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ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

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ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Assunção de Dívida é o negócio jurídico que traduz a transferência de um débito a uma terceira pessoa que assume o polo passivo da relação jurídica obrigacional se obrigando perante o credor a cumprir a prestação devida. Solvência do novo devedor ao tempo da realização do negócio jurídico. Não considerava especificamente o código civil de 1916 a assunção de dívidas ou de obrigações que alguns chamam de cessão de dívida, embora a viabilização exsurgia da abertura que ensejava o então art. 1078, que estendia as disposições sobre a cessão de credito a cessão de outros direitos para os quais não houve modo especial de transparência. O assunto conta previsto em outra legislação como nas da Alemanha e da Suíça. O atual código civil trata da espécie nos art. 299 a 303. 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
A exceção a esta exigência de assentimento do credor é a da dívida imobiliária, no art. 303. Por questão de política legislativa, a fim de facilitar a compra do imóvel, presume-se seu consentimento. Não é nem um comportamento tácito, é ficto, basta a passagem do tempo. Importante mencionar o único caso em que se admite a aceitação tácita do credor, caso este que está disposto no artigo 303 do atual Código Civil.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
Com a assunção de dívida, muda o devedor, não o credor. O efeito básico é haver novo devedor. A dívida é a mesma, o devedor é diferente. A extensão da obrigação do novo devedor é a mesma, com as mesmas contingências. Distingue-se em tudo isto a assunção de dívida da novação, que cria nova dívida. O credor deve manifestar concordância expressa. Mudar o devedor afeta as chances de que o pagamento se realize; o novo devedor pode ganhar menos ou ter menos bens. A fim de satisfazer o interesse do credor em quitar a dívida, exige-se sua concordância. 
Venosa (2012) menciona que a primeira noção a ser enfocada é que a assunção de dívida não pode ocorrer sem a concordância do credor. Isso se dá porque o credor possui como garantia de adimplemento da obrigação o patrimônio do devedor. Desse modo, a figura do devedor é importante ao credor. Assim como o credor não é obrigado a receber coisa diversa do objeto da obrigação, ainda que mais valiosa, conforme prevê o artigo 313 do atual Código Civil, o credor não está obrigado a aceitar outro devedor, ainda que mais valioso. (VENOSA, 2012, p. 148). No direito antigo, dominava o entendimento de que, pela substituição de devedor, ocorria a extinção de vinculo obrigacional, criando-se outro, ou operando-se a novação. Aparecia uma nova obrigação o que não condiz com a realidade, porquanto é ela o que não condiz com a realidade, porquanto é ela mantida, dando-se somente a troca do polo passivo. 
Em doutrina, sempre se defendeu a espécie, lembrando Orlando Gomes, em Obrigações (4° ed, 1976, p. 276): “A liberdade de contratar é reconhecida e assegurada com limitações que se restringem praticamente á intangibilidade da ordem pública e dos bons costumes. Consequentemente, não há obstáculos legal a live pactuação de negócio que tenha por fim a sucessão singular na dívida, sem novação. A matéria, como admite o próprio. De Gaspareli, é eminentemente privada. Basta, pois, que as partes, ao estipularem uma delegação, ou expromissão, regulem seus efeitos de modo a retirar do negócio qualquer sentido novatorio”. Há uma exceção a esta exceção. Na lei 8.004/90, exige-se aquiescência expressa do agente financeiro do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) a fim de verificar se o assuntor, novo devedor, se adequa. Lei 8.004/90. Art. 3º. A critério da instituição financiadora, as transferências poderão ser efetuadas mediante assunção, pelo novo mutuário, do saldo devedor (…)
O conflito destas leis se resolve pela especialidade. A L8004 é especial em relação ao art. 303 do CC, que é especial em relação ao 299. O art. 299 do Código Civil coloca a figura nas linhas acima, com acréscimo de se invalidar a assunção, embora o consentimento do credor, se o assunto era insolvente, e aquele desconhecia estas circunstancias. “E” facultado ao terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. ” Como se percebe, impende a condição do consentimento expresso do criador para exonerar o anterior devedor. Todavia, não se impede que permaneça o devedor originário vinculado a obrigação. Não haveria, no caso, propriamente a substituição de devedor, mas o comparecimento solidário de outro devedor. 
	Revela certa importância o instituto, com ocorrências praticas, citando Selvio de Salvo Venosa, um exemplo (Direito Civil – Teoria Geral das obrigações e Teoria Geral dos contratos, ob. Cit., P.339). “Alguém por exemplo, adquire um estabelecimento comercia, mas deseja-o isento de dividas. O devedor apresenta um terceiro, estranho ao negócio, que assume as dívidas do estabelecimento. Em todo o caso, o que é peculiar a esse negócio é o fato de um terceiro assumir uma dívida que originalmente não foi contraída por ele. O terceiro (assuntor) obriga-se pela dívida. A obrigação, como na cessão, mante-se inalterada”. 
	Na promessa de compra e venda, uma terceira pessoa se compromete em pagar as prestações em favor de outras, para quem vai o imóvel. Igualmente no contrato de arrendamento mercantil, de compra e venda com alienação fiduciário, como encarregado de pagar. Ainda, vale dizer que, no que tange às garantias reais prestadas pelo próprio devedor originário, estas não são atingidas pela assunção e, portanto, continuam válidas, salvo se o credor abrir mão delas expressamente. (MALUF & MONTEIRO, 2012, p. 284)
Por fim, ressalta-se que, feita a transferência da dívida, exceto com a manifestação expressa dos garantidores primitivos, o fiador e o terceiro hipotecante ficam exonerados.
Espécies
Há duas espécies de assunção de dívida, podendo dar-se por acordo em terceiro e credor e, também, por acordo entre terceiro e devedor. Na primeira hipótese é denominada expromissão, que vem aquele a que se realiza através de um contrato entre o credor e um terceiro individuo, o qual assume a posição de novo devedor, sem exigir-se a aquiescência do devedor originário 
 Enquanto que a segunda é chamada de delegação. Luis Roldão de Freitas Gomes, em valiosa nografia sobre a matéria, apresenta uma classificação na sucessão de dividas: “ A sucessão pode ser causa mortis ou Inter vivos, universal ou a título particular. A primeira consoante ainda a precisa conceituação de Niccola, esta ligada ao pressuposto de fato morte de uma pessoa física e, de um modo mais geral ao pressuposto da extinção de um sujeito. A segunda (Inter vivos), prossegue o jurista italiano, prescinde da extinção de um sujeito e deve necessariamente pressupor um ato de disposição da parte do titular ou eventualmente de um outro sujeito e correlativamente um ato de vontade do adquirente. Tendo em vista o interesse moral do devedor em pagar a dívida e não havendo disposição legal acerca disso, a doutrina majoritária acredita poder ele opor-se à assunção com terceiro. O caso é que, tratando-se de um benefício ao próprio devedor, não é preciso seu consentimento expresso, podendo ser tácito.
	A sucessão causa mortis pode ser a título universal (sucessão hereditária) ou particular (legado) ao passo que a Inter vivos ocorre, de ordinário, a título singular”. Na transmissão de bens, cessão de crédito, nos contratos, sendo proibidos os pactos sucessórios sobre herança de pessoa viva- art. 426 do Código Civil - pois são nulos de pleno direito. A sucessão mortis causa pressupõe a morte, que se prova com o registrodo óbito, consoante dispõe o artigo 9º, I do Código Civil Brasileiro. Na lição de Pontes de Miranda: “A morte só se refere a pessoas físicas. Não há morte das pessoas jurídicas: há extinção”.
Há outras duas formas como Expromitente constitui mais um favor que um estranho faz em benefício de um devedor, mas ás vezes para liberar de uma restrição o bem que adquire. De outro lado, está a delegação, que é aquela que se ostenta mediante um acordo celebrado entre o devedor originário. A delegação pode ocorrer devido a uma relação entre os devedores ou a um negócio jurídico que justifique assunção; por exemplo, a cláusula de um contrato de compra e venda que exige, como parte do pagamento, que o comprador assuma tal dívida. Para que isso aconteça, é preciso da devida anuência do credor. O devedor-cedente é denominado de delegante, o terceiro-cessionário é chamado de delegado e, por fim, o credor, delegatário.
Liberatória e simples
Liberatória e a simples são formas de assunção. Liberatória é a assunção de dívida por excelência. O efeito fundamental da assunção é de liberar o antigo devedor. Tanto que o regramento da assunção, dos arts. 299 a 303, presumem que esta seja liberatória. Sob esta forma, que também é chamada privativa, o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao antigo devedor (art. 302) e as garantias especiais se extinguem, a menos que o antigo devedor disponha expressamente em contrário (art. 300). Já a forma simples não libera o antigo devedor — apenas acrescenta o novo. Criam-se co-devedores.
 É mais um reforço de garantia do que assunção de dívida, por assim dizer.
Através do presente trabalho, pode-se estudar a assunção de dívida, que é uma forma de transmissão de obrigações. A assunção de dívida ou cessão de débito é o negócio jurídico pelo qual o devedor antigo cede lugar ao novo, que assume a posição daquele, responsabilizando-se pela dívida, que não é extinta.
Como visto, a assunção de dívida é a transmissão de obrigações em que terceiro substitui o devedor originário na relação. Para a constituição da obrigação, é necessária a anuência expressa do credor e implica a liberação do devedor primitivo de suas obrigações. (COELHO, 2010, p. 115)
Referências
BRASIL. Código Civil Brasileiro – Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento nº 70050490275, Décima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, julgado em 28 de novembro de 2012.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. v.2. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. (Coleção Direito Civil)

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