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Celso Vasconcellos-Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs

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1 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
Para citar este texto: 
VASCONCELLOS, Celso dos S. Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs das Escolas Municipais. In: 
Coordenação do Trabalho Pedagógico - Volume 2. São Paulo: Libertad, 2017 (no prelo). 
 
Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs das 
Escolas Municipais 
Sumário 
I-PROCESSO DE (RE)ELABORAÇÃO DOS PPPS DAS ESCOLAS 2 
1.PPP na linha do Planejamento Participativo 3 
Qualidade Formal e Qualidade Política 3 
2.Resgatando o Conceito de PPP 4 
3.Processo de (Re)Elaboração 5 
Trabalho com os Gestores 5 
4.Fatores Dificultadores e Facilitadores 7 
II-MOMENTO ATUAL: SISTEMATIZAÇÃO DOS MARCOS REFERENCIAIS DAS ESCOLAS 
(DEZ. 2016) 8 
III-PERSPECTIVAS: AS CONCEPÇÕES POTENCIALIZANDO O TRABALHO DAS ESCOLAS E 
DA REDE 11 
1.Limite e Força das Palavras 11 
2.Depende de Nós! 12 
Zona de Autonomia Relativa 12 
Concluindo 13 
BIBLIOGRAFIA 14 
 
 
 
 
 
 
2 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
 
Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs das 
Escolas Municipais 
 
 Celso dos S. Vasconcellos1 
 
Conforme2 o processo educativo na Rede Municipal de Guarulhos/SP3 foi avançando, sentimos 
necessidade de explicitar mais nossas opções, sistematizar nossas práticas, nossos princípios 
educativos, enfim, o Projeto Político-Pedagógico (PPP). Em vários momentos, dava-nos conta de que a 
riqueza de caminhada da Rede e das Escolas contrastava com a limitada explicitação formal dos 
princípios. Investir na sistematização foi fundamental para balizar os avanços, para fazer a memória do 
sentido, num mundo tão fragmentado e alienante, assim como para servir de referência aos novos 
companheiros de trabalho que foram (e ainda serão) incorporando-se às escolas nas mais diversas 
funções. 
Entre o projeto da escola e o da rede de ensino há um movimento de mão dupla: a construção 
do Projeto da Rede embasa, referencia, revitaliza o Projeto da Escola. Ao mesmo tempo, o PPP da 
Escola alimenta, subsidia, concretiza o PPP da Rede. 
 
I-Processo de (Re)Elaboração dos PPPs das Escolas 
Procuramos reconhecer, desde o início do processo de (re)elaboração, as diferentes trajetórias 
(curriculum) dos educadores e das escolas, o que implicou múltiplas possibilidades de leitura, de 
diálogo e de construção. Esforçamo-nos para trabalhar de forma que que cada professor, cada 
educador —pessoal e coletivamente—, de alguma forma, se sentisse acolhido em sua realidade, seja 
em termos de dificuldades, angústias, desafios, quanto de compromisso, alegrias, conquistas, lutas e 
práticas inovadoras. 
Denominamos este movimento da Rede como “Processo de (Re)Elaboração dos Projetos 
Político-Pedagógicos das Escolas”. A presença do “(re)” justifica-se pelo fato de algumas escolas já 
terem seus PPPs sistematizados.4 
A imagem que usamos neste processo foi a da caravana (como nos apresenta o folclore da 
colonização americana). Na caravana, consegue-se identificar que há um coletivo que caminha junto, 
numa determinada direção. Só que tem gente lá na frente, tem gente no meio, outros mais para trás. 
Mas, todos fazem parte da mesma caravana. Alguns educadores tinham uma experiência vastíssima 
nesse campo: já tinham feito, refeito, já tinham assessorado, acompanhado o desenvolvimento de 
Projetos Político-Pedagógicos. Outros, tinham visto na faculdade, mas não tinham vivido ainda esse 
 
1.Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da 
Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos 
de graduação e pós-graduação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria 
Pedagógica. Foi consultor da SME de Guarulhos de 2002 a 2015. celsovasconcellos@uol.com.br 
www.celsovasconcellos.com.br 
2.Este texto foi escrito originalmente para compor a obra “Por uma Educação Democrática: Sistematizando as 
Concepções da Rede”, com a sistematização dos Marcos Referenciais das Escolas, primeira parte do processo de 
(re)elaboração dos Projetos Político-Pedagógicos das Escolas da Prefeitura de Guarulhos. 
http://www.guarulhos.sp.gov.br/sites/default/files/educacao_democratica_sistematizando_concep%C3%A7%C3%
B5es.pdf 
3.Em 2015, a Rede Municipal contava com aproximadamente (o movimento de expansão era constante) 139 
escolas, 116 mil alunos (25 mil atendidos em creches) e 6 mil educadores (Agentes de Desenvolvimento Infantil, 
Professores de Educação Infantil, Professores de Educação Básica–PEB, Coordenadores Pedagógicos e de 
Programas Educacionais, Diretores e Vice-diretores de Escola, Supervisores, Pedagogos e Psicólogos Escolares). 
4.Sabemos que, embora previsto de forma muita clara na legislação desde a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional de 1996 (Lei 9394/96), o Projeto Político-Pedagógico ainda é um mito em muitas escolas. 
 
 
3 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
processo de construção numa escola concreta. Havia, portanto, uma diversidade de situações na Rede. 
O interessante é que, embora cada escola tenha feito o seu movimento, de acordo com sua realidade, 
realizamos todos um grande movimento no conjunto das escolas. 
 
1.PPP na linha do Planejamento Participativo 
A observação da prática das escolas em geral revela que a questão não é ter um projeto escrito; 
isto é até relativamente fácil. Mas um projeto incorporado, internalizado pelos membros da comunidade, 
com sentido pessoal, pois só assim será vivenciado, o que possibilitará a internalização ainda mais 
profunda (ciclo virtuoso). 
Desde o começo da (re)construção dos PPPs das escolas da Rede insistimos naquela metáfora 
que o prof. Danilo Gandin costuma utilizar: a do Moinho (instrumento teórico-metodológico) e do Grão (o 
conteúdo, as contribuições concretas). O nosso papel, enquanto Secretaria de Educação, enquanto 
Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas (DOEP), não era dar o grão, o conteúdo do 
PPP. O grão deveria ser dado pelo coletivo de cada escola, de acordo com a sua realidade. A 
Secretaria entrou com o moinho, com a proposta metodológica baseada no Planejamento Participativo. 
Foi um instrumento oferecido. Logo de início foi colocado o objetivo de, no final de 2013, publicar os 
projetos no site da Prefeitura. Se quisesse, a escola poderia escolher outra metodologia. O importante 
era o processo coletivo de (re)construção. 
O percurso concreto que se faz, o modelo que se segue, o método que se utiliza, pode ser 
diferente, mas, qualquer que seja o instrumento, o Projeto deve contemplar três dimensões básicas, 
próprias de qualquer processo rigoroso de planejamento: Projeção de Finalidade, Análise da Realidade 
e Formas de Mediação. No nosso caso, denominamos estas três partes, respectivamente, Marco 
Referencial, Diagnóstico e Programação. 
 
Qualidade Formal e Qualidade Política 
Dada a relevância do Projeto, devemos primar pela qualidade de sua elaboração. Esta qualidade 
tem duas vertentes principais: a Qualidade Formal, que corresponde ao rigor teórico-metodológico da 
elaboração, e a Qualidade Política que diz respeito à participação, ao grau de envolvimento e 
compromisso na elaboração e na realização do PPP. 
. Em algumas escolas, observamos uma boa vontade muito grande, um bom nível de 
participação da comunidade, porém um ferramental metodológico confuso. Por outro lado, há 
instituições que dispõem de ferramentas sofisticadas de planejamento, mas estas ficam nas mãos de 
poucos, de especialistas. As duas vertentes da qualidade são necessárias quando pensamos num 
projeto com caráter libertador. 
Em princípio, todos os que estão envolvidos no processo educativo escolar deveriam participar, 
portanto, desde professores, funcionários,equipe diretiva, alunos e pais, até a comunidade ao redor da 
escola. Na metodologia do participativa a construção do projeto vai se dar a partir da contribuição de 
cada um, uma vez que cada sujeito envolvido no processo tem a oportunidade de responder as 
perguntas no seu papelzinho. Quanto maior a participação, maior a probabilidade de que de fato as 
coisas venham a acontecer, “saiam do papel”. Por outro lado, maiores as dificuldades para gerir a 
construção, desde o desafio de local para reunir as pessoas, até a grande quantidade de material a ser 
sintetizado 
Muitas vezes, no processo de planejamento, a 
participação não é valorizada. Parece que o que importa é 
chegar a um “bom plano” que dê conta de enfrentar os 
problemas. Ocorre que uma condição indispensável para que 
um plano seja bom é que seja do(s) sujeito(s) que planeja(m) e 
 
 
4 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
não um chip implantado. O viés tecnicista (e autoritário) entende que fazer plano é seguir determinados 
procedimentos técnicos, portanto, coisa de “especialistas”; aos demais caberia seguir o que os 
“iluminados” decidiram. Depois, não sabem porque não funciona... 
Esta abertura à participação coletiva pode parecer pouco, mas sabemos que a construção da 
democracia é um grande desafio. Na vida humana concreta, é extremamente difícil a questão das 
relações de poder. Frequentemente, podemos lembrar do mito da criação, com o assim chamado 
“pecado original”: “Sereis como deuses”. Parece que esta é, com efeito, a grande tentação que 
acompanha os seres humanos: cada um de nós, de forma mais ou menos sutil ou consciente, tende a 
sentir-se como o portador por excelência da verdade que, “naturalmente”, precisaria ser seguida pelos 
demais, sob pena de o avanço, de o progresso não vir (os “iluminados” na frente e os “pobres mortais” 
atrás...). Muitas vezes, criticamos o autoritarismo do outro até o momento em que assumimos uma 
posição onde temos condições de exercer de forma mais eficaz o poder. A ordem ou determinação que 
passamos a estabelecer, como que por um passe de mágica, deixa de ser autoritária, por estar eivada 
de “busca do bem comum”, de “compromisso com o grupo”, etc. Paulo Freire nos alertava claramente 
sobre isto na Pedagogia do Oprimido: o oprimido acaba hospedando o modelo do opressor. Por outro 
lado, em algumas tentativas de se romper este modelo autoritário, acaba-se caindo na postura frouxa, 
espontaneísta, omissa, do vale tudo: o dirigente não impõe seu ponto de vista, mas também não se 
posiciona... O que buscamos é uma superação por incorporação (que preserva a tensão dialética entre 
a necessidade de direção e a necessidade de participação) destas posturas equivocadas. 
 
2.Resgatando o Conceito de PPP 
O Projeto Político-Pedagógico (PPP), antes de tudo, é uma espécie de Carta de Princípios onde, 
coletivamente, é expressa uma matriz axiológica, um conjunto de valores básicos que deve orientar as 
práticas, a maneira de ser da escola. A questão dos valores é absolutamente fundamental, uma vez que 
não é possível pensar-se com rigor a existência humana sem um conjunto de valores de referência. 
Pode-se questionar a relevância dos valores assumidos, sua consistência ou seu grau de coerência, 
mas não sua presença na vida concreta das pessoas. Valor é um fim, algo para o qual a ação humana 
pode e deve se dirigir, aquilo que “vale a pena”; valor é o que dá sentido à atividade e, no limite, à vida. 
PPP é o plano global da instituição, a referência maior de todas as atividades que se dão na 
escola. É a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se 
objetiva e se aperfeiçoa na caminhada, a partir de uma clara intencionalidade (Marco Referencial), de 
uma leitura crítica da realidade (Diagnóstico), e da definição da ação educativa que se vai realizar 
(Programação), para diminuir a distância entre o que desejamos e o que estamos sendo. 
O Projeto Político-Pedagógico, portanto, é a sistematização das opções, da visão de realidade, 
dos valores, do horizonte compartilhado, bem como das ações a serem desencadeadas para realizá-lo 
a partir da realidade em que a escola se encontra. É uma espécie de “carteira de identidade” da escola, 
só que não estática ou formal, mas viva, dinâmica, sendo constituída por finalidades, leitura de 
realidade e planos de ação. É um elemento de organização e integração da atividade prática da 
instituição no processo de transformação, na medida em que expressa o compromisso do grupo com 
uma determinada caminhada. 
O PPP é também uma espécie de “carta de garantia” para o aluno (e sua família), pois, com ele 
em mãos, pode questionar a coerência de cada prática da instituição (assim como pode ser 
questionado!). 
 Enquanto o grande “guarda-chuva”, o PPP é referência para todos os outros projetos e práticas 
no interior da escola. Deve ficar claro que é um documento específico, não sendo a “somatória”, a 
justaposição de vários projetos (da direção, da coordenação, da formação, dos professores, etc.). 
 
 
 
5 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
3.Processo de (Re)Elaboração 
Não há, certamente, uma “receita” para a construção do PPP. Porém, de acordo com a 
concepção de projeto que se assume, existe um direcionamento para sua elaboração. Na Rede 
Municipal de Educação de Guarulhos adotamos, desde o processo de elaboração do PPP da Rede (de 
forma mais sistematizada na construção do Quadro de Saberes Necessários-QSN, em 2009, e do 
Caderno de Orientações sobre o Processo Avaliativo, em 2012) a perspectiva do Planejamento 
Participativo. 
A estrutura básica do Projeto Político-Pedagógico, na linha do Planejamento Participativo, é 
composta por três grandes partes: 
A)Marco Referencial: o ideal (Para onde queremos ir? ) 
B)Diagnóstico: o real (A que distância estamos do nosso ideal? ) 
C)Programação: a mediação (O que fazer para diminuir esta distância?) 
A elaboração se deu de uma parte por vez (p. ex., só iniciamos a construção do Diagnóstico 
depois de concluída a etapa do Marco Referencial). 
A matéria prima para a construção do projeto em cada escola veio das respostas dos 
participantes às perguntas elaboradas sobre as dimensões essenciais a serem contempladas pelo 
projeto. 
Primeiro, escolhemos junto com os gestores as dimensões (ex.: concepção de sociedade, de ser 
humano, de educação, metodologia de trabalho em sala de aula, avaliação, disciplina, trabalho coletivo 
—Hora-Atividade—, formas de participação dos alunos, formas de participação da comunidade, perfil do 
professor, perfil da direção, perfil dos colaboradores, etc.). 
Estas dimensões foram transformadas em perguntas (ex.: Que ser humano desejamos formar 
em nossa escola? Que princípios, critérios e valores desejamos para disciplina em nossa escola? etc.). 
Os participantes na escola foram convidados a responder individualmente (e sem se identificar). 
O critério orientador aqui era o de máxima dedicação. 
As respostas foram sistematizadas por comissões formadas na escola, com o critério de máxima 
fidelidade às respostas individuais. Produziu-se um texto, então, que foi estudado e depois foi a 
plenário, onde foi debatido, alterado, até se chegar a um consenso. 
Este movimento (resposta individual, síntese e plenário) foi feito três vezes (para elaborar o 
Marco Referencial, o Diagnóstico e a Programação). 
Quando se consegue a articulação entre o que se quer (Marco Referencial), o que se tem 
(Diagnóstico) e o que se vai fazer para diminuir esta distância (Programação/Plano de Ação), o Projeto 
Político-Pedagógico torna-se um efetivo instrumento de gestão escolar, fazendo enorme diferença por 
ajudar a fazer diferente. 
 
Trabalho com os Gestores 
 O trabalho com os gestores mais diretamente relacionado à (re)elaboração dos PPPs das 
escolas teve início em março de 2013, envolvendo diretores e professores coordenadores pedagógicos, 
e membros do Departamentode Orientações Educacionais e Pedagógicas (DOEP) e Supervisão 
Escolar. Em muitos encontros contamos com a presença do Secretário de Educação, bem como de 
diretores de outros Departamento da SME. 
Deve-se destacar que a temática do PPP da Escola já vinha sendo proposta, há muito, nos 
textos “Planejamento das Escolas Municipais de Guarulhos”, enviados às escolas como subsídio para a 
semana de planejamento no início do ano letivo. 
Num primeiro momento, de sensibilização, foram apresentadas aos gestores as finalidades 
gerais do processo: 
Contribuir com o avanço da Qualidade Social da educação em nossas escolas 
Possibilitar a reflexão crítica e coletiva sobre o sentido do trabalho da escola 
 
 
6 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
Favorecer o envolvimento dos professores com o trabalho pedagógico 
Contribuir no processo de formação de gestores, professores coordenadores pedagógicos, 
professores, demais profissionais da escola, comunidade escolar 
Fortalecer a gestão democrática na escola 
Diminuir a rotatividade dos educadores (e, consequentemente, a evasão de alunos) 
Disponibilizar instrumento metodológico de referência para ajudar a mediar conflitos na escola 
Favorecer o resgate e a sistematização da cultura pedagógica da escola 
Possibilitar a tomada de consciência da Zona de Autonomia Relativa da Escola, sua ocupação 
e ampliação. 
 A partir disto, fizemos um conjunto de questões aos gestores visando um levantamento da 
realidade das escolas em relação ao PPP. As respostas deveriam ser dadas individualmente: 
Questões sobre PPP (dúvidas, pontos que gostaria de aprofundar) 
A partir de seu conhecimento, de sua vivência em termos de PPP, que 
orientação/recomendação/sugestão/dica daria aos colegas gestores? 
Qual a situação do PPP de sua escola? 
Que Dimensões você sugere para o Marco Operativo? 
Além dos encontros presenciais com os gestores, preparamos também subsídios teórico-
metodológicos. Assim, foram publicados três “Cadernos de Orientação Metodológica”, relativos a cada 
uma das partes do PPP, mais textos de apoio. As escolas contavam também a visita periódica da Dupla 
de Acompanhamento, constituída por um membro da equipe do DOEP e um membro da equipe de 
Supervisão Escolar. Isto sem contar a disponibilidade do DOEP e da Supervisão para atendimento por 
e-mail ou telefone, e o e-mail do próprio consultor. 
Nos encontros presenciais, feitos pela manhã, tarde e noite para poder atingir a todos, além dos 
esclarecimentos de dúvidas sobre o processo de construção, das orientações teórico-metodológicas 
relativas às próximas etapas, procuramos sempre reservar espaços ou encontros inteiros para a troca 
de experiências entre os gestores. Incentivamos também a partilha entre eles por regiões, pela 
facilidade do encontro e pela peculiaridade da realidade local. 
Tivemos ainda encontros de formação destinados a representantes da comunidade escolar, 
onde foram apresentados o sentido geral e a metodologia de trabalho para a (re)construção do PPP da 
Escola. 
Foram realizadas muitas reuniões do DOEP para acompanhamento do processo como um todo. 
Também realizamos encontros de alinhamento com a Supervisão Escolar. 
 Nas escolas, muitas iniciativas precisaram ser tomadas, como por exemplo: 
Constituir a Equipe de Coordenação do Processo de (Re)Elaboração do PPP da Escola 
(incluindo Professores) 
Decidir quem seriam os Participantes Diretos deste processo (além dos professores, 
funcionários, gestores e membros do Conselho Escolar que eram como que membros natos) 
Fazer trabalho de sensibilização na escola 
Decidir as Dimensões que a escola iria trabalhar; verificar ainda se havia necessidade de 
adequar a linguagem para que ficasse bem claro do que está se falando 
Preparar as folhas para as Respostas Individuais (com as questões já escritas) 
Definir data(s) para Início da elaboração. 
 Quem participa da construção do PPP deve ter uma compreensão geral do processo. Todavia, 
quem coordena deve dominar muito bem a metodologia, para não comprometer a boa qualidade da 
participação. 
 No momento em que as equipes faziam na escola a sistematização das respostas individuais 
dos participantes, fizemos oficinas utilizando respostas que pareceram problemáticas para a escola 
(sem citar a escola), visando capacitar os gestores para orientarem a delicada tarefa de sistematização. 
 
 
7 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
 O processo de formação dos gestores para a elaboração do PPP da Escola teve início, como 
dissemos, em março de 2013 e foi até novembro de 2014, contemplando as três partes do Projeto: 
Marco Referencial, Diagnóstico e Programação. A construção do Diagnóstico, do ponto de vista 
metodológico, foi facilitada porque a metodologia foi a mesma da do Marco Referencial: sensibilização, 
resposta individual, sistematização, estudo do texto e plenário. O mesmo vale para a Programação. 
 No dia 5 de dezembro de 2013, a Rede Municipal teve uma “Parada da Rede” para o Plenário 
final onde, digamos assim, a escola deveria “bater o martelo”, concluir o consenso sobre as redações do 
Marco Referencial. 
 Em 2014 os primeiros Marcos Referenciais de algumas escolas, depois da revisão e do diálogo 
DOEP-Escola quando necessário, começaram a ser publicados no site da Prefeitura de Guarulhos. 
 Durante o primeiro semestre de 2014, foram realizadas formações com os gestores sobre o 
Diagnóstico, e desencadeada sua elaboração pelas escolas. No final do semestre houve mais um “Dia 
de Parada” da Rede para fechar o Diagnóstico. Ficou estabelecido junto com os gestores que o 
Diagnóstico seria publicado apenas na escola e não no site de Prefeitura, a fim de que a comunidade 
escolar ficasse bem à vontade para trazer à tona seus avanços, mas também seus limites e 
contradições. 
No segundo semestre, foi a vez da Programação, sendo que sua elaboração estendeu-se, em 
algumas escolas, até 2015. 
O ano de 2015 foi o de implementação do PPP no chão da escola. 
Em 2016, as Programações das Escolas foram também publicadas no site da Prefeitura. 
 
4.Fatores Dificultadores e Facilitadores 
 Procurando fazer um balanço geral do processo de (re)elaboração dos Projetos Político-
Pedagógicos das Escolas da Rede Municipal de Educação de Guarulhos, apontamos, na sequência, 
fatores que contribuíram para sua concretização, bem como fatores que dificultaram. Dado o caráter 
contraditório do real, um mesmo fator pode aparecer tanto como facilitador quanto dificultador, seja por 
suas diferentes intensidades, seja por suas presenças em diferentes contextos da Rede. 
 
Fatores Dificultadores 
Tempo escasso para a construção do PPP: a escola teve de dar conta do processo com 
pouquíssimos tempos adicionais à sua rotina. A imagem que várias vezes surgiu nos encontros foi 
aquela do “ter de trocar o pneu com o carro andando” 
Dificuldade para o encontro dos educadores dos diferentes períodos de funcionamento da 
escola; muitas escolas ainda tinham o período intermediário (das 11 às 15h.) 
Complexidade do processo de construção do PPP 
Rotatividade dos professores, e mesmo de diretores e professores coordenadores 
Sobrecarga dos gestores para coordenar o trabalho em escolas agrupadas (duas escolas com 
uma só equipe de gestão) 
Pouco envolvimento de alguns, o que se revelou, por exemplo, em faltas em dia de atividade 
específica relacionada ao PPP, resposta em branco ou sucintas demais, empobrecendo e dificultando o 
trabalho de sistematização 
Pressa por parte de alguns professores de chegar ao que fazer, à Programação, não dando o 
devido valor ao Marco Referencial e ao Diagnóstico 
Falta de leitura individual da sistematização antes dos momentos coletivos de discussão 
Indisponibilidade de recursos para remunerar professores que se envolveram no trabalho de 
sistematização das respostas individuais na escola 
Casos de centralização do processo pela direção ou coordenação pedagógicaHorários de trabalho coletivo na escola poucos favoráveis à presença dos pais 
 
 
8 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
Pouca resposta dos pais em termos de participação 
Dificuldade em articular as agendas dos educadores do DOEP e da Supervisão Escolar para 
as visitas da Dupla de Acompanhamento 
Sobrecarga de trabalho das equipes do DOEP encarregadas de fazer a revisão final em 
diálogo com a escola, o que provocou atrasos na publicação do Marco Referencial no site da Prefeitura 
No Diagnóstico, no momento de identificar as Necessidades, algumas escolas não explicitaram 
necessidades em determinadas dimensões, outras simplesmente julgaram que não tinham 
necessidades, e muitas só conseguiram apontar necessidades dos outros (família, sociedade, 
secretaria, etc.), sem se implicarem (“Diagnoutro”) 
Forma dicotômica de pensar (ou isto, ou aquilo, de forma excludente), o que dificultou o 
diálogo em algumas plenárias. 
 
Fatores Facilitadores 
Formação presencial com gestores sobre o processo de (re)elaboração do PPP (encontros 
mensais, realizados nos períodos da manhã, da tarde e da noite) 
Oficina com gestores com a metodologia do Planejamento Participativo (aprender fazer 
fazendo) 
Utilização da Hora-Atividade como espaço para construção coletiva do PPP 
Aproveitamento por algumas escolas de parte do tempo do Conselho Participativo de Classe e 
Ciclo (CPCC) para envolvimento da comunidade na construção do PPP 
Publicação dos “Cadernos de Orientação Metodológica” para a construção do Marco 
Referencial, do Diagnóstico, e da Programação, respectivamente, além de textos de apoio 
Partilha de experiências entre os gestores 
Presença de alguns professores, membros das equipes de sistematização das escolas, nos 
encontros dos gestores com o DOEP 
Uso de parte do tempo do replanejamento da escola do meio do ano para a construção do 
PPP 
Dia de Parada da Rede 
Experiência anterior, no âmbito da Rede, com o Planejamento Participativo (construção do 
Quadro de Saberes Necessários-QSN e do Caderno de Orientações sobre o Processo Avaliativo) 
Continuidade da política pública para a educação municipal 
Continuidade da consultoria pedagógica durante o processo de (re)elaboração 
Participação da comunidade 
Disponibilidade dos professores para participarem das equipes de sistematização 
Presença nas escolas das Duplas de Acompanhamento DOEP e Supervisão Escola 
Apoio dos vários Departamentos da SME 
Disponibilidade do DOEP e da Supervisão para esclarecer e orientar as escolas durante o 
processo de construção 
Publicação dos Marcos Referenciais das Escolas no site da Prefeitura, dando visibilidade e 
valorizando o trabalho das escolas 
Formação continuada dos professores coordenadores pedagógicos (Saberes em Rede) 
Encontro com representantes da comunidade das escolas para sensibilização em relação ao 
processo de (re)elaboração dos PPPs das Escolas. 
 
II-Momento Atual: Sistematização dos Marcos Referenciais das 
Escolas (dez. 2016) 
Os sonhos nunca são perdidos. Eles significam o que há de melhor na 
vida dos homens e dos povos. Perdidos são os céticos que escondem sob 
uma ironia fácil a sua impotência para compreender e agir. 
 
 
9 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
 Bento de Jesus Caraça (1901-1948) 
 
 O Marco Referencial, como apontamos, é a tomada de posição da escola em relação à sua 
identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o ‘rumo’, o horizonte, a 
direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia, das ciências. 
Implica, portanto, opção e fundamentação. 
 Este documento, que estamos chamando de “Sistematizando as Concepções da Rede”, traz a 
sistematização dos Marcos Referenciais das Escolas, que é a primeira parte do PPP e que foi por onde 
iniciamos o processo. Esta sistematização possibilita revisitar futuramente o Marco Referencial da Rede 
e enriquecê-lo. 
 O critério fundamental para esta tarefa de sistematização foi o de máxima fidelidade aos MRs 
das escolas. 
 
Marco Referencial 
 O Marco Referencial é composto de três submarcos, certamente inter-relacionados, mas cada um 
tendo sua especificidade: 
 I-Marco Situacional: realidade em geral. É um olhar do grupo que planeja sobre a realidade em 
geral (aspectos sócio-político-econômico-cultural-educacionais): como a vê, quais seus traços mais 
marcantes, os sinais de vida e de morte. É, portanto, o momento da análise da realidade mais ampla na 
qual a instituição está inserida. É importante por situar, dar todo o pano de fundo, os elementos 
estruturais que condicionam a instituição e seus agentes. Este Marco traz uma visão geral da realidade; 
é claro que a escola faz parte da realidade como um todo, mas neste momento não se trata de uma 
análise concreta da instituição (essa análise mais próxima foi feita posteriormente no Diagnóstico), ou 
de proposições do que deve ser feito (isto constou posteriormente, quando foi o caso, na 
Programação). 
 Na formação com os gestores, alertamos bastante para a peculiaridade do Marco Situacional: 
ele é o único no Marco Referencial que não corresponde ao ideal e sim a uma visão da realidade. 
 II-Marco Filosófico: ideal geral. Corresponde à direção, ao horizonte maior, ao ideal geral da 
instituição (horizonte global desejado). É a proposta de sociedade, pessoa e educação que o grupo 
assume. Aqui são expressas as grandes opções do grupo (utopia-fim). Contém os critérios gerais de 
orientação da instituição. 
 III-Marco Operativo: ideal específico (princípios, critérios e/ou valores). Expressa o ideal específico 
da escola. É a proposta dos Princípios, Critérios e/ou Valores de ação para os diversos aspectos 
relevantes da instituição, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos ser (utopia-fim). É a utopia-
meio. Os Princípios, Critérios e/ou Valores apontam as grandes opções em relação à prática (seja 
pedagógica, comunitária ou administrativa) da escola (em cada dimensão específica do Marco 
Operativo). Como numa viagem, os Princípios, Critérios e/ou Valores correspondem ao destino, ao para 
onde queremos ir, à direção que queremos seguir, e/ou às grandes opções em relação à maneira que 
desejamos caminhar. Não são nem o caminho concreto (as mediações, que aparecem na 3ª parte do 
PPP, a Programação), nem o ponto de partida (a 2ª parte, o Diagnóstico). 
Se temos determinadas finalidades para a escola, se desejamos construir determinada 
sociedade, ajudar a formar determinado perfil de ser humano, que direção (princípios, critérios e/ou 
valores) nossas práticas pedagógicas/comunitárias/administrativas devem seguir? Um determinado 
desejo em relação ao ser humano que queremos ajudar a formar, por exemplo, pode ficar totalmente 
comprometido, inviabilizado, se certas mediações, não coerentes com este fim maior, forem realizadas 
(ex.: queremos formar uma pessoa solidária, mas as práticas pedagógicas da escola são pautadas no 
individualismo, na competição, na prática da indiferença em relação ao outro...). 
Fazemo-nos por nossa atividade, e como esta atividade não é previamente programada, 
precisamos a cada instante fazer opções, o que implica a necessidade de critérios para balizar a 
escolha. 
 
 
10 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
 
Dimensões do Marco Referencial 
 A escolha das dimensões (áreas temáticas, eixos) de cada marco foi da maior importância, pois 
nossa atenção na elaboração ia ser dirigida por estas dimensões. O Diagnóstico assim como a 
Programação foram feitos em cima das dimensões escolhidas para o Marco Operativo. 
 
Marco Perguntas 
Marco 
Situacional 
1. Como vemos o mundo hoje? 
Marco 
Filosófico 
2. Que Sociedade desejamos construir? 
3. Que Ser Humano desejamos ajudar a formar? 
4. Que Finalidade desejamos para nossa escola? 
Marco 
Operativo 
5. Como desejamos o Trabalho com o Quadro de Saberes Necessários(QSN)/Proposta 
Curricular em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
6. Como desejamos os Tempos e Espaços em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
7. Como desejamos a Metodologia de Ensino em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
8. Como desejamos a Relação Professor-Aluno/Disciplina em nossa escola? (princípios, 
critérios, valores) 
9. Como desejamos a Avaliação da Aprendizagem em nossa escola? (princípios, critérios, 
valores) 
10. Como desejamos a Hora-Atividade em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
11. Como desejamos o Trabalho com a Inclusão em nossa escola? 
12. Como desejamos o Perfil dos Professores em nossa escola? (princípios, critérios, 
valores) 
13. Como desejamos o Perfil do Professor Coordenador Pedagógico em nossa escola? 
(princípios, critérios, valores) 
14. Como desejamos o Perfil da Direção em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
15. Como desejamos o Perfil dos Demais Profissionais em nossa escola? (princípios, 
critérios, valores) 
16. Como desejamos as Relações Interpessoais em nossa Escola? (princípios, critérios, 
valores) 
17. Como desejamos a Participação e Organização dos Alunos em nossa escola? 
(princípios, critérios, valores) 
18. Como desejamos a Participação da Família em nossa escola? (princípios, critérios, 
valores) 
19. Como desejamos a Participação da Comunidade em nossa escola? (Conselho de 
Escola, CPCC) (princípios, critérios, valores) 
20. Como desejamos a Estrutura e Organização da nossa escola? (princípios, critérios, 
valores) 
21. Como desejamos o Relacionamento entre as diferentes Modalidades de Ensino 
existentes em nossa escola? (princípios, critérios, valores) 
22. Como desejamos o Relacionamento de nossa escola com outras Escolas da Prefeitura? 
(princípios, critérios, valores) 
23. Como desejamos o Relacionamento de nossa escola com a Secretaria Municipal de 
Educação? (princípios, critérios, valores) 
 
Ao analisamos agora este texto de sistematização das concepções, é possível apontar 
limitações, pontos que poderiam estar mais bem explicitados ou elaborados. Isto é compreensível, seja 
porque estamos em processo, isto é, desde o momento em que fechamos o documento na escola já 
avançamos na nossa maneira de ver o mundo, seja porque enquanto estamos no plano abstrato, a 
idealização pode correr solta, ao passo que ao colocar no papel temos de fazer apostas, que são 
intrinsecamente limitadas (sem contar o fato de que, em função da vocação ontológica de ser mais, as 
necessidades são sempre maiores do que as capacidades imediatas para satisfazê-las). Além disto, 
devemos considerar a enorme dificuldade de se produzir síntese (este documento) de sínteses (os 
PPPs das escolas). 
 
 
 
11 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
III-Perspectivas: as Concepções Potencializando o Trabalho das 
Escolas e da Rede 
 Há uma máxima no campo do planejamento que é corretíssima: “Planeja quem faz!”. Isto 
significa que outros não devem planejar aquilo que vamos fazer, nem nós planejarmos para que outros 
executem. Um dos erros mais clássicos é esse de o “planejamento” ser para o outro, “para o papel”, o 
PPP ser feito simplesmente para cumprir uma exigência da lei ou da mantenedora. 
 O Projeto Político-Pedagógico da Escola não tem “poderes mágicos”, mas é um importantíssimo 
instrumento de luta! 
 
1.Limite e Força das Palavras 
Sabemos que alguns educadores podem desqualificar todo este processo, tratar com desdém o 
Projeto Político-Pedagógico, entender tudo isto como “blábláblá”: “é tudo teoria”, “o papel aceita 
qualquer coisa”, “colóquio flácido para acalentar bovinos” (conversa mole para boi dormir). 
Efetivamente, sabemos que existem diferentes modalidades de produção escrita, e que, ao longo de 
sua experiência, desde o tempo da formação acadêmica, o professor muito provavelmente deparou-se 
com textos de qualidade duvidosa, tanto do ponto de vista do rigor teórico-metodológico (por exemplo, 
textos frutos de modismos, fragmentados, descontextualizados, de autores que nunca se sensibilizaram 
ou mesmo pisaram numa escola pública, sem contar os de “autoajuda pedagógica”, sem 
fundamentação alguma, a não ser a “inspiração do autor”, etc.), quanto da intencionalidade política 
(textos alienados, alienantes, com finalidade de apontar problemas nos docentes como estratégia de 
responsabilizá-los exclusivamente pelo fracasso da escola e fragilizá-los enquanto categoria, etc.). 
Portanto, a atitude crítica é fundamental. Ocorre que em alguns colegas parece ter-se instalado aquele 
“anticorpo” tipo “não li e não gostei”, qual seja, o fechamento a qualquer de elaboração escrita. 
Uma das funções básicas do PPP é a produção de sentido: afinal de contas, o que estamos 
fazendo aqui na escola, qual a finalidade maior de nosso trabalho, que ser humano desejamos formar, 
como vemos a realidade, o que vamos fazer para alcançar nossos objetivos? A atribuição de sentido é 
uma das necessidades humanas mais radicais. Viver num mundo que faça sentido é a grande busca do 
ser humano. Poderíamos dizer que, como seres incompletos, de falta, temos muitas fomes —afeto, 
justiça, beleza, transcendência—, além da fome de comida e de palavra. Rubem Alves, fazendo esta 
articulação, diz que precisamos de palavras para comer. Desde muito cedo, cada ser humano, inserido 
no universo social, busca atribuir sentido ao mundo em que vive. O comportamento típico da inteligência 
é o de atribuir sentido. Como nos diz prof. Oswaldo Giacóia Junior, o insuportável não é a dor, mas a 
falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido. O Projeto, ao articular Projeção de 
Finalidades (Marco Referencial), Análise da Realidade (Diagnóstico) e Plano de Ação (Programação), 
possibilita que os educadores atribuam sentido ao conjunto de suas práticas. 
As palavras são limitadas e contraditórias. Só que por detrás de toda prática (ou inação) sempre 
há uma justificativa, uma teoria, uma concepção. Que concepção irá pautar nossa prática? Vamos 
tomar consciência e optar, ou seguir reproduzindo mecanicamente? Temos conhecimento dos níveis de 
consciência? Na prática, a teoria é aquela que de fato internalizamos, e não necessariamente aquela 
que temos afinidade 
Superemos a eventual ingenuidade: algum projeto sempre seguimos, em função de nossa 
característica de seres simbólicos, semióticos, teleológicos. Se não está explicitado, se não foi 
construído coletivamente, há um sério risco de termos práticas reprodutoras espontaneístas, miméticas 
ou impostas autoritariamente. 
 
 
 
12 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
2.Depende de Nós! 
Um aspecto que deve ficar muito claro para a comunidade escolar é que a elaboração do PPP 
não é ponto de chegada e sim ponto de partida: será preciso muito empenho e compromisso para 
colocá-lo em prática. Não tem “vida própria” (não se pode transformar PPP em fetiche) É um 
instrumento e, como qualquer instrumento, sua eficácia dependerá do uso que dele se faz. Isto é 
importante para não gerar grande frustração depois se as coisas não acontecerem por esperar que 
viessem só porque “foram colocadas no papel”. 
Não é panaceia, solução para todos os males da escola. Porém, é um poderoso instrumento 
teórico-metodológico para quem está querendo, de fato, aperfeiçoar a prática educativa da sua escola. 
Os resultados do Projeto vão depender tanto do compromisso dos envolvidos (qualidade 
política), quanto do referencial teórico-metodológico efetivamente adotado na sua elaboração (qualidade 
formal). Entendemos que, enquanto possibilita a melhor definição da identidade da instituição, a 
abertura de horizontes, favorece uma certa estabilidade para a caminhada, leva a um maior 
comprometimento, favorece a definição de linhas, metas mais claras para o trabalho, fundamenta 
reivindicações, leva à conquista de mais espaço para uma educação de qualidade democrática, o 
projeto é, insistimos, um instrumentode luta! 
Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP é o trabalho 
coletivo constante, a hora-atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola, com a presença da 
direção, coordenação e professores. Fica muito difícil a realização do projeto quando não há este 
espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as avaliações feitas, as metas 
estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do insucesso ao fim do Ciclo, etc.) 
monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente. Para mudar a escola —e a sociedade— 
precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas. Não pode haver dicotomia. O PPP e o 
trabalho coletivo constante são instrumentos que ajudam as pessoas na tão necessária luta pela 
melhoria da qualidade da prática pedagógica. 
Qual a força de um documento? Evidentemente, por si, o documento nada pode. Sua força será 
diretamente proporcional ao número de pessoas que, no seu espaço — pessoal e institucional— de 
autonomia relativa (considerando que, como seres de relação, ninguém tem autonomia absoluta: toda 
autonomia é limitada), o tomarem como referência para a caminhada da Escola e da Rede. Ser algo 
vivo e atuante dependerá, pois, não tanto de sua qualidade intrínseca, mas muito mais do 
posicionamento concreto dos diversos sujeitos do processo educativo. 
 O projeto tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e consolidar a 
autonomia da escola, de tal forma que se possa criar um clima, um ethos onde professores e equipe se 
sintam responsáveis por aquilo que lá acontece, inclusive em relação ao desenvolvimento dos alunos. 
De certa forma é o projeto que vai articular, no interior da escola, a tensa vivência da descentralização, 
dado o perigo de se cair no individualismo pedagógico, e através disto permitir o diálogo consistente e 
fecundo com o exterior, e mesmo com os órgãos dirigentes. 
 
Zona de Autonomia Relativa 
 Durante o processo de (re) elaboração dos PPPs das Escolas o conceito de Zona de Autonomia 
Relativa (ZAR)5 foi bastante utilizado, até porque uma das funções do Projeto é justamente ajudar a 
identificar a respectiva ZAR da escola, num primeiro momento, e ampliá-la através das ações que vão 
sendo desencadeadas a partir da Programação. 
Existem limites que transcendem o sujeito, grupo ou instituição, uma vez que estão dados por 
fatores naturais ou sociais mais amplos. Sabemos dos limites de qualquer ser humano e de qualquer 
instituição: há um princípio de realidade a ser encarado. É preciso saber lidar com a nossa não-
 
5.Desenvolvo este conceito no livro Currículo: a Atividade Humana como Princípio Educativo. 
 
 
13 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
onipotência: não podemos tudo. Lembramos aqui de fatores como a formação inicial disponibilizada aos 
professores, o salário, o número de alunos em sala de aula, a legislação, as normas, os limites de 
tempo, espaço, recursos, o perfil da comunidade, etc. Evidentemente, estes limites não são absolutos, 
mas históricos, o que significa que, de diferentes formas e em diferentes medidas, podem ser 
quebrados e superados, correspondendo mesmo a um autêntico compromisso com a conquista de uma 
educação de qualidade social. 
Todavia, com muita frequência, o limite que limita efetivamente a ação dos sujeitos e da 
instituição não é este externo, e sim um outro que tem a ver com a autolimitação e/ou com as 
contradições dos próprios sujeitos, individual ou coletivamente considerados. 
 Denominamos Zona de Autonomia Relativa justamente o espaço compreendido entre o limite 
externo e o limite interno da ação do sujeito e/ou de uma determinada instituição. A ZAR mostra que a 
mudança não é fruto de condições ou pessoas “excepcionais”, mas de explorar possibilidades, o ainda-
não (Bloch), o inédito viável (Freire). 
A Zona de Autonomia Relativa revela que temos o que fazer já, coisas que não só estão ao 
nosso alcance como também que, caso não as desenvolvamos, ninguém poderá fazê-las em nosso 
lugar (por exemplo, no momento da dificuldade do aluno em sala), tendo, portanto, uma repercussão 
ética (atuar sobre um campo que é de nossa responsabilidade). Ao mesmo tempo, revela-nos que 
temos espaços para lutar contra a lógica maior que dificulta nossa prática. 
 
Concluindo 
As estruturas que construímos na escola, os dispositivos pedagógicos que elaboramos, as 
sistematizações que realizamos são, antes de tudo, a concretização dos avanços que conseguimos, 
portanto, pontos de apoio para avançarmos ainda mais. Ao mesmo tempo, permitem que não 
precisemos “reinventar a roda”, ou termos de ficar na dependência da boa vontade individual, do humor 
momentâneo do outro. Não há estrutura ou dispositivo que garanta por si um bom trabalho educativo. 
Por outro lado, as estruturas e dispositivos, artefatos e/ou mentefatos, não são neutros: facilitam 
determinadas práticas e dificultam outras. 
O Projeto Político-Pedagógico da Escola, enquanto sistematização de elementos teóricos, 
metodológicos e práxicos, entra na disputa pelas representações que embasam a prática dos 
educadores (e, espera-se, dos alunos e família). 
Trata-se de um enorme e consciente esforço de todos —educadores, pais, alunos, secretaria, 
prefeitura, comunidade— para, a partir do Projeto Político-Pedagógico, construir uma escola que seja 
contemporânea, qual seja, que esteja efetivamente inserida no seu tempo histórico-cultural e voltada 
para as temporalidades de seus educandos, para seus ciclos da vida, procurando garantir que sejam 
vividos em todas as suas dimensões, em tudo aquilo que é devido aos educandos, como sujeitos de 
direitos, no processo de humanização, horizonte maior da escola. 
O Projeto Político-Pedagógico na linha do Planejamento Participativo é hoje, concretamente, 
uma potente ferramenta teórico-metodológica de transformação da realidade educacional, ou seja, é 
uma mediação que ajuda organizar e expressar o desejado e o vivido, tomar consciência da distância 
entre ambos, bem como diminuir essa distância. O grande potencial transformador do Planejamento 
Participativo está em articular os vários níveis de reflexão (para onde queremos ir, onde estamos e o 
que fazer para chegar lá) e em oferecer estes instrumentos de passagem do desejado (Marco 
Referencial) à realidade: o Diagnóstico e a Programação. 
 
 
14 Sobre o Processo de (Re)Elaboração dos PPPs - Celso dos S. Vasconcellos 
 
Bibliografia 
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. 
Proposta Curricular-Quadro de Saberes Necessários (QSN). Guarulhos, 2009. 
__________ Caderno de Orientações sobre o Processo Avaliativo. Guarulhos, 2012. 
VASCONCELLOS, Celso dos S. Caderno de Orientação Metodológica-1 – Marco Referencial. 
Guarulhos: SME, 2013. 
__________ Caderno de Orientação Metodológica-2 – Diagnóstico. Guarulhos: SME, 2014. 
__________ Caderno de Orientação Metodológica-3 – Programação. Guarulhos: SME, 2014. 
__________ Projeto Político-Pedagógico: Considerações sobre sua Elaboração e Concretização. In: 
Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de 
aula, 14a ed. São Paulo: Libertad, 2015. 
__________ Currículo: a Atividade Humana como Princípio Educativo, 3ª ed. São Paulo: Libertad, 2015. 
__________ 4ª Parte: Projeto Político-Pedagógico. In: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem 
e Projeto Político-Pedagógico, 23ª ed. São Paulo: Libertad, 2015. 
 
 
 
 
 
Sugestão de Leitura: 
 
http://www.celsovasconcellos.com.br/index_arquivos/Page592.htm

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