Buscar

PROJETO-POLÍTICO-PEDAGÓGICO-NA-EDUCAÇÃO-BÁSICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ..................................................................... 4 
3 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP): EIXOS FILOSÓFICOS .................... 6 
4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA ........... 8 
5 EIXOS FUNDAMENTAIS DO PPP ........................................................................ 11 
6 VISÃO DE SER HUMANO ..................................................................................... 14 
7 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ............................................................................ 16 
8 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ....... 17 
9 ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR PARA A 
CONSTRUÇÃO DO PPP .......................................................................................... 18 
9.1 Algumas estratégias para a mobilização da comunidade escolar: ..................... 20 
9.2 Elaboração do PPP ............................................................................................. 21 
9.3 Definição de um marco referencial orientador do PPP ....................................... 22 
9.4 Marco referencial do PPP ................................................................................... 24 
10 ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO A REALIDADE DA 
ESCOLA 25 
10.1 Sugestões de dimensões e indicadores para análise da realidade escolar ...... 29 
10.2 Elaboração de um plano de ação ..................................................................... 30 
10.3 Plano de ação ................................................................................................... 30 
11 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: O REAL E O FORMAL ....................... 31 
11.1 É obrigatório as escolas terem um PPP? ......................................................... 34 
12 DIAGNÓSTICO COM BASE NOS INDICADORES EDUCACIONAIS DA ESCOLA 
35 
12.1 Missão, visão, princípios e valores da escola ................................................... 36 
12.2 Fundamentação teórica e bases legais ............................................................ 37 
 
2 
 
13 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS OU CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
39 
14 PPP NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................... 44 
15 CONSIDERAÇOES FINAIS ................................................................................. 46 
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................................... 48 
17 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................................ 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
4 
 
2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 
 
Fonte: notícias.matheussolucoes.com 
O Projeto Político Pedagógico é antes de tudo a expressão de autonomia da 
escola no sentido de formular e executar sua proposta de trabalho. É um documento 
juridicamente reconhecido, que norteia e encaminha as atividades desenvolvidas no 
espaço escolar e tem como objetivo central identificar e solucionar problemas que 
interferem no processo ensino aprendizagem. Esse projeto está voltado diretamente 
para o que a escola tem de mais importante “o educando” e para aquilo que os 
educandos e toda a comunidade esperam da escola – uma boa aprendizagem. 
O Projeto Político Pedagógico é um caminho traçado coletivamente, o qual se 
deseja enveredar para alcançar um determinado objetivo. Deste modo, ele deve existir 
antes de tudo porque define-se como ação que é anteriormente pensada, idealizada. 
É tudo aquilo que se quer em torno de perspectiva educacional: a melhoria da 
qualidade do ensino através de reestruturação da proposta curricular da escola, de 
ações efetivas que priorize a qualificação profissional do educador, do compromisso 
em oportunizar ao educando um ensino voltado para o exercício da cidadania, etc. É 
através de sua existência que a escola registra sua história, pois é conhecido como 
“um conjunto de diretrizes e estratégias que expressam e orientam a prática político-
pedagógica de uma escola”. 
É um processo inacabado, portanto contínuo, que vai se construindo ao longo 
do percurso de cada instituição de ensino. O projeto se dá de forma coletiva, onde 
 
5 
 
todos os personagens direta ou indiretamente, pais, professores, alunos, funcionários, 
corpo técnico-administrativo são responsáveis pelo seu êxito. Assim, sua eficiência 
depende, em parte, do compromisso dos envolvidos em executá-lo. 
Veiga (2001), define o Projeto Político Pedagógico assim: Etimologicamente o 
termo projeto - projetare – significa prever, antecipar, projetar o futuro, lançar-se para 
frente. A partir desse entendimento, construímos um projeto quando temos uma 
demanda para tal, quando temos um problema. Assim, falar de projeto é pensar na 
utopia não como o lugar do impossível, mas como o possível de ser realizado e não 
apenas do imaginário e desmedido como apresenta inicialmente. O desejo de 
mudança, a possibilidade real de existir, de: 
É um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de que 
maneira, por quem para chegar a que resultados. Além disso, explicita uma 
filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade da 
escola, traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso com a 
clientela. É a valorização da identidade da escola e um chamamento à 
responsabilidade dos agentes com as racionalidades interna e externa. Esta 
ideia implica a necessidade de uma relação contratual, isto é, o projeto deve 
ser aceito por todos os envolvidos, daí a importância de que seja elaborado 
participativa e democraticamente. (NEVES 1995, apud GONÇALVES, 2014, 
p.6142) 
O projeto é político por estar introjetado num espaço de sucessivas discussões 
e decisões, pois o exercício de nossas ações está sempre permeado de relações que 
envolvem debates, sugestões, opiniões, sejam elas contra ou a favor. A participação 
de todos os envolvidos no Projeto Político Pedagógico da escola, as resistências, os 
conflitos, as divergências são atos extremamente políticos. Logo, se concorda com 
Aristóteles, quando afirma que “todo ato humano é um ato político”. 
O projeto é pedagógico por implicar em situações específicas do campo 
educacional, por tratar de questões referentes à prática docente, do ensino 
aprendizagem, da atuação e participação dos pais nesse contexto educativo, enfim, 
de todas as ações que expressam o compromisso com a melhoria da qualidade do 
ensino. 
A dimensão política, a forma social é a forma coletiva, na qual alunos, 
professores, supervisores, orientadores, funcionários e responsáveis por alunos 
discutem o Projeto Político Pedagógico. Todos planejamos nossodia-a-dia, 
sistematicamente ou não. É através das discussões e das necessidades individuais, 
tornadas coletivas, que o Projeto Político Pedagógico passa a ser desenhado na 
 
6 
 
cabeça das pessoas. Ao referir-se a essas dimensões política e pedagógica do 
Projeto, encontramos em Marques apud Silva (2000), apoio, quando expressa: O 
projeto político pedagógico tem um caráter dinâmico e não acontece porque assim 
desejam os administradores, mas porque nos preocupamos com o destino das nossas 
crianças, da escola e da sociedade e ansiamos por mudanças. 
3 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP): EIXOS FILOSÓFICOS 
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) aborda, em sua essência, a identidade da 
escola; tem como finalidade dar o encaminhamento político e pedagógico da 
instituição escolar durante todo o ano letivo. Seu foco é a sistematização de toda a 
ação educativa, por isso esse processo é contínuo, nunca definitivo, se aperfeiçoando 
e consolidando durante a caminhada pedagógica e política. O PPP não é uma solução 
mágica para o encaminhamento das questões da organicidade escolar, mas sim, um 
instrumento de auxílio na resolução dos problemas que surgem ao decorrer do ano 
letivo. Por esses aspectos, salienta-se a importância desse instrumento enquanto um 
norte para a instituição escolar, pois considera os resultados que acontecem na 
dinâmica de compromissos partilhados por todos os sujeitos escolares, ou seja, diante 
daquilo que foi proposto coletivamente na construção do documento. Nesse estudo 
recortaram-se os aspectos que identificam o Projeto Político Pedagógico no âmbito 
da instituição pública. 
3.1 Definições e Características do PPP 
 No que diz respeito ao seu léxico, o Projeto Político-Pedagógico pode ser 
nomeado de várias maneiras. Vasconcellos (2008) elenca, ao longo de seus estudos 
sobre o PPP, os seguintes nomes: “proposta pedagógica, projeto educacional, projeto 
de estabelecimento, plano diretor, projeto de escola”. Este estudo, no entanto, se 
deterá a utilizar a denominação Projeto Político-Pedagógico, por entender-se que esta 
favorece uma visão mais abrangente, atual e comprometida desta estratégia 
curricular. Considerando a nomenclatura Projeto Político-Pedagógico, observa-se que 
se faz necessário compreender o conceito de cada uma das palavras que a compõem 
para aprofundarmos seu significado e, assim, tentarmos conhecê-la na íntegra. A 
 
7 
 
palavra projeto será aqui entendida, segundo a definição de Bueno (1996, p.532), 
como um “plano; intento; empreendimento; redação provisória de lei; esboço; plano 
geral de edificação”. Segundo Veiga (1995), o projeto procura definir o que se 
pretende fazer, visando uma intencionalidade, a busca por um caminho pelo qual a 
escola possa 12 percorrer, expondo uma construção coletiva onde todos os sujeitos 
escolares têm o compromisso orgânico de efetivar as proposições do projeto. O PPP 
não se resume em mais uma atividade burocrática que a escola realiza para cumprir 
atos subordinados de entes superiores (Secretarias de Educação, Polos de Ensino, 
Universidades, Programas de Governos e outros). Contrariamente a isso, o PPP 
proporciona uma direção e uma instrumentalidade à rotina escolar, não apenas no 
momento de sua concepção (criação), mas enquanto instrumento dinâmico para a 
realização das atividades nucleares da escola. As dimensões política e pedagógica 
do PPP, ainda que possuam particular significação, não podem ser dissociadas. Na 
concepção mais estrita do PPP, devemos entender que o ato pedagógico é 
eminentemente político, assim como há uma fundamental força pedagógica no ato 
político. Vejamos: 
[...] todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por 
estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses 
reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de 
compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] na 
dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da 
intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, 
responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de 
definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de 
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA 1995, apud 
CORRÊA, 2014, p.12) 
Essas duas dimensões organizam dois principais aspectos do trabalho 
pedagógico: o primeiro, um sentido total que caracteriza o conjunto das atividades 
institucionais e o segundo, um sentido mais específico focalizado no desenvolvimento 
da prática pedagógica em sala de aula, nos corredores, na sala de refeição e na 
quadra, por exemplo. Nessa perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico na instituição 
pública ressalta a autonomia da escola, refletindo a identidade da unidade de ensino 
e valorizando-a como um espaço coletivo e de corresponsabilidades. Assim como 
toda a sociedade está em constante transformação, uma das importantes 
características do PPP é a dinamicidade. O PPP é vivo. Desta forma, deve ser 
 
8 
 
realimentado constantemente, tal como a escola se modifica, e, como já enunciado, o 
PPP procura ressaltar a identidade da instituição escolar. 
Como descrito anteriormente, a construção de um Projeto Político Pedagógico 
deve, acima de tudo, ser uma produção coletiva e participativa onde todos os sujeitos 
envolvidos no processo terão corresponsabilidades na efetivação do que nele estiver 
proposto. Os sujeitos devem se “ver” no PPP, pois esse instrumento orientará toda a 
ação escolar que já foi determinada e construída a partir de pressupostos dos sujeitos 
escolares (gestor interno e externo, professores, funcionários, pais e comunidade). 
Consideramos assim, que a própria escola e os indivíduos que a compõem são 
capazes de perceber e refletir sua realidade, confirmando esse pensamento Freitas 
(1991) salienta: 
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de 
correlações de força – às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão 
que nascer no próprio chão da escola, com apoio dos professores e 
pesquisadores. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e 
da luta da escola (FREITAS, 1991, apud VEIGA, 2004, p.16). 
Entende-se a necessidade desse instrumento viabilizar uma construção de 
corresponsabilidades, pois um dos papéis do PPP é o compromisso com a práxis 
escolar, denunciando os possíveis desvios e autoritarismos, assim como os frutos 
políticos e regulamentadores das incoerências resultantes de uma sociedade 
hegemonicamente capitalista. A construção de um Projeto Político-Pedagógico, além 
da necessidade de uma participação corresponsável (em sentido de organicidade), 
requer em todo o tempo uma sólida elaboração. Dessa organicidade e 
corresponsabilidade demandarão os princípios que fundamentarão o trabalho 
pedagógico da escola. 
4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA 
A construção do Projeto Político Pedagógico surge a partir da necessidade de 
organizar e planejar a vida escolar, quando o improviso, as ações espontâneas e 
casuais acabam por desperdiçar tempo e recursos, os quais já são irrisórios. Sendo o 
Projeto Político Pedagógico a marca original da escola, ele pode propor oferta de uma 
educação de qualidade, definindo ou aprimorando seu modelo de avaliação levando 
em consideração os principais problemas que interferem no bom desempenho dos 
 
9 
 
alunos; estabelecer e aperfeiçoar o currículo voltado para o contexto sociocultural dos 
educandos; apontar metas de trabalho referentes à situação pedagógica, 
principalmente no que se refere às experiências com metodologias criativas e 
alternativas. Em função disso, é que se considera importante estruturar os princípios 
que norteiam as práticas educacionais. 
O projeto deve ser construído tendo por base tarefas simples, passíveis de 
serem executadas no dia a dia da escola. Mas ele não dispensa o planejamento 
cuidadoso,a imaginação criadora e o espírito de equipe. 
O projeto pedagógico não é uma peça burocrática e sim um instrumento de 
gestão e de compromisso político pedagógico coletivo. Não é feito para ser 
mandado para alguém ou algum setor, mas sim para ser usado como 
referência para as lutas da escola. É u m resumo d as condições e 
funcionamento da escola e ao mesmo tempo um diagnóstico seguido de 
compromissos aceitos e firmados pela escola consigo mesma 
(FREITAS, 2004, apud SACRAMENTO, 2016, p. 13) 
Entretanto, o mais importante para a escola, não é apenas construir um Projeto 
Político Pedagógico, mas o fazer educativo, a sua aplicabilidade. Não se realiza o 
Projeto Político Pedagógico somente porque os órgãos superiores o solicitam à 
escola. Esse processo exige ruptura, continuidade, sequência, interligação, do antes, 
do durante e do depois, é um avançar continuado. São mudanças que muitas vezes 
não são bem aceitas pela comunidade escolar, porque dá ideia de mais trabalho, mais 
tempo, mais custos, daí o porquê da resistência de alguns. Referindo-se a essa ideia, 
exprime Gadotti e Demo (1998), comenta que o Projeto Político Pedagógico é como 
um farol de mudanças, pois define pontos importantes para a educação básica como 
“A instrumentalização pública mais efetiva da cidadania e da mudança qualitativa na 
sociedade e na economia”. Para ele, esses aspectos são primordiais no sentido de 
oportunizar a formação do sujeito competente e viabilizar uma educação centrada na 
construção da qualidade, considerando que a escola é um espaço adequado onde se 
processa a capacidade de manejar e produzir conhecimento, pois dela se espera 
construir o conhecimento, em vez de apenas reproduzir. 
O Projeto Político Pedagógico é um meio eficaz para a superação da ação 
fragmentada tanto na educação quanto na escola, motivando e reanimando o ânimo 
de toda a comunidade escolar, onde cada um tenha o sentido da pertença, sentindo-
se corresponsáveis pelo crescimento e pela melhoria do ensino. O compromisso do 
professor é grande, podendo contribuir para que a escola seja um lugar de 
 
10 
 
crescimento e humanização. Assim, é importante primar pela sua atualização 
constante, buscando referências e apoios didáticos que servirão de subsídios para 
inovar sua prática docente; trabalhar coletivamente, priorizar espaço onde possa 
vivenciar e fazer troca de experiências, revisando sempre sua formação. 
Ao elaborar e executar o seu PPP a escola deverá destacar: 
 Os fins e objetivos do trabalho pedagógico, buscando a garantia da 
igualdade de tratamento, do respeito às diferenças, da qualidade do 
atendimento e da liberdade de expressão; 
 A concepção de criança, jovens e adultos, seu desenvolvimento e 
aprendizagem; 
 As características da população a ser atendida e da comunidade na qual se 
insere; 
 O regime de funcionamento; 
 A descrição do espaço físico, das instalações e dos equipamentos; 
 A relação de profissionais, especificando cargos, funções, habilitação e 
níveis de formação; 
 Os parâmetros de organização de grupos e relação professor/ aluno; 
 A organização do cotidiano de trabalho com as crianças, jovens e adultos; 
 A proposta de articulação da escola com a família e a comunidade; 
 O processo de avaliação, explicitando suas práticas, instrumentos e 
registros; 
 O processo de planejamento geral. 
 Trazer anexos como: a Matriz Curricular vigente e Projetos Especiais a 
serem desenvolvidos. 
O PPP e o Regimento Escolar das unidades escolares deverão estar: 
 Consonantes com as leis vigentes (Lei 9394/96; 11.274/06; Estatuto da 
Criança e do Adolescente, Resoluções do CME 002/98; 03/99 e 06/99; 
Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, para o Ensino 
Fundamental de Nove Anos, a Educação de Jovens e Adultos - EJA, 
Diretrizes Municipais para a Inclusão da História e Cultura Afro Brasileira 
e Africana no Sistema Municipal de Ensino de Salvador, Lei 10639/03 e 
as Diretrizes Municipais do Meio Ambiente. 
 
11 
 
 Disponíveis para a comunidade escolar, as autoridades competentes e 
para os pais dos alunos interessados em conhecer os documentos. 
5 EIXOS FUNDAMENTAIS DO PPP 
Classicamente, utilizam-se os estudos de Vasconcellos (2008) para 
fundamentar os elementos responsáveis para a orientação dos estágios de 
composição de um PPP, a saber: Marco Referencial, sendo esse composto por outros 
três – Marco Situacional, Filosófico e o Operativo – o Marco Diagnóstico e a 
Programação. Neste estudo, no entanto, será denominado “corpo” enquanto 
estratégia de articulação do PPP e, objetivamente, para a compreensão do que seja 
“eixo fundamental”. Denomina-se “corpo” por compreender sua ideia a uma totalidade 
em si que constituirá outra realidade total, ou seja, são integrais em si, portanto, não 
considerada numa composição executada por “etapas” para o entendimento político 
reflexivo do termo e da ação que de si depreende. Sendo assim, o movimento deste 
processo de construção do PPP se constituirá em um corpo situacional, um corpo 
conceitual e um corpo operacional. A função do corpo situacional é apreender o 
movimento interno da escola, conhecer seus conflitos e contradições, fazer seu 
“diagnóstico” e definir onde é prioritário agir, uma verdadeira Análise de Conjuntura. 
[...] uma mistura de conhecimento e descoberta, é uma leitura especial da 
realidade e que se faz sempre em função de alguma necessidade ou 
interesse. Nesse sentido não há análise de conjuntura neutra, 
desinteressada: ela pode ser objetiva, mas estará sempre relacionada a uma 
determinada visão do sentido e do rumo dos acontecimentos. (SOUZA,1987, 
apud, CORRÊA, 2014, p.16). 
A Análise de Conjuntura se utiliza de algumas ferramentas para sua efetiva 
execução e aborda em sua prática os acontecimentos, os cenários, os atores, as 
relações de força e a articulação entre “estrutura” e “conjuntura”. Salienta-se a 
importância da Análise de Conjuntura no processo de construção do PPP, pois como 
afirma Souza (1987, p.17) “é uma análise interessada 17 em produzir um tipo de 
intervenção na política; é um elemento fundamental na organização da política, na 
definição das estratégias e táticas das diversas forças sociais em luta”. Por se tratar 
de um elemento impulsionador de lutas sociais, com a capacidade de amenizar as 
imposições de uma sociedade capitalista, acredita-se ser necessário entender melhor 
 
12 
 
a constituição de uma Análise de Conjuntura, apreendendo seus elementos, para a 
busca de uma construção do PPP que almeja realmente uma sociedade mais justa e 
menos desigual, podendo a educação ser um dos fatores primordiais na busca dessa 
transformação. a) Acontecimentos: antes da compreensão sobre o que se trata os 
acontecimentos em uma Análise de Conjuntura, faz-se necessário apreender o seu 
significado, Souza (1987, p. 10) define acontecimento como “aqueles que adquirem 
um sentido especial para um país, uma classe social, um grupo social ou uma pessoa”. 
Esse elemento torna-se importante na análise, pois as investigações dos 
acontecimentos revelam situações da sociedade, de um grupo ou classe social, 
ocorrências essas que podem afetar a vida social. Alguns exemplos podem ser 
considerados como: greves gerais, eleições presidenciais, guerras, catástrofes 
naturais. b) Cenários: os espaços onde ocorrem os acontecimentos sociais, políticos 
e econômicos, podem ser considerados cenários. Cada cenário possui sua 
particularidade, um exemplo dessa singularidade é descrito por Souza (1987, p. 11) 
“Quando o governo consegue deslocar a luta das praças para os gabinetes já está de 
alguma forma deslocando as forças em conflito para um campo onde seu poder é 
maior”. Por isso a necessidade da investigação e reflexão dos cenários de luta e as 
diferentes características de cada um. c) Atores: Souza (1987, p.12) define ator como 
“alguém que representa, que encarna um papel dentrode um enredo, de uma trama 
de relações. Um indivíduo é um ator social quando ele apresenta algo para a 
sociedade, encarna uma ideia, uma reivindicação, um projeto [...]”. Porém, ator neste 
contexto não é considerado apenas um indivíduo, pode ser também grupos sociais, 
instituições, sindicato, partidos políticos, igreja, meios de comunicação, entre outros. 
d) Relação de forças: os atores sociais mencionados acima (indivíduo, classe social, 
meios de comunicação, partidos políticos) estão em constante relação um com o 
outro, podendo essa relação ser de conflito, coexistência ou cooperação. A análise de 
tais forças demonstra relações de autoridade, paridade ou submissão. Muitas vezes 
as relações de forças não são medidas só por quantidades, podem existir casos onde 
a verificação será mais abstrata, como por exemplo, ao se analisar a força de um 
movimento social. Outro fator importante sobre a relação de forças, é que os dados 
verificados estão em constantes mudanças, não sendo assim imutáveis. e) Articulação 
entre “estrutura” e “conjuntura”: todos os elementos de uma conjuntura elencados 
acima, não surgem do nada, pelo contrário, eles possuem relação com a história, com 
 
13 
 
o momento pelo qual a sociedade está passando, influenciados por aspectos sociais, 
econômicos e políticos. Devido a isso se faz necessário um olhar mais atento a toda 
conjuntura, pois por de trás de todo acontecimento, movimento, contradições haverá 
sempre um pano de fundo, no qual muitas vezes não está evidente. Pensa-se que a 
construção de um PPP deve sim gerar mudanças, rompendo com imposições 
autoritárias, compreendendo o real sentido dos acontecimentos para efetivar um 
trabalho pedagógico gerador de transformações, onde todos os sujeitos escolares 
terão essa corresponsabilidade. No corpo conceitual (que constitui dois dos objetos 
do presente estudo), a escola discute a concepção de sociedade, ser humano, 
educação e a função social da escola visando um esforço teleológico que definirá as 
prioridades em que deve ser constituída a práxis escolar. Segundo Veiga (1998, p.25) 
o ato conceitual, 
Diz respeito à concepção ou visão de sociedade, homem, educação, escola, 
currículo, ensino e aprendizagem. Diante da realidade situada, retratada, 
constatada e documentada. […] neste momento conceitual, devem também 
ser considerados os eixos norteadores do projeto. (VEIGA 1998, apud 
CORRÊA, 2014, p.18) 
O corpo operacional refere-se a como realizar as atividades a serem assumidas 
para mudar a realidade da escola. Implica na tomada de decisão para atingir os 
objetivos e nas metas definidas coletivamente. Uma vez explorados os conceitos que 
compõem o PPP, serão destacados, no corpo conceitual, dois eixos que fundamentam 
o Projeto Político Pedagógico revestindo-lhe de objetividade e teleologia. Serão eles 
a “Visão de Ser Humano” e a “Função Social da Escola”. 
Os dois eixos filosóficos, Visão de Ser Humano e Função Social da Escola, 
presentes neste trabalho foram recortados dos quatro eixos fundamentais de um PPP, 
ficando designado ao estudo as duas visões acima mencionadas que buscam 
compreender a característica específica do homem, aqui definida pela categoria 
trabalho e a função social da escola, que tem como papel específico a transmissão e 
assimilação dos conhecimentos sistematizados pela humanidade. Os eixos filosóficos 
serão conceituados seguindo a linha de Pesquisa da orientadora e os estudos 
desenvolvidos por ela, tendo como base a Análise Histórico-Crítica. 
 
14 
 
6 VISÃO DE SER HUMANO 
Com a finalidade de explicitar o que se compreende por Ser Humano, buscasse 
fundamento na concepção histórico-crítica, embasada no materialismo histórico 
dialético, que “não desconsidera o ser humano na sua base biológica natural [...], 
assim como não nega a representação dos diferentes papéis que o indivíduo 
desempenha no discorrer de sua prática sociocultural e subjetiva” (PLATT, 2009, p. 
146). Segundo Platt e Dutra (2014, p. 3), a concepção histórico-crítica entende “o ser 
humano determinado a partir das práxis e situado na totalidade dos determinantes 
sociais e incorporando os elementos de uma condição propriamente humana até 
tornar-se um habitus”. Conforme essa metodologia, os argumentos do presente 
trabalho se fundamentarão na defesa da categoria “trabalho” enquanto elemento 
essencial à caracterização do que seja homem, meio decisivo para a emancipação de 
sujeitos em uma especificação de espécie humana para a condição de “ser humano”. 
O sentido dessa centralidade, enfim, está na consideração de que para a produção 
de sua humanidade, o ser humano precisa intervir na natureza para adaptá-la a si (às 
suas necessidades – “da fome à fantasia”), transforma os outros homens por esse 
trabalho ineludivelmente que transcorre na relação entre sujeitos (sociais) e acaba por 
transformar, também nesse processo, o próprio sujeito. 
Ora, o que define a existência humana, o que caracteriza a realidade humana 
é exatamente o trabalho. O homem se constitui como tal à medida que 
necessita produzir continuamente sua própria existência. É o que diferencia 
o homem dos animais: os animais têm sua existência garantida pela natureza 
e, por consequência, eles se adaptam a natureza. O homem tem de fazer o 
contrário: ele se constitui no momento em que necessita adaptar a natureza 
a si, não sendo mais suficiente adaptar-se a natureza. Ajustar a natureza às 
necessidades, às finalidades humanas, é o que se faz pelo trabalho. 
Trabalhar não é outra coisa senão agir sobre a natureza e transformá-la. Essa 
ação transformadora sobre a natureza é guiada por objetivos. Este é outro 
elemento diferenciador da ação humana. Os animais também agem, também 
exercem uma atividade, mas essas atividades não são guiadas por objetivos. 
Eles não antecipam mentalmente o que vão fazer, mas o homem sim 
(SAVIANI, 2003, apud, CORRÊA, 2014, p.21). 
Nesse sentido, à medida que o ser humano se utiliza do trabalho para 
transformar a natureza à sua volta, acaba por produzir sua própria existência. Essa 
ação transformadora do homem com a natureza é recíproca, pois ao mesmo tempo 
em que age sobre a natureza é também afetado por ela. O processo de formação e 
transformação do ser humano a partir do seu trabalho sobre a natureza ocorre na 
 
15 
 
relação com o outro, ou seja, nas relações sociais, pois o homem não produz sua 
existência isoladamente. Os frutos gerados pelos homens nas relações sociais e no 
trabalho transformador sobre a natureza são a produção, da cultura e de um mundo 
tipicamente humano, sendo esses dois aspectos construídos e reelaborados com o 
passar dos tempos. Assim sendo, cada geração se constituirá e se formará de acordo 
com os determinantes, materiais e imateriais, e com os novos saberes determinados 
pelo modo de produção em que a sociedade está inserida. A educação é um elemento 
fundamental na constituição da humanidade no homem, pois se acredita que o homem 
“torna-se” ser humano na medida em que internaliza uma cultura humana, criada e 
acumulada pelas gerações passadas por meio do trabalho. Uma visão de ser humano 
em sua totalidade é defendida, na qual todos os aspectos humanos são considerados 
para o pleno desenvolvimento, diferentemente de uma educação especializada, que 
considera cada aspecto desvinculado do outro. Nesse sentido, salienta-se a 
importância da educação “omnilateral”, que se refere ao homem em pleno 
desenvolvimento de todas suas especificidades. 
Omnilateral é um termo que vem do latim e cuja tradução literal significa 
“todos os lados ou dimensões”. Educação omnilateral significa, assim, a 
concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta 
todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as 
condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento 
histórico. Essas dimensões envolvem sua vida corpórea material e seu 
desenvolvimentointelectual, cultural, educacional, psicossocial, afetivo, 
estético e lúdico. Em síntese, educação omnilateral abrange a educação e a 
emancipação de todos os sentidos humanos, pois os mesmos não são 
simplesmente dados pela natureza. O que é especificamente humano, neles, 
é a criação deles pelo próprio homem (FRIGOTTO, 2012, apud, CORRÊA, 
2014, p.22) 
Embasando a proposta para uma educação omnilateral, o trabalho é uma 
atividade vital e criadora, na qual o ser humano produz e reproduz a si mesmo. Por 
isso, Marx, ao referir-se aos processos formativos na perspectiva de superação da 
sociedade capitalista, enfatiza o trabalho, na sua dimensão de valor de uso, como 
princípio educativo, e a importância da educação politécnica ou tecnológica. Nesse 
sentido, defende-se uma educação que vise o desenvolvimento humano em todos 
seus aspectos, rompendo com a ideia de que apenas uma pequena parcela da 
população (classe burguesa) tem direito ao acesso cultural, intelectual e social, 
reservando a classe assalariada o acesso ao mínimo de conhecimento necessário 
para desenvolver o processo produtivo. 
 
16 
 
7 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
A instituição escolar desde sua origem passou por diversas transformações, 
principalmente em relação a sua função social. Durkheim (1995) aborda alguns 
exemplos da função social da escola em sua obra “Educação e Sociologia” e o modo 
com esse aspecto se alterou ao longo dos tempos. Durkheim descreve a escola 
enquanto instituição que existe objetivamente para atender as demandas da 
sociedade em que está inserida. 
A educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio. Nas cidades 
gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subordinar-se cegamente 
à coletividade, a tornar-se uma coisa da sociedade. Hoje, esforça-se em fazer 
dele personalidade autônoma. Em Atenas, procurava-se formar espíritos 
delicados, prudentes, sutis, embebidos de graça e harmonia, capazes de 
gozar o belo e os prazeres da pura especulação; em Roma, desejava-se 
especialmente que as crianças se tornassem homens de ação, apaixonados 
pela glória militar, indiferentes no que tocasse às letras e às artes. Na Idade 
Média, a educação era cristã, antes de tudo; na Renascença, toma caráter 
mais leigo, mais literário; nos dias de hoje, a ciência tende a ocupar o lugar 
que a arte outrora preenchia (DURKHEIM, 1995, apud, CORRÊA, 2014, 
p.23). 
Entretanto, os estudos, aqui desenvolvidos, são dirigidos diferentemente da 
visão conservadora de Durkheim, para o debruçamento sobre a concepção histórico- 
crítica de Saviani, a qual aborda a escola enquanto uma instituição social, ou seja, 
produto das necessidades sociais, das demandas sociais, como uma instituição com 
um objetivo explícito: transmissão e assimilação dos conhecimentos científicos, além 
de possibilitar uma transformação do homem e da sociedade por meio do 
conhecimento elaborado. 
[...] a escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber 
sistematizado. [...] eu disse saber sistematizado; não se trata, pois, de 
qualquer tipo de saber. Portanto, a escola diz respeito ao conhecimento 
elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não 
ao saber fragmentado; à cultura erudita e não à cultura popular (SAVIANI, 
2003, apud, CORRÊA, 2014, p.24). 
Dado esse direcionamento, salienta-se a função social de uma instituição 
escolar: transmissão (ensino) e assimilação (aprendizagem) dos conhecimentos 
sistematizados, entendendo que o homem se transforma em ser humano a partir do 
momento em que se apropria da cultura humana produzida pelas gerações passadas, 
através de um ato educativo, que ocorre principalmente em um espaço 
 
17 
 
institucionalizado, que tem por função primordial selecionar os conhecimentos 
eruditos/ clássicos sistematizados e cientificamente comprovados que compõem as 
atividades curriculares indispensáveis ao ensino. 
8 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 
 
Fonte: domboscoead.com.br 
1. Apresentação ou Introdução (nela devem constar dados sobre o espaço 
físico, instalações e equipamentos, relação de recursos humanos, especificando 
cargos e funções; habilitações e níveis de escolaridade de cada profissional que 
presta serviço na instituição. 
2. Breve histórico da unidade escolar 
3. Eixo norteador da escola (é o que a diferencia das demais, a sua identidade 
e função no meio social onde está inserida). 
4. Valores e Missão da escola 
5. O que queremos? (Marco doutrinal). É a busca de um posicionamento: 
 Político - visão ideal de sociedade e de homem 
 Pedagógico – definição sobre a ação educativa e sobre as 
características que deve ter a instituição que planeja. 
Ou seja: 
 Os princípios 
 As teorias de aprendizagem 
 
18 
 
 O sistema de avaliação 
6. O que somos? (Marco situacional) O diagnóstico da realidade da escola. É 
a busca das necessidades a partir da análise da realidade e/ou juízo sobre a realidade 
da escola, comparação com o que se deseja ser). 
7. O que faremos? (Marco operativo) Programação do que deve ser feito 
concretamente para suprir as faltas. É a proposta de ação. Que mediações 
(conteúdos, metodologias e recursos) serão necessários para diminuir a distância 
entre o que vem sendo a instituição e o que deverá ser. Ou seja, a Proposta 
Curricular - organização da escola - organização do trabalho - processos de avaliação 
A proposta curricular deve estar diretamente relacionada aos pressupostos 
teóricos estabelecidos pela instituição, sem perder o foco nos objetivos, conteúdos e 
avaliação por segmento e área de conhecimento. 
8. Anexos 
 Matriz curricular 
 Marcos de aprendizagem 
 Projetos especiais 
 Outros 
9 ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR PARA A 
CONSTRUÇÃO DO PPP 
 
Fonte: cdn.aprovadoapp.com.br 
 
19 
 
 
Para mobilizarmos a comunidade escolar para a construção coletiva do PPP é 
necessária a utilização de um conjunto de ações articuladas entre si, o que significa a 
necessidade de uma vinculação estreita entre objetivos da mobilização e meios 
usados para tal fim. 
A participação influi na democratização da gestão e na melhoria na qualidade 
de ensino, onde todos os seguimentos da comunidade podem compreender 
melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que 
nela estudam e trabalham melhor a educação ali oferecida (GADOTTI, 1997, 
apud TOMAZONI 2013, p.32) 
O coletivo de organização da mobilização para a construção do PPP na escola 
deve procurar planejar sua ação com base em algumas referências: 
 Qual a melhor maneira de mobilizarmos as famílias? Os estudantes? E 
os “pequenos” estudantes? Os funcionários? E os professores? 
 Qual a melhor forma de comunicação a ser utilizada? 
 Qual o conteúdo dessa comunicação? 
 Poderemos usar a mesma estratégia para todos os segmentos da 
comunidade escolar? 
 Que recursos iremos utilizar? A escola dispõe desses recursos? 
 A campanha de mobilização durará quanto tempo? 
 Envolverá outros segmentos organizados da comunidade do entorno da 
escola? 
Mobilizar, como anteriormente já apresentamos, implica conjugar 
multiplicidades em torno de um objetivo comum. Implica também a difícil tarefa de 
negociar, buscar concordâncias, o que não significa, por sua vez, anular diferenças. 
Nesse sentido, pode facilitar o trabalho de mobilização se esse for coordenado por um 
coletivo – representantes dos professores, de estudantes (grêmio ou colegas 
indicados), representantes das famílias. Outra sugestão, nas escolas em que houver 
conselho escolar atuante que possa se responsabilizar ou colaborar na coordenação 
dessa tarefa, a presença dos diferentes segmentos da comunidade escolar pode 
facilitar na escolha das melhores estratégias para se chegar a cada um deles. 
 
20 
 
9.1 Algumas estratégias para a mobilização da comunidade escolar: 
 Elaboração de um livreto ou jornal(com imagens e diálogos) sobre o 
PPP, sua importância para a escola e necessidade da participação de todos 
(pode-se, por exemplo, mobilizar estudantes para sua elaboração) 
 Elaboração de carta-convite, com explicações sobre o PPP 
 “Panfletagem” na escola, mobilizando para um dia de discussões sobre 
o PPP 
 Dia de Mobilização para a construção do PPP da escola 
 Promoção de palestras, seminários de troca de experiências com outras 
unidades escolares que estejam ou já tenham elaborado seu PPP 
 Utilização de meios virtuais para divulgação da mobilização, 
especialmente entre os estudantes 
 Criação de canais virtuais, espaços de discussão e jornal voltados para 
os estudantes 
 Divulgação por meio de jornais comunitários, associação de moradores 
ou outros espaços 
 Debates em salas de aula, organização de atividades culturais centradas 
na discussão sobre a importância da participação da comunidade na 
construção do PPP. 
As sugestões acima são algumas possibilidades; cada escola, de acordo com 
sua “cultura local”, deve definir quais caminhos utilizará para chamar a comunidade 
escolar para participar da elaboração do seu Projeto Político-Pedagógico. 
 
21 
 
9.2 Elaboração do PPP 
 
Fonte: ufpr.br 
Diversos estudos que têm tematizado a problemática da construção do PPP 
nas escolas brasileiras – relatos de experiências, pesquisas, têm apontado também 
uma diversidade de caminhos seguidos nessa construção. Contudo, encontramos 
alguns pontos de convergência em torno de alguns “passos” que são apontados como 
importantes na elaboração do projeto: 
 Definição de um marco referencial ou conceitual, que expresse as 
concepções político-filosóficas da escola com relação à educação, à 
escola e suas finalidades; 
 A elaboração de um diagnóstico da realidade escolar, ou análise da 
realidade escolar; 
 A definição de um plano ou programação de atividades -objetivos, 
estratégias etc.; 
 A divulgação do PPP (torná-lo um documento a ser conhecido por toda 
a comunidade escolar) e, por fim, e) a aprovação do PPP em instâncias 
colegiadas ou em fóruns de representação direta, como assembleia da 
escola. 
 
22 
 
9.3 Definição de um marco referencial orientador do PPP 
Definir um marco referencial significa definir o conjunto de referências teóricas, 
políticas, filosóficas que balizará o trabalho da escola. Trata-se da explicitação das 
ideias, das concepções, teorias que orientarão a prática educativa da escola. Para 
que isso seja possível, é preciso compreender as relações existentes entre a escola 
e a realidade em que está inserida, realidade não apenas local, mas nacional e 
mundial. 
Significa compreender o sentido histórico da educação e da escola pública, 
compreendendo suas transformações atuais, à luz dos processos históricos que a 
determinam. Dessa relação entre o global, o nacional e o local podem-se então 
compreender a “realidade” da escola em sua singularidade, compreendida, entretanto, 
como resultante dessas relações mais amplas. 
Essa análise pode nos lançar na definição e explicitação sobre as finalidades 
sociais da educação e da escola, levando-nos a interrogar sobre o tipo de sociedade 
com o qual a escola se compromete ou deseja se comprometer, que tipo de sujeitos 
pretende formar, qual sua intencionalidade, compreendida está em suas dimensões 
política, cultural e educativa. 
De acordo com Veiga (2000, p. 23), “a escola persegue finalidades”, por isso é 
preciso ter clareza das mesmas. Ao ressaltar a importância da reflexão sobre as 
finalidades e os objetivos da escola, a autora afirma o caráter dialético desse 
movimento, ao destacar que as questões levantadas geram respostas que, por sua 
vez, levam a novas interrogações; esse esforço possibilita a identificação das 
finalidades da escola, de que precisam ser reforçadas, quais estão sendo relegadas 
ao segundo plano. 
Esse trabalho de interrogar-se sobre suas finalidades faz com que a escola se 
volte para uma de suas principais tarefas, qual seja, aquela de refletir sobre sua 
intencionalidade educativa. A clareza da finalidade social da escola possibilita à 
comunidade escolar definir, também com mais pertinência, critérios e projetar sua 
ação em termos do que deseja para as dimensões pedagógica, administrativa e 
democrática. 
Ao discutir o marco referencial, há três eixos para a discussão: marco 
situacional; marco doutrinal e marco operativo. O marco situacional refere-se à 
reflexão sobre as relações da educação, da escola em sua inserção histórica, e suas 
 
23 
 
relações com contextos sociais mais amplos; trata-se de problematizar a educação 
relacionando-a com outras dimensões da realidade, não apenas em nível local, mas 
também nacional e mundial. Procura-se compreender os nexos e as relações dos 
problemas locais compreendendo-os como parte desse contexto mais amplo. 
O ponto de partida é a realidade local da comunidade em que se insere a 
escola, os modos de vida dos sujeitos que compõem seu coletivo, as formas 
organizativas e comunitárias, as culturas locais, a ocupação e organização dos 
espaços comunitários etc. 
A discussão desses elementos possibilita apreender as mudanças em seu 
caráter histórico, discutir valores, conhecer as representações do grupo sobre a 
sociedade brasileira, sobre sua comunidade, identificar satisfações e insatisfações, 
expectativas. 
A discussão do marco situacional desencadeia processos de reflexão 
relacionados aos valores sociais e políticos relacionados à sociedade e à educação 
que levam ao debate e ao estabelecimento do marco doutrinal do Projeto Político-
Pedagógico, ou seja, da explicitação dos fundamentos teóricos, políticos e sociais que 
o fundamentam. Doutrinal, nesse caso, não se refere à doutrina, dogmatismo, mas à 
discussão da base teórica que sustentará o PPP da escola, que dará norte às suas 
ações. Procura-se discutir, nesse eixo, o tipo de sociedade que queremos construir, 
qual a formação social e cultural que queremos para nossas crianças e nossos jovens. 
Quais os valores que queremos desenvolver, qual a função social da escola nos 
processos de formação dos sujeitos humanos etc. Discute-se nesse eixo o “dever-se” 
da educação, horizonte necessário para que se possa se projetar um futuro melhor. 
Intrinsecamente relacionado a esses dois eixos, o terceiro, o marco operativo, 
relacionado às relações da escola com a sociedade; trata-se aqui de uma discussão 
vinculada ao contexto local, com aquilo que é específico da escola como instituição 
social e, de modo particular, da escola em que se trabalha, se estuda; o marco 
operativo se refere, então, à realidade local, traduz as necessidades, expectativas, do 
grupo e seus anseios por mudança. Trata-se da discussão da escola que queremos. 
Conforme Gandin (1994, p. 82), o marco operativo é “também uma proposta de 
utopia, no sentido que apresenta algo que se projeta para o futuro [...]”; todavia, como 
alerta o autor, para que o marco operativo não se torne um palavreado vazio, é preciso 
que este tenha um forte aporte teórico. O marco operativo não é o plano ou 
 
24 
 
programação de ação; ele dá base e sustenta este plano de ação; refere-se à 
realidade desejada. Por isso, nos alerta Gadotti (2000), o PPP, em suas várias 
dimensões de elaboração, toma sempre como ponto de partida o já instituído, aquilo 
que já foi historicamente construído, não para perpetuar ou para afirmar fatalismos 
(“foi sempre assim, nada mudará”), mas para criar uma nova utopia, um novo 
instituínte. 
9.4 Marco referencial do PPP 
 
Fonte: media.gettyimages.com 
Marco situacional: 
 Que aspectos da situação global (social, econômica, política, cultural, 
educativa) chamam a atenção hoje no Brasil e na América Latina? 
 Discutir pontos positivos e negativos do mundo atual. Discutir essas 
mudanças resgatando seu caráter histórico. 
 Dentre as tendências/problemasda sociedade, na atualidade, que 
chamam mais a atenção? Por que chamam a atenção? 
 Quais os valores preferenciais na sociedade de hoje? Como essas 
preferências se manifestam? 
 Qual lhes parece ser a explicação dos males da América Latina e do 
Brasil? 
 
 
25 
 
Marco doutrinal: 
 Qual o tipo de sociedade que queremos? 
 No que se fundamenta uma sociedade justa, democrática e 
participativa? 
 Que valores devem estar presentes nessa sociedade? 
 Que atitudes esperamos dos sujeitos humanos diante da sociedade? 
 O que significa ser o homem sujeito da história? 
 O que motiva o ser humano a tornar-se agente de transformação? 
 Como podemos contribuir para a construção de uma nova sociedade 
mais justa? 
Marco operativo: 
 Que ideal temos para nossa escola? Que significa ser o educando sujeito 
do seu próprio desenvolvimento? 
 Em que consiste o educar-se; em consequência, qual é o ideal para 
nossa prática educativa? 
 O que significa a educação voltada para a realidade? 
 Como tornar a escola um espaço de mudança, de transformação social? 
 O que caracteriza a escola democrática, aberta e participativa? 
 O que é qualidade de ensino? 
 Que princípios devem orientar nossa prática pedagógica? Projeto 
Vivencial 
10 ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO A REALIDADE DA 
ESCOLA 
O diagnóstico se constitui em um dos momentos mais importantes na 
construção do PPP, pois é nesse momento que fazemos uma profunda análise da 
situação atual da escola, observando-se todas as suas dimensões – infraestrutura 
física, equipamentos, corpo docente, trabalho pedagógico, gestão, comunidade, 
qualidade da educação, processos de formação dos estudantes, etc. 
Gandin (1994) começa essa discussão dizendo o que um diagnóstico não é: a) 
não é uma descrição da realidade da escola e b) não é um levantamento de 
 
26 
 
problemas. Então, o que é um diagnóstico da escola? Como se elabora esse 
diagnóstico? O termo diagnóstico, comumente associado às práticas médicas, tem 
sua origem na palavra grega diágnósis, que significa discernimento, “conhecer através 
de”. 
O diagnóstico não é um fim em si mesmo, mas um processo que nos permite 
obter algum conhecimento sobre uma realidade dada. Ao possibilitar conhecimentos 
sobre a realidade de um determinado contexto, torna-se um importante instrumento 
no planejamento de mudanças, na medida em que pode nos ajudar a identificar 
“pontos fortes e frágeis” em cada realidade institucional e a ver as alternativas e 
possibilidades de ação, tendo como horizonte os ideais e objetivos pretendidos. Por 
isso, o diagnóstico não é apenas uma lista de problemas “daquilo que vai mal na 
escola”; supõe avaliação, comparação, juízos de valores, tudo isso tendo como ponto 
de partida o que foi definido anteriormente no Marco Referencial. 
Quando é elaborado de forma participativa, o diagnóstico da realidade da 
escola se constitui em um fecundo espaço de aprendizagem, na medida em que 
desencadeia um processo de reflexão sobre o que a escola é, aonde quer chegar, 
identificando os problemas, os efeitos e as consequências destes, mas possibilita 
também que se identifique o que a escola tem feito de bom, seus pontos fortes; e 
ponto de partida para que se elabore, de modo fundamentado e com base nas 
necessidades da escola, o Plano ou Programa de Ação. 
O PPP é constituído por três elementos: a) é um juízo, portanto, implica um 
julgamento, uma avaliação; b) esse juízo é feito sobre uma prática específica (da 
realidade da escola) sobre a qual se planeja alguma mudança e c) esse juízo é 
realizado tomando-se como referência os preceitos estabelecidos no marco 
referencial. Ainda que incidam mais fortemente sobre a dimensão operativa (marco 
operativo), os critérios de análise referenciam-se também nos marcos doutrinal e 
situacional. Um bom começo é perguntar-se: “até que ponto nossa prática realiza o 
que estabelecemos no marco operativo? ” 
Tomando o diagnóstico como um dos momentos de construção do PPP, sua 
função reside em promover um profundo processo de avaliação sobre como a escola 
tem se organizado e realizado sua tarefa educativa, que dificuldades tem encontrado 
para o cumprimento desta, que possibilidades encontra para orientar sua ação na 
direção de uma escola pública democrática. As análises realizadas sobre a realidade 
 
27 
 
da escola não são neutras; elas tomam como referência certo modo de compreender 
a função social da escola, como deve ser sua organização, o que inclui o trabalho 
pedagógico, a gestão, as relações com os estudantes, com a comunidade etc. 
Conforme Vasconcellos (1995), o diagnóstico “não é simplesmente um retrato da 
realidade ou um mero levantar dificuldades; antes de tudo é um confronto entre a 
situação que vivemos e a situação que desejamos viver”. 
Assim, o diagnóstico não é um instrumento técnico, neutro, que pode ser 
adaptado, aproveitado de outras organizações ou instituições sociais. Ele marca e se 
fundamenta em uma intencionalidade, é sustentando em valores, aponta para uma 
direção. Por isso, o diagnóstico da escola deve ser feito também de modo participativo. 
Implica a obtenção de dados quantitativos e qualitativos que, organizados, 
sistematizados, interpretados, constituem-se em indicadores importantes para o 
planejamento das ações futuras voltadas à mudança na escola. 
 
 
Fonte: archive.beefjack.com 
Como proceder, então, para realizar um diagnóstico da realidade da escola? 
Como organizar a produção das informações que auxiliarão na elaboração posterior 
da análise da realidade da escola? Se não se trata de elaborar uma lista de itens a 
serem checados; então, como definir o que será analisado? 
Para elaborar um diagnóstico sobre a realidade educacional e obter 
informações que possam auxiliar a elaboração de um plano de ação, é fundamental 
se terem estratégias para obtenção de informações de análise que possam ajudar a 
 
28 
 
compreender os diversos fatores que favorecem ou dificultam o trabalho educativo da 
escola. Como se aproximar, então, da realidade escolar, procurando identificar não 
apenas os problemas aparentes, mas também as dimensões “não ditas”, as 
determinações que nem sempre se dão a conhecer a um primeiro olhar? 
O primeiro passo é compor uma equipe ou grupo de trabalho com 
representantes dos segmentos da comunidade escolar, para coordenar essa etapa. 
Esse grupo de trabalho pode então elaborar um instrumento que oriente as discussões 
e facilite os registros das informações, das avaliações, das expectativas da 
comunidade escolar; esse grupo pode também definir as estratégias que serão 
usadas para coletar esses materiais com o coletivo da escola. Posteriormente, esses 
dados deverão ser analisados e consolidados em um documento final, que representa 
a formalização das discussões realizadas durante todo o processo. 
A elaboração de um instrumento que oriente as discussões e obtenção de 
informações ou coleta de dados deve ter como ponto de partida o marco referencial; 
a partir deste, podem ser estabelecidas dimensões da organização e prática da escola 
que serão objetos de análise. É importante que cada uma das dimensões seja 
discutida e bem definida, para que se possam definir eixos de análise e suas 
perguntas, esse sim orientador do processo de discussão com a comunidade escolar. 
O estabelecimento de dimensões a serem analisadas tem um valor apenas 
operativo; visa facilitar a compreensão dos diferentes níveis de funcionamento da 
escola, facilitando-se a apreensão de fenômenos particulares. Não devemos, contudo, 
perder de vista que a escola é uma totalidade e que essas dimensões se imbricam, 
condicionando-se mutuamente. Assim, deve-se, na análise, evitar a compreensão 
fragmentada da realidade, superando perspectivas teórico-metodológicas que tendem 
tanto a focalizar como a responder, de modo parcial e seletivo, problemasque são 
multidimensionais. Nessa perspectiva, um problema como a evasão escolar, por 
exemplo, não pode ser considerado apenas do ponto de vista dos estudantes, mas 
também precisa ser analisado a partir da realidade da escola, relacionando-a com o 
contexto da educação nacional. 
Definidas as dimensões constitutivas do diagnóstico, pode-se derivar dessas 
os eixos e perguntas que orientarão a análise a ser realizada. A essas dimensões e 
eixos podem ser acrescentados outros, relacionados com a particularidade de cada 
escola. Trata-se apenas de fornecer indicativos que podem auxiliar na elaboração de 
 
29 
 
instrumentos específicos, de acordo com as necessidades de análise de cada unidade 
escolar. 
10.1 Sugestões de dimensões e indicadores para análise da realidade escolar 
 
 
O diagnóstico implica o desafio de apreendermos analiticamente tudo aquilo 
que constitui o cotidiano da escola. Para isso, precisamos evitar a mera transposição 
de conceitos ou de instrumentos de análise. Analisar a realidade da escola supõe 
múltiplas tensões para aqueles que o fazem; impõem a necessidade, muitas vezes, 
de abandonar pontos de vistas cristalizados, de abrir mão de interesses pessoais em 
favor daqueles que representam o coletivo. Significa julgar, avaliar, emitir juízos, 
valorizar, priorizar, selecionar, mesmo sabendo que a autonomia de que se dispõe, 
muitas vezes, é limitada. 
 
30 
 
Deve-se ter a necessidade de captar a escola naquilo que ela é, sem procurar 
enquadrá-la em categorias predefinidas que nos obrigam a ajustar informações, a 
falsificar consensos. Analisar a escola em suas múltiplas dimensões nos ajuda a 
compreender suas determinações para além da realidade local, impulsionando para 
que se atinja a intencionalidade política proposta em seu marco referencial. 
10.2 Elaboração de um plano de ação 
Gandin (1994) sugere que se analise a necessidade da escola considerando 
dois critérios: a) o que é necessário; e b) o que é exequível. Segundo o autor, nem 
sempre o que é necessário é possível para a escolar resolver nas condições e no 
tempo de duração do plano de ação. Propõe, então, o autor que a escola estabeleça 
prioridades, considerando o que é mais necessário, oportuno e urgente fazer. 
Seguindo ainda essa classificação entre o possível e o necessário, Gandin 
sugere que o plano de ação ou a programação se organize a partir de quatro 
dimensões: das ações concretas, das orientações para a ação, das determinações 
gerais e das atividades permanentes. Ou seja, definidas as prioridades, passa-se a 
definir o tipo de ação necessária ao atendimento daquela necessidade. Ainda no plano 
de ação, temos a dimensão temporal, que implica distribuição das 
necessidades/ações de acordo com uma distribuição em curto, médio e longo prazo. 
10.3 Plano de ação 
a) Ações concretas: são ações voltadas para um objetivo específico, com uma 
terminalidade bem definida, sustentando-se em recursos próprios; devido às suas 
características, são bem delimitadas. Contemplam ações de curo prazo. Ex.: 
promoção de uma capacitação sobre um tema delimitado, para atender a uma 
necessidade específica 
b) Orientações para ação: não se constituem em propostas concretas, mas 
dizem respeito aos valores, às atitudes; procuram modificar os comportamentos, levar 
à partilha de referências comuns. Exemplo: “desenvolver o espírito crítico nos alunos 
 
31 
 
c) Atividades permanentes: dizem respeito a atividades de caráter permanente, 
podendo estar vinculadas ou não à esfera administrativa; são também denominadas 
rotinas. 
d) Determinações gerais: são orientações ou ações que atingem a todos os 
segmentos da comunidade escolar; são elaboradas também a partir do diagnóstico 
da escola. Exemplos: requisitos para atividades complementares, apresentação dos 
planos de aula pelos professores aos alunos. 
O plano de ação deve traduzir, em suas prioridades, formas de 
encaminhamento e as decisões coletivas da comunidade escolar; é a esta que cabe 
dizer o que é prioridade e quais os melhores meios para se alcançarem os objetivos 
propostos. As prioridades devem ser escolhidas tomando-se como base o que foi 
estabelecido no marco referencial – que estabelece o projeto de futuro da escola. 
Assim, não cabem decisões arbitrárias ou individuais. 
Pode-se ainda contemplar, no plano de ação, um detalhamento das ações – 
qual é a ação, o que a justifica, qual procedimento/metodologia usaremos para realizá-
la, quais as pessoas ou instâncias responsáveis por sua execução, quais recursos 
serão necessários (recursos materiais, humanos, financeiros), de que forma será 
acompanhada (avaliação processual). Esse detalhamento facilita a implementação do 
PPP e da avaliação processual. 
Na perspectiva que aqui apresentamos, o plano de ação, parte integrante do 
PPP, refuta orientações tecnicistas, pois se encontra organicamente articulado às 
necessidades da escola; e precisa ser flexível, pois a própria dinâmica das atividades 
da escola pode levar à necessidade de redirecionamentos, de ajustes ou correções. 
Assim, o planejamento é práxis, representa uma estreita articulação entre teoria e 
prática, entre o previsto e o realizado. 
11 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: O REAL E O FORMAL 
O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola revela sua identidade, projeta 
ações e reflete o processo de ensino e aprendizagem. É importante que o documento 
vigente em sua instituição esteja em consonância com a rotina escolar e com as 
necessidades dos alunos e da comunidade. Mas será que ele é revelador da escola 
 
32 
 
que se tem e da que se quer ter? Vejamos, para começar, quem são os envolvidos no 
PPP: 
 Os alunos: crianças, adolescentes, jovens e adultos, sujeitos principais 
do processo educativo da escola. 
 Os professores: profissionais da Educação, imprescindíveis e 
responsáveis pelo ensino e pela aprendizagem dos alunos. 
 A equipe gestora: profissionais que regem toda essa orquestra, 
“empoderados” para gerir, orientar, conduzir, moderar e mobilizar todos os 
envolvidos com o intuito de entrelaçar os caminhos de cada um e de todos, 
em um alinhavo potencializador. 
 Outros funcionários: profissionais dedicados ao bem-estar de 20 Projeto 
Político Pedagógico toda a comunidade escolar, muitas vezes esquecidos 
no que se refere ao ensino e aprendizagem, mas potenciais parceiros no 
processo educativo da escola. 
 Os pais ou responsáveis: pessoas que confiam os filhos à escola para 
compartilhar sua Educação, sujeitos ocultos ou não, mas parceiros na 
educação das crianças, adolescentes e jovens. 
 A comunidade externa: a comunidade do entorno da escola, pessoas e 
entidades que podem estar envolvidas direta ou indiretamente no processo 
educativo da instituição. 
 
Um PPP, quando elaborado solitariamente, não compartilhado com os demais 
atores da escola, não tem chance de ser vivido – sua existência não faz sentido, uma 
vez que não reflete as diferentes vozes da comunidade escolar. O desafio é 
transformar esse documento em mecanismo de participação. Viabilizá-la é o meio 
mais coerente de obter o compromisso e o engajamento de todos com a Educação 
oferecida. É também uma forma potente de alinhar os objetivos previstos no 
documento formal ao cotidiano da escola. Desta forma, para fomentar o pensar certo, 
na concepção freiriana, todo processo educativo precisa ser autêntico, e, portanto, 
encontrar-se em relação de organizacidade com a contextura da sociedade a que se 
aplica. Defende ele: 
Todo planejamento educacional, para qualquer sociedade, tem que 
responder às marcas e aos valores dessa sociedade. Só assim é que é que 
pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora, ora 
 
33 
 
como fator de mudança. Às vezes preservando determinadas formas de 
cultura. Outras, interferindo no processo histórico, instrumentalmente 
(FREIRE, 2003, apud SILVA 2015, p.160). 
Nãohá dúvida de que o PPP existe para garantir o direito de aprendizagem dos alunos 
e assim desenvolver suas capacidades de autoconhecimento e autocuidado, o 
pensamento crítico, a criatividade, o espírito inovador, a abertura às diferenças, a 
apreciação da diversidade, a sociabilidade, a responsabilidade e a determinação. No 
entanto, ele também é um instrumento importante para dar sentido ao trabalho dos 
educadores – e aqui se incluem todos os profissionais que trabalham na escola. 
E por que a equipe escolar precisa trabalhar com sentido? Porque desse modo 
os esforços pessoais e profissionais serão gratificantes e reconhecidos socialmente. 
Para isso, seus membros têm de atuar com respeito, coerência, compromisso, 
responsabilidade e intencionalidade, aproximando-se da aprendizagem dos alunos. 
Portanto, um PPP não é um simples papel, que amarela e se deteriora se fica 
guardado. A escrita tem função social. Escrevemos um PPP para registrar o que 
queremos, sentimos e observamos. 
Esse documento possui uma função social das mais importantes e não pode 
ser reduzido a uma obrigação legal. Se for copiado e engavetado, não atingirá seu 
objetivo; existirá somente para cumprir uma tarefa solicitada pela Secretaria de 
Educação. 
O gestor, como mediador e interlocutor, ao convocar a comunidade escolar 
para ressignificar o PPP propõe que todos os atores reflitam e participem de sua 
construção. A base de um bom documento são os questionamentos compartilhados. 
O PPP da escola precisa revelar a realidade e ser discutido democraticamente 
por todos para ser dinâmico e encaminhar ações e soluções que contemplem o desejo 
da maioria. Por isso não é possível concentrar sua elaboração unicamente na figura 
do diretor. 
Quando nos referimos a construir coletivamente o PPP, estamos falando de 
educar na e para a democracia. Etimologicamente, o termo “educar” tem origem no 
latim educare, que é composto pela união do prefixo ex, “fora”, e ducere, “conduzir” 
ou “levar”. Assim, “educar” significa “conduzir para fora”, “direcionar para fora”. 
A realidade do dia a dia, as necessidades práticas, o funcionamento geral – 
horário das atividades, o modo como é servida a merenda, o tempo de trabalho 
coletivo dos professores, a forma como os alunos são tratados, a qualidade das aulas, 
 
34 
 
a organização dos espaços, o acesso aos materiais e suprimentos, a autonomia dos 
estudantes, entre outros aspectos – são processos que revelam o PPP da escola, seja 
ele formalizado em um documento ou não. 
Devemos partir do pressuposto de que o PPP real é o que já existe na escola. 
Ele é o que acontece de fato no cotidiano. O PPP formal pode ou não revelar o dia a 
dia escolar. Por isso, antes de começar a pensar na elaboração ou na revisão, é 
importante analisar o PPP real. 
Para empreender essa missão, sugerimos iniciar pela observação do 
funcionamento cotidiano de sua escola, com abertura para se permitir a aprender 
muito com isso. Nossa primeira reação ao realizar essa análise é justificar o que 
acontece. Por isso, é preciso um esforço grande para observar friamente os fatos e 
depois refletir e verificar o que é necessário e o que é possível melhorar para que o 
sentido máximo da Educação seja alcançado: a aprendizagem dos alunos. 
Chame alguns professores e, se possível, alguns representantes do Conselho 
Escolar. Procurem, juntos, identificar e contextualizar o PPP existente. 
11.1 É obrigatório as escolas terem um PPP? 
 
Fonte: diarioaltovale.com.br 
A Constituição Federal de 1988, no artigo 206, e a LDB nº 9.394/1996, no artigo 
14, estabelecem os princípios da gestão democrática na Educação pública e a 
 
35 
 
participação de seus profissionais e da comunidade na elaboração do Projeto 
Pedagógico. 
A gestão democrática favorece o exercício da cidadania, e a escola o possibilita 
ao abrir espaços de participação e diálogo. A LDB normatiza o PPP como uma ação 
coletiva para a conquista da Educação de qualidade. Ela concretiza as normas que 
regulamentam os meios necessários para a garantia ao direito de aprendizagem de 
todos e cada um dos alunos, como o cumprimento dos dias letivos e das horas-aula, 
a recuperação para aqueles de menor rendimento e a participação nos horários de 
planejamento para desenvolver planos de trabalho segundo a proposta pedagógica 
da escola. 
Não existe lei federal que define a obrigatoriedade da elaboração do PPP, mas 
indicam a autonomia das escolas terem seus planos e construírem mecanismos de 
participação dos profissionais e da comunidade no processo de elaboração. De 
qualquer forma, nenhum gestor escolar deveria se sentir bem sem ter um 
planejamento para sua escola. É direito dos pais e familiares conhecer o PPP da 
escola onde irão matricular seus filhos. 
Se planejar é sinônimo de conduzir conscientemente, não existirá então 
alternativa ao planejamento. Ou planejamos ou somos escravos da circunstância. 
Negar o planejamento é negar as possibilidades de escolher o futuro, é aceitá-lo, seja 
qual for. 
12 DIAGNÓSTICO COM BASE NOS INDICADORES EDUCACIONAIS DA 
ESCOLA 
O PPP deve estar a serviço da evolução dos resultados educacionais. Portanto, 
é imprescindível que um dos itens apresente os indicadores da escola, pois eles 
orientarão as decisões para a melhoria do desempenho dos alunos e da qualidade de 
ensino e aprendizagem – elementos que têm de estar projetados no PPP. 
A análise dos indicadores e da relação entre eles permite avaliar como a 
instituição vem trabalhando e no que precisa melhorar. 
 Indicadores de acesso: 
É importante obter os dados referentes ao acesso, ou seja, à matrícula e à 
evasão. O fato de o número de matrículas ter aumentado ou diminuído ao longo de 
 
36 
 
um período pode indicar a necessidade de buscar mais informações para saber o 
motivo disso. Por exemplo: o aumento do número de matrículas se deu pelo 
crescimento da população do bairro, pois uma nova empresa foi instalada na área. Ao 
entender o ocorrido, é possível repensar o projeto da escola. 
 Indicadores de fluxo: 
Outra análise relevante refere-se aos dados de fluxo, isto é, ao número de 
alunos que progridem ou não em determinado sistema de ensino. São eles: evasão, 
reprovação, aprovação e distorção idade-ano. Quantos alunos a escola está 
aprovando e reprovando? Quantos não estão no ano adequado à idade? Em que ano 
a escola aprova ou reprova mais e em qual área? As respostas podem dar pistas 
sobre as ações que precisam ser elencadas e priorizadas no PPP para melhorar esses 
indicadores. 
 Indicadores de aprendizagem: 
É fundamental levantar a série histórica dos resultados das avaliações 
externas, como Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), Prova Brasil e Exame 
Nacional do Ensino Médio (Enem). No caso da ANA, deve-se identificar em que etapa 
se encontra a maioria dos alunos do 3º ano e projetar o que precisa ser feito; nos 
demais, distinguir onde estão os melhores resultados (ano da prova, área e série 
escolar) e compreender as razões. 
A obtenção desses dados servirá para apoiar a comunidade escolar a levantar 
os pontos fortes e os aspectos que precisam ser melhorados na instituição. Estes, por 
sua vez, darão pistas para a definição da missão, visão, princípios e valores da 
unidade, assim como de seu Plano de Ação e/ou Atividades. 
12.1 Missão, visão, princípios e valores da escola 
O PPP deve revelar as intenções da instituição – o que a comunidade escolar 
quer para conquistar uma Educação de qualidade e o que pretende desenvolver e 
oferecer aos alunos e à comunidade externa. 
De maneira sucinta, isso quer dizer: por que existe (esclarece seu grande 
propósito, sua missão), o que quer ser (define sua visão e sua principal meta) e o que 
norteia suas decisões (em função de seus princípios e valores), ou seja, qual é sua 
política educativa. Valorizar apenas a aprendizagem racional e o aspecto cognitivo do 
 
37 
 
desenvolvimentointelectual, significa avaliar os alunos apenas por meio de provas 
onde os métodos e as práticas enfocam a repetição, a memorização não preparam o 
aluno para o futuro. 
Há muitas escolas que só se preocupam em preparar os alunos para entrar 
nas melhores faculdades. Elas erram por se focarem apenas neste objetivo. 
Mesmo que entrem nas melhores escolas, quando saírem, esses alunos 
poderão ter enormes dificuldades para dar soluções a seus desafios 
profissionais e pessoais. (CURRY, 2003, apud BARBOSA, 2018, p.20) 
Considerando essas informações, é possível decidir qual é a missão, visão, 
princípios e valores da escola. 
12.2 Fundamentação teórica e bases legais 
 
Fonte: revistadireito.com 
É importante incluir no PPP um item que descreva as concepções teóricas e as 
bases legais que fundamentam o trabalho da instituição. Tal fundamentação tem de 
respaldar as concepções de educação, escola, ensino e aprendizagem e avaliação 
que embasam o funcionamento dessa entidade. 
Também se devem indicar os dispositivos legais e normativos que apoiam e 
determinam a Educação escolar, como a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB), as Diretrizes Nacionais etc. 
 
38 
 
Além de reproduzir trechos significativos, é preciso relacioná-los com as 
expectativas, os pressupostos e as concepções da escola e do que se projeta para 
ela. 
Algumas escolas acrescentam ao PPP outros documentos, como a Proposta 
Curricular (estabelece a metodologia, os conteúdos e as expectativas de 
aprendizagem ao longo da escolaridade e as formas de avaliação e apoio aos alunos) 
e o Regimento Escolar (define normas e procedimentos da instituição), que, com base 
nos itens anteriores, podem ser fundamentados e justificados de acordo com o 
propósito educativo da escola, o qual deve ser único e projetado em todos esses 
documentos. 
É interessante que o PPP seja produzido em formato de arquivo digital ou 
impresso que facilite a consulta permanente. Caso seja impresso, o ideal é não o 
encadernar, mas organizá-lo em uma pasta. 
Cada item deve ser um texto separado, para facilitar o manuseio e a revisão, 
sendo que esta pode acontecer em periodicidade variável. O formato portfólio permite 
acrescentar novos documentos facilmente, preservando o histórico. A ideia de registro 
permanente mostra quão vivo é um PPP. 
Artigo 20 – As escolas deverão formular o projeto político-pedagógico e 
elaborar o regimento escolar de acordo com a proposta do Ensino 
Fundamental de 9 anos por meio de processos participativos relacionados à 
gestão democrática. (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA. BRASIL/MEC, 2013 apud ROCHA, 2017, p.8) 
As escolas, em um exercício de autonomia e gestão democrática, devem 
construir seu Projeto Político Pedagógico (PPP) para orientar suas intencionalidades 
educativas de acordo com as necessidades e expectativas da comunidade onde estão 
inseridas. Um PPP bem construído serve de parâmetro para as ações de diretores, 
professores, funcionários, alunos e famílias. 
O marco legal do PPP é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que regula 
a elaboração de projetos diferenciados em cada instituição escolar. No entanto, as 
unidades produzem ou reproduzem PPPs burocraticamente, apenas para cumprir a 
normatização legal. 
 
39 
 
13 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS OU CURRICULARES NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
O tema das propostas pedagógicas pode ser rastreado a partir de diferentes 
pontos. Na história das ideias pedagógicas no Brasil, ele data da escola nova e se 
relaciona à discussão sobre os mecanismos internos à escola. Dicotomias tradicionais 
têm estado presentes e têm assumido diversas versões, na tentativa de pensar o 
tempo, o espaço, os atores e o trabalho de garantir acesso aos conhecimentos: 
conteúdo ou método; transmissão ou construção; processo ou produto; salas 
ambiente ou ensino por problemas entre outros modos de organizar o cotidiano 
escolar; centrado no aluno ou no professor (o que de todas as polarizações parece a 
mais bizarra pois o trabalho educativo não pode prescindir da relação, da interação). 
Recentemente, o debate sobre currículo assumiu proporções teóricas importantes, 
reeditando uma polêmica da área do currículo - universalismo ou relativismo? 
(Forquin, 1997) - que, embora antiga, tornou-se mais densa à luz da discussão 
contemporânea da epistemologia e da sociologia crítica do conhecimento. 
 
Fonte: sistemaepu.com.br 
Esta polêmica tem se ampliado e se complexificado no cenário acadêmico 
(basta ver o debate sobre multiculturalismo e globalização) e repercute nas políticas 
públicas: muitas gestões têm procurado superar impasses e conflitos de ordem teórica 
e prática. Do mesmo modo, tem sido expressiva a produção acadêmica sobre 
diferentes perspectivas teóricas, metodológicas e político-ideológicas do currículo. 
 
40 
 
Vale lembrar como é difícil ir além do mundo acadêmico e influenciar processos 
de tomada de decisão no campo das políticas públicas. A distância entre o que se 
produz teoricamente sobre a escola brasileira (e o que conhecemos de outros 
contextos) e as nossas redes escolares reais é ainda um problema grave. No que se 
refere à pesquisa, as dicotomias presentes no ato de investigar têm sido enfrentadas. 
O estudo de histórias de professores mostra a fragmentação entre sujeito e objeto, 
fruto da diluição do sujeito na sociedade contemporânea, com sérias consequências 
bastante discutidas (mas nem sempre resolvidas) no campo das ciências humanas e 
sociais. 
Diferentes pesquisadores têm enfatizado a importância de levar em conta os 
sujeitos (professores, crianças e jovens, famílias) na produção das propostas e nos 
estudos dos processos educacionais. Um campo que parece profícuo remete à 
necessidade de conhecer não só histórias e trajetórias individuais de professores, mas 
também as histórias das propostas e das equipes institucionais, seus rumos, erros e 
acertos. 
A origem das discussões sobre currículo, no Brasil, se vincula ao estudo da 
escola, em especial ao movimento escola novista, sua crença no poder da escola e a 
busca de alternativas inovadoras (parques infantis; escolas-parque etc.). A ênfase na 
formação das elites condutoras - pedra de toque da educação do Estado Novo - 
interrompeu esse processo. Com a redemocratização da sociedade – após 1945 – é 
retomada a defesa da escola pública como direito de todos, em especial nos anos 50. 
Na década de 60, porém, esta defesa convivia com discursos acadêmicos e políticos 
que tratavam da educação como se as alternativas estivessem fora da escola, nos 
movimentos de educação popular. Aqui se situa a importância de Paulo Freire, filósofo 
de uma educação voltada para a ação cultural e a liberdade. Mas se já havia naquele 
momento secretarias de educação (como a de Natal e “De pé no chão também se 
aprende a ler”) que acreditavam em uma escola pública popular e buscavam meios 
de alcançá-la, apenas a partir de 1985, com a conquista do direito às eleições, perdido 
com a ditadura militar, esta questão entraria na ordem do dia de várias gestões 
públicas. A contribuição de Freire em sua obra fornece importantes subsídios da área 
da educação de jovens e adultos para a da formação em serviço de professores e 
uma educação que promova a superação da consciência e do pensar transitivo 
ingênuo para transitivo crítico. 
 
41 
 
Entre nós, a educação tem que ser, acima de tudo, uma tentativa constante 
de mudança de atitude. De criação de disposições mentais democráticas, 
através de que se substituam no brasileiro antigos e culturológicos hábitos de 
passividade, por novos hábitos, de participação e ingerência. (FREIRE, 2003, 
apud SILVA 2015, p.161). 
Planejamento curricular entendido como intervenção macro é herança da 
ditadura militar (veio a reboque dos acordos MEC/USAID). Tratava-se de preparar 
equipes voltadas à modernização administrativa, à hegemonia político-ideológica

Outros materiais