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Resumo Direito Civil - Parte Geral

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Direito Civil
Parte Geral
Livro I- Das pessoas
Título I – Das pessoas naturais
Capítulo I – Da personalidade e da capacidade
Art. 1°: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Pessoa natural é o ser humano nascido com vida.
Toda pessoa natural é sujeito de direito, portanto é capaz de adquirir direitos e contrair deveres na ordem civil. A isso se dá o nome de personalidade.
Art. 2°: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Nascituro: ser já concebido, mas que ainda está no ventre materno.
Teoria natalista: o ser somente poderá ser considerado uma pessoa após o seu nascimento com vida. Essa teoria reconhece os direitos do nascituro, mas apenas aqueles provenientes da sua personalidade, como o direito à vida, integridade física, saúde, e exclui os direitos patrimoniais: direito de propriedade, de receber herança, seguro.
Teoria concepcionista: o nascituro já adquire a personalidade civil desde a concepção, somente alguns direitos é que estariam aguardando seu nascimento com vida, como os direitos patrimoniais.
Art. 3°: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos.
O absolutamente incapaz somente tem capacidade de direito, e não tem capacidade de exercício; seus atos são nulos.
O absolutamente incapaz é representado pelos pais ou tutores.
Art. 4°: São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
Os ébrios habituais são os alcoólatras.
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Os pródigos são aqueles que não tem controle sobre o dinheiro.
O relativamente capaz é assistido pelos pais e/ou tutores (I) ou curadores (II, III, IV).
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Regulada pela FUNAI
Art. 5°: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Exemplos de atos da vida civil: casar-se, viajar, comprar imóveis e ações.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
Emancipação voluntária ou judicial ↓
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Emancipação legal ↓
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Art. 6°: A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Morte real: há existência de um corpo; se dá pela certidão de óbito.
Morte presumida: tem-se que presumir a morte, pois não existe um corpo.
Art. 7°: Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
Exemplo: acidente de avião.
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
A morte presumida é reversível.
Art. 8°: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Exemplo: acidente de carro.
Entre os comorientes não há transmissão de direitos e nem de herança.
Premoriência: quando uma pessoa morre antes da outra.
Pós-moriência: quando uma pessoa morre após a outra.
Art. 9°: Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 10: Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.
A averbação altera o registro já existente. 
Capítulo II – Dos direitos da personalidade
Art. 11: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Direito da personalidade é o direito que a pessoa tem de defender os direitos de sua própria existência.
Exemplo de direito intransmissível: direito ao nome.
Exemplo de direito irrenunciável: direito à vida.
Os direitos da personalidade também são absolutos, extrapatrimoniais, impenhoráveis, indisponíveis, imprescritíveis e vitalícios.
Art. 12: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 13:. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14: É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
A disposição do próprio corpo após a morte pode ser por ato voluntário ou por disposição da família.
Art. 15: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Princípio da autonomia da vontade.
Art. 16: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
O nome tem aspecto público e individual.
Prenome: pertence a própria pessoa. Pode ser simples ou composto.
Sobrenome: pertence à família da qual a pessoa descende. Pode ser simples ou composto.
Agnome: evita os homônimos. Exemplo: Junior, Neto.
Axiônimo: Senhor, Excelentíssimo.
Pseudônimo: é possível acrescentá-lo ao nome ou trocá-lo pelo nome. Exemplo: Xuxa, Pelé.
Art. 17: O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Deve-se respeitar o nome de outrem.
Art. 18: Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19: O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Art. 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21: A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Capítulo III – Da ausência
Seção I – Da curadoria dos bens do ausente
Art. 22: Desaparecendo uma pessoado seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23: Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24: O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25: O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
Separação de fato é quando não se desfaz o contrato de casamento.
§ 1°: Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2°: Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3°: Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Seção II – Da sucessão provisória
Art. 26: Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Decorrido um ano da curadoria.
Art. 27: Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
Os herdeiros presumidos são os parentes colaterais.
Os herdeiros testamentários são aqueles objeto de testamento.
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
Exemplo de direito: usufruto.
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28: A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1°: Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2°: Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29: Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30: Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
O penhor incide sobre bem móvel; a hipoteca incide sobre bem imóvel.
§ 1°: Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2°: Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31: Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Exemplo: o ausente era dono de uma criação de gado e ninguém dos seus sucessores sabe cuidar; sendo assim, podem pedir ao juiz a venda desse gado para evitar que eles morram.
Desapropriação: ato pelo qual o Poder Público, mediante prévio procedimento e indenização justa, em razão de uma necessidade ou utilidade pública, ou ainda diante do interesse social, despoja alguém de sua propriedade e a toma para si.
Art. 32: Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Representar ativamente: autor da ação.
Representar passivamente: réu da ação.
Art. 33: O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34: O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35: Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36: Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
Seção III – Da sucessão definitiva
Art. 37: Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38: Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39: Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
Título II – Das pessoas jurídicas
Capítulo I – Disposições gerais
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Pessoa jurídica é a reunião de pessoas e bens, que empreendem esforços em busca de fins comuns, podendo ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
A União é a pessoa jurídica de direito público que defende a soberania nacional e representa a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais.
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
Autarquia: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública. Exemplos: INSS, CRO, Universidades.
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
Exemplos: ONU, MERCOSUL, UE.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público internosão civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
Caracterizam-se pela união de pessoas que se organizam em busca de uma finalidade e que não possuem fins econômicos. Tem seu registro no Cartório de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. Exemplo: APAE
II - as sociedades;
Pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Tem seu registro na Junta Comercial. Exemplo: Apple.
III - as fundações;
Destinação de um patrimônio em prol de uma finalidade. Tem seu registro no Cartório de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. Exemplo: Fundação Roberto Marinho.
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada..
Conhecida como EIRELI.
§ 1°: São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2°: As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. 
§ 3°: Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Ato constitutivo das sociedades: contrato
Ato constitutivo das associações/fundações: estatuto
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
A individualização é a qualificação da pessoa (nome, estado civil, CPF, RG, endereço, profissão)
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
Representar judicialmente é quando se tem um processo; representar extrajudicialmente é quando alguém defende o interesse da empresa sem que seja necessário ir a juízo)
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. 
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Exemplos de direito da personalidade: direito ao nome, identidade, imagem, intimidade, honra.
Capítulo II – Das associações
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
A admissão e a demissão são voluntárias; a exclusão é involuntária.
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
Exemplo: venda de rifas, refeições.
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
Exemplo: presidente não paga mensalidade.
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
Quando o associado for titular de quota, ele é um associado patrimonial.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. 
Exemplos de justa causa: danificar o patrimônio da associação; ofensa física; atitude preconceituosa.
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na leiou no estatuto.
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
Os administradores são aqueles que representam ativa e passivamente a associação.
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de promovê-la. 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1°: Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2°: Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
Capítulo III – Das fundações
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: 
I – assistência social;
Exemplo: Fundação Cafú
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
Exemplo: Fundação Roberto Marinho
III – educação;
IV – saúde;
Exemplo: Fundação Fiat
V – segurança alimentar e nutricional; 
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; 
Exemplo: Fundação O Boticário
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; 
Exemplo: Fundação Fipe
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
Exemplo: Fundação Instituto de Direitos Humanos
IX – atividades religiosas.
Exemplo: Fundação Fé e Alegria
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
O Ministério Público faz a análise se os bens são suficientes ou não para constituir a fundação.
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
Velará: fiscalizará
§ 1°: Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
§ 2º: Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias
Impugná-la: opor-se à votação.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Título III – Do domicílio
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
O domicílio serve para a pessoa se identificar e informar onde quer ser encontrada.
Moradia é onde a pessoa não tem intenção de ficar. Exemplo: hotel
Residência é onde a pessoa possui ânimo definitivo de se estabelecer no local. Exemplo: casa onde mora
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Exemplo de pessoa que não tenha residência habitual: andarilho, cigano, circense.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1°: Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2°: Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
O agente diplomático pode ser um embaixador, secretário, cônsul.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílioonde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Domicílio eleitoral.
Livro II – Dos bens
Título Único – Das diferentes classes de bens
Capítulo I – Dos bens considerados em si mesmos
Seção I – Dos bens imóveis
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
O direito real sempre segue a classificação do bem.
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
Exemplo: uma casa inteira que foi transportada por um caminhão nos EUA.
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Exemplo: janela de alumínio que necessitou ser retirada da casa para conserto.
Seção II – Dos bens móveis
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Bens suscetíveis de movimento próprio: semoventes (animais).
Bens suscetíveis de movimento por força alheia: carro, livro.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
Exemplo: energia eólica, elétrica, hidráulica.
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Seção III – Dos bens fungíveis e consumíveis
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Exemplo: dinheiro, caneta.
Um bem fungível pode tornar-se infungível. Exemplo: um livro autografado pelo autor.
Bens infungíveis não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplo: casa, animal de estimação, obra-prima.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Alienação=venda.
Consuntibilidade natural: xampu, combustível.
Consuntibilidade jurídica: quando um livro está na prateleira da livraria, é bem consumível; quando alguém o compra, torna-se não consumível.
Seção IV – Dos bens divisíveis
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Exemplo: saca de feijão.
Os bens indivisíveis são aqueles que não podem ser divididos porque a divisão acarreta alteração na substância, diminuição do valor ou prejuízo da utilidade.
Exemplo: carro
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
Exemplo: servidão, terreno (lei); coleção de quadros (vontade das partes).
Seção V – Dos bens singulares e coletivos
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
Exemplo: 10 canetas que podem ser vendidas juntas ou separadamente.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Universalidade de fato é a reunião de bens que pertencem a mesma pessoa e, por sua vontade, são tratados de forma coletiva. Exemplo: quando se tem muitos livros e cria-se uma biblioteca
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Com cada um dos bens poderá se fazer um contrato.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. 
A universalidade de direito é a reunião de bens, que pertencem a mesma pessoa e, por determinação da lei, são tratados de forma coletiva. Exemplo: patrimônio
Capítulo II – Dos bens reciprocamente considerados
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Exemplo de bem principal: solo.
Exemplo de bem acessório: casa.
Acessórios/acessórios: seguem a classificação do bem principal (princípio da gravitação jurídica).
Acessórios/pertenças: não seguem o bem principal.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Exemplo: casa (principal) e móveis da casa (pertença). Você pode vender os móveis separadamente da casa.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Os frutos são cíclicos.
Frutos naturais: maçã, leite da vaca
Frutos industriais: lápis, caneta
Frutos civis: aluguel, poupança
Os produtos não são cíclicos. Exemplo: retirada de pedras de uma pedreira.
Os frutos e os produtos são acessórios do bem principal.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1°: São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
Exemplo: obras-primas, coreto.
§ 2°: São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
Exemplo: ampliação de um banheiro.
§ 3°: São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Exemplo: conserto de telhado.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
Ou seja, por aluvião, avulsão, formação de ilhas ou álveo abandonado.
Aluvião é o acréscimo vagaroso de um trecho de terra que é trazido pelas águas do rio.
Avulsão é o desprendimento repentino de um trecho de terra, que sai de um imóvel e vai para outro; é o desprendimento repentino por força das águas do rio.
Formação de ilhas é considerada uma acrescência aos terrenos ribeirinhos; para dividi-los fraciona-se a ilha dividindo o rio pelo álveo em duas partes. Uma Ilha é um prolongamento do relevo, estando numa depressão absoluta preenchida por água.
Álveo abandonado: ocorre quando o leito do rio muda de direção em função da corrente, pertencendo à nova porção aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
Proprietário é aquele que tem o direito pleno sobre o bem; pode gozar, dispor, reivindicar, destruir o bem.
Possuidor é aquele que age como se fosse proprietário.
Detentor é aquele que tem o bem de outrem com a obrigação de devolvê-lo.
Capítulo III – Dos bens públicos
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Exemplo: terreno baldio.
Podem ser objetos de contrato de comodato, que é um empréstimo gratuito.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquantoconservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Desafetação: o Estado “transforma” um bem especial em um bem dominical, para que assim possa vendê-lo.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Usucapião: aquisição da propriedade em razão de nela permanecer por um tempo.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Exemplo de uso comum retribuído: pedágio.
Livro III – Dos fatos jurídicos
Título I – Do negócio jurídico
Capítulo I – Disposições gerais
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
Elementos essenciais do negócio jurídico ↓
I - agente capaz;
Maiores de 18 anos; absolutamente incapaz (representado); relativamente incapaz (assistido); pessoa jurídica representada por seu representante legal.
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Objeto lícito está de acordo com a lei.
Objeto possível é tudo que estiver dentro das forças humanas ou da natureza.
Objeto determinado se conhece o gênero, a quantidade e a qualidade. Exemplo: 5 canetas azuis BIC
Objeto determinável se conhece o gênero, a quantidade, mas não a qualidade. Exemplo: 5 canetas
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
A forma que a lei determina e a forma que a lei não proíbe.
Exemplo de forma prescrita em lei: lei do cheque
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Num contrato, se uma das partes for relativamente incapaz, ela terá que ser assistida pelo seu representante e este ou o próprio incapaz poderão arguir a anulabilidade do contrato. Se o objeto do contrato for divisível, o relativamente incapaz será excluído do negócio jurídico e o contrato permanecerá válido para a outra parte. Se o objeto do negócio jurídico for indivisível, a outra parte poderá se beneficiar da anulabilidade.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
Exemplo de impossibilidade relativa: venda da produção futura de uma empresa
Exemplo de impossibilidade do objeto que cessa antes de implementada a condição: contratação de um bacharel em Direito para ser advogado da empresa daqui a 6 meses, mas para exercer o cargo deverá ser primeiramente aprovado e inscrito na OAB.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Exemplo de forma especial: cheque, certidão de casamento
Exemplo de forma livre: recibo, carnê de pagamento.
Princípio da liberdade e instrumentalidade das formas (você pode escolher como quer): salvo lei em contrário, a forma dos atos é livre. Se a lei não determinar a forma, o negócio pode ser realizado mediante contrato público ou privado.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Exemplo de negócio jurídico que exige escritura pública: venda de um bem imóvel, usufruto sobre bem imóvel.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
Exemplo: o estatuto de um condomínio pode exigir a procuração pública para que o procurador possa votar em nome do condômino.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Reserva mental: o negócio jurídico funda-se na manifestação de vontade, embora possa ocorrer divergência entre a vontade manifestada e a vontade interna do agente; quando alguém faz algo que não gostaria de fazer.
Exemplo de reserva mental sem o conhecimento do destinatário: João contraiu um empréstimo no banco para construir sua casa, mas não pretende pagar o empréstimo.
Exemplo de reserva mental com o conhecimento do destinatário: João casa com Maria unicamente para lhe deixar a pensão do INSS e ela tem conhecimento desse fato. Posteriormente, Maria não terá direito aos bens de João em caso de divórcio.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Anuência=concordância
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
A vontade prevalece sobre o que está escrito no negócio jurídico.
Exemplo: consta em convenção coletiva que a empresa pagará aos seus funcionários vale-alimentação. No entanto, a empresa fornece refeições e não vale-alimentação. Caso os funcionários reclamem essa divergência, eles não terão direito aos vales, pois a intenção era oferecer refeição.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; 
Se ninguém reclamou após a realização do negócio jurídico, é sinal de que as partes ficaram satisfeitas.
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; 
O uso é algo feito pelo mercado de forma rotineira; o costume é a prática repetida pelas partes.
III - corresponder à boa-fé; 
Agir de boa-fé é agir com a vontade de não prejudicar ninguém.
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. 
Há que se olhar o que seria bom para as duas partes, além de visualizar o negócio jurídico como um todo e as condições que cada parte tem.
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. 
Os contratos civis e privados podem tudo, exceto aquilo que a lei proíbe.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Negócios jurídicos benéficos: gratuitos
Renúncia: a pessoa tem um direito e abdica dele
A interpretação restritiva leva em consideração o que a lei determina; já a interpretação extensiva permite ir além do que a lei determina, de acordo com a interpretação e a vontade.
Capítulo II – Da representação
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
Lei=legal. Exemplo: representação deferida pela lei aos pais, tutores, curadores, síndicos, administradores etc.
Interessado=convencional/voluntária. Exemplo: mandato.
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Exemplo: meu representante não pode vender minha casa para ele mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.
O substabelecido não pode fazer contrato consigo mesmo, nem com o representante.
Subestabelecimento: o procurador transfere os poderes recebidos para outra pessoa, que o substituirá na prática dos atos em nome do outorgante originário.
Exemplo: Pessoa A outorga poderes para pessoa B. Essa pessoa B outorga os poderes da pessoa A, com ou sem reserva, para pessoaC.
Subestabelecimento com reserva de poderes: transferência provisória dos poderes, podendo o procurador reassumi-los a qualquer tempo.
Exemplo: Pessoa A representada pela pessoa B e C.
Subestabelecimento sem reserva de poderes: transferência definitiva, em que o procurador originário renuncia ao poder de representação que lhe foi conferido.
Exemplo: Pessoa A representada apenas pela pessoa C.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Caso a outra parte contratante não tivesse conhecimento do conflito de interesses, o negócio é válido e a pendência se resolverá entre representante e representado (responsabilidade civil).
O conflito de interesses pode ocorrer por: abuso de direito e excesso de poder.
O abuso de direito pode ocorrer quando o representante age sem ter os poderes (falso procurador); e quando o representante age em seu próprio interesse. 
Exemplo de abuso de direito: João é síndico de um condomínio e compra vários equipamentos de segurança na loja de sua esposa, por um preço muito acima do mercado.
Exemplo de excesso de poder: João conferiu uma procuração para José vender seu veículo, mas não receber os valores e dar quitação. José age com excesso de poder e recebe os valores em nome de João e confere quitação.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.
Capítulo III – Da condição, do termo e do encargo
Elementos acidentais do negócio jurídico ↑
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Exemplo de condição: ser aprovado na OAB.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
Exemplo de condição contrária à lei: João pagará José somente após a entrega de um carregamento de drogas.
Exemplo de condição contrária à ordem pública: a empresa X pagará a manifestantes para fazerem bagunça em frente ao seu concorrente.
Exemplo de condição contrária aos bons costumes: João alugará o imóvel à Maria se ela se prostituir.
Exemplo de condição que priva de todo efeito o negócio jurídico (contraditória): vou alugar meu imóvel em São Paulo para você morar, assim que você for transferido para o Japão.
Exemplo de condição que se sujeita ao puro arbítrio de uma das partes: eu pagarei pelo imóvel no dia em que eu puder.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
Condição suspensiva: a obrigação é criada hoje e só é cumprida daqui a um tempo. Exemplo: quando você se formar, te dou um carro.
Exemplo de condição suspensiva fisicamente impossível: João comprou uma linha de telefone na empresa Oi e poderá falar 2 anos gratuitamente quando o Brasil ganhar a Copa América. Porém, o Brasil foi desclassificado e não participará da competição. 
Exemplo de condição suspensiva juridicamente impossível: João se compromete a comprar o imóvel de José quando José fizer a usucapião desse imóvel, que pertence à Marinha. Essa é uma condição suspensiva juridicamente impossível, pois não se pode fazer usucapião de bens públicos (art. 102 do CC).
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
Exemplo de condição ilícita: roubar
Exemplo de condição de fazer coisa ilícita: casar-se com comunhão de bens com uma pessoa de 60 anos (a partir dessa idade, só pode casar com separação universal de bens).
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Condição resolutiva: a obrigação é criada e cumprida hoje. Exemplo: te dou uma mesada até quando você se formar.
As condições resolutivas impossíveis não invalidam o negócio jurídico.
Exemplo de condição resolutiva fisicamente impossível: João emprestará gratuitamente um imóvel para Maria até quando ela engravidar. Como Maria não tem útero, ela não poderá engravidar e não terá que desocupar o imóvel. Portanto, essa condição resolutiva é como se não existisse.
Exemplo de condição resolutiva juridicamente impossível: a empresa X contribuirá mensalmente com um valor para manutenção de um imóvel tombado até quando ele for demolido. Como os imóveis tombados não podem ser demolidos por força de lei, essa é uma condição resolutiva juridicamente impossível.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Exemplo de negócio jurídico subordinado à uma condição suspensiva que ocorreu: divisão do prêmio da loteria, pois o bilhete foi sorteado.
Exemplo de negócio jurídico subordinado à uma condição suspensiva que não ocorreu: não dividir o prêmio da loteria, pois o bilhete não foi sorteado. 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Exemplo de nova disposição incompatível (não surte efeitos): João firmou com José uma proposta de compra e venda de imóvel sob condição suspensiva (registrada em cartório) de ser aprovado o financiamento do SFH, mas na pendência da condição, João hipotecou o imóvel para o banco.
Exemplo de nova disposição compatível (surte efeitos): Maria é estagiária de seu tio João, que é dentista. João prometeu à Maria doar uma certa cadeira odontológica quando ela colar grau. Enquanto Maria cursa a graduação, João alugará a cadeira para outra dentista até que Maria se forme.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Negócio de execução continuada ou periódica: aqueles de prestações sucessivas ou de atos reiterados, como recebimento de aluguel, de bolsa de estudos. Exemplo: João recebe bolsa de estudos todo mês. Caso ele seja reprovado em uma matéria, o negócio jurídico extingue-se, mas João não terá que pagar as mensalidades que já foram pagas pela bolsa.
Exemplo de negócio jurídico subordinado à condição resolutiva que ocorreu: a mulher poderá residir no imóvel do casal até quando chegar a data de vendê-lo.
Exemplo de negócio jurídico subordinado à condição resolutiva que não ocorreu: a mulher poderá residir no imóvel do casal enquanto não for vendido.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Exemplo de quando a parte age de má-fé para impedir o implemento da condição: João é vendedor de veículos e ganharia um carro no final do ano caso vendesse 100 carros naquele ano. No final do mês de dezembro,João vendeu o 100° carro, mas seu chefe tirou a nota fiscal do veículo somente em janeiro do ano seguinte para não ter que pagar o prêmio a João. Sendo assim, o chefe impediu maliciosamente o implemento da condição. Provada a má-fé do chefe de João, o juiz considerará verificada a condição.
Exemplo de quando a parte age de má-fé para implementar a condição: a escola de inglês X tem um convênio com uma escola americana. O convênio prevê que quando a escola X atingir mil alunos, receberá uma verba mensal a título de investimento. Para receber essa verba, a escola X elabora de má-fé uma planilha falsa contendo o nome de mil alunos. Sendo assim, a escola X agiu de má-fé para implementar a condição. Provada a má-fé, o juiz considerará como não verificada a condição.
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.
Direito eventual: aquele protegido por lei que ainda não foi cumprido com todos os elementos da norma jurídica. Exemplo: direito da sucessão dos bens, que só deve ocorrer após a morte.
Exemplo: a empresa X firmou contrato de arrendamento de um posto de gasolina, que somente vai se efetivar assim que a distribuidora aprovar o arrendamento. A empresa X não tem um direito adquirido, pois o negócio está aguardando a ocorrência da condição (aprovação do arrendamento). A empresa X tem apenas um direito eventual sobre o posto de gasolina. Mesmo não tendo direito adquirido, a empresa X pode praticar atos destinados a conservar o seu direito, como fazer o seguro contra incêndio do posto de gasolina.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
O termo é um acontecimento futuro e certo.
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1°: Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2°: Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3°: Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
Exemplo: 25/05/2021 a 25/06/2021 (meses); 25/05/2021 a 25/05/2022 (anos); 31/05/2021 a 31/06/2021 (se faltar correspondência) → como junho não tem 31 dias, pula para 1° de julho.
§ 4°: Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Exemplo: prazo de 24h → 15:36 do dia 25/05 às 15:36 do dia 26/05.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Ao negócio jurídico sem prazo, devemos primeiramente notificar a pessoa para que ela se prepare.
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Encargo: quando acresce uma obrigação no contrato principal.
Disponente: aquele que concedeu algo com condição suspensiva.
Exemplo de encargo: João doou um terreno para o seu município, que assumiu a obrigação de construir um hospital no imóvel. O município já tem o direito de propriedade sobre o imóvel e poderá exercer seu direito de proprietário, mesmo antes de construir o hospital.
Exemplo de encargo imposto como condição suspensiva: João doará um terreno para o seu município após este construir um hospital no imóvel. O município somente receberá a doação e será proprietário do imóvel após concluir a construção do hospital.
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
O encargo ilícito e impossível invalida o negócio jurídico caso seja motivo determinante de liberalidade.
Exemplo de encargo fisicamente impossível: João recebeu em doação uma sala comercial e assumiu o encargo de expor sua coleção de moedas antigas pelo prazo de 6 meses. Porém, a coleção de moedas foi furtada.
Exemplo de encargo juridicamente impossível: João recebeu a cessão gratuita de posse de uma fazenda e assumiu o encargo de fazer a usucapião da área cedida. Ocorre que o imóvel pertence à União e, portanto, não pode sofrer usucapião por força de lei.
Exemplo de encargo impossível como motivo determinante da liberalidade: com a finalidade de construir casas populares para pessoas carentes da sua comunidade, João doou um imóvel rural para José que assumiu o encargo de cortar as árvores e fornecer as madeiras para a construção das casas. José não conseguiu a licença para cortar as árvores, por motivos ambientais.
Liberalidade=doação.
Encargo=cortar e fornecer as madeiras para a construção das casas populares.
Motivo determinante=construção de casas populares.
Encargo juridicamente impossível=a lei ambiental não permitiu o corte das árvores.
Consequência=invalidade do negócio jurídico.
Capítulo IV – Dos defeitos do negócio jurídico
Seção I – Do erro ou ignorância
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Ignorância: total desconhecimento dos fatos
Erro: ideia distorcida dos fatos
Erro substancial: aquele que incide sobre um aspecto relevante do negócio jurídico; faz com que a pessoa realize o negócio jurídico sem ter a noção exata da realidade, pois se tivesse essa noção, não realizaria o negócio.
Erro escusável: aquele que qualquer pessoa de inteligência normal poderia ter cometido.
Exemplo de erro: ação de anulação de contrato de promessa de compra e venda. Aquisição de terreno. Impossibilidade de edificação e/ou benfeitoria. Área de preservação permanente. Erro substancial caracterizado. Anulação devida. (TJSC)
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
Erro quanto à natureza do negócio jurídico: a pessoa acredita estar celebrando uma determinada modalidade de negócio quando, na verdade, está celebrando outra. Exemplo: serviço bancário. Apelado idoso que realizou empréstimo eletrônico sem a intenção de fazê-lo. Desconhecimento do funcionamento do caixa eletrônico do banco. Crédito que permaneceu em sua conta sem utilização. Existência de erro substancial (TJSP).
Erro quanto ao objeto principal do negócio jurídico: a pessoa acredita estar negociando um objeto quando, na verdade, está negociando outro. Exemplo: João comprou um terreno para construir uma casa de praia ao lado da casa de seu pai. Ocorre que João, por engano, acabou comprando o lote errado, que fica a 3 quadras distantes da casa de seu pai. João errou quanto ao objeto principal do negócio jurídico, pois acreditava que havia comprado um lote quando, na verdade, havia comprado outro.
Erro quanto à qualidade essencial do objeto: a pessoa acredita que o objeto tem uma qualidade (característica), mas o objeto tem outra. Exemplo: João comprou um celular acreditando ser verdadeiro. Porém, quando foi comprar um acessório para o seu celular, o vendedor da loja lhe informou que o aparelho era uma réplica. João não errou quanto ao objeto em si, mas errou quanto à qualidade essencial do objeto, pois acreditava que o celular era verdadeiro quando, na verdade, era uma réplica. 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
Erro quanto à identidade da pessoa: a pessoa acredita estar realizando um negócio jurídico com uma pessoa, masestá realizando com outra. Exemplo: João sofreu um acidente de carro e foi socorrido pelos paramédicos. João ficou muito agradecido pelo serviço prestado e fez uma doação para o médico que acreditava ter lhe atendido na ocorrência e salvado sua vida (José da Silva). Ocorre que João fez a doação para a pessoa errada, pois quem salvou sua vida foi Pedro da Silva. Sendo assim, João pretende anular o negócio jurídico, pois errou quanto à identidade da pessoa.
Erro quanto à qualidade essencial da pessoa: a pessoa não erra quanto à identidade da outra pessoa, mas sim quanto à qualidade dessa pessoa. Exemplo: o varão descortinava condutas social e profissional irrepreensíveis, aparentando se tratar de jovem promissor por exercer e ter exercitado relevantes funções públicas decorrentes dos cargos em comissão que ocupara. Passados poucos meses do enlace, viera a consorte a esposa ser despertada para realidade com o comunicado da prisão em flagrante do marido sob a acusação de estar enredado na prática de fato ilícito traduzido na traficância de substâncias entorpecentes (TJDFT).
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Erro quanto ao direito: João comprou um imóvel para fazer um loteamento. Ocorre que João não tinha conhecimento que a lei municipal não permitia o loteamento naquela zona. Ficou constatado o erro de direito, pois João desconhecia a norma jurídica que proibia o loteamento naquela zona. Considerando que João não quer descumprir a norma jurídica, João pretende anular a compra do imóvel.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Motivo: razão interior que levou a pessoa a realizar o negócio jurídico.
Falso motivo: erro quanto ao motivo. 
O falso motivo não vicia o negócio jurídico (não anula). O falso motivo expresso como razão determinante vicia o negócio jurídico (anula).
Exemplo de falso motivo não expresso como razão determinante: Hugo alugou um imóvel comercial para montar uma academia, pois acreditava que esse imóvel estava localizado em uma região com uma vasta clientela. Após alguns meses, Hugo verificou que não havia clientes suficientes naquela região e ajuizou uma ação para anular o negócio jurídico (TJSC).
Negócio jurídico:=aluguel de imóvel comercial.
Motivo=Hugo alugou o imóvel naquela região porque acreditou que havia uma vasta clientela.
Falso motivo=não havia uma vasta clientela.
Consequência=o negócio jurídico não foi anulado porque o falso motivo não vicia o negócio jurídico, salvo se estiver expresso como razão determinante. 
Exemplo de falso motivo expresso como razão determinante: Pedro comprou uma impressora da marca X. Pedro somente comprou essa marca de impressora pois constava no produto que o valor do cartucho era de R$ 50,00. Posteriormente, Pedro verificou que o valor do cartucho era de R$ 100,00, e por esse motivo ele pretendia anular o negócio jurídico.
Negócio jurídico=compra de uma impressora da marca X.
Motivo=Pedro somente comprou essa impressora porque o cartucho era barato.
Falso motivo=o cartucho era o dobro do preço anunciado.
Consequência=o negócio jurídico foi anulado porque o motivo estava expresso como razão determinante, e ficou caracterizado o falso motivo.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Transmissão errônea da vontade: quer dizer que no momento da transmissão da declaração de vontade houve uma divergência entre a vontade real (interna) e a vontade declarada.
Declaração direta: quando a pessoa manifesta a vontade (realiza o negócio jurídico) diretamente, de forma presencial.
Declaração por meios interpostos: quando a pessoa manifesta a vontade de forma não presencial, por exemplo, internet, telefone, mensageiro.
Exemplo de erro por meios interpostos ocasionado pelo próprio meio que transmitiu a vontade: João estava realizando um empréstimo no caixa eletrônico (meio interposto). No momento em que João pressionou a tecla “confirma”, o caixa falhou e mudou repentinamente de tela e João, sem querer, clicou na contratação conjunta de um seguro de vida que seria descontado de sua conta. João não pretendia contratar o seguro, mas por uma falha mecânica no caixa eletrônico, acabou por realizar a contratação. Considerando que João realizou o negócio jurídico por meios interpostos e houve um erro na transmissão da vontade ocasionado pelo próprio meio, João poderá requerer a anulação do negócio.
Exemplo de erro da própria pessoa que transmitiu a vontade por meios interpostos: João estava participando de um leilão de tapetes pela televisão. João deu um lance por telefone (meio interposto) no valor de R$ 5.000,00 por um tapete persa. Quando João recebeu o tapete, verificou que este era turco e não persa. Ocorreu um erro, pois João queria ter comprado um tapete persa e não um turco.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Erro acidental: aquele que incide sobre um aspecto secundário do negócio jurídico. Não anula o negócio, pois se a pessoa tivesse o conhecimento do erro, teria realizado o negócio jurídico mesmo assim.
Exemplo de erro acidental sobre a indicação da pessoa: João vendeu um imóvel para José. Na confecção do contrato, o CPF de José constou com os números errados. No entanto, pelos demais dados que constavam do contrato (endereço, filiação, identidade), era perfeitamente possível identificar José. Considerando que o erro incidiu sobre a indicação da pessoa de José, mas pelo contexto era possível identificá-lo, o negócio jurídico deve ser mantido.
Exemplo de erro acidental sobre a indicação da coisa: João vendeu seu notebook para José. Na confecção do contrato, José não observou que o número de série havia saído com um número a mais. Ocorre que, pelas características descritas no contrato, era perfeitamente possível verificar qual o notebook que havia sido vendido para José. Considerando que o erro incidiu sobre a indicação da coisa, mas pelo contexto era possível identificá-la, o negócio jurídico deve ser mantido.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
O erro de cálculo não anula o negócio jurídico, apenas deve ser corrigido.
Exemplo de erros de cálculo: soma errada do valor das parcelas de um contrato; divisão errada do valor total do contrato em número de parcelas.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Princípio da conservação do negócio jurídico.
Exemplo: João comprou um apartamento, na planta, de uma construtora. João pretende anular o negócio jurídico alegando que errou quanto ao apartamento, pois acreditava que ele era de frente para a rua, quando na verdade era de fundo. Ocorre que a construtora se prontificou a entregar o apartamento de frente, como João pretendia. Sendo assim, não há por que anular o negócio jurídico, já que a construtora se ofereceu para executar o contrato conforme a vontade real de João.
Seção II – Do dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Dolo: quando uma pessoa, de má-fé, induz a outra pessoa em erro em um negócio jurídico.
O dolo conduz o negócio jurídico à anulabilidade, mas se a vítima não reclamar seu direito em 4 anos, o negócio será consolidado pelo lapso temporal.
O dolo principal vicia o negócio jurídico e faz com que ele possa ser anulado.
Dolo principal é aquele que foi a causa determinante da declaração de vontade, ou seja, o dolo influenciou diretamente na realização do negócio jurídico (se não fosse o dolo, a pessoa não teria realizado o negócio).
Exemplo de dolo principal: João comprou, de José, uma loja de uma franquia de perfumes. José apresentou várias planilhasde faturamento para João. Posteriormente, João descobriu que as planilhas apresentadas por José eram falsas e o faturamento era muito inferior ao apresentado nas planilhas.
Dolo=apresentação das planilhas falsas.
Dolo principal=o dolo influenciou diretamente na realização do negócio, pois se não fossem as planilhas falsas, João não teria comprado a loja.
Consequência=se João conseguir provar que houve dolo da parte de José, o negócio jurídico poderá ser anulado.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
O dolo acidental não vicia o negócio jurídico, pois o dolo não foi a razão determinante da realização do negócio jurídico.
No dolo acidental, mesmo que a pessoa soubesse do dolo, ela teria realizado o negócio jurídico, porém em outras condições.
A pessoa que sofreu o dolo acidental não vai alegá-lo para anular o negócio jurídico, somente vai alegá-lo para requerer as perdas e danos.
Exemplo de dolo acidental: João queria muito comprar o imóvel ao lado de sua casa, que pertencia a José. João economizou o dinheiro e comprou o imóvel por R$ 500.000,00. José disse, e fez constar no contrato, que o imóvel possuía 400 m2. Posteriormente, João descobriu que o imóvel possuía apenas 320 m2. João não pretende anular o negócio jurídico, pois ele teria realizado o negócio mesmo que soubesse que o imóvel possuía apenas 320 m2.
Dolo=José fez constar no contrato que o imóvel possuía 400 m2, mas o imóvel só possuía 320 m2.
Dolo acidental=o dolo não influenciou diretamente na realização do negócio, pois se João soubesse da verdadeira metragem, teria comprado o imóvel mesmo assim.
Consequência=João não pretende anular o negócio jurídico; ele apenas pretende o abatimento do preço, já que pagou por 400 m2 e recebeu apenas 320 m2.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Dolo positivo ou comissivo: quando a pessoa age com o objetivo de enganar outra parte para obter vantagem em um negócio jurídico.
Exemplo: João vendeu seu iphone para José e garantiu que o celular era verdadeiro. Posteriormente, José descobriu que havia comprado uma réplica.
Dolo negativo ou omissivo: quando a pessoa silencia, oculta um fato ou qualidade que a outra parte deveria saber, para obter vantagem em um negócio jurídico.
Exemplo: João vendeu um terreno para José e, intencionalmente, omitiu o fato de que o imóvel havia sido embargado administrativamente pelo IBAMA.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
No dolo de terceiro, uma pessoa, que não faz parte da relação jurídica, age de má-fé com a intenção de enganar (ludibriar) uma pessoa na realização de um negócio jurídico que lhe é prejudicial, mas que pode aproveitar a outra parte.
Exemplo de anulação do negócio jurídico por dolo de terceiro: João estava vendendo uma casa que ficava em um bairro que era atingido pela enchente. O corretor Pedro, ao vender o imóvel de João para Maria., garantiu que o imóvel não alagava. João estava presente quando o corretor Pedro enganou Maria, no entanto silenciou permitindo que Maria comprasse o imóvel sem saber que o imóvel alagava.
Dolo de terceiro=Pedro, corretor de imóveis, garantiu que o imóvel não sofria enchente.
Requisitos para anulação do negócio:
· Proveito: João tirou proveito do dolo de terceiro, pois vendeu o imóvel para Maria.
· Conhecimento: João tinha conhecimento do dolo de terceiro, pois estava presente no momento da venda.
Exemplo de manutenção do negócio jurídico por dolo de terceiro: João deixou um quadro para vender na galeria X. O representante da galeria, sabendo que o quadro era uma réplica, intermediou a venda como se fosse um quadro verdadeiro. João não sabia que o quadro foi vendido como verdadeiro, pois deixou claro que se tratava de uma réplica.
Dolo de terceiro=o representante da galeria garantiu que o quadro era verdadeiro, mas era uma réplica.
Consequências:
· O negócio não deverá ser anulado pelo dolo de terceiro, pois João estava de boa-fé ao realizar o negócio, tendo em vista que não tinha conhecimento que seu quadro havia sido vendido como verdadeiro.
· Caso o negócio seja mantido, o terceiro que cometeu o dolo deverá responder por perdas e danos ao comprador do quadro.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Exemplo de dolo do representante legal: João, pai de José (16 anos), agiu com dolo ao vender um imóvel que pertencia ao seu filho, por um preço acima do mercado, ou seja, supervalorizando o imóvel em 30%.
Se o dolo foi principal, o negócio jurídico será anulado. Então, o representado não obteve qualquer proveito e não terá responsabilidade. Se o dolo foi acidental, o negócio jurídico não será anulado., e o representado será responsável pelo proveito que teve, ou seja, por 30% do valor referente à supervalorização.
Exemplo de dolo do representante convencional: João nomeou José seu procurador para vender o seu veículo que havia sido gravemente danificado por uma colisão. José agiu com dolo omissivo ao omitir o fato de o carro ser batido ao vender para Pedro. Pedro conseguiu anular judicialmente o negócio jurídico em razão do dolo omissivo e ganhou uma indenização por danos morais. Considerando que João nomeou José seu procurador convencional, João será responsável solidário pelos atos praticados por José, ou seja, será responsável pelos efeitos da anulação do contrato e pelo pagamento da indenização por danos morais.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
O dolo de ambas as partes pode ser chamado de dolo bilateral ou dolo recíproco.
Seção III – Da coação
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Coação é a ameaça exercida sobre uma pessoa, sua família ou bens, com o objetivo de constranger alguém a realizar um negócio jurídico contra a sua vontade. A coação vicia o negócio jurídico.
O fundado temor tem de ser justificado; grave; que faça a pessoa temer por sua vida ou honra; temer pela vida ou honra de alguém de sua família ou pela integridade de seus bens. Exemplo: temor de morte (uma arma de fogo apontada para a pessoa), temor de desonra (publicar fotos íntimas na internet).
O temor de dano tem que ser iminente, ou seja, estar prestes a acontecer e também ser inevitável. O coacto acredita que se ele não realizar o negócio, ele, a família ou seus bens sofrerão os prejuízos da ameaça. A pessoa acredita que não adianta pedir ajuda a uma autoridade, pois ou não dará tempo de evitar o prejuízo ou será ineficaz.
O dano tem que ser considerável; grave; importante. Exemplo: dano contra à vida, à honra, à liberdade.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Exemplo: contra um amigo, vizinho, sócio.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Quando a coação não é grave, o paciente não deve realizar o negócio jurídico. Caso realize, o juiz avaliará se a coação foi grave e se foi suficiente para viciar a declaração de vontade, levando em conta as circunstâncias acima.
Art. 153. Não se considera coação

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