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1 Obra Inaugural da Psicanálise Apresenta uma técnica psicológica que torna possível interpretar os sonhos, ou seja, atribuir um sentindo. Oposição à teoria dominante sobre os sonhos. Os Sonhos Releva como uma estrutura psíquica que tem um sentido e pode ser inserida num ponto designável nas atividades mentais da vida de vigília. Sonhos não são formas de premonição, nem há uma simbologia universal dos elementos dos sonhos. São realizações do desejo, compostos por vida de vigília e desejos do inconsciente. Sonho não é absolutamente um ato mental, mas um processo somático que assinala sua ocorrência por indicações registradas no aparelho mental. O sonho é do sonhador. Interessam na medida em que eles são narrados. É observável um afrouxamento da censura (do recalque). São formados por restos diurnos; distorção dos desejos inconscientes. Questão da sobredeterminação. O relato dos sonhos se dá na situação de transferência. Conteúdo manifesto (lembrado): manifestação do sonho; como é narrado. Conteúdo latente (oculto): o sentido dos sonhos. O fantasma e o sonho constituem formas de realização do desejo. Leis do deslocamento e da condensação. Condensação: uma das leis que regem o funcionamento do inconsciente. O conteúdo manifesto é sempre menor condensado que o conteúdo latente. 2 Análise de um Sonho Modelo O sonho da injeção de Irma. A elaboração de que o inconsciente é um sistema por representações associadas umas às outras de acordo com as leis do deslocamento e da condensação. O inconsciente se constitui na verdadeira instância onde os pensamentos se produzem, e de que esses pensamentos inconscientes podem encontrar um meio de expressão simbólica na palavra, formam, em síntese, o ápice das elaborações freudianas presentes na primeira tópica. Desejo para Freud, nesse momento, está relacionado com um retorno alucinatório a uma experiência anterior de satisfação. 3 Introdução Descoberta preciosa do valor dos sonhos. Sonhos dos neuróticos não se difere dos normais (assim os sonhos são via privilegiada de acesso ao ICS). Sexualidade infantil e superação da teoria do trauma. Como fenômenos psíquicos os sonhos são produções e comunicações da pessoa que sonha e é através do relato do sonhador que acessamos o sonho. O relato é interpretado, não do sonho. Porém, o relato é sempre inteligível. A tese freudiana é de que o sujeito sabe o significado do sonho, mas não sabe o que sabe (ocorre devido a censura). Sentido e Interpretação O sentido não é imediatamente acessível nem ao sonhador e nem ao intérprete. Encontrar o sentido do sonho é percorrer o caminho do pensamento manifesto aos pensamentos latentes. Interpretação do analista: ao nível da linguagem, não das imagens. Ênfase nos enunciados. Freud distingue da interpretação simbólica e do método de decifração (mesmo se aproximando mais da decifração). O sonho não é tomado como tudo, mas como partes. Destaque O ICS não é uma “coisa” no interior da qual os pensamentos latentes são transformados e distorcidos, tampouco é algo comparável às profundezas do psiquismo. ICS aparece como aquilo que fala à sua maneira (sintaxe particular). 4 Elaboração Onírica e Interpretação Articulação entre linguagem e desejo. Função de psicanálise: fazer aparecer o desejo. “Trabalho do sonho”: trabalho causado pela censura. Ciframento x Deciframento. Sobredeterminação Pluralidade de fatores determinantes. Vários fatores concorrem para a formação. Superinterpretação Segunda interpretação. Não há sentido original. Todo sentido já é interpretação. Função Simbólica Mediador entre subjetividade e real – animal simbólico. Exemplo: do amigo que comia bolo e se referia à perda de um emprego “você perdeu um bom bocado”. Primeira Tópica Sonho padrão. Concepção do aparelho psíquico formado por instâncias ou sistemas: ICS, PCS e CS. Concepção tópica (lugares psíquicos) inseparável da concepção dinâmica. Essa tópica pretende expressar é o sentido progressivo-regressivo do funcionamento do aparelho psíquico. O aparelho é formado por sistemas cujas posições relativas se mantem constantes de modo a permitir um fluxo orientado num determinado sentido. 5 O ESQUECIMENTO DOS SONHOS Pensamentos Oníricos Acontece quando o indivíduo está dormindo. São regularmente submetidos a censura do sonho. Esquecimento O esquecimento dos sonhos, em grande parte, é produto da resistência. Resistência Anímica Uma resistência psíquica que diz respeito à alma, relacionada com a parte imaterial do homem. Umbigo do Sonho “O ponto onde [o sonho] mergulha no desconhecido”. Parte do sonho que resiste à interpretação. Ponto de contato com o desconhecido. 6 Interpretação Fracionada do Sonho Nem sempre se pode consumar a interpretação de um sonho de uma só vez, depois de uma cadeia de associações, nossa capacidade de interpretação se esgota. Memória x Sonhos A nossa memória interfere fortemente nos aspectos que recordamos de um sonho. Lembranças são fragmentadas e falseadas. Papel da Resistência na Censura dos Sonhos “[...] uma parte do sonho assim resgatada do esquecimento é, invariavelmente, a mais importante; situa-se sempre no caminho mais curto para solução do sonho e por isso dor mais exposta à resistência do que qualquer outra parte”. A censura atinge todas as formações do ICS. Análise dos Sonhos A análise dos sonhos deve se atentar a todos os elementos. Censura onírica. Interpretação fracionada. Silberer e as Interpretações Afirma que todos os sonhos requerem duas interpretações diferentes. Psicanalítica: cunho infantil-sexual. Analógica: revela os pensamentos mais sérios, que o trabalho do sonho tomou como material. REGRESSÃO “Volta atrás” da excitação. 7 Regressão é quando, num sonho, uma representação é retransformada na imagem sensorial de que originalmente se derivou. Ocorre em estados patológicos da vida de vigília. Aparelho Psíquico. Funcionando da atividade psíquica: Instâncias ou sistemas; Processo psíquico - energia que flui no SN; Atividade psíquica - estímulos internos e externos – inervações; Extremidade perceptiva a motora. Processo Reflexo. Inconsciente Desejo – vivência alucinatória (a cena de ação nos sonhos é diferente da cena da vida representacional de vigília. Na concepção da psicanálise o desejo nunca estará completamente satisfeito pois buscara a primeira experiência registrada. Exemplo Censura psíquica. 8 Condensação; Deslocamento; Ato falho; Chistes; Sintoma. Sonho e Regressão Sonho. Sonho confuso: a excitação regride ao sistema perceptivo, passando do PCS e CS para o ICS onde as relações logicas dominantes no PCS e CS não possuem valor. Para Freud, o sonho constitui "uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido)"; Tipos de regressão. 1. Tópica (retorno da excitação). 2. Temporal (retorno a estruturas mais antigas). 3. Formal (retorno a modos de expressão menos estruturados). A REALIZAÇÃO DO DESEJO O desejo é uma ideia ou pensamento – está ao nível da representação tendo como correlato o fantasma ou fantasia. Pulsão; satisfação. Desejo: realização. Estímulos Sensoriais Influências e/ou estímulos que podem ocasionar impressões sobre o próprio sonho. Esses estímulos podem ser sensoriais externos ou internos (subjetivos): Externos – luz, ruídos e odores; sentir a ausência da coberta: sonhar que está nu ou com frio; 9 Internos (subjetivos) – sonhar com amigosde quem estamos com saudade; assistir a um filme de terror: sonhar com um monstro. Todos os sonhos são realizações de desejos? Alguns sonhos se apresentam abertamente como realizações de desejos e outros a realização era irreconhecível e disfarçada, nos quais percebe-se a atuação da censura. Nas crianças, a maioria dos sonhos são de desejos não distorcidos. Possíveis Origens dos Desejos Restos diurnos não-satisfeitos. Restos diurnos recalcados. Desejos inconscientes (infantis). Impulsos decorrentes de estímulos noturnos. “Um desejo consciente só consegue tornar-se instigador do sonho quando logra despertar um desejo inconsciente do mesmo teor e dele obter reforço”. Qual é a relação dos restos pré-conscientes do dia anterior com os sonhos? Penetram nos sonhos em grandes quantidades e fazem uso de seus conteúdos para ganhar acesso à consciência. Dominam o conteúdo dos sonhos de forma a estabelecer uma continuação das atividades diurnas. Podem ter algum outro caráter além do de desejos. Exemplo: Sonho com Otto. Uma preocupação foi obrigada a encontrar uma ligação com um desejo infantil, já inconsciente e suprimido, para que entrasse no inconsciente. Como se comporta o sonho quando os pensamentos oníricos são preocupações, reflexões dolorosas e pensamentos aflitivos? Realização de desejo. O trabalho do sonho pode ter êxito em substituir todas as representações aflitivas por seus contrários e em suprimir os afetos desprazerosos que estão ligados a elas. 10 Não é pura satisfação. As representações aflitivas, modificadas em maior ou menor grau, ganham acesso ao conteúdo manifesto do sonho. Exemplo: sonho de Freud com o filho. Origem: sem notícias do filho na frente de batalha. Conteúdo: convicção de que ele estava ferido ou morto. Parece uma foca: lembrou de alguém mais jovem, o neto. Cabelo grisalho: lembrou do genro, que foi duramente atingido pela guerra. “O impulso oculto poderia haver encontrado satisfação no temido acidente com meu filho: era inveja que sentem dos jovens aqueles que envelheceram”. → A preocupação por si só não é capaz de formar um sonho. Ela precisa apoderar- se de um desejo para atuar como força propulsora do sonho. Transferência Uma representação inconsciente é inteiramente incapaz de penetrar o pré- consciente, a não ser estabelecendo um vínculo com uma representação que já pertença ao pré-consciente, transferindo sua intensidade e fazendo-se “encobrir” por ela. Por que os elementos recentes ganham acesso aos sonhos tão frequentemente? São substitutos dos elementos mais antigos. Sofrem menos com a censura e com a imposição da resistência. Os restos diurnos oferecem ao inconsciente um ponto de ligação necessário para a transferência. Podem ser desejos ou moções psíquicas de alguma natureza ou simplesmente impressões recentes. O inconsciente nada tem a oferecer durante o sono além da força para a realização de um desejo? Além da força para a realização de um desejo, o inconsciente também: Transforma lembranças suprimidas em imagens apresentadas no sonho; 11 Habilidade em ser o ponto de partida da formação dele; Aptidão de tornar o sonho em algo “curto”. Identidade Perceptiva e Regressão Reaparecimento da percepção = realização do desejo. Condução da excitação produzida pelo desejo para uma completa catexia da percepção. Estado primitivo do aparelho psíquico. Desejo termina em alucinação; Objetivo: “identidade perceptiva” - repetição da percepção associada à satisfação da necessidade. Gasto eficaz da força psíquica. Deter a regressão para não ir além da imagem mnêmica; Buscar caminhos que estabeleçam a identidade perceptiva. Desejo Alucinatório O pensamento não passa de uma substituição de um desejo alucinatório. Apenas o desejo pode colocar nosso aparelho anímico em ação. O sujeito deve encontrar seu próprio modo de lidar com o apelo do desejo para libertar-se rumo à satisfação. “O sonho é um ressurgimento da vida anímica suplantada.” Os métodos de funcionamento do aparelho psíquico, excluídos na vida de vigília, voltam na psicose e revelam sua incapacidade de satisfazer nossas necessidades em relação ao mundo exterior. Os desejos inconscientes tentam tornar-se eficazes durante o dia, lutando para fazer parte da consciência através do sistema pré-consciente e para obter o controle dos movimentos. 12 Censura como Guardiã A censura esconde ou omite percepções da nossa realidade que diferem da nossa compreensão individual. Memórias repletas de energia psíquica que não anda na mesma linha com as ações que imaginamos realizar, acabam sendo censurados como forma de autoproteção. Sintoma e Desejo Outras formas anormais de realização de desejo são os sintomas psiconeuróticos. É preciso da presença do desejo do pré-consciente realizado pelo mesmo sintoma. Exemplificação: A realização de uma fantasia inconsciente da sua puberdade: desejo de estar continuamente grávida e ter números filhos. A realização de outro desejo de ter filhos com o tanto de homens possível. Todos os sonhos são de conveniência? Segundo Freud, todos os sonhos têm o direito de serem descritos como sonhos de conveniência. A ação do desejo de continuar dormindo pode ser percebida nos sonhos de despertar, que modificam os estímulos sensoriais externos de maneira a torná- los compatíveis com a continuação do sonho. Controle dos sonhos Algumas pessoas parecem possuir a capacidade de dirigir conscientemente seus sonhos (exemplo: Marquês de Saint Denys). Nesses casos, é como se o desejo de dormir houvesse dado lugar a outro desejo pré-consciente: o de observar seus sonhos e deleitar-se com eles. “Por toda a duração de nossos estados de sono, sabemos com tanta certeza que estamos sonhando quanto sabemos estar dormindo”. 13 O DESPERTAR PELOS SONHOS Processos Oníricos Desejo Inconsciente X Desejo Recente. Trajetória Progressiva. Trajetória Regressiva. Processo simultâneo. Despertar pelos sonhos Conteúdo manifesto e conteúdo latente. Impressões sensoriais noturnas. Restos diurnos. Pulsões do id. Sonhos de Angústia Liberações de prazer e desprazer regulam os investimentos libidinais. Desejos inconscientes: permanecem sempre ativos; representam caminhos que podem ser percorridos, toda vez que uma quantidade de excitação se serve deles. Afetos podem ser originalmente prazerosos, mas tornaram-se desprazerosos pela ação do recalcamento. PROCESSO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO A característica principal desses processos é de que toda ênfase é aplicada no sentido de tornar a energia catexial móvel e capaz de descarga”. Essa energia de investimento reparte-se pelos sistemas inconsciente e pré-consciente e consciente. O Aparelho Psíquico Freud definiu dois modos de funcionamento do aparelho psíquico: 14 a) Do ponto de vista tópico: O processo primário caracteriza o sistema inconsciente e o processo secundário caracteriza o sistema pré-consciente- consciente. b) Do ponto de vista econômico-dinâmico: No caso do processo primário, a energia livre procura a descarga de maneira mais rápida e direta e tendendo à “identidade perceptiva”, ou seja, procura reinvestir as representações ligadas à experiência de satisfação de forma alucinatória. No caso do processo secundário, energia "ligada"; a satisfação é adiada, permitindo assim experiências mentais que põem à prova os diferentes caminhos possíveis de satisfação. O Processo Psíquico Freud distinguiu dois tipos de processos psíquicos na formação dos sonhos: um que produz os pensamentos oníricos "racionais", semelhantes ao pensamento normal; e outro que corresponde ao tratamentodado a esses pensamentos, o qual é desconcertante e "irracional". Freud lança mão das descobertas feitas no campo das psiconeuroses, principalmente, sobre a histeria. Conclui que assim como, na histeria, "uma cadeia de pensamento normal só é submetida a esse tratamento psíquico anormal que vimos quando um desejo inconsciente, derivado da infância e em estado de recalcamento, se transfere para ela", na teoria dos sonhos, um desejo inconsciente é a força motivadora para a elaboração onírica. O Processo Primário Procura estabelecer uma identidade perceptiva com a primeira experiencia da satisfação (o que caracteriza o conceito de desejo). O núcleo do ICS é constituído por representações da pulsão; procuram descarregar seu investimento. Funcionam sobre o princípio do prazer. Consiste no sentir das emoções por parte do indivíduo, no prazer sentido por ele. Portanto, o Id se expressa através dos processos primários, que são um estágio evolutivo mais primitivo. Os processos primários são o fenômeno do Id para tentar buscar a satisfação do seu prazer comunicando essa necessidade ao ego (quando este é formado). 15 Processos irracionais inconscientes. Estes processos, quando inibidos, provocam um aumento de energia, que pode ser observado na formação de chistes, e podem transparecer para a consciência na ligação dos pensamentos pré-conscientes às palavras na forma de confusões, deslocamentos, enfim, atos falhos. Desencadeia o processo secundário, pois existe a necessidade por parte do indivíduo de sentir o prazer real, a repetição do prazer, para não ficar num estado de agonia, frustração, sofrimento – desprazer. Características do Processo Primário Condensação: as imagens que aparecem nos sonhos são misturas de conteúdos inconscientes e restos de experiências reais da pessoa. Por isso, num sonho, esses “pedaços” de informação podem se misturar, criando uma imagem que não existe na realidade, sendo uma mistura de várias coisas juntas. Projeção: quando enxergo no outro o que existe, de fato, em mim, estou projetando. Identificação: a identificação se dá quando enxergamos semelhanças entre nós e os outros. Nos identificamos com aquilo que acreditamos que representa quem somos. Deslocamento: o deslocamento ocorre quando redireciono o objeto da descarga psíquica. Talvez por não me sentir seguro em efetuar a descarga no objeto original. Linguagem simbólica: no processo primário, o inconsciente reprimido se comunica através de símbolos, ou seja, imagens que representam outras coisas. O Processo Secundário Relacionado ao denominado pensamento normal, por um mecanismo indireto, procura estabelecer uma identidade de pensamento com tal experiência de satisfação. No registro dos processos secundários, portanto, o pensamento visa a "(...) uma catexia idêntica da mesma lembrança, que se espera atingir mais uma vez por intermédio das experiências motoras”. Para isso, esse processo de pensamento deve deixar de funcionar unicamente sob o princípio do prazer, restringindo até o mínimo possível o desenvolvimento do desprazer produzido pela atividade de pensamento, e "(...) se interessar pelas vias de ligação entre as representações sem se deixar extraviar pelas intensidades dessas representações", que resultaria numa atividade alucinatória. 16 Atribuem uma referência temporal e efetuam uma comunicação entre os conteúdos ideacionais, estabelecendo censuras e funcionando sob a lei do princípio da realidade. Ego Durante o sono, os mecanismos de defesa do ego tentam barrar o acesso à consciência a essas fontes de desprazer. É o desprazer, ou a perspectiva do desprazer que, em geral, desencadeia as defesas do ego. O ego não pode impedir o sonho, mas pode influir na sua atividade, e realmente o faz, tornando o sonho manifesto distorcido de maneira irreconhecível e, consequentemente, ininteligível. Assim, a principal razão para que sejam incompreensíveis é que as defesas do ego os fazem assim. Quando não existem os recursos necessários para satisfazer alguma vontade, o ego é encarregado de aceitar e achar outra solução para sua situação. Ou então, ele é chamado para organizar a energia psíquica consciente de forma que esta consiga, estrategicamente e com o tempo, os recursos faltantes. O ego já faz parte dos processos secundários da representação das vontades do Id. Como já existe a linguagem, isso acrescenta complexidade e a possibilidade de organização dos símbolos. Recalcamento Recalque = operação específica cuja essência consiste em manter afastado no ICS representações ligadas a uma pulsão. Recalque é uma operação cuja essência é manter afastado no inconsciente representações ligadas à pulsão. Para Freud, o recalque está fundamentado no evitamento do desprazer, e não na procura de prazer. Sendo assim, o modelo oferecido por ele é o do evitamento da lembrança, lembrança essa que causaria desprazer. O primeiro exemplo do recalcamento é a evitação da lembrança fuga da percepção) de tudo que um dia foi aflitivo. É facilitada pelo fato de a lembrança não ser suficiente para excitar a consciência e, assim, atrair uma nova catexia. Para Freud, a chave da teoria do recalque seria: o segundo sistema só pode catexizar uma representação se estiver em condições de inibir o desenvolvimento do desprazer que provenha dela. Como resultado do processo secundário, grande parte do material mnêmico permanece inconsciente, uma vez que não recebe catexia do PCS-CS. O principal papel desse sistema é dirigir convenientemente os impulsos cheios de desejos que surgiram no inconsciente. Esses impulsos não podem ser inibidos, 17 e a liberação do afeto ligado a eles produz o desprazer. É essa transformação de afeto que Freud irá considerar como a essência do recalcamento. O problema do recalcamento está em como e o porquê ocorre essa transformação. Freud diz que essa transformação ocorre no curso do desenvolvimento e está relacionada com a atividade do sistema secundário. Todo material recalcado faz seu "retorno" sob a formas de sintomas, sonhos, atos falhos etc. No sonho, isso é facilitado graças ao relaxamento do PCS-CS durante o sono. O INCONSCIENTE E A CONSCIÊNCIA Sonhos são hiperminésicos e tem acesso ao material proveniente da infância. O sistema psíquico que mantem o controle durante o dia (PCS-CS) se concentra no desejo de dormir. Cadeias de pensamento do PCS – rejeitadas do CS na vida de vigília, estabelecem ligações com conteúdos do ICS. → O inconsciente é o conjunto dos processos mentais que se desenvolvem sem intervenção da consciência. Já a consciência, é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações, tais como subjetividade, autoconsciência e a capacidade de perceber a relação entre si e o outro. Sistemas Sistema Pcs. Suas excitações conseguem alcançar a consciência; Situa-se como uma tela entre o sistema Ics. e a consciência. Sistema Ics. É inadmissível à consciência. Consciência Órgão sensorial para a percepção de qualidades psíquicas. 18 Só podemos encarar a percepção consciente como a função própria de um determinado sistema e, para este, a abreviação CS. O Consciente é o conteúdo manifesto e claro para nós. É onde habita o discurso. Ou seja, o sujeito fala daquilo que tem consciência. Realidade Psíquica Forma especial de existência que não deve ser confundida com a realidade material. Sonhos, Inconsciente e Consciente Conteúdo manifesto do sonho – Consciente. Pensamentos oníricos latentes – Inconsciente. A Linguagem do ICS O que se manifesta nos sonhos nada mais é do que uma forma do Inconsciente "falar". O Sentido do Material Onírico Para Freud os sonhos nunca eram somente absurdos, mas possuem umsentido. Sentido esse que ele se propôs a interpretar. Distorção, Censura e Ocultamento Censura: o desejo inconsciente chega ao campo onírico de forma censurada. Não se mostrando de forma clara. A censura faz parte da sintaxe do Inconsciente. Distorção: o sonho chega ao consciente de forma distorcida, estando à serviço da censura. Ocultamento: para Freud, a linguagem é o lugar do ocultamento. A interpretação nasce aqui. Sendo clara a ligação entre linguagem e desejo. 19 → O inconsciente não está contido no sonho, mas dá pistas em seu relato. Por isso, a grande importância da entrada da linguagem no mundo do indivíduo, pois é através dela que se estrutura o real e a consciência. 20 Introdução Interesse prático. Processos mentais inconscientes – não são uma entidade metafísica (porém não estão fora dele). Tentativas de explicação pela neurologia (se afasta dela depois). Recalque – impedir que o representante da pulsão se torne consciente; é um conceito que implica no mecanismo de defesa que incide desde o início da vida; é fundamental para entender o ICS. ICS ≠ recalque (o inconsciente é mais do que só o que foi recalcado). O recalcado não abrange tudo que é inconsciente. Estabelece o funcionamento do ICS. O ICS produz efeitos. Trabalho da análise diz respeito a superar resistências. Sujeito: algo da gente que não conhecemos direito. Para Freud, as fantasias têm a ver com os impulsos (sexualidade humana). Singular/próprio: tem a ver com as pulsões e é recalcado. Justificação do Conceito de ICS Os atos ICS não explicam a vida mental. É possível ter acesso ao ICS de várias formas. O ICS se manifesta a partir do momento em que se fala. Estados latentes da vida mental – ausência de consciência. Mecanismo de identificação – condição para atribuir a existência de consciência ao outro. Mecanismo de projeção – processos de inferência a nós mesmos. ICS e CS são atos mentais distintos – são processos com características próprias e peculiares. “ ” – “ ” 21 Alguns atos psíquicos carecem de consciência e esses atos (ICS), que constituem para a psicanálise o que seriam os processos mentais em si mesmos, são passiveis de serem conhecidos. Vários Significados de ICS – Visão Topográfica Elaboração teórica sobre os lugares e funções de cada uma dessas instancias (ICS, PCS e CS). CS e ICS as vezes são usados no sentido descritivo, as vezes sistemático. O ICS abrange, por um lado, atos que são meramente latentes, temporariamente inconscientes, mas que em nenhum outro aspecto diferem dos atos conscientes, e por outro lado, abrange processos tais como o recalcado, que, se tornassem conscientes, estariam propensos a sobressair num contraste mais grosseiro como o restante dos processos conscientes. Ideia; representação. O ICS topográfico diz respeito aos sistemas, em qual instância os atos se referem. Não tem relação com a anatomia. Ideias CS e ICS – registros distintos, topograficamente separados. O ICS é relativo a que é recalcado e abrange certos conteúdos latentes que podem se tornar CS e os recalcados. Representação (relação entre CS e ICS). O ICS é formado por traços e marcas (estabelecem relações uma com as outras). Também existe a visão econômica. Emoções Inconscientes As pulsões não podem se tornar conscientes, apenas suas representações podem. Pulsões são importantes para entender nossas escolhas e satisfações. Pode ser que um impulso afetivo seja sentido, mas mal interpretado. Ideias; representações X afeto (emoções ligam-se a diferentes ideias para se tornarem CS). Afetos: Permanece (todo ou parte) como é; Podem ser transformados em outros tipos; Suprimido (finalidade do recalque). 22 Afetos advindos do ICS – angústia; ansiedade. Afetos são emoções; estabelecimento de certos sentimentos. Afetos podem vir juntos. Amor e ódio não são pares opostos. Mecanismo de negação: afetos trocados. Angústia – único afeto verdadeiramente ICS. Topografia e Dinâmica do Recalque Retirada de catexia ou desinvestimento libidinal – que afeta as ideias; representações. A passagem de um sistema a outro se dá pela modificação do seu estado, alteração de sua catexia (ou de seu investimento), não uma mudança de registro. Anticatexia – único mecanismo do recalque primário; também pode ser definida como desinvestimento, ou contra-investimento. Negação – substituto do recalque. Ponto de vista econômico – quantidade de excitação. 1. Histeria de angústia. 2. Histeria de conversão. 3. Neurose Obsessiva. Características Especiais do Sistema ICS O núcleo do ICS consiste em representantes pulsionais que procuram descarregar sua energia psíquica, ou seja, consiste em impulsos carregados de desejo. No sistema ICS não há lugar para negação, dúvida ou qualquer grau de certeza. A negação é um substituto do recalque, só aparece por causa do efeito da censura. Processo psíquico primário. Lei do deslocamento. Condensação. Sonhos e sintomas (neuróticos) nos mostram esse funcionamento. 23 Comunicação dos Sistemas A relação entre ICS, PCS e CS não se restringe ao recalque. Natureza das fantasias. Grande parte do PCS deriva-se do ICS. Avaliação do ICS Freud faz uma menção às psicoses (ou psiconeuroses narcísicas) e sua diferença das neuroses de transferência (histeria, obsessiva e fobia). Incapacidade de transferência nas psicoses e repudio ao mundo externo. Desorganizações peculiares na fala. Quanto à esquizofrenia, que apenas abordamos na medida em que parece indispensável a uma compreensão geral do ICS, devemos indagar se o processo denominado aqui de repressão tem alguma coisa em comum com a repressão que se verifica nas neuroses de transferência. 24
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