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Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 1 Diabetes tipo I e II Definição Diabetes = glicemia alta, falta ou resistência a insulina No tipo I = é destruição autoimune das células b pancreáticas, relacionado mais aos jovens No tipo II = paciente obeso Pâncreas endócrino O pâncreas endócrino consiste em cerca de 1 milhão de grupos de células, as ilhotas de Langerhans, as quais contêm quatro tipos principais de célula e dois tipos menores. Os quatro tipos principais são as células β, α, δ e PP As células β produzem insulina, que regula a utilização da glicose em tecidos e reduz os níveis de glicose no sangue, como será detalhado na discussão sobre diabetes. As células α secretam glucagon, que estimula a glicogenólise no fígado e, portanto, aumenta o açúcar no sangue. As células δ contêm somatostatina, que suprime tanto a liberação de insulina quanto de glucagon. As células PP secretam um polipeptídeo pancreático que é responsável por diversos efeitos gastrointestinais, como, por exemplo, a estimulação da secreção de enzimas gástricas e intestinais e a inibição da mobilidade intestinal. Diabete melito O diabetes melito é um grupo de distúrbios metabólicos que compartilham a característica subjacente comum da hiperglicemia. A hiperglicemia no diabetes resulta de um defeito na secreção de insulina, na ação da insulina ou, mais comumente, de ambas. A hiperglicemia crônica e a desregulação metabólica concomitante podem estar associadas a danos secundários em múltiplos sistemas de órgãos, especialmente rins, olhos, nervos e vasos sanguíneos Diagnóstico Os valores da glicose sanguínea são normalmente mantidos em uma faixa muito estreita – de 70 a 120 mg/dL. De acordo com a ADA e a OMS, os critérios de diagnóstico do diabetes incluem: 1. Glicose no plasma em jejum ≥ 126 mg/dL. 2. Glicose no plasma aleatório ≥ 200 mg/dL (em um paciente com sinais hiperglicêmicos clássicos, como discutido mais adiante). 3. Glicose no plasma de 2 horas ≥ 200 mg/dL durante a realização de um teste oral de tolerância à glicose (OGTT) com uma dose de carga de 75 g. 4. Nível de hemoglobina glicosilada (HbA1C) ≥ 6,5% (hemoglobina glicosilada será discutida dentro de complicações crônicas do diabetes). Todos os testes, exceto o teste aleatório de glicose no sangue realizado em um paciente com sinais clássicos de hiperglicemia, precisam ser repetidos e confirmados noutra ocasião. Se houver discordância entre os dois testes (p. ex., nível de glicemia em jejum e HbA1C), então o resultado com maior grau de anomalia é considerado para a avaliação. Deve-se prestar atenção também ao fato de que muitos estresses agudos, como infecções graves, queimaduras ou traumas, podem Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 2 levar à hiperglicemia transitória, em virtude da secreção de hormônios como catecolaminas e cortisol, que se opõem à ação da insulina. O diagnóstico do diabetes requer persistência de hiperglicemia após a resolução da doença aguda. A tolerância diminuída à glicose (pré- diabetes) é definida como: 1. Glicose no plasma em jejum entre 100 e 125 mg/dL (“glicemia de jejum alterada”). 2. Glicose de 2 horas no plasma entre 140 e 199 mg/dL após uma glicose de 75 g TOTG e/ou; 3. Nível de hemoglobina glicosilada (HbA1C) entre 5,7% e 6,4%. Aproximadamente um quarto dos indivíduos com tolerância limitada à glicose desenvolverá diabetes franco em cinco anos, com fatores adicionais como obesidade e história familiar compondo o risco. Além disso, os indivíduos com pré-diabetes também apresentam risco significativo para complicações cardiovasculares. Tipos Diabetes do Tipo 1 – (Destruição das Células β, Geralmente Levando à Deficiência Absoluta de Insulina) Imunomediada Idiopática • O diabetes do tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células β e por deficiência absoluta de insulina. É responsável por aproximadamente 5% a 10% de todos os casos e consiste no subtipo mais comum diagnosticado nos pacientes com menos de 20 anos. Diabetes do Tipo 2— (Combinação de Resistência à Insulina e Disfunção das Células β) Defeitos Genéticos na Função da Célula β Diabetes de jovens no início da maturidade (MODY) • O diabetes do tipo 2 é causado pela combinação de resistência periférica à ação da insulina e resposta secretória inadequada das células β pancreáticas (“deficiência relativa de insulina”). Critério Diagnóstico --- Clínico Poliúria: parte da glicose é eliminada na urina, carregando consigo muita água (diurese osmótica) Polidipsia: aumento da sede e ingestão de água Polifagia: causada pela dificuldade de armazenamento dos nutrientes nos tecidos e perda destes pela urina (emagrecimento, fraqueza e fome) Perda de Peso Involuntária Homeostase da Glicose A homeostase normal da glicose é fortemente regulada por três processos inter- relacionados: produção de glicose no fígado; captação de glicose e utilização pelos tecidos periféricos, principalmente músculos esqueléticos; e ações da insulina e de hormônios contrarregulatórios, incluindo glucagon, na captação de glicose e no metabolismo. Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 3 A insulina e o glucagon têm efeitos regulatórios opostos na homeostase da glicose Durante o estado de jejum, os níveis baixos de insulina e altos de glucagon facilitam a gliconeogênese hepática e a glicogenólise (quebra de glicogênio) enquanto diminuem a síntese de glicogênio, evitando, assim, a hipoglicemia. Logo, os níveis plasmáticos de glicose no jejum são determinados primariamente pela produção de glicose hepática. Após uma refeição, os níveis de insulina aumentam e os níveis de glucagon caem em resposta à grande carga de glicose. A insulina promove a captação de glicose e sua utilização nos tecidos (ver adiante). O músculo esquelético é o principal local responsivo à insulina para a utilização de glicose pós-alimentação, revelando-se crítico para evitar hipoglicemia e manter a homeostase da glicose. A insulina é produzida nas células β das ilhotas pancreáticas. O estímulo mais importante para a síntese e a liberação de insulina é a própria glicose O aumento nos níveis de glicose sanguínea resulta em captação de glicose pelas células β pancreáticas, facilitada pelo transportador de glicose independente de insulina, o GLUT-2 As células β expressam um canal de K+ sensível ao ATP na membrana, que apresenta duas subunidades: o canal de K+ sensível ao ATP e o receptor de sulfonilureia, sendo este último o local de ligação dos agentes hipoglicemiantes orais (sulfonilureias), uma das várias classes de medicamentos usados no tratamento do diabetes . O metabolismo da glicose gera ATP, que inibe a atividade do canal de K+ sensível ao ATP, levando à despolarização da membrana e ao influxo do Ca2+. O aumento resultante no Ca2+ intracelular estimula a secreção de insulina, presumivelmente do hormônio armazenado dentro dos grânulos das células β. Essa é a fase de liberação imediata de insulina. Se o estímulo secretório persistir, segue uma resposta tardia e prolongada que envolve a síntese ativa de insulina. Ações Metabólicas da Insulina A insulina é o hormônio anabólico conhecido mais potente, com múltiplos efeitos de síntese e promotores de crescimento Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 4 No jejum --- diminui insulina e aumenta glucagon Desjejum – aumenta a insulina e diminui glucagon Patogênese do diabetes melito tipo 1 O diabetes do tipo 1 é uma doença autoimune em que a destruição das ilhotas é causada principalmente por células efetoras imunológicas que reagem contra antígenos endógenos das células β. O diabetes mellitus do tipo 1 é um distúrbio metabólico caracterizadopor hiperglicemia devida a uma deficiência absoluta de insulina. A condição se desenvolve devido à destruição das células beta pancreáticas, principalmente por mecanismos mediados imunologicamente. O diabetes do tipo 1 se desenvolve com mais frequência na infância, tornando-se manifesto na puberdade e progredindo com o avançar da idade. Porém, a maioria dos pacientes com diabetes do tipo 1 necessita de insulina para sobreviver; sem ela, esses pacientes desenvolvem sérias complicações metabólicas, como, por exemplo, cetoacidose e coma .Assim como ocorre na maior parte das doenças autoimunes, a patogênese do diabetes tipo 1 envolve a interação de fatores genéticos e fatores ambientais. Destes, de longe o mais importante é o locus HLA no cromossomo 6p21, que, de acordo com algumas estimativas, contribui para até 50% da suscetibilidade genética do diabetes tipo 1. Mecanismos de Destruição da Célula β Embora, com frequência, o início clínico do diabetes tipo 1 seja abrupto, há um longo período de latência entre o início do processo autoimune e o aparecimento da doença. Nesse período, ocorre perda progressiva das reservas de insulina .As manifestações clássicas da doença (hiperglicemia e cetoacidose) ocorrem tardiamente em seu curso, após mais de 90% das células β terem sido destruídas. A anomalia imunológica fundamental no diabetes tipo 1 é uma falha da autotolerância em células T específicas para antígenos das ilhotas. Essa falha da tolerância pode resultar de algumas combinações de deleções clonais defeituosas das células T autorreativas no timo, assim como de defeitos nas funções das células T regulatórias ou resistência das células T efetoras à supressão pelas células regulatórias. Portanto, as células T Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 5 autorreativas não somente sobrevivem, como também são estabilizadas para responder aos autoantígenos Patogênese do Diabetes Melito Tipo 2 O diabetes Tipo 2 é uma doença complexa que envolve a interação de fatores genéticos e ambientais, além de um estado pró- inflamatório. Diferentemente do diabetes tipo 1, não há evidência de base autoimune. É influenciado por fatores genéticos, idade, obesidade (maioria 80%) e resistência periférica à insulina, em vez de processos autoimune ● As alterações metabólicas são em geral mais leves do que as observadas no DM1 (p. ex., pacientes com DM1 geralmente desenvolvem quadro agudo de cetoacidose), mas as consequências clínicas de longo prazo são similares ● Nenhum anticorpo na ilhotas e sim resistência insulínica periférica, falha de compensação pela células B ● Coma hiperosmolar mais comum (estado hiperosmolar glicêmico) Resistência a insulina= é a incapacidade de os tecidos alvo responderem normalmente a insulina Defeitos Metabólicos do Diabetes Os dois defeitos metabólicos primordiais que caracterizam o diabetes tipo 2 são: • Diminuição da resposta dos tecidos periféricos, especialmente de músculo esquelético, tecido adiposo e fígado em relação à insulina (resistência à insulina). • Secreção inadequada de insulina em virtude da resistência desenvolvida e hiperglicemia (disfunção da célula β). A resistência à insulina prediz o desenvolvimento da hiperglicemia e, geralmente, faz-se acompanhar do hiperfuncionamento compensatório das células β e da hiperinsulinemia nos estágios precoces da evolução do diabetes Ana Caroline Paiva – Fisiopato 2 6 A Tríade Clássica do Diabetes O aparecimento do diabetes tipo 1 é normalmente marcado pela tríade de poliúria, polidipsia e polifagia, e, quando grave, também cetoacidose diabética, todas resultantes de desarranjos metabólicos. Devido ao fato de a insulina ser um dos principais hormônios anabólicos, sua deficiência resulta em um estado catabólico que afeta não somente o metabolismo de glicose, mas também o metabolismo de gordura e proteínas Complicações Metabólicas Agudas do Diabetes A cetoacidose diabética é uma complicação grave do diabetes tipo 1, mas também pode ocorrer no diabetes tipo 2, embora não tão comumente nem em extensão tão significativa. O fator precipitante mais comum é a falta de tomar insulina, embora outros fatores de estresse, como infecções intercorrentes, doenças, traumas e certas drogas, também possam levar a essa complicação. Muitos desses fatores estão associados à liberação da catecolamina epinefrina, que bloqueia qualquer ação residual de insulina e estimula a secreção de glucagon. O segundo efeito importante da deficiência de insulina é a ativação da maquinaria cetogênica. A deficiência de insulina estimula a lipoproteína lipase, com interrupção resultante do armazenamento adiposo e aumento nos níveis de ácidos graxos livres. Resumão
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