competência do árbitro principal (citadas anteriormente), que decidirá se vai acatar ou não a sinalização. O apontador é quem preenche a súmula do jogo e utiliza uma cam- painha ou outro aparelho sonoro para comunicar irregularidades, como, por exemplo, um jogador que efetuou o saque fora da ordem correta. Esse cargo tem as seguintes funções: registrar os pontos das equipes; controlar a ordem de saque dos jogadores; anunciar solicita- ções de substituições dos jogadores pelo uso da campainha; controlar o intervalo de 1 minuto entre os sets; anunciar aos árbitros o fim de cada set; indicar aos árbitros as solicitações de interrupções irregulares e finalizar todos os detalhes da súmula ao final do jogo. Os juízes de linha desempenham suas funções utilizando bandeiras de 40 x 40 cm. Suas principais atribuições são: sinalizar bola dentro ou bola fora quando tocar o chão; quando a bola tocar a antena; se houve toque em um jogador antes de a bola tocar o chão fora de quadra; se a bola cruzar a rede por fora das antenas. Outro ponto importante é o de que os juízes de linha não têm autoridade para paralisar o jogo, ou seja, eles apenas fazem as sinalizações e cabe ao 1º árbitro acatar ou não essas sinalizações. Cite quais são as principais funções do 1º árbitro e do 2º árbitro. Atividade 3 24 Metodologia do ensino de voleibol A seguir, iremos compreender como devem ser efetuadas algumas das principais sinalizações feitas pelos árbitros durante um jogo de voleibol. Enquanto estiver estudando, tente fazer os gestos que serão apresentados nas figuras. É importante que você, futuro professor de Educação Física, saiba aplicá-los corretamente em suas aulas. • Autorização do saque: Mover o braço indicando a direção do saque. Movimento executado somente pelo 1º árbitro. Figura 3 Sinal de autorização do saque Fonte: FIVB, 2016 • Equipe que fez o ponto e irá sacar: Estender o braço direcionando para o lado da equipe que irá sacar. Movimento executado pelo 1º e 2º árbitros. Figura 4 Sinal de ponto e saque Fonte: FIVB, 2016 • Tempo de descanso: Colocar a palma de uma das mãos sobre os dedos da outra em po- sição vertical, de modo que forme um T e, em seguida, indicar qual é a equipe solicitante. Movimento executado pelo 1º e 2º árbitros. História e características básicas do voleibol 25 Figura 5 Sinal de tempo de descanso Fonte: FIVB, 2016 • Retardo no saque: Erguer oito dedos. Movimento executado somente pelo 1º árbitro quando um jogador leva mais de oito segundos para executar o saque após o apito de autorização. Figura 6 Sinal de retardo no saque Fonte: FIVB, 2016 • Bola dentro: Apontar o braço e os dedos em direção ao chão. Movimento execu- tado pelo 1º e 2º árbitros. Figura 7 Sinal de bola dentro Fonte: FIVB, 2016 26 Metodologia do ensino de voleibol • Bola fora: Erguer os antebraços verticalmente, com as mãos abertas e as pal- mas voltadas para o corpo. Movimento executado pelo 1º e 2º árbitros. Figura 8 Sinal de bola dentro Fonte: FIVB, 2016 • Condução: Levantar o antebraço lentamente com a palma da mão voltada para cima. Movimento executado pelo 1º árbitro. Figura 9 Sinal de condução Fonte: FIVB, 2016 • Dois toques: Erguer dois dedos, de modo que fiquem levemente separados. Mo- vimento executado pelo 1º árbitro. Figura 10 Sinal de dois toques Fonte: FIVB, 2016 História e características básicas do voleibol 27 • Quatro toques: Erguer quatro dedos, de modo que fiquem levemente separados. Movimento executado pelo 1º árbitro. Figura 11 Sinal de quatro toques Fonte: FIVB, 2016 • Toque na rede:Esticar o braço para frente, de modo que fique próximo a rede, in- dicando o lado em que houve a falta. Movimento executado pelo 1º e 2º árbitros. Figura 12 Sinal de toque na rede Fonte: FIVB, 2016 • Bola tocada para fora (quando a bola toca em algum jogador antes de ir para fora): Passar a palma de uma das mãos sobre os dedos da outra, que de- verá estar em posição vertical. Movimento executado pelo 1º árbitro. Figura 13 Sinal de bola tocada para fora Fonte: FIVB, 2016 28 Metodologia do ensino de voleibol Agora vamos ver alguns movimentos que são exclusivos dos juízes de linha. • Bola dentro: Apontar a bandeira para baixo. Figura 14 Sinal de bola dentro Fonte: FIVB, 2016 • Bola fora: Erguer a bandeira verticalmente. Figura 15 Sinal de bola fora Fonte: FIVB, 2016 • Bola tocada para fora: Erguer a bandeira e tocá-la no topo com a palma da mão que estiver livre. Figura 16 Sinal de bola tocada para fora Fonte: FIVB, 2016 História e características básicas do voleibol 29 • Quando a bola toca em um objeto fora da área de jogo ou uma falta com o pé é cometida por um sacador na linha de fundo: Balançar a bandeira acima da cabeça e apontar para a antena ou para a respectiva linha que foi tocada. Figura 17 Sinal de bola fora da área de jogo ou falta cometida com o pé Fonte: FIVB, 2016 • Julgamento impossível (quando o juiz de linha não tem certeza do lance): Erguer e cruzar os braços e as mãos em frente ao peito. Figura 18 Sinal de julgamento impossível Fonte: FIVB, 2016 Até aqui foi possível nos aprofundarmos nos conteúdos que trouxe- ram os principais conceitos e as mais importantes e frequentes sinaliza- ções feitas pela equipe de arbitragem durante um jogo de voleibol. No contexto desse esporte como conteúdo das aulas de Educação Física, conhecer essas regras e sinalizações são o suficiente. Entretanto, quan- do pensamos no voleibol competitivo, o professor deve compreender as regras com propriedade, além de estar preparado para as diversas situações que podem ocorrer durante um jogo oficial. Recomendamos que você assista à final masculina dos Jogos Olímpicos de 2016, em que jogam Brasil e Itália. Muito do que falamos e estudamos nesse capítulo é ilustrado nesse jogo. Observe a quadra e seus elemen- tos, os árbitros e suas sinalizações. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=KLIa2UaE2KE. Acesso em: 27 jul. 2020. Importante 30 Metodologia do ensino de voleibol CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo dest e capítulo foi contar um pouco a história do voleibol, a origem, a difusão pelo mundo, a chegada ao Brasil e os fatos relevantes do voleibol brasileiro, bem como ilustrar as principais regras e algumas das noções de arbitragem para a prática do vôlei na escola. Geralmente, esses são os temas que os alunos (tanto escolares quan- to universitários) menos gostam (principalmente o histórico). Portanto, é nossa funçãom como professores, transmitir nosso conhecimento de ma- neira lúdica, divertida e atraente para despertar o interesse deles no vo- leibol. Mas, para isso que isso aconteça, devemos dominar esses tópicos e termos propriedade sobre o que estamos ensinando. Ou seja, se você não se dedicou a aprender esses conteúdos, quando for ministrar sua aula na escola, dificilmente irá despertar o interesse dos alunos. Não se esqueça de que você irá trabalhar, provavelmente, com crianças e jovens, e que uma história bem contada pode ser fundamental para con- quistá-los. Portanto, é de extrema importância que o essencial tenha sido absorvido por você! REFERÊNCIAS BOJIKIAN, J. C. M. Ensinando voleibol. Guarulhos, SP: Phorte Editora, 1999. FIVB. Regras oficiais de voleibol 2017/2020. 2016. Disponível em: https://cbv.com.br/pdf/ regulamento/quadra/REGRAS-DE-QUADRA-2017-2020.pdf. Acesso em: 27 jul. 2020. MARCHY JUNIOR, W. Sacando o voleibol. São Paulo: Hucitec; Ijuí, RS: Unijuí, 2004. RIBEIRO, J. L. S. Conhecendo o voleibol. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. TEIXEIRA, H. V. Aprenda a jogar voleibol. São Paulo: Ícone, 1992. GABARITO 1. O criador do voleibol foi William G. Morgan. O basquete era considerado um esporte muito cansativo e violento para pessoas de meia-idade e idosos. Com base nisso, William idealizou um jogo sem contato físico (inspirado no tênis) para que essas pessoas pudessem praticá-lo. 2. As zonas de uma quadra de vôlei são: zona de ataque, zona de defesa, zona de saque, zona livre, zona de substituição, zona de troca do líbero e área de penalidade. 3. As principais funções do primeiro árbitro são: autorizar o saque; advertir e penalizar as equi- pes durante o jogo; decidir sobre as faltas do sacador e de posição da equipe sacadora; as faltas no toque de bola; as faltas no bordo superior e acima da rede; as faltas no ataque do líbero e dos jogadores da linha de trás. Já o segundo árbitro tem como funções: controlar o trabalho dos apontadores; supervisionar os membros das equipes no banco de reservas; relatar ao primeiro árbitro condutas incorretas; autorizar as interrupções; controlar o tempo de 30 segundos para os tempos de descanso; apitar penetração na quadra do adversário no espaço sob a rede; faltas de posição da equipe receptora do saque; contato do jogador com a rede; além de sinalizar (sem apitar) faltas que são de competência do árbitro principal. Iniciando o voleibol 31 2 Iniciando o voleibol Neste capítulo iremos estudar aspectos táticos do voleibol, como a organização e a estrutura de uma equipe, e os aspectos técnicos, como os gestos básicos realizados pelos jogadores duran- te uma partida. Esses aspectos são fundamentais para entender o jogo e a estrutura de uma equipe. Assim, quando for ministrar suas aulas, se não souber com propriedade esses conteúdos, pode co- meter erros e prejudicar a aprendizagem dos alunos. Além disso, também abordaremos os movimentos mais utiliza- dos em um jogo de voleibol, dos mais simples para os mais com- plexos. Conheceremos um pouco mais a respeito dos principais deslocamentos, das passadas e dos saltos realizados pelos joga- dores, assim como as técnicas básicas – toque e manchete – e, por fim, os fundamentos do voleibol. Entender isso é fundamental para uma boa elaboração de suas aulas. Bom estudo! 2.1 Posições, rodízio e as funções dos jogadores Vídeo Nesta seção conheceremos as posições da quadra, o funcionamen- to do rodízio dos jogadores, bem como as funções e características de cada jogador. 2.1.1 Posições É importante salientarmos que, sempre antes de uma partida co- meçar, cada equipe deve entregar para a arbitragem a formação inicial, a qual representa a ordem de saque, indicando em qual posição cada jogador deve ficar ao início do jogo. Ou seja, as posições da quadra são de suma importância, pois orientam o rodízio das equipes. 32 Metodologia do ensino de voleibol A quadra de vôlei é dividida em seis quadrantes, chamados de po- sição 1, 2, 3, 4, 5 e 6, sendo três na zona de ataque e três na zona de defesa (Figura 1). As posições da zona de defesa são: • Posição 1 – fica ao lado direito da quadra, também chamada de defesa direita; é a posição do saque. Após o rodízio, o atleta que chegar nessa posição deve efetuar o saque. • Posição 6 – fica ao centro da quadra, também chamada de defesa central. • Posição 5 – fica ao lado esquer- do da quadra, chamada de defesa esquerda. Já as posições da zona de ataque são: • Posição 4 – fica ao lado esquerdo da quadra, chamada de entrada de rede. Isso se deve ao fato de essa posição ser a primeira do atleta na rede após sair do fundo da quadra. • Posição 3 – fica no centro da qua- dra, também chamada de meio de rede. • Posição 2 – fica ao lado direito da quadra, chamada de saída de rede, pois essa é a última posição do atleta na rede antes de ir para o fundo da quadra. Figura 1 Organização das posições em uma quadra de voleibol 5 4 3 2 6 1 Fonte: Elaborada pelo autor. 2.1.2 Rodízio No voleibol, toda situação em que a equipe receptora do saquefaz um ponto e ganha o direito de sacar é realizado um movimen- to de mudança de posição entre todos os atletas, chamado rodízio. O rodízio é feito no sentido horário, isto é, o jogador que está na posição 1 vai para a posição 6, o da posição 6 vai para a 5, e assim sucessivamente (BOJIKAN, 2012). Independentemente dos sistemas utilizados pela equipe, o funcionamento do rodízio deve seguir essa mesma ordem sempre. Iniciando o voleibol 33 Mas se as posições não são demarcadas com linhas, se não há indicações no chão, como saber se o atleta está na posição certa? Para isso, existe uma regra que se chama posição relativa entre os jogadores. Essa é uma regra básica e muito importante para auxiliar você a entender o posicionamento correto dos jogadores dentro de quadra. Os jogadores devem obedecer a essa regra até o momento do sa- que. Assim, logo que o sacador fizer contato com a bola, os jogadores de ambas as equipes podem ir para qualquer lugar da quadra. Veja a seguir qual é a lógica a ser praticada na posição relativa. • O jogador da posição 1 deve estar atrás do jogador da posição 2 e logo à direita do jogador da 6. • O jogador da posição 6 deve estar logo atrás do jogador da po- sição 3, à esquerda do jogador da 1 e à direita do jogador da 5. • O jogador da posição 5 deve estar logo à esquerda do jogador da 6 e atrás do jogador da posição 4. • O jogador da posição 4 deve estar logo à frente do jogador da 5 e à esquerda do jogador da posição 3. • O jogador da posição 3 deve estar à frente do jogador da 6, à direita do jogador da posição 4 e à esquerda do jogador da 2. • O jogador da posição 2 deve estar à frente do jogador da 1 e à direita do jogador da 3. A Figura 2 ilustra a regra da posição relativa entre os jogadores. Observe que aqueles que estão nas posições 6 e 3 possuem três jogadores correspon- dentes, enquanto os demais possuem somente dois correspondentes. 2.1.3 Funções dos jogadores Existem cinco funções que os atletas podem exercer no voleibol – também chamadas de posição do jogador – e cada uma delas requer habilidades distintas. É importante destacar que, a depender do siste- ma ofensivo que a equipe utiliza, algumas dessas funções podem não existir. Por exemplo, no sistema 4x2 não existe o oposto, pois há ape- nas dois levantadores. A compreensão plena a respeito das posições da quadra e do rodízio é de extrema importância para que a estruturação das equipes seja aplicada nas aulas de maneira correta. Importante Figura 2 Posição relativa entre os jogadores 5 4 3 2 6 1 Fonte: Elaborada pelo autor. 34 Metodologia do ensino de voleibol Ainda a respeito das habilidades distintas, são requeridas para atle- tas de alto nível algumas características físicas específicas, as quais devem seguir o padrão internacional estabelecido. É importante co- nhecermos essas características para detectar um possível talento na escola, porém não devemos usá-las como regra em aulas ou jogos escolares. Todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades de vivenciar as diversas posições em um jogo ou em uma aula. São elas: levantador, oposto, central, ponta e líbero. Levantador O levantador é o jogador responsável pela armação das jogadas ofensivas, é considerado o “cérebro” da equipe e é aquele que mais tem contato com a bola durante todo o jogo. O objetivo do levantador é colocar a bola nas me- lhores condições para os atacantes e com o menor núme- ro possível de bloqueadores adversários, aumentando as chances de pontuar. Uma frase muito utilizada por técnicos e autores ressalta a importância do levantador: “uma equipe com excelentes atacantes e um levantador mediano é um time mediano. Uma equipe com atacantes medianos e um excelente levantador é um time excelente”. Em relação às características gerais, os levantadores geralmente não são muito altos (em comparação aos atletas de outras posições), mas devem ser muito ágeis e com excelente visão de jogo. Oposto O oposto tem esse nome por jogar na diagonal do levanta- dor, ou seja, oposto ao levantador. Pode ser chamado tam- bém de saída, uma vez que é o atleta que joga na posição 2 (saída de rede) quando está na rede. O oposto tem como principal função o ataque e geralmente é o mais procurado pelos levantadores. Para isso, esse jogador não participa da recepção do saque, isto é, ele deve ficar livre dessa respon- sabilidade e se concentrar principalmente no ataque. No que diz respeito às características, os opostos são atletas altos e com muita potência no ataque. Não confunda posições de jogador com as posições da quadra. Atenção Iniciando o voleibol 35 Ponta Também chamado de ponteiro passador ou somente pon- teiro, tem como características principais muita técnica e habilidade. O ponteiro participa da recepção do saque e ge- ralmente ataca pela posição 4, na entrada de rede. Não são tão altos quanto os opostos, mas devem ter uma boa estatu- ra para passarem do bloqueio com maior facilidade. Central Os centrais são conhecidos por quase sempre serem os mais altos da equipe. Eles têm como característica marcante os ataques com bolas extremamente velozes e são excelentes bloqueadores, atuando sempre no centro da quadra, inde- pendentemente da posição em que estão. Também são vis- tos por muitos como atletas menos técnicos na defesa e na recepção. Por isso, quando a equipe utiliza o líbero, é o cen- tral que sai de quadra após efetuar o saque e só retorna para o jogo quando chegar nas três posições da rede. Líbero O líbero é a posição mais recente no vôlei. Essa função foi implementada pela FIVB somente em 1998 e possui algumas regras e características específicas. a. É um jogador especialista em recepção e defesa, atuando somente no lugar de um dos jogadores que estão no fundo de quadra. O mais comum é o líbero entrar no lugar do central, que vai para o fundo após o saque. b. O líbero não pode atuar nas três posições da rede. Ou seja, quando ele vai para a posição 4, o central (ou outro jogador que o técnico tenha escolhido) que estava fora de quadra retorna para o jogo em seu lugar. Essas trocas são ilimitadas e não contam como substituições. Explique a regra da posição relativa quanto ao jogador da posição 3 e quem é o seu diagonal. Atividade 1 (Continua) 36 Metodologia do ensino de voleibol c. O líbero não pode sacar, por isso entra em quadra apenas após o saque do central (quando o ponto for finalizado). d. Como a troca entre o líbero e um jogador de fundo não conta como uma substituição, ele usa um uniforme de cor diferente dos demais jogadores para facilitar o controle dessas trocas por parte da arbitragem. e. Não é permitido executar um ataque de nenhuma parte da quadra se a bola estiver a uma altura acima da fita superior da rede. Caso a bola esteja abaixo da fita, o líbero pode atacar. f. O líbero pode levantar uma bola de segundo toque somente na zona de defesa. Caso levante uma bola de toque dentro da zona de ataque, o atacante não pode concluir a jogada com uma ação acima da fita superior da rede. Se isso ocorrer, será ponto do adversário. Para que ocorra um ataque a partir de um levantamento do líbero dentro da zona de ataque, a bola deve ser levantada de manchete. Agora que já conhecemos as posições dos jogadores, precisamos entender como elas são organizadas na equipe. Para que essa organização ocorra de maneira ade- quada utilizamos a regra das diagonais. Observe a Figura 3: O jogador da posição 1 está em diago- nal com o da 4; o da posição 6 com o da 3; e o da posição 5 com o da 2, correto? Isso quer dizer que quando o jogador da posi- ção 2 sair da rede, o da 5 entrará na rede; quando o jogador da posição 1 for para a 6, o da 4 vai para a 3 e assim por diante. Ou seja, em toda situação em que houver uma rotação na equipe as diagonais devem ser mantidas. Mas por que isso é importante? É importante compreender que sempre será necessário ter um pon- teiro na rede e um no fundo, umcentral na rede e um no fundo (ou o líbero) e um levantador na rede e outro no fundo (no caso do sistema Figura 3 Diagonais 5 4 3 2 6 1 Fonte: Elaborada pelo autor. Iniciando o voleibol 37 5x1, em que há somente um levantador, quem estará na diagonal é o oposto). Isto é, os jogadores em diagonal exercem a mesma função, com exceção do levantador e do oposto no sistema 5x1. Com base no que vimos a respeito das diagonais, vamos fazer uma simulação para compreender melhor esse sistema. Substitua o núme- ro pela posição dos jogadores do seguinte modo: 1= Levantador; 2= Ponteiro; 3= Central; 4= Oposto (ou outro levantador, dependendo do sistema ofensivo utilizado); 5= Ponteiro e 6= Central. Após isso, faça os seis rodízios até os jogadores retornarem às posições iniciais e você observará que, em todos os rodízios, quando um jogador entra na rede o outro da mesma função sai. Essa regra das diagonais é importante para auxiliar no momento de posicionar os alunos em quadra. No contexto escolar é recomendado que, ao formar as diagonais para organizar uma equipe equilibrada, é importante colocar atletas com características semelhantes. Por exem- plo: em uma turma há dois alunos que são mais habilidosos no ataque do que os demais. Se esses dois alunos forem colocados um ao lado do outro na formação inicial e ambos estiverem na rede, sua equipe estará muito forte no ataque, no entanto, quando os dois saírem da rede, seu ataque ficará mais fraco. Desse modo, ao colocar esses dois alunos em diagonal, sempre existirá um na rede e outro ao fundo, formando uma equipe mais equilibrada. Você tem os seguintes atletas para montar sua equipe: leão, tucano, tigre, águia, lobo e raposa. Qual seria a formação ideal para essa equipe? Indique como você organizaria o time e qual a razão para tomar essa decisão. Atividade 2 2.2 Deslocamentos e movimentações básicas Vídeo Para realizar os deslocamentos e movimentos do voleibol que vere- mos nesta seção, precisamos compreender as três posições básicas do corpo adotadas na execução dessas movimentações: alta, média e baixa. A posição alta é quando o jogador permanece em pé com o corpo ereto. Por ser uma posição menos cansativa do que as outras, pode ser considerada uma posição que antecede todas as ações, ou seja, é uma posição de espera para executar outra tarefa. Na posição média as pernas devem ser afastadas lateralmente, alinhando-se ao ombro. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão, com as pernas e coxas flexionadas entre 110º e 130º; já os joelhos devem estar na mesma linha dos pés, o tronco ligeiramente inclinado para frente, os ombros na linha dos joelhos e os membros superiores naturalmente relaxados à frente do tronco. 38 Metodologia do ensino de voleibol Já na posição básica baixa, as pernas devem ficar afastadas do mes- mo modo que na posição média. Os pés devem estar apoiados com o calcanhar fora do chão, a flexão entre as pernas e coxas deve ser entre 90º e 100º; já os joelhos devem ser projetados à frente dos pés, com o tronco inclinado para frente formando um ângulo de 90º com as coxas. É importante que os membros superiores fiquem semiflexionados à frente do tronco, entre os joelhos e ombros. É possível perceber que para manter o corpo na posição baixa são exigidos mais energia e esforço do que na posição alta. Desse modo, para alunos iniciantes não há a necessidade de orientá-los a ficarem na posição baixa durante toda a disputa do ponto, pois pode causar fadiga e abandono da posição correta, além de dimi- nuir a atenção e a concentração. Portanto, é importante dar aten- ção aos detalhes para que seja possível tornar suas práticas muito mais efetivas. Mas quando usar cada uma dessas posições na prática? Imagine a seguinte situação de jogo: uma equipe executou o saque e a bola está viajando para a outra quadra. Nesse momento os atletas po- dem estar na posição alta e mais relaxados, porém atentos caso a bola volte para a quadra de primeira. No momento em que é feita a recepção do saque até a bola chegar no levantador, os atletas da equipe sacadora podem adotar a posição média para observar a sequência da jogada. Após o levantamento da equipe adversária, o time sacador se organiza para defender a bola e os jogadores da rede deverão ir para o bloqueio e os do fundo para a defesa. São esses jogadores de defesa que, no momento do ataque, devem es- tar na posição básica baixa. Após estudarmos algumas das posições básicas do corpo du- rante uma partida de vôlei, é o momento de conhecer os principais deslocamentos e movimentações utilizadas pelos jogadores, com o objetivo de executar os fundamentos. Esses deslocamentos são movimentos específicos que levam o jogador ao local em que o fundamento deverá ser executado. Eles devem estar associados à velocidade e à amplitude, dar o equilí- brio ideal para executar um fundamento e permitir que o jogador se posicione para efetuar a ação da maneira mais correta possível Iniciando o voleibol 39 (BIZZOCHI, 2018). Costumamos chamar esse tipo de deslocamento de passadas, que podem ser classificadas da seguinte maneira: • Normal – como o próprio nome diz, é uma passada normal, como andar ou correr. Esse movimento pode ser feito em di- ferentes velocidades, dependendo da necessidade, para fren- te ou para trás e para curtas ou longas distâncias. • Galope – diferentemente da passada normal, nesse movi- mento os pés não se cruzam. Existe um movimento durante essa passada no qual os pés se tocam no ar, rente ao chão, para impulsionar o corpo. É utilizado em deslocamentos em que são necessários ajustes corporais e para manter o equi- líbrio em situações que requerem um afastamento maior, e imediato, de pernas. • Saltito – são pequenos saltos, geralmente laterais, utilizados para chegar rapidamente ao local de realização do funda- mento. Esse movimento é muito usado para ajustar o corpo para um ataque ou para a fase final de um bloqueio. • Lateral simples – é um tipo de passada mais lenta, utilizada em trajetos curtos, médios ou de ajuste. Não há cruzamento dos pés e não possui fase aérea como no galope. É muito usa- da para defesa, recepção e bloqueio. • Cruzada – é uma passada lateral em que há o cruzamento das pernas. A perna que cruza à frente é sempre a contrária à di- reção do deslocamento, e o contato com a bola não deve ser feito no momento do cruzamento, mas no afastamento pos- terior ao deslocamento, que posiciona o atleta atrás da bola. • Mista – é uma passada que associa o deslocamento da passada normal e a de galope, já citadas anteriormente. É utilizada, geral- mente, quando se faz necessário ganhar velocidade ou distância e, na sequência, um ajuste do corpo e um equilíbrio ideal. Essas posições do corpo e os deslocamentos servem como base para a execução das técnicas utilizadas em um jogo de vôlei. Quan- do você for ministrar suas aulas de voleibol, planeje atividades lú- dicas e divertidas para exercitar essas posições e deslocamentos. Sem o pleno domínio deles a aprendizagem das técnicas e, poste- riormente, a dos fundamentos será prejudicada. 40 Metodologia do ensino de voleibol 2.3 Técnicas básicas Vídeo Nesta seção vamos estudar duas principais técnicas do voleibol: to- que e manchete. Não confunda essas técnicas com fundamentos. As técnicas são utilizadas para executar um dos fundamentos (que serão apresentados na próxima seção). Portanto, é fundamental entender essas duas ações, pois ambas são a base de quase todos os fundamen- tos de jogo e as primeiras que devem ser ensinadas aos alunos. A primeira técnica de que falaremos é o toque. O toque pode ser usado nos fundamentos de recepção, levantamento, defesa ou como ataque. Independentemente do tipo de toque, para uma boa execução, não devemos considerar apenas o momento do contato das mãos com a bola. A preparação, a movimentação correta, o equilíbrio, o posicio- namento do corpo e a finalização são tão importantes quanto à fasede contato. Os principais tipos de toque são: para frente, para trás, lateral e em suspensão. • Toque para frente: é uma das técnicas mais comuns do voleibol. É comumente utilizada em levantamentos para atletas que estão à frente do levantador. Recentemente também tem sido muito utilizada na recepção de saques mais lentos. • Toque para trás: é um tipo de toque usado pelos levantadores (ou outros jogadores que irão fazer essa ação) com o objetivo de levantar a bola para um jogador posicionado atrás. É uma técnica mais complexa e difícil de ser executada do que o toque para frente, pois trata-se de um toque que, quando bem executado, pode fintar o bloqueio adversário. • Toque lateral: esse toque também pode ser feito pelos levanta- dores como um recurso para levantar uma bola que veio de um passe ruim. Por exemplo: uma bola que está fora da linha dos 3 metros, que não permite que o levantador posicione o corpo de frente para a entrada de rede em tempo, ou uma bola passada próximo à rede. • Toque em suspensão: o toque em suspensão é extremamente utilizado por jogadores de alto nível, principalmente pelos levan- tadores. O objetivo desse tipo de toque é fazer contato com a bola no ponto mais alto possível para aumentar a velocidade do jogo e dificultar o sistema defensivo do adversário. Iniciando o voleibol 41 Outra técnica muito usada é a manchete, principalmente na recepção do saque, da defesa e do levantamento (nesse último caso apenas quando não for possível executar o toque). Assim como para o toque, a preparação, a movimentação correta, o equilíbrio, o posicio- namento do corpo e a finalização são fundamentais para executar uma boa manchete. Os principais tipos são: manchete normal, de costas, lateral e alta. • Manchete normal: assim como o toque para frente, a manchete normal é uma técnica comum no voleibol. É executada geralmen- te na posição média ou baixa e na recepção de um saque em que a bola deve ser rebatida na altura do quadril ou abaixo dele. • Manchete de costas: é usada para salvar uma bola que passou por cima da cabeça do jogador, o impedindo de executar um to- que. O atleta, então, faz um giro de aproximadamente 180º para efetuar o contato com a bola. • Manchete lateral: é uma técnica menos utilizada, mas não me- nos importante. Quando uma recepção passa rente à rede, de for- ma muito baixa, ou muito veloz em direção ao levantador, e não é possível posicionar-se atrás da bola, usa-se a manchete lateral. • Manchete alta: é uma técnica em que o jogador retira o corpo da trajetória da bola e se apoia em um dos pés (o pé contrário ao lado que posicionou os braços). No entanto, para que seja bem executada, o jogador deve dominar primeiramente a manchete normal. No momento do contato com a bola o corpo deve estar na posição média. Essa técnica é muito utilizada para recepcionar um saque em que a bola está na altura dos ombros, fazendo com que não seja possível executar um toque para a frente ou uma manchete normal. Quais são as principais técnicas utilizadas no voleibol e por que são consideradas técnicas básicas? Atividade 3 2.4 Fundamentos do voleibol Vídeo Esta é uma seção muito importante e você deverá ter total domínio sobre esse assunto futuramente. Quando alguém lhe perguntar quais são os fundamentos do voleibol é importante responder sem hesitar. De acordo com a FIVB, os seis fundamentos são: saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa. É comum observarmos algu- mas pessoas falando que toque e manchete são fundamentos, mas, conforme citado anteriormente, são apenas as técnicas usadas para 42 Metodologia do ensino de voleibol executá-los. Portanto, volto a frisar: não confunda! Esses aspectos de- vem estar bem claros para você. Mas como não esquecer esses fundamentos? É muito comum ten- tarmos decorar e, em um curto prazo, pode até funcionar. Mas ao pensarmos em um aprendizado permanente, devemos entender os conceitos com propriedade para, depois, ensinar. Provavelmente você já assistiu a algum jogo de vôlei pessoalmente ou pela televisão, correto? Agora, pense no que acontece logo depois do árbitro autorizar o saque e imagine uma continuidade da jogada até a bola voltar para a equipe sacadora. Por exemplo: após o apito, o saque é executado. A outra equipe faz a recepção, o levantador levanta a bola para um dos atacantes e ele ataca para a outra quadra. Nesse momento, a equipe que tinha o saque vai tentar bloquear o ataque e, caso a bola ultrapasse, os jogadores de trás, ou da zona de defesa, tentarão defendê-la . Perceba as ações mencionadas na descrição da jogada acima e em como elas têm uma sequência. Portanto, ao pensar na sequência lógica do jogo será possível lembrar com facilidade dos fundamentos: saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa. Agora que você sabe quais são esses fundamentos, vamos ver deta- lhadamente cada um deles. Saque É com esse fundamento que se inicia o jogo e a disputa de todos os pontos durante uma partida. Antigamente o saque era visto apenas como um meio de colocar a bola em jogo, mas com o passar dos anos tem se tornado cada vez mais potente e agressivo, visando à concre- tização do ponto, ou pelo menos o ato de dificultar a armação ofensi- va adversária. O saque pode ser executado por todos os atletas, com exceção do líbero. Existem quatro tipos de saque: por baixo, flutuante, flutuante em suspensão e saque viagem. • Saque por baixo: é um tipo de saque usado principalmente em aulas de iniciantes por ser de fácil execução. O sacador deve golpear a bola com o braço dominante em um movimento reali- zado de baixo para cima, atingindo a bola na parte inferior. Exis- te outro tipo de saque por baixo chamado jornada nas estrelas, Para sempre lembrar dos fun- damentos pense na sequência lógica de um jogo de voleibol: saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa. Importante Iniciando o voleibol 43 em que o sacador executa a técnica com muita força, fazendo a bola ganhar muita altura. No entanto, é um tipo de saque antigo e que não é utilizado em jogos e competições atuais. • Saque flutuante: é o segundo tipo de saque a ser ensinado. É caracterizado por ser feito acima da cabeça, semelhante a um saque de tenista, e deve ser feito sem deslocamento ou salto do atleta; ou seja, ele apenas lança a bola para cima e a golpeia. Esse saque pode ser ensinado desde a iniciação até o alto nível e tem esse nome por não sofrer grandes variações em sua trajetória. • Saque flutuante em suspensão: o movimento desse saque é semelhante ao anterior, mas seguido de uma corrida de apro- ximação e salto. Pode ser utilizado desde a iniciação (após ter o domínio dos outros dois tipos de saque) até o alto nível. É uma das técnicas mais difíceis de recepcionar devido às pe- quenas mudanças que podem ocorrer na trajetória da bola. Além disso, é a mais utilizada nas equipes femininas, porém recentemente tem ganhado espaço nas equipes masculinas. • Saque viagem: é o saque mais difícil de ser executado e que tem alto risco de erro (SHONDELL, 2005); além de ser o tipo mais agressivo e mais usado no vôlei masculino adulto. No alto nível, esse saque pode ultrapassar os 100km/h, e o movimento é semelhante ao movimento de ataque, no qual o sacador golpeia a bola de cima para baixo, ao atingir o ponto mais alto do seu salto. No entan- to, não é muito usado no vôlei feminino, embora muitas mulheres estejam aplicando essa técnica atualmente. É importante ter em mente que não é aconselhável o ensi- no dessa técnica a alunos que não tenham domínio dos outros tipos de saque. Recepção Também chamado de passe, é o fundamento que uma equipe faz ao receber o saque adversário. O domínio da recepção é im- portante pois proporciona uma base eficaz para uma boa armação ofensiva desde os primeiros anos da iniciação até o alto nível. Uma equipe com falhas no desenvolvimento da recepção dificilmente conse- guirá bons resultados,uma vez que o seu ataque estará prejudicado. Figura 4 Saque flutuante em suspensão Stuart Monk/Shutterstock A qualidade da recepção pode ser classificada em passe A, B, C, D ou E. De modo geral, o passe A é o perfeito, aquele que vai direto para a mão do levantador na posição 3 da quadra. O B é um passe bom, no qual o levantador deve se deslocar em curtas distâncias para levantar a bola. O C é um passe em que a bola vai fora da linha dos 3 metros e o levantador corre para executar o levantamento. Já o D é quando o passe não permite um levantamento e a bola é devolvida para a outra equipe “de graça” (geralmente por meio de toque ou manchete). E o passe E é aquele considerado errado, gerando ponto para o adversário. O passe pode ser executado por qualquer jogador, podendo variar de acordo com o sistema ofensivo utilizado por cada equipe. Por exem- plo: equipes escolares geralmente utilizam vários jogadores para passar o saque. Já no alto nível, em que as equipes jogam no sistema ofensivo 5x1, geralmente os passadores são apenas os dois ponteiros e o líbero. A recepção é feita sempre de duas formas: de toque ou manchete. • Recepção de toque: é utilizada para receber os saques mais lon- gos, em que a bola viaja até o fundo da quadra, e saques lentos. Além disso, deve ser executada com o corpo na posição alta ou média. Os pontos positivos de utilizar essa técnica no passe são: permitir maior controle da bola e, segundo a regra, não existir a falta de dois toques (como existe no segundo ou terceiro toque da equipe). • Recepção de manchete: é utilizada, comumente, para passar sa- ques mais curtos e médios. Contudo, por ser difícil amortecer e con- trolar de toque um saque muito forte e rápido, nesse caso é possível utilizar esse tipo de recepção. Deve ser executada na posição média ou baixa do corpo, de acordo com a profundidade do saque. A manchete alta – mencionada anteriormente – tam- bém é muito utilizada nesse fundamento, principalmente no alto nível. Levantamento É o fundamento responsável pela criação e pela ar- mação das jogadas ofensivas de uma equipe. Um levantamento de qualidade aumenta as chances de sucesso dos atacantes (BIZZOCHI, 2018). O objetivo do levantador é colocar a Figura 1 Levantamento de toque em suspensão sportoakimirka/Shutterstock 44 Metodologia do ensino de voleibol Iniciando o voleibol 45 bola na melhor condição de ataque para cada jogador, com o mínimo de bloqueadores possíveis. Assim como os outros fundamentos, todos os alunos devem apren- der a levantar. Na iniciação, os levantamentos devem ser feitos basica- mente com bolas altas, isto é, para trás e para frente, mas é importante saber que existem variações nos levantamentos à medida que aumen- ta o nível de jogo. É muito comum em equipes com jogadores em que a idade seja acima de 15 anos o uso de bolas rápidas para frente, para trás, para o meio e bolas de fundo. É comumente realizado pelo levantador da equipe, porém, caso ele tenha defendido a bola ou esteja impossibilitado por qualquer outra razão, todos os outros podem executar esse fundamento. Entretanto, os técnicos costumam deixar previamente definidos alguns jogadores que podem executar esse fundamento além do levantador, sendo, na maioria das vezes, os líberos ou centrais de rede. As técnicas utilizadas são o toque e a manchete. • Levantamento de toque: é o mais usado, por proporcionar maior precisão e eficiência. Todavia, não é recomendado quando a bola chega ao levantador a uma altura muito baixa. De acordo com a qualidade do passe e as necessidades do momento do jogo, pode ser um toque para frente, para trás, para a lateral ou em suspensão. • Levantamento de manchete: por ser menos preciso e veloz que o levantamento de toque é menos utilizado nas estratégias de jogo. Utiliza-se esse recurso somente quando o levantamento de toque não é possível, quando a bola chega muito baixa para o levantador ou muito distante dele. Pode ser executado com a manchete lateral, para frente e para trás. Ataque Antes de tudo, é importante destacar que este é o fundamento que as crianças, os adolescentes e adultos mais gostam de treinar e execu- tar. Um ponto curioso é o de que nós, brasileiros, temos uma visão de que esse é o fundamento mais “divertido” e importante, fazendo com seja priorizado desde a iniciação. Mas vamos refletir juntos: será que ter um ataque forte e eficiente é o suficiente? Não! Pois sem uma boa recepção dificilmente ocorrerá um bom levantamento, e sem um bom levantamento, dificilmente ocorre- rá um bom ataque. Desse modo, quando você for professor, seu papel é o de ajudar a mudar essa mentalidade e fazer com que os alunos se apaixonem pelos outros fundamentos também, combinado? O ataque é o fundamento que visa a finalização de um pon- to, procurando vencer o bloqueio e a defesa adversária (PESSOA, BERTOLO, CARLAN, 2009). Pode ser executado por qualquer joga- dor – inclusive pelo líbero –, desde que a bola esteja abaixo da fita superior da rede. Contudo, quando um levantador passa uma bola de segundo toque para a outra quadra, tentando o ponto, também é considerado um ataque, mesmo a bola sendo passada de toque. Um fator relevante é que esse fundamento pode ser executado de todas as posições da quadra, contanto que os jogadores das posições 1, 5 e 6 respeitem as regras de ataque para jogadores do fundo da quadra. Quanto à direção, o ataque pode ser feito na paralela ou na diagonal. Por exemplo: quando um jogador da posição 4 ataca para a posição 1 adversária, consideramos paralela. Quando esse mesmo jogador direciona para as posições 6, 5 ou 4, consideramos diagonal. Usualmente, os três tipos de ataque mais usados são: cortada, largada de ponta de dedos e largada encaixada. • Cortada: é o tipo de ataque mais usado nos jogos e o movimento que gera maior potência e velocidade na bola, dificultando o sistema defensivo. Nessa técnica a bola é gol- peada de cima para baixo, no ponto mais alto do salto do jogador. • Largada de ponta de dedos: é o movimento em que o atacante empurra a bola, sem conduzi-la, com a ponta dos dedos. É muito utilizada para colocar a bola, com precisão, em locais muito específi- cos da quadra adversária. O movi- mento inicial é muito semelhante ao da cortada, o que realmente vai mudar é a finalização, na qual o atleta para o braço no ponto mais alto e empurra a bola, ao invés de girar o braço com velocidade para golpeá-la. Assim como no Brasil prefere-se utilizar os fundamentos de ataque (um dos pontos fortes das equipes brasileiras), outros países também têm suas preferências. O Japão é conhecido pela ótima defesa; a Rússia pelo bloqueio feito com eficiência; e a Argentina pela recepção. Curiosidade Figura 6 Ataque do tipo cortada Joe SA Pho tos /Sh utt ers toc k 46 Metodologia do ensino de voleibol Iniciando o voleibol 47 • Largada encaixada: tem como nome popular entre técnicos e jogadores o de caixinha ou penteada. É uma técnica usada para tentar enganar a defesa adversária, em que o atacante faz um movimento muito semelhante ao da cortada. Porém, ao final da execução, reduz a velocidade do braço e bate na bola com a pal- ma da mão e com pouca força, fazendo-a girar no mesmo sentido de sua trajetória. Esse movimento tem esse nome porque a bola deve estar encaixada na palma das mãos e nos dedos no momen- to do seu contato. Bloqueio Possivelmente é o fundamento que os jogadores menos gostam e um dos mais complexos, mas muito importante para o sistema defen- sivo. No entanto, para o voleibol escolar, o bloqueio – assim como os outros fundamentos – não necessita ser trabalhado em todas as suas complexidades. Já para o alto nível é importante saber que esse fun- damento exige muita técnica, coordenação e sincronia de movimento com os companheiros de time e com o atacante adversário. O bloqueio é a primeira linha de defesa de uma equipe e tem como objetivo impedir o sucesso do ataque
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