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Acidentes por animais peçonhentos em Pediatria

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
URGÊNCIA X EMERGÊNCIA 
Urgência: constitui um agravo à saúde que pode ou não ter um risco eminente de morte e que necessita de uma 
assistência médica imediata. Logo, são casos que chegam ao pronto atendimento e são triados como verde, amarelo 
ou laranja (urgência leve a moderada). São pacientes que precisam de assistência/avaliação, mas que não 
necessariamente precisam de um tratamento imediato. 
Emergência: agravo a saúde que tem necessariamente um risco eminente de morte ou um sofrimento intenso e que 
exige um tratamento médico imediato. São pacientes triados como vermelho e que precisam necessariamente de 
tratamento médico imediato. A minoria dos pacientes que chega a um serviço de pronto atendimento chega, de fato, 
numa emergência médica. Portanto, a grande maioria dos pacientes chega em urgência médica e não em emergência. 
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS 
INTRODUÇÃO 
Animais peçonhentos x Animais venenosos 
Animais peçonhentos: são animais que possuem glândulas produtoras de veneno e estas se comunicam com um 
aparelho inoculador (ferrões ou dentes) por onde esse veneno é inoculado ativamente. 
Ex.: cobras, escorpiões, aranhas, marimbondos, abelhas, formigas 
Animais venenosos: são animais produzem veneno, mas não possuem o aparelho inoculador. Dessa forma, eles não 
provocam acidentes de forma ativa e se tornam peçonhentos através de um envenenamento passivo, quando se pisa, 
esmaga e ingere o animal, por exemplo. 
Apesar de não serem frequentes em crianças, os acidentes por animais peçonhentos quando ocorrem são de maior 
gravidade do que no adulto (menor superfície corpórea da criança  maior a capacidade de o veneno produzir 
determinado efeito). 
 
Principais agentes: 
 
O escorpionismo é o acidente mais comum e, felizmente, a maioria dos casos são acidentes leves. O escorpião injeta 
uma quantidade de veneno (depende do tamanho do animal, da sua capacidade de inoculação) independentemente 
da superfície corpórea em que ele está aplicando o veneno. Como a superfície corpórea da criança é menor do que a 
superfície corpórea do adulto, o risco de toxicidade é muito maior na criança do que no adulto. 
ACIDENTE OFÍDICO 
1) ACIDENTE BOTRÓPICO (jararaca, jararacuçu, urutu, patrona, caiçara, camboia) 
- É o acidente mais comum no estado de MG 
- Responde por 90% dos casos, com mortalidade abaixo de 1% desde que devidamente tratado; 
- O veneno possui ação proteolítica, por vezes coagulante e por vezes hemorrágica; 
- Predomínio de manifestações locais (a principal característica do acidente botrópico) – formação de uma bolha 
com base necrótica 
- Manifestações sistêmicas = sangramentos (efeito hemorrágico do veneno), sudorese, vômitos, hipotensão, até gerar 
uma insuficiência renal e choque, embora não seja mais comum, já que existe esse predomínio de manifestações 
locais. 
 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
O animal injeta o veneno através da mordedura e há a formação de uma bolha, ao redor 
do local, e ação necrotizante na base da bolha. Essa ação é local e mais superficial, 
dificilmente penetrando em tecidos profundos. Às vezes, pode ocorrer hemorragia 
dentro da bolha. Se devidamente tratado, o local é revitalizado. 
 
 
Alterações laboratoriais 
 
- Leucocitose com neutrofilia e desvio para a esquerda (presente na maioria dos acientes) 
- Plaquetopenia 
- Alteração do tempo de coagulação (logo, pode-se ter uma coagulopatia com doença hemorrágica), 
- Proteinúria, hematúria e leucocitúria 
Tratamento geral 
 
Consiste em orientar os pais e promover conforto: 
- Orientar/tranquilizar os pais e a criança quando esta possuir compreensão da situação 
- Manutenção do membro estendido ou elevado para drenagem postural – Não fazer garrote!!! 
- Analgesia (dipirona para dor mais leve ou morfina para dores mais intensas) 
- Hidratação (pelo risco de IRA) 
- Antibioticoterapia apenas quando houver sinais de infecção (amicacina, clindamicina ou metronidazol – ATBs com 
boa cobertura e que cobrem, inclusive, os anaeróbios que são muito comuns). Não se faz antibiótico profilático. 
*Em pediatria são raríssimos os casos em que se faz ATB profilático!!! 
- Desbridamento local com drenagem de abcessos ou fasciotomia (quando há compressão de membro) 
- Correção da anemia e dos DHE e AB 
- Suporte ventilatório se necessário. 
 
Tratamento especifico 
- Soroterapia: 
✓ SAB = Soro antibrotrópico 
✓ SABC= Soro antibotrópico-crotálico 
✓ SABL= Soro antibotrópico-laquético 
- NUNCA diluir as ampolas para qualquer acidente por animais peçonhentos, senão diminui o tempo de ação/efeito! 
Fazer EM BÓLUS 
*Em pediatria, a maioria das medicações administradas por via endovenosa são diluídas (em soro, em ABD, 
glicose), a fim de infundir as drogas de maneira mais lenta, pois as crianças podem efeitos adversos devido a 
infusão de determinada droga. 
- Se depois de 24h o paciente ainda está grave (sintomas sistêmicos, tempo de coagulação não normalizar) pode-se 
adicionar as 12 ampolas mais 2 ampolas. 
- Não se deve administrar uma quantidade maior de soro (8-12 ampolas) para garantir que o paciente seja tratado 
mesmo na ausência de sintomas e, com isso, evitar que ele evolua com os sintomas, pois os soros também possuem 
efeitos colaterais, inclusive anafilaxia. 
 
Classificação 
 
Conforme a intensidade dos sintomas locais e sistêmicos e o tempo de coagulação: 
 
- Leve = edema ou equimose com dor leve no membro acometido, sem anúria, choque ou hemorragia grave, com 
tempo de coagulação normal ou alterado – quantidade mínima de soro (2-4 ampolas). 
*Relato as vezes evidência da mordedura com pouco ou nenhum sintoma 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
- Moderado = dor, edema ou equimose mais evidentes, mas ainda não há anúria, choque ou hemorragia grave e o 
tempo de coagulação pode estar normal ou alterado – 4 a 8 ampolas de soro 
*Sintomas locais bem evidentes, sem sintomas sistêmicos 
- Grave = sintomas locais muito intensos associados a sintomas sistêmicos (anúria, choque ou hemorragia) e o tempo 
de coagulação pode estar normal ou alterado – 12 ampolas de soro 
 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
Dor – edema ou equimose Ausentes ou discretos Evidentes Intensos 
Anúria 
Choque 
Hemorragia grave 
 
Ausentes 
 
Ausentes 
 
Presentes 
Tempo de coagulação Normal ou alterado Normal ou alterado Normal ou alterado 
Soroterapia 
(SAB, SABC ou SABL) 
2 a 4 ampolas 4 a 8 ampolas 12 ampolas 
 
Em relação aos seguimentos atingidos: 
 
- Leve = acometimento com edema local até 2 segmentos, sem hemorragia sistêmica ou uma hemorragia discreta com 
tempo de coagulação normal ou alterado – 2 a 4 ampolas 
- Moderado = acometimento com edema de 3 a 4 segmentos, com ou sem hemorragia sistêmica e com tempo de 
coagulação normal ou alterado – 4 a 8 ampolas 
- Grave = 5 segmentos edemaciados, com hemorragia sistêmica grave e/ ou hipotensão/choque e/ou IRA e com tempo 
de coagulação normal ou alterado – 12 ampolas 
 
 
1. pé/mão; 
2. ½ distal perna/antebraço; 
3. ½ proximal da perna/antebraço; 
4. ½ distal coxa/braço; 
5. ½ proximal da coxa/braço (todo o membro edemaciado) 
 
 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
Edema* Local a 2 segmentos 3 a 4 segmentos 5 segmentos 
 
Hemorragia sistêmica 
 
Ausente ou discreta 
 
Ausente ou discreta 
Grave e/ou 
hipotensão/choque 
e/ou IRA 
Tempo de coagulação Normal ou alterado Normal ou alterado Normal ou alterado 
Soroterapia 
(SAB, SABC ou SABL) 
2 a 4 ampolas 4 a 8 ampolas 12 mpolas 
 
2) ACIDENTE CROTÁLICO (cascavel) 
- Responde por 7% dos casos, sendo o prognóstico ruim quando evolui com IRA (a mortalidade é 
muito elevada quando há acometimento sistêmico, sobretudo quando envolve lesão renal 
aguda); 
- O veneno possui ação neurotóxica, miotóxica e coagulante; 
2 a 4 ampolas 
4 a 8 ampolas 
12 ampolas 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
- As manifestações locais são poucoimportantes (ao contrário do acidente botrópico, em que a principal manifestação 
é o efeito local, no acidente crotálico há pouquíssimas manifestações locais) 
- Manifestações sistêmicas = fáscies miastênica (ação neurotóxica), diplopia, alteração do paladar e olfato, 
mioglobinúria (característica importante desse acidente), dores musculares e insuficiência renal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alterações laboratoriais 
 
- Leucocitose com neutrofilia e desvio para a esquerda, 
- Presença de granulações tóxicas, 
- Aumento da CPK, LDH e transaminases, 
- Alteração do coagulograma. 
Tratamento geral 
 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia (dipirona ou morfina); 
- Hidratação (muito importante pelo risco de evolução para IRA) 
*Se oligúria persistente pode-se usar manitol 20% e/ou furosemida (diurético de alça) de 6/6h. A furosemida é 
preferível na pediatria quando a criança apresenta oligúria ou anúria. 
- Manutenção do pH urinário > 6,5 (principalmente se mioglobinúria) 
- Correção de anemia e dos DHE e AB e suporte ventilatório se necessário. 
Classificação 
- Leve = Fáscies miastênica ou visão turva ausentes ou com aparecimento tardios em relação ao horário do acidente, 
sem acometimento sistêmico, sem mialgia, mioglobinuria e tempo de coagulação normal ou alterado – 5 ampolas. 
*Pouca alteração de face e sem manifestação sistêmica 
- Moderado = Fáscies miastênica ou visão turva discretas ou evidentes, mialgia discreta, mioglobinuria pouco evidente 
ou evidente e tempo de coagulação normal ou alterado – 10 ampolas. 
*Mais acometimento de face e algum acometimento sistêmico 
- Grave = Fáscies miastênica típica ou visão turva intensos, com mialgia intensa, mioglobinuria e tempo de coagulação 
normal ou alterado – 20 ampolas. 
*Todas as manifestações possíveis presentes 
 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
Fáscies miastênica 
Visão turva 
Ausentes ou tardias Discretas ou evidentes Intensos 
Mialgia Ausente ou discreta Discreta Intensa 
Urina vermelha ou marrom Ausente Pouco evidente ou evidente Presente 
Tempo de coagulação Normal ou alterado Normal ou alterado Normal ou alterado 
Soroterapia 
(SAC ou SABC) 
5 ampolas 10 ampolas 20 ampolas 
 
 
FÁSCIES MIASTÊNICA (é o que fala mais a 
favor de acidente crotálico): ptose 
palpebral importante + enrugamento da 
testa + flacidez dos músculos dos lábios e 
bochecha [fraqueza generalizada da 
musculatura da face – ausência de 
expressão facial, boca entreaberta] 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
3) ACIDENTE LAQUÉTICO (surucucu) 
- Acidente comum na região amazônica; 
- Casos raros, geralmente moderados a graves; 
- O veneno possui ação proteolítica, coagulante x hemorrágica e neurotóxica; 
- As manifestações locais semelhantes às do acidente botrópico e, dessa forma, não se 
consegue com base nas manifestações locais diferenciar o acidente laquético do brotrópico. 
- Manifestações sistêmicas = “síndrome vagal” (hipotensão arterial, tonturas, bradicardia, visão turva, liberação de 
esfíncter com diarreia), necrose local e síndrome compartimental. A síndrome vagal é uma manifestação bem 
característica desse acidente 
 
Tratamento geral 
 
- Orientar/tranquilizar os pais e a criança quando esta possuir compreensão da situação 
- Manutenção do membro estendido ou elevado para drenagem postural – Não fazer garrote!!! 
- Analgesia (dipirona para dor mais leve ou morfina para dores mais intensas) 
- Hidratação (pelo risco de IRA) 
- Antibioticoterapia apenas quando houver sinais de infecção (amicacina, clindamicina ou metronidazol – ATBs com 
boa cobertura e que cobrem, inclusive, os anaeróbios que são muito comuns). Não se faz antibiótico profilático. 
- Desbridamento local com drenagem de abcessos ou fasciotomia (quando há compressão de membro) 
- Correção da anemia e dos DHE e AB 
- Suporte ventilatório se necessário. 
 
Tratamento específico 
 
- Soroterapia = quando houver manifestação vagal 
 
Manifestações Soroterapia 
Manifestações vagais: bradicardia, 
hipotensão arterial, diarreia, tonteiras, 
visão turva 
10 a 20 ampolas de SAL ou SABL 
 
4) ACIDENTE ELAPÍDICO (cobra coral) 
- Casos raros e graves, mas bom prognóstico se tratados; 
- Veneno = rapidamente absorvido (geralmente as manifestações começam minutos após 
a mordedura) com efeito neurotóxico muito importante – compete com a acetilcolina 
pelos receptores colinérgicos; é um acidente grave pois paralisa a vítima; 
- Manifestações (30min a 24h) = parestesia local, vômitos, fáscies miastênica, mialgia, disfagia e paralisia da 
musculatura respiratória. 
 
Tratamento geral 
 
- Orientação dos pais e da criança, 
- Analgesia, 
- Hidratação, 
- Suporte ventilatório (em geral é necessário, ao contrario dos outros acidentes em que raramente é necessário o 
suporte ventilatório) 
- Uso de neostigmina – ação anticolinesterásica (combate ao efeito neurotóxico do veneno) 
- Acompanhamento do paciente em Unidade de Terapia Intensiva (pelo risco de evolução para paralisia diafragmática 
e da musculatura respiratória) 
 
 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
Tratamento específico 
 
Manifestações Soroterapia 
Independente das manifestações, TODOS os pacientes 
devem receber soroterapia (risco de insuficiência 
respiratória pulmonar aguda) 
10 ampolas de soro anti-elapídico (o soro é 
específico para elapídico, outros soros não 
servem) 
 
 
ESCORPIONISMO 
- Elevada prevalência, sendo de maior gravidade em pacientes pediátricos. 
- Predomina em crianças do sexo masculino (mais brincadeiras ao ar livre, revirando telha, madeira que são locais 
preferidos de esconderijo dos escorpiões) 
- Veneno = ação neurotóxica, com efeitos simpáticos e parassimpáticos. 
- Manifestações locais = dor e parestesia (minutos a horas após a picada). 
- Manifestações sistêmicas = náuseas, vômitos, sialorréia, dor abdominal, hipertensão ou hipotensão, tremores, 
agitação ou sonolência, confusão mental, arritmias cardíacas, ICC, EAP, choque. Quando a criança evolui com ICC, EAP 
e choque a mortalidade é praticamente 100%. Existem estudos europeus que compararam crianças com EAP que 
receberam e não receberam o soro antiescorpiônico e os resultados foram muito semelhantes. Logo, a criança com 
EAP recebendo ou não o soro dificilmente vai sobreviver. 
- Gravidade: depende da espécie, do tamanho, da quantidade do veneno inoculada e do tratamento adequado 
(manifestações locais leves/dor, parestesia, hiperemia local  Crianças graves intubadas e que evoluem com EAP) 
 
Alterações laboratoriais 
 
- Leucocitose com neutrofilia 
- Hiperglicemia, hipocalemia 
- Hiponatremia 
- Aumento da CKMB (secundária ao aumento das catecolaminas que são liberadas no acidente) e da amilase 
sérica. 
 
Eletrocardiograma 
 Bradicardia sinusal Taquicardia sinusal 
 
 
 
 
 Extra-sístoles Bloqueio de ramo 
 
 
 
 
- Lesões de repolarização, onda U, inversão de onda T, presença de onde Q, infra ou supra desnivelamento e alteração 
do segmento ST – Essas alterações eletrocardiográficas podem persistir por até 7 dias 
- Essa persistência não é comum de acontecer em crianças, mas pode acontecer 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
Radiografia de tórax 
 
- Aumento da área cardíaca (ICC) 
- Edema agudo de pulmão (Não hiper-hidratar: pode evoluir para edema agudo de 
pulmão >> necessidade de monitorização com raio-X) 
 
Tratamento geral 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia sistêmica (dipirona ou morfina) e local (geralmente em adultos)  infiltração de lidocaína 2% sem 
vasoconstritor (1 a 2ml), até 3x, a cada 30-60min, próximo ao local do acidente; 
- Hidratação e correção dos DHE e AB, evitando a hiper-hidratação (pode favorecer a ocorrência de EAP)! 
- Atropina, quando há bradicardia sinusal ou BAVT (dose0,01 a 0,02mg/Kg de 4/4h); 
- Nifedipina, quando há HAS (dose 0,5mg/kg); 
- IOT, em casos de EAP ou IRPa; 
- Aminas vasoativas, quando há instabilidade hemodinâmica. 
*Sempre que a criança apresentar instabilidade hemodinâmica, alteração eletrocardiográfica, dificuldade 
respiratória, ausculta que sugere EAP, sendo necessário o uso de qualquer uma dessas drogas (atropina, 
nifedipina, IOT, aminas vasoativas) a criança tem indicação de UTI. 
*Crianças com manifestações locais e que apresentam manifestações sistêmicas leves (sudorese, sialorreia, 
vômitos), sem alteração cardíaca ou respiratória – acompanhamento na enfermaria 
 
Classificação 
Leve = sintomas locais (dor, eritema, parestesia) e a criança pode apresentar sudorese. Necessariamente fica em 
observação (fazer analgesia local e sistêmica) de 6 a 12h, mas não necessita de soro. Liberar a criança sem dor ou com 
pequena dor que se resolve com analgésico oral. 
*Não liberar criança vitima de escorpionimo em menos de 6h. 
Moderado = Alterações locais intensas associadas a náuseas / vômitos / sialorréia / sudorese / agitação DISCRETOS, 
taquicardia e taquipnéia. Já iniciam algumas manifestações sistêmicas e essa criança necessariamente precisa ficar 
24h em observação - 2 a 3 ampolas do SAE ou SAA ambulatoriamente e observar a resposta (em no máximo 1h a 
criança já começa a apresentar melhora. Se não houver melhora classificar como grave e transferir) 
Grave = Alterações locais intensas associadas a náuseas / vômitos incoercíveis/ sialorréia / sudorese / agitação 
INTENSOS, evoluindo para prostração / convulsão / coma, bradicardia, ICC, EAP e choque – 4 a 6 ampolas na UTI (se 
necessário transporte, este deve ser aéreo) 
 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
 Dor, eritema e 
parestesia 
locais, sudorese 
Alterações locais intensas + náuseas / 
vômitos / sialorréia / sudorese / 
agitação DISCRETOS, taquicardia e 
taquipnéia 
Alterações locais intensas + 
náuseas / vômitos / sialorréia / 
sudorese / agitação INTENSOS, 
prostração / convulsão / coma, 
bradicardia, ICC, EAP e choque 
Tempo de 
observação 
6 a 12 horas 24 horas UTI 
Soroterapia 
(SAE ou SAA) 
- 2-3 ampolas 4-6 ampolas 
SAE= soro antiescorpiônico 
SAA= soro antiescorpiônico-aracnídeo 
 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
ARANEÍSMO 
1) ACIDENTE POR PHONEUTRIA (armadeiras) 
- Responde por 40% dos casos e raramente provocam acidentes graves; 
- Veneno = ação neurotóxica, provocando liberação de acetilcolina e catecolaminas; 
- Predomínio de manifestações locais; diferentemente da aranha marrom que não causa dor durante a picada, a 
picada por armadeira é dolorosa 
- Manifestações sistêmicas = sudorese, taquicardia, agitação, vômitos, sialorréia, priaprismo, hipo ou hipertensão, 
choque e EAP. 
 
 
 
 
 
Alterações laboratoriais 
 
- Leucocitose com neutrofilia 
- Hiperglicemia 
- Acidose 
Tratamento geral 
 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia sistêmica (dipirona ou morfina) e local  infiltração de lidocaína 2% sem vasoconstritor (1 a 2ml), a cada 
2 horas (dor menos intensa que a do escorpionismo); 
- Compressas mornas locais (Aumenta a vascularização local, aumentando a circulação e o tempo de ação e, 
consequentemente, diminui a dor) 
Classificação Manifestações clínicas Tratamento Soroterapia 
Leve Dor local, taquicardia, agitação Observação 6 horas - 
Moderado Dor local intensa, sudorese / vômitos / agitação / HAS Hospitalização 2-4 ampolas 
Grave Dor local intensa + sudorese profusa, sialorréia e vômitos 
profusos, hipertonia muscular, priaprismo, choque, EAP 
UTI 5-10 ampolas 
 
2) Acidente por Loxosceles (marrons): 
 
- Em geral configura um acidente grave, principalmente porque a picada é imperceptível e quando a pessoa percebe 
já há centro necrótico. 
- Veneno = ação lítica sobre a membrana das hemácias e do endotélio vascular, provocando intensa reação 
inflamatória com necrose; o efeito do veneno pode acontecer até 4 semanas após o acidente, acometendo estruturas 
mais profundas. 
- Manifestações locais = picada imperceptível! Lesão se instala lenta e progressivamente. 
 
 
 
 
Lesão escurecida com centro mais escurecido    Necrose tecidual 
atingindo estruturas mais profundas 
 
 
 
Edema local importante, com sinais 
flogísticos intensos e dor imediata 
também intensa (diferente da aranha 
marrom, que não provoca muita dor) 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
- Sintomas locais (lesão com centro necrótico escuro) acompanhados de sintomas sistêmicos, principalmente cefaleia 
e febre (24-72h) 
- Manifestações sistêmicas = forma visceral (a mais grave) – hemólise intravascular, com anemia, icterícia, 
mioglobinúria, petéquias, equimoses e CIVD, podendo ter IRA. 
 
Alterações laboratoriais 
- Leucocitose com neutrofilia 
- Anemia 
- Plaquetopenia, 
- Reticulocitose 
- Hiperbilirrubinemia indireta 
- Hipercalcemia 
- Aumento de Ur e Cr 
- Alteração de coagulação. 
 
Tratamento geral 
 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia sistêmica (dipirona), NÃO realizar infiltração local, pois área da picada já está muito destruída e até porque 
não há muita dor devido à destruição neuronal 
- Compressas frias locais (Vasoconstrição para impedir que o veneno se espalhe) 
- Higienização de 4-6x/dia, com sabão neutro e compressas de permanganato de potássio 1:40.000 
- Remoção da escara = apenas após a delimitação da lesão (quando o veneno já terminou sua ação tóxica); 
- Tratamento cirúrgico = correção de cicatrizes e enxertos (3-4 semanas após a delimitação da lesão); 
- Antibioticoterapia se sinais de infecção; 
- Corticoterapia (prednisolona 1mg/Kg/dia, 5 dias), para reduzir a reação inflamatória local; uso controverso!!! 
- Dapsona?  50-100mg/Kg/dia VO (imunossupressor que em alguns estudos é relacionado a modulação da resposta 
inflamatória. Como o fármaco imunossuprime um pouco a resposta inflamatória, talvez há diminuição da reação local 
e redução do aprofundamento da necrose. Ainda não faz parte de um protocolo bem estabelecido. 
- Correção da anemia e dos DHE e AB, tratamento da IRA, abordagem dos distúrbios de coagulação. 
 
Tratamento especifico 
 
Classificação Manifestações clínicas Tratamento Soroterapia 
Leve Sem alterações clínicas e laboratoriais, lesão não característica Observação 6 horas - 
Moderado Lesão sugestiva, rash, petéquias, sem evidência de hemólise Hospitalização 5 ampolas 
Grave Lesão característica, anemia aguda, icterícia, rápida evolução UTI 10 ampolas 
 
ACIDENTES POR HIMENÓPTEROS 
1) ACIDENTE POR ABELHAS 
- Dor local de poucos minutos de duração, com edema, eritema, prurido e pápula. 
- Manifestações sistêmicas  ANAFILAXIA = cefaleia, vertigem, calafrios, agitação e aperto no 
peito, urticária, angioedema, dispneia, rouquidão, estridor, hipotensão e colapso vascular. 
- Acidentes múltiplos = CIVD e IRA 
Tratamento 
 
- Retirada de ferrões por raspagem, NÃO pinças (pinças podem introduzir ainda mais o ferrão/liberação de alguma 
quantidade de veneno que ainda está aderida ao ferrão); 
- Analgesia 
- Não há soro específico 
- Anafilaxia – conduta específica 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
2) ACIDENTE POR MARIMBONDOS 
- A picada dos marimbondos não deixa ferrão (ao contrário da picada de abelha) 
- Efeitos locais (edema, eritema, prurido e pápula) e sistêmicos semelhantes aos das abelhas, porém, menos intensos 
 
Tratamento 
 
Analgesia e abordagem da anafilaxia quando necessário 
 
3) ACIDENTE POR FORMIGAS 
- Tocandira ou cabo verde: picada extremamente dolorosa e provoca eritema local, inclusive 
sintomas sistêmicos, como calafrios, taquicardia e sudorese. 
- Lava-pés ou formigas de fogo: dor e pápula pruriginosa, que evolui para pústula estéril. 
 
Tratamento 
 
- Compressa fria local; 
- Analgesia; 
- Anti-histamínico = dexclorfeniramina 0,15mg/kg/dia em 3-4 doses; 
- Anafilaxia – conduta específica. 
CASOS CLÍNICOS 
1) J.B.S., 6 anos, sexo masculino, dá entrada no PA em companhia dos pais,que referem picada de cobra ocorrida no 
sítio onde residem. Ao exame físico, você observa apenas sinal de mordedura em região de tornozelo direito, com 
discreta hiperemia, pouco dolorosa. Você então inicia hidratação venosa e mantém a criança em observação. A 
criança evolui com ptose palpebral e oftalmoplegia, além de diurese escurecida. Ao exame laboratorial, presença de 
leucocitose com desvio e alteração do tempo de coagulação. 
Diante o quadro, responda: 
1) Qual o agente suspeito responsável pelo acidente? 
Acidente crotálico (cascavel) 
2) Qual o nome das manifestações clínicas descritas? 
Fásceis miastênica/neurotóxica e mioglobinúria 
3) Qual o tratamento geral e o tratamento específico a ser instituído? 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia (dipirona ou morfina); 
- Hidratação (muito importante pelo risco de evolução para IRA) 
*Se oligúria persistente pode-se usar manitol 20% e/ou furosemida (diurético de alça) de 6/6h. A 
furosemida é preferível na pediatria quando a criança apresenta oligúria ou anúria. 
- Manutenção do pH urinário > 6,5 (principalmente se mioglobinúria): leucovorina >> alcaliniza a urina 
- Correção de anemia e dos DHE e AB e suporte ventilatório se necessário. 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
Fáscies miastênica 
Visão turva 
Ausentes ou tardias Discretas ou evidentes Intensos 
Mialgia Ausente ou discreta Discreta Intensa 
Urina vermelha ou marrom Ausente Pouco evidente ou evidente Presente 
Tempo de coagulação Normal ou alterado Normal ou alterado Normal ou alterado 
Soroterapia 
(SAC ou SABC) 
5 ampolas 10 ampolas 20 ampolas 
 
 
 
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS 
2) J.B.S., 6 anos, sexo masculino, dá entrada no PA em companhia dos pais, que referem picada de escorpião ao calçar 
o tênis. Ao exame físico, você observa sinal de mordedura em região de calcanhar direito, com dor local e discreta 
hiperemia. Você então inicia hidratação venosa e mantém a criança em observação. A criança não apresenta sinais e 
sintomas de acometimento sistêmico. 
Diante o quadro, responda: 
a) Qual a classificação do acidente acima? Escorpionismo leve 
 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
 Dor, eritema e 
parestesia 
locais, sudorese 
Alterações locais intensas + náuseas / 
vômitos / sialorréia / sudorese / agitação 
DISCRETOS, taquicardia e taquipnéia 
Alterações locais intensas + 
náuseas / vômitos / sialorréia / 
sudorese / agitação INTENSOS, 
prostração / convulsão / coma, 
bradicardia, ICC, EAP e choque 
 
b) Você solicita exames a esse paciente? Quais exames e quais as alterações esperadas? 
Não. Em acidentes escorpiônicos leves, apenas observação e analgesia por 6 a 12h 
Em casos moderados a graves: leucocitose com neutrofilia, hiperglicemia, hipocalemia, hiponatremia, 
aumento da CKMB e da amilase sérica; alterações eletrocardiográficas; aumento da área cardíaca e EAP. 
c) Qual o tratamento geral e o tratamento específico a ser instituído? 
- Orientação dos pais e da criança; 
- Analgesia sistêmica (dipirona ou morfina) e local  infiltração de lidocaína 2% sem vasoconstritor (1 a 2ml), 
até 3x, a cada 30-60min. 
Manifestações Classificação 
Leve Moderado Grave 
 Dor, eritema e 
parestesia 
locais, sudorese 
Alterações locais intensas + náuseas / 
vômitos / sialorréia / sudorese / 
agitação DISCRETOS, taquicardia e 
taquipnéia 
Alterações locais intensas + 
náuseas / vômitos / sialorréia / 
sudorese / agitação INTENSOS, 
prostração / convulsão / coma, 
bradicardia, ICC, EAP e choque 
Tempo de 
observação 
6 a 12 horas 24 horas UTI 
Soroterapia 
(SAE ou SAA) 
- 2-3 ampolas 4-6 ampolas 
 
3) J.B.S., 6 anos, sexo masculino, dá entrada no PA em companhia dos pais, que referem picada de aranha de jardim. 
Ao exame físico, você observa dor local e discreta hiperemia em região de 1º dedo da mão esquerda. A criança não 
apresenta sinais e sintomas de acometimento sistêmico. 
Diante o quadro, responda: 
a) Qual o provável agente responsável pelo acidente? 
Tarântula, caranguejeira e viúva negra (provocam dor discreta e não provocam sinais e sintomas sistêmicos) 
b) Deve-se fazer diagnóstico diferencial de acidentes provocados por quais aranhas, pela maior gravidade? 
Foneutrismo (muita dor e manifestação local) 
Loxoscelismo (ponto de necrose) 
c) Deve-se administrar algum soro específico? E quanto à vacina? 
Não é recomendada a administração de nenhum soro específico. 
Vacina: atualização da antitetânica. 
*Sempre que ocorrer um acidente com animal peçonhento, queimaduras ou trauma corto-contuso/perfuro-
cortante sempre cobrar a atualização da antitetânica (se > 5 anos da última dose)

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