Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUMÁRIO 1. Introdução e Definição ............................................. 3 2. Eritrograma ................................................................... 6 3. Leucograma ...............................................................11 4. Plaquetograma .........................................................14 5. Redução das Linhagens Sanguíneas ..............16 Referências bibliográficas .........................................18 3HEMOGRAMA 1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO O hemograma é o exame que es- tuda os componentes celulares do sangue através de uma análise qua- litativa e quantitativa. Representa o exame complementar mais requerido nas consultas médicas e proporcio- na a avaliação dos três componentes principais do sangue periférico: eritró- citos (série vermelha), leucócitos (série branca) e plaquetas (série plaquetária). CONCEITO! As células sanguíneas são formadas a partir de uma única célula precursora (célula-tronco). De acordo com o estímulo a que for exposta, a cé- lula-tronco pode se diferenciar em pla- quetas, hemácias ou qualquer um dos tipos de leucócitos. Figura 1; Processo de maturação das células sanguíne- as. Retirado de: https://www.mdsaude.com/hematolo- gia/sindrome-mielodisplasica/, acesso em 21/01/2020. O processo de realização do hemo- grama envolve basicamente quatro etapas: Coleta e processamento da amostra de sangue pe- riférico; Contagem das células, in- cluindo determinação dos índices da série vermelha e das plaquetas; Determinação diferencial dos leucócitos; Microscopia do esfregaço de sangue periférico para ava- liação de potenciais anorma- lidades morfológicas. Vieses de Resultado Por ser um exame elaborado que passa por várias etapas, é possível que ocorra interferências de alguns fatores e, dessa forma, é importan- te conhecer os principais vieses que podem interferir no resultado final do hemograma. Para fins práticos, o exa- me é dividido em 3 fases: pré-analíti- ca, analítica e pós-analítica. Durante a fase pré analítica, os prin- cipais fatores que podem alterar o re- sultado final são: questões fisiológicas do próprio paciente (idade, gênero e outras peculiaridades), inadequações de coleta e manipulação da amostra e fatores endógenos (anticorpos do pa- 1 2 3 4 4HEMOGRAMA ciente, medicamento de uso contínuo, entre outros). A fase analítica é responsável por 5 a 15% das alterações no resultado do hemograma. Neste momento, o prin- cipal fator é a análise equivocada das células sanguíneas. Por fim, os vieses presentes na fase pós-analítica consistem, basicamente em interpretação errônea das análi- ses obtidas na fase anterior e identi- ficação inadequada. Representa 20 a 45% dos vieses de resultado. Fase pré-analítica: 40-75% Fisiológicos (idade, gênero, variáveis do paciente) Coleta/Manipulação da amostra Endógenas (anticorpos do paciente, medicamentos de uso contínuo, entre outros) Fase analítica: 5-15% Análise equivocada Fase pós-analítica: 20-45% Identificação inadequada Interpretação errônea Tubos para coleta Para que a amostra de sangue seja analisada de forma precisa e livre de erros, a coleta precisa ser realizada em um tubo com anticoagulante, afim de se evitar aglutinação das células sanguíneas. Para isso, estão dispo- níveis, basicamente, tubos com três tipos de anticoagulantes, cada qual com sua especificidade e indicação. São eles: EDTA • Quelante de cálcio • Usado no hemograma • Tubo roxo HEPARINA • Útil para estudo eritrocitário • Promove aglutinação de leucóticos e plaquetas • Tubo verde CITRATO • Ideal para coagulograma • Tubo azul 5HEMOGRAMA MAPA MENTAL – INTRODUÇÃO AO HEMOGRAMA Fase Pós-Analítica (20-45%) VIESES DE RESULTADO TUBOS COM ANTICOAGULANTES ESTUDO DOS COMPONENTES CELULARES DO SANGUE ETAPAS CÉLULAS SANGUÍNEAS Fase Analítica (5-15%) Fase Pré-Analítica (40-75%) EDTA Heparina Citrato Coleta e Processamento Contagem das células Determinação diferencial dos leucócitos Microscopia do esfregaço sanguíneo Plaquetas Eritrócitos Leucócitos MonócitosLinfócitos Granulócitos Neutrófilos Eosinófilos Basófilos 6HEMOGRAMA 2. ERITROGRAMA Eritrograma é a seção do hemograma que avalia a série vermelha, ou seja, as hemácias e o tecido eritroblástico da medula óssea que lhes dá origem. Tem como função identificar, quantifi- car e, desse modo, ajudar na investi- gação diagnóstica de alterações des- sas células. Estuda a contagem de hemácias, do- sagem de hemoglobina (Hb), hema- tócrito (HT) e índices hematimétricos: volume corpuscular médio (VCM), he- moglobina corpuscular média (HCM), concentração hemoglobínica corpus- cular média (CHCM) e amplitude de distribuição das hemácias (RDW). Além disso, casos especiais examina microscopicamente a morfologia eri- trocitária. A seguir, estes parâmetros serão abordados com maiores deta- lhes. Contagem de hemácias O número de hemácias de um indiví- duo varia, principalmente, de acordo com a idade e o gênero, sendo que os homens apresentam valores maio- res que as mulheres. Essa diferença está relacionada com a fisiologia hor- monal, uma vez que os andrógenos aumentam a sensibilidade do tecido eritroblástico à eritropoetina e os es- trógenos desestimulam a eritropoese. A contagem das hemácias é obtida por meio de contadores automáticos e seu valor é menos utilizado na práti- ca do que a dosagem de hemoglobina ou o valor do hematócrito. Dessa ma- neira, deve ser interpretada no con- texto do eritrograma completo, nunca devendo ser usada como parâmetro único parâmetro para o diagnóstico de anemia. Os valores de referência (VR) são de 4,1 a 5,4/mm³ para mulheres adultas e 4,5 a 6,1/mm³ em homens adultos. São relatados diferentes valores para recém-nascidos, lactentes e crianças até alcançar a idade adulta. Os con- tadores automáticos ajustam os valo- res normais de acordo com os grupos etários. Quando os valores são inferiores aos VR, diz-se que há oligocitemia e, quando se apresentam superiores, denomina-se poliglobulia. Algumas das condições que podem causar tais alterações são: Neoplasias mieloproliferativas; Desidratação grave Anemias Dosagem de Hemoglobina (Hb) A dosagem da hemoglobina é um dado fundamental para o diagnóstico Elevação da contagem de hemácias Diminuição da contagem de hemácias 7HEMOGRAMA de estados anêmicos ou eritrocitoses. Seus valores variam de acordo com o sexo do indivíduo, apresentando um valor médio de 15,0 g/dL e tendo como valor de referência 12,5 a 16,5 g/dL para homens e 11,5 a 15,5 g/dL para mulheres. Tais valores podem se encontrar alterados em várias situa- ções, como: Hematócrito (Ht) Corresponde à concentração de eritró- citos numa certa quantidade de san- gue total. Correlaciona-se melhor que a contagem de eritrócitos com a vis- cosidade sanguínea sendo, portanto, o parâmetro mais utilizado para ava- liar alterações volêmicas. Seus valores são apresentados em porcentagem e também diferem em relação ao sexo. Tendo como referência 40 a 54% para homens e 36 a 48% para mulheres. DICA PRÁTICA! O valor do hematócrito costuma ser 3 vezes maior que a dosa- gem da hemoglobina. Podem ocorrer erros em pacientes com policitemia vera, bem como na- queles com contagens muito altas de leucócitos, devido ao aumento do creme leucocitário, aglutinação dos eritrócitos e plaquetas grandes. Volume Corpuscular Médio (VCM) O VCM representa o valor média do volume dos eritrócitos (Fig. 1). É de- terminado diretamente por instru- mentos automáticos e é calculado dividindo-se o hematócrito pelo nú- mero de eritrócitos presentes nesse volume. Apresenta os mesmos va- lores em ambos os sexos, com a re- ferência variando entre 80 – 98 fL. Valores acima deste limite são deno- minados como macrocitose, e abaixo desse limite como microcitose. Pode estar artificialmente aumenta- do devido a leucocitose pronunciada, numerosas plaquetas grandes, crio- aglutininas, intoxicaçãopor metanol, hiperglicemia acentuada e reticulo- citose pronunciada. Ou pode estar falsamente diminuído na hemólise in vitro ou fragmentação dos eritrócitos. Figura 2: VCM: dimensões do eritrócito normal. Fonte: Hemograma: manual de interpretação, 2015. Diminuição dos valores de Hb Anemias Grandes altitudes; Baixa pressão de oxigênio; Doença pulmonar ou cardíaca avançadas; Neoplasias mieloproliferativas Elevação dos valores de Hb 8HEMOGRAMA Histograma e RDW São um subproduto do VCM individual e são indispensáveis na avaliação da hete- rogeneidade volumétrica dos eritrócitos. Quando o computador recebe as medi- das individuais do VCM de cada eritrócito, ele as organiza em forma de curva, que então é denominada histograma, a qual, nos sangues normais, é aproximada- mente gaussiana (normal) e de abertura estreita. O VCM pode ser obtido da mé- dia aritmética dos valores contidos nesta curva. Quando a curva situa-se mais à esquerda ou à direita, na abscissa, denota micro ou macrocitose respectivamente. Além disso, o computador mede o coe- ficiente de variação da curva e fornece-o nos resultados, com a denominação de RDW (Red Blood Cell Distribution Wid- th = amplitude de distribuição dos eritró- citos). Considera-se como valor de refe- rência do RDW o intervalo de 11 a 15%. Valores mais baixos indicariam eritrócitos muito mais homogêneos, mas este tipo de situação não costuma ser vista. Já va- lores mais altos indicam excessiva hete- rogeneidade volumétrica dos eritrócitos, situação denominada de anisocitose. Figura 3: Histogramas ilustrativos com RDW normal à esquerda e RDW aumentado à direita. Fonte: Hemo- grama: manual de interpretação, 2015. O RDW é particularmente útil no diagnóstico diferencial das anemias por deficiência na síntese da hemo- globina. Observe os exemplos e a ta- bela a seguir: Na anemia ferropriva há prejuízo na formação da hemoglobina devi- do à deficiência de ferro, no entanto, podem haver períodos de maior ab- sorção e, por este motivo, são encon- trados tanto eritrócitos microcíticos quanto macrocíticos caracterizando uma anisocitose precoce. Nas ane- mias sideroblásticas, em que há um defeito na síntese do heme que va- ria de eritrócito a eritrócito, o RDW é extremamente elevado, configurando uma anisocitose acentuada. Já na beta-talassemia minor, o defeito genético da síntese da globina é igual em todos os eritrócitos, de modo que há uma população microcítica homo- gênea, com baixo RDW (isocítica). Na anemia das doenças crônicas, em que pode haver microcitose, e na anemia da insuficiência renal crônica, o RDW tam- bém não costuma estar aumentado. VCM RDW Normal Diminuido Aumentado Normal Normocitose Homogênea Microcitose Homogêna Macrocitose Homogênea Alto Normocitose Heterogênea Microcitose Heterogê- nea Macrocitose Heterogênea Tabela 2:Relação entre VCM e RDW para constata- ção de normocitose, microcitose e macrocitose. Fonte: NAOUM, P. C.; NAOUM, F. L. Interpretação laboratorial do hemograma, 2013. 9HEMOGRAMA Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) Expressa a quantidade média de he- moglobina que existe dentro de uma hemácia. É calculada pelo computa- dor dividindo-se a dosagem de he- moglobina pelo número de eritrócitos presentes em um mesmo volume de sangue. Apresenta valores de refe- rência de 27 a 33 pg por eritrócito. Concentração Hemoglobínica Corpuscular Média (CHCM) Demonstra a concentração média de hemoglobina nos eritrócitos. É cal- culada pela média da quantidade de hemoglobina (HCM) dividida pelo volume médio dos eritrócitos (VCM). Apresenta valores de referência entre 31 e 36 g/dL. Assim como no VCM, a medida do CHCM também gera uma curva con- tendo a distribuição dos valores, ou seja, um histograma do CHCM, do qual podemos extrair o desvio-pa- drão denominado HDW, que indi- ca a variação de coloração celular, ou a quantidade de hemoglobina por célula. Condi- ções com HDW aumentado são denominadas hi- percromia, já com HDW diminuído denominamos hipocromia. Abaixo serão demonstradas algumas condições que podem cursar com hi- per ou hipocromia: Esferocitose; Coma hiperosmolar; Hemoglobinopatias Hipercromia Anemia ferropriva Hipocromia Contagem de Reticulócitos Os reticulócitos são eritrócitos ima- turos sem núcleos e sua contagem fornece uma estimativa da taxa de produção dos eritrócitos, podendo serem contados manualmente (ao microscópio) e expressos como por- centagem por 100 eritrócito ou auto- maticamente através dos contadores. Apresentam como valores de refe- rência 0,3 a 2,3/100 eritrócitos com contadores automáticos, no entanto, a contagem absoluta ou o índice de produ- ção de reticulócitos são mais úteis. Resultados aumen- tados são denomi- nados reticulocitose e podem ocorrer por aumento da produção de eritrócitos, mais pronunciado nas ane- 10HEMOGRAMA mias hemolíticas ou durante a rege- neração da medula óssea. Resulta- dos diminuídos podem ser devido a condições em que a hematopoiese está inadequada ou ineficaz. Microscopia e Conferência A avaliação da série vermelha inclui o exame microscópico do esfregaço sanguíneo, porque muitas alterações fisiológicas de importânica diagnós- tica não são identificadas apenas pelas contagens e cálculos dos índi- ces. A observação microscópica das hemácias pode fornecer informações adicionais importantes, sendo par- ticularmente útil no diagnóstico das anemias. ALTERAÇÕES DA FORMA ALTERAÇÕES DA COR -Anisocistose: variação de tamanho das hemá- cias, medidas pelo VCM e RDW. -Poiquilocitose: variação da forma das hemácias. EX: esferócitos, ovalóci- tos, hemácias em alvo, dacriócitos (hemácias em lágrima), estomatócitos, esquizócitos, equinócitos, acantócitos e drepanóci- tos (hemácias em foice). -Hipocromia -Hipercromia -Policromasia: cor azulada; característi- co dos reticulócitos. FLUXOGRAMA SÉRIE VERMELHA H: homens | M: mulheres ERITROGRAMA Contagem de Hemácias H: 4,5 a 6,1/mm³ M: 4,1 a 5,4/mm³ Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos (RDW): 11 a 15% Concentração Hemoglobínica Corpuscular Média (CHCM): 31 a 36 g/dL Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): 27 a 33 pg Volume Corpuscular Médio (VCM): 80 a 98 fL Hematócrito (Ht) H: 40 a 54% M: 36 a 48% Dosagem de Hemoglobina (Hb) H: 12,5 a 16,5 g/dL M: 11,5 a 15,5 g/dL 11HEMOGRAMA 3. LEUCOGRAMA É a seção do hemograma que inclui a avaliação dos glóbulos brancos e com- preende as contagens global e diferen- cial dos leucócitos. O valor de referência do total de leucócitos em adultos varia de 4.000 a 11.000/mm³. São relata- dos valores diferentes para lactentes e crianças, separados por grupos etários. Os leucócitos representam as células sanguíneas de defesa e estão, em sua grande maioria, concentrados na medula óssea (90%). Destes 10% dos leucóci- tos circulantes, apenas 40% estão dis- poníveis na corrente sanguínea, estando os outros 60% concentrados nos tecidos periféricos. Os leucócitos são compostos por neutrófilos, linfócitos, monócitos, eo- sinófilos e basófilos e podem ser classi- ficados em granulócitos e agranulócitos. Neutrófilos Representam o tipo de leucócito mais co- mum no adulto e, junto com os eosinófilos e os basófilos, constituem os granulócitos (apresentam núcleos irregulares e contêm grânulos citoplasmáticos específicos). São constituídos por células maduras e jovens. Os neutrófilos maduros são os polimorfos nucleares (PMN) e são chamados de segmentados, pois seus núcleos sofrem seguidas segmenta- ção durante o processo de maturação. Os segmentados representam de 36 a 66% dos leucócitos e possui uma con- tagem absoluta de 2000 a 7500/mm³. Os neutrófilos jovens são compostos por blastos, promielócitos, mielócitos, metamielócitos e bastões (ou bastone- tes). Em condições normais, os bastões podem estar presentes no sangue (VR: 2 a 4% dos leucócitos e contagem absoluta de 100 a 400/mm³), sem associação com alguma patologia, visto quesão as formas jovens mais “próxi- mas” dos polimorfos nucleares. A pre- sença de um percentual maior de cé- lulas jovens indica que pode haver um processo infeccioso em curso. PMN: polimorfo nuclear. Figura 4: Sistema de produção de neutrófilos. Fonte: GOLDMAN, Lee. Cecil Medicina Interna. Ed. Saunders- -Elsevier, 2012. 12HEMOGRAMA Linfócitos Representam o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos e repre- sentam de 15 a 45% dos leucócitos no sangue. São as principais linhas de defesa contra infecções por vírus e contra o surgimento de tumores. Os linfócitos podem estar aumenta- dos em processos virais ativos. Os linfócitos são as células atacadas pelo vírus HIV, esse é um dos motivos da AIDS causar imunossupressão e levar a quadros de infecções oportunistas. SE LIGA! Linfócitos atípicos são um gru- po de linfócitos com morfologia diferen- te que podem estar presentes no san- gue em quadros de infecções por vírus (como mononucleose, gripe, dengue...), após uso de algumas drogas e em do- enças auto-imunes (como lúpus, artrite reumatoide, síndrome de Guillain-Barré) Monócitos Representam de 3 a 10% dos leucóci- tos circulantes e são ativados tanto em processos virais quanto bacterianos. Os monócitos são responsáveis pela fagocitose (em sua forma ativa – ma- crófago) e pela defesa do organismo. Estão elevados, principalmente, nas in- fecções crônicas, como a tuberculose. Eosinófilos São os leucócitos responsáveis pelo combate às parasitoses e pelo mecanis- mo da alergia. Representa apenas de 1 a 5% dos leucócitos circulantes. Podem estar aumentados em processos alérgi- cos, processos asmáticos ou em casos de infecção intestinal por parasitas. Basófilos São o tipo menos comum de leucó- citos no sangue, representando ape- nas 0 a 2% dos glóbulos brancos cir- culantes. Podem estar elevados em processos alérgicos e/ou estados de inflamação crônica. Leucocitose e leucopenia designam, respectivamente, as contagens acima e abaixo dos limites de referência, e recebem diferentes denominações de acordo com o tipo de leucócito afe- tado: 1) neutrofilia corresponde ao aumento de neutrófilos; 2) eosinofi- lia indica o aumento de eosinófilos; 3) basofilia remete ao aumento dos basófilos; 4) linfocitose é o aumen- to de linfócitos e 5) monicitose o au- mento de monócitos. Já a diminuição de leucócitos pode ser denominada neutropenia, eosinopenia, monoci- topenia e linfocitopenia. SE LIGA! Leucocitose e leucopenia, sendo avaliados como números isola- dos, não são passíveis de interpretação. É importante saber a partir de que ti- po(s) celular(es) ocorreu o aumento ou a diminuição do número global. Por isso, a avaliação sempre deve ser baseada no leucograma completo. 13HEMOGRAMA As causas mais frequentes de leuco- citose são as infecções. De modo ge- ral, as infecções bacterianas cursam com neutrofilia acentuada, com au- mento tanto de segmentados quanto de bastonetes, assim como o desa- parecimento de eosinófilos circulan- tes. Nesses casos podem ser encon- tradas células jovens na circulação, as quais estão restritas à medula óssea em condições normais, caracterizan- do o desvio à esquerda. SE LIGA!: Desvio à esquerda correspon- de ao aparecimento, no sangue periféri- co, de precursores granulocíticos (bas- tonetes, mielócitos e metamielócitos), que normalmente se localizam na me- dula óssea. Pode ser classificado como desvio escalonado (“respeita” o fluxo de produção sanguínea. Ex: quantida- de de PMN > quantidade de bastões > quantidade de metamielócitos...) ou não escalonado (não obedece a maturação esperada. Ex: quantidade de blastos > quantidade de PMN). FLUXOGRAMA SÉRIE BRANCA H: homens | M: mulheres LEUCOGRAMA 4.000 a 11.000/mm³ Neutrófilos Segmentados: 2.000 a 7500/mm³ (33 a 66%) Bastões: 100 a 400 (2 a 4%) Basófilos 0 a 220 (0 a 2%) Eosinófilos 40 a 550/mm³ (1 a 5%) Monócitos 120 a 1100/mm³ (3 a 10%) Linfócitos 600 a 4950/mm³ (15 a 45%) 14HEMOGRAMA Além disso, tabagismo e obesida- de causam aumento, mutuamente aditivo, de aproximadamente 1.000 leucócitos/mm³ (neutrófilos) na con- tagem. O café, em doses elevadas, causa leucocitose. A contagem não varia com o ciclo menstrual. 4. PLAQUETOGRAMA As plaquetas também são produzi- das na medula óssea e derivam da fragmentação do citoplasma dos megacariócitos. Têm a forma de pe- quenos corpúsculos discoides do sangue, e constituem o principal ele- mento para obtenção da hemosta- sia. Apresentam tempo de vida mé- dia variável entre nove e doze dias. São quantificadas por contadores automáticos, que também fornecem o volume plaquetário médio (VPM), dados similares aos obtidos para a série vermelha. Os valores de referência para a con- tagem de plaquetas são similares em ambos os sexos e independentes da idade, e se situam entre 150.000 a 450.000/mm³. Trombocitopenia (ou plaquetope- nia) designa contagens de plaquetas abaixo dos limites de referência, já trombocitose denomina as conta- gens acima dos valores de referência. Algumas das causas de ambas as condições podem ser vistas abaixo: SE LIGA! A função hemostática das pla- quetas mantém-se com contagens até, aproximadamente 70.000/mm³, dessa forma, trombocitopenias até esse valor são praticamente assintomáticas. Volume Plaquetário Médio Os contadores eletrônicos medem as plaquetas ao contá-las, como dito acima, fornecendo um volume pla- quetário médio (VPM) e, organizando estes valores individuais em curvas, o que gera o histograma do volume plaquetário. No entanto, há uma con- siderável diferença de resultados do VPM entre modelos diversos de con- tadores, cabendo a cada laboratório determinar valores de referência pró- prios a seus instrumentos. Além dis- so, o coeficiente de variação do his- tograma (PDW = platelet distribution width) também é calculado por estes instrumentos. Fração Plaquetária Imatura (IPF) Plaquetas imaturas, ou seja, que aca- baram de se desprender dos mega- cariócitos na medula óssea, possuem uma quantidade significativa de RNA, que pode ser evidenciada com um corante fluorescente, permitindo sua identificação durante a contagem fei- ta por determinados contadores ele- trônicos. A fração plaquetária imatura apresenta valor de referência de 1,1 a 6,1%. 15HEMOGRAMA Um aumento da porcentagem de pla- quetas imaturas pode indicar uma produção aumentada de plaquetas, distinguindo trombocitopenias por destruição periférica de trombocito- penias por falta de produção. Observação Microscópica É uma etapa do exame indispensável para validar trombocitopenias e trom- bocitoses após realizada a contagem eletrônica. Permite ainda a indentifi- cação de anormalidades como as ma- croplaquetas ou plaquetas gigantes, que possuem mais de 4μm de diâ- metro e chamam a atenção mesmo quando em pequeno número, o que não chega a interferir no VPM. Nas síndromes mieloproliferativas e dis- plásicas, é comum a presença de ma- croplaquetas de morfologia anormal, plaquetas gigantes e dismórficas. Infiltração leucêmica na medula óssea Trombocitopenia Produtos químicos Aplasia de medula Medicamentos Infecções virais Produção Insuficiente Coagulação intravascular disseminada Púrpura trombocitopênica trombótica Consumo Exagerado Púrpura trombocitopênica auto-imune Auto e alo- anticorpos Esplenomegalia Destruição Aumentada 16HEMOGRAMA 5. REDUÇÃO DAS LINHA- GENS SANGUÍNEAS Como visto acima, a redução do nú- mero de apenas uma linhagem san- guínea, possui um termo específico para cada linhagem. A redução na série vermelha é chamada de anemia, enquanto que a redução do número de leucócitos é chamada de leucope- nia e a redução no número de plaque- tas é denominado trombocitopenia ou plaquetopenia. Quando existe a redução em duas li- nhagens sanguíneas, dizemos que o paciente apresenta uma bicitopenia. Já a redução nas três linhagens san- guíneas é chamada de pancitopenia. Trombocitose Anemia FerroprivaHemorragias Agudas Infecções e inflamações crônicas Leucemias Anemias Hemolíticas Policitemia vera 17HEMOGRAMA MAPA MENTAL: HEMOGRAMA Redução de duas linhagens: bicitopenia • Hemácias: 4,1 a 5,4/mm³ (mulheres); 4,5 a 6,1/mm³ (homens) • Hemoglobina (Hb): 11,5 a 15,5g/dL (mulheres); 12,5 a 16,5g/dL(homens) • Hematócrito: 36 a 48%(mulheres); 40 a 54%(homens) • Vol. Corpuscular Médio (VCM): 80-98 fL • Hb Corpuscular Média (HCM): 27 a 33pg • Conc. Hemoglobínica Corpuscular Média (CHCM): 31 a 36 g/dL • Reticulócitos: até 2% Eritrograma Anemia Policitemia Leucograma Hemograma Valor total: 4.000 a 11.000/mm³ • Neutrófilos: Segmentados 36 a 66%; Bastões 2 a 4% • Linfócitos: 15 a 45% • Monócitos: 3 a 10% • Eosinófilos: 1 a 5% • Basófilos: 0 a 2% Leucopenia Leucocitose Coagulograma Redução das três linhagens: pancitopenia Valor de Referência: 150.000 a 450.000/mm³ • Valor plaquetário médio • Fração Plaquetária Imatura: 1,1 a ,1% Trombocitopenia ou plaquetopenia Trombocitose ou plaquetose 18HEMOGRAMA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mary A. Williamson; L. Michael Snyder. Wallach: interpretação de exames laboratoriais. Tradução: Maria de Fátima Azevedo; Patricia Lydie Voeux. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Renato Failace; Flavo Fernandes. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Ale- gre: Artmed, 2015. NAOUM, P. C.; NAOUM, F. L. Interpretação laboratorial do hemograma. AC&T Científica. p.01-11, 2013. LORENZI, F. T. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 4. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2006. 19HEMOGRAMA
Compartilhar