Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANEMIAS HEMOLÍTICAS POR DEFEITO DE MEMBRANA: São anemias geradas pela destruição dos eritrócitos em ritmo aumentado. A hemólise pode ser intravascular (destruição da hemácia dentro da circulação) ou extracelular (excesso de remoção de eritrócitos dos macrófagos). Elas podem ser classificadas pelo mecanismo de destruição e pela causa da anemia: • Hereditária: - Membrana: esferocitose e eliptocitose hereditária - Metabólica: deficiência de G6PD, deficiência de piruvato quinase - Hemoglobínica: HbS, HbC • Adquirida: - Autoimune: anticorpos quentes e frios - Aloimune: reações hemolíticas transfusionais, DHRN, aloenxerto associados a drogas - Síndrome de fragmentação eritrocitária - Hemoglobinuria de origem infecciosa: malária - Agentes químicos e físicos - Secundárias: hepatopatias e nefropatias - HPN As manifestações clínicas incluem palidez das mucosas, icterícia decorrente da liberação de hemoglobina livre, que forma bilirrubina, durante a hemólise, esplenomegalia, cálculos vesiculares, crise aplásica, quando relacionada ao parvovírus, e úlceras nos membros inferiores (A. Falciforme). ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA: Grupo de anemias hemolíticas caracterizadas pela presença de hemácias esféricas. O defeito encontra-se nas interações verticais das proteínas de membrana, envolvendo principalmente os genes que codificam a banda 3 e a espectrina, a anquirina e a proteína 4.2. Essa rede proteica é responsável pela resistência e flexibilidade dos eritrócitos. Esses defeitos causam alterações qualitativas e/ou quantitativas nas proteínas constitucionais da membrana, gerando um defeito na membrana que, perde o controle osmótico diminuindo a relação superfície/volume. Isso diminui a deformabilidade e aumenta a fragilidade, formando os esferócitos. Com a diminuição da deformabilidade, os esferócitos passam a ser retidos e fagocitados no baço, gerando uma anemia hemolítica. O quadro clínico é variável e pode ser assintomático com leves alterações laboratoriais, mas os sintomas mais frequentes são anemia, icterícia e esplenomegalia. O quadro laboratorial apresenta uma anemia normocítica e normocrômica/hipercrômica, com RDW e CHCM elevados. O processo de hemólise resulta em uma reticulocitose e aumento da bilirrubina indireta. O teste direto de Coombs (TAD) é negativo, e caso seja positivo indica uma anemia hemolítica autoimune (Doença Hemolítica do Recem-nascido). A lâmina demonstra poiquilocitose com esferocitose (eritrócitos densos, arredondados e hipercrômicos), em casos mais graves, 10 – 20% das hemácias são esferócitos. O teste de fragilidade osmótica é o principal teste para o diagnóstico, porém, ele deve ser feito com as hemácias incubadas (37°C por 24h) pois cerca de 25% dos pacientes apresentam resultados negativos quando as hemácias não são incubadas. Alguns testes complementares como Teste de Lise em ácido glicerol, Teste de Ligação em eosina e Eletroforese em gel de poliacrilamida podem ser realizados. O tratamento em casos mais graves requer a retirada do baço do paciente, processo conhecido como Esplenectomia. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA: Doenças hereditárias caracterizadas pela presença de hemácias elípticas e por anemia hemolítica de gravidade clínica variável. O defeito encontra-se nas interações horizontais entre os componentes do citoesqueleto do eritrócito, envolvendo principalmente a espectrina e a proteína 4.1. Nesse caso a espectrina encontra-se normal em termos quantitativos, então a dosagem vai estar normal, estando alterada apenas qualitativamente. A alteração estrutural da espctrina e da proteína 4.1 gera um defeito na membrana do eritrócito, causando a perda do controle osmótico e a diminuição da deformabilidade, formando os eliptócitos. Esses eliptócitos são retidos e fagocitados no baço, gerando uma anemia hemolítica. Esse subtipo é semelhante a esferocitose, porém, existem algumas diferenças no distendido. Geralmente encontra-se cerca de 20% de ovalócitos ou eliptócitos no sangue periférico, porém, em neonatos, pode-se observar poiquilocitose proeminente e poucos eliptócitos. XEROCITOSE HEREDITÁRIA: Anemia hemolítica caracterizada pela presença de xerócitos, que são células com alta relação superfície/volume. Eles são caracterizados como hemácias em alvo ou com concentração da hemoglobina em um dos polos da célula. Ocorre uma alteração da permeabilidade da membrana a cátions, gerando um aumento no efluxo de potássio para o meio extracelular e menor influxo de sódio para o meio intracelular. Esse fenômeno faz com que a célula perca muita água e desidrate. A xerocitose é marcada por uma anemia macrocítica e com o CHCM geralmente elevado. O teste de fragilidade osmótica fica diminuído. PIROPOIQUILOCITOSE HEREDITÁRIA: Anemia grave associada a extrema poiquilocitose, fragmentação de hemácias e esferócitos, com poucos ou nenhum eliptócito. Origina-se a partir de alterações na espectrina e na proteína 4.1, desestabilizando o citoesqueleto da membrana, gerando uma anisopoiquilocitose muito acentuada. As hemácias são retidas e fagocitadas no baço causando uma anemia hemolítica. Os sintomas se manifestam na infância com icterícia, esplenomegalia e anemia significativa. Pode ocorrer retardo no crescimento e alargamento da medula. O quadro laboratorial apresenta VCM diminuído (25 – 55 FL) e CHCM elevado. A lâmina apresenta microesferócito, eliptócito, ovalócito e uma grande variedade de formas de eritrócitos distorcidos. O teste de sensibilidade térmica apresenta a fragmentação eritrocitária a 45°, e o teste de fragilidade osmótica, após a incubação, encontra- se elevado. O teste de auto hemólise também está elevado.
Compartilhar