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Etapas da Investigação Científica

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AS ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO
1 PERGUNTA DE PARTIDA
Elementos desta etapa
- Escolha do tema;
- Formulação da pergunta inicial;
- Definiçao dos objectivos epistemológicos ou científicos do estudo: o que quero saber;
- Definição dos objectivos sociais do estudo: para que serve
Como se chega a uma pergunta inicial
- Por escolha;
- Por curiosidade;
- Porque se tem contacto com um problema;
- Por necessidade ou interesse profissional por encomenda ou pedido expresso;
- Por motivos científicos
Esta etapa define o tema, o sentido, os motivos e os objectivos da investigação que se pretende fazer.
Constitui normalmente um primeiro meio para pôr em prática uma das dimensões essenciais do processo científico: a ruptura com os preconceitos e as noções prévias.
Com esta pergunta, o investigador tenta exprimir o mais exactamente possível aquilo que procura saber elucidar, compreender melhor. A pergunta de partida servirá de primeiro fio condutor da investigação.
Para desempenhar correctamente a sua função, a pergunta de pasrtida deve apresentar qualidades de clareza, de exequibilidade e de pertinência
· Qualidades de clareza: dizem respeito à precisão e à concisão do modo de formular a pergunta de partida.
· Qualidades de exequibilidade: As qualidades de exequibilidade estão essencialmente ligadas ao carácter realista ou irrealista do trabalho que a pergunta deixa entrever.
· Qualidades de pertinência: As qualidades de pertinência dizem respeito ao registo em que se enquadra a pergunta de partida
2 EXPLORAÇÃO
Nesta etapa, aprofundamos o conhecimento de que dispomos sobre o assunto que queremos investigar, através de leituras e entrevistas e contactos exploratórios.
1 Leituras
O principal objectivo da leitura é retirar dela ideias para o nosso próprio trabalho. Isto implica que o leitor seja capaz de fazer surgir essas ideias, de as compreender em profundidade e de as articular entre si de forma coerente.
A escolha das leituras deve ser feita em função de critérios bem precisos: ligações com a pergunta de partida, dimensão razoável do programa, elementos de análise e de interpretação, abordagens diversificadas, períodos de tempo consagrados à reflexão pessoal e às trocas de pontos de vista. Além disso, a leitura propriamente dita deve ser efectuada com a ajuda de uma grelha de leitura adequada aos objectivos pretendidos.
Fazer o resumo de um texto consiste em destacar as suas principais ideias e articulações, de modo a fazer surgir a unidade do pensamento do autor. É o objectivo principal das leituras exploratórias, sendo portanto, o resultado normal do trabalho dos leitores.
2 As entrevistas exploratórias
São entrevistas que se realizam com pessoas que, por via profissional, ou por via académica, sejam especialistas no nosso tema de estudo e nos possam fornecer: dados e ideias que nos permitam uma melhor compreensão do problema que queremos estudar; pistas para leituras relevantes; outros contactos interessantes.
As entrevistas contribuem para descobrir os aspectos a ter em conta e alargam ou rectificam o campo de investigação das leituras.
As entrevistas exploratórias têm, portanto, como função principal revelar determinados aspectos do fenómeno estudado em que o investigador não teria espontaneamente pensado por si mesmo e, assim, completar as pistas de trabalho sugeridas pelas suas leituras.
Os principais traços da atitude a adoptar ao longo de uma entrevista exploratória, são:
- fazer o mínimo de perguntas possível;
- intervir da forma mais aberta possível;
- abster-se de se implicar a si mesmo no conteúdo;
- procurar que a entrevista se desenrole num ambiente e num contexto adequados;
- gravar as entrevistas
3 A PROBLEMÁTICA
Nesta etapa, teorizamos o problema a investigar, ou seja, construímos um quadro teórico que incorpora o conhecimento científico já existente sobre o assunto que estamos a investigar, ou seja, percebemos o que está em jogo, do ponto de vista das teorias existentes.
A problemática é a compreensão e explicação teóricas que vão orientar a pesquisa. É o conjunto de conceitos e teses que vao ser usados na produção e análise de dados. É um nível mais elaborado de tentativa de explicação ou compreensão do problema a investigar.
A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos o problema formulado pela pergunta de partida. É uma maneira de interrogar os fenómenos estudados. Constitui uma etapa-charneira da investigação, entre a ruptura e a construção.
A elaboração de uma problemática é uma operação frequentemente realizada em dois momentos. 
Num primeiro momento faz-se o balanço das problemáticas possíveis, elucidam-se e comparam-se as suas características. Para esse efeito, parte-se dos resultados do trabalho exploratório. Com a ajuda de pontos de referência fornecidos pelas aulas teóricas que subtendem as abordagens encontradas e podem descobrir-se outras.
Num segundo momento escolhe-se e explicita-se a sua própria problemática com conhecimento de causa
4 A CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE
Nesta etapa definem-se as hipóteses do estudo, ou seja, respostas prováveis à pergunta inicial; e o conjunto de aspectos concretos da realidade que pretendemos estudar, ou seja, as variáveis (características dos sujeitos do estudo que vão ser observadas e que, como o nome indica, são passíveis de variar, ou seja, de assumir vários valores ou categorias.
O modelo de análise é o prolongamento natural da problemática, articulando-se de forma operacional os marcos e as pistas que serão finalmente retidos para orientar o trabalho de observação e de análise. É composto por conceitos e hipóteses estreitamente articulados entre si para, em conjunto, formarem um quadro de análise coerente.
As hipóteses são respostas prováveis e provisórias à pergunta ou perguntas iniciais. São suspeitas que temos sobre possíveis respostas às nossas perguntas; são estabelecidas a partir da problemática teórica e da criatividade do investigador.
As hipóteses funcionam como linhas condutoras da investigação na medida em que nos levam a procurar certo tipo de dados variáveis e a elaborar afirmações sobre possíveis relações entre eles.
Uma hipótese é uma proposição que prevê uma relação entre dois termos que, segundo os casos, podem ser conceitos ou fenómenos. É, portanto, uma proposição provisória, uma suposição que deve ser verificada. 
Para poder ser objecto desta verificação empírica, uma hipótese deve ser refutável. Isto significa, em primeiro lugar, que ela deve poder ser testada indefinitivamente e ter, portanto, um carácter de generalidade.
A hipótese fornece à investigação um fio condutor particularmente eficaz que, a partir do momento em que ela é formulada, substitui nessa função a questão da pesquisa, mesmo que esta deva permanecer presente na nossa mente.
A hipótese fornece o critério para selecionar, de entre a infinidade de dados que um investigador pode, em princípio, recolher sobre um determinado assunto, os dados ditos “pertinentes”
5 A OBSERVAÇÃO 
A observação compreende o conjunto das operações través das quais o modelo de análise é confrontado com dados observáveis. Conceber esta etapa de observação equivale a responder às três perguntas seguintes: observar o quê?; em quem?; como?
Observar o quê: Os dados a reunir são aqueles que são úteis à verificação das hipóteses. São determinados pelos indicadores das variáveis. Chamam-se dados pertinentes.
Observar em quem? Trata-se, depois, de circunscrever o campo das análises empíricas no espaço geográfico e social, bem como no tempo.
Observar como? Esta terceira pergunta incide sobre os instrumentos da observação e a recolha dos dados propriamente dita. A observação compõe-se, com efeito, de três operações:
1 Conceber o instrumento capaz de fornecer as informações adequadas e necessárias para testas as hipóteses, por exemplo, um questionário de inquérito, um guia de entrevista ou uma grelha de observação directa;
2 Testar o instrumento de observação antes de o utilizar sistematicamente, de modo a assegurar-se deque o seu grau de adequação e de precisão é suficiente;
3 Aplicá-lo sistematicamente e proceder, assim, à recolha dos dados pertinentes.
Principais etapas da realização de uma observação:
- Relação do observador com o meio a observar;
- A entrada no meio;
- Instalar-se no meio;
- Desenvolver relações;
- Recolha de dados;
- A redacção das notas;
- A apresentação dos resultaods
6 A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
A análise das informações é a etapa que trata a informação obtida através da observação para a apresentar de forma a poder comparar os resultados observados com os esperados a partir da hipótese.
A primeira operação consiste em descrever os dados. Isso equivale, por um lado, a apresenta-los na forma exigida pelas variáveis implicadas nas hipóteses e, por outro lado, a apresentá-los de maneira que as características destas variáveis sejam claramente evidenciadas pela descrição.
A segunda operação consiste em medir as relações entre as variáveis, em conformidade com a forma como essas relações foram previstas pelas hipóteses.
A terceira operação consiste em comparar as relações observadas com as relações teoricamente esperadas a partir da hipótese e em medir a diferença entre as suas. Se esta for nula ou muito fraca, podemos concluir que a hipótese é confirmada, se não, será necessário procurar a origem da discrepância e tirar as conclusões apropriadas.
7 CONCLUSÕES
Nesta etapa final, realiza-se uma interpretação dos dados recolhidos e tratados, à luz do quadro teórico do estudo, confirmando ou informando as hipóteses do estudo (se as houver), sublinhando as conclusões centrais do estudo e as descobertas que foram feitas.

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