Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO CEUMA – UNICEUMA REITORIA COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO NPJ – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS Autos nº.... DANIEL, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu advogado abaixo assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, apresentar seus MEMORIAIS, apoiados nas seguintes razões: 1. DOS FATOS Daniel, nascido em 02/04/1990, filho de Rita, empregada doméstica que trabalha na residência da família Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua genitora, que os donos da residência estariam viajando para comemorar a virada de ano, foi até o local, no dia 02/01/2010, e subtrai o veículo automotor dos empregadores de sua genitora, pois queria fazer um passeio com sua namorada. Desde o início, contudo, pretendeu apenas utilizar o automóvel para fazer um passeio pelo quarteirão e, depois, após encher o tanque de gasolina novamente, devolvê- lo no mesmo local de onde o subtraiu, evitando ser descoberto pelos proprietários do veículo. Ocorre que, quando foi concluir o que havia planejado, já na entrada da garagem para devolver o automóvel no mesmo lugar em que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais militares, que, sem ingressar na residência, perguntaram sobre a propriedade do bem. Ao analisarem as câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel, os policiais militares perceberam que Daniel havia retirado o carro sem autorização do verdadeiro proprietário. Diante disso, Daniel foi denunciado pela prática do crime de furto simples. Durante a audiência de instrução, os fatos acima relatados foram confirmados pelos depoimentos das testemunhas e do acusado. Ademais, foram juntados aos autos a folha de antecedentes criminais do UNIVERSIDADE DO CEUMA – UNICEUMA REITORIA COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO NPJ – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA acusado, o laudo de avaliação indireta do automóvel e o vídeo das câmeras de segurança da residência. O Ministério Público, em seus memoriais, requereu a condenação do acusado nos termos da Denúncia. 2. DO DIREITO Inicialmente, requer que seja extinta a punibilidade do fato em favor do acusado, visto haver prescrição da punibilidade, com fulcro nos art.109, IV c/c art.115, ambos CP, veja: Art. 109 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; (grifo nosso) Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nesta senda, a pena máxima aplicada para o caso é de 04 anos, o prazo prescricional seria de 8 anos, ocorre que o acusado era na data do fato era menor de 21 anos, assim sendo, o prazo prescricional será contado pela metade. Porém o fato ocorreu em 02/01/2010 e a denúncia foi oferecida em 18/03/2010 e desde então passaram-se 5 anos que não foi proferida sentença condenatória. Diante disso, a pena do réu já está prescrita. Do exposto, insta mencionar V. Eª, não haver tipicidade na conduta do acusado, uma vez que o mesmo não atuou com o necessário dolo para a configuração do delito de furto, art.155, CP, pois não tinha o dolo de ter a coisa para si ou para outrem. Seu interesse era, apenas de usar a coisa alheia e devolvê-la, sem qualquer prejuízo para o proprietário. Portanto, restando configurada a atipicidade da conduta do acusado, não há falar em crime, entendimento pacificado pela doutrina e pela jurisprudência. Com efeito, cumpre trazer a lume os regramentos insertos no art. 386, III do CP: Art.386 - O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: III – não constituir o fato infração penal; (grifo nosso) Conforme ex positis, o furto de uso praticado pelo réu não está enquadrado na tipificado penal e a demais, não houve ilícito civil, pois na hora de sua abordagem, estava o acusado devolvendo o bem no mesmo lugar e nas mesmas condições adquirida, não UNIVERSIDADE DO CEUMA – UNICEUMA REITORIA COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO NPJ – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA havendo assim dano ao bem jurídico tutelado. Subsidiariamente, caso V. Eª. não entenda da forma acima exposta, que seja a pena aplicada no mínimo legal, pois conforme súmula 444 do STJ, ações penais em curso não podem justificar antecedentes. Súmula 444 – STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. Na vertente caso, faz-se mister enaltecer que se deve reconhecer os antecedentes das menoridades e da confissão espontânea, conforme art. 65, I e III, “c” do CP, pois o réu na data do fato era menor de 21 e confessou o fato espontaneamente. Por fim, seja substituída a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direito, pois preenche os requisitos do art. 44, CP. 3. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer preliminarmente, que seja reconhecida a extinção da punibilidade do acusado, com força nos arts.109, IV e 115 do CP. Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer que seja reconhecida a absolvição do acusado visto ser um fato atípico; não entendendo assim V. Eª, ser caso de absolvição que a pena seja aplicada no mínimo legal, conforme disposto na súmula 444, os antecedentes não depõem contra o acusado, é preciso ser reconhecida as atenuantes da menoridade e da confissão espontânea e, por fim, que seja substituída a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direito, por questões de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. Florianópolis, 24 de julho de 2015. ADVOGADO... OAB... nº...
Compartilhar