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ATIVIDADE 6_ELABORAÇÃO DA PEÇA MEMORIAIS_Por Fábio Henrique

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA X VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE MANAUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: XXX 
 
 
Roberta, já qualificada nos autos do processo, através de seus procuradores ao final 
subscritos, vem respeitosamente à presença de V. Exa., nos termos do art. 404, §3º - CPP, 
apresentar 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
 
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
Das preliminares 
 
Requerer a nulidade dos atos processuais realizados durante a instrução 
probatória, ao passo que não foi oferecida proposta de suspensão condicional do processo. 
Conforme o art. 89 – Lei 9.099/1995, que caberá ao Ministério Público oferecer proposta de 
suspensão condicional do processo, nos termos doa art. 564,IV – CPP, , quando a pena 
mínima cominada ao delito for de até 01 ano, abrangidos ou não por esta Lei, preenchidos 
os demais requisitos legais, dentre os quais se destacam primariedade e a presença dos 
requisitos do art. 77 – CP. Têm-se também a necessidade de rejeição liminar da peça 
acusatória em virtude da ausência de interesse de ação, nos termos do art. 395,II – CPP. 
 
Dos fatos 
 
A acusada frequentava um curso preparatório para concursos na cidade de 
Manaus/AM. No dia 23 de fevereiro de 2016, ao final da aula resolveu comprar um café 
na cantina do então estabelecimento, tendo deixado seu notebook carregando na tomada. 
Ao retornar, retirou um notebook da tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, 
foi informada de que foi realizado registro de ocorrência na delegacia em seu desfavor, 
visto que as câmeras de segurança da sala de aula captaram o momento em que subtraiu o 
notebook da autora, sua colega de classe, que havia colocado seu computador para 
carregar em substituição ao da ré, o qual estava ao lado. 
 
No dia seguinte, antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem ou 
atitude da autoridade policial, a ré restituiu a coisa subtraída. Roberta foi indiciada pelo 
crime de furto simples, tipificado no art. 155, caput – CP. Durante a instrução, foi ouvida a 
autora que confirmou ter deixado seu notebook acoplado à tomada, mas que a ré o 
subtraíra, somente havendo restituição do bem com a descoberta dos agentes da lei. 
Também foram ouvidos os funcionários do curso preparatório, que disseram ter 
identificado a autoria a partir das câmeras de segurança. Foi juntada a folha de 
antecedentes criminais da ré sem qualquer outra anotação, o laudo de avaliação do bem 
subtraído que constatou seu valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o CD com as imagens 
captadas pela câmera de segurança. 
 
Do mérito 
 
a) Erro de Tipo, nos termos do caput do art. 20 – CP 
 
É evidente que a acusada subtraiu o computador de outra pessoa acreditando 
estar pegando algo que efetivamente lhe pertence. Nesta modalidade de erro, o agente 
pratica uma determinada conduta por entender equivocadamente que esta não 
caracterizaria nenhum tipo de infração penal, estando perfeitamente de acordo com os 
objetivos primários da norma no que tange a proteção dos bens jurídicos. Destarte, o 
agente pratica uma conduta acreditando fielmente que seus atos não configuram nenhum 
tipo de crime ou contravenção, quando de fato estes atos correspondem a uma definição 
normativa típica. O erro de tipo de essencial se subdivide em duas modalidades: evitável e 
inevitável. Contudo, em ambos os casos, o dolo estará eliminado. Como o crime imputado 
pelo MP à acusada foi de furto, nos termos do art. 155 – CP, que só admite elemento 
subjetivo do dolo, o qual requer a intenção e consciência de cometer o ato, em qualquer 
situação, sendo reconhecido o erro de tipo, o crime estará excluído. 
 
b) Oferecimento de suspensão condicional 
 
O sursis processual é aplicável ainda que o crime não seja considerado de menor 
potencial ofensivo, e não esteja submetido à alçada de competência do JECRIM, bastando 
que sua pena mínima seja igual ou inferior a 01 e que os demais requisitos presentes no 
art. 89 – Lei nº 9.099/1995, estejam presentes no caso concreto, o que de fato se manifesta. 
 
c) Reconhecimento do arrependimento 
 
Há a possibilidade de reconhecimento do arrependimento posterior, nos termos 
do art. 16 – CP, visto que a imputação constante na denúncia se refere a um crime 
praticado sem violência o u grave ameaça e que a acusada, por sua voluntariedade, 
restituiu o bem a pretensa vítima, antes do recebimento da denúncia, sem que este 
estivesse gravado de qualquer ônus ou dano. Assim cabe a redução de pena de 1/3 a 2/3. 
 
d) Atenuante genérica 
 
Na determinação da pena intermediária, deveria ser solicitado o 
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III, “d” – CP, 
assim como da menoridade relativa , uma vez que Roberta era menor de 21 anos na data 
dos fatos, conforme o art. 65, I – CP. Reconhecimento da atenuante genérica de ser o 
agente menor de 21 anos na data do fato, nos termos do art. 65, III, “b” e “d” – CP, visto 
que no dia seguinte a data da pretensa subtração, ao perceber o equívoco, a acusada 
procurou de forma voluntária e espontânea a pretensa vítima e devolveu o bem, além de 
ter confirmado a pratica de todos os atos perante a autoridade, indicando seu equívoco. 
Em caso de aplicação de pena privativa de liberdade, deveria ser requerida a substituição 
desta por restritiva de direitos, pois preenchidos os requisitos do art. 44 – CP. O regime 
inicia l de cumprimento de pena a ser buscado é o aberto. Possibilidade de início da pena 
em regime aberto, por estarem satisfeitos os requisitos constantes a o teor do art. 33, §20, 
“c” – CP. 
 
Dos pedidos 
 
Ante o exposto, requer Vossa Excelência digne-se de: 
a) Nulidade da instrução em decorrência da nulidade por omissão de formalidade 
essencial ao ato, nos termos do art. 564, IV – CPP, com oferecimento de proposta de 
suspensão condicional do processo nos termos do artigo art. 89 – Lei nº 9.099/1995; 
b) Absolvição do crime de furto, na forma do art. 386, III – CPP em decorrência da 
manifestação de erro de tipo; 
c) Aplicação da pena base no mínimo legal, por serem favoráveis todas as 
circunstâncias do art. 59 – CP; 
d) Reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa, pelo fato de ser a acusada 
menor de 21 anos à época do fato, conforme art. 65, I; da restituição voluntária do 
bem e confissão espontânea, conforme o art.65, III, “b” e “d” – CP; 
e) Aplicação da causa de diminuição do arrependimento posterior conforme art. 16 – 
CP; 
f) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos termos do 
art. 44 – CP. Não entendendo Vossa Excelência pela possibilidade de substituição 
da PPL por PRD na situação analisada, que seja decretada a suspensão condicional 
da pena, nos termos do art. 77 – CP; 
g) Aplicação do regime aberto, nos termos do art. 33, §2º, “c” – CP pela necessidade de 
efetivo cumprimento da pena privativa de liberdade. 
 
Nestes termos, 
 
Pede e Deferimento. 
 
 
Manaus, 29 de agosto de 2016 
 
 
Advogado (OAB/AM - ...)

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