Prévia do material em texto
0 FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – FTC Amanda de Souza Papa Ribeiro APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS Feira de Santana 2016 1 AMANDA DE SOUZA PAPA RIBEIRO APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao colegiado de Engenharia Ambiental da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, unidade Feira de Santana para obtenção do título de bacharel em Engenharia Ambiental. Orientador: Msc. Ozineide Silva Gusmão Feira de Santana 2016 2 3 APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS Amanda de Souza Papa Ribeiro1 Ozineide Silva Gusmão2 RESUMO A água é um dos fatores ambientais que tem suscitado grande preocupação dos planejadores, tendo em vista a necessidade de aproveitar recursos pluviais de forma concreta, vislumbrando garantir a manutenção dos recursos naturais e analisando possíveis destinos sustentáveis para as aguas das chuvas. Dessa forma, o seu aproveitamento contribui para a diminuição do volume consumido de água tratada, o que acarreta economia no sistema de tratamento e na conta de água do usuário. Além disso, a retenção de parte do volume precipitado contribui para o amortecimento do escoamento superficial ajudando a atenuar enchentes. Por representar uma solução atrativa para o problema da escassez, a água da chuva tem sido estudada principalmente em relação à sua qualidade. Tendo em vista a implantação de um sistema de captação, reserva e adução de águas pluviais, que possa contribuir com a água usada para irrigação. Podendo-se avaliar e levantar informações acerca da possibilidade de construção de um reservatório destinado a captação de águas pluviais. Apesar de ser uma boa inciativa, o cidadão que fizer uso de tal sistema deve se lembrar que a água não tratada, quando em contato com a pele humana, pode causar alergias e infecções, por isso, recomenda-se que a água armazenada seja tratada. Palavras-chave: Recursos Pluviais. Captação. Sustentável. WATER CAPTATION PLUVIAL ABSTRACT Water is one of the environmental factors that have been a major concern of planners. In view of the need to harness rains water resources concretely, seeing ensure the maintenance of natural resources and sustainable analyzing possible destinations for rainwater. Thus, its use contributes to reducing the consumed amount of raw water, which leads to economy in the processing system and the user’s water bill. Furthermore, the retention of the precipitate volume contributes to the damping of runoff helping to alleviate flooding. To represent an attractive solution to the problem of shortage rainwater has been studied mainly in relation to its quality. In view of the implementation of a collection system, booking and adduction of rainwater, which can contribute to the water used for irrigation. Being able to evaluate capture rainwater. Despite being a good initiative, citizens who make use of such a system must remember that untreated water when in contact with human skin, can cause allergies and infections, so it is recommended that the stored water is treated. Keywords: Rain Resources. Capture. Sustainable. 1 Discente do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Tecnologia e Ciências/FSA 2 Professor orientador Msc. Ozineide Silva Gusmão, Licenciatura em Geografia, mestre em Ciências do Ambiente, e-mail: ogusmao.fsa@ftc.edu.br 4 1 INTRODUÇÃO A água é um recurso natural essencial à vida, que se apresenta em partes desiguais pela superfície terrestre. Apesar de 75% da superfície do planeta ser recoberta por massas liquidas, a água doce não representa mais do que 3% desse total. A água é considerada um recurso renovável, mas a água de qualidade se tornou escassa em vários locais do mundo, sendo, essa escassez, consequência, principalmente, do aumento populacional, do desperdício e das atividades poluidoras. Em todo o mundo percebemos que há regiões carentes de água potável e outras onde o desperdício ocorre de forma incontrolável. O Brasil, por exemplo, possui a maior reserva de água doce do mundo e é um grande desperdiçador de água potável, por isso cerca de um terço da população já enfrenta severa escassez de água (DECICINO, 2013). A discussão acerca de novas formas de captação, armazenamento e aproveitamento de água vem ganhando importância devido ao grave problema de escassez da água de boa qualidade que o planeta está vivendo. Neste século XXI é importante pensar, não só em um consumo responsável, mas também em novas formas de aproveitamento deste líquido. Como uma das principais soluções para melhor gerir o uso da água, surge o sistema de aproveitamento de água da chuva, cada vez mais frequente nas construções, trazendo também benefícios sociais (SILVA, 2004). A viabilidade da coleta, do acumulo e do tratamento da água da chuva em cisternas em regiões onde o índice pluviométrico é grande e a poluição é baixa é muito grande. São inúmeras as vantagens da captação e aproveitamento da água da chuva. Para usos considerados não potáveis, como descargas em bacias sanitárias, lavagem de calçadas e veículos e fins ornamentais, as águas pluviais representam uma fonte alternativa de água com qualidade razoável (MARINOSKI, 2007). O aproveitamento de águas pluviais contribui para a diminuição do volume consumido de água tratada, trazendo economia no sistema de tratamento e na conta de água do usuário. Além disso, ajuda a atenuar enchentes, já que a retenção de parte do volume precipitado contribui para o amortecimento do escoamento superficial. Por apresentar uma solução atrativa para o problema da escassez, a água da chuva tem sido estudada, principalmente, em relação à sua qualidade. 5 Diante da escassez da água de boa qualidade do mundo e do alto índice de desperdício desse recurso nos centros urbanos, além da grande preocupação que o alto volume de água nas redes pluviais gera, como o aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis pode reduzir esses impactos em áreas urbanas? A captação da água da chuva é um forte aliado para a minimização do escoamento do alto volume de água nas redes pluviais durante as chuvas fortes, que é uma grande preocupação com a urbanização, buscando possibilidades de aproveitamento dos recursos pluviais, analisando possíveis destinos sustentáveis para as águas das chuvas. Dessa forma, o seu aproveitamento contribui para a diminuição do volume consumido de água tratada, o que acarreta em uma economia no sistema de tratamento e na conta de água do usuário, além de atenuar consideravelmente o uso da água tratada para fins não potáveis. O desperdício das águas pluviais representa hoje, diante do cenário de escassez em que o mundo vive, um total descaso social em contribuir com a sustentabilidade, já que a captação e armazenamento das águas das chuvas apresenta mais que uma mera diminuição na conta de água, vem também dar continuidade aos aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais da sociedade. O presente trabalho tem o objetivo de verificar a viabilidade técnica e vantagens que a captação e o aproveitamento das águas da chuva para fins não potáveis podem trazer no âmbito social, ambiental e econômico.2 REFERENCIAL TEÓRICO Uma grande parte do planeta Terra é coberta por água. Mas, apesar de ser um planeta tão rico em água, apenas 2,6% corresponde a água doce. E somente um terço dessa água está acessível, presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera. O restante está concentrado em geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos. No último século, segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e Alimentação (FAO, 2008ª), a taxa de crescimento da população, apesar de estar crescendo consideravelmente, não está acompanhando o aumento do 6 consumo de água, quem tem crescido duas vezes mais. Cerca de 1,8 bilhões de pessoas viverão com uma completa escassez de água no ano de 2025, e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) da população mundial encontrará dificuldades na disponibilidade deste recurso. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o necessário para que uma pessoa viva, diariamente, com o índice recomendado de higiene e bem-estar, são 50 litros de água por dia, mas em muitos países a medica diária de consumo de água é muito superior aos 50 litros. Quando comparada com a distribuição populacional do mundo, a distribuição de água se mostra injusta, já que a população também está distribuída de forma bastante heterogênea pelos continentes e, não necessariamente, de acordo com a disponibilidade hídrica. Os maiores potenciais de recursos hídricos do mundo se concentram na Ásia e América do Sul, seguidas pela América do Norte e Europa (FAO, 2002ª). A África, Oceania e América Central concentram os menores potenciais. Para ser ainda mais especifico, os maiores volumes de recursos hídricos renováveis do mundo estão concentrados em seis países: Brasil, Rússia, USA, Canadá, China e Indonésia (SHIKLOMANOV, 1999). O Brasil representa 12% dos recursos hídricos do mundo, apresentando assim a maior disponibilidade hídrica mundial, com vazão média anual dos rios em território nacional estimada em 180 mil metros cúbicos por segundo. Mas por obter uma distribuição dos mananciais bastante heterogêneas, mesmo com essa vantagem quantitativa, não traz uma segurança de abastecimento à população. As regiões norte e centro-oeste, onde vivem 14,5% dos brasileiros, possuem demanda hídrica de 9,2% do total nacional e 89% do potencial hídrico do Brasil. Já nas regiões nordeste, sul e sudeste, que apresentam 85,5% da população e 90,8% da demanda de água do país, estão os 11% restantes do potencial hídrico do país. O Brasil ainda possui 112.000 quilômetros cúbicos de reservas permanentes de água subterrânea (IBAMA, 2002). A partir desses dados pode-se notar o quanto o reuso da água de chuva é importante para um melhor abastecimento da população e para a economia desse recurso. Já são muitos os projetos existentes para o reaproveitamento da água de chuva nas construções para abastecer algumas áreas de residências, o que acarreta numa economia e preservação deste recurso que já está tão escasso em boa parte 7 do mundo. Essa ação de responsabilidade social já é adotada em boa parte do mundo pelas construtoras e por alguns cidadãos da Europa, mas ainda é rara no Brasil. Mas o reuso da água é uma tendência internacional no mercado da construção civil e logo chegará ao Brasil. Não é possível se dizer quando, já que isso depende da sensibilização da sociedade e do desenvolvimento de sistemas mais eficientes. O conhecimento de algumas características é de fundamental importância para o projeto de um sistema que funcione adequadamente. A qualidade da água, por exemplo, é fortemente influenciada pela altura pluviométrica, que é uma medida indireta do volume precipitado. A justificativa para essa influência é que, a combinação entre volume precipitado, duração e intensidade regulam o potencial de carregamento dos materiais sobre as superfícies de escoamento, agindo também na diluição de poluentes. O recomendado é que as águas das primeiras chuvas sejam descartadas, já que há uma grande concentração de poluentes tóxicos dispersos na atmosfera, (ou melhor, na troposfera) de áreas urbanas como o Dióxido de Enxofre (SO2) e o Óxido de Nitrogênio (NO), além da poeira e da fuligem acumulada nas superfícies das coberturas e calhas (MANETTI, 2013). 2.1 Aproveitamento de água da chuva Apesar de parecer algo novo, a utilização da água de chuva pelo homem para a produção de alimentos, criação de animais e até mesmo consumo humano acontece há milhares de anos (JAQUES, 2005). Dados indicam que durante muito tempo pessoas do mundo captam água de chuva conforme suas necessidades. Existem relatos da pratica de captação na Grécia Antiga, e seu reuso na forma de esgotos para utilização na irrigação (BRESSAN e MARTINI, 2005). A água de chuva, como energia solar, está disponível na maioria das regiões. Sua retenção e aproveitamento concorrem para reduzir outros problemas como as enchentes nas cidades e a ameaça de conflitos sociais pala água (JAQUES, 2005). Atualmente a utilização da água de chuva acontece em vários países de diversos continentes onde, em muitos deles são oferecidos benefícios para a construção de sistemas para captação e armazenamento da água da chuva, como nos Estados Unidos, Alemanha e Japão (JAQUES, 2005). 8 De acordo com o Grupo Raindrops, ainda nesses países citados anteriormente, por exemplo, o processo de captação da água de chuva começou visando à retenção das águas pluviais como medida preventiva no combate a enchentes urbanas. Porem no decorrer do tempo o aproveitamento da água ganhou espaço em função do risco da escassez e, também, para promover a recarga dos subsolos que são a principal fonte de abastecimento de água nestes países (JAQUES, 2005). O Brasil possui um dos maiores índices pluviométricos do mundo, porém não distribuído igualmente em suas diferentes regiões. As regiões que apresentam as situações mais alarmantes são a do Sudeste e a do Semiárido Nordestino, onde a competência e persistência de sua população superam a falta de água com a construção de cisternas de água para diversos fins, inclusive consumo humano (BRESSAN e MARTINI, 2005). As águas de chuvas são vistas pela legislação brasileira hoje como esgoto, pois ela usualmente vai dos telhados, e dos pisos para as bocas de lobo, aonde como “solvente natural”, vai carregando todo tipo de impurezas, dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente, para um córrego que vai acabar dando num rio, que, por sua vez, vai acabar suprindo uma captação para Tratamento de Água Potável (KITAMURA, 2004). O sistema de aproveitamento de água de chuva pode ser aplicado na lavagem de vasos sanitários, sistemas de ar-condicionado, sistemas de controle de incêndio, lavagem de veículos, lavagem de pias e ainda na irrigação de jardins. Nas industrias e estabelecimentos comerciais, a água de chuva pode ser utilizada para resfriamento de telhados e máquinas, climatização interna, lavanderia industrial, lava jatos de caminhões, carros e ônibus e limpeza industrial, entro outros (JAQUES, 2005). Pio (2005) afirma que a água de chuva é coletada em áreas impermeáveis, ou seja, telhados, pátios, ou áreas de estacionamento, sendo em seguida encaminhada a um reservatório de acumulação. Posteriormente a água deve passar por unidades de tratamento para atingir os níveis de qualidade correspondentes aos usos estabelecidos em cada caso. Para uso humano, inclusive para uso como água potável, deve sofrer, evidentemente, filtração e cloração, o que pode ser feito com equipamento barato e 9 simples. A água da chuva sofre uma destilaçãonatural e muito eficiente e gratuita (KITAMURA, 2004). Essa utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico da água de chuva para beber. Já para as indústrias, onde a água é bem mais cara, é usualmente viável este uso (KITAMURA, 2004). 2.2 Normas para aproveitamento da água de chuva No Brasil, a primeira norma especifica que fornece instruções para o aproveitamento da água de chuva surgiu em 2007. Com o objetivo de principalmente atenuar enchentes alguns municípios criaram leis dando incentivos ou até mesmo exigindo a captação das águas de chuva (HAGEMANN, 2009). O Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE, criado no município de Curitiba através da lei de nº 10.785 de 2003, prevê, como fonte alternativa de água, a captação e armazenamento de água pluvial para fins não potáveis, como irrigação de jardins, lavagem de veículos, calçadas e pisos. Mas fica obrigado a previsão de sistemas de captação de águas da chuva pelo Decreto nº 293 de 2006, que regulamenta a lei de criação do PURAE (CURITIBA, 2003). O uso de reservatórios que possibilitem o retardo do escoamento das águas de chuva para a rede de drenagem é obrigatório pelo Decreto nº 23.940 de 2004 do município do Rio de Janeiro. De acordo com o Programa de Conservação, Uso Racional e Reaproveitamento das Águas na cidade de Porto Alegre, criada pela Lei nº 10.506 de 05 de agosto de 2008 na cidade de Porto Alegre, a captação da agua de chuva deve ocorrer nas coberturas das edificações e direcionadas para uma cisterna ou tanque para sua utilização. No estado do Paraná, através da Lei nº 17.084 de marco deste ano, é obrigatório, em todos os prédios construídos a partir do mês de abril, a possuírem sistema de aquecimento por energia solar, sistema de aproveitamento da água de chuva e telhados ambientalmente corretos. 10 A NBR 15527 de 2007 traz as condições gerais para o sistema de aproveitamento de água da chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis (HAGEMANN, 2009). 2.3 Sistemas de coleta e aproveitamento da água de chuva Pesquisas realizadas no Japão com o aproveitamento da água de chuva mostrou uma redução de 30% no uso da água potável, com a possibilidade de expansão desse valor dependendo do tipo e local de utilização (TOMAZ, 2009). Em longo prazo é possível reverter o custo do sistema de aproveitamento de água da chuva em economia, já que esse sistema possui uma tecnologia simples. O primeiro passo do sistema de aproveitamento de água da chuva é a coleta dessa água, que são feitas, comumente, através dos telhados e coberturas das edificações devido a grande área e inclinação que favorecem a coleta. Mas nem todos os materiais utilizados nas coberturas são adequados nesses sistemas, já que alguns podem ocasionar perdas nos volumes de água coletada (TOMAZ, 1999). Para o transporte da água coletada das coberturas até os reservatórios são utilizadas calhas e tubulações de policloreto (PVC) ou metálicos, por possuírem baixo custo e facilidade de implantação. O reservatório para armazenamento da água pluvial, em geral, é a etapa mais cara do sistema de aproveitamento de água da chuva. Existem vários tipos de reservatórios, o mais utilizado é a cisterna que pode ser subterrânea ou não. Os materiais mais utilizados nas cisternas são: poliuretano, concreto, placas cimentíceas, alvenaria de blocos cerâmicos. Outro tipo de reservatório para o armazenamento de água da chuva são as caixas d’água convencionais. A NBR 15527 diz que, na ausência de dados, é recomendado o descarte de dois milímetros de chuva através de um sistema automático de descarte (ABNT, 2007). O ar atmosférico nas áreas urbanas apresenta, após um período de estiagem, um número elevado de substancias em suspensão por causa da poluição. A água da chuva é contaminada ao precipitar e incorporar essas substâncias e ao carrear as impurezas presentes nas áreas de coleta. Por isso há a necessidade do descarte das chuvas iniciais, reduzindo as impurezas presentes na água da chuva, melhorando assim a sua qualidade. 11 Dependendo da qualidade da água coletada e do uso final dessa água, é necessário um sistema de tratamento. Para usos de fins não potáveis um tratamento simples é satisfatório, podendo ser eles: sedimentação natural, filtração simples e cloração. 3 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, levando em consideração a importância do assunto abordado, buscando informações a respeito da captação e aproveitamento de água da chuva, identificando a atual situação da escassez dos recursos hídricos no mundo. A revisão bibliográfica é a reunião de informações de diversas fontes, construindo assim uma nova apresentação de um assunto já conhecido (FOGLIATTO, 2007). O procedimento de abordagem para levantamento da pesquisa se deu de forma indireta através de artigos de 1999 a 2016 no site scielo, em sites destinados a recursos hídrico-sustentáveis e na biblioteca física da Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC. Encontrado os artigos o passo seguinte foi discriminar por temas e abordagens. De forma especifica, o sistema se caracteriza como de instalação predial pluvial que compreendera os serviços e dispositivos a serem empregados para captação e escoamento rápido e seguro das águas da chuva e divide-se em três partes básicas: calhas, tubos de queda e rede coletora (KITAMURA, 2004). 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Além de ser ecologicamente correto, o aproveitamento da água de chuva em residências pode ser uma excelente alternativa para obter uma economia na conta de água. A verificação da demanda é o primeiro passo para se especificar o aproveitamento da de chuva em um projeto. Para isso é necessário determinar qual será o uso não potável que a água pluvial será utilizada. Depois do levantamento 12 desses dados é que se pode calcular a demanda, através das seguintes informações (adaptado de TOMAZ, 2003 apud HAGEMANN, 2009): - Em média, são utilizados 150 litros de água por lavagem de carro, sendo que um carro costuma ser lavado 01 ou 02 vezes por semana; - São consumidos aproximadamente 180 litros de água por ciclo de uma máquina de lavar; - O consumo de uma bacia sanitária é de 6,8 a 18 litros por descarga, sendo usada de 04 a 06 vezes por pessoa num dia; - Para a limpeza de pisos e irrigação de jardins são utilizados cerca de 02 litros/dia/m2 de água. Esses dados variam de acordo com as características de consumo de cada usuário, podendo variar com os aspectos culturais e costumes de cada um. O regime pluviométrico da região é também de extrema importância nesse projeto, assim como a área de captação e o coeficiente de escoamento superficial. O coeficiente de escoamento superficial está ligado ao tipo de cobertura onde a água será captada. O cálculo do volume do reservatório, que pode ser determinado através dos métodos que seguem a ABNT – NBR 15.527/2007 só é possível através do levantamento destes dados. Para definir quais componentes farão parte do sistema é importante fazer uma pesquisa sobre os itens que serão necessários dependendo do uso da água coletada. É a partir do levantamento e aplicação de todos esses dados que será possível avaliar as vantagens e o custo benefício do sistema de coleta e aproveitamento da água de chuva. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A captação de água pluvial é uma excelente alternativasustentável em todas as áreas, pois o seu aproveitamento contribui para a diminuição do volume consumido de água tratada, o que acarreta economia no sistema de tratamento e na conta de água do usuário. Oferecendo boas perspectivas de sustentabilidade para toda região. 13 A utilização desse sistema pretende buscar possibilidades de aproveitamento dos recursos pluviais, analisando possíveis destinos sustentáveis, sendo um deles o aproveitamento da água de chuva coletada usando essa água na irrigação e fazendo levantamento dos custos da implantação dos projetos. Por representar uma solução atrativa para o problema da escassez, a água da chuva tem sido estudada principalmente em relação à sua qualidade, mas apesar de ser uma boa iniciativa, as áreas de captação retém impurezas e outros materiais que, quando carreados pela água, podem alterar sua qualidade, de forma que a torne impropria para certos usos, por isso o cidadão que fizer uso de tal sistema deve se lembrar de que a água não tratada, quando em contato com a pele humana, pode causar alergias e infecções, por isso, recomenda-se que a água armazenada seja tratada. REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5626 – Instalação Predial de Água Fria, 1998. Água Brasil – O Aquífero Guarani. Disponível em: <http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/projeto/2006/1/aquifero>. Acesso em: fevereiro 2016. ANA – Agência Nacional de Águas. A Evolução da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil / The Evolution of Water Resources Management in Brazil. Brasília; ANA, 2002. ANAUGER – Disponível em: <http://www.anauger.com.br> Acesso em: 14/08/2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527: água de chuva: aproveitamento em áreas urbanas para fins não potáveis: requisitos. Rio de Janeiro, 2007. BRAGA, E. D. Estudo de reuso de água em condomínios residenciais. 2009. 144p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Energia). Universidade Federal de Itajubá. Itajubá. 2009. BRESSAN, Diego Lapolli; MARTINI, Maurício. Avaliação do potencial de economia de água tratada no setor residencial da região sudeste através do aproveitamento de água pluvial. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2005. 14 CASA EFICIENTE. Uso racional da água – Sistema de aproveitamento de água pluvial. Disponível em: http://www.casaeficiente.com.br. Acessado em junho de 2016. CURITIBA. Lei 10.785, de 18 de setembro de 2003: Cria o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações. Curitiba, 18 set. 2003. DECICINO, Ronaldo. Água Potável: Apenas 3% das águas são doces. Disponível em: <http://www.educacao.uol.com.br>. Acesso em: fevereiro 2016. FERNANDES, André Luiz. Reaproveitamento da água de chuva. Trabalho acadêmico. Belo Horizonte, 2008. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. FOGLIATTO, Flavio. Organização de Textos Científicos, 2007. Acesso em: 20 maio 2016. HAGEMANN, Sabrina Elicker. Avaliação da qualidade da água da chuva e da viabilidade de sua captação e uso. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBJE). Disponível em <HTTP://www.ibje.gov.br.home/>. Acesso em: novembro 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Disponível em <http://www.ibama.gov.br/patriminio/>. Acesso em: fevereiro 2016. JAQUES, Reginaldo Campolino. Qualidade da água de chuva no município de Florianópolis e sua potencialidade para aproveitamento em edificações. Dissertação de mestrado em Engenharia Ambiental. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2005. KITAMURA, Mariana. Aproveitamento de águas pluviais para uso não potável na PUCPR. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2004. MANETTI, Penélope Duse. Casa Sustentável: Uma alternativa possível. MANO, R. S. Captação Residencial de Água Pluvial, para Fins Não Potáveis, em Porto Alegre: Aspectos Básicos da Viabilidade Técnica e dos Benefícios do Sistema. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, 2004. MARINOSKI, Ana Kelly. Aproveitamento de Água Pluvial para fins não potáveis em Instituição de Ensino: Estudo de Caso em Florianópolis – SC. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2007. 15 MAY, S. Estudo da Viabilidade do Aproveitamento de Água de Chuva para Consumo Não Potável em Edificações. Dissertação (Mestrado). Curso de Pós- Graduação em Engenharia da Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2004. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agência Nacional de Águas. Disponível em <http://www.ana.gov.br/>. Acesso em: novembro 2015. PIO, Anícia Aparecida Baptistello Et al. Conservação e reuso se água em edificações. São Paulo. Junho/2005. REVISTA TÉCHNE. Disponível em <http://www.revistatechne.com.br/index.asp>. Acesso em: fevereiro 2016. RODRIGUES, Raquel dos Santos. As dimensões legais e institucionais do reuso de água no Brasil. Dissertação de mestrado em Engenharia Hidráulica e Sanitária. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005. SHIKLOMANOV, I. A. 1999. Internacional Hydrological Programme – IHP – IV/UNESCO, 1998. In: Água doces no Brasil: Capital ecológico, uso e conservação. Escrituras Ed., Rebouças, A. C. et al., 1999. SILVA, Gisele Ramos. Analise da escassez da água potável no contexto econômico brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Ciências Econômicas. Universidade de Taubaté. Taubaté, 2004. TOMAZ, PLINIO. Notas de aula na ABNT São Paulo em cursos de aproveitamento de água de chuva de cobertura em áreas urbanas para fins não potáveis. TOMAZ, P. Conservação da água. 1 ed. São Paulo: Parma, 1998.