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Queimaduras: Causas, Fisiopatologia e Resposta Metabólica

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As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (térmicos, 
químicos ou elétricos) capazes de produzir calor excessivo que 
danifica os tecidos corporais e acarreta em morte celular. 
É uma das principais causa de morte externa no Brasil. Junto 
com o afogamento, é a primeira causa de morte entre as 
crianças. Os estados que mais possuem casos de mortes por 
queimaduras é o Nordeste e o Sudeste. Os homens são mais 
vítimas de queimaduras do que as mulheres. 
A lesão por chamas é mais rápida e evidente do que as lesões 
químicas. 
 
Etiologia 
As causas são: 
- Chama e fogo (pelo ar oxidado superaquecido) 
- Escaldadura (líquido quente) 
- Contato (materiais sólidos quentes ou frios) 
- Químicas (agentes químicos nocivos) 
- Eletricidade (corrente elétrica) 
- Ionizantes (por raios solares, aparelhos de raio-x e UV) 
- Biológicas (animais) 
- Por atrito ou fricção 
 
As causas mais comuns são de chamas e escaldaduras (em até 
5 anos de idade). Os FATORES DE RISCO são: 
- Idade 
- Localização 
- Demografia 
- Baixo nível socioeconômico (baixos recursos / espera prolonga 
por atendimento) 
 
Fisiopatologia 
ALTERAÇÕES LOCAIS 
Mesmo com a retirada do foco causador da queimadura, a 
resposta dos tecidos locais posse causar lesão nas camadas mais 
profundas. 
A queimadura por chama, líquidos quentes e por contato, 
induzem ao dano celular por transferência de energia, que 
culmina em uma necrose de coagulação. 
Já as queimaduras elétricas e químicas causam lesão direta às 
membranas celulares, além de transferência de calor, e podem 
causar necrose de coagulação OU de liquefação. 
Podemos dividir a queimadura em 3 zonas: 
- Zona de coagulação: área necrótica da queimadura onde as 
células foram destruídas, e o tecido está danificado de forma 
irreversível. 
- Zona de estase: área abaixo da de coagulação com grau de 
lesão moderado e com uma perfusão tissular reduzida, pois 
possui dano vascular com extravasamento de fluidos. Há 
resposta inflamatória local. Essa área pode sobreviver ou se 
transformar em necrose de coagulação. 
- Zona de hiperemia: a última, caracterizada por uma 
vasodilatação em virtude da inflamação circunjacente à 
 
 
 
queimadura. Região de tecido viável, na qual se inicia o 
processo de cicatrização. Não possui risco de necrose. 
 
 
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS 
Ocorrem quando as queimaduras cobrem mais de 20% da área 
de superfície corporal total (ASCT) em adultos, e 40% em 
crianças. Há as seguintes fases: 
- Estresse 
- Inflamação 
- Hipermetabolismo 
 
É caracterizada por uma resposta circulatória hiperdinâmica 
com: 
- Aumento da temperatura corporal 
- Glicólise 
- Proteólise 
- Lipólise 
- Ciclo de substrato 
 
RESPOSTA HIPERMETABÓLICA 
Após a queimadura há o aumento de secreção de: 
catecolaminas, glicocorticoides, glucagon e dopamina, que 
causam a resposta hipermetabólica aguda, que culmina em um 
estado catabólico. Além disso, participam desse processo: 
- Interleucina 1 e 6 - PAF 
- TNF - Endotoxinas 
- Complexos de adesão - Radicais livres 
de neutrófilos - NO 
- Cascata de coagulação - Cascata do complemento 
 
Logo após a queimadura, iniciam os fenômenos metabólicos. 
 
FASE EBB (DE CHOQUE) = começa entre 24 a 48h e suas 
variáveis aumentam gradualmente dentro de 5 dias até 
atingirem um platô. São elas: 
- Redução do DC 
- Redução do consumo de O2 
- Redução da taxa metabólica 
- Redução da tolerância à glicose com hiperglicemia (RI) 
 
Após isso, começa a: 
FASE FLOW (FASE DE FLUXO) = Começa entre 48 e 72h. Possui 
uma circulação hiperdinâmica e um estado hipermetabólico. 
Aqui a liberação de insulina chega ao dobro (RI). Há DC alto, com 
aumento do consumo de O2, imunossupressão e infecções. 
 
Essas alterações metabólicas se resolvem por completo após o 
fechamento da ferida, mas pode durar por mais 12 meses após 
o evento, além disso, pode permanecer: 
Queimadura 
- Níveis plasmáticos de catecolaminas e corticoides 
aumentados por 3 anos 
- Proteínas de fase aguda e constitutivas começam a se alterar 
5 a 7 dias após a lesão e permanecem durante toda a internação 
aguda 
- Paratormônio e osteocalcina reduzem 10x por até 6 meses 
- GH e hormônio sexual diminuem após a queimadura e por 3 
semanas. 
 
1. RESISTENCIA A INSULINA 
A resistência insulínica (RI) vista em ambas as fases ocorre 
porque com a queimadura grave, aumenta-se a produção de 
catecolaminas, glucagon e cortisol, que por si só, estimulam a 
produção de glicose no fígado. A produção aumentada da 
glicose é direcionada às feridas, para apoiar o metabolismo 
anaeróbico relativamente ineficiente de fibroblastos e células 
endoteliais e inflamatórias. Contudo, como a produção é maior 
que o gasto, mesmo com a produção de insulina aumentada, há 
a RI. 
 
2. CAQUEXIA LETAL 
Após a queimadura, a proteína muscular é degradada muito 
mais rápido do que é sintetizada (pode durar por 1 ano), e isso 
causa perda de massa corporal magra, e desgaste muscular 
severo. Isso culmina em diminuição da força e incapacidade de 
reabilitação total. 
Perda de 10% da massa -> disfunção imune 
Perda de 20% da massa -> menor capacidade de cicatrização 
Perda de 30% da massa -> aumento do risco de pneumonias e 
úlceras de pressão 
Perda de 40% da massa -> risco de morte 
 
Todo esse quadro é chamado de CAQUEXIA LETAL, e pode ser 
alcançada em menos de 1 mês. 
 
3. SEPSE 
Com esse estado hipermetabólico, o paciente se torna mais 
suscetível de sepse. E os pacientes sépticos possuem aumento 
nas taxas metabólicas e no catabolismo proteico. Isso forma um 
ciclo vicioso. 
 
INFLAMAÇÃO E EDEMA 
1. EDEMA 
Há ainda a liberação de mediadores inflamatórios, tanto na 
ferida como em outros tecidos. Isso causa vasodilatação e 
vasoconstrição, aumento da permeabilidade capilar e edema 
local e em órgãos. O edema generalizado surge por alterações 
nas forças de Starling, com queda da pressão hidrostática 
intersticial da pele queimada e aumento na pressão intersticial 
na pele saudável. Esse edema é maior nos tecidos queimados. 
 
2. HISTAMINA 
A pele queimada possui mastócitos que liberam histamina em 
grandes quantidades de forma imediata. Isso causa respostas 
em vênulas e aumenta a formação de espaços nas junções 
intercelulares. 
 
EFEITOS CARDIOVASCULARES 
Há perda de volume plasmático, aumento da RVP e redução do 
DC (pela redução do volume sanguíneo, aumento da 
viscosidade sanguínea, redução da contratilidade cardíaca) 
imediatamente após a lesão. 
Ocorre disfunção ventricular em virtude da circulação de uma 
substância no sistema linfático. Assim, o aumento do estresse 
cardíaco, está associada a depressão miocárdica, contribuindo 
para a mortalidade. 
EFEITOS RENAIS 
- DC e volume sanguíneo reduzidos -> redução do fluxo 
sanguíneo renal e da TFG 
- Aumento de angiotensina, aldosterona e vasopressina, 
causando mais redução do fluxo renal 
 = 
 Oligúria 
Caso essa oligúria não seja revertida, pode evoluir para necrose 
tubular aguda e IR. As chances de IR reduzem ao realizar uma 
reanimação volêmica precoce. 
 
EFEITOS DIGESTIVOS 
- Atrofia da mucosa, em 12h após o trauma, proporcional a 
extensão da queimadura 
- Alterações na absorção, principalmente de glicose, 
aminoácidos, ácidos graxos e redução da atividade da lipase. 
Essa alteração volta ao normal entre 48 a 72h após o trauma; 
- Aumento da permeabilidade intestinal, principalmente ao 
polietilenoglicol 3350, à lactulose e ao manitol. Aumenta ainda 
mais e caso de infecção das queimaduras. 
- Redução do fluxo sanguíneo intestinal. 
 
EFEITOS IMUNES 
Principal efeito: DEPRESSÃO da função imunológica, marcada 
pela depressão da função celular em todas as partes do sistema 
imunológico incluindo a ativação de suas células. 
Com isso, possuem alto risco de desenvolver complicações 
infecciosas, como infecção bacteriana, pneumonia e infecções 
fúngicas e virais. 
Outras alterações:- Redução da produção de macrófagos 
- Contagem de neutrófilos incialmente é aumentada, após 48 a 
72h, diminui um pouco 
- Depressão da função das células T helper 
- Alteração da função dos linfócitos T citotóxicos, que podem 
melhorar com o desbridamento precoce. 
 
Complexidade 
A complexidade das queimaduras é avaliada pela associação 
entre agente causador, tipo de queimadura e extensão da área 
queimada. 
 
Determinantes de gravidade: 
- Profundidade 
- Eventual lesão inalatória 
- Politrauma 
 
PEQUENO QUEIMADO OU QUEIMADO DE 
PEQUENA GRAVIDADE 
- Paciente com queimadura de 1º grau em qualquer extensão, 
em qualquer idade 
 E/OU 
- Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida até 5% em 
crianças < 12 anos 
OU 
- Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida até 10% 
em > 12 anos 
 
MÉDIO QUEIMADO OU QUEIMADO DE MÉDIA 
GRAVIDADE 
₢ 
- Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida entre 5 e 
15% em < 12 anos 
OU 
- Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida entre 10 
a 20% em > 12 anos 
OU 
- Qualquer queimadura de 2º grau envolvendo mão ou pé ou 
face ou pescoço ou axila ou grande articulação (axila, cotovelo, 
punho, coxofemoral ou hoelho ou tornozelo), em qualquer 
idade 
OU 
- Queimaduras que não envolvam face ou mão ou períneo ou 
pé, de 3º grau com até 5% da área corporal atingida em crianças 
de até 12 anos 
OU 
- Queimaduras que não envolvam face ou mão ou períneo ou 
pé, de 3º grau com até 10% da área corporal atingida em > 12 
anos 
 
GRANDE QUEIMADO OU QUEIMADO DE GRANDE 
GRAVIDADE 
Consiste no paciente mais grave. 
 
- Queimaduras de 2º com área corporal atingida > 15% em < 12 
anos 
- Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida > 20% em 
> 12 anos 
- Queimaduras de 3º grau com área corporal atingida > 5% em 
< 12 anos 
- Queimaduras de 3º com área corporal atingida > 10% em > 12 
anos 
- Queimaduras de 2 ou 3º grau atingindo períneo, em qualquer 
idade 
- Queimaduras de 3º grau atingindo mão ou pé ou face ou 
pescoço ou axila, em qualquer idade 
- Queimaduras de corrente elétrica 
- Queimaduras de qualquer extensão que tenham associadas 
uma das seguintes situações: lesão inalatória, politrauma, 
fratura óssea, trauma craniano, choque, insuficiência renal, 
cardíaca ou hepática, diabetes, distúrbios da coagulação e 
hemostasia, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio, 
quadros infecciosos graves, síndrome compartimental ou do 
túnel do carpo, doenças consumptivas ou qualquer outra 
afecção que possa ser fator de complicação à lesão ou ao 
quadro clínico da queimadura. 
 
Complicações 
As consequências das queimaduras estão ligadas à extensão do 
processo inflamatório como resposta da lesão. Assim, quanto 
maior e mais profunda a queimadura, pior é a inflamação. 
Os óbitos geralmente ocorrem logo após a lesão ou semanas 
mais tarde em decorrência de uma falência múltipla de órgãos. 
As chances de morte são maiores nos extremos de idade 
(crianças e idosos). 
SÍNDROME DO COMPARTIMENTO 
Resulta do aumento da pressão dentro de um compartimento 
que interfere a perfusão para estruturas dentro desse. Na 
queimadura isso ocorre pela combinação da redução da 
elasticidade da pele e aumento do edema em tecido mole. 
 
Os sinais e sintomas são: 
- Dor maior que o esperado e fora de proporção ao estímulo ou 
lesão 
- Dor no alongamento passivo do músculo afetado 
- Edema tenso do compartimento afetado 
- Parestesias ou sensação alterada distal ao compartimento 
afetado 
Síndromes de compartimento também podem se apresentar na 
circunferência do tórax e do abdome, levando ao aumento das 
pressões inspiratórias máximas ou abdominais. Nesses casos é 
necessário a realização de escarotomias torácicas e 
abdominais, ao longo das linhas axilares anteriores, com incisão 
transversal na linha clavicular e na junção do tórax e abdome. 
INFECÇÃO E SEPSE 
As condições que favorecem a infecções são: 
- Perda da integridade cutânea 
- Imunodepressão 
- Predisposição à translocação bacteriana do trato digestivo 
- Presença de dispositivos invasivos, como uma IOT. 
 
As principais evidências de processo infeccioso são: 
- Evolução da área de queimadura de 2º grau para necrose de 
toda espessura da derme 
- Surgimento de focos hemorrágicos escuros ou negros 
- Aparecimento de lesões sépticas na pele integra em torno da 
queimadura 
O diagnóstico definitivo é feito a partir da biópsia da lesão 
suspeita, que se positivo, irá demonstrar invasão bacteriana da 
derme e contagem de 104 a 107 UFC/g no tecido queimado. 
Quando NÃO é possível a realização da biópsia, pode 
diagnosticar com achados clínicos + piora dos leucócitos + piora 
da curva térmica 
 
LESÃO INALATÓRIA 
O 1º evento é o aumento do fluxo sanguíneo nas artérias 
brônquicas. Nos 3 primeiros dias, um intenso broncoespasmo e 
a própria lesão térmica da via aérea podem causar insuficiência 
respiratória aguda. 
A broncopneumonia secundária à colonização da árvore 
brônquica pode complicar ainda mais o quadro. Os principais 
agentes associados são o Staphylococcus resistente a meticilina 
e o Pseudomonas aeruginosa. 
O diagnóstico de pneumonia é feito com: 
- Surgimento de nova imagem radiológica, Iinfiltrado, cavitação 
ou consolidação 
- Presença de sepse 
- Alterações recentes no aspecto do escarro e/ou cultura 
quantitativa. 
Nos pacientes com quadro leve apenas o uso de O2 a 100% e a 
fisioterapia são suficientes. Em casos graves (PaO2 < 60 mmHg; 
PaCO2 > 50 mmHg; relação PaO2/FiO2 < 200 – SDRA; sinais de 
desconforto respiratório), processe com IOT e VM. 
 
FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS 
Normalmente está associada a sepse pela resposta 
inflamatória sistêmica oriunda da queimadura. O paciente 
queimado pode ter origem infecciosa de agentes invasivos ou 
de infecções pulmonares. 
À medida que microrganismos proliferam desordenadamente, 
endotoxinas são liberadas das paredes celulares de bactérias 
Gram-negativas, e exotoxinas de bactérias Gram-positivas e 
Gram-negativas. Isso leva ao início de uma cascata de 
mediadores inflamatórios que podem resultar em lesões de 
órgãos e progressão para a falência dos órgãos. 
O desenvolvimento geral da falência de órgãos começa quer no 
sistema renal quer no pulmonar e pode progredir para o fígado, 
intestino, sistema hematológico e sistema nervoso central. 
INSUFICIÊNCIA RENAL 
Apesar da ressuscitação volêmica, a insuficiência renal (IR) 
pode se desenvolver 2 a 14 dias após a reanimação volêmica 
inicial. Ela se caracteriza por: 
- Redução débitos urinário 
- Sobrecarga volêmica 
- Anormalidade eletrolíticas 
- Incluindo acidose metabólica 
- Hipercalemia 
- Desenvolvimento de azotemia 
- Aumento sérico de creatinina 
 
O tratamento é voltado à prevenção das complicações 
associadas. Quase invariavelmente, os pacientes gravemente 
queimados necessitam de potássio exógeno por causa da 
resposta de aumento da aldosterona que resulta em perda de 
potássio. 
Caso nenhuma outra terapia seja eficaz, pode realizar diálise, 
sendo a hemodiálise a preferida nos adultos. 
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA 
Ocorre redução das concentrações de proteínas da cascata da 
coagulação para níveis críticos, e o paciente desenvolve 
coagulopatia. Toxinas não são eliminadas da circulação 
sanguínea e aumentam as concentrações de bilirrubina. 
O empenho em prevenir a insuficiência hepática representa o 
único método de tratamento eficaz. Em casos de coagulopatia 
o tratamento deve ser direcionado à reposição dos fatores II, 
VII, IX e X até a recuperação hepática. A reposição de albumina 
pode ser necessária também. 
INSUFICIÊNCIA HEMATOLÓGICA 
Pode ocorrer: 
- Depleção e comprometimento da síntese de fatores de 
coagulação 
- Trombocitopenia. 
 
A depleção dos fatores de coagulação ocorre pela coagulação 
intravascular disseminada associada à sepse. Para o seu 
tratamento, deve ser realizado a infusão de plasma fresco 
congelado e crioprecipitado. 
Trombocitopenia é comum em caos graves pela depleção que 
ocorre durante as excisões cirúrgicas. Acontagem de plaquetas 
< 50.000 é comum e não requer tratamento. Apenas quando o 
sangramento é difuso e observado a partir de acessos 
intravenosos deve-se considerar a administração de plaquetas 
exógena. 
FALÊNCIA DO SNC 
O surgimento de alterações no estado mental em um grande 
queimado não atribuídas a sedativos deve motivar a busca de 
um foco séptico. O tratamento é de suporte. 
 
OUTRAS COMPLICAÇÕES 
- Íleo adinamico, pode aparecer nos primeiros dias após a 
queimadura; 
- Úlcera de Curling, que consiste em uma ulceração aguda do 
estomago e duodeno 
- Síndrome de Ogilvie, pseudo obstrução colônica 
- Úlcera de Marjolin, um carcinoma de células escamosas que 
ocorre na cicatriz da queimadura após anos da fase aguda 
(média de 35 anos). O tumor possui comportamento agressivo. 
 
 
Cuidados Pré-Hospitalar 
1. Antes de serem submetidos a qualquer tratamento 
específico, os pacientes queimados devem ser removidos do 
cenário do trauma, e o processo lesivo, interrompido. 
2. Precauções como o uso de luvas, aventais, máscara e óculos 
de proteção, devem ser tomadas quando há probabilidade de 
contato com sangue ou fluidos corporais. 
3. Deve-se apagar o fogo das roupas em combustão e 
removê-las o mais cedo possível para prevenir lesões adicionais. 
Todos os anéis, relógios, joias e cintos devem ser removidos, 
pois eles retêm calor e podem produzir um efeito torniquete. 
4. Água à temperatura ambiente pode ser derramada no 
ferimento dentro de 15 minutos da lesão para diminuir a 
profundidade do ferimento, mas quaisquer medidas 
subsequentes para refrescar o ferimento devem ser evitadas de 
modo a prevenir a hipotermia. 
5. O paciente deve ser envolvido com um cobertor para 
minimizar a perda de calor e controlar a temperatura. 
6. Deve cobrir o ferimento para evitar o contato com as 
terminações nervosas expostas. 
7. Em caso de vítimas com lesões a partir de 2º grau com > 20% 
de SCQ, obter acesso venoso periférico e realizar infusão de 
cristaloide (RL) calculando Kg X SCQ estimada / 8 
8. Pequenas doses de morfina intravenosa podem ser 
administradas após a avaliação completa. 
Avaliação Primária 
A primeira etapa é identificar as condições que colocam a vida 
em risco e seguir com a identificação do tipo de queimadura, 
extensão e profundidade. 
Deve-se adotar medidas para salvar o paciente: interromper o 
processo, garantir as vias aéreas e a ventilação, manejo da 
circulação. 
INTERNAÇÃO EM CENTRO DE TRATAMENTO DE 
QUEIMADURAS: 
- Queimadura de 3º grau 
- Queimadura de 2º grau ≥ 10% 
- Paciente com comorbidades 
- Queimadura elétrica e/ou inalatória 
- Queimadura em face, mãos, pés, genitália, períneo e 
articulações principais 
- Vítimas de trauma 
- Risco social 
INTERNAÇÃO EM UTI: 
- Queimadura ≥ 20% 
- Paciente com comorbidades 
- Queimadura elétrica e/ou inalatória 
- Vítimas de trauma 
- Pacientes que necessitam de droga vasoativa ou VM 
 
PASSO 1 – INTERROMPER O PROCESSO 
Deve remover as roupas do paciente para impedir o processo 
de queima, tomando cuidado para não descolar as aderências. 
Ao mesmo tempo deve ter cuidado com a hipotermia. 
Deve ter cuidado ao retirar roupas ainda contaminadas pelo 
produto químico. Escove qualquer produto químico seco da 
ferida e depois descontamine as áreas queimadas e enxague 
com grandes quantidades de irrigação com solução salina. 
Por fim, cubra o paciente com lençóis quentes, limpos e secos 
para evitar hipotermia. 
Após terem sido observadas as etapas da abordagem geral 
inicial, quando se deve assegurar que o local e o contato com a 
vítima estejam seguros, deve-se realizar o clássico ABCDE: A 
(airway), B (breathing), C (circulation), D (disability), E 
(exposition). 
 
PASSO 2 – (A) VIA AÉREA 
A via aérea do paciente queimado pode sofrer com lesão direta, 
obstrução por edema, lesão química e intoxicação. Esse 
paciente pode se apresenta com insuficiência respiratória 
precoce ou tardia. 
 
É importante avaliar a necessidade de IOT, sendo as principais 
indicações de uma IOT precoce: 
- Sinais de obstrução das VA (rouquidão, estridor, uso de 
músculo respiratório acessório, retração esternal) 
- Extensão da queimadura (SCQ > 40-50%) 
- Edema significativo ou risco de edema 
- Dificuldade em engolir 
- Queimadura de cabeça e face 
- Queimadura ou trauma intraoral 
- Queimadura da circunferência do pescoço 
- Sinais de comprometimento respiratório: incapacidade para 
limpar secreções, fadiga respiratória, pobre oxigenação ou 
ventilação 
- Diminuição do nível de consciência 
- Transferência antecipada de serviço, com o conhecimento de 
inexperiência do pessoal transportador 
- Estridor (é tardio), significa IOT imediata 
- Glasgow < ou = 8 
 
As queimaduras de face e boca causam edema mais localizado 
e apresentam maior risco de comprometimento das vias aéreas. 
Contudo, as manifestações clínicas de lesão por inalação podem 
ser sutis e não aparecem nas primeiras 24h. Assim, deve 
examinar a orofaringe do paciente, buscando sinais de 
inflamação, lesão de mucosa, fuligem na faringe e edema. NÃO 
deve esperar por alterações no raio-x ou mudanças na 
gasometria arterial para realizar a IOT. 
É recomendado a extubação precoce dos pacientes queimados, 
para permitir que os pacientes limpem sua spróprias vias aéreas 
(toalete pulmonar). O primeiro sinal de insuficiência pulmonar 
iminente é um declínio na oxigenação (SatO2 < 92%). 
A traqueostomia precoce (dentro da 1º semana) pode ser 
indicada naqueles com queimaduras importantes, que 
provavelmente necessitarão de ventilação mecânica a longo 
prazo. 
 
PASSO 3 – (B) VENTILAÇÃO 
Deve-se se preocupar com a ventilação por 3 causas: hipóxia, 
envenenamento por monóxido de carbono e lesão por inalação 
de fumaça. Nessas situações deve administrar oxigênio 
suplementar com ou sem IOT. 
Sempre deve presumir a inalação de monóxido de carbono (CO) 
em pacientes queimados em áreas fechadas, mas o diagnóstico 
de envenenamento é feito com a medição direta de 
carboxigemoglobina (HbCO). 
Níveis mais altos de CO podem resultar em: 
- Dor de cabeça 
- Confusão mental 
- Coma 
- Morte 
 
Além disso, a meia-vida do CO no ar ambiente é de 40 minutos, 
enquanto com O2 a 100% através de máscara não-reinalante, 
a meia-vida passa a ser de 40 minutos. Assim, todo paciente que 
esteve envolvido em um incêndio em espaço fechado, deve 
receber o tratamento empírico com o O2 a 100% por 4 a 6 
horas. 
* Se o paciente possuir DPOC, deve ser intensamente 
monitorado quando submetido a O2 100%. 
* A oximetria de pulso não é útil para diagnosticar, pois não 
consegue diferenciar as hemoglobinas. 
O tratamento da lesão por inalação consiste em suporte 
ventilatório, toalete pulmonar agressiva, remoção 
broncoscópica de rolhas de secreção e terapia de nebulização. 
A terapia de nebulização pode consistir em heparina, 
alfamiméticos ou polimixina B e é aplicada entre 2 e 6 vezes ao 
dia. 
A intoxicação por cianeto é causada pela inalação de fumaça 
derivada da combustão de alguns elementos como poliuretano, 
náilon, lã e algodão. A clínica é inespecífica e o diagnóstico deve 
ser empírico, nos pacientes vítimas de incêndio de ambientes 
fechados que não respondem completamente ao O2. O 
tratamento é feito com tiossulfato de sódio e 
hidroxicobalamina. 
PASSO 4 – (C) CIRCULAÇÃO E RESSUCITAÇÃO 
É difícil a avaliação do volume circulante no paciente 
gravemente queimado. Ele pode possuir lesões que contribuam 
para o choque hipovolêmico, oriundo da inflamação e assim 
deve fornecer fluidos de reanimação em queimaduras 
profundas e de extensão > 20%. 
Para isso, estabelece 2 acessos venosos periférico de grande 
calibre (18). Se a extensão da queimadura impedir a colocação 
do cateter através da pele não queimada, coloque o IV através 
a pele queimada em uma veia acessível. Se IVs periféricos não 
pode ser obtido, considere o acesso venoso central ou infusão 
intraóssea. 
Após isso, comece a infusão com um cristaloide isotônico 
aquecido, de preferência o Ringer Lactato. Assim,a 
ressuscitação de fluidos deve começar com: 
2ml de Ringer lactato X Kg do paciente X Extensão da 
queimadura de 2º e 3º grau (%) 
Após esse cálculo, inicia metade do fluido total nas primeiras 8h 
após a queimadura; e metade restante é administrada durante 
as 16h subsequentes. 
Exemplo: 
Homem, de 100kg, com 80% de SCQ 
2ml X 100 X 80 = 16.000 mL em 24h 
8.000 mL – nas primeiras 8h 
8.000 mL – nas próximas 16h 
Padrão de 1.000mL/h 
Em pacientes com queimadura elétrica, realiza a seguinte 
fórmula: 
4 ml LR x kg x % TBSA until urine clears 
Em seguida, insira um cateter urinário permanente em todos os 
pacientes que recebem fluidos de reanimação, para monitorar 
o débito urinário e avaliar a perfusão. 
A quantidade de fluidos fornecido deve ser ajustado com base 
na produção de urina. Em adultos, urina a saída deve ser 
mantida entre 30 e 50 mL/Kg/h, para minimizar as chances de 
ressuscitação excessiva. Se a taxa de ressuscitação inicial não 
produzir a saída de urina desejada, aumente a taxa de fluido até 
que a meta de produção de urina é atingida. 
Em casos de sub-reanimação pode haver hipoperfusão e lesão 
de órgão-alvo. Já uma ressuscitação excessiva resulta em 
aumento do edema. 
1. MONITORIZAÇÃO CARDÍACA 
É importante a monitorização com eletrocardiograma para 
avaliar distúrbios do ritmo cardíaco que podem aparecer em 
casos de hipóxia e anormalidades eletrolíticas ou ácido-básicas. 
 
2. REPOSIÇÃO DE ALBUMINA 
Só deve ser realizada nas primeiras 12h após a queimadura e se 
o paciente tiver > 30% de SCQ. Usa a albumina a 20% diluída 
para correr apenas albumina 5%. 
 
Atendimento do Paciente 
Nessa etapa realiza: história através da AMPLE, extensão da 
queimadura e sua profundidade. 
 
A história é coletada seguindo o AMPLE: 
A – Alergias 
M – medicamentos usados atualmente 
P – Pregnanc (gravidez) ou Past illnesses (doenças anteriores 
L – Last (última refeição) 
E – Eventos relacionados a lesão 
Deve ainda verificar o estado de imunização do paciente contra 
o tétano. 
 
EXTENSÃO 
Quanto mais extensa a lesão maior a inflamação e maiores são 
as chances de disfunções respiratórias, circulatórias, choque, 
infecção e óbito. Por isso, a conduta depende da extensão. 
 
Para calcular a extensão da queimadura, pode ser utilizada: o 
Diagrama de Lund e Browder (precisa), Regra dos Nove e cálculo 
da área em relação à palma da mão (aproximações). 
 
O DLB é bastante preciso em diferentes faixas etárias e usa um 
cálculo para cada área do corpo. 
Outra forma de medir é utilizando o tamanho da palma da mão 
do paciente, incluindo os dedos, como 1%. 
A mais utilizada é a Regra dos nove, criada por Wallace e 
Pulaski, que conta a superfície corporal queimada (SCQ) de 
forma aproximada. Os vários segmentos corporais são 
estimados em 9 ou múltiplos de 9. 
 
 
 
PROFUNDIDADE 
A profundidade da lesão depende de: 
- Temperatura à qual a pele foi exposta 
- Calor específico do agente causal 
- Duração da exposição 
 
Epiderme -> Derme -> Tecido Adiposo Subcutâneo -> 
Estruturas Subjacentes 
 
a) QUEIMADURA 1º GRAU = são dolorosas, eritematosas 
e empalidecem ao toque. 
- A barreira epidérmica está INTACTA. 
- NÃO causam cicatrizes 
- Evoluem com melhora espontânea dos sintomas em 2 ou 3 
dias, podendo apresentar descamação nesse período 
- Há regeneração integral da epiderme após 1 semana 
Ex.: Queimadura solar ou pequena escaldadura. 
 
b) QUEIMADURAS DE 2º GRAU = SEMPRE possui dano 
dérmico. São divididas em 2 tipos: 
Dérmicas Superficiais (papilar) – eritematosas, 
dolorosas, empalidecem ao toque. Formam bolhas. 
/ 
Reepitelizam espontaneamente por estruturas epidérmicas 
retidas nas cristas dermoepidérmicas, folículos pilosos e 
glândulas sudoríparas em 1 a 2 semanas. 
Após a cicatrização, podem ter leve descoloração a longo prazo. 
 
 Dérmicas Profundas (reticular) – atinge a derme 
reticular. São mais pálidas e mosqueadas, não empalidecem ao 
toque. São DOLOROSAS ao estímulo tátil. 
Cicatrizam em 2 a 5 semanas por reepitelização a partir de 
queratinócitos dos folículos pilosos e das glândulas sudoríparas. 
Formam cicatrizes. 
 
c) QUEIMADURAS DE 3º GRAU: envolvimento total da 
derme e epiderme, não restando apêndice dérmico ou 
epidérmico. É uma escara dura, semelhante ao couro. É 
INDOLOR e preta ou branca ou cor de cereja. 
Reepitalizam-se a partir das bordas cutâneas. 
Quando são profundas e de espessura total, requerem enxertos 
de pele do paciente para cicatrizarem em tempo hábil. 
Como a rede vascular foi destruída, não há exsudação. 
 
d) QUEIMADURAS DE 4º GRAU = envolvem órgãos abaixo 
da pele, como músculos, ossos e cérebro. 
 
 
 
 
 
Avaliação Secundária 
Essa avaliação inclui: 
- Documentação 
- Exames 
- Manutenção da circulação 
- Inserção de tubo gástrico 
- Analgésicos narcóticos e sedativos 
- Tratamento de feridas 
- Imunização contra tétano 
 
EXAMES 
Deve ser obtido: 
- Gasometria arterial, para avaliar a capacidade pulmonar; 
- Radiografia de tórax; 
- Hemograma, tipagem sanguíne e fator RH 
- Medição de HbCO basal. 
- Glicose sérica 
- Eletrólitos 
- Bhcg (mulheres em idade fértil) 
 
MANUTENÇÃO DA CIRCULAÇÃO PERIFÉRICA 
Serve para descartar a síndrome compartimental. Para manter 
a circulação periférica, o médico deve: 
- Remover todas as joias e bandas nas extremidades 
- Avaliar o status da circulação distal, verificando cianose, 
recarga capilar e sinais neurológicos progressivos (parestesias e 
dor no tecido profundo). 
- O Doppler pode avaliar o fluxo arterial das artérias digitais e 
dos arcos palmoplantares das extremidades afetadas. 
- Aliviar o comprometimento circulatório em um membro 
circunferenciamente queimado com escarotomia. 
- Pode ser necessário a fasciotomia para restaurar a circulação 
em pacientes com trauma esquelético associado, lesão por 
esmagamento ou lesão elétrica de alta tensão 
 
CATETERISMO GÁSTRICO 
Deve ser inserido na forma de sucção caso o paciente 
apresente: vômitos, náuseas, distensão abdominal ou quando 
as queimaduras envolvam mais de 20% SCQ 
 
ANALGESIA 
Não devem ser realizados antes da ressuscitação volêmica e do 
aporte de O2, uma vez que a hipovolemia e a hipoxemia podem 
causar agitação e ansiedade, que podem ser mascaradas pelo 
uso de narcóticos. 
Quando administrados, devem ser em pequenas doses, apenas 
IV. Pode empregar a morfina em doses IV de 2 a 5mg até o alívio 
sintomático. Nos pacientes com ansiedade, pode ser realizado 
benzodiazepínicos. 
TRATAMENTO DAS FERIDAS 
- Apenas cobrir as feridas de queimadura com lençóis limpos 
diminui a dor e desvia as correntes de ar. 
- NÃO deve estourar bolhas ou aplicar anti-séptico. 
- NÃO aplique água fria em um paciente com queimaduras 
extensas (> 10%) 
- Pode limpar a ferida suja com soro fisiológico estéril 
- Ao entrar em contato com a ferida, deve usar luvas e aventais 
 
1º GRAU: 
Conforto com uso tópico de pomadas emolientes, com ou sem 
aloé, e anti-inflamatórios orais não esteroidais. Os AINES orais 
ajudam no controle da dor. 
 
2º GRAU: 
São tratadas com trocas diárias de curativo com antibióticos 
tópicos, compressas ou gazes de algodão e ataduras elásticas. 
 
2º GRAUS PROFUNDAS OU 3º GRAU: 
Exigem excisão cirúrgica e enxerto de pele quando as 
queimaduras apresentam tamanhos consideráveis. Os 
curativos pré-cirurgicos devem conter a proliferação bacteriana 
e ocluir até que a cirurgia seja realizada. 
 
1) EXCISÃO CIRÚRGICA DAS FERIDAS: 
O tecido queimado é removido de modo tangencial e 
sequencial, até a ferida ser exposta a uma derme saudável, 
gordura, musculo e periósteo. Após a excisão cirúrgica deve ser 
realizado o fechamento da ferida. Pode ser feito com 
autoenxertos de pele não lesionada. Em caso de queimadura de 
40% da ASCT, é preferível o uso de aloenxertos (pele de 
cadáver). 
2) ESCAROTOMIAS: 
Devem ser realizadas quando queimaduras de 2º e 3º grau 
envolvem a circunferência de uma extremidade, com sinais 
clínicos de comprometimento da circulação periférica ou de 
pressões teciduais >30 mmHg. 
É realizada por meio de incisão lateral e medial da extremidade 
afetada usando uma lâmina de bisturi ou um eletrocautério. As 
incisões são realizadas nas eminências tenar e hipotenar e ao 
longo das faces dorsolaterais dos dígitos para abrir a mão 
completamente, se ela estiver envolvida. 
A fasciotomia (incisões nas camadas fasciais) pode ser 
necessário caso haja aumento das pressões compartimentais 
musculares (síndrome compartimental). 
 
Pode ainda ser realizada as escarotomias descompressivas no 
tórax e abdome que consiste em incisões de relaxamento de 
uma crosta constritiva circular que esteja comprometendo a 
expansibilidade torácica, prejudicando a ventilação. 
 
Complicações: hipotensão transitória. 
 
ANTIBIÓTICOS 
NÃO há indicação de ABO sistêmicos profiláticos no período 
pós-queima, apenas quando houver infecção. (ATLS) 
 
Antibióticos tópicos, principalmente as pomadas são aplicadas 
diretamente na ferida, que, por sua vez, é coberta com curativo. 
As principais pomadas são: sulfadiazina de prata 1%, 
neomicina, bacitracina e nistatina (antifúngico). 
A sulfadiazina de prata é a pomada mais utilizada. Ela tem um 
amplo espectro de atividade, pois cobrem Gram-positivos, a 
maioria dos Gram- negativos e alguns fungos. 
 
 
 
 
Tratamento Adicional 
SUPORTE NUTRICIONAL 
A composição da dieta ideal deve conter 1 a 2 g/kg/dia de 
proteína. As calorias não proteicas podem ser fornecidas tanto 
como carboidratos quanto como gorduras. Os hidratos de 
carbono têm a vantagem de estimular a produção endógena de 
insulina, que pode ter efeitos benéficos no músculo. 
A dieta pode ser administrada em 2 formas, tanto por via 
enteral através de cateteres enterais, ou por via parenteral 
através de cateteres intravenosos. 
SUPORTE AMBIENTAL + FISIOTERAPIA 
 
 
Transferência do paciente 
Normalmente requer transferência para centro de trauma: 
- Queimaduras de espessura parcial em > 10% 
- Queimaduras envolvendo o rosto, mãos, pés, genitália, 
períneo e grandes articulações 
- Queimaduras de 3º grau em qualquer faixa etária 
- Queimaduras elétricas, incluindo ferimentos por raios 
- Queimaduras químicas 
- Lesão por inalação 
- Queimadura em pacientes com doenças pré-existentes 
passíveis de complicação 
- Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante, 
em que a queimadura consiste no maior risco a vida 
- Crianças queimadas em hospitais sem qualificação pessoal ou 
equipamento para cuidados pediátricos 
- Queimadura em pacientes que necessitarão de intervenção 
social, emocional. 
 
Queimadura Elétrica 
Queimaduras elétricas resultam quando uma fonte de energia 
elétrica o poder faz contato com o paciente, e a corrente é 
transmitido através do corpo. O corpo também pode servir 
como um condutor de volume de energia elétrica, e o calor 
gerado resulta em lesão térmica ao tecido. 
São queimaduras graves e a superfície do corpo e as 
extremidades, especialmente os dedos, estão especialmente 
em risco. Além disso, a condução elétrica dentro dos vasos e 
nervos pode causar trombose e lesão dos nervos. Lesões 
elétricas graves geralmente resulta em contratura da 
extremidade afetada. 
Pacientes com graves lesões elétricas frequentemente 
requerem fasciotomias e deve ser transferido para centros de 
queimados no início do tratamento. 
O tratamento inclui estabelecimento de via aérea para garantir 
a ventilação e oxigenação adequadas; estabelecer um acesso 
venoso periférico na extremidade não envolvida; monitorização 
por ECG; e cateter urinário. 
Complicações: arritmias cardíacas e rabdomiólise. 
 
Queimadura Química 
Queimaduras ácidas causam uma necrose de coagulação do 
tecido circundante, que impede a penetração do ácido em 
alguma extensão. 
TRATAMENTO DA ÁREA QUEIMADA 
Curativos Oclusivos: 
1º-3º dia = sulfadiazina de prata 1% + nitrato de cérico 
0,4% 
> 4º dia = sulfadiazina de prata 1% 
A troca deve ser diária de preferência em centro 
cirúrgico, em ambiente estéril. 
A limpeza deve ser cuidadosa com sabão neutro 
 
As queimaduras por álcali são geralmente mais graves do que 
as queimaduras com ácido, à medida que o álcali penetra mais 
profundamente. 
A remoção rápida e imediata do produto químico e o cuidado 
da ferida são essenciais. Se o pó seco ainda estiver presente na 
pele, escove-o antes de irrigar com água. Caso contrário, 
imediatamente enxágue o produto químico com grandes 
quantidades de água aquecida água, por pelo menos 20 a 30 
minutos, usando um chuveiro ou mangueira. Queimaduras 
alcalinas requerem mais tempo irrigação. 
 
 
REFERÊNCIAS 
- ATLS 10ª edição 
- Tratado de Cirurgia, Sabiston 20º edição 
- Cartilha de tratamento de emergência de queimaduras, MS, 
2012 
- Queimadura, PROVAB, UNASUS, 2014 
- Revista Brasileira de Queimaduras, 2016

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