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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 1 ÍNDICE Direito Penal – Parte Especial ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2 Crimes Contra o Patrimônio��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2 Furto �������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2 Furto de Coisa Comum ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5 AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 2 Direito Penal – Parte Especial Crimes Contra o Patrimônio Furto Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. A palavra subtrair remete à ideia de retirar, tomar para si, sacar do poder de alguém uma coisa alheia móvel� A finalidade é para si ou para outrem, o que caracteriza o chamado animus furandi� Caso o agente não tenha dolo de ficar para si ou para outrem o bem jurídico, há apenas o FURTO DE USO, que não é considerado crime por não haver ânimo de assenhoramento, desde que haja: a) restituição rápida; b) restituição espontânea (se a coisa for apreendida pela vítima, pela polícia, ou for abandonada pelo infrator, há crime de furto); c) restituição sem danos. Quanto ao conceito de COISA MÓVEL, pode ser objeto material do crime de furto os animais e os cadáveres de universidade, quando utilizados para pesquisa� O homem vivo nunca poderá ser “coisa”, visto que existem outros crimes que tutelam a liberdade e outros direitos do ser humano� Por fim, a coisa também deve ser alheia, o que significa que não há que se falar em furto quando o agente “subtrai” algo que é seu (erro do tipo)� Por isso que não se considera crime as seguintes hipó- teses de subtração: → Res Nullius: coisa de ninguém, que jamais teve dono; → Res Derelicta: coisa abandonada; → Res Desperdicta: coisa perdida� ATENÇÃO! Subtração de órgãos é crime tipificado pela Lei 9.434/97 (Lei de Transplante de Órgãos). SUJEITOS DO CRIME ATIVO Qualquer pessoa PASSIVO Qualquer pessoa BEM JURÍDICO TUTELADO Propriedade, posse e detenção legítimas CLASSIFICAÇÃO DO CRIME Trata-se de crime material e comum CONDUTA Apoderar-se de bem alheio, tomando-o de quem o detém legitimamente ELEMENTO SUBJE- TIVO Apenas dolo – Animus furandi CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Existem duas correntes principais no Brasil sobre a consumação do delito de furto: Amotio ou Apprehensio: consuma-se o furto quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, independentemente de posse tranquila; Ablatio: a consumação se efetiva com a coisa subtraído mantida em ambiente salvo e tranquilo. ATENÇÃO! A jurisprudência dos tribunais superiores adotou a teoria do amotio para os crimes contra o patrimônio! A tentativa é possível. Nelson Hungria e doutrina majoritária entende que, no caso de bolso vazio, há tentativa de furto. Por outro lado, a vigilância por câmera 24h não impede a consumação do crime (Súm. 567, STJ) AÇÃO PENAL Pública Incondicionada AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 3 FAMULATO E FURTO FAMÉLICO: não se deve confundir famulato com furto famélico� O famulato é o furto de alimentos cometido pela empregada doméstica, considerando-se fato típico� Por outro lado, o furto famélico ocorre quando o agente, por estado de necessidade, subtrai alimen- tos para saciar a fome própria ou de seus familiares, com inevitabilidade de comportamento por insuficiência de recursos� Aumento de Pena § 1º – A pena aumenta-se de UM TERÇO, se o crime é praticado durante o REPOUSO NOTURNO. O que se entende por repouso noturno é que esse conceito varia de local para local� Na prática significa que se trata do momento em que as pessoas se recolhem para descansar, o que ocorre de maneira diferente entre moradores da zona urbana e rural� Entende a doutrina majoritária e também os tribunais superiores que POUCO IMPORTA A HABITAÇÃO da casa ou esta estar vazia� Além disso, o STJ entendeu que o aumento de pena do repouso noturno SE ESTENDE também às QUA- LIFICADORAS do crime de furto� Furto Privilegiado § 2º – Se o criminoso é PRIMÁRIO, e é de PEQUENO VALOR a coisa furtada, o juiz PODE substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Para ser bonificado pelo privilégio, a lei apenas exige que o agente seja primário, isto é, que não seja reincidente� A doutrina e a jurisprudência convencionaram que, por pequeno valor, deve ser en- tendido aquele que gira em torno de um salário mínimo, diferente com o que ocorre quando o valor for insignificante� Dessa forma, conjugando-se a primariedade com o pequeno valor da coisa, o sen- tenciado passa a ter DIREITO SUBJETIVO à aplicação de alguma das alternativas previstas no § 2º do Art� 155 do CP, não podendo o julgador, a seu livre alvedrio, deixar de considerá-las� ATENÇÃO! A súmula 511 do STJ admite que seja aplicado o privilégio do furto ao furto qualifi- cado, em se tratando de qualificadora de ordem objetiva. Equiparação § 3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Aqui se engloba a energia genética, espacial, mecânica, térmica e radioativa, desde que tenha valor econômico� Sobre o furto de sinal de televisão, o STF se manifestou no sentido de não se tratar de figura típica a subtração de sinal de TV a cabo, visto que não há analogia in malam partem no Direito Penal� ATENÇÃO! O furto de energia elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado ao inadim- plemento tributário, de modo que o pagamento do débito antes do recebimento da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade, mas causa de redução de pena relativa ao ARREPEN- DIMENTO POSTERIOR (Informativo 622, STJ). Furto Qualificado § 4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. Trata-se de circunstância OBJETIVA� Inicialmente, vale registrar que, em sede doutrinária, con- sidera-se obstáculo tudo aquilo que tenha a finalidade precípua de proteger a coisa e que também não seja a ela naturalmente inerente� O STJ, em 2015, consolidou o entendimento de que subtrair produtos dentro do veículo mediante destruição ou rompimento da porta ou do vidro é considerado furto qualificado, da mesma forma a questão da quebra do vidro para a subtração do próprio veículo� O entendimento mais recente é de que se segue a NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IN- SIGNIFICÂNCIA, isso devido a antigos posicionamentos do STF e do STJ� II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 4 Para caracterizar o abuso de confiança (QUALIFICADORA SUBJETIVA), exige-seum especial vínculo de lealdade ou de fidelidade entre a vítima e o agente, sendo irrelevante a simples relação de emprego ou de hospitalidade� Entende o STJ NÃO SER CABÍVEL o princípio da insignificância aqui� FRAUDE (QUALIFICADORA OBJETIVA) significa a utilização de meios ardilosos, insi- diosos, fazendo com que a vítima incorra ou seja mantida em erro, a fim de que o próprio agente pratique a subtração� A fraude, portanto, é utilizada pelo agente a fim de facilitar a subtração por ele levada a efeito� Alerta também Hungria que meio fraudulento é, também, qualquer ardil no sentido de provocar a ausência momentânea do dominus ou distraindo-lhe a atenção, para mais fácil perpe- tração do furto� Em se tratando do crime de furto mediante fraude, a competência, como regra geral, será do local onde ocorrer a consumação do delito� É O CASO DO TEST-DRIVE ou uso de Internet Banking (Fake Page). ATENÇÃO! Adulteração do medidor de energia elétrica, segundo o STJ (2018), é considerada furto mediante fraude, não estelionato! ATENÇÃO! O furto mediante fraude não se confunde com o estelionato! No primeiro, o agente se vale da fraude para reduzir a esfera de vigilância da vítima, retirando-lhe os bens (ato unilateral). No estelionato, o bem é entregue ao executor do crime de bom grado (ato bilateral – Ex.: manobrista). ESCALADA (QUALIFICADORA OBJETIVA) consiste em utilizar qualquer meio anormal, seja por meio de subida ou de modo subterrâneo, para se adentrar no recinto� DESTREZA (QUALIFICADORA OBJETIVA) é tratada como uma especial habilidade física ou manual do agente que faz com que a vítima não perceba que está sendo despojada de seus bens (ex�: punguista)� III – com emprego de chave falsa. O emprego de chave falsa consiste em uma QUALIFICADORA OBJETIVA e pode ser entendida como qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir fechaduras (ex�: micha, grampo)� IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas. Para que se configure a mencionada qualificadora (OBJETIVA) basta, tão somente, que um dos agentes seja imputável, não importando se os demais participantes possuam ou não esse status� Qualificadora Especial A Lei 13�645 de 2018 inseriu uma nova qualificadora ao crime do furto, com o intuito de crimi- nalizar mais gravemente a conduta relacionada à subtração com o emprego de explosivo ou artefato análogo, como o que acontece com os caixas de banco� § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de EXPLOSIVO ou de ARTEFATO ANÁLOGO que cause PERIGO COMUM. Furto Qualificado de Veículo § 5º – A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. A qualificadora de furto de veículo automotor transportado para OUTRO ESTADO ou PARA O EXTERIOR configura-se quando há a efetiva transposição da fronteira, INDEPENDENTE- MENTE da intenção do agente em fazê-lo� Furto de Semovente § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, AINDA QUE abatido ou dividido em partes NO LOCAL da subtração. Por semovente domesticável de produção entende-se um animal não selvagem, destinado à produção pecuária de alimentos, a exemplo do que ocorre com os gados bovinos, suínos, ovinos, equinos, bufalinos, caprinos e os asininos, ou seja, que dizem respeito à criação para o abate de mercado de bois, vacas, carneiros, ovelhas, cavalos, búfalos, burros, cabras e bodes� O furto de gado é conhecido por ABIGEATO. AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 5 Nova Qualificadora Especial Outra modificação feita pela Lei 13�654 de 2018 foi a inserção do parágrafo 7º no Art� 155 do CP� Essa alteração pune mais gravemente a subtração de explosivos ou acessórios para a fabricação, montagem ou emprego� § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias EXPLOSI- VAS ou de ACESSÓRIOS que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua FABRICAÇÃO, MONTAGEM OU EMPREGO. Furto de Coisa Comum Art. 156 – Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. SUJEITOS DO CRIME ATIVO Condômino, coerdeiro ou sócio PASSIVO Condômino, coerdeiro ou sócio que detém legitimamente a coisa BEM JURÍDICO TUTELADO Propriedade, posse ou detenção legítimas CLASSIFICAÇÃO DO CRIME Crime próprio e material CONDUTA Apoderar-se de coisa comum ELEMENTO SUBJE- TIVO Apenas dolo CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Retirada da coisa da esfera de posse e disponibilidade da vítima. Admite a tentativa AÇÃO PENAL Pública Condicionada (parágrafo 1º) § 1º – Somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO. Excludente Especial § 2º – Não é punível a subtração de coisa comum FUNGÍVEL, cujo valor NÃO excede a quota a que tem direito o agente. Logo, extraem-se duas condições para a aplicação dessa excludente: → ser coisa fungível, ou seja, substituível; → o valor não deve ultrapassar a quota parte do sócio, condômino ou coerdeiro� Exercícios 01. Mário, fingindo ser manobrista de um restaurante famoso, recebe de um cliente seu veículo para estacionar� Em seguida, sai com o veículo para local distante, vindo a oferecê-lo para terceira pessoa de boa-fé� O cliente ao sair do restaurante não encontrou o veículo e o guarda- dor, resolvendo registrar o fato na delegacia próxima� Encerrado o inquérito, identificado o autor e elaborado o relatório, os autos foram encaminhados ao Promotor de Justiça que deverá oferecer denúncia em face de Mário pela prática do injusto de a) furto simples� b) furto qualificado� c) estelionato� AlfaCon Concursos Públicos Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos. 6 d) apropriação indébita simples� e) apropriação indébita majorada� 02. No caso de furto qualificado, não é possível o reconhecimento do privilégio da substituição da pena de reclusão pela de detenção nem a diminuição da pena de um a dois terços ou a aplicação somente da pena de multa� Certo ( ) Errado ( ) 03. O crime de furto é classificado como crime instantâneo, porém há a possibilidade de um crime de furto ser considerado, eventualmente, crime permanente� Certo ( ) Errado ( ) Gabarito 01 - C 02 - Errado 03 - Certo
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