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Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t lESÕES TÉRMICAS — QUEIMADOS (ATLS X) NE - As lesões térmicas constituem causa importante de morbidade e mortalidade, mas a adesão aos princípios básicos de ressuscitação traumática inicial e a aplicação oportuna de medidas de emergência simples podem ajudar a minimizar impacto AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E RESSUSCITAÇÃO DE QUEIMADOS - As medida de salvamento para pacientes com queimaduras incluem: interromper o processo de queimadura, garantir que as vias aéreas e a ventilação sejam adequadas e controlar a circulação por meio de acesso intravenoso INTERROMPER O PROCESSO DE QUEIMADURA - Remover completamente a roupa do paciente, porém as aderidas a pele NÃO devem ser arrancadas. Tecidos sintéticos se incendeiam, queimam rapidamente e derretem formando resíduos que continuem queimando o paciente - Joias e anéis devem ser retirados de imediato devido ao edema tecidual - Ao mesmo tempo, previna superexposição e hipotermia - Deve-se reconhecer as tentativas no ambiente de extinguir o fogo (p. ex.: pare, caia e role). Embora seja apropriado, pode levar a contaminação da queimadura com detritos ou água contaminada - Deve-se ter cuidado ao remover roupa contaminada por produtos químicos. Pós químicos secos devem ser removidos da ferida com escova. Depois de remover, descontamine as áreas queimadas enxaguando com grande quantidade de irrigação com salina morna ou, se possível, enxágue em chuveiro morno - Quando o processo da queimadura for interrompido, cubra o paciente com lençóis quentes, limpos e secos para evitar hipotermia ESTABELECER CONTROLE DE VIAS AÉREAS - As vias aéreas podem ficar obstruídas não apenas por lesão direta (p. ex.: lesão por inalação), mas também por edema maciço resultante da queimadura - Edema geralmente não esta presente imediatamente e os sinais de obstrução podem ser inicialmente sutis até o paciente estar em crise. Assim, avaliação precoce para determinar a necessidade de intubação endotraqueal é essencial - Fatores que aumento o risco de obstrução: aumento do tamanho da queimadura e profundidade, queimadura na cabeça e face, lesão por inalação, associação com trauma e queimadura dentro da boca. Queimadura em face e boca causam edema mais localizado e podem ser um risco maior de comprometimento de vias aéreas - Crianças com queimaduras tem mais risco de problemas em vias aéreas por conta to tamanho da via aérea - Uma história de confinamento em ambiente ou sinais precoces de lesão das vias aéreas na chegada ao PS garante a avaliação do paciente e manejo definitivo. Não se deve esperar evidências desse comprometimento em exames, pois o edema pode impedir a intubação e uma via aérea cirúrgica pode ser necessária. Em caso de duvida, examinar a orofaringe do paciente em busca de sinais de inflamação, lesão da mucosa, fuligem na faringe e de edema, tomando cuidado para não lesionar mais a área Indicações para intubação precoce (American Burn Life Support — ABLS): 1. Sinais de obstrução das vias aéreas (rouquidão, estridor, uso acessório de músculo respiratório, retração esternal) 2. Extensão da queimadura (área total da queimadura > 40 - 50%) 3. Queimadura facial extensa e profunda 4. Queimadura dentro da boca 5. Edema significativo ou risco de edema 6. Dificuldade na deglutição 7. Sinais de comprometimento respiratório: incapacidade de limpar secreções, fadiga respiratória ou oxigenação/ventilação insuficientes 8. Diminuição do nível de consciência onde os reflexos de proteção das vias aéreas são prejudicados 9. Transferência antecipada de paciente de grande queimadura com problema das vias aéreas sem pessoal qualificado para intubar durante o trajeto - Nível de carboxihemoglobina maior que 10% também sugere lesão por inalação - A transferencia para centro de queimados é indicada em pacientes com suspeita de lesão por inalação; se o tempo de transporte for prolongada, deve-se incubar o paciente antes. O estridor pode ocorrer tardiamente e indica a necessidade de intubação endotraqueal imediata - Queimadura da circunferencial do pescoço pode levar a inchaço dos tecidos ao redor da vias áreas; assim, intubação precoce também é indicada GARANTIR VENTILAÇÃO ADEQUADA - Lesão térmica direta nas vias aéreas inferiores é muito rara e ocorre essencialmente apenas após exposição a vapor superaquecido ou ignição de Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t gases inflamáveis inalados. As preocupações com a respiração surgem de três causas gerais: hipóxia, envenenamento por monóxido de carbono e lesão por inalação de fumaça - Hipóxia pode estar relacionada a lesão por inalação, má adesão devido a queimaduras circunferenciais no peito ou trauma torácico não relacionado à lesão térmica. Nessas situações, administre oxigênio suplementar com ou sem intubação - Sempre deve considerar a exposição ao monóxido de carbono (CO) em pacientes queimados em áreas fechadas. O diagnostico dessa intoxicação é feito a partir da historia de exposição e medição direta da carboxihemoglobina - Pacientes com níveis de CO menores que 20% geralmente não apresentam sintomas físicos. Níveis mais altos podem resultar em: * A hemoglobina possui afinidade muito maior ao CO (240 vezes a do oxigênio). A dissociação com o CO é muito lenta e sua meia vida é de ≅ 4 horas. A meia vida pode ser reduzida para 40 minutos respirando O2 a 100% * Oxímetro, em sua maioria, não diferencia oxihemoglobina e carboxihemoglobina. Dessa forma, a verdadeira saturação é refletida na gasometria arterial GERENCIAR CIRCULAÇÃO C/ RESSUSCITAÇÃO DE CHOQUE DE QUEIMADURA - Avaliação do volume circulante é frequentemente difícil em pacientes gravemente queimados, que também podem ter lesões traumáticas associadas que contribuem para choque hipovolêmico - A ressuscitação por queimadura é necessária para repor as perdas contínuas de vazamento capilar devido à inflamação - A ressuscitação deve ser fornecidas para queimaduras profundas parciais e de espessura total maiores que 20%, tomando cuidado para não “over-resuscitate” - Após estabelecer a patência das vias aéreas e identificar e tratar lesões com risco de vida, estabeleça imediatamente o acesso intravenoso com duas linhas intravenosas de grande calibre (pelo menos 18) em uma veia periférica. A punção sobre área queimada é permitida. As extremidades superiores são preferíveis devido ao risco aumentado de flebite ou debilite séptica em membros inferiores. Se os IVs periféricos não puderem ser obtidos, considere o acesso venoso central ou a infusão intraóssea - A infusão deve começar com uma solução cristalóide isotônica aquecida, de preferência solução de Ringer com lactato - O débito urinário deve ser monitorado para avaliar a perfusão. A diurese osmótica (por exemplo, glicosúria ou uso de manitol) pode interferir na precisão da produção de urina como marcador de perfusão por superestimar a perfusão A metade do fluido total é fornecido nas primeiras 8 horas após a queimadura. A metade restante do fluido total é administrada durante as 16 horas subsequentes * A quantidade de fluidos fornecida deve ser ajustada com base em uma meta de débito urinário de 0,5 mL/kg/h para a adultos e 1 mL/kg/h para crianças com peso inferior a 30 kg * A taxa real de fluido necessitada pelo paciente pode ser adequada para a meta de produção de urina seja atingida * Sub-ressuscitação resulta em hipoperfusão e lesão de órgão-alvo. A ressuscitação excessiva resulta em aumento de edema, podendo complicar para síndrome compartimental AVALIAÇÃO DO PACIENTE HISTÓRIA - É extremamente valiosa no tratamento do queimado- Sobreviventes de queimaduras podem sofrer lesões associadas enquanto tentam escapar de um incêndio, e as explosões podem resulta em lesões internas (p. ex.: lesões no SNC, no miocárdio, pulmonar e abdominal) e fraturas - É essencial estabelecer a hora da queimadura - As queimaduras sofridas dentro de ambiente fechado sugerem potencial de lesão por inalação e lesão cerebral anóxica quando há uma perda de consciência associada - Deve-se incluir levantamento de doenças preexistentes e terapia medicamentosa, bem como alergias e/ou sensibilidades a medicamentos. Verificar a imunização antitetânica Categoria da queimadura Idade e peso Infusão de líquidos ajustada Débito urinário Adultos e crianças (≥ 14 anos) 2 ml RL x kg x SCQ 0,5 ml/kg/h OU 30 - 50 ml/h Chama ou escaldadura Crianças < 14 anos 3 ml RL x kg x SCQ 1 ml/kg/h Crianças ≤ 30 kg 3 ml RL x kg x SCQ + solução glicosada de manutenção 1 ml/kg/h Elétrica Todas as idades 4 ml RL x kg x SCQ até a urina clarear 1 - 1,5 ml/kg/h até a urina clarear - Dor de cabeça e náuseas (20 a 30%) - Confusão (30 a 40%) - Coma (40 a 60%) - Morte (> 60%) Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t - Tem que estar ciente de que algumas pessoas tentam suicídio desta forma. Se o ferimento for suspeito, considere a possibilidade de abuso ÁREA DE SUPERFICIE CORPÓREA - É usada a regra dos nove para determinar a extensão de uma queimadura usando cálculos baseados em áreas de queimadura de espessura parcial ou total. Avaliam as partes queimadas de segundo e terceiro grau - Oo corpo adulto é dividido em regiões anatômicas que representam múltiplos de 9 - A distribuição difere consideravelmente para crianças, pois a cabeça dos bebês representa uma proporção maior da superfície e os membros uma proporção menor - A superfície palmar (incluindo dedos) da mão do paciente representa aproximadamente 1% da superfície corpórea — isso pode ajudar a estimar o tamanho de queimaduras irregulares PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA Queimadura de superficiais (primeiro grau): Queimadura de espessura parcial superficial (segundo grau superficial): Queimadura de espessura parcial profunda (segundo grau profundo): Queimadura de espessura total (terceiro grau): - Há pouco edema neste tecido; mas ao redor pode apresentar edema significativo AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA E medIDAS AUXILIARES Os principais aspectos incluem: - Documentação: descreve tratamento (incluindo quantidade de fluído e diagrama da área queimada e profundidade). Deve acompanhar o paciente se for transferido - Exames iniciais: hemograma, tipagem e prova cruzada, gasometria arterial com HbCO, glicose sérica, eletrólitos e teste de gravidez para todas mulheres em idade reprodutiva. Radiografia de tórax em pacientes entubados ou com suspeita de - São caracterizadas por eritema e dor - Não formam bolhas - Epiderme permanece intacta - Não fatais - Geralmente não requer reposição de fluidos IV - Úmida - Hipersensíveis (dor) - Geralmente possui bolhas - H o m o g e n e a m e n t e r o s a e esbranquiçada ao toque - Mais secas - Menos dolorosas - Geralmente possui bolhas - Vermelha ou manchada que não ficam esbranquiçadas ao toque - Parece couro - perda da elasticidade - Pode se apresentar translúcida ou com aspecto de cera - Superficie indolor - Geralmente seca. Depois que a epiderme e removida, a derme subjacente pode ficar vermelha, mas não muda a cor à compressão Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t lesão por inalação; repetindo se necessário. Outras radiografias podem ser indicadas para avaliação de lesões associadas - Manutenção da circulação periférica em queimaduras circunferenciais: Avalia a circulação periférica para descartar a síndrome compartimental (aumento da pressão que interfere na perfusão — resulta da combinação de diminuição da elasticidade da pele e aumento do edema nos tecidos moles). Uma pressão de > 30 mm Hg dentro do compartimento pode levar à necrose muscular, indicando escarotomia - Sinais e sintomas da síndrome: - As síndromes compartimentais também podem se manifestar com queimaduras circunferenciais no tórax e abdominais, causando aumento das pressões de pico inspiratórias. Escarotomias torácicas e abdominais realizadas ao longo das linhas axilares anteriores com incisão cruzada na linha clavicular e a junção do tórax com o abdome geralmente alivia o problema. Para manter a circulação periférica em pacientes com queimaduras nas extremidades circunferenciais, deve: - Remover todas as joias e faixas de identificação ou alergia das extremidades do paciente - Avaliar a circulação distal, verificando se há cianose, enchimento capilar prejudicado e sinais neurológicos progressivos, como parestesia e dor no tecido profundo. A avaliação dos pulsos periféricos em pacientes com queimaduras é melhor realizada com USG Doppler - O comprometimento circulatório em membro queimado circunferencialmente pode ser aliviado por escarotomia, sempre com consulta cirúrgica. As escarotomias não costumam ser necessárias nas primeiras 6h pós-queimadura - Embora a fasciotomia raramente seja necessária, pode ser necessário restaurar a circulação em pacientes com trauma esquelético associado, lesão por esmagamento ou lesão elétrica de alta voltagem - Embora os diagramas de escarotomia padrão sejam geralmente seguidos, sempre tente fazer uma incisão na pele através da queimada, não na pele não queimada (se houver pele não queimada), pois a pele queimada provavelmente será desbridada pelo centro da queimadura - Sondagem gástrica: Insira um tubo gástrico e conecte-o a uma configuração de sucção se o paciente sentir náuseas, vômitos ou distensão abdominal, ou quando as queimaduras do paciente envolverem mais de 20% da superfície corpórea. Para evitar vômitos e possível aspiração, insira um tubo gástrico e certifique-se de que está funcionando antes de transferir o paciente. - Narcóticos, analgésicos e sedativos: Pacientes gravemente queimados podem ficar inquietos e ansiosos por causa da hipoxemia ou hipovolemia, e não da dor. Consequentemente, controle a hipoxemia e a ressuscitação com fluidos inadequada antes de administrar analgésicos narcóticos ou sedativos, que podem mascarar os sinais de hipoxemia e hipovolemia. Analgésicos narcóticos e sedativos devem ser administrados em doses pequenas e frequentes, apenas por via intravenosa. Lembre-se de que simplesmente cobrir a ferida diminuirá a dor - Cuidados com a ferida: As queimaduras de espessura parcial são dolorosas quando as correntes de ar passam sobre a superfície queimada, portanto, cobrir suavemente a queimadura com lençóis limpos diminui a dor e desvia as correntes de ar. Não quebrar bolhas ou aplicar agente anantisséptico. Remova qualquer medicamento aplicado anteriormente antes de usar agentes tópicos antibacterianos. A aplicação de compressas frias pode causar hipotermia. Não aplique água fria em um paciente com queimaduras extensas (ou seja, > 10%). A queimadura é uma área limpa que deve ser protegida contra contaminação. Quando necessário, limpe uma ferida suja com solução salina estéril. Certifique-se de que todos os indivíduos que entrarem em contato com o ferido usem luvas e avental e minimize o número de cuidadores no ambiente do paciente sem equipamentos de proteção. - Antibióticos: não há indicação dos profiláticos no período pós-queimadura. Reserve o uso de antibióticos para o tratamento de infecções - Imunização antitetânica: A determinação do estado de imunização contra o tétano e o início do tratamento adequado são muito importantes TIPOS DE QUEIMADURAS Embora a maioriaseja térmica, existem outras causas: QUEIMADURAS QUÍMICAS: resultam da exposição a ácidos, álcalis ou derivados do petróleo - D o r m a i o r q u e e s p e r a d o e desproporcional ao estímulo / lesão - Dor no alongamento passivo do músculo afetado - Edema tenso do compartimento afetado - Parestesias ou sensação alterada distal ao compartimento afetado Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t - As queimaduras ácidas causam necrose de coagulação do tecido circundante, o que impede a penetração do ácido em alguma extensão - É essencial remover o produto químico e cuidar imediatamente da ferida - As queimaduras químicas são influenciadas pela duração do contato, pela concentração e pela quantidade do agente químico - Se o pó seco ainda estiver presente na pele, remova-o com uma escova antes de fazer irrigação com água - Se esse não for o caso, remova imediatamente o produto químico com grande quantidade de água, usando uma ducha ou uma mangueira, se disponíveis, por, no mínimo, 20 a 30 minutos * Queimaduras dos olhos por álcalis exigem irrigação contínua durante as primeiras 8h. Para facilitar essa irrigação, pode-se fixar uma cânula de pequeno calibre no sulco palpebral QUEIMADURAS ELÉTRICAS: resultam do contato de uma fonte de energia elétrica - O corpo pode servir como condutor da energia elétrica e o calor gerado resulta em lesão térmica dos tecidos - Diferentes velocidades de perda de calor por parte de tecidos superficiais e profundos são responsáveis pela coexistência de pele aparentemente normal com necrose muscular profunda. Portanto, essas queimaduras são frequentemente mais graves do que aparentam, e as extremidades, especialmente os dedos, estão particularmente propensos à lesão - Além disso, a corrente passa por vasos sanguíneos e nervos e pode causar tromboses locais e lesões nervosas - Lesões elétricas graves geralmente resultam em contratura da extremidade afetada. Uma mão fechada com um pequeno ferimento de entrada elétrica deve alertar o médico de que uma lesão profunda dos tecidos moles é provavelmente muito mais extensa do que é visível a olho nu - Esses pacientes frequentemente necessitam de fasciotomias e devem ser transferidos para um centro de queimados no início de seu tratamento - Terapêutica: estabelecimento de uma via aérea e a garantia de oxigenação e ventilação adequadas, colocação de uma linha intravenosa em uma extremidade não envolvida, monitoramento de ECG e colocação de um cateter vesical de demora QUEIMADURAS ALCATRÃO/ASFALTO: lesões secundárias ao alcatrão ou asfalto quente - A temperatura de alcatrão fundido pode ser muito alto - até 232 ° C - se for recém tirado do caldeirão - Um fator complicador é a aderência do alcatrão à pele e a infiltração na roupa, resultando na transferência contínua de calor - Terapêutica: resfriamento rápido do alcatrão e cuidado para evitar traumas adicionais durante a remoção do alcatrão. Vários métodos são relatados na literatura; o mais simples é usar óleo mineral para dissolver o alcatrão. O óleo é inerte, seguro para a pele ferida e disponível em grandes quantidade QUEIMADURAS INDICANDO ABUSO: - É importante que os médicos mantenham a consciência de que queimaduras intencionais podem ocorrer particularmente em vulneráveis ao abuso e à negligência (ex.: crianças ou idosos) - Queimaduras circulares e com bordas claras e padrões únicos devem levantar suspeitas; eles podem refletir um cigarro ou outro objeto quente (por exemplo, um ferro) sendo colocado contra o paciente - Deve ser tratado como suspeito: queimaduras nas solas dos pés (sugere que a vitima foi colocada na água quente), na face posterior das extremidades inferiores e nádegas (sugere que a vitima colocada em banheira quente) e lesões por queimaduras antigas no contexto de uma nova lesão traumática, como uma fratura, também devem levantar suspeitas de abuso. Acima de tudo, o mecanismo e o padrão da lesão devem corresponder à história da lesão TRANSFERÊNCIA DO PACIENTES - Os seguintes tipos de queimados requerem transferência para um centro de queimados: 1. Queimadura de espessura parcial (segundo grau) maior que 10% 2. Queimaduras envolvendo o face, mãos, pés, genitália, períneo e articulações principais 3. Queimaduras de espessura total (terceiro grau) em qualquer faixa etária 4. Queimaduras elétricas, incluindo ferimentos por raios 5. Queimaduras químicas 6. Lesão por inalação Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t 7. Queimadura em pacientes com doenças preexistentes que podem complicar o manejo, prolongar a recuperação ou afetar a mortalidade (por exemplo, diabetes, insuficiência renal) 8. Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante (por exemplo, fraturas) em que a lesão por queimadura representa o maior risco de morbidade ou mortalidade. Nesses casos, se o trauma apresentar maior risco imediato, o paciente pode ser inicialmente estabilizado em um centro de trauma antes de ser transferido para uma unidade de queimados. O julgamento do médico é necessário em tais situações e deve ser considerado em conjunto com o plano de controle médico regional e os protocolos de triagem 9. Crianças queimadas em hospitais sem equipe qualificada ou equipamento para o cuidado de crianças 10.Queimadura em pacientes que necessitarão de intervenção social, emocional ou de reabilitação especial QUEIMADURA POR FRIO - A gravidade dessa lesão depende da temperatura, da duração da exposição, das condições ambientais, da quantidade de roupas de proteção e do estado geral de saúde do paciente * Temperaturas mais baixas, imobilização, exposição prolongada, umidade, presença de doença vascular periférica e feridas abertas aumentam a gravidade da lesão Possui dois tipos de lesão pelo frio: - CONGELAMENTO: é devido ao congelamento de tecido, formação de cristais de gelo dentro da membrana celular e por oclusão microvascular que resulta em anóxia tecidual. Alguns dos danos teciduais também podem resultar de lesão de reperfusão que ocorre no reaquecimento 1. Geladura de primeiro grau: Hiperemia e edema sem necrose da pele 2. Geladura de segundo grau: Formação de vesículas grandes e claras acompanha a hiperemia e edema com necrose da pele de espessura parcial 3. Geladura de terceiro grau: Ocorre necrose de espessura total e do tecido subcutâneo, comumente com formação de vesícula hemorrágica 4. Geladura de quarto grau: Ocorre necrose de pele de espessura total, incluindo músculo e osso, com necrose posterior - Embora a parte afetada do corpo seja tipicamente dura, fria, branca e entorpecida no início, a aparência da lesão muda durante o curso do tratamento à medida que a área aquece e se torna perfundida. O regime de tratamento inicial se aplica a todos os graus de insulto, e a classificação inicial muitas vezes não é prognosticamente precisa. O tratamento cirúrgico final da ulceração depende do nível de demarcação do tecido perfundido. Essa demarcação pode levar de semanas a meses para chegar a um estágio final - LESÃO NÃO CONGELANTE: é devida a comprometimento do endotélio microvascular, a estase e a oclusão vascular. O termo pé (ou mão) de trincheira ou de imersão descreve um tipo de lesão não congelante que pode acometer as mãos ou os pés, que afeta tipicamente soldados, marinheiros ou pescadores, e que resulta da exposição crônica a ambiente úmido e a temperaturas pouco acima do ponto de congelamento, ou seja, 1,6°C a 10°C. Embora o pé inteiro possa parecer preto, pode não haver destruição de tecidos profundos - Quadro evolui através da alternância de vasoespasmo e de vasodilatação arterial,com tecidos inicialmente frios e anestesiados e evoluem para a hiperemia em 24 a 48 horas - Podem surgir complicações de infecção local, como celulite, linfangite ou gangrena. Bons cuidados higiênicos locais podem evitar a ocorrência da maioria dessas lesões Tratamento - Deve começar imediatamente para diminuir a duração do congelamento do tecido. Não tentar reaquecer se houver risco de congelamento - Deve substituir roupas úmidas e constritiva por cobertores quentes e dar fluidos quentes pela boca, se possível - Coloque a parte lesada em água circulante a uma temperatura constante de 40 ° C até a cor rosa e o retorno da perfusão (geralmente em 20 a 30 minutos) - Calor seco excessivo pode causar queimaduras, pois o membro geralmente está insensível. Não esfregue nem massageie a área - O reaquecimento pode ser extremamente doloroso e os analgésicos adequados (narcóticos intravenosos) são essenciais - O aquecimento de grandes áreas pode resultar em síndrome de reperfusão, com acidose, hipercalemia e edema local; portanto, monitore o estado cardíaco do paciente e a perfusão periférica durante o reaquecimento Ádila Cristie Matos Martins UCXIX Aula 2, HABILIDADES CIRÚRGICAS II t LESÃO PELO FRIO: HIPOTERMIA - Pacientes com trauma são suscetíveis à hipotermia e qualquer grau de hipotermia pode ser prejudicial. Hipotermia é qualquer temperatura central abaixo de 36 ° C, e hipotermia grave é qualquer temperatura central abaixo de 32 ° C - Perda adicional de temperatura central pode ser limitada pela administração apenas de fluidos intravenosos e sangue aquecido, expondo criteriosamente o paciente e mantendo um ambiente aquecido REFERÊNCIA: ATLS Tenth Edition - Advenced Trauma Life Suport (cap. 9 — Thermal Injuries)
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