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resenha crítica filme Ilha do medo

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Trabalho prático de Desdobramentos da teoria psicanalítica
Júlio Cezar de Barros Alves de Pontes
PS6A39
D412965
São Paulo
2021
1- Sinopse
O filme se passa em meados de 1954 e é sobre um detetive federal chamado Teddy Daniels
que investiga o desaparecimento de uma paciente de um hospital psiquiátrico que fica numa
ilha, porém, o detetive passa a encontrar evidências de que sua chegada ao hospital não é
mero acaso e sim uma conspiração acerca de eventos malévolos que podem estar
acontecendo na ilha, como experimentos com os pacientes e tratamentos obscuros.
Ele é impedido de sair da ilha com seu parceiro pois há uma tempestade em curso e as
balsas não estão em funcionamento.
No filme, desde o início nota-se que o protagonista passa por traumas vivenciados pela
violência na segunda guerra mundial e também sobre a morte da esposa, carbonizada num
incêndio criminoso.
Em muitas cenas, é possível notar que o protagonista experiencia devaneios, ouve vozes,
fantasia diálogos e sente dores de cabeça frequentes e avassaladoras, como as de uma
enxaqueca
.
Mais tarde, descobrimos que todo o caso não passa de uma tentativa de tratamento para
fazer com que o protagonista aceite a realidade de que sua esposa afogou seus três filhos e
que ele a matou por isso.
No final, ainda com a culpa do que ocorreu, há um final dúbio onde o protagonista pode ter
escolhido a lobotomia a ter que conviver com as consequências do passado.
2- Análise
Analisando os fatos do filme, é possível notar que Teddy, ou, Andrew Laeddis, que é seu
verdadeiro nome, sofre de um trauma com a água que culmina num estado de ansiedade
ou paranóia que já está presente desde o começo do filme quando ele está no navio
lavando seu rosto e dizendo "Se recomponha, Teddy, é só água". O protagonista neste
momento acredita que está apenas enjoado pelo movimento do navio no mar.
O luto, a paranoia, a melancolia e a depressão são todos abordados no filme e por isso foi
utilizado para uma análise psicanalítica Melanie Klein, que aborda todos estes temas em
suas teorias e estudos.
Conhecendo a história do protagonista, podemos identificar que ele possui uma
agressividade exacerbada que foi projetada para fora como pulsão de morte. Isto pode ser
evidenciado pela fantasia alucinatória que sofre quando está sob um terror paranóico com
relação a todas as figuras de autoridade, ele se vê matando os guardas de um campo de
concentração, mas não é possível saber se isso é uma memória da guerra ou se é mais
uma alucinação que expressa o desejo de matar os “guardas” que são sendo assimilados
por médicos que vão então sendo assimilados , quando o hospital se torna um campo de
concentração para ele.
Existe ainda a clivagem do ego que consiste numa defesa do ego, em que coexistem dois
processos psíquicos de defesa em simultâneo: um voltado para a realidade, o outro
negando a realidade em causa e colocando no seu lugar um produto do desejo.
O conceito de falso self proposto por Winnicott é de grande valia para se pensar nos
eventos que se passam no filme.
Olhando a partir desse referencial teórico, é importante destacar o princípio básico de que
para que possa se constituir como um indivíduo, o ser humano conta com um potencial
inato em direção ao amadurecimento, que necessita de um ambiente facilitador para se
realizar. Este potencial herdado é o que Winnicott vai chamar de self central ou verdadeiro.
No começo do desenvolvimento não há diferenciação entre a mãe e o bebê, do ponto de
vista do bebê. O self verdadeiro a partir do contato com o ambiente facilitador necessita
adquirir uma realidade psíquica pessoal que lhe permita sentir-se real, e experimentar a sua
existência, mas isso se dá com o tempo.
Podemos, entender o falso self como uma defesa que oculta e protege o verdadeiro self. Na
medida em que o verdadeiro self é a fonte dos impulsos pessoais
Winnicott fala sobre diversos níveis de falso self, chegando desde uma atitude social, não
patológica, até o falso self que se implanta como real, em total submissão, onde o self
verdadeiro permanece oculto, o que implica na ausência do que poderíamos chamar de
gesto espontâneo.
Utilizando dos estudos realizados por Winnicott, podemos ver que estas são possíveis
partes de seu verdadeiro self vazando inconscientemente pela personalidade defensiva do
falso self, que tomou o lugar do verdadeiro self como mecanismo de defesa, enquanto este
se retrai e apenas vislumbres desta parecem vazar durante sonhos e devaneios, ainda
assim, incompreendidos pelo protagonista que acredita fielmente em sua fantasia onde
ainda é um detetive e procura solucionar o caso da paciente desaparecida.

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