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[Pensar Criminalista]_ Grande quantidade de drogas não faz presumir a dedicação do sujeito a atividades criminosas

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jusbrasil.com.br
17 de Novembro de 2021
[Pensar Criminalista]: Grande quantidade de drogas não
faz presumir a dedicação do sujeito a atividades
criminosas
Olá, pessoal!
A Quinta Turma do STJ, ao julgar o REsp 1.913.903/SC, ratificou o
entendimento de que a grande quantidade de droga apreendida
não leva à presunção de que o sujeito se dedica a atividades
criminosas, razão pela qual será possível o reconhecimento do tráfico
privilegiado ao caso concreto analisado.
O chamado tráfico privilegiado está previsto no §4º, do art. 33,
da Lei de Drogas, como uma causa especial de diminuição de
pena a ser aplicada ao tráfico de drogas em situações específicas.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1309848163/recurso-especial-resp-1913903-sc-2020-0346315-8
Permite-se a redução da pena de um sexto a dois terços, nas
hipóteses em que o agente, concomitantemente, é primário,
com bons antecedentes, não se dedica às atividades
criminosas e não integra organização criminosa.
Ao analisar o REsp 1.913.903/SC, o Ministro Noronha lembrou que a
razão de ser da causa de diminuição de pena é garantir um tratamento
diferenciado para aquele que não tem a vida dedicada ao tráfico de
drogas. Ao contrário, é o sujeito um traficante eventual, sem grande
envolvimento com o mundo criminoso.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1309848163/recurso-especial-resp-1913903-sc-2020-0346315-8
Além disso, em seu voto o Relator destacou que o STF, ao julgar o RE
666.334/AM, em sede de repercussão geral, firmou a tese de que “as
circunstâncias da natureza e da quantidade da droga apreendida
devem ser levadas em consideração apenas em uma das fases do
cálculo da pena” (Tema 712).
Assim, o Ministro Noronha pontuou que
Em razão do precedente indicado, as seguintes premissas
passaram a nortear a dosimetria da pena no tráfico de
entorpecentes, com relação à natureza e quantidade das
drogas apreendidas:
a) devem ser valoradas na primeira etapa da dosimetria da
pena, pela necessidade de observância dos vetores indicados
no art. 42 da Lei n. 11.343/2006 como preponderantes;
b) não podem ser utilizadas concomitantemente na
primeira e na terceira fases da dosimetria, nesta
última para descaracterizar o tráfico privilegiado ou
modular a fração de diminuição de pena;
c) supletivamente, podem ser utilizadas na terceira fase
da dosimetria da pena, para afastamento da
diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei
n. 11.343/2016, apenas quando esse vetor for
conjugado com outras circunstâncias do caso
concreto que, unidas, caracterizem a dedicação do
agente à atividade criminosa ou a integração a
organização criminosa. (Grifei)
Mais recentemente, ao julgar o HC 207.501/SP, o Supremo ainda
definiu que a habitualidade e o pertencimento à organizações
criminosas devem ser comprovados, não sendo possível a sua
presunção em razão da quantidade de drogas apreendidas junto ao réu.
http://stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4179290&numeroProcesso=666334&classeProcesso=ARE&numeroTema=712#
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1303870998/habeas-corpus-hc-207501-sp-0062449-7020211000000
Por tudo isso, o Relator considerou que a mera apreensão de uma
grande quantidade de droga com o acusado não é suficiente para
afastar a redução de pena prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas.
Isso porque, no caso concreto, não haviam nos autos quaisquer outras
provas que levassem o magistrado à conclusão de que o réu é pessoa
dedicada a atividades criminosas.
Sobre o tema, Masson leciona que
o Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a
apreensão de grande quantidade de drogas, a
depender das peculiaridades do caso concreto, é
circunstância hábil a denotar a dedicação do
acusado a atividades criminosas e, consequentemente, a
impedir a aplicação da causa especial de diminuição de pena
prevista no §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, porque
indica maior envolvimento do agente com o mundo
do narcotráfico, ainda que ele seja primário e não
possua maus antecedentes.
Não se extraia disso, contudo, a conclusão no sentido
de que a grande quantidade de drogas, por si só, é
elemento apto a afastar o privilégio. É preciso
analisar as especificidades do caso concreto. Para o
Supremo Tribunal Federal, a quantidade de drogas não pode,
automaticamente, “proporcionar o entendimento de que a
paciente faria do tráfico seu meio de vida ou integraria uma
organização criminosa.” (MASSON, 2019) (Destaquei)
Vale dizer, por fim, que o tráfico de drogas privilegiado não possui
natureza hedionda ou equiparada, nos termos do art. 112, § 5º, da Lei
de Execução Penal.
Abraços, amigos e amigas!
Até a próxima!
____________________
Referências:
BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de
Execução Penal. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm >
________. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas; define crimes e dá outras providências. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm >
________. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº
1.913.903/SC, Relator Ministro João Otávio de Noronha - Quinta
Turma, julgado em 03/11/2021, publicado em 04/11/2021. Disponível
em < https://processo.stj.jus.br/processo/dj/documento/mediado/?
tipo_documento=documento&componente=M... >
________. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº
207.501/SP, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgado em
20/10/2021, publicado em 22/10/2021. Disponível em <
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?
id=15348357678&ext=.pdf >
________. ________. Recurso Extraordinário com Agravo
nº 666.334/AM, Relator Ministro Gilmar Mendes - Tribunal Pleno,
julgado em 03/04/2014, publicado em 06/05/2014. Disponível em <
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=TP&docID=5787604 >
https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1309848163/recurso-especial-resp-1913903-sc-2020-0346315-8
https://processo.stj.jus.br/processo/dj/documento/mediado/?tipo_documento=documento&componente=MON&sequencial=139012849&tipo_documento=documento&num_registro=202003463158&data=20211104&formato=PDF
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1303870998/habeas-corpus-hc-207501-sp-0062449-7020211000000
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15348357678&ext=.pdf
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25101031/repercussao-geral-no-recurso-extraordinario-com-agravo-are-666334-am-stf
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5787604
MASSON, Cleber; MARÇAL, Vinícius. Lei de Drogas: aspectos
penais e processuais. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2019.
____________________
Quem sou?
Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e
Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo
jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais
jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito.
Também estou no LinkedIn. Você pode me encontrar por lá:
https://www.linkedin.com/in/anna-paula-
cavalcantegfigueiredo
Disponível em: https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1316900995/pensar-
criminalista-grande-quantidade-de-drogas-nao-faz-presumir-a-dedicacao-do-sujeito-a-
atividades-criminosas
https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea
https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcantegfigueiredo

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