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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR UNIVERSIDADE PAULISTA Edilelson Batista de Sena RA: 0587333 HOSPITAL SÃO CAMILO E SÃO LUÍS DE MACAPÁ Macapá- AP 2022 CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR UNIVERSIDADE PAULISTA Edilelson Batista de Sena RA: 0587333 HOSPITAL SÃO CAMILO E SÃO LUÍS DE MACAPÁ Projeto Integrado Multidisciplinar X para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Hospitalar, apresentado a Universidade Paulista– UNIP Orientador (a): Valdice Polvora Macapá- AP 2022 RESUMO Hospital São Camilo e São Luís foi construído em 1960 pelo Dr. Marcello Cândia, rico industrial de Milão, na Itália, que se desfez de suas propriedades para aplicar o resultado em uma obra missionária em Macapá-AP. A inauguração ocorreu em 07 de fevereiro de 1969 e seu funcionamento se deu a partir de 1970. O Proposito deste trabalho acadêmico é a realização de um diagnostico na instituição privada (Pessoa Jurídica), a identificação de práticas executadas na organização estabelecendo relações com as disciplinas praticadas no curso de Gestão Hospitalar, com base nas matérias Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar, Legislação Hospitalar, Gestão Hospitalar Interdisciplinar, pois, objetiva-se compreender a satisfação dos usuários com acesso e acolhimento, direitos e deveres destes, fazendo uso das ferramentas disponibilizadas pela UNIP, para apresentação de técnicas que favoreçam excelência na tomada de decisão. Palavras chave: Hospitalar, privado, Macapá. ABSTRACT Hospital São Camilo e São Luís was built in 1960 by Dr. Marcello Cândia, a wealthy industrialist from Milan, Italy, who got rid of his properties to apply the result in a missionary work in Macapá-AP. The inauguration took place on February 7, 1969 and its operation started in 1970. The purpose of this academic work is to carry out a diagnosis in the private institution (Pessoa Jurídica), the identification of practices performed in the organization, establishing relationships with the disciplines practiced in the Hospital Management course, based on the subjects Quality Management and Hospital Accreditation, Hospital Legislation, Interdisciplinary Hospital Management, since the objective is to understand the satisfaction of users with access and reception, their rights and duties, making use of the tools available by UNIP, for the presentation of techniques that favor excellence in decision making. Keywords: Hospital, Private, Macapá SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................00 2. GESTÃO DA QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR....................00 2.1GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE.00 2.2 ACREDITAÇÃO...........................................................................................00 3. LEGISLAÇÃO HOSPITALAR.......................................................................00 3.1 RESPONSABILIDADE MÉDICA..................................................................00 3.2 CÓDIGO PENAL E CIVIL BRASILEIRO......................................................00 4. GESTÃO HOSPITALAR INTERDISCIPLINAR............................................00 4.1 MODELOS DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE...........................................00 4.2 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICO...........................................................................................................00 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................00 6.REFERÊNCIAS..............................................................................................00 1. INTRODUÇÃO Neste Projeto Integrado Multidisciplinar-PIM X, referente ao 1º semestre de 2021, do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar, apresento um diagnóstico do Hospital São Camilo e São Luís de Macapá, identificando suas práticas de gestão baseadas nas disciplinas de Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar, Legislação Hospitalar, Gestão Hospitalar Interdisciplinar. Através de pesquisa e coleta de dados realizados em visita presencial na empresa, conhecendo os setores, as informações foram colhidas com o responsável técnico e funcionários da instituição. O Hospital São Camilo e São Luís de Macapá é a porta de entrada dos atendimentos na comunidade que atua 24 horas, estruturada por construído em 1960 pelo Dr. Marcello Cândia, rico industrial de Milão, na Itália, que se desfez de suas propriedades para aplicar o resultado em uma obra missionária em Macapá-AP. Atualmente Hospital São Camilo e São Luís de Macapá conta com uma equipe de profissionais por turno, dentre os funcionários estão: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, Biomédicos, Psicólogos, Farmacêuticos, Assistente Social, Técnicos em Enfermagem, Técnicos em Laboratório, Condutores de veículo de emergência, assistentes administrativos e serviços gerais. O Hospital São Camilo e São Luís é classificado como hospital de grande porte, com 192 leitos ativos atualmente, atendendo baixa, média e alta complexidade nas especialidades: ginecologia/obstetrícia, pediatria, neurologia, cardiologia, neonatologia, clínica cirúrgica, clínica médica, urgência e emergência, hemodinâmica, terapia intensiva adulto e neonatal. Com suporte diagnóstico laboratorial, ultrassom, raios-x, endoscopia, mamografia com estereotaxia, densitometria óssea, tomografia computadorizada, ressonância magnética. Seu atendimento é destinado a pacientes do SUS, Planos de Saúde e Particulares. 2. GESTÃO DA QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR Antes de falarmos sobre a gestão de qualidade em saúde, é necessário entendermos o conceito da expressão crua. A gestão da qualidade pode ser definida como qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização, no sentido de possibilitar a melhoria de produtos e/ou serviços. (SOARES, 2018). Ela tem como objetivo garantir a completa satisfação das necessidades dos clientes relacionadas ao que é oferecido, ou ainda, à superação de suas expectativas. O modelo de gestão de qualidade começou a ser implantado no Brasil a partir da década de 90. (SOARES, 2018). A qualidade em saúde é o conjunto de práticas relacionadas aos cuidados globais comum em todos os âmbitos, desde a prevenção de doenças até a manutenção da qualidade. Para atingir a qualidade em saúde costumam ser necessárias algumas ferramentas de gestão que irão auxiliar a instituição de saúde a conquistar esse objetivo. (SOARES, 2018). Desde as primeiras civilizações sempre se buscou o aperfeiçoamento das tarefas tentando melhorá-las de todas as formas, ou seja, com qualidade. Por isso, pode-se dizer que o conceito de qualidade é bastante antigo, surgiu há milênios e é tão antigo quanto à história do homem. (GARVIN, 1997). Ao longo dos anos, o conceito de qualidade passou por uma série de mudanças. Essas mudanças foram definidas por Garvin (1997) como “eras da qualidade”. As eras foram divididas em quatro períodos: a) Era da inspeção: a era da inspeção surgiu pouco antes da Revolução Industrial com a necessidade da produção em massa e tinha como principal interesse a verificação do produto, com ênfase na uniformidade. https://blog.cmtecnologia.com.br/qualidade-em-saude-como-alcancar/ b) Era do controle estatístico da qualidade: surgiu na década de 30, implementada por Shewhart, que permitia monitorar o processo produtivo e identificar a necessidade de fazer ações de melhoria. c)Era da gestão estratégica da qualidade: na era da garantia da qualidade, a prevenção de problemas continuava sendo o foco principal, mas passaram a utilizar outros instrumentos de controle além da estatística, como: a quantificação de custos da qualidade. d) Era da gestão total da qualidade: na era da gestão da qualidade, o foco principal é o impacto estratégico. O controle da qualidade significa uma oportunidade de diferenciação da concorrência. A ênfase nesta era está no cliente e nas suas necessidades. 2.1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE A gestão de riscos é uma forma de conciliar as diversas perspectivas dos diferentes atores envolvidos nesses eventos; tratam da identificação, avaliação e priorização das ações para evitá‑los ou minimizar os efeitos de eventos adversos; pressupõe aplicação coordenada de recursos para monitorar e controlar a probabilidade desses eventos. (CASTRO E TELES, 2016). A Organização Mundial de Saúde (OMS) define incidente que compromete a segurança como um evento que poderia resultar, ou resultou, em dano desnecessário para o paciente, e esses eventos podem acontecer em virtude de atos intencionais ou não. Um efeito adverso é um incidente que resulta em dano para o paciente (BRASIL, 2014). O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2007) classifica os riscos possíveis em qualquer organização como: • Do negócio ou setorial: relacionados com o setor saúde como um todo, que podem estar ligados a mudanças de tecnologia, formação da mão de obra, entre outros. • Políticos, legais ou regulatórios ou ligados a fatores externos às organizações e que dependem do Estado e de suas instituições, como Anvisa, ANS (no caso da saúde) e outras. • Estratégicos: aqueles associados às escolhas estratégicas feitas pelas organizações. • Financeiros ou riscos de mercado e aqueles ligados à liquidez das operações: por exemplo, organizações de saúde que abrem seu capital podem ter dificuldades em manter o valor de suas ações. • Operacionais: os relacionados a falhas operacionais por problemas de sistemas, de gerenciamento, de segurança, erros humanos, fraudes, catástrofes ambientais e outros. São aqueles inerentes aos procedimentos, resultados imprevistos ou indesejáveis etc. Lembre‑se de que as organizações de saúde operam em um negócio dito de meios sem garantia de resultados, o que complica o entendimento deste item. Além desses, uma classificação possível de riscos, especificamente na assistência hospitalar, deve envolver os seguintes: • Assistenciais: são situações, ações, condutas e procedimentos ocorridos durante os cuidados prestados ao paciente no período de permanência no hospital. Exemplos: cadastro preenchido de forma incompleta ou incorretamente, resultado de exame trocado etc. • Profissionais: são ações e procedimentos realizados diretamente no paciente. Exemplos: cirurgia em paciente e/ou local errado, injeção administrada em dose/local/horário incorretos, instrumental, gaze ou compressa esquecida em cavidade de paciente etc. • Ambientais: são situações e procedimentos inadequados e incorretos gerados por agentes físicos, químicos, mecânicos e biológicos com impacto negativo na comunidade e no meio ambiente. Exemplos: incêndios em hospitais (que, aliás, devem ser evitados a todo custo), material perfurocortante em saco plástico comum etc. • Clínicos: possibilidade de ocorrência de danos durante o processo terapêutico e/ou agravos de saúde em decorrência da fisiopatologia, ou de não seguimento de protocolos definidos. Exemplo: drenagem de tórax que leva a pneumotórax etc. • Institucionais: deriva de situações decorrentes de comunicação ineficaz ou inadequada. Podem resultar de restrições de cobertura de plano de saúde ou limitações de atendimento e exames por parte dos pagadores ou da própria instituição. • Conflitos que prejudicam a imagem do hospital, por negligência, imprudência e imperícia. Exemplos: agressão ou brigas entre pessoas que trabalham no hospital, visitantes, familiares, fuga e/ou rapto de criança etc. A gestão de riscos intangíveis se ocupa de um novo tipo de risco, que tem 100% de probabilidade de ocorrência, mas é frequentemente ignorado pela maioria das organizações em função da falta de capacidade dessas organizações para identificá‑los. Por exemplo, quando alguém na organização tenta resolver uma situação qualquer sem estar preparado para fazê‑lo, o risco do desconhecimento se materializa; aparece o risco de relacionamento quando não existem esforços colaborativos entre as pessoas ou setores de organização; podem ocorrer riscos dos processos ao paciente quando procedimentos operacionais são usados de maneira não padronizada. Esses riscos influem diretamente na produtividade das pessoas que trabalham na organização, diminuindo a relação custo‑efetividade, a lucratividade, a qualidade do serviço, a reputação, o valor da marca e a receita. A gestão de riscos intangíveis permite a criação de valor imediato pela ação gerencial para a identificação e redução desses riscos que diminuem a produtividade. (CASTRO E TESLES, 2016). 2.2 ACREDITAÇÃO Na história da acreditação no século IV a.C., Hipócrates deixa explícito em seu juramento, utilizado até hoje como embasamento para a prática médica, uma frase importante: “abster‑se de fazer mal”. Isso significa que o princípio de não praticar nenhum ato que possa causar algum mal ao outro está vetado. Em 1910, o professor e doutor Ernest Amony Codman, cirurgião do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, iniciou os primeiros pensamentos sobre a necessidade de acreditação nos serviços de Saúde. Ele foi responsável pelo desenvolvimento de um modelo chamado End Result Systems, que tinha por objetivo principal monitorar e avaliar os resultados dos tratamentos e procedimentos cirúrgicos realizados no hospital, pois era preciso identificar quais eram as principais falhas na assistência realizada aos pacientes. Esse modelo foi responsável pelo desenvolvimento posterior da Teoria de Gerenciamento dos Resultados. (CASTRO E TESLES, 2016). 3 LEGISLAÇÃO HOSPITALAR A legislação faz-se presente em todos os setores de trabalho, de maneira que o profissional deve ter o conhecimento das leis que regem sua profissão. Desse modo, a interação do profissional com as leis do país torna-se de grande relevância, incluindo desde o conhecimento da legislação já existente até suas atualizações, possíveis a cada ano. (CAPUTO, 2016). Podemos destacar que o Conselho Nacional de Saúde (CNS), por meio da Resolução nº 287, de 8 de outubro de 1998, que completa a Resolução nº 218, de 6 de março de 1997, relaciona 14 categorias profissionais de saúde de nível superior: • assistentes sociais; • biólogos; • biomédicos; • profissionais de educação física; • enfermeiros; • farmacêuticos; • fisioterapeutas; • fonoaudiólogos; • médicos; • médicos-veterinários; • nutricionistas; • odontólogos; • psicólogos; • terapeutas ocupacionais. Essas categorias profissionais têm seus conselhos de classe, que devem estar de acordo com a legislação nacional, e as leis são consideradas como direitos e deveres de cada profissão. Portanto, o não cumprimento delas pode acarretar exercício ilegal e erros profissionais previstos nos Códigos Penal e Civil, respectivamente. (CAPUTO, 2016). 3.1 RESPONSABILIDADE MÉDICA O exercício da medicina no Brasil é regulamentado pelo Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932, o qual regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. (CAPUTO, 2016). Para odontologia e a farmacêutica, a regulação da profissão está disponibilizada na Lei nº5.081, de 24 de agosto de 1966, e no Decreto nº 85.878, de 7 de abril de 1981. Em relação à responsabilidade médica, acionar um profissional que causou um dano em uma pessoa, podendo ser em relação à sua integridade anatômica ou fisiológica, poderia ser adequado ao que é previsto para os delitos de homicídio ou lesões pessoais, gerando uma responsabilidade penal com as consequências que isto comporta. (CAPUTO, 2016). A responsabilidade criminal do médico, decorrente de atos cometidos no exercício de sua atividade profissional, invariavelmente configura questão complicada. Mesmo representando apenas uma pequena fatia do montante de ações judiciais que envolvem a questão da responsabilidade médica, as de cunho criminal não podem ser ignoradas, pois são várias as situações que podem tipificar uma conduta mantida nesse campo de atuação. (CAPUTO, 2016). O Código Penal, no capítulo de crimes contra saúde pública, pune criminalmente aqueles que exercerem a medicina, a odontologia e a farmacêutica ilegalmente, ou excedendo-lhe os limites: Exercício Ilegal da Medicina, Arte Dentária ou Farmacêutica Art. 282 – Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Parágrafo único – Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa (BRASIL, 2000c). 3.2 CÓDIGO PENAL E CIVIL BRASILEIRO O Código Penal Brasileiro, conforme se aplica aos demais normativos brasileiros, decorre também de um processo histórico de formulação e de caracterização de conceitos. Nosso Código Penal (CP) data de 1940, passando a vigorar ainda no governo ditatorial de Getúlio Vargas, sob a égide da Constituição Autocrática de 1937. Importante destacar que o CP é originário também de um período difícil da história, porque se situa em plena Segunda Guerra Mundial. (CAPUTO, 2016). Seu decreto instituidor é o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, incorporando-se apenas posteriormente, por meio do Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941, a Lei de Introdução ao Código Penal e a Lei de Contravenções Penais. Modificações importantes ocorreram a partir da vigência da Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984. (CAPUTO, 2016). O CP também é composto pelas Partes Geral e Especial, de forma semelhante ao Código Civil. Entretanto, no Código Penal, no que se refere à Parte Geral, são descritos e explicitados os conceitos e as compreensões gerais sobre os seguintes aspectos: aplicação da lei penal, crime, imputabilidade penal, concurso de pessoas, penas, medidas de segurança, ação penal, extinção de punibilidade; já na Parte Especial, é exatamente a tipificação do crime e a pena relativa, isso porque, como a própria Constituição prevê em seu artigo 5º, inciso XXXIX, em consonância com o Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (BRASIL, 1988a). Isto quer dizer que é necessário haver exatamente e literalmente o crime e a pena respectiva para eventual aplicação legal. Não se pode inovar nesta seara, sob prejuízo da incolumidade do cidadão. (CAPUTO, 2016). Evidente que, na perspectiva de um Código, o legislador deseja congregar em único documento o tema que pretende tratar, sempre com a intenção de possibilitar o acesso mais objetivo às questões pertinentes. Entretanto, conforme foi dito anteriormente, por vários motivos, gradativamente, os códigos sofrem a ação do tempo e das mudanças sociais, que mais frequentemente forçam ajustes ou legislações paralelas. No caso específico da área penal, as mutações não ocorrem, pelo menos até agora, de forma tão frequente quanto na área civil. (CAPUTO, 2016). 4 GESTÃO HOSPITALAR INTERDISCIPLINAR A Gestão Hospitalar começa pela compreensão dos sistemas que envolvem a saúde oferecidos no País, seja em sua forma pública, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou privada, oferecida pelos planos de saúde. Para Elias ([s.d.], p. 1): Sistemas de saúde são construções sociais que têm por objetivo garantir meios adequados para que os indivíduos façam frente a riscos sociais, tais como o de adoecer e necessitar de assistência, para os quais, por meios próprios, não teriam condições de prover. Desta forma, os sistemas de saúde têm como compromisso primordial garantir o acesso aos bens e serviços disponíveis em cada sociedade para a manutenção e a recuperação da saúde dos indivíduos. Por meio dessa definição, podemos compreender que os sistemas de saúde precisam garantir as condições para que as pessoas sejam atendidas em suas necessidades de manutenção da saúde, seja por oferta do governo ou de outra forma de financiamento. Para obter os recursos a serem destinados à área de saúde, os sistemas de saúde recebem financiamento exclusivamente dos recursos públicos advindos de impostos, ou de fundos privados, representados pelo desembolso direto e copagamento e, alternativamente, por um mix dessas fontes (ELIAS, [s.d.]). Os componentes principais dos sistemas de saúde incluem estruturas distintas, porém conexas, que se dividem em dois grandes grupos: as estruturas assistenciais e as de função do sistema. Nas assistenciais, a função é produzir os serviços de saúde e, nelas, estão incluídas as redes de serviços (hospitais, ambulatórios, consultórios, laboratórios clínicos e radiológicos) e pessoal de saúde (profissionais e técnicos com formação específica em saúde e trabalhadores em saúde), que têm como função produzir serviços de saúde. As estruturas de função do sistema incluem os sistemas de planejamento, informação, controle e avaliação e são responsáveis pela atividade de organização e regulação do funcionamento do sistema de saúde. (GARCIA, 2016). 4.1 MODELOS DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE Trata‑se de um estudo amplo e que envolve muitas áreas governamentais, além de conhecimentos de História e Economia para a compreensão do momento atual. Não vamos detalhar aqui os aspectos econômicos e teorias pertinentes, pois isso extrapola o objetivo deste livro‑texto, mas vamos conhecer as bases que dão suporte às políticas de saúde. Essa escolha depende dos modelos e formas a partir das quais irá se estruturar a atenção estatal à saúde, conforme mostra, de maneira resumida, o quadro a seguir (MEDICI, 2002). O modelo assistencialista é um mix de recursos públicos e privados e recebe subsídio estatal para as camadas de baixa renda. Nos EUA, o sistema é bem próximo disso, segundo Elias ([s.d.]). De acordo com Medici (2002), geralmente existe uma alíquota vinculada ao volume geral de impostos arrecadados (10% da receita tributária total ou do orçamento fiscal, por exemplo). O autor explica que sistemas assistencialistas abertos de países africanos, asiáticos ou de alguns países latino‑americanos (Nicarágua e El Salvador, por exemplo) costumam contar com grande ajuda de organismos internacionais e ter suas ações voltadas para medidas preventivas e atenção primária. (GARCIA, 2016). Este tipo de sistema representa também o nascedouro da política de saúde dos primórdios do capitalismo, como ocorreu com a medicina social de natureza preventiva na França e Alemanha, nos séculos XVII e XVIII, ou ainda com a medicina inglesa do século XIX, está mais voltada a tornar os pobres mais aptos para o trabalho e menos perigosos para os ricos (MEDICI, 2002, p. 38). O modelo previdencialista também recebe uma mistura de recursos públicos e privados, mas tem foco nos trabalhadores formais por meio de uma espécie de seguro (contribuição social compulsória). Antes de ser implantado o SUS, no Brasil, o modelo era assim. A tendência é que as contribuições venham das empresas e dos trabalhadores. Segundo Medici (2002), no Brasil, alguns órgãos de representação de trabalhadores formais alegam que a categoria teria umaatenção à saúde de melhor qualidade se os recursos arrecadados sobre os salários e contribuições sociais fossem destinados apenas aos contribuintes, ou seja, aos trabalhadores com carteira assinada. A crítica é que, por esse sistema, aumentaria ainda mais a disparidade entre as classes sociais e aumentaria o individualismo coletivo das categorias profissionais. (GARCIA, 2016). 4.2 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICO A Constituição brasileira, conforme citado anteriormente, desde 1988, institui a saúde como direito de todos e dever do Estado, apresentando o Sistema Único de Saúde (SUS) e dando ainda a possibilidade de o sistema privado participar por meio do Sistema Supletivo de Assistência Médica (SSAM). Os princípios do SUS indicam que todas as pessoas devem ser atendidas no sistema, pois possuem garantias de universalidade no acesso à saúde; têm direito a tratamentos, seja de qual complexidade for; e ainda deve haver equidade na distribuição dos recursos em todos os segmentos e locais. (GARCIA, 2016). No Brasil, a estrutura legislativa e jurisdicional é feita pelas diversas esferas de poder: municipal, estadual e federal. Se pensarmos em uma rua a ser asfaltada, por ser de interesse local, da cidade, o serviço deve ser feito pela prefeitura. Se esta rua ligar uma cidade à outra, ou seja, uma rodovia, trata‑se de interesse regional, portanto, deve ser cumprido pelo Estado e, se esta rodovia fizer a ligação entre dois estados, dizemos que se trata de interesse federal e deve ser prestado pela União, pelo governo federal. São serviços que vão sendo sobrepostos e um depende do outro. A rua deve chegar à rodovia que liga as cidades e está à que chega aos estados. Uma depende da qualidade da outra para que o sistema funcione de forma integrada. (GARCIA, 2016). O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição federal de 1988 e regulamentado pelas leis nº 8.080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicas da Saúde. A finalidade de sua criação foi alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto (GARCIA, 2016). Dessa forma, o SUS conta com recursos das três esferas de governo: União, estados e municípios, contando com a solidariedade dos entes federados e o financiamento e a divisão dos recursos são feitos da seguinte forma (ELIAS, [s.d.]): • União: recursos do tesouro (impostos e contribuições). • Estados: recursos próprios (impostos estaduais) e transferências da União (Fundo de Participação dos Estados). • Municípios: recursos próprios (impostos municipais), transferências da União (Fundo de Participação dos Municípios). Temos três níveis de atenção à saúde: o básico, o de média complexidade e o de alta complexidade, que são integrados pelo Sistema Único de Saúde. A prefeitura das cidades se encarrega (ou deveria se encarregar) do nível básico de atenção à saúde, que contempla os principais serviços médicos, como clínico geral, pediatra, ginecologista e dentista, que não demandam equipamentos caros e nem profissionais com muita especialização e podem ser executados nos postos de saúde e pequenos centros de saúde localizados nos bairros. Outro serviço coordenado pelo nível básico são as campanhas de vacinação e de conscientização, como as campanhas de combate à dengue (BRASIL, 2003). A Constituição brasileira preconiza que os gastos com Saúde devem ocupar, no mínimo, 15% do orçamento dos municípios, 12% do dos Estados e a União faz um ajuste anual do gasto com saúde em relação ao PIB. Há projetos para que a União aplique 15% dos recursos disponíveis na Saúde. Porém, atualmente, a lei diz que a União deve aplicar o que foi gasto no ano anterior acrescido, no mínimo, da variação nominal do PIB (GUERREIRO, 2013). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este projeto integrado multidisciplinar tem como objetivo principal observar o quanto é importante a relação que a associam as disciplinas incluídas, Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar, Legislação Hospitalar, Gestão Hospitalar Interdisciplinar A viabilização da otimização dos recursos disponíveis com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento prestado à população. Fortalecendo espaços de troca e de produção de conhecimento, voltado para uma melhor qualidade de trabalho e saúde. Hospital São Camilo e São Luís de Macapá é uma empresa privada que busca a excelência no atendimento médico hospitalar, através de ações humanizadoras, constante aperfeiçoamento técnico e profissional, divulgação científica do ensino e pesquisa, o que nos permite absorver a crescente demanda e com isso realizar o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Por fim, consideramos o comprometimento da equipe no atendimento aos usuários em uma instituição pública que disponibiliza atendimento universalizado Hospital São Camilo e São Luís de Macapá conta atualmente com mais de 3.000 funcionários atuando em suas dezenas de unidades de tratamento, prevenção, reabilitação e pesquisa, relacionadas aos três níveis de atendimento à saúde . Todas as formas e situações descritas validaram os conceitos teóricos ensinados pela UNIP, inserindo-me para assimilação do conteúdo ensinado pelas disciplinas em questão. 6. REFERÊNCIAS BRASIL, Resolução 287, de 10 de outubro de 1998 - Conselho Nacional de Saúde.<http://www.aids.gov.br/pt-br/legislacao/resolucao-287-de-10-de- outubrode1998conselhonacionaldesaude#:~:text=LAI,Resolu%C3%A7%C3%A 3o%20287%2C%20de%2010%20de%20outubro,1998%20%2D%20Conselho %20Nacional%20de%20Sa%C3%BAde&text=Relaciona%20categorias%20prof issionais%20de%20sa%C3%BAde,fins%20de%20atua%C3%A7%C3%A3o%2 0do%20CNS.> Acesso em 25 de Maio de 2022. CAPUTO, Bruno Vieira. Legislação hospitalar. – São Paulo: Editora Sol - UNIP, 2016. 152 p., il. CASTRO, Paula de Sousa e; TESLES, Anna Carolina Fontes. Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar. – São Paulo: Editora Sol, 2016. 204 p., il. ELIAS, P. E. Sistema de Saúde no Brasil. São Paulo: USP, [s.d.]. Disponível em:<http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/64891/mod_resource/content/2/ Artigo.pdf>. Acesso em: 25 maio 2022. GARCIA, Solimar. Gestão Hospitalar Interdisciplinar – São Paulo: Editora Sol, 2016. 140 p., il. GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, Editora, 1997. GUERREIRO, G. Governo formaliza proposta que vincula 15% da receita líquida da União para a saúde. Folha de S. Paulo, São Paulo, 1 out. 2013. Disponívelem:<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1350352‑governo‑f ormaliza‑proposta‑que‑vincula‑15‑da‑receita‑liquida‑da‑uniao‑para‑a‑saude.sht ml>. Acesso em: 25 maio 2022. MEDICI, A. C. Aspectos teóricos e conceituais do financiamento das políticas de saúde. In: PIOLA, S. F.; VIANNA, S. M. (Org.). Economia da saúde: conceito e contribuição para a gestão da saúde. 3. ed. Brasília: Ipea, 2002. p. 23‑70. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/ livros/CAP2.pdf>. Acesso em: 25 maio 2022. SOARES, Fernando. Gestão da qualidade em saúde: medidas essenciais. cmtecnologia Brasil, 2018. Acesso em 09 de maio de 2022 <https://blog.cmtecnologia.com.br/qualidade-saude/>.
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