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Tutoria Queimadura

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PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 1 
 
 
 
 
 
 
DEFINIÇÃO 
❖ Definimos queimadura como uma lesão tecidual 
decorrente de trauma térmico, elétrico, químico ou 
radioativo, que destrói parcialmente ou totalmente a 
pele e seus anexos, podendo alcançar camadas 
mais profundas como o tecido celular subcutâneo, 
músculos, tendões e ossos. 
TIPOS 
❖ As queimaduras são lesões decorrentes de agentes 
(tais como a energia térmica, química ou elétrica) 
capazes de produzir calor excessivo que danifica os 
tecidos corporais e acarreta a morte celular. 
❖ Tais agravos podem ser classificados como 
queimaduras de primeiro grau, de segundo grau ou 
de terceiro grau. 
AGENTES 
❖ Chama / fogo – lesão pelo ar oxidado superaquecido 
❖ Escaldadura – lesão pelo contato com líquidos 
quentes 
❖ Contato – lesão pelo contato com materiais sólidos 
quentes ou frios 
❖ Químicas – contato com agentes químicos nocivos 
❖ Eletricidade – condução de corrente elétrica através 
dos tecidos 
QUEIMADURA ELÉTRICA 
❖ Muitas vezes, o principal sintoma é uma queimadura 
na pele, mas nem todas as lesões sérias são visíveis. 
❖ Os médicos examinam a pessoa em busca de ritmos 
cardíacos anormais, fraturas, deslocamentos e lesões 
da medula espinhal ou outras. 
❖ Os ritmos cardíacos anormais são monitorados, as 
queimaduras tratadas e, se a queimadura tiver 
causado um dano interno extenso, são administrados 
líquidos por via intravenosa e outros tratamentos. 
❖ Uma lesão provocada pela eletricidade pode ser 
consequência do contato com maquinaria ou 
dispositivos elétricos com defeitos ou, ainda, por um 
contato inadvertido com cabos domésticos ou linhas 
elétricas. Tomar um choque ao entrar em contato 
com uma tomada elétrica em casa ou com um 
pequeno aparelho não costuma ser sério, mas 
exposição acidental a alta voltagem causa cerca de 
300 mortes todos os anos nos Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
❖ Como a eletricidade afeta o corpo? A corrente 
elétrica que atravessa o corpo gera calor, que 
queima e destrói os tecidos. As queimaduras podem 
afetar tanto os tecidos internos como a pele. Uma 
descarga elétrica pode provocar um curto-circuito 
nos sistemas elétricos próprios do organismo e 
interromper a transmissão de impulsos por parte dos 
nervos ou fazer com que estes os transmitam de forma 
errada. A transmissão anômala de impulsos pode 
afetar o(s): 
• Músculos, causando sua contração violenta 
• Coração, causando sua parada (parada 
cardíaca) 
• Cérebro, causando convulsões, perda de 
consciência ou outras anomalias 
❖ A gravidade da lesão varia de pouco grave a fatal e 
é determinada pelos seguintes fatores: 
• INTENSIDADE DA CORRENTE: Qualquer corrente 
superior a 500 V é considerada como alta 
voltagem ou alta tensão. Uma alta voltagem pode 
saltar (arco) pelo ar desde 2,5 cm até alguns 
metros, conforme a voltagem. Deste modo, uma 
pessoa pode ficar lesionada apenas por se 
aproximar demasiadamente de uma linha de alta 
voltagem. Uma alta voltagem causa lesões mais 
graves do que uma baixa voltagem e tem mais 
probabilidade de produzir danos internos. 
• TIPO DE CORRENTE: A corrente alternada é mais 
perigosa que a corrente direta. A corrente 
contínua tende a causar uma única contração 
muscular, muitas vezes intensa o suficiente para 
afastar bruscamente a pessoa da fonte de 
eletricidade. A corrente alternada causa uma 
contração muscular contínua que, quase sempre, 
impede a liberação da fonte de eletricidade. 
Como resultado, a exposição pode ser 
prolongada. Até mesmo uma pequena 
quantidade de corrente alternada, apenas a 
suficiente para que se sinta uma leve descarga, 
pode fazer com que fique preso sem conseguir se 
soltar. Um pouco mais de corrente alternada pode 
causar uma contração dos músculos torácicos, 
impedindo a respiração e, ainda, podendo originar 
ritmos cardíacos mortais. Mais corrente pode 
causar ritmos cardíacos anormais (arritmias) 
mortais. 
• PERCURSO DA CORRENTE NO CORPO: O 
percurso da eletricidade através do corpo tende a 
determinar que tecidos são afetados. Como a 
corrente alternada inverte continuamente a 
 
QUEIMADURA 
TUTORIA 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 2 
 
direção, os termos mais comumente usados 
"entrada" e "saída" são inapropriados. Os termos 
"origem" e "aterramento" são mais exatos. A mão é 
o ponto de origem mais frequente de eletricidade; 
o segundo é a cabeça. O ponto de aterramento 
mais frequente é o pé. Uma corrente que passe de 
um braço para o outro ou de um braço para uma 
perna pode atravessar o coração e é muito mais 
perigosa do que a corrente que passa de uma 
perna para a terra. Uma corrente que percorra a 
cabeça pode afetar o cérebro. 
• DURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO À CORRENTE: Em 
geral, quanto maior a exposição da pessoa à 
corrente, pior a lesão. 
• RESISTÊNCIA ELÉTRICA À CORRENTE: A resistência 
é a capacidade de impedir o fluxo de eletricidade. 
Quase toda a resistência do corpo está 
concentrada na pele. Quanto mais espessa for a 
pele, maior será sua resistência. Por exemplo, a 
pele espessa e calejada de uma palma da mão ou 
de uma planta do pé é muito mais resistente à 
corrente elétrica do que uma zona de pele fina, 
como a parte interna do braço. A resistência da 
pele diminui quando está lesionada (por exemplo, 
puncionada ou raspada) ou quando está úmida. 
Se a resistência da pele for alta, a maior parte do 
dano será local e, muitas vezes, causará apenas 
queimaduras cutâneas. Se a resistência da pele for 
baixa, grande parte do dano afetará os órgãos 
internos. Do mesmo modo, o dano acometerá 
principalmente os órgãos internos se pessoas que 
estiverem molhadas entrarem em contato com 
uma corrente elétrica, por exemplo, quando um 
secador de cabelo cai dentro da banheira ou 
quando uma pessoa pisa em uma poça de água 
que está em contato com uma linha elétrica caída. 
❖ Para o diagnóstico de lesões provocadas pela 
eletricidade a maioria das pessoas que não tem 
sintomas não precisa de exames ou monitoramento. 
Um eletrocardiograma (ECG) é feito para monitorar a 
frequência cardíaca em algumas pessoas. Para 
algumas pessoas, podem ser necessários exames de 
urina e sangue. Se as pessoas estiverem 
inconscientes, podem ser necessários exames de 
imagem, como tomografia computadorizada (TC) ou 
ressonância magnética (RM) do cérebro. 
QUEIMADURA QUÍMICA: 
❖ As queimaduras químicas da pele geralmente 
causam sintomas semelhantes aos de queimaduras 
de primeiro grau (superficiais). A área fica vermelha, 
inchada e dolorosa, mas não se formam bolhas. Às 
vezes, as queimaduras são mais profundas, com 
bolhas e dor intensa. Raramente, um ácido ou álcalis 
forte irá causar uma queimadura de espessura total 
(terceiro grau), que lesiona a pele por inteiro. 
❖ As medidas para deter uma queimadura química são 
• Remover as roupas contaminadas. 
• Eliminar todas as partículas ou pós secos. 
• Enxaguar a zona com água em abundância. 
❖ Considerando que produtos químicos podem 
continuar a causar danos muito depois do primeiro 
contato com a pele, deve-se enxaguar durante pelo 
menos trinta minutos. 
❖ Em casos raros, com determinados produtos químicos 
industriais (por exemplo, metal sódico), não se deve 
usar água, visto que a queimadura, na verdade, 
pode piorar. 
❖ Além disso, para alguns produtos químicos há 
tratamentos específicos que podem diminuir ainda 
mais um dano na pele. O tratamento adicional para 
uma queimadura química é o mesmo tratamento 
para queimaduras térmicas. 
QUEIMADURA ENERGIA TÉRMICA 
❖ Queimaduras térmicas podem resultar de qualquer 
fonte externa de calor (chama, líquidos, objetos 
sólidos ou vapor). O fogo também pode causar 
inalação de fumaça tóxica ( Intoxicação por 
monóxido de carbono). 
❖ Queimaduras por radiação são mais comuns por 
exposição prolongada aos raios ultravioleta 
(queimadura solar), embora também possamocorrer 
por exposição intensa a outras fontes de radiação 
ultravioleta (p. ex., bronzeamento artificial), 
radiografia ou outras radiações não solares ( 
Exposição e contaminação radioativa). 
GRAU 
PRIMEIRO GRAU 
❖ As queimaduras de 
primeiro grau ou 
superficiais, são limitadas à 
epiderme e manifestam-se 
clinicamente através de 
eritema, secundário à 
vasodilatação, e dor 
moderada, não ocorrendo 
bolhas nem 
comprometimento dos 
anexos cutâneos (folículos 
pilosos, glândulas 
sudoríparas e sebáceas). 
❖ Não há fibrose na sua resolução, sendo essas lesões 
tratadas através de analgesia com anti-inflamatórios 
orais e soluções tópicas hidratantes. 
❖ Exemplo clássico é a queimadura por exposição ao 
sol. 
❖ As queimaduras de primeiro grau não possuem 
significado fisiológico de impacto (exceto nos 
extremos da idade), não sendo considerada em 
cálculos de SCQ 
SEGUNDO GRAU 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 3 
 
❖ SUPERFICIAL: As queimaduras de segundo grau 
superficiais caracterizam-se por comprometer toda a 
epiderme até porções superficiais da derme 
(camada papilar), apresentando-se muito dolorosas, 
com superfície rosada, úmida e com presença de 
bolhas. Estas surgem em 12 a 24h, o que pode nos 
levar à classificação errônea de queimadura de 
primeiro grau no atendimento inicial. Não ocorrendo 
infecção, essas lesões tendem a cicatrizar em até três 
semanas com resultado estético bom, sendo raras 
as cicatrizes hipertróficas. 
❖ PROFUNDA: As queimaduras de segundo grau 
profundas acometem toda a espessura da 
epiderme e se estendem pela derme envolvendo 
sua camada reticular. A pele apresenta-se seca 
com coloração rosa pálido e, dependendo do 
grau de comprometimento da vascularização, a 
dor é moderada. Quando 
ocorre alteração na 
sensibilidade, observa-se 
diminuição da sensibilidade tátil 
com preservação da 
sensibilidade à pressão 
(barestésica). Estas lesões 
costumam cicatrizar entre três a 
nove semanas, sendo comum a 
formação de cicatrizes não 
estéticas e risco razoável de 
cicatrização hipertrófica, 
principalmente em 
afrodescendentes e crianças. 
TERCEIRO GRAU 
❖ Nas queimaduras de terceiro grau, ocorre 
comprometimento de toda a espessura da 
epiderme, da derme e parte do tecido celular 
subcutâneo (hipoderme). 
❖ A área queimada pode apresentar-se tanto pálida 
quanto vermelho-amarelada e chamuscada, 
podendo ser visto na sua base vasos coagulados. 
❖ Sua textura é firme, semelhante ao couro, e a 
sensibilidade tátil e à pressão encontram-se 
diminuídas. 
❖ A cicatrização só ocorre à custa de contração 
importante da ferida ou através de enxerto 
cutâneo. 
❖ Como vimos antes, as queimaduras de terceiro 
grau com disposição circunferencial em tórax 
podem determinar insuficiência respiratória. 
❖ Quando dispostas circunferencialmente em um dos 
membros, por exercer compressão, pode determinar 
hipoperfusão distal importante. O tratamento para 
todos os casos é a escarotomia 
QUARTO GRAU 
❖ Queimaduras de quarto grau acometem toda a 
espessura da pele, tecido celular subcutâneo e 
alcançam tecidos profundos como músculo e ossos. 
Exemplo típico é a queimadura elétrica. 
EPIDEMIOLOGIA 
❖ Nos Estados Unidos, aproximadamente dois milhões 
de indivíduos sofrem queimaduras anualmente. 
Destes, aproximadamente 100.000 necessitarão de 
internação hospitalar, com 5.000 óbitos. No Brasil 
ainda não dispomos de um banco de dados nacional 
com informações sobre queimaduras e as estatísticas 
oficiais não apresentam números consistentes. O que 
sabemos é que em nosso país a maioria das vítimas é 
do sexo masculino, predominantemente adultos 
jovens entre 20 e 29 anos e crianças menores de 10 
anos. 
❖ Embora em alguns casos a lesão tenha efeito 
devastador, observamos principalmente em países 
desenvolvidos uma discreta redução na mortalidade 
nas vítimas de queimaduras. Este fenômeno é 
resultado de diversos fatores, tais como um melhor 
atendimento pré-hospitalar, com uma correta 
abordagem da via aérea e o início precoce de 
reposição volêmica, e um melhor entendimento das 
alterações humorais e metabólicas que doentes 
graves desenvolvem. O tratamento em Centro 
Especializado em Tratamento de Queimados 
(CETQs) tem contribuído também para a redução no 
número de óbitos. 
❖ A ótima qualidade do tratamento do paciente 
queimado não implica somente em uma melhora na 
sobrevida, mas também na recuperação da 
funcionalidade do segmento atingido e na 
manutenção do aspecto cosmético da área 
comprometida. Sendo assim, a participação de 
uma equipe de cirurgia plástica habituada a lidar 
com esses pacientes é de fundamental importância. 
❖ Sabemos que o prognóstico de uma vítima de 
queimadura vai depender da extensão da Superfície 
Corporal Queimada (SCQ), da profundidade e 
localização da lesão, da presença ou não de 
doenças crônicas associadas e da idade do 
paciente (mais grave em crianças e idosos). 
❖ A mortalidade em pacientes queimados apresenta 
distribuição bimodal, ocorrendo imediatamente após 
a lesão (principal causa) ou semanas mais tarde, 
neste caso tendo como etiologia mais frequente 
a falência multiorgânica, geralmente associada à 
sepse grave ou ao choque séptico. 
❖ As queimaduras térmicas, por chama ou por líquidos 
ou sólidos superaquecidos, são as mais frequentes. 
Geralmente a lesão por escaldos é mais 
encontrada na população pediátrica, ao passo que 
os acidentes com chama são mais observados em 
adultos. 
 POPULAÇÃO DE RISCO 
❖ 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 4 
 
FISIOPATOLOGIA DA QUEIMADURA 
❖ A fisiopatologia da lesão por queimadura se dá pela 
destruição da integridade capilar e vascular, em 
razão de seus efeitos serem locais e sistêmicos. 
❖ O comprometimento do tecido vai depender da 
intensidade da exposição térmica, das 
características da área queimada e das reações 
locais e sistêmicas. 
❖ Assim, a queimadura irá comprometer a integridade 
funcional da pele, responsável pela homeostase 
hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, 
flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. 
Portando, a magnitude do comprometimento dessas 
funções depende da extensão e profundidade da 
queimadura. 
❖ A injúria térmica provoca no organismo uma resposta 
local, traduzida por necrose de coagulação tecidual 
e progressiva trombose dos vasos adjacentes num 
período de 12 a 48 horas. 
❖ A ferida da queimadura a princípio é estéril, porém o 
tecido necrótico rapidamente se torna colonizado 
por bactérias endógenas e exógenas, produtoras de 
proteases, que levam à liquefação e separação da 
escara, dando lugar ao tecido de granulação 
responsável pela cicatrização da ferida, que se 
caracteriza por alta capacidade de retração e 
fibrose nas queimaduras de terceiro grau. 
❖ Nas grandes queimaduras, além da resposta local, o 
dano térmico desencadeia ainda uma reação 
sistêmica do organismo, em consequência da 
liberação de mediadores pelo tecido lesado. Ocorre 
extenso dano à integridade capilar, com perda 
acelerada de fluidos, seja pela evaporação através 
da ferida ou pela sequestração nos interstícios, que é 
agravada por subprodutos da colonização 
bacteriana. 
❖ Além disso, nas queimaduras extensas, superiores a 
40% da área corporal, o sistema imune é incapaz de 
delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna 
rara a sobrevida nesses casos. Essa resposta sistêmica 
manifesta-se por febre, circulação sanguínea 
hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, com 
aumento do catabolismo muscular, decorrente de 
alteração da função hipotalâmica (aumento da 
secreção de glucagon, cortisol e catecolaminas), da 
deficiência da barreira gastrointestinal (passagem de 
bactériase seus subprodutos para a circulação 
sistêmica), da contaminação bacteriana da área 
queimada (liberação sistêmica de bactérias e 
subprodutos), da perda de calor(evaporação 
através da ferida levando à hipotermia) e da perda 
de fluidos (desequilíbrio hidroeletrolítico). (REMIT) 
ZONAS DE LESÃO 
❖ Sendo a pele responsável por fornecer uma forte 
barreira à transferência de energia para os tecidos 
mais profundos, mesmo com a remoção do foco 
desencadeador da queimadura, a resposta dos 
tecidos locais pode levar à lesão nas camadas mais 
profundas. 
❖ A área de lesão cutânea ou superficial é assim 
dividida em três zonas – ZONA DE COAGULAÇÃO, 
ZONA DE ESTASE E ZONA DE HIPEREMIA . 
❖ A ÁREA NECRÓTICA da queimadura onde as células 
foram destruídas é denominada ZONA DE 
COAGULAÇÃO . Esse tecido é danificado 
irreversivelmente quando ocorre a lesão. 
❖ A área imediatamente adjacente à zona necrótica 
tem um grau de lesão moderado, com perfusão 
tissular reduzida. Essa área é chamada de ZONA DE 
ESTASE e, dependendo das condições da ferida, 
pode sobreviver ou evoluir para necrose coagulativa. 
❖ Tratamento direcionado para o controle da 
inflamação local, imediatamente após a 
queimadura pode preservar a zona de estase. 
❖ A última área é denominada ZONA DE HIPEREMIA, 
caracterizada pela vasodilatação em razão da 
inflamação circunjacente à queimadura. Essa região 
contém o tecido claramente viável do qual se inicia 
o processo de cicatrização e, geralmente, não tem 
risco de necrose adicional. 
RESPOSTA HIPERMETABÓLICA À LESÃO POR 
QUEIMADURA 
❖ . 
ABORDAGEM AO QUEIMADO 
AVALIAÇÃO INICIAL 
❖ Antes de serem submetidos a qualquer tratamento 
específico, os pacientes queimados devem ser 
removidos do cenário do trauma, e o processo lesivo, 
interrompido. 
❖ Lesão por inalação sempre deve ser suspeitada e 
oxigênio a 100% deve ser administrado por máscara. 
❖ Enquanto se remove o paciente do local do trauma, 
deve-se ter cuidado para que o socorrista não se 
torne outra vítima. 
❖ Todos os profissionais de saúde e cuidadores devem 
estar cientes de que eles podem se ferir pelo contato 
com o paciente ou roupas do paciente. 
❖ Precauções universais, incluindo o uso de luvas, 
aventais, máscara e óculos de proteção, devem ser 
tomadas quando há probabilidade de contato com 
sangue ou fluidos corporais. 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 5 
 
❖ Deve-se apagar o fogo das roupas em combustão e 
removê-las o mais cedo possível para prevenir lesões 
adicionais. 
❖ Todos os anéis, relógios, joias e cintos devem ser 
removidos, pois eles retêm calor e podem produzir um 
efeito torniquete. 
❖ Água à temperatura ambiente pode ser vertida no 
ferimento dentro de 15 minutos da lesão para diminuir 
a profundidade do ferimento, mas quaisquer 
medidas subsequentes para refrescar o ferimento 
devem ser evitadas de modo a prevenir a hipotermia 
durante as manobras de reanimação. 
❖ Como qualquer paciente traumatizado, o paciente 
queimado deve ser abordado inicialmente com uma 
avaliação primária e secundária. 
❖ Na AVALIAÇÃO PRIMÁRIA, condições que 
ameaçam imediatamente a vida são rapidamente 
identificadas e tratadas. 
❖ Na AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA, procede-se a uma 
avaliação mais completa da cabeça aos pés. 
❖ A exposição a gases aquecidos e à fumaça resulta 
em danos ao trato respiratório superior. 
❖ Lesão direta às vias aéreas resulta em edema, que, 
em combinação com o edema generalizado 
associado à queimadura grave, pode obstruir as vias 
aéreas. 
❖ Nos pacientes que estiveram em uma explosão ou 
em um acidente de desaceleração, existe a 
possibilidade de lesão da medula espinal. 
Estabilização adequada da coluna cervical, com o 
uso de colar ou qualquer outro meio disponível, deve 
ser instituída para manter a cabeça imobilizada até 
que o paciente possa ser mais bem avaliado. 
CUIDADOS INICIAIS COM A FERIDA 
❖ Os cuidados pré-hospitalares com a área queimada 
são básicos e simples, porque requerem apenas 
proteção contra o ambiente com a aplicação de um 
curativo limpo e seco ou de um lençol para cobrir a 
parte envolvida. 
❖ Curativos úmidos não devem ser usados. 
❖ O paciente deve ser envolvido com um cobertor 
para minimizar a perda de calor e controlar a 
temperatura durante o transporte. 
❖ O primeiro passo na diminuição da dor é cobrir o 
ferimento para evitar o contato com as terminações 
nervosas expostas. 
❖ Injeções intramusculares ou subcutâneas de 
narcóticos contra a dor nunca devem ser utilizadas, 
pois a absorção das drogas está reduzida devido à 
vasoconstrição periférica. 
❖ Pequenas doses de morfina intravenosa (IV) podem 
ser administradas após a avaliação completa do 
paciente por um médico experiente que possa 
garantir a segurança do uso deste medicamento. 
❖ Um estudo recente na Nova Zelândia 21 mostrou que 
os primeiros socorros a queimados são inadequados 
em 60% dos pacientes entrevistados. Este estudo 
também mostrou que os primeiros socorros 
inadequados são claramente associados a resultados 
piores. Foi sugerido que programas educacionais 
específicos visando às populações de risco podem 
melhorar esses resultados. 
A – VIAS AEREAS 
❖ Queimaduras podem causar grande edema e, por 
isso, a via aérea superior está em risco de obstrução. 
❖ Os sinais de obstrução podem ser inicialmente sutis 
até o doente entrar em crise; portanto, a avaliação 
precoce da necessidade de intubação 
endotraqueal é essencial. 
❖ Fatores que aumentam o risco de obstrução da via 
aérea são profundidade e extensão de queimaduras 
maiores, queimaduras na cabeça e na face, lesões 
inalatórias e queimaduras no interior da boca. 
❖ Queimaduras localizadas na face e na boca causam 
edema mais localizado e apresentam maior risco de 
comprometimento da via aérea. Por terem a via 
aérea menor, as crianças têm maior risco de 
problemas na via aérea. 
❖ Como identificar lesão por inalação? 
• Queimaduras faciais e/ou cervicais 
• Chamuscamento dos cílios e das vibrissas nasais 
• Depósitos de carbono na boca e/ou nariz e 
expectoração carbonácea 
• Alterações inflamatórias agudas na orofaringe, 
incluindo eritema 
• Rouquidão 
• História de confusão mental e/ou de confinamento 
no local do incêndio 
• Explosão com queimaduras da cabeça e do 
tronco 
• Níveis sanguíneos de carboxi-hemoglobina maiores 
que 10% se o doente foi envolvido em um incêndio 
• Deve-se suspeitar de lesão às vias aéreas nos casos 
de queimaduras faciais, vibrissas chamuscadas, 
escarros carbonáceos e taquipneia 
❖ A presença de qualquer um desses achados sugere 
lesão inalatória aguda e a necessidade de intubação 
traqueal. Sempre que exista uma lesão por inalação, 
indica-se a transferência para um centro de 
queimados. 
❖ Obstrução das vias aéreas superiores pode-se 
desenvolver rapidamente, e o estado respiratório 
deve ser monitorado continuamente para avaliar a 
necessidade de controle das vias aéreas e suporte 
ventilatório. 
❖ Se o tempo de transporte for prolongado, a 
intubação deve ser realizada antes do transporte. A 
presença de estridor é tardia e é indicação imediata 
para intubação endotraqueal. 
❖ Queimaduras circunferenciais do pescoço podem 
produzir edema dos tecidos ao redor da via aérea. 
Portanto, nessa situação, indica-se a intubação 
precoce. 
❖ Durante a avaliação inicial do doente traumatizado, 
a via aérea deve ser avaliada em primeiro lugar para 
assegurar a sua permeabilidade. Essa rápida 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 6 
 
avaliação para identificar sinais de obstrução da via 
aérea deve incluir aspiração e inspeção para a 
presença de corpos estranhos e fraturas faciais, 
mandibulares ou traqueolaríngeas, que podem 
resultar em obstrução da via aérea. 
❖ As manobras para estabelecer a permeabilidade da 
via aérea devem ser feitas com proteção da coluna 
cervical. 
❖ Se o doenteconsegue comunicar-se verbalmente, é 
pouco provável que a obstrução da via aérea 
represente um risco imediato; no entanto, é prudente 
que a permeabilidade da via aérea seja avaliada a 
curtos intervalos de tempo. 
❖ Cabe enfatizar que os doentes com trauma 
craniencefálico grave e rebaixamento do nível de 
consciência ou portadores de um escore na escala 
de coma de Glasgow ( GCS) igual ou inferior a 8 
habitualmente exigem o estabelecimento de uma 
via aérea definitiva (isto é, tubo com balão insuflado, 
na traqueia). 
❖ Durante a avaliação e a manipulação da via aérea, 
deve-se tomar muito cuidado para evitar a 
movimentação excessiva da coluna cervical. A 
cabeça e o pescoço do doente não devem ser 
hiperestendidos, hiperfletidos ou rodados com o 
intuito de estabelecer ou manter a via aérea. 
B – RESPIRAÇÃO 
❖ A permeabilidade da via aérea, por si só, não 
garante ventilação adequada. 
❖ Uma troca adequada de gases é necessária para 
que seja possível a oxigenação e a eliminação de 
dióxido de carbono num grau máximo. 
❖ Uma boa ventilação exige um funcionamento 
adequado dos pulmões, da parede torácica e do 
diafragma. 
❖ Cada componente deve ser avaliado e examinado 
rapidamente. 
❖ O pescoço e o tórax do doente devem ser expostos 
para avaliar adequadamente a distensão de veias 
jugulares, a posição da traqueia e a movimentação 
da parede torácica. 
❖ A ausculta deve ser realizada para se confirmar o 
fluxo de ar nos pulmões. 
❖ A inspeção visual e a palpação poderão detectar 
lesões da parede do tórax capazes de comprometer 
a ventilação. 
❖ A percussão do tórax também pode identificar 
anormalidades, mas no ambiente barulhento da 
reanimação, isso pode ser difícil ou levar a resultados 
não confiáveis. 
❖ As lesões que podem prejudicar gravemente a 
ventilação num curto prazo são o pneumotórax 
hipertensivo, o tórax instável (retalho costal móvel) 
com contusão pulmonar, o hemotórax maciço e o 
pneumotórax aberto. 
❖ Tais lesões devem ser identificadas na avaliação 
primária e podem exigir atenção imediata para que 
o esforço ventilatório seja efetivo. 
❖ O hemotórax ou o pneumotórax simples, as fraturas 
de arcos costais e a contusão pulmonar podem 
comprometer a ventilação, mas em grau menor, e 
são habitualmente identificados na avaliação 
secundária. 
C - CIRCULATION 
❖ CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DA HEMORRAGIA 
❖ O comprometimento da circulação no traumatizado 
pode resultar de muitas lesões diferentes. Os principais 
fatores circulatórios a considerar são volume 
sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia 
❖ A hemorragia é a principal causa de mortes pós-
traumáticas evitáveis. Por isso, a identificação e a 
parada da hemorragia são passos cruciais na 
avaliação e tratamento desses doentes. 
❖ Uma vez descartado o pneumotórax hipertensivo 
como causa de choque, a hipotensão em doentes 
traumatizados deve ser considerada hipovolêmica 
até prova em contrário. 
❖ E essencial a avaliação rápida e precisa do estado 
hemodinâmico do doente traumatizado. Os 
elementos clínicos que oferecem informações 
importantes dentro de poucos segundos são o nível 
de consciência, a cor da pele e o pulso. 
❖ NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: Quando o volume 
sanguíneo está diminuído, a perfusão cerebral pode 
estar criticamente prejudicada, resultando em 
alteração do nível de consciência. Contudo, um 
doente consciente também pode ter perdido uma 
quantidade significativa de sangue. 
❖ COR DA PELE: A cor da pele pode ser importante na 
avaliação de um doente traumatizado 
hipovolêmico. O doente traumatizado com pele de 
coloração rósea, especialmente na face e nas 
extremidades, raramente está criticamente 
hipovolêmico. Ao contrário, a coloração 
acinzentada da face e a pele esbranquiçada das 
extremidades são sinais evidentes de hipovolemia. 
❖ PULSO: Um pulso central de fácil acesso ( femoral ou 
carotídeo) deve ser examinado bilateralmente para 
se avaliar sua qualidade, frequência e regularidade. 
Pulsos periféricos cheios, lentos e regulares são, 
usualmente, sinais de normovolemia relativa em 
doente que não esteja em uso de bloqueadores 
beta-adrenérgicos. Pulso rápido e filiforme é 
habitualmente um sinal de hipovolemia, embora 
possa ter outras causas. Uma frequência normal de 
pulso não é garantia de que o doente esteja 
normovolêmico. Mas quando irregular, o pulso 
costuma ser um alerta para uma potencial disfunção 
cardíaca. A ausência de pulsos centrais, não 
relacionada a fatores locais, significa a necessidade 
de uma ação imediata de reanimação para 
restaurar o défice sanguíneo e um débito cardíaco 
adequado. 
❖ Relação com a queimadura elétrica e a fasciotomia: 
As lesões mais importantes localizam-se nos tecidos 
profundos, e o desenvolvimento subsequente de 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 7 
 
edema pode causar comprometimento vascular a 
qualquer região distal à lesão. A avaliação deve 
incluir a circulação dos leitos vasculares distais, pois 
podem ser necessárias escarotomias e fasciotomias 
imediatas. Se o compartimento muscular se encontrar 
excessivamente danificado e necrótico, de forma 
que a perspectiva de preservação de sua função 
seja mínima, a amputação precoce poderá ser 
necessária. Defendemos a exploração precoce dos 
leitos musculares afetados e desbridamento dos 
tecidos desvitalizados, prestando-se atenção aos 
planos periostais profundos, pois esta é a área com 
mais tecido muscular. As fasciotomias devem ser 
amplas e podem exigir descompressões nervosas 
SÍNDROME COMPARTIMENTAL 
❖ A síndrome compartimental é uma cascata de 
eventos que se autoperpetua. Começa com o 
edema do tecido que normalmente ocorre após a 
lesão (p. ex., por edema ou hematoma de tecidos 
moles). Se o edema ocorre dentro do compartimento 
fascial, normalmente, no compartimento anterior ou 
posterior do membro inferior, há pouco espaço para 
expansão do tecido; dessa maneira, a pressão 
intersticial (compartimental) aumenta. 
❖ À medida que a pressão compartimental excede a 
pressão capilar normal de cerca de 8 mmHg, a 
perfusão celular desacelera e com o tempo pode 
parar. (NOTA: como 8 mmHg é muito menor que a 
pressão arterial, o fluxo celular pode estar ocluído 
bem antes do pulso desaparecer.) A isquemia 
tecidual resultante posteriormente piora o edema, e 
isso gera um círculo vicioso. 
❖ Conforme a isquemia progride, os músculos tornam-
se necrosados, o que leva, às vezes, à rabdomiólise, 
infecções e hiperpotassemia, ameaçando a perda 
do membro e podendo levar ao óbito, caso não seja 
tratada. Hipotensão ou insuficiência arterial pode 
comprometer a perfusão tecidual mesmo com 
pressão compartimental levemente elevada, 
causando ou piorando a síndrome compartimental. 
Podem aparecer contraturas depois da cicatrização 
dos tecidos necrosados. 
❖ A síndrome compartimental é fundamentalmente 
uma doença dos membros, sendo mais comum na 
parte inferior do membro inferior e no antebraço. No 
entanto, a síndrome compartimental também pode 
ocorrer em outros locais (p. ex., no membro superior, 
no abdome e na região glútea). 
❖ A fasciotomia é um procedimento cirúrgico realizado 
como tratamento da síndrome compartimental. O 
método tem como objetivo aliviar a pressão nos 
músculos quando ela aumenta demasiadamente e 
impede que chegue sangue no músculo, situação 
está que provoca isquemia e necrose nos membros. 
Portanto, nesse tipo de cirurgia, deve-se avaliar a 
fáscia, tecido que recobre os músculos. 
D – DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA 
❖ No final da avaliação primária, realiza-se uma 
avaliação neurológica rápida. Esta avaliação 
neurológica estabelece o nível de consciência do 
doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais 
de lateralização e o nível de lesão da medula 
espinhal. 
❖ O rebaixamento do nível de consciência pode 
representar diminuição da oxigenação e/ou da 
perfusão cerebral ouser resultado de um trauma 
direto ao cérebro. 
❖ A alteração do nível de consciência implica 
necessidade imediata de reavaliação de ventilação, 
oxigenação e perfusão. Hipoglicemia, álcool, 
narcóticos ou outras drogas também podem alterar 
o nível de consciência do doente. 
❖ No entanto, se excluídos os problemas mencionados, 
toda alteração do nível de consciência deve ser 
considerada originária de um trauma ao sistema 
nervoso central até que se prove o contrário. 
❖ A lesão cerebral primária resulta do efeito estrutural 
do trauma sobre o cérebro. A prevenção da lesão 
cerebral secundária, por meio da manutenção de 
oxigenação e perfusão adequadas, são os principais 
objetivos do atendimento inicia 
E - EXPOSUE 
❖ O doente deve ser totalmente despido, usualmente 
cortando as roupas para facilitar o exame e 
avaliação completos. Depois de retirar a roupa do 
doente e completar a avaliação, o doente deve ser 
coberto com cobertores aquecidos ou algum 
dispositivo de aquecimento externo para prevenir a 
ocorrência de hipotermia na sala de trauma. Os 
fluidos intravenosos devem ser aquecidos antes de 
administrados e o ambiente deve ser mantido 
aquecido. O mais importante é garantir a 
temperatura corporal do doente e não o conforto da 
equipe de atendimento. 
F – FÓRMULA DE PARKLAND 
❖ Reanimação volêmica adequada do paciente de 
queimadura depende do estabelecimento e da 
manutenção de acesso venoso confiável. Atrasos 
para iniciar a reanimação volêmica de pacientes 
com queimadura resultam em piores resultados e 
devem ser minimizados. O acesso venoso é mais bem 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 8 
 
obtido com punção venosa periférica através de 
pele não queimada e usando cateteres curtos; 
entretanto, a punção de veia através de pele 
queimada pode ser utilizada e é preferível à não 
punção de acesso intravenoso. 
❖ Solução de Ringer lactato sem glicose é o fluido de 
escolha, exceto em crianças com menos de dois 
anos, que devem receber Ringer lactato com glicose 
a 5%.Solução de Ringer lactato sem glicose é o fluido 
de escolha, exceto em crianças com menos de dois 
anos, que devem receber Ringer lactato com glicose 
a 5%. 
❖ Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x % SCQ x peso (kg): 
• 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos. 
• Idosos, portadores de insuficiência renal e de 
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter 
seu tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e 
necessitam de observação mais criteriosa quanto 
ao resultado da diurese. 
• Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer 
com lactato). 
• Faça a infusão de 50% do volume calculado nas 
primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes. 
• Considere as horas a partir da hora da 
queimadura. 
• Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. 
• No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno 
de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina. 
• Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e 
sempre que necessário. 
• Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso 
de coloide, diurético e drogas vasoativas. 
COMO SABER A SCQ? 
 
 
 
 
 
COMPLICAÇÕES 
GRAVIDADE DA QUEIMADURA 
❖ Extensão/profundidade maior do que 20% de SCQ 
em adultos. 
❖ Extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ 
em crianças. 
❖ Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos. 
❖ Presença de lesão inalatória. 
❖ Politrauma e doenças prévias associadas. 
❖ Queimadura química. 
❖ Trauma elétrico. 
❖ Áreas nobres/especiais (veja o terceiro tópico do item 
4). 
❖ Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio 
(suicídio), entre outras. 
MEDIDAS IMEDIATAS PARA TRATAMENTO DA 
QUEIMADURA 
❖ Limpe a ferida com água e clorexidina degermante 
a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. 
❖ Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da 
cama do paciente, pescoço em hiperextensão e 
membros superiores elevados e abduzidos, se houver 
lesão em pilares axilares. 
❖ Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço 
antitétano. 
❖ Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia 
da úlcera de estresse. 
❖ Administre heparina subcutânea para profilaxia do 
tromboembolismo. 
❖ Administre sulfadiazina de prata a 1% como 
antimicrobiano tópico. 
❖ Curativo exposto na face e no períneo. 
❖ Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de 
morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o 
princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze 
absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e 
atadura de crepe. 
❖ Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático 
apenas às queimaduras potencialmente colonizadas 
e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros 
casos, evite o uso. 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 9 
 
❖ Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por 
qualquer via. 
❖ As queimaduras circunferenciais em tórax podem 
necessitar de escarotomia para melhorar a expansão 
da caixa torácica. 
❖ Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha 
axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos 
costais 
❖ Para escarotomia de membros superiores e membros 
inferiores, realize incisões mediais e laterais. 
❖ Habitualmente, não é necessária anestesia local para 
tais procedimentos; porém, há necessidade de se 
proceder à hemostasia. 
SINTOMAS DE INFECÇÃO DA ÁREA QUEIMADA 
❖ Mudança da coloração da lesão. 
❖ Edema de bordas das feridas ou do segmento 
corpóreo afetado. 
❖ Aprofundamento das lesões. 
❖ Mudança do odor (cheiro fétido). 
❖ Descolamento precoce da escara seca e 
transformação em escara úmida. 
❖ Coloração hemorrágica sob a escara. 
❖ Celulite ao redor da lesão. 
❖ Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados). 
❖ Aumento ou modificação da queixa dolorosa. 
QUANDO TRANSFERIR O PACIENTE PARA A 
UNIDADE DE TRATAMENTO DE QUEIMADURAS? 
❖ Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que 
20% da SCQ em adultos. 
❖ Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da SCQ 
em crianças ou maiores de 50 anos. 
❖ Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão. 
❖ Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos 
pés e em grandes articulações. 
❖ Queimadura elétrica. 
❖ Queimadura química. 
❖ Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou 
de membros 
❖ Doenças associadas, tentativa de autoextermínio 
(suicídio), politrauma, maus-tratos ou situações sociais 
adversas. 
❖ A transferência do paciente deve ser solicitada à 
unidade de tratamento de queimaduras (UTQ) de 
referência, após a estabilização hemodinâmica e as 
medidas iniciais, com leito de UTI reservado para 
queimados. 
❖ Pacientes graves somente deverão ser transferidos 
acompanhados de médico em ambulância com UTI 
móvel e com a possibilidade de assistência 
ventilatória. 
❖ O transporte aéreo para pacientes com trauma, 
pneumotórax ou alterações pulmonares deve ser 
realizado com extremo cuidado, pelo risco de 
expansão de gases e piora clínica. 
❖ As UTQs de referência sempre têm profissionais 
habilitados para dar orientações sobre o tratamento 
completo das vítimas de queimaduras. 
❖ A transferência do paciente deve ser solicitada à UTQ 
de referência após a estabilização hemodinâmica e 
as medidas iniciais. 
❖ Envie sempre relatório com todas as informações 
colhidas, as anotações de condutas e os exames 
realizados 
COMPLICAÇÕES NO PACIENTE QUEIMADO 
INFECÇÃO E SEPSE 
❖ Mesmo com os avanços nos cuidados da vítima de 
queimadura, a maioria dos óbitos nessa população 
ocorre devido à infecção. Sabemos que estes 
pacientes apresentam condições favoráveis à 
instalação de processos infecciosos, tais como perda 
da integridade cutânea, imunodepressão, 
predisposição à translocação bacteriana a partir do 
trato digestivo e presença de dispositivos invasivos 
(ventilação mecânica, cateteres venosos profundos, 
sonda vesical de demora). 
❖ O emprego de curativos sintéticos e biológicos e o 
usode curativos tradicionais, com gaze e antibióticos 
tópicos, reduziu expressivamente o risco de infecção 
da queimadura. Os antimicrobianos locais não 
esterilizam a área queimada, apenas mantém o 
número de micro-organismos sob controle. Todavia, 
em pacientes com mais de 30% de SCQ e naqueles 
onde ocorreu falência de enxerto cutâneo, esse equi-
líbrio pode ser rompido, propiciando o surgimento de 
infecção invasiva e sepse 
❖ As principais evidências de processo infeccioso 
incluem: 
• evolução de área de queimadura de segundo 
grau para necrose de toda a espessura da derme; 
• surgimento de focos de hemorragia, escuros ou 
negros; 
• aparecimento de lesões sépticas na pele íntegra 
em torno da queimadura, como o ectima gan-
grenoso (característico da infecção por Pseu-
domonas), ou surgimento de celulite (celulite 
infecciosa, também conhecida como celulite 
bacteriana, acontece quando bactérias 
conseguem entrar na pele, infectando as 
camadas mais profundas e causando sintomas 
como vermelhidão intensa na pele, dor e inchaço, 
acontecendo principalmente nos membros 
inferiores) em áreas adjacentes à queimadura. 
❖ A propedêutica precisa ser complementada pela 
avaliação microbiológica. O diagnóstico definitivo 
de infecção de área queimada exige biópsia 
quantitativa da lesão suspeita; na área queimada a 
biópsia demonstrará invasão bacteriana da derme e 
contagem de 104 a 107 UFC/g de tecido queimado. 
Quando não é possível a realização de biópsia, os 
achados clínicos da ferida associados a uma piora da 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 10 
 
contagem de leucócitos e da curva térmica podem 
ser elementos suficientes para o diagnóstico. 
❖ Quais são as medidas que devemos adotar para 
reduzir a incidência de complicações infecciosas? 
• Existem algumas condutas que obrigatoriamente 
devem ser tomadas. A vigilância constante da 
área queimada é fundamental e um tratamento 
agressivo é recomendado na presença de 
infecção invasiva. Nos pacientes que não 
desenvolveram infecção, antibióticos profiláticos 
perioperatórios devem ser usados em 
desbridamento e trocas de curativos em centro 
cirúrgico. 
• A higiene das mãos, manipulação adequada 
de cateteres profundos e o posicionamento da 
cabeceira do leito a 30º a 45º são medidas a serem 
adotadas pela equipe assistencial. A nutrição 
enteral precoce reduz a probabilidade de 
translocação bacteriana a partir do trato 
gastrointestinal, preservando a integridade da 
mucosa intestinal. 
• Hoje em dia, sabemos que um controle glicêmico 
adequado (e não mais rigoroso) deve ser 
empreendido em pacientes críticos. Níveis man-
idos entre 140 e 180 mg/dl parecem os ideais 
LESÃO PULMONAR POR INALAÇÃO 
❖ Como vimos antes, em vítimas de queimaduras 
térmicas confinadas, a inalação de fumaça tóxica 
proveniente da combustão de alguns elementos 
que se encontravam no meio ambiente em 
chamas pode causar traqueobronquite e 
pneumonite químicas, determinando uma 
entidade conhecida como lesão pulmonar por 
inalação. 
❖ As principais evidências que levam a suspeita de 
lesão pulmonar por inalação incluem queimaduras 
em cabeça e pescoço, chamuscamento das 
vibrissas nasais, hiperemia da orofaringe (este o mais 
confiável, pois coexiste lesão térmica da via aérea), 
tosse com escarro carbonáceo, rouquidão, sibilos, 
broncorreia e hipoxemia sem causa aparente. A 
presença de rouquidão e sibilos expiratórios 
evidenciam edema grave da via aérea e 
intoxicação por fumaça (CO). A ausência de escarro 
carbonáceo e produção excessiva de muco não 
afastam a presença de inalação. 
❖ O primeiro evento na resposta à inalação é o au-
mento do fluxo sanguíneo nas artérias brônquicas, 
com formação de edema e aumento da linfa 
pulmonar. O edema está associado ao aumento do 
número de neutrófilos locais. Essas células produzem 
elastase e radicais livres derivados do oxigênio, 
mediadores responsáveis pela lesão pulmonar. 
❖ Posteriormente, as células epiteliais ciliares se 
separam da membrana basal e ocorre a formação 
intensa de exsudato. Este coalesce e forma “rolhas” 
de fibrina, que obstruem a via aérea, funcionando 
como uma espécie de válvula de direção única: o 
ar durante a inspiração passa por esta “rolha” e 
alcança as vias aéreas distais e na expiração ocorre 
uma redução do calibre da via aérea e o ar é 
aprisionado. 
❖ O aprisionamento predispõe ao barotrauma 
durante a ventilação mecânica. Nos primeiros três 
dias, um intenso broncoespasmo e a própria lesão 
térmica da via aérea (está de forma mais imediata), 
podem levar à insuficiência respiratória aguda. 
❖ Na evolução dos pacientes com lesão por inalação, 
podemos encontrar entre 72 e 96 horas após a 
queimadura, quadro clínico e radiológico 
semelhante à Síndrome do Desconforto Respiratório 
Agudo (SDRA), com infiltrados lobares difusos, 
resultado do aumento da permeabilidade capilar 
alveolar e exsudação para sua luz. Podem ocorrer 
microatelectasias difusas por perda de surfactante. 
❖ Posteriormente, broncopneumonia secundária à 
colonização da árvore traqueobrônquica pode 
complicar ainda mais o quadro clínico. A pneumonia 
antes de cinco a sete dias tem como principal 
agente Staphylococcus resistente a meticilina; após 
este período, os micro-organismos mais encontrados 
são os Gram-negativos, sobretudo Pseudomonas 
aeruginosa. 
❖ A radiografia de tórax é muito pouco sensível, sendo 
necessária a utilização de recursos diagnósticos mais 
sofisticados. A broncofibrosc-pia permite a 
visualização de inflamação e/ou ulceração da 
árvore traqueobrônquica além do depósito de 
partículas de carbono; a cintilografia de ventilação 
evidencia aprisionamento do radiofármaco, 
indicando obstrução segmentar das vias aéreas, 
consequência da lesão por inalação. 
❖ O tratamento depende do grau de disfunção 
respiratória determinada pela lesão. Nos pacientes 
com quadros leves a moderados, o uso de oxigênio a 
100% umidificado associado à fisioterapia para o 
tratamento da broncorreia são suficientes. 
❖ Os casos graves são abordados com intubação 
endotraqueal seguida de ventilação mecânica. As 
indicações de acesso definitivo à via aérea incluem: 
(1) PaO2 < 60 mmHg; (2) PaCO2> 50 mmHg; (3) 
relação PaO2/FiO2 < 200 (SDRA); e (4) sinais de 
desconforto respiratório. Valores da relação 
PaO2/FiO2 inferiores a 350 são preocupantes, com 
esses pacientes necessitando de reavaliações 
constantes. 
ESPECIFICIDADES DA QUEIMADURA ELÉTRICA 
TRATAMENTO INICIAL 
❖ De todos os pacientes internados com queimaduras, 
3% a 5% possuem queimaduras pelo contato com 
eletricidade. 
❖ A lesão elétrica é diferente das outras queimaduras, 
na medida em que as áreas visíveis de necrose tissular 
representam apenas uma pequena porção do 
tecido destruído. 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 11 
 
❖ A corrente elétrica penetra em uma parte do corpo, 
como os dedos ou a mão, e progride através dos 
tecidos com a menor resistência à corrente elétrica, 
geralmente os nervos, vasos sanguíneos e músculos. 
A pele tem uma resistência relativamente alta à 
corrente elétrica e é, desta forma, 
predominantemente poupada. 
❖ A corrente, então, deixa o corpo através de uma 
área aterrada, tipicamente o pé. O calor gerado 
pela transferência de corrente elétrica e pela 
passagem da própria corrente danifica os tecidos. 
Durante essa troca, o músculo é o principal tecido 
através do qual a corrente flui, e, desta forma, sofre a 
maioria das lesões. A maior parte da musculatura está 
em estreita proximidade com os ossos. 
❖ Os vasos sanguíneos, que transmitem grande parte 
da eletricidade, inicialmente permanecem patentes, 
mas podem progredir para trombose progressiva,à 
medida que as células morrem ou se reparam, 
resultando, desta forma, em perda tissular adicional 
por isquemia 
❖ As lesões dividem-se nas de alta voltagem e nas de 
baixa voltagem. A lesão de baixa voltagem é similar 
às queimaduras térmicas, sem transmissão de energia 
aos tecidos profundos; as zonas de lesão da superfície 
se estendem para o interior do tecido. 
❖ A maioria das correntes domiciliares (110 a 220V) 
produz esse tipo de lesão, que causa apenas danos 
locais. A pior destas lesões é a que envolve os cantos 
da boca (comissuras orais), e ocorre quando crianças 
mordem fios elétricos domiciliares. 
❖ A síndrome da lesão de alta voltagem consiste em 
graus variáveis de queimaduras cutâneas nos sítios de 
entrada e saída, combinados com a destruição 
oculta de tecidos profundos. Frequentemente, esses 
pacientes também apresentam queimaduras 
térmicas cutâneas associadas à ignição de roupas 
pela descarga de corrente elétrica. 
❖ A avaliação inicial consiste em reanimação 
cardiopulmonar, caso tenha ocorrido fibrilação 
ventricular. Desta forma, se os achados 
eletrocardiográficos iniciais estiverem alterados, ou se 
houver um histórico de parada cardíaca associada à 
lesão, a monitoração cardíaca contínua é 
necessária, juntamente com o tratamento 
farmacológico para quaisquer arritmias. 
❖ Os distúrbios mais graves ocorrem nas primeiras 24 
horas após a lesão. Se os pacientes com lesões 
elétricas não apresentarem arritmias cardíacas no 
eletrocardiograma inicial ou histórico recente de 
parada cardíaca, não é necessária monitoração 
adicional. 
❖ Os pacientes com lesões elétricas estão sob risco de 
outras lesões, como serem lançados a distância pelo 
choque elétrico, ou caírem de alturas consideráveis, 
após desligarem-se da corrente elétrica. Além disso, 
as contrações musculares tetânicas violentas 
resultantes das correntes alternadas podem causar 
uma variedade de fraturas e luxações. Esses 
pacientes devem ser avaliados da mesma maneira 
como qualquer outro paciente com trauma contuso. 
❖ O ponto principal na abordagem dos pacientes com 
lesões elétricas é o tratamento dos ferimentos. As 
lesões mais importantes localizam-se nos tecidos 
profundos, e o desenvolvimento subsequente de 
edema pode causar comprometimento vascular a 
qualquer região distal à lesão. A avaliação deve 
incluir a circulação dos leitos vasculares distais, pois 
podem ser necessárias escarotomias e fasciotomias 
imediatas. Se o compartimento muscular se encontrar 
excessivamente danificado e necrótico, de forma 
que a perspectiva de preservação de sua função 
seja mínima, a amputação precoce poderá ser 
necessária. Defendemos a exploração precoce dos 
leitos musculares afetados e desbridamento dos 
tecidos desvitalizados, prestando-se atenção aos 
planos periostais profundos, pois esta é a área com 
mais tecido muscular. O ponto principal na 
abordagem dos pacientes com lesões elétricas é o 
tratamento dos ferimentos. As lesões mais importantes 
localizam-se nos tecidos profundos, e o 
desenvolvimento subsequente de edema pode 
causar comprometimento vascular a qualquer região 
distal à lesão. A avaliação deve incluir a circulação 
dos leitos vasculares distais, pois podem ser 
necessárias escarotomias e fasciotomias imediatas. 
Se o compartimento muscular se encontrar 
excessivamente danificado e necrótico, de forma 
que a perspectiva de preservação de sua função 
seja mínima, a amputação precoce poderá ser 
necessária. Defendemos a exploração precoce dos 
leitos musculares afetados e desbridamento dos 
tecidos desvitalizados, prestando-se atenção aos 
planos periostais profundos, pois esta é a área com 
mais tecido muscular desvitalizados, o fechamento 
dos ferimentos torna-se a prioridade. Apesar de os 
enxertos cutâneos serem suficientes para o 
fechamento da maioria dos ferimentos, os retalhos 
podem representar uma alternativa melhor, 
especialmente se houver ossos e tendões expostos. 
Mesmo ossos e tendões expostos e superficialmente 
infectados podem ser preservados com a cobertura 
adequada usando tecidos vascularizados. É 
fundamental o envolvimento precoce de cirurgiões 
plásticos treinados nos diversos métodos de cobertura 
de feridas. 
❖ O dano muscular resulta na liberação de 
hemocromatinas (mioglobina), as quais são filtradas 
nos glomérulos e podem resultar em nefropatia 
obstrutiva. Desta forma, a hidratação vigorosa e 
infusão de bicarbonato de sódio intravenoso (infusão 
contínua a 5%) e manitol (25 g a cada seis horas para 
adultos) são indicadas para solubilizar as 
hemocromatinas e manter o débito urinário, nos 
casos em que forem encontradas quantidades 
significativas de hemocromatinas no soro. Esses 
pacientes também requerem reposição de volumes 
intravenosos adicionais além das quantidades 
 
PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 12 
 
previstas baseadas na área da queimadura, porque 
a maior parte das lesões é profunda e não pode ser 
avaliada pelo exame físico convencional. Nesta 
situação, a diurese deve ser mantida a 2 mL/kg/h. 
EFEITOS TARDIOS 
❖ Podem ocorrer déficits neurológicos. Avaliações 
neurológicas seriadas devem ser realizadas como 
parte do exame de rotina para detectar qualquer 
neuropatologia precoce ou tardia. Efeitos no sistema 
nervoso central, como encefalopatia cortical, 
hemiplegia, afasia e disfunção do tronco cerebral 
têm sido relatados até nove meses após a lesão; 
lesões nervosas periféricas tardias, caracterizadas por 
desmielinização com vacuolização e gliose reativa, 
também foram observadas. Outro efeito devastador 
a longo prazo é o desenvolvimento de catarata, que 
pode surgir vários anos depois. Essas complicações 
podem ocorrer em até 30% dos pacientes com lesões 
significativas por alta voltagem, e os pacientes 
devem estar cientes destas possibilidades, mesmo 
com o melhor tratamento. 
PNEUMOTÓRAX 
DEFINIÇÃO 
❖ Pneumotórax é a presença de ar entre as duas 
camadas da pleura (membrana fina, transparente, 
de duas camadas que reveste os pulmões e o interior 
da parede torácica), resultando em colapso parcial 
ou total do pulmão. Os sintomas incluem dificuldade 
respiratória e dor torácica. 
❖ O pneumotórax é uma das complicações 
intraoperatórias mais comuns, ocorrendo em 5% a 8% 
dos pacientes. A incidência real de pneumotórax é 
desconhecida, pois geralmente não são realizadas 
radiografias pós-operatórias de rotina. 
❖ Considerando que o pneumotórax resulta de uma 
violação do espaço pleural pelo dióxido de carbono, 
não existe necessidade de evacuar o gás. 
❖ Uma vez que o dióxido de carbono é rapidamente 
absorvido e não há lesão pulmonar subjacente, o 
pulmão reexpande-se sem incidentes. 
❖ Se identificado um pneumotórax, o paciente é 
mantido em terapia com oxigênio e a radiografia de 
tórax é repetida 2 horas após a intervenção cirúrgica. 
O pneumotórax deverá ser resolvido durante esse 
período. 
❖ Pneumotórax é o acúmulo de ar no espaço pleural. 
Colapso cardiopulmonar e óbito podem acontecer. 
Descompressão imediata com jelco grosso ou 
colocação de um dreno torácico são procedimentos 
salvadores nesta situação 
SINTOMAS 
❖ Sintomas de pneumotórax incluem dor e dispneia. 
Pacientes com pneumotórax espontâneo são 
geralmente jovens altos e magros. Exames de 
imagem para o diagnóstico incluem radiografia de 
tórax e, ocasionalmente, TC. Blebs apicais e bolhas 
são comumente encontrados. TC deve ser reservada 
para pacientes com suspeita de outras doenças 
pulmonares associadas. O enfisema subcutâneo 
pode ou não estar presente 
CAUSAS 
❖ Ele pode ocorrer após trauma, cirurgia, punção com 
agulha, inserção de cateter venoso central, aumento 
da pressão da ventilação mecânica, ou em 
consequência de doença pulmonar (p. ex., DPOC, 
fibrose cística ou fibrose pulmonar) ou outras 
condições (p. ex., pneumotórax catamenial. 
Pneumotórax espontâneo ocorreem consequência 
da ruptura de blebs subpleurais (primário) ou alguma 
outra doença pulmonar (secundário). Pneumotórax 
hipertensivo ocorre quando o ar continua a se 
acumular no espaço pleural sem descompressão. 
Este problema resulta em pressão intratorácica 
positiva causando compressão do pulmão e 
mediastino, desvio do mediastino para o tórax 
contralateral e diminuição na ventilação e retorno 
venoso. 
TRATAMENTO PARA SEPSE DE FOCO PULMONAR 
❖ Outras medidas incluem toalete pulmonar agressivo, 
remoção periódica (através da broncofibroscopia) 
de debris e “rolhas” de fibrina da via aérea distal e 
nebulização regular com heparina, alfa-miméticos ou 
polimixina B. 
❖ Os broncodilatadores (β2-agonistas) devem ser 
usados na presença de hiperreatividade brônquica. 
❖ Na presença de infecções pulmonares, está indicada 
antibioticoterapia sistêmica. Os esquemas devem 
apresentar cobertura tanto para Staphylococcus 
aureus resistentes à meticilina quanto para Gram-
negativos, principalmente Pseudomonas aeruginosa 
e Klebsiella spp

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