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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Física Termodinâmica e Ondas Aula 2 Professor Cristiano Cancela da Cruz CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Você acorda e está respirando, o ar entre e sai do seu sistema respiratório, sente seu coração batendo e o sangue sendo impulsionado em seus vasos sanguíneos. Ânimo, mais um dia está começando! Você vai ao banheiro lavar o rosto, abre a torneira e a água flui pela tubulação. Água fria? Ninguém merece. Na cozinha, a cafeteira eletrônica, já programada na noite anterior, goteja saborosas gotas de café, o aroma flui e espalha-se pelo ambiente. Apesar de saboroso, você está com pressa, rápido! Em goles grandes o café desce pelo esôfago provocando o ruído característico de um líquido que desce por uma tubulação. Que incrível é o corpo humano. Você sai às pressas, afinal está atrasado, de moto é mais rápido. Sobe na moto, a gasolina que estava em repouso durante a noite é agitada no tangue, você dá a partida. O combustível flui pela mangueira chegando ao carburador, ele é vaporizado, misturando-se com o ar atmosférico, a mistura vai parar no cilindro sendo comprimida pelo pistão, uma faísca, uma explosão, brum, brum... O motor está ligado, gases saem do escapamento lançados na atmosfera. Você, já a caminho, observa um avião que voa em ar tranquilo, sem turbulência, diferente do barco que navega na lagoa em águas agitadas. Água? Vai chover? Deveria ter vindo de carro, a pressa aumenta, não quer se molhar. Vamos, vamos, estou quase chegando, ufa, deu tempo, a aula de física irá começar. Como você deve ter percebido no texto ilustrativo acima, no nosso dia a dia, seja observando o funcionamento do nosso corpo, nossas residências, ou meios de locomoção e até mesmo o próprio ar atmosférico, estamos cercados de fluidos. Mas o que vem a ser um fluido? Fluido é o nome dado a qualquer substância que pode fluir. Nesta classe enquadram-se os líquidos e os gases, sendo que, os gases considerados fluidos podem ser comprimidos e os líquidos fluidos são a aqueles que sofrem pouca compressão, ou são incompressíveis, com algumas exceções. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Um fluido pode estar em repouso em determinado recipiente, como um copo d’água sobre a mesa, ou fluindo através de uma tubulação. No primeiro caso o fluido encontra-se em equilíbrio e o estudo desta situação chama-se estática dos fluidos ou hidrostática. É a parte da física que estuda os líquidos e os gases em repouso, sob ação de um campo gravitacional constante, como ocorre com o ar atmosférico na superfície do planeta Terra. E no segundo caso, o fluido em movimento, chama-se dinâmica dos fluidos ou hidrodinâmica, que lida com a ciência de fluxo de fluido, ou seja, é a ciência natural que estuda o movimento de fluidos. As leis que regem a hidrostática e a hidrodinâmica estão presentes constantemente no dia a dia do homem, mais do que se pode imaginar. Elas se verificam, por exemplo, na água que sai da torneira das residências, nas represas das hidrelétricas que geram a energia elétrica, no movimento do sangue nos vasos sanguíneos, na pressão arterial e pulmonar, pressão osmótica e na pressão que o ar exerce sobre o corpo humano. Nesta aula faremos uso das leis de Newton e da conservação da energia obtendo aplicações simples para o estudo do comportamento dos fluidos. Definiremos grandezas básicas como densidade, pressão e empuxo. Também estudaremos a lei de Pascal, o princípio de Arquimedes e a equação de Bernoulli. Boa aula! No material online, o professor Cristiano Cancela da Cruz faz uma breve introdução sobre os conteúdos que serão abordados nesta rota. Não perca! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Contextualizando O tubarão é considerado um animal agitado, pois está constantemente em movimento, nadando de um lugar ao outro. Ele precisa utilizar essa tática para não afundar e também para respirar. Ao nadar ele faz uso de suas barbatanas utilizando a sustentação dinâmica para manter a profundidade, e caso pare, ele afunda. O tubarão é como um avião, ele usa seu movimento para frente, impulsionado pelo movimento da calda, para controlar sua posição vertical. Ele possui dois conjuntos de nadadeiras nas laterais do corpo, na mesma posição das asas de um avião. Ao posicionar as nadadeiras em ângulos diferentes, ele altera o percurso da água a sua volta alterando a inclinação de seu corpo. Quando ele inclina a nadadeira para baixo, a água flui por ela gerando maior pressão sobre a parte inferior da nadadeira, criando a elevação do seu corpo, assim consequentemente ele sobe. E quando o tubarão inclina a nadadeira para cima, a pressão é maior sobre a parte superior da barbatana e o tubarão movimenta-se para o fundo. Ou contrário do tubarão, outros peixes, como a carpa ou o peixe-palhaço, (peixinho do filme “Procurando Nemo”) conseguem manter-se no mesmo nível na água. Esses peixes possuem no seu organismo uma bolsa de ar chamada bexiga natatória que os auxilia no movimento na água. Quando peixes desse tipo respiram oxigênio, eles liberam um pouco de ar para a bexiga natatória aumentando seu volume e consequentemente a sua capacidade de flutuar na água. Por outro lado, para afundar, o peixe solta parte do ar da bexiga natatória, diminuindo seu volume corporal o que lhes faz afundar. Mas como explicar a diferença entre esses peixes em relação a capacidade de emergir e submergir na água? Com o conhecimento da hidrostática e da hidrodinâmica podemos explicar esse efeito. Para isso precisamos conhecer conceitos de densidade, pressão, empuxo, entre outros. O professor Cristiano Cancela da Cruz aborda melhor esse contexto no material online. Confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Pesquise TEMA 1: Densidade (p) Para ilustrar a definição de densidade imagine os seguintes objetos: um cubo de gelo, uma aliança, uma borracha escolar, um botão de madeira, um dado de plástico e uma moeda. Observando esses objetos você poderia classificá-los de diversas formas, uma delas por exemplo, seria o tamanho. De acordo com a figura, o maior seria o cubo de gelo, em seguida o dado de plástico, depois a borracha escolar, a moeda, a aliança e por fim o botão de madeira. Ou em ordem alfabética: aliança, borracha, botão, cubo de gelo, dado e moeda. Uma outra forma de classificar esses objetos seria pela densidade, neste caso teríamos a seguinte ordem, do mais denso para o menos denso. Em primeiro: a aliança, depois a moeda, borracha, dado, gelo e o menos denso, o botão de madeira. Mas o vem a ser densidade? Densidade é uma característica do material, a matéria-prima com que ele é feito. Ela representa a relação entre massa e volume, ou seja, a massa do material por unidade de volume. Quando um objeto produzido com determinada matéria-prima possui a mesma densidade em qualquer parte, dizemos que esse objeto é homogêneo. Corriqueiramente costuma-se representar a densidade pela letra grega ρ (lê-se rô). A densidade de um material homogêneo será dada pela relação da massa do objeto pelo volume: 𝜌 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝑚 𝑉 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 A unidade de densidade no sistema internacional de unidades (S.I.) é o quilograma por metro cúbico (1 𝐾𝑔 𝑚3 ) e no sistema CGS é dada em gramas por centímetro cúbico (1 𝑔 𝑐𝑚3 ). A relação entre essas duas unidades é: Na tabela a seguir estão listados algumas substâncias e suas respectivas densidades com unidade no sistema internacional de unidades, caso queira os valores no sistema CGS, basta dividir os valores de densidade por 103. Fonte:SEARS e ZEMANSKY. Quando o material não possui densidade homogênea, por exemplo, o ar atmosférico terrestre, o qual é mais denso a baixas altitudes e menos denso em pontos elevados, costumasse representar a densidade média. Aprofunde seus conhecimentos acessando o simulador de densidade, disponível a seguir. https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/density_pt_BR.html 1 𝑔 𝑐𝑚3 = 1000 𝐾𝑔 𝑚3 https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/density_pt_BR.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo o livro “Física II”, de Sears e Zemansky, a partir da página 73. Agora é com o professor Cristiano Cancela da Cruz! Assista à explicação dele sobre a densidade no material online. TEMA 2: Pressão em um Fluido No ponto de vista da dinâmica, a física do movimento de objetos sólidos extensos, ou até mesmo pontuais, uma força que não se pode deixar de levar em consideração é a força gravitacional, a qual, como verificamos, está intimamente relacionada com a massa do objeto. Quando aplicamos forças nesse tipo de objeto, todas as partes do objeto se movem juntas e da mesma maneira. Devido a isso, pode-se dizer que as grandezas de força e massa são imprescindíveis para o estudo dinâmica do movimento. Mas como utilizar essas grandezas para tratar da mecânica de fluidos? O peso do fluido, força gravitacional, depende da quantidade de fluido existente, assim como a massa. Se aplicarmos forças no fluido, ele não irá comportar-se como um corpo sólido, suas partes irão descrever movimentos diferentes. Devido a essas dificuldades, quando estudamos a dinâmica em fluidos, o melhor é tratar o fluido através da grandeza de densidade ao invés da massa e a ação de forças através da grandeza pressão. Pressão é um dos conceitos mais importantes para desenvolver o estudo da hidrostática e hidrodinâmica. Para entender o que é pressão, tomemos como exemplo um bloco de madeira com peso igual a 2 N, e com uma superfície de contato de área igual a 0,25 m2 apoiada sobre uma mesa, conforme a figura a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Esse bloco, como sabemos, exerce uma determinada força sobre a mesa, e às vezes há necessidade de saber qual a força que cada parte da área de contato está suportando. Para isso fazemos a razão entre a força que o bloco exerce sobre a mesa e a área da mesa que está suportando o mesmo. Isso quer dizer que cada m2 da base do bloco está comprimindo a mesa com uma força de 8 N. Pressão é isso, a razão da força aplicada pela área onde esta força é aplicada. Portanto, a pressão é calculada através da razão entre a força aplicada pela área da superfície onde a força está atuando. Em que: P = pressão F = força aplicada A = área de aplicação da força 2,0 𝑁 0,25 𝑚2 = 8 𝑁 𝑚2 𝑷 = 𝑭𝒐𝒓ç𝒂 Á𝒓𝒆𝒂 = 𝑭 𝑨 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Pressão é uma grandeza escalar e a sua unidade no Sistema Internacional de Unidades (S.I.) é o Pascal (Pa). Em homenagem a Blaise Pascal. A unidade de força é o newton (N) e a unidade de área é o m2, ambas no S.I. A razão entre força e área resulta em N/m2. A pressão pode ser medida em outras unidades, por exemplo: atmosferas (atm), milímetros de mercúrio (mmHg), libras por polegada quadrada (lb/pol²), milibars (bar), etc. Pressão de uma Coluna de Líquido Um fluido quando em repouso, exerce uma força perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato com ele, seja a parede interna do recipiente ou a superfície de um objeto submerso no fluido. Devido ao peso do fluido, a pressão exercida por ele varia conforme aumentamos a profundidade. Felizmente podemos deduzir uma equação que represente a pressão exercida pelo fluido em função da profundidade. Para isso iremos considerar que o fluido possua densidade ρ constante em todas as partes do fluido, ou seja, o fluido é homogêneo e ele está contido em um recipiente cilíndrico de raio r. A altura da coluna de fluido da superfície até o fundo do recipiente será h e a aceleração da gravidade local é constante, dado por g = 9,8 m/s2. Analise a figura a seguir. 1 N/m2 = 1 Pascal = 1Pa 1 atm = 1,013 x 105 Pa = 760 mmHg CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A pressão P que o fluido exerce no fundo do recipiente terá a contribuição da pressão atmosférica Po, que atua na superfície do fluido somada a pressão exercida pelo próprio fluido, PF dada por: Como: A pressão do fluido PF no fundo do recipiente será: 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝑃𝐹 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 á𝑟𝑒𝑎 = 𝐹 𝐴 𝑃𝐹 = 𝐹 𝐴 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A força F aplicada no fundo do recipiente é o peso do fluido que nele está contido e a área A onde essa força está sendo aplicada é a área do fundo do recipiente. Sendo o peso determinado por: Substituindo a massa m na equação pela correspondente a densidade: Logo: Substituindo, O volume V do fluido será determinado pelo produto da área da base A pela altura de fluido h: Então: 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝑚 . 𝑔 𝜌 = 𝑚 𝑉 𝑚 = 𝜌 . 𝑉 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝜌 . 𝑉 . 𝑔 𝑉 = 𝐴 . ℎ 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝜌 . 𝐴. ℎ . 𝑔 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Substituindo em: Portanto, a pressão no fundo do recipiente será determinada por: Em que: Po = pressão atmosférica ρ = massa específica do fluido g = aceleração da gravidade h = profundidade. Apesar da dedução da equação ser obtida para calcular a pressão no fundo do recipiente, ela é válida para determinar a pressão a qualquer profundidade h no interior do fluido. Observe na equação que a pressão só depende da profundidade h, pois as outras grandezas são constantes, isso nos leva a concluir que todos os pontos do fluido que estão a uma mesma profundidade possuem a mesma pressão, independente da forma geométrica do recipiente. Também pode-se verificar na equação que se aumentarmos a pressão Po na superfície do fluido, a pressão em qualquer ponto do fluido também irá 𝑃𝐹 = 𝐹 𝐴 𝑃𝐹 = 𝜌 . 𝐴. ℎ . g 𝐴 𝑃𝐹 = 𝜌 . 𝑔 . h 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝑃𝐹 𝑷 = 𝑷𝒐 + 𝝆 . 𝒈 . 𝐡 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 aumentar a mesma quantidade. Essa observação foi feita primeira vez por Blaise Pascal e ficou formulada como Princípio de Pascal. A pressão exercida em qualquer ponto de um fluido é transmitida integralmente a todos os pontos do fluido e também para as paredes do recipiente que o contém. Com base neste princípio muitos dispositivos foram construídos, entre eles a alavanca hidráulica. A alavanca hidráulica, veja na figura a seguir, é um dispositivo que pode ser utilizado para amplificar uma força. Com ele pode-se aplicar uma pequena força de entrada e obter uma força maior na saída, porém o trabalho realizado é o mesmo, tanto para força de entrada como para de saída. Fonte: SEARS e ZEMANSKY. Uma pequena força é aplicada no pistão de entrada com área pequena Ae, de acordo com o princípio de Pascal isso causa uma variação de pressão no fluido do dispositivo e essa variação se transmite para o pistão de saída com área maior As, resultando em uma força de saída maior capaz de sustentar o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 carro. Logo, se a variação de pressão na entrada Pe é igual a variação de pressão na saída Ps, podemos escrever: Logo, Se deslocarmos o pistão de entrada uma quantidade de o pistão de saídadeslocará uma quantidade ds, e neste caso o volume de líquido deslocado em cada pistão será o mesmo, portanto: Analisando o trabalho realizado no pistão de saída, temos que: Isso mostra que o trabalho realizado na entrada 𝐹𝑠𝑑𝑠 é o mesmo que o trabalho realizado no pistão de saída 𝐹𝑒𝑑𝑒. Exemplo: A figura a seguir mostra quatro situações nas quais um líquido escuro e um líquido claro estão em um tubo U. Em uma dessas situações, os líquidos não podem estar em equilíbrio estático. Que situação é essa? Para as outras situações, suponha que os líquidos estão em equilíbrio estático. Para cada uma delas, a massa específica do líquido escuro é maior, menor ou igual à massa específica do líquido claro? 𝑭𝒆 𝑨𝒆 = 𝑭𝒔 𝑨𝒔 𝑉 = 𝐴𝑒𝑑𝑒 = 𝐴𝑠𝑑𝑠 𝑊 = 𝐹𝑠𝑑𝑠 = 𝐹𝑒𝐴𝑠 𝐴𝑒 . 𝑑𝑒𝐴𝑒 𝐴𝑠 = 𝐹𝑒𝑑𝑒 ∆𝑃𝑒 = ∆𝑃𝑠 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Resolução: Para simplificar a explicação chamarei a linha tracejada superior de “a”, a linha tracejada inferior de “b”, e o segmento ab = h. Denota-se como “M” o ponto médio na parte inferior do tubo, “ρe“ a massa específica do líquido escuro e “ρc“ a massa específica do líquido claro. Considerando também a área da seção transversal do tubo como “A”, temos que: Os líquidos estarão em equilíbrio estático se as pressões exercidas no ponto médio “M”, entre os dois lados do tubo forem iguais. Como nas quatro situações o líquido abaixo da linha “b” é de mesma massa específica (ρc), então, o equilíbrio será estabelecido quando as pressões exercidas pela quantidade de líquido acima da linha “b” forem iguais. Portanto: Pe = pressão exercida pelo líquido escuro acima da linha “b” Pc = pressão exercida pelo líquido claro acima da linha “b” 𝑃𝑒 + 𝑃𝑜 = 𝑃𝑐 + 𝑃𝑜 𝑃𝑒 = 𝑃𝑐 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Como: A F p g , sabendo que Fg = peso do líquido que está acima da linha “b”, Fg = m.g Então: A F A F ce Logo: 𝑚𝑒 𝑔 = 𝑚𝑐𝑔 𝑚𝑒 = 𝑚𝑐 Portanto, o equilíbrio estático será atingido, quando as massas da quantidade de líquido acima da linha “b”, entre os dois lados do tubo U, forem iguais. Sabendo que a massa específica é dada por V m , então Vm . , substituindo em 𝑚𝑒 = 𝑚𝑐, temos: Analisando cada caso: Situação 1: Situação 2: Portanto na situação (2) os líquidos não podem estar em equilíbrio estático. Situação 3: 𝜌𝑒 + 𝑉𝑒 = 𝜌𝑐 + 𝑉𝑐 2 .... h AhA ce 2 c e 0.. hAe CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Situação 4: Para a situação (1); (3); (4); a massa específica do líquido escuro é: Maior na situação (4) 2 3 c e Menor na situação (1) 2 c e Igual na situação (3) ce Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 77 e 78 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre a pressão nos fluidos no material online. TEMA 3: Empuxo Você já deve ter experimentado a ação do empuxo quando entrou em uma piscina, água do mar, ou até mesmo em uma banheira. Com certeza você deve ter percebido que seu corpo aparentou estar mais leve quando estava submerso na água. Mas como explicar esse fato? Aplicando a teoria da dinâmica, sabe-se que a força gravitacional que atua em seu corpo continua a mesma, pois sua massa não se alterou e muito menos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 a aceleração da gravidade local. Para explicar a sensação de estar mais leve deve existir outra força que atua em sentido contrário a força gravitacional, minimizando sua ação, mas de onde tem origem essa força? Isso é explicado pelo Princípio de Arquimedes, que nos diz que quando um corpo está total ou parcialmente submerso em um fluido, o fluido ao redor dele exerce forças de empuxo E sobre o corpo. A resultante dessas forças está dirigida para cima e possui uma intensidade igual ao peso do volume de fluido que foi deslocado pelo corpo. Em que: E = força de empuxo mf = massa do fluido deslocado com a submersão do corpo g = aceleração da gravidade Substituindo a massa pelo produto da densidade pelo volume V do fluido deslocado, temos: Logo, o módulo do empuxo pode ser calculado por: Flutuação Quando um corpo flutua em um fluido, a intensidade E da força de empuxo sobre o corpo é igual à intensidade Fg da força gravitacional sobre o corpo. 𝐸 = 𝑚𝑓 . 𝑔 𝜌𝑓 = 𝑚𝑓 𝑉 𝑚𝑓 = 𝜌𝑓 . 𝑉 𝐸 = 𝜌𝑓 . 𝑔 . 𝑉 𝐸 = 𝐹𝑔 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Portanto, quando um corpo flutua em um fluido, a intensidade Fg da força gravitacional sobre o corpo é igual ao peso mf . g do fluido que foi deslocado pelo corpo, ou seja, o corpo flutuante desloca o seu próprio peso de fluido. Peso Aparente em um Fluido Se medirmos o peso de um corpo com um dinamômetro o valor obtido será exatamente o peso do corpo Preal. Agora se realizarmos o mesmo procedimento com o corpo submerso em um fluido, a força de empuxo E para cima sobre o corpo faz com que a leitura seja menor, essa leitura é o peso aparente Pap. Veja a figura a seguir. Na esquerda o volume inicial de água e o peso real do cilindro e na direita, o volume final de água e o peso aparente (Pap) medido no dinamômetro quando o cilindro é imerso na água. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Exemplo: Uma esfera oca de raio interno igual a 8,0 cm e raio externo igual a 9,0 cm flutua parcialmente submersa em um líquido de massa específica igual a 800 Kg/m3. Qual é a massa da esfera? Calcule a massa específica do material do qual é feita a esfera. Qual é a massa da esfera? Considerando que o termo, flutua parcialmente submersa, refira-se a metade da esfera para fora do líquido e metade da esfera dentro do líquido. Portanto, se a esfera flutua nesta condição de equilíbrio, teremos que a intensidade da força gravitacional (Fg) que age sobre a esfera é numericamente igual à força de empuxo (E) provocada pelo líquido que rodei a esfera. Pelo diagrama do corpo livre. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Em que: ρL = massa específica do líquido. Vs = volume submerso me = massa da esfera Como o volume submerso é dado por 2 3 4 3 e s R V ; temos: Kg R m eL e 22,1 2 09,0 3 4 .800 2 3 4 . 33 Calcule a massa específica do material do qual é feita a esfera. e e e V m ; onde: ρe = massa específica da esfera. Ve = volume da esfera = 33 3 4 3 4 iee RRV Logo: 3 33 1320 08,0 3 4 09,0 3 4 2,1 m Kg e Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 80 e 81 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Quer saber mais sobre o empuxo? Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 TEMA 4: Escoamento de um Fluido Com posse dos conhecimentos de fluidos adquiridos até aqui, podemos estudar o movimento de um fluido, chamado de escoamento. O estudo do escoamento de um fluido é muito complexo, mas se levarmos em consideração algumas condições que envolve as propriedades dos fluidos em movimento, podemos criar um modelo idealizado que facilitará a descrição deste movimento. Considera-se um fluido ideal o fluido não-viscoso, ou seja, fluidos que não possuem atrito internoentre as moléculas e com as paredes da tubulação. Eles devem possuir densidade constante, pois devem ser incompressíveis e em determinado ponto a velocidade de escoamento em função do tempo deve ser constante. A trajetória de uma partícula individual do fluido durante o escoamento chama-se linha de escoamento ou linha de fluxo. Do princípio proposto por Daniel Bernoulli, se a velocidade de uma partícula de um fluido aumenta enquanto ela se escoa ao longo de uma linha de escoamento, a pressão do fluido deve diminuir e vice-versa. O escoamento pode ocorrer de duas maneiras, quando as linhas de escoamento de diversas partículas que constituem o fluido fluem em camadas adjacentes do fluido, deslizando uma sobre as outras, o escoamento é dito laminar. Já quando a velocidade de escoamento do fluido aumenta drasticamente, tornando-o irregular e caótico, as linhas de escoamento se misturam constantemente, variando a todo momento, o escoamento é dito turbulento. Equação da Continuidade Uma característica muito importante no escoamento de fluidos é que a massa do fluido não se altera durante o escoamento, ou seja, a quantidade de fluido que entra em um ponto da tubulação é igual a quantidade de fluido que sai em outro ponto. Isso pode ser demonstrado e comprovado através da equação da continuidade. Para deduzir essa relação iremos analisar o escoamento de um fluido em uma tubulação onde a entrada do tubo possui área da seção reta A1 e a saída com área A2, veja a figura a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Fonte: SEARS e ZEMANSKY A velocidade do fluido é tangente as paredes da tubulação em qualquer ponto, sendo a velocidade de escoamento na seção de área A1 igual a v1 e a velocidade na seção de área A2 igual a v2. Em um pequeno intervalo de tempo (dt), uma partícula do fluido que estava entrando na tubulação na seção A1 desloca-se uma quantidade (v1dt), e durante o mesmo intervalo de tempo, uma partícula do fluido desloca-se uma quantidade (v2dt) na saída do tubo de seção A2. Como a quantidade de fluido que entra na tubulação deve ser igual a quantidade de fluido que sai, os volumes de fluido em cada seção reta do tubo no mesmo intervalo de tempo devem ser os mesmos. O volume de fluido deslocado na seção de área A1 no intervalo de tempo dt, será dado por: E o volume de fluido deslocado na seção de área A2 no mesmo intervalo de tempo será: 𝑑𝑉1 = 𝐴1 𝑣1𝑑𝑡 𝑑𝑉2 = 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Como vimos essas quantidades são iguais e, portanto, podemos escrever: Logo, a equação da continuidade para um fluido incompressível será dada por: A relação do produto da área da seção pela velocidade de escoamento nesta área (𝐴𝑣), é a vazão volumétrica ou a taxa com a qual o volume do fluido atravessa a seção reta do tubo. Podemos escrever: Já a vazão mássica, ou seja, a taxa de variação da massa do fluido por unidade de tempo através da seção reta do tubo, será dada pelo produto da densidade do fluido pela vazão volumétrica. Equação de Bernoulli A equação de Bernoulli complementa a equação da continuidade e torna- se essencial para analisar escoamentos, por exemplo em sistemas de encanamento, em tubulações de usinas hidrelétricas e a sustentação de uma aeronave durante o voo. Essa equação traz a relação entre pressão, velocidade de escoamento e a altura da tubulação no escoamento de fluidos ideais. A dependência da pressão em relação a velocidade de escoamento decorre que quando um fluido percorre uma tubulação que afunila, a velocidade de escoamento do fluido deve ser cada vez maior, ou seja, o fluido deve ser 𝐴1 𝑣1𝑑𝑡 = 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 𝑨𝟏 𝒗𝟏 = 𝑨𝟐 𝒗𝟐 𝑑𝑉 𝑑𝑡 = 𝐴𝑣 𝑑𝑚 𝑑𝑡 = 𝜌 𝑑𝑉 𝑑𝑡 = 𝜌𝐴𝑣 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 acelerado. Para que isso ocorra deve existir uma força resultante que empurre o fluido para frente aumentando sua velocidade. Isso ocorre porque a pressão ao longo da tubulação varia. Outro fator que faz a pressão variar nos diversos pontos da tubulação é quando existe uma diferença de altura em pontos distintos da tubulação. Nesta aula não iremos nos ater a dedução da equação de Bernoulli, iremos apenas analisá-la com a intensão de compreendê-la. Observe a figura a seguir que apresenta uma tubulação que afunila e ao mesmo tempo se eleva do ponto indicado pela coordenada y1 até o ponto mais alto da tubulação indicado pela coordenada y2. Fonte: SEARS e ZEMANSKY A equação de Bernoulli afirma que o trabalho realizado pelo fluido das vizinhanças sobre uma unidade de volume de fluido é igual à soma das variações da energia cinética e da energia potencial ocorridas na unidade de volume durante o escoamento. Em termos de pressão pode-se escrever como: 𝑃1 + 𝜌𝑔𝑦1 + 1 2 𝜌𝑣1 2 = 𝑃2 + 𝜌𝑔𝑦2 + 1 2 𝜌𝑣2 2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 A equação de Bernoulli relaciona a pressão P com a velocidade de escoamento v e a altura y para quaisquer dois pontos da tubulação, supondo o escoamento estacionário de um fluido ideal. Atenção: o princípio de Bernoulli se aplica apenas em certas situações. Acentuamos mais uma vez que a equação de Bernoulli vale somente para o escoamento estacionário de um fluido incompressível sem viscosidade. Por ser uma equação simples e fácil de usar, surge a tentação de usá-la em situações para as quais ela não é válida, mas você deve resistir a essa tentação! Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 83 e 85 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre o escoamento de um fluido no material online. Trocando ideias Está com alguma dúvida sobre o conteúdo? Não perca tempo e entre em contato com o nosso tutor. Ele sempre está disponível para ajudá-lo. Na Prática Chegou a hora de você ver como toda essa teoria acontece na prática. Clique no link a seguir e teste a pressão de fluidos de diversos elementos em um simulador. https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under- pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Esse outro simulador testa a força do empuxo. https://phet.colorado.edu/sims/density-and- buoyancy/buoyancy_pt_BR.html E esse outro a pressão de fluidos! https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under- pressure_en.html Síntese Para finalizar, confira no material online as considerações do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre os tópicos analisados nesta aula. Referências SEARS E ZEMANSKI. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12ª edição – ed. Pearson. 2003. https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/buoyancy_pt_BR.html https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/buoyancy_pt_BR.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html
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