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01/12/2020 SEI/TJPI - 2075086 - Acórdão
sei.tjpi.jus.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=2407458&infra_sistema=1000001… 1/5
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
GAB. DES. LUIZ GONZAGA BRANDÃO - GABDESLUIGONBRA 
Pça Des. Edgard Nogueira s/n - Bairro Cabral - Centro Cívico - CEP 64000-830
Teresina - PI - www.tjpi.jus.br
Acórdão Nº 505/2020 - PJPI/TJPI/GABDESLUIGONBRA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ
2ª CÂMARA ESPECIALIZADA CÍVEL
 
Apelação nº 2018.0001.003149-9
Origem: Vara Única da Comarca de Itaueira
Apelante: Banco Itaú BMG Consignados S/A
Advogado: José Almir da Rocha Mendes Junior OAB/PI sob o n° 2.338
Apelado: Manoel Carvalho de Sousa
Advogado: Thiago Ribeiro Evangelista
Relator: Des. Brandão de Carvalho
 
 EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
NEGÓCIO JURÍDICO C/C DANOS MATERIAIS COM REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO REALIZADO COM
PESSOA ANALFABETA. REGULARIDADE. AUSÊNCIA DE FRAUDE.
CONTRATO VÁLIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. É
aplicável o Código de Defesa do Consumidor às operações bancárias (Súmula
297 do STJ). 2. O Código Civil excepciona a possibilidade da assinatura a
rogo em instrumento particular quando se trata de contrato de prestação de
serviços, consoante dispõe o art. 595. 3. Tendo comprovado o crédito na conta
do autor, justificando a origem da dívida, não há que se falar em nulidade do
contrato de mútuo nº 544930314. 4. Por fim, também em decorrência da
declaração de validade do contrato em questão, não vislumbro motivo
ensejador à repetição em dobro e à condenação em indenização por danos
morais, tendo em vista que o contrato foi devidamente pactuado, com a
presença de duas testemunhas e assinatura a rogo de terceiro, em respeito a
forma prescrita em lei. Assim, a contratação comprovada de forma livre afasta
a possibilidade de concessão da indenização pretendida, pois inocorrente
situação de fraude, erro ou coação. 5. Recurso conhecido e provido.
 
ACÓRDÃO
01/12/2020 SEI/TJPI - 2075086 - Acórdão
sei.tjpi.jus.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=2407458&infra_sistema=1000001… 2/5
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os componentes da Egrégia 2ª
Câmara Especializada Cível, do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, à unanimidade, em votar pelo
conhecimento e total provimento do Recurso de Apelação, para julgar procedente os pedidos de
reconhecimento da validade do negócio jurídico celebrado e desnecessidade de condenação à restituição em
dobro dos descontos, além da indenização por danos morais, alterando, dessa forma, a sentença de piso quanto
à condenação referente ao Contrato de Mútuo nº 544930314. Sem Manifestação do Ministério Público
Superior, visto não ter se configurado o interesse público a justificar a intervenção do parquet.
RELATÓRIO
Tratam os presentes autos de Apelação Cível (fls. 58/65) interposta por Banco Itaú BMG
Consignado S/A, contra sentença proferida em Audiência (Ata em fls. 21/24) que declarou inexistente os
contratos nº 712490914, nº 544930314 e nº 199732241, devendo o Banco restituir em dobro o valor
descontado do benefício de Manoel Carvalho de Sousa, ora Apelado, além da condenação em R$ 10.000,00
(dez mil reais) a título de indenização por danos morais em cada um dos supramencionados contratos de
mútuo.
Em sede de Apelação, o Banco se insurge contra a condenação do juízo a quo referente ao
contrato de mútuo nº 544930314, cujo valor do empréstimo perfazia o total de R$ 995,55 (novecentos e
noventa e cinco reais e cinquenta e cinco centavos). Alega que o débito é legítimo e decorre de regular
contratação, a ser quitado em 60 (sessenta) parcelas de R$ 30,00 (trinta reais), mediante desconto no benefício
previdenciário do Apelado.
Informa que, da assinatura do contrato, houve assinatura a rogo, de terceiro, na presença de
duas testemunhas. Alegou, ainda, que o Apelado se beneficiou do valor do empréstimo depositado. Requer a
declaração de inexistência de danos morais, sob o argumento de que a realização do empréstimo não gerou
qualquer dano, nem foi decorrente de ato ilícito praticado pelo Apelante, tampouco houve má-fé a justificar
repetição de indébito em dobro.
Nova petição do Banco Itaú BMG Consignado S/A requerendo a juntada do comprovante de
cancelamento referente ao contrato nº 544930314.
Manifestação do Ministério Público (fls.86/87) devolvendo os autos sem emitir parecer de
mérito, visto não ter se configurado o interesse público a justificar a intervenção do parquet.
É o relatório.
VOTO
Recurso conhecido, visto que preenchidos os pressupostos legais atinentes à espécie.
Cinge-se a controvérsia acerca da pretensão de nulidade de suposto contrato de crédito
consignado firmado entre as partes.
A princípio, declaro que, valendo-me do que impõe o art. 1.013, §3º, CPC/15, reconheço
que o processo está em condições de imediato julgamento, haja vista a prova eminentemente documental, e
passo a análise da controvérsia posta em juízo.
Insta salutar, ademais, que o caso em voga deve ser apreciado sob a égide do Código de
Defesa do Consumidor – CDC, Lei nº 8.078/90, logo é imprescindível que se reconheça a vulnerabilidade do
consumidor.
Nesse sentido, é o entendimento atual, tanto na doutrina como na jurisprudência, acerca da
aplicação do CDC às operações bancárias, o que inclusive, restou sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça,
conforme a redação:
Súmula 297 – STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às
instituições financeiras.
 
01/12/2020 SEI/TJPI - 2075086 - Acórdão
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A Recorrente alega ser pessoa analfabeta, sem qualquer instrução e que vem sendo
surpreendida com a diminuição considerável do valor que costumara receber mensalmente em seu benefício
previdenciário. Pontua que tais descontos decorrem de contrato de empréstimo que se pretende ver declarado
nulo, pois ausentes os requisitos indispensáveis para sua validação.
Em corolário, sobre a capacidade das pessoas analfabetas não pairam dúvidas de que são
plenamente capazes para os atos da vida civil. Todavia, para a prática de determinados atos, deve-se observar
certas formalidades a fim de que estes tenham a devida validade, como dispõe o art. 595 do Código Civil:
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito
por duas testemunhas.
 
As telas oriundas do sistema da empresa são consideradas provas unilaterais, imprestáveis
para alegar contratação, pois as impressões das telas do sistema informatizado além de unilaterais, via de
regra, são ininteligíveis, não se prestando como meio de prova (STJAREsp439153/RS).
Contudo, em documento anexado em fls. 32/33 (Contrato de mútuo nº 544930314), é
notório que foram apresentadas as assinaturas das duas testemunhas, como prevê o Código Civil, e a
assinatura a rogo de terceiro.
Esse é o entendimento deste Egrégio Tribunal:
 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
NULIDADE DE RELAÇÃO JURÍDICA COM PEDIDO DE REPETIÇÃO
DE INDÉBITO E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATO DE
MÚTUO BANCÁRIO. IDOSO ANALFABETO. ASSINATURA.
REQUISITOS LEGAIS DESATENDIDOS. NULIDADE DO PACTO.
Ante a relação jurídica entabulada entre particular e instituição financeira, na
qualidade de fornecedor e destinatário final do serviço, respectivamente,
imperiosa é a incidência do estatuto consumerista, configurada,
inequivocamente, a relação de consumo;
A seu turno, o art. 595, do Código Civil, assevera que, no contrato de
prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, o instrumento deve ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas;
Dessarte, em se tratando deconsumidor analfabeto, mesmo que saiba rabiscar
o próprio nome, necessário se faz atender às formalidades legais previstas para
a manifestação de sua vontade, nos termos - da norma insculpida no art. 595,
do Código Civil, sob pena de nulidade absoluta do pacto.
(TJPI | Apelação Cível Nº 2016.0001.004137-0 | Relator: Des. Ricardo Gentil
Eulálio Dantas | 3ª Câmara Especializada Cível | Data de Julgamento:
18/09/2019)
 
O Código Civil excepciona a possibilidade da assinatura a rogo em instrumento particular
quando se trata de contrato de prestação de serviços, consoante dispõe o art. 595, abaixo transcrito:
 
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito
por duas testemunhas.
 
01/12/2020 SEI/TJPI - 2075086 - Acórdão
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Pois bem, de fato, o contrato preencheu os requisitos necessários para sua validade, há
igualmente o comprovante da transferência do numerário para a conta da autora, conforme os documentos
pessoais da autora, acostados aos autos. Há ainda as assinaturas de duas testemunhas.
Tendo comprovado o crédito na conta da autora, justificando a origem da dívida, não merece
prosperar a pretensão do ora Apelado quanto à nulidade do contrato de mútuo nº 544930314, restando
comprovada a validade deste.
Também não merece prosperar a devolução em dobro dos valores cobrado, visto que ausente
a má-fé do Banco ora Apelante. Precedentes do STJ:
 
Agravo regimental nos embargos de declaração no agravo em recurso especial.
Capitalização dos juros. Inadmissíveis apenas em periodicidade inferior à
anual, não se fazendo ilegal a tabela Price. Repetição de indébito em dobro.
Ausência de qualquer reconhecimento pela corte de origem da má-fé do
credor. Inadmissibilidade da dobra. Agravo regimental desprovido. (AgRg
nos EDcl no AREsp 111609 / SP. T3 – TERCEIRA TURMA. Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO. J. em 18/06/2013. Data da
Publicação/Fonte: DJe 26/06/2013).
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. REPETIÇÃO DO INDÉBITO
EM DOBRO. SERVIÇOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO. ART. 42 DO
CDC. INEXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ RECONHECIDA PELAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS. PRECEDENTES DO STJ. SÚMULAS 83 E 7 DO STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.
1. A restituição em dobro, prevista no art. 42 do CDC, visa evitar a
inclusão de cláusulas abusivas e nulas que permitam que o fornecedor de
produtos e serviços se utilize de métodos constrangedores de cobrança, e,
somente é cabível, quando demonstrada a sua culpa ou má-fé. [...] Agravo
regimental improvido. (AgRg no REsp 1363177 / RJ. T2 - SEGUNDA
TURMA. Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS. J. em 16/05/2013. Data da
Publicação/Fonte: DJe 24/05/2013)
 
Por fim, também em decorrência da declaração de validade do contrato em questão, não
vislumbro motivo ensejador à condenação em indenização por danos morais, tendo em vista que o contrato foi
devidamente pactuado, com a presença de duas testemunhas e assinatura a rogo de terceiro, em respeito a
forma prescrita em lei. Assim, a contratação comprovada de forma livre afasta a possibilidade de concessão
da indenização pretendida, pois inocorrente situação de fraude, erro ou coação.
Por todo o exposto, voto pelo conhecimento e total provimento do Recurso de Apelação, por
julgar procedente os pedidos de reconhecimento da validade do negócio jurídico celebrado e desnecessidade
de condenação à restituição em dobro dos descontos, além da indenização por danos morais, alterando, dessa
forma, a sentença de piso quanto à condenação referente ao Contrato de Mútuo nº 544930314. Sem
Manifestação do Ministério Público Superior, visto não ter se configurado o interesse público a justificar a
intervenção do parquet.
DECISÃO
Como consta da ata de julgamento, acordam os componentes da Egrégia 2ª Câmara
Especializada Cível, do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, à unanimidade, em votar pelo conhecimento e
total provimento do Recurso de Apelação, para julgar procedente os pedidos de reconhecimento da validade
do negócio jurídico celebrado e desnecessidade de condenação à restituição em dobro dos descontos, além da
indenização por danos morais, alterando, dessa forma, a sentença de piso quanto à condenação referente ao
Contrato de Mútuo nº 544930314. Sem Manifestação do Ministério Público Superior, visto não ter se
configurado o interesse público a justificar a intervenção do parquet.
01/12/2020 SEI/TJPI - 2075086 - Acórdão
sei.tjpi.jus.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=2407458&infra_sistema=1000001… 5/5
Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Deses. Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho –
Relator, José Ribamar Oliveira e Dr. Dioclécio Sousa da Silva (convocado).
Ausência justificada do Exmo. Sr. Des. José James Gomes Pereira.
Impedido(s): Não houve.
Presente o Exmo. Sr. Dr. José Ribamar da Costa Assunção, Procurador de Justiça.
SALA DAS SESSÕES POR VIDEOCONFERÊNCIA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO, em Teresina, 24 de novembro de 2020.
 
 
Des. Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho
Presidente e Relator
 
Documento assinado eletronicamente por Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, Desembargador(a), em
01/12/2020, às 09:41, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site http://sei.tjpi.jus.br/verificar.php informando o
código verificador 2075086 e o código CRC CF291ED2.
20.0.000055349-3 2075086v5
http://sei.tjpi.jus.br/verificar.php

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