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Microbiologia Bruna Argolo PAPILOMAVIRUS E NEISSERIA GONORRHOEAE ❖ PAPILOMAVIRUS (HPV): O papilomavírus humano causa papilomas, que são tumores benignos de células escamosas, por exemplo, verrugas na pele. Alguns tipos de HPV, especialmente os tipos 16 e 18, causam carcinoma do cérvix e do pênis. • Família Papillomaviridae. • Constituído por um capsídeo icosaedrico não envelopado (dsDNA) - DNA de fita dupla, circular. • Infecções líticas, crônicas, latentes e transformadoras. - Líticas: infectam e destroem a célula hospedeira. - Crônica: o desenvolvimento de sintomas clínicos demora muito. - Latentes: podem estar inseridos no genoma da célula hospedeira e por algum motivo apresenta-se e expressa alguns genes. - Transformadoras: porque está relacionado à formação de neoplasias. • Os papilomavírus infectam e se replicam no epitélio escamoso só pele, onde são formadas verrugas, e nas membranas mucosas, onde se formam papilomas genitais e orais. O vírus induz a proliferação epitelial. • Constituído por genes precoces ou não estruturais (E1 a E8), que estão relacionados a replicação, proliferação e liberação do vírus, e genes tardios ou estruturais (L1 e L2), que são expressos mais tardiamente, na hora da montagem, para viabilizar a formação do capsídeo, para que a partícula viral possa ser liberada da célula hospedeira. - L1: Proteína principal do capsídeo. - L2: Proteína menor do capsídeo. - E1: Envolvido na replicação viral. - E2: Envolvido na replicação e regulação viral. - E4 e E5: Amplificação do genoma. - E6 e E7: Oncoproteínas. • O DNA viral dentro da célula do hospedeiro pode assumir duas formas: a epissomal (circular) e a integrada (linear). - Forma epissomal: o DNA viral permanece circular no núcleo da célula do hospedeiro, não estando integrado ao DNA da mesma. Essa forma é encontrada nas verrugas genitais e lesões de menor gravidade. - Forma integrada: o genoma do vírus está incorporado no DNA da célula da hospedeira. É encontrado nas lesões de maior gravidade, como o carcinoma (tumor maligno causador de câncer de pele). EPIDEMIOLOGIA: • + 100 tipos diferentes classificados em 16 grupos. • Aproximadamente 40 tipos infectam a região genital-anal. • 30 milhões de novos casos/ano no mundo. • 30-40% dos casos: mulheres < 20 anos. • Pico de incidência de câncer de colo cerca de 5 a 10 anos após a infecção. • HPV-DNA integrado em 85% - 99,7% dos casos de câncer de colo uterino. • Os HPV 16 e 18 são os principais na causa câncer de colo de útero PATOGÊNESE: A transmissão da infecção viral ocorre por contato íntimo. As partículas virais são liberadas pela superfície das lesões de papilomavírus e poderão contaminar a camada basal proliferativa de outro local ou de outro hospedeiro. O vírus do HPV se localiza na camada basal da epiderme, sendo a camada basal a mais profunda, onde ocorre a divisão celular para a renovação das células e essas células uma vez renovadas seguem em direção a superfície para que ocorra a renovação dessas diversas camadas. Como ele é um vírus de DNA e como todo vírus de DNA ele vai se replicar no núcleo, e vai começar a influenciar no genoma dessa célula hospedeira, expressar genes E1 e E2, que induzem um aumento da proliferação celular, e ele vai maturando, formando suas partículas virais, à medida que essa célula vai se posicionando em direção a superfície da epiderme, o vírus expressa L1 e L2 para a formação de proteínas de capsídeo, e o vírus então é liberado. Microbiologia Bruna Argolo Além de ele influenciar na proliferação celular, ele influencia também nos queratinócitos, fazendo-os produzir mais queratina, então levam a uma hiperqueratinização, e essa projeção celular para a superfície, caracterizando as verrugas. Elas são mais durinhas por causa da hiperqueratinização. As verrugas surgem de 3 a 4 meses após a infecção, caracterizando uma lesão crônica. BASES DA ONCOGENICIDADE DO HPV: Estresse, condições do ambiente, característica genética do indivíduo e imunodeficiência pode favorecer que a forma epissomal (circular) do DNA se torne integrada (linear), aí você tem uma expressão genica maior de E6 e E7. As proteínas E6 e E7 do HPV- 16 e HPV-18 são oncogênicas, pois se ligam e inativam as proteínas supressoras do crescimento celular (supressoras de transformação), p53 e pRb. Essas proteínas são reparadoras, tendo a função de durante a divisão celular fazer a apoptose das células com distúrbios, mas ao serem inativadas, as células defeituosas se mantêm e se multiplicam. Sem estes freios sobre a multiplicação celular, as células ficam mais suscetíveis à mutação, aberrações cromossômicas e consequentemente se transformam em câncer. MANIFESTAÇÕES CLINICAS: Verrugas nas mãos, pés, dedos, rosto e região genital (crescem no corpo do pênis, na vulva, vagina, colo do útero, ou em torno do ânus). Tipos: plantar, periungueal (ao redor da unha), comum ou plana. VACINAÇÃO: Vacina quadrivalente recombinante contra papilomavírus humano (tipos 6, 11, 16 e 8). Contém proteínas L1 (proteína do capsídeo). O ideal é que a vacina seja tomada antes da vida sexual se iniciar. A faixa etária indicada é de 9 a 14 anos para as meninas, e de 11 a 14 anos para os meninos, de modo que ambos devem tomar duas doses com um intervalo de 6 meses. ❖ NEISSERIAS: • São diplococos Gram negativos. • A Nisseria gonorrhoeae (gonococos) e a Neisseria meningitidis (meningococos) são patógenos que comumente se encontram dentro das PMN (células polimorfonucleares – granulócitos: eosinófilo, neutrófilos e basófilos). • São catalase positivo: bactérias produtoras de catalase – quebra moléculas de peroxido de hidrogênio. • Algumas são habitantes normais do trato respiratório humano. • Microrganismos aeróbios. NEISSERIA GONORRHOEAE: • Nome comum: gonococo. • Diplococos Gram (-) como grãos de café. • Requerem meios de cultivo enriquecidos para crescer. • Catalase positivo. • Aeróbios. EPIDEMIOLOGIA: • A gonorreia é transmitida por contato sexual. • É comum a existência de infecções assintomáticas. • Infecta mucosas da uretra, cérvix, faringe e conjuntiva. • Oftalmia neonatal gonocócica. Microbiologia Bruna Argolo FATORES DE VIRULÊNCIA: • PILI: São apêndices piliformes que se entendem por vários micrometros a partir da superfície do gonococo. Aumentam a fixação do microrganismo às células do hospedeiro e a resistência à fagocitose. • PROTEINA POR: Estende-se através da membrana celular dos gonococos. Ocorre em trímeros, formando poros na superfície, através dos quais alguns nutrientes penetram na célula. A resistência variável dos gonococos ao poder bactericida do soro humano normal depende de como a proteína Por liga-se seletivamente aos componentes do complemento C3b e C4b. • PROTEÍNAS OPA: Estas proteínas atuam na adesão dos gonococos dentro das colônias e na fixação dos microrganismos as células do hospedeiro, particularmente células que expressam receptores celulares. • RMP (proteína III) – Inibem a atividade bactericida do soro. • LIPO-OLIGOSSACARÍDEO (LOS/LPS): A toxicidade observada nas infecções gonocócicas deve-se, em grande parte, aos efeitos endotóxicos do LOS. Especificamente, em modelo de implante em tuba uterina, LOS causa perda ciliar e morte das células da mucosa. OBS: Os gonococos desenvolveram mecanismos que frequentemente permitem a mudança de uma forma antigênica (pilina, Opa ou LPS) para outra forma antigênica da mesma molécula. Por serem antígenos de superfície expostos nos gonococos, a pilina, a Opa e o LPS são importantes na resposta imunológica à infecção. A rápida mudança das moléculas de uma forma antigênica para outra ajuda os gonococos a escaparem do sistema imunológico do hospedeiro. OBS: É comum a ocorrência de infecções gonocócicas repetidas. A imunidade protetora contra a reinfecção não parecefazer parte do processo patológico devido à variedade antigênica dos gonococos. MANIFESTAÇÕES CLINICAS: • Os gonococos atacam as mucosas do trato geniturinário, dos olhos, do reto e da garganta, causando supuração (produz de pus pós processo infeccioso e inflamatório) aguda que pode levar a invasão tecidual. Este processo é seguido de inflamação crônica e fibrose. • Em homens, geralmente ocorre uretrite (inflamação da uretra), com pus espesso e amarelado, além de micção dolorosa. O processo pode estender-se ao epidídimo. Com o desaparecimento da supuração na infecção sem tratamento, ocorre fibrose, resultando, às vezes, em estenoses (estreitamento) uretrais. A infecção uretral em homens pode ser assintomática. • Em mulheres, a infecção primaria é observada no endocérvice (parte interna do colo) e estende-se à uretra e à vagina, resultando em corrimento mucopurulento. Em seguida, pode progredir para as tubas uterinas, causando salpingite (inflamação nas tubas), fibrose e obliteração (obstrução) das tubas. Ocorre infertilidade em 20% das mulheres com salpingite gonocócica. A cervicite ou proctite gonocócica crônica é frequentemente assintomática. • A bacteriemia gonocócica resulta em lesões cutâneas (particularmente pápulas hemorrágicas e pústulas) nas mãos, antebraços, pés e pernas, bem como em tenossinovite (inflamação no tendão) e artrite supurativa, geralmente nos joelhos, tornozelos e punhos. • Inflamações localizadas em mucosas também podem ser faringite e conjuntivite. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • AMOSTRAS: Devem ser obtidas amostras de pus e secreções da uretra, do colo, do reto, da conjuntiva, da garganta ou do liquido sinovial para cultura e esfregaço. • ESFREGAÇOS: Os esfregaços de exsudato uretral ou endocervical, corados pelo método de Gram, revelam inúmeros diplococos no interior dos leucócitos. • CULTURA: Imediatamente após a coleta, o pus ou muco deve ser semeado em meio seletivo enriquecido (meio de Thayer Martin). • TESTE BASEADO EM ÁCIDOS NUCLEICOS. TRATAMENTO: Desde o desenvolvimento e uso disseminado da penicilina, a resistência dos gonococos a esse antibiótico vem aumentando de modo gradual, devido à seleção de mutantes cromossômicos, de modo que, atualmente, muitas cepas exigem altas concentrações de penicilina G para sua inibição.