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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP Pedro, nacionalidade, estado civil, Executivo, portador da Cédula de Identidade nº ..., portador do CPF nº ..., domiciliado e residente na Rua ..., Quadra ..., Bairro ..., Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, por meio do seu advogado que este subscreve, conforme procuração com poderes específicos em anexo, de acordo com o art. 41 e 44 do Código de Processo Penal, art. 30 do Código de Processo Penal e o art. 10, parágrafo 2º do Código Penal, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, ajuizar QUEIXA-CRIME Em face de Maria, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade nº ..., portador do CPF nº ..., domiciliado e residente na Rua ..., Quadra ..., Bairro ..., Cidade ..., Estado ... pelos fatos a seguir expostos. 1- DOS FATOS Em 22 de setembro de 2019, o autor Pedro comemorava seu aniversário e planejava uma reunião à noite com parentes e amigos em uma famosa churrascaria da cidade de São Paulo. Para convidar seus contatos, Pedro utilizou sua rede social, publicando um post alusivo à comemoração em seu perfil pessoal. Entretanto, a ré Maria, que também possuía perfil na mesma rede social e estava adicionada aos contatos do autor, tomou conhecimento da festa e, de seu computador pessoal em sua residência, decidiu publicar uma mensagem no perfil pessoal de Pedro com conteúdo difamatório e ofensivo. No referido post, Maria proferiu declarações injuriosas, acusando o autor de ser um "idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha" e alegando que o mesmo "trabalha todo dia embriagado" e já havia causado um incidente em seu local de trabalho. A mensagem ofensiva de Maria, publicada na rede social de Pedro, foi prontamente visualizada por este, causando-lhe profundo constrangimento e levando-o a cancelar a festa comemorativa. 2- TEMPESTIVIDADE No dia 22/09/2019, Pedro aproveitou a comemoração de seu aniversário para enviar um convite através das redes sociais da comemoração de seu aniversário em seu perfil pessoal nas redes sociais. Após o fato descrito acima, se deparou com diversas injurias e difamações proferidas pela sua vizinha e ex-namorada Maria. Em decorrência dos fatos, a festa deixou de ser realizada e no dia seguinte Pedro procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou todos os fatos a autoridade policial. Passados 5 meses, ou seja, fevereiro de 2020, Pedro iniciou os procedimentos para ajuizamento de queixa-crime contra a querelada por crimes contra a sua honra. Sabendo que conforme art. 38 do Código de Processo Penal discorre que “Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.”, o prazo para ajuizar ação criminal cabível é tempestiva. 3- COMPETÊNCIA O caso em tela o somatório das penas dos crimes dos artigos 138,139,140 do mesmo código penal, somados não ultrapassam a máxima estabelecida no artigo 61 da lei 9.099/05 entendendo-se nesse caso a competência do juizado especial criminal . Importante que se observe o entendimento jurisprudencial abaixo: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. VARA CRIMINAL E JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. CONCURSO MATERIAL DE INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. SUPERAÇÃO DO ENUNCIADO CRIMINAL DE Nº 120 DO FONAJE PELA ATUAL JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INCIDENTE CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Não obstante os Juizados Especiais possuam orientação jurisprudencial materializada no Enunciado Criminal de nº 120, no sentido de que "o concurso de infrações de menor potencial ofensivo não afasta a competência do Juizado Especial Criminal, ainda que o somatório das penas, em abstrato, ultrapasse dois anos", o Superior Tribunal de Justiça superou tal entendimento em recentes decisões colegiadas, para entender que o somatório das sanções cominadas aos delitos em concurso material, quando superarem dois anos, abstratamente, afasta a competência do Juizado Especial Criminal. 2. Conflito de competência conhecido e julgado improcedente.(TJ-AM - CC: 06219566320188040015 AM 0621956-63.2018.8.04.0015, Relator: Carla Maria Santos dos Reis, Data de Julgamento: 27/03/2019, Câmaras Reunidas, Data de Publicação: 28/03/2019) Logo, entende-se ser do Juizado Especial Criminal, a competência para dirimir o caso em apreço. 4- DO DIREITO 4.1- DO CRIME DE INJÚRIA É antiga a utilização do termo injúria, porém com acepção diversa da contemporânea. Na Roma antiga, injúria possuía sentido amplo, abarcando inclusive lesões físicas aos indivíduos. Observe o entendimento que traz a corrente doutrinária acerca do tema aludido: A idealização começou a ser refinada no direito germânico, assumindo sentido claro e autônomo apenas em 1810, com o Código Penal de Napoleão. A injúria refere-se ao atingimento da honra subjetiva dos indivíduos, isto é, sua autoestima, ou avaliação que cada qual faz de si próprio. A primeira previsão brasileira quanto ao crime de injúria ocorreu com o Código Criminal do Império (1830). Neste, a incriminação abrangia também aquilo que hoje se compreende como difamação. A seguir, essa formatação foi mantida no Código Penal Republicano (1890). A Lei de Imprensa de 1934, no geral, também manteve similar tratamento. SOUZA, Luciano. 19.1. Considerações iniciais - Capítulo 19. Injúria (art. 140) In: SOUZA, Luciano. Direito penal: arts. 121 a 154-B do CP. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 2019. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/direito-penal- arts-121-a-154-b-do-cp/1510686843. Acesso em: 20 de Setembro de 2023. Neste mesmo sentido tem decidido o Tribunal de Justiça do Pará, veja: PENAL E PROCESSO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA ORIGINÁRIA. QUEIXA-CRIME. INJURIA E DIFAMAÇÃO. ARTIGOS 139 E 140, C/C ART. 141, INC. III, TODOS DO CP. ÁUDIOS ENVIADOS VIA WHATSAPP POR PREFEITO MUNICIPAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 41, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. INOCORRÊNCIA DAS INVIABILIZANTES PROCEDIMENTAIS DO ART. 395, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. QUEIXA-CRIME RECEBIDA. DECISÃO UNÂNIME. 1. O julgamento de admissibilidade da queixa-crime se destina, única e exclusivamente, a verificar se a peça acusatória reúne os requisitos legais para a deflagração da persecução criminal. 2.Apresentando-se a queixa-crime formalmente perfeita, preenchendo os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal e estando ainda presentes as condições da ação, havendo indícios de autoria e materialidade dos crimes de difamação e injuria, o recebimento da peça acusatória é medida que se impõe. 3. A configuração do dolo, nos crimes contra a honra, depende de comprovação de circunstâncias factuais, só passíveis de verificação no curso do processo, após a submissão da peça acusatória ao contraditório. 4. Queixa-crime recebida. Decisão unânime.Tribunal de Justiça do Pará TJ-PA - Crimes de Calúnia, Injúria e Difamação de Competência d: XXXXX-45.2017.8.14.0000 BELÉM O crime de injúria, previsto no art. 140 do Código Penal, se configura pela prática da conduta de "injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro". Com efeito, para a caracterização do crime de injúria, é indispensável a identificação do elemento subjetivo do tipo específico, ou seja, a vontade consciente de ofender a Vítima. Em outras palavras, é preciso que, da conduta do agente, depreenda-se com clareza o intento de desprezar, menoscabar ou desrespeitar a Vítima. Quando houve a afirmação de que o querelante não passava de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha, é nítido que aconteceu o crime de injúria, o qual está previsto no art. 140 do CP, observe: Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Logo, conclui-se de fatoe com exatidão que a querelada praticou veementemente o crime de injúria, pelo qual deve ser responsabilizada criminalmente, pelos motivos já exposados acima. 4.2- DO CRIME DE DIFAMAÇÃO A conduta da ré Maria, ao publicar mensagens difamatórias no perfil pessoal do autor, configura o crime de difamação, previsto no artigo 139 do Código Penal Brasileiro, que assim dispõe: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. O Código Penal Brasileiro, em seu Capítulo V, aborda os Delitos Contra a Honra, destacando o delito de difamação, conforme a definição apresentada por MAGALHÃES NORONHA: “Difamação: é imputar a alguém fato não-criminoso, porém ofensivo a sua reputação (art. 13000). É, pois, como a calúnia ofensa à honra objetiva e, consequentemente, exige comunicação a terceiro. Dela difere, porque o fato determinado, atribuído a alguém, não é crime, ao revés do que sucede naquela, e também porque, exceção feita dos incisos do § 3.º do art. 138, na calúnia, a imputação há de ser falsa, o que não se dá com a difamação, que pode ser verdadeira” (Direito Penal, vol. 02, 13.ª ed., 100077, fls. 131). A dignidade social de Pedro foi gravemente abalada pelas infundadas e difamatórias acusações direcionadas a ele. Maria imputou ao autor fatos ofensivos à sua reputação, acusando-o de ser alguém irresponsável, bêbado e de trabalhar embriagado, o que claramente maculou sua honra e boa fama perante a sociedade. Ex positis, à luz do princípio da celeridade deste Juizado Especial, solicita-se o acolhimento da presente QUEIXA-CRIME contra a querelada, com base na imputação do crime de difamação. 5- DOS PEDIDOS Assim agindo, a querelada Maria praticou os delitos previstos nos art 139 e 140, art 141, III, do art 70 todos do código penal, razão pela qual requer o querelante: a- A designação de uma audiência preliminar ou de conciliação nos termos do art 399 CPP. b- A citação da querelada, conforme art 396 CPP e art 66 da lei 9099/95. c- O recebimento da queixa-crime. d- A oitiva das testemunhas arroladas, conforme art 78 § 3 da lei 9099/95. e- A procedência do pedido, com a consequente condenação da querelada nas penas dos art 139 e 140 cc o 141, III, do art 70 todos do CP. f- A fixação do valor mínimo de indenização nos termos do art 387, IV do CPP. Pede e aguarda deferimento, Local …, Data … Advogado… OAB…
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