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Gestão de Farmácia e Nutrição Hospitalar Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Isabel Souza Lima Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar • Farmácia Hospitalar: Conceitos, Objetivos, Funções e o Papel do Farmacêutico • Estrutura Física: Área Física, Ambientes da Farmácia Hospitalar e Localização • Os Recursos da Farmácia Hospitalar: Humanos e Materiais • Distribuição de Medicamentos · Apresentar os principais conceitos envolvidos na farmácia hospitalar. · Apresentar ao aluno as principais responsabilidades do farmacêutico. · Proporcionar ao aluno a visão geral da área física necessária na es- trutura da farmácia hospitalar. · Apresentar conceitos de recursos humanos e materiais na Gestão de Farmácia. OBJETIVO DE APRENDIZADO Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Farmácia Hospitalar: Conceitos, Objetivos, Funções e o Papel do Farmacêutico Toda a estrutura hospitalar, bem como os serviços de saúde que serão prestados pelo hospital, deve ter como ponto focal o paciente. Isso quer dizer que toda a estratégia deve girar em torno da saúde e bem-estar dos clientes de saúde. Ou seja, a disponibilização da estrutura física, treinamento do pessoal em melhores rotinas e práticas, treinamento de atendimento ao cliente, agilidade no atendimento, serviços prestados, humanização no atendimento, entre outras práticas. Dentro da estrutura hospitalar está localizada a farmácia hospitalar, cujo principal objetivo é garantir o uso racional e seguro de todos os medicamentos que serão prescritos pelos médicos aos pacientes. Essa estrutura está diretamente ligada à alta gestão do hospital e tem responsabilidades que englobam todo o planejamento e funcionalidade das atividades diretamente ligadas à ministração de medicamentos. Farmácia hospitalar, segundo a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (SBRAFH), é uma unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada, hierarquicamente, à direção do hospi- tal e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente. A farmácia hospitalar é uma parceira dos serviços prestados pelo hospital e é de sua inteira responsabilidade efetuar toda a gestão de medicamentos que serão ministrados aos pacientes que estão sendo submetidos aos tratamentos de saúde. Dessa forma, os farmacêuticos responsáveis devem ser profissionais preparados em temas que envolvem administração e gestão. A farmácia hospitalar é um órgão de abrangência assistencial técnico- -científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, ao armazenamento e controle, à dispensação e à distribuição de medicamentos e correlatos às unidades hospitalares, bem como à orientação de pacientes internos e ambulatoriais visando sempre à eficácia terapêutica, além da redução de custos, voltando-se também para o ensino e a pesquisa, propiciando um vasto campo de aprimoramento profissional. (PORTO et al., 1985). 8 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce 9 Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images O gerenciamento das atividades da farmácia hospitalar envolve toda a análise de medicamentos que serão necessários, análise de fornecedores, atualização de remédios que serão disponibilizados pela indústria farmacêutica, controle de estoque para garantir a quantidade mínima necessária para utilização imediata, gerenciamento dos profissionais de farmácia, criação de procedimentos de farmácia que envolvem a correta armazenagem e ministração dos medicamentos para garantir a demanda e suprir as necessidades dos pacientes hospitalizados na mesma proporção da sua utilização. A farmácia hospitalar deve desenvolver atividades clínicas e relacionadas à gestão. A farmácia é um setor do hospital que demanda elevados valores orçamentários, por isso, o farmacêutico deve assumir atividades gerenciais para contribuir com a eficiência administrativa e, consequentemente, com a redução dos custos. (CRF-SP, 20143, p. 14). Ainda, segundo a Portaria nº. 4.283/2010 do Ministério da Saúde, farmácia hospitalar é uma unidade clínico-assistencial, técnica e administrativa onde se pro- cessam as atividades relatadas, dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada funcional- mente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente. (BRASIL, 2010). 9 thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Dentro dos Objetivos das Farmácias Hospitalares, podemos destacar • Realização de todo o planejamento, controle e monitoramento do serviço de farmácia hospitalar, bem como dos profissionais que atuam nesse setor; • Garantir o correto armazenamento dos medicamentos, bem como monitorar todo o uso dos medicamentos, ou seja, efetuar a gestão de estoque; • Elaborar procedimentos de distribuição correta dos medicamentos aos pacientes; • Analisar quais serão os medicamentos necessários ao estoque do hospital me- diante a atuação do mesmo; • Elaborar procedimentos que garantam o uso racional e correto dos medica- mentos, evitando desperdício e garantindo o uso correto desses insumos. As Funções da Farmácia Hospitalar segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) incluem • Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao hospital, realizada pela comissão de farmácia e terapêutica, ou correspondente, e asso- ciada a outras comissões, quando necessário; • Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados, estabele- cendo níveis adequados para aquisição por meio de um gerenciamento apro- priado dos estoques. O armazenamento de medicamentos deve seguir as nor- mas técnicas para preservar a qualidade dos medicamentos; 10 thais Realce thais Realce thais Realce 11 • Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela indisponibili- dade de produtos no mercado, seja para atender prescrições especiais ou por motivosde viabilidade econômica; • Estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos para assegurar que eles cheguem ao paciente com segurança, no horário certo e na dose adequada; • Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a prescrição médica e a administração dos medicamentos. O sistema deve ser útil também na orientação ao paciente no momento de alta ou nos tratamentos ambulatoriais. O Papel do Farmacêutico O profissional farmacêutico tem um papel estratégico dentro da estrutura hospitalar, uma vez que ele é responsável pela gestão eficaz e segura sobre o uso racional e correto dos medicamentos. Juliani (2014, p. 12) enfatiza que o farmacêutico é o profissional responsável por realizar as atividades relacionadas aos medicamentos e por fornecer as informações sobre eles aos demais profissionais da saúde. Outras dimensões que fazem parte da responsabilidade do farmacêutico na farmácia hospitalar é trabalhar na redução de custos dos medicamentos mediante um controle do estoque e promovendo o uso racional desses insumos, uma vez que grande parte do custo dos hospitais está na farmácia. Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images 11 thais Realce thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Juliani (2014) conceitua que o farmacêutico hospitalar é o profissional respon- sável pela orientação dos pacientes quanto à terapia medicamentosa, visando al- cançar o melhor resultado terapêutico com o menor custo, garantindo a adesão ao tratamento, e evitar problemas com o uso incorreto dos medicamentos. Os farmacêuticos ainda têm responsabilidade nas atividades de logística: gestão do fluxo de medicamentos no ambiente hospitalar, envolvendo as atividades de dispensação, que é a entrega dos medicamentos aos pacientes mediante prescri- ção médica. Gerenciamento de resíduos, o transporte correto, armazenagem e descarte. Farmacoeconomia, que envolve análise de todos os custos envolvidos de medicamentos e atuando na redução desses custos. O surgimento da indústria farmacêutica no Brasil. Disponível em: https://goo.gl/oa7i3N Ex pl or Estrutura Física: Área Física, Ambientes da Farmácia Hospitalar e Localização Área Física A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estipula as dimensões míni- mas necessárias de cada área necessária ao funcionamento da farmácia hospitalar. Tabela 1 − Principais ambientes da farmácia hospitalar, suas quantidades mínimas e dimensões mínimas, segundo a RDC nº 50/2002-ANVISA (alterada pela RDC nº 307/2002 e nº 189/2003) Unidade/Ambiente Quantificação mínima Dimensão mínima 1. Área para armazenagem e controle (CAF*) 01 0,6m 2 por leito 2m2 para freezer ou geladeira 2. Área de distribuição 01 10% da área para armazenagem 3. Área para recepção e inspeção 01 10% da área para armazenagem 4. Farmácia satélite 4,0 m2 5. Farmacotécnica A existência desta unidade dependerá da execução ou não das atividades correspondentes 5.1 Sala de manipulação, fracionamento de doses e reconstituição de medicamentos 01 12,0 m 2 12 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce 13 Unidade/Ambiente Quantifi cação mínima Dimensão mínima 5.2 Área de dispensação 01 6,0 m2 5.3 Laboratório de controle de qualidade in loco ou não 6,0 m2 5.4 Sala de limpeza e higienização de insumos (assepsia de embalagens)** 01 4,5 m 2 5.5 Sala de preparação de quimioterápicos 01 5,0 m2 por capela de fluxo laminar 5.6 Sala de manipulação de nutrição parenteral 01 5,0 m2 por capela de fluxo laminar 5.7 Sala de preparo e diluição de germicidas 01 9,0 m2 5.8 Vestiários 6. Centro de informação sobre medicamento 6,0 m2 7. Ambientes de apoio: - Sanitários para funcionários - Sala administrativa - Depósito de material e limpeza - Copa Fonte: RDC nº 50/2002 - ANVISA. *CAF - Central de Abastecimento Farmacêutico. **Uma única sala pode servir de sala de quimioterápicos e de sala de nutrição parenteral Ambientes da Farmácia Hospitalar Para a garantia das atividades da farmácia hospitalar, alguns ambientes básicos devem ser incorporados à sua estrutura física: • Central de Abastecimento Farmacêutico – CAF: responsável pelas áreas de recepção, armazenamento e distribuição de medicamentos. É o local no qual os medicamentos serão estocados e por isso, deve conter áreas de estocagem específicas para cada tipo de material. Exemplo: áreas específicas para materiais sujeitos a refrigeração ou inflamáveis. • Dispensação: é o ambiente responsável pela distribuição dos medicamen- tos. Esse ambiente é subdividido em áreas específicas a cada etapa do pro- cesso de distribuição: » Recepção dos pedidos de medicamentos feitos pelos médicos. » Supervisão farmacêutica: responsável pelas atividades de supervisão dos trabalhos executados, análise das prescrições médicas e orientações técnicas; » Separação de medicamentos: separação dos medicamentos para supri- mento da demanda. Em geral os medicamentos são fracionados. » Estocagem de medicamentos: área responsável pela armazenagem dos equipamentos e reposição da área de separação de medicamentos. 13 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images » Refrigeração: área que mantém os medicamentos refrigerados segundo as especificações técnicas; » Balcão de checagem: local no qual os enfermeiros podem fazer a checagem da demanda solicitada; » Dispensão de medicamentos para pacientes: esse local é destinado à retirada de medicamentos por pacientes que já tiveram alta, mas que devem continuar com a medicação. Muito comum em distribuição de medicamentos dos programas governamentais, como o coquetel de medicamento para portadores de HIV ou medicamentos para tratamento de câncer. • Antibióticos, hormônios e citostáticos: para cada substância, uma sala deverá ser destinada a fim de se evitar contaminação cruzada, proteção ao manipulador e ao ambiente. • Seção administrativa: é nesse local que toda a gestão da farmácia hospitalar irá ser feita. Esse setor é responsável pela organização e suporte aos processos de trabalho da farmácia, abrangendo a manutenção, o controle patrimonial e o apoio logístico. Localização De acordo coma SBRAFH, a farmácia hospitalar deve estar localizada em ponto estratégico, que facilite a provisão de serviços a paciente, a distribuição de medicamentos e o armazenamento dentro dos critérios técnicos, devendo contar com recursos de comunicação e transporte e boas condições ambientais. 14 thais Realce thais Realce thais Realce 15 Os Recursos da Farmácia Hospitalar: Humanos e Materiais A gestão da farmácia hospitalar tem como desafio coordenar todos os recursos (humanos e materiais) envolvidos no dia a dia das atividades diárias de responsabilidade desse setor. A boa gestão garante a máxima eficiência entre os recursos, garantindo um time bem treinado nos procedimentos existentes, resultado em excelência da qualidade dos serviços prestados aliados com a máxima eficácia da utilização dos recursos materiais necessários para que a farmácia hospitalar possa garantir qualidade e segurança aos pacientes atendidos. Os recursos humanos são as pessoas que trabalham no setor de farmácia hospitalar e desenvolvem todas as atividades desenvolvidas no setor. A farmácia hospitalar deve contar com uma equipe composta por farmacêuticos, técnicos de farmácia e os auxiliares de farmácia. Cada membro dessa equipe possui níveis de responsabilidades distintos, que são compatíveis com a sua qualificação profissional e complexidade das atividades a serem executadas, mas que juntos garantem a qualidade dos serviços prestados. Segundo Juliani (2014), os farmacêuticos têm como responsabilidade administrar todo o serviço de farmácia hospitalar durante todo o horário de funcionamento da farmáciahospitalar. Os técnicos de farmácia devem atuar na manipulação de fórmulas sob supervisão do farmacêutico, no fracionamento de medicamentos e controle da qualidade. Já os auxiliares de farmácia devem atuar na limpeza e na higiene do setor, bem como na organização dos ambientes. Os recursos materiais são todos aqueles equipamentos e materiais utilizados na farmácia hospitalar. Esses recursos devem ser controlados e com manutenção preventiva periódica administrados pela equipe farmacêutica. Podemos considerar como recursos materiais os recursos de informática, como computadores, impressoras, softwares. Ou equipamentos de conforto, como ar condicionado e ventiladores. Materiais de escritório, como, por exemplo, cadeiras, canetas, papéis etc. No entanto e sem dúvidas, os recursos materiais mais importantes da farmácia hospitalar são os medicamentos. Por isso, toda a gestão e manutenção dos recursos materiais devem girar em torno de manter os medicamentos seguros para o uso dos pacientes. 15 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Figura 5 Fonte: iStock/Getty Images Por exemplo: vamos imaginar que um medicamento tenha a exigência de conser- vação em ser mantido a uma temperatura de -2 graus. No entanto, o equipamento de refrigeração não teve a manutenção preventiva necessária e apresentou falha no seu funcionamento, resultando na conservação do determinado medicamento em temperatura ambiente. Esse medicamento fatalmente perderá toda sua qualidade e precisará ser descartado, resultando em perda financeira para o hospital. Usamos o exemplo de apenas um medicamento que deveria ser mantido a uma refrigeração de –2 graus, mas por algum erro não foi mantido e precisou ser descartado. Agora imagine se ao invés de um medicamento, fosse um grande lote de medicamentos de alto custo a ser descartado. Imagine o impacto financeiro que esse hospital teria. Ex pl or Juliani (2014, p. 43) enfatiza que o alto custo dos medicamentos faz com que haja a necessidade de controle visando à redução dos custos finais, sem prejuízo na assistência ao paciente. O controle de estoque deve, então, ser feito com esmero, garantindo o atendimento contínuo às necessidades do hospital e evitando compras de emergência, perdas por vencimento, danos aos materiais estocados, etc. A gestão dos recursos materiais deve estar alinhada à gestão de recursos humanos para garantir a segurança ao paciente. É papel da farmácia hospitalar desenvolver estratégias que visam garantir que os recursos humanos estejam bem alinhados com todos os procedimentos de qualidade e exigências da ANVISA, bem como que os recursos materiais estejam em pleno funcionamento e sendo utilizados na sua máxima eficácia. 16 thais Realce thais Realce 17 Distribuição de Medicamentos A distribuição de medicamentos deve atender à necessidade da demanda do hospital distribuindo a quantidade certa de medicamentos entre os setores envolvidos, como a Farmácia Central, Farmácias Satélites, Centros de tratamentos Intensivos (UTIs) e Centros Cirúrgicos. Planejar e controlar a distribuição de medicamentos dentro de um hospital é uma das formas que podem ajudar a garantir que a instituição de saúde se mantenha financeiramente saudável. Importante! A efi caz gestão de estoques resultará em lucro, sendo que o bom controle evitará perdas e desperdícios de medicamentos. O serviço de controle e distribuição de medicamentos é de inteira responsabilidade da farmácia; por isso, quanto melhor for o controle e monitoramento feito, menor será a quantidade de perdas e, consequentemente, maior lucro será gerado. Importante! Figura 6 Fonte: iStock/Getty Images Sistemas de Distribuição de Medicamentos Existem 4 tipos de sistemas de distribuição de medicamentos, sendo eles: Coletivo: é o sistema de distribuição de medicamentos mais antigo que foi criado. 17 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Nesse sistema, o médico faz a prescrição de medicamentos para cada paciente e a enfermagem totalizará todas as prescrições feitas por uma unidade assistencial e faz à farmácia o pedido de medicamentos necessários para essa unidade assistencial (por exemplo UTI). Uma vez o pedido feito, a farmácia irá separar todos os medicamentos e enviá-los para a unidade assistencial solicitante. A enfermagem, por fim, irá receber, preparar, administrar e estocar esses medicamentos. Desvantagens: • Estoque periférico: criação de grandes estoques em todas as unidades assistenciais do hospital, acarretando alto custo por conta desses estoques parados e alto índice de erros de administração de medicamentos. • Farmácia mero repassador: nesse modelo o papel da farmácia é apenas repassar os medicamentos constantes no pedido feito. Não é feito nenhum tipo de administração de medicamentos ou controle de utilização. • Sobrecarga de trabalho na enfermagem: a enfermagem terá que receber, separar, administrar e estocar os medicamentos. Ou seja, grande parte do tempo da enfermagem será utilizado na administração dos medicamentos, sendo que esse tempo poderia ser utilizado nos cuidados com os pacientes. • Faturamento incorreto: nesse modelo a gestão do faturamento é muito mais difícil de ser feita, uma vez que a distribuição dos medicamentos é feita por unidade de medicação e não por paciente. Vantagem: • Exige quantidade mínima de profissionais envolvidos, uma vez que a gestão de distribuição dos medicamentos é simples. Individual: o processo consiste em o médico prescrever o medicamento e en- viar para a farmácia, que irá analisar, quantificar, conferir a prescrição, fazer a se- paração dos medicamentos por paciente em um período médio de 24 horas. A en- fermagem irá receber o medicamento, preparar, estocar e administrar ao paciente. Esse sistema pode ser direto ou indireto; a diferença entre eles é que no indireto, o médico não enviará o pedido diretamente para a farmácia, ele irá entregar à en- fermagem, que irá transcrever o pedido à farmácia. Vantagens: comparando com o sistema coletivo, o tempo gasto pela enfermagem é muito menor, e esta agora assume o papel de administrar o medicamento ao paciente. Existe uma atuação do farmacêutico em analisar e conferir o medicamento prescrito para cada paciente, dessa forma ajudando também no faturamento. Nesse sistema, já é possível cobrar o custo do medicamento para o paciente que foi ministrado. A quantidade de erros é menor, uma vez que todo o processo é feito de forma customizada. 18 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce 19 Desvantagens: o método indireto apresenta uma maior possibilidade de erros. Isso porque a enfermagem terá que transcrever (copiar) todo a prescrição médica para a farmácia. Apresenta maior gasto de tempo no processo por envolver mais etapas. Tanto o método direto quanto o indireto acarretam desperdícios para o hos- pital porque a quantidade de medicamentos enviada não será por dose certa. Exemplo: o médico poderá prescrever a ministração de um medicamento chama- do Pantoprazol a determinado paciente por 7 dias, uma vez ao dia. Sendo assim, serão necessários 7 comprimidos. No entanto, na cartela ou caixa do medicamento vêm 10 comprimidos. Todos os 10 serão enviados, sendo que 7 serão administra- dos e 3 descartados. Misto: é a junção dos sistemas coletivo e individual. Dose Unitária: é o método mais utilizado e atual. Nesse método o médico prescreve a medicação por paciente e encaminha para a enfermagem. A enfermagem encaminhará para a farmácia. A farmácia irá fazer a triagem do medicamento (analisar horários e administração, quantidades, doses etc.), fará todo o perfil farmacoterapêutico do paciente, irá preparar a dose unitária a ser administradaao paciente, encaminhará à enfermagem. A enfermagem irá conferir e administrar os medicamentos. O médico solicita a aplicação de uma injeção “x” com medicação em “x” miligramas. No sistema individual, a farmácia irá enviar a ampola e a seringa de aplicação, a en- fermagem fará o cálculo da quantidade e o restante da ampola poderá ser descar- tado. No sistema dose certa, a farmácia irá preparar a seringa de aplicação já com a quantidade certa de líquido e enviará a injeção pronta para ser aplicada. O restante da medicação contida na ampola será armazenado corretamente e poderá ser utili- zado por outro pedido. Nesse sistema não há desperdícios. Da mesma forma, o faturamento é feito pontualmente por medicamento x paciente. O estoque periférico será muito me- nor, diminuindo custos e o índice de erros é muito menor. A enfermagem precisará apenas conferir e administrar, podendo se dedicar muito mais aos cuidados com os pacientes. Veja o resumo das principais vantagens: 1. Redução da incidência de erros de administração de medicamentos; 2. Redução de tempo da enfermagem com atividades relacionadas ao medicamento; 3. Diminuição dos estoques nas unidades assistenciais e, portanto, redução de perdas; 19 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar 4. Otimização do processo de devoluções; 5. Auxílio no controle de infecção hospitalar, devido à higiene e organização do preparo das doses; 6. Faturamento mais exato do consumo de medicamentos; 7. Maior segurança para o médico, em relação ao cumprimento de suas prescrições; 8. Participação efetiva do farmacêutico na definição da terapia medicamentosa; 9. Melhoria da qualidade de assistência prestada ao paciente. Mas esse sistema também apresenta desvantagens, são elas: 1. Necessidade de alto investimento inicial; 2. Aumento da necessidade de recursos humanos e infraestrutura da farmácia hospitalar; 3. Aquisição de materiais e equipamentos especializados. 20 thais Realce thais Realce thais Realce thais Realce 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Farmacêutico Hospitalar na Gestão dos Medicamentos – Centro Cirúrgico https://youtu.be/zyC0eNAH89w Módulo 7 – PDV – Gerenciamento de Estoque na Farmácia https://goo.gl/I3iZsE Leitura A História da Farmácia no Brasil Por Renata Carvalho. https://goo.gl/yqBNja Atribuições Clínicas do Farmacêutico Por pfarma.com.br. https://goo.gl/mpfpX1 21 UNIDADE Estrutura Organizacional da Farmácia Hospitalar Referências CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO – CRF- SP. Cartilha da farmácia hospitalar. São Paulo, 2013 a. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº. 4.283/2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4283_30_12_2010. html> Acesso em: 20 set. 2017. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANDA DE SAÚDE – OPAS. Boas práticas de farmacovigilância para as Américas. Washington: OPAS, 2011. PORTO, B. S. et al. Termo de referência para implantação ou reestruturação de farmácias de hospitais universitários. Rio de Janeiro: UFRJ, 1985. SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR. Padrões mínimos para a farmácia hospitalar e serviços de saúde. 2 ed. Belo Horizonte: SE- BRAFH, 2007. 22
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