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@resumosdamed_ 1 NEUROPATIAS DIABÉTICA E ALCÓOLICA CARACTERIZAR A FISIOPATOLOGIA DAS NEUROPATIAS DIABÉTICA (VIA DO SORBITOL E DO ÓXIDO NÍTRICO) E DO ÁLCOOL (TOXICIDADE DIRETA DO ACETALDEÍDO E PELA DEFICIÊNCIA DAS VITAMINAS B1 E B12): NEUROPATIA DIABÉTICA: O tecido nervoso é altamente vulnerável a doenças que acometem a capacidade do organismo em transformar nutrientes em energia ou excreção de substâncias tóxicas. A diabetes mellitus é caracterizada por níveis crônicos elevados de glicose no sangue, sendo uma das causas de neuropatia periférica, no qual cerca de 60-70% dos pacientes diabéticos apresentam formas leves a moderadas de neuropatia. O termo neuropatia diabética inclui um grupo diverso de síndromes com alta prevalência em pacientes diabéticos. A condição é um importante problema de saúde pública, pois é a complicação microvascular mais frequente do diabetes mellitus. O marco estrutural da neuropatia diabética pode ser considerado como sendo a atrofia e a perda de fibras mielinizadas e não-mielinizadas, acompanhadas de degeneração walleriana, desmielinização paranodal e segmentar, associada a uma fraca resposta regenerativa. A diminuição do potencial de equilíbrio da membrana axonal é causada pelo mau funcionamento da bomba de sódio/potássio, que leva ao acúmulo de sódio no axônio. A diminuição da permeabilidade da membrana ao sódio tem como base morfológica uma anormalidade no complexo juncional axonoglial paranodal. Acredita-se que a junção axonoglial impeça a migração lateral dos canais de sódio nodais para dentro do internodo, no qual perderiam sua função sobre a permeabilidade da membrana. O padrão de acometimento neural mais comum é, por isso, compatível com uma degeneração axonal distal retrógrada que afeta preferencialmente as fibras mais lonas. Os mecanismos que levam a essas lesões não são totalmente compreendidos, mas há evidências da participação de duas vias principais, a metabólica e a isquêmica, com mútua inter-relação entre elas. VIA METABÓLICA – HIPÓTESE POLIOL: É o mecanismo metabólico mais largamente citado envolvido na neuropatia diabética. A glicose penetra em níveis anormalmente altos @resumosdamed_ 2 dentro dos nervos periféricos e é convertida em sorbitol pela enzima aldose redutase presente, normalmente, no axonoplasma. O acúmulo de sorbitol intracelular provoca diminuição do transporte ativo de vários metabólitos, entre eles, o mio-inositol, que, diminuído, altera os mecanismos de regulação intracelular. Dessa forma, reduzindo a atividade da enzima sódio-potássio-ATPase, que, por sua vez, reduz a atividade da bomba Na/K, com o consequente acúmulo de sódio intracelular e alterações do potencial de repouso da membrana. Essas anormalidades diminuem a velocidade de condução neural e produzem as primeiras e reversíveis alterações estruturais nos nodos de Ranvier. A via pólio provê ainda um mecanismo adicional de glicotoxicidade microvascular no nervo periférico: o acúmulo de sorbitol no endotélio endoneural e o subsequente edema podem, diretamente, alterar a produção de prostaciclina e comprometer a difusão do 02. Além disso, a aldose redutase compete com a enzima óxido nítrico sintetase pelo NADPH, diminuindo, assim, a produção desse potente vasodilatador. VIA ISQUÊMICA: A hipóxia generalizada do nervo tem sido proposta como mecanismo, baseado na demonstração de redução do fluxo sanguíneo, aumento da resistência vascular e diminuição da tensão de O2 de nervos anestesiados de ratos diabéticos crônicos. Poucas dúvidas existem de que a isquemia contribui para o surgimento da síndrome neuropática focal aguda. Numerosas anormalidades microvasculares endoneurais têm sido observadas, incluindo espessamento e duplicação da membrana basal, inchaço e proliferação da célula endotelial, proliferação da célula muscular lista intimal e trombo plaquetário oclusivo. NEUROPATIA ALCÓOLICA: Há controvérsias quanto à etiologia de tal condição, quer seja por efeito direto do álcool ou secundário às deficiências nutricionais. O processo patogênico principal é a degeneração axonal, podendo haver também desmielinização secundária à degeneração axonal ou às deficiências nutricionais concomitantes. Há 4 fatores relacionados com PN etílico-carencial: 1. Redução da ingestão de vitaminas: desinteresse do alcoólatra de alimentar-se corretamente. 2. Má absorção devido à ação lesional do álcool sobre o pâncreas. 3. Aumento da necessidade de tiamina. 4. Interferência do álcool no intestino ou no sangue no processo de absorção da tiamina. A neuropatia alcoólica manifesta-se como polineuropatia sensitivo-motora, distal e simétrica, de início gradual. EXPLICAR AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS QUE PODEM OCORRER NAS NEUROPATIAS PERIFÉRICAS. O quadro clínico das neuropatias periféricas possui algumas manifestações clínicas que variam muito. Algumas manifestações clínicas podem ter diversas combinações quanto à presença e à intensidade dos sintomas e sinais sensitivos, autonômicos e motores, seguindo a fibra que é acometida. Alguns parâmetros devem ser considerados na avaliação e na classificação das NP, dentre eles, destacam-se: 1. a velocidade de instalação que pode ser classificada como aguda, subaguda e crônica; 2. o tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, autonômica ou mista. o Isso vai revelar quais são as possíveis complicações: caso um indivíduo tenha a fibra nervosa motora prejudicada, o paciente @resumosdamed_ 3 poderá apresentar dores musculares, alterações dos reflexos osteotendíneos, dentre outros. Além disso, o paciente pode ter mais de uma fibra acometida, no caso das fibras mistas. 3. O tamanho da fibra nervosa envolvida: grossa, fina ou mista. o Os sinais e sintomas poderão revelar qual tipo de fibra foi acometido: as fibras grossas irão causar problemas na sensibilidade vibratória, no tato de pressão (protopático) e até mesmo na propriocepção. Já as fibras finas, terão comprometimento, principalmente, da dor e da temperatura. 4. Ademais, outro parâmetro a ser considerado é a distribuição, sendo proximal, distal e difusa – tal fato irá determinar o local onde a fibra será comprometida. 5. Outro parâmetro é o padrão de acometimento nervoso, podendo ser mononeuropatia, mononeuropatia múltipla, polineuropatia. o A síndrome mais comum é a polineuropatia simétrica distal, que é uma neuropatia sensorial e motora da distribuição “luva e meia” com manifestações sensoriais como dormência e disestesia, mas também com manifestações dolorosas ou “positivas” à acomete principalmente os nervos mais longos, localizados nas pernas e nos pês, causando dores, formigamentos ou queimação nas pernas. Tende a ser pior a noite. o O último fator é a patologia, que pode ser classificada quanto a degeneração axonal, desmielinização segmentar ou mista. Na degeneração axonal não há modificações que indiquem degeneração dos axônios, tais como restos de mielina em células de Schwann ou macrófagos. Na desmielinização segmentar há acometimento interno isolado ou múltiplo da bainha de mielina. o Ao se avaliar o panorama clínico, nos pacientes em que a história e o exame neurológico sugerem o diagnóstico de NP, a confirmação pode ser realizada pelo exame de ENMG. Pode- se, então, classificar a distribuição do acometimento periférico, podendo ser mononeuropatia, mononeuropatia múltipla ou polineuropatia, tal como o tipo de acometimento fisiopatológico, seja ele axonal ou desmielinizante. A diabetes mellitus é uma das causas de neuropatia periférica. A associação americana de Diabetes propõe a seguinte classificação: Neuropatia subclínica: o Há alterações na velocidade da condução ou nervosa ou na amplitude do impulso, detectados por testes eletrodiagnosticos anormais, testes sensoriais quantitativos anormais de vibração, sensibilidade tátil, frio e calor, e por alterações autonômicas como diminuiçãoda variabilidade da frequência cardíaca com inspiração profunda, manobra de Valsalva e testes posturais acompanhandos de função sudorotora diminuída e aumento da latência da pupila Neuropatias focais: o Mononeurite: início rápido, associado a dor e autolimitada, com resolução em semanas. É devido à obstrução vascular que causa infarto de fascículos neuronais. Desenvolve-se quando o suprimento de sangue é interrompido devido ao entupimento do vaso que supre aquele nervo. o Sindrome de aprisionamento: tem um início lento, progridem e persistem sem intervenção. Alguns exemplos envolvem os nervos cranianos medianos, ulnares, radiais, femorais, laterais da coxa e os nervos plantares laterais e mediais peroneais. o Outra associação comum é a sindrome do túnel do carpo e diabetes mellitus. Neuropatia clínica difusa @resumosdamed_ 4 Neuropatia motora proximal (amiotrofia diabética): transtorno que afeta principalmente idosos, tem início gradual ou abrupto, começa com dor nas coxas, quadris ou nadegas, seguido de fraqueza nos músculos proximais dos membros inferiores, com incapacidade de subir da posição sentada inicialmente unilateral e se espalhando bilateralmente. Uma característica comum que pode ser apreciada é o aparecimento de fasciculações espontâneas ou percussivas. É importante verificar p tipo de fibra nervosa envolvida (as neuropatias periféricas podem ser sensitivas, motoras ou autonômicas) Neuropatia aguda por fibras pequenas: A dor subida é uma manifestação proeminente em alguns pacientes que também relatam parestesias. As vezes esses sintomas são descritos após o início do tratamento com insulina (neurite da insulina) Neuropatias por fibras pequenas crônicas Aparece após vários anos de evolução da diabetes mellitus, com dor que persiste por mais de seus meses, tornando-se debilitante. Nenhuma modalidade de tratamento geralmente é eficaz para controlá-la e a hiperglicemia contribui para a patogênese da dor. O mecanismo proposto é reduzir o limiar para o início da dor: exacerbam os sintomas após o inicio do tratamento e a administração intravenosa de insulina é uma medida eficaz para controlar a dor, Como o aparecimento dos sintomas resulta da disfunção nervosa, o desaparecimento da dor pode ser uma indicação e morte das fibras nervosas, em vez de recuperação funcional Neuropatia de fibras longas: Afeta igualmente as fibras motoras e sensoriais. As fibras longas desempenham papel motor, permitindo vibração (parestesia), sensação de posição (propriocepção) e termoalgesia Os pacientes podem descrever a sensação de andar no algodão”” sentir o chão estranho” ou incapacidade de executar movimentos finos ou discriminar características dos objetos (como distinguir moedas) Apresenta a distribuição em “luva e meia” com diferentes graus de simultaneidade e alteração de variedades sensoriais como apalestesia (perda do sentido das vibrações), anomalias de propriocepção, dor localizada “profundamente”, semelhante a beliscar ou como uma câimbra. Outras manifestações objetivas são reflexos tendinosos deprimidos, ataxia sensorial (marcha de pato), hipotrofia dos músculos dos pés e mãos com fraqueza distal das extremidades, bem como encurtamento do tendão de Aquiles causando pé equino, Neuropatias autonômicas As principais manifestações clínicas da disautonomia relacionadas ao diabetes mellitus são cardíacas, gastrointestinais e geniturinárias e podem aparecer logo após o diagnostico. A circulação direcionada a pele e anexos é funcionalmente anormal, resultando em formação de pele fria, anidrose e fissura. Esses pacientes, geralmente, aparentam ter mais idade do que a idade cronológica. O desenvolvimento de disautonomia é importante como fator prognostico devido o risco de insuficiência respiratória, infarto do miocárdio silencioso e morte subida. Os diabéticos, devido à secura, perda de turgor e de elasticidade da pele, apresentam pequenas fissuras cutâneas que a tornam vulnerável a microrganismos e invasão dos planos subjacentes. A isso se acrescenta a neuropatia periférica que, devido a distúrbios sensoriais, favorece o microtrauma. @resumosdamed_ 5 Pé diabético: distúrbio induzido por hiperglicemia sustentada, com ou sem coexistência de isquemia e, com ou sem evento traumático prévio, lesão e/ou ulceração do pé Macroangiopatia diabética: lesão ateromatosa Acometimento difuso: alterações na inervação autônoma cardíaca, devido alteração da microcirculação tenho como consequências a diminuição ou ausência de dor no IAM, hipotensão ortostática e variações na frequência cardíaca Retinopatia diabética: causa frequente de cegueira adquirida. A hiperglicemia crônica leva a alterações circulatórias como a perda do tônus vascular, alteração do fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade vascular e consequente extravasamento e edemas, e por fim, obstrução vascular que leva à neovascularização com vasos frágeis que se rompem, levando a hemorragias e descolamento da retina. TRATAMENTO DAS DORES NEUROPÁTICAS: ANTICONVULSIVANTES (FENITOÍNA, FENIBARBITAL, CARBAMAZEPINA, GABAPENTINA, PREGABALINA), ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS E ISRS/DUAIS, E OPIOIDES FORTES. O tratamento da dor deve ser multimodal, incluindo técnicas farmacologias e não farmacológicas. OBJETIVOS DO TRATAMENTO: • Diagnóstico acurado de dor neuropática, com a utilização de instrumentos; • Identificação e tratamento de outras doenças associadas que podem contribuir para a apresentação das manifestações clínicas da dor neuropática • Reconhecimento de outras morbidades que, com frequência, complicam a evolução clínica da dor neuropática, como depressão, ansiedade e distúrbios do sono • Melhora da relação médico-paciente, esclarecendo sobre doença, expectativas de resultado e efeitos colaterais • Orientação sobre as técnicas não farmacológicas, incluindo redução do estresse, melhora do sono e terapia física • Compreensão de diferenças nos efeitos farmacodinâmicos dos agentes • Avaliação da influência da cultura (hábito de exercício, dieta). Do uso de álcool ou fumo e da doença associada (obesidade, doença metabólica, insuficiência renal ou hepática) nos resultados do tratamento. • O tratamento da dor neuropática requer o emprego de fármacos que reduzam a hiperexcitabilidade neuronal através das seguintes ações: o - Bloqueio de canais de sódio e de cálcio; o - Aumento da transmissão gabaérgica; o - Inibição da liberação do glutamato; o - Inibição da formação do oxido nítrico; o - Aumento da ação serotoninérgica. A base do tratamento da dor neuropática envolve o uso de medicamentos antidepressivos tricíclicos e antiepilépticos na maioria dos casos, sendo opioides reservados somente a pacientes com dor refratários a eles. 1- Antidepressivos l ou antiepilépticos* 2- Antidepressivos l + Antiepilépticos* 3- Antidepressivos l + Antiepilépticos* + opioide forte *Fenitoina, carbamazepina, fenobarbital, gabapentina e pregabalina. I Triciclicos ou Dual/ISRS. @resumosdamed_ 6 FÁRMACOS DE PRIMEIRA LINHA Os antidepressivos tricíclicos são eficazes para vários tipos diferentes de dor neuropáticas. São indicados, assim como os inibidores seletivos de recaptação da serotonina e de noradrenalina (IRSN). Como fármacos de primeira linha, com recomendação A. Particularmente, a amitriptilina é eficaz para neuropatia diabética e neuralgia pos-herpetica e pode ser benéfica para outras síndromes dolorosas neuropáticas. As aminas secundarias (nortriptilina ou desipramina) causam menos efeitos adversos. Incluem boca seca, hipotensão ortostática, sonolência, taquicardia, constipação e retenção urinaria. A duloxetina e a venlafaxina são inibidores seletivos da recaptacao de serotonina e noradrenalina (ISRSN). Há menor efeito anticolinérgico e risco cardiovascular. A venlafaxina é eficaz na neuropatia periférica diabética dolorosa e nas polineuropatiasdolorosas de diferentes origens, mas não na neuralgia por-herpetica. A duloxetina é eficaz para neuropatia periférica diabética; náusea é o efeito colateral comum. Causa sonolência, tontura, fadiga, insônia, dor de cabeça, disfunção sexual e hipertensão arterial. Ligantes alfa2-delta do canal de cálcio (gabapentina e pregabalina). A gabapentina e a pregabalina tem sido bem utilizada na neuralgia pos- herpetica e na neuropatia diabética, aliviando a dor e são consideradas agentes de primeira linha no tratamento da dor neuropática. Agem em canais de cálcio dependentes de voltagem na subunidade alfa2-delta e inibem a liberação de neurotransmissores. A eficácia e a tolerabilidade da pregabalina parecem semelhantes às da gabapentina. O tempo necessário para se titular até uma dose total é menor que para gabapentina. Pode haver sonolência, tontura e sedação. ANTICONVULSIVANTES A carbamazepina está indicada, principalmente, no caso de dores localizadas na cabeça e no pescoço. É o fármaco de primeira linha para neuralgia do trigêmeo. Alguns autores, em estudos controlados, obtiveram analgesia com lamotrigna no tratamento da neuralgia pós-herpética e com oxicarbazepina em diversos tipos de dor neuropática. Outros anticonvulsivantes, como, por exemplo, ácido valproico e hidantoína, são pouco utilizados na prática clínica. O maior problema do emprego dos anticonvulsivantes é a tolerabilidade. Esses fármacos provocam sonolência, tontura, ataxia, distúrbios gastrintestinais, fadiga, anorexia, náuseas, vômitos, alterações cutâneas, disfunção cognitiva, hepática, cardíaca, renal e hematologia. MEDICAÇÃO OPIOIDE CRÔNICA O uso de opioides a longo prazo é aceito para os pacientes com dor causada por câncer. Embora o uso de opioide para dor crônica de origem não maligna seja controverso, está claro que, para muitos pacientes, os opioides são a única opção capaz de produzir alívio significante na dor. Isto é compreensível considerando que os opioides são mais potentes e apresentam eficácia mais abrangente do que todos os demais analgésicos. Embora a dependência seja rara nos pacientes que utilizam opioides pela primeira vez para alívio de dor, é provável que ocorra algum grau de tolerância e dependência física com o uso prolongado. Além disso, estudos em animais sugerem que a terapia em longo prazo com opioide agrave a dor em alguns indivíduos. Por conseguinte, antes de recorrer ao tratamento com opioides, outras opções devem ser exploradas, e suas limitações, bem @resumosdamed_ 7 como os riscos relacionados com seu uso, devem ser explicadas ao paciente. Também é importante assinalar que alguns analgésicos opioides apresentam propriedades agonistas-antagonistas mistas (p. ex., butorfanol e buprenorfina). Na prática, isso significa que podem agravar a dor ao induzir síndrome de abstinência em pacientes com dependência física a outros analgésicos opioides. Para o uso ambulatorial prolongado de opioides administrados por via oral, é desejável prescrever compostos de ação prolongada, como o levorfanol, a metadona, a morfina de liberação sustentada ou fentanil transdérmico. Os perfis farmacocinéticos dessas apresentações permitem a manutenção de níveis sanguíneos analgésicos sustentados, potencialmente minimizando efeitos colaterais, como a sedação, que estão associados a níveis plasmáticos elevados, e reduzindo a probabilidade de dor como efeito rebote associado à queda rápida na concentração plasmática do opioide. Não obstante os opioides de ação prolongada proporcionarem alívio superior da dor em pacientes com perfil de dor contínua, outros sofrem com dor episódica intensa e intermitente e evoluem com melhor controle da dor e menos efeitos colaterais com o uso periódico de analgésicos opioides de ação breve. A constipação intestinal é um efeito colateral praticamente universal dos opioides e deve ser tratado com conduta expectante. Como observado anteriormente na discussão sobre o tratamento da dor aguda, uma evolução recente favorável aos pacientes foi o desenvolvimento de antagonistas opioides de ação periférica capazes de reverter a constipação associada ao uso de opioide sem interferir com a analgesia. MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS Os antidepressivos tricíclicos (ADTs), particularmente amitriptilina, imipramina, nortriptilina e desipramina, são úteis no tratamento dos pacientes com dor crônica. Embora desenvolvidos para o tratamento da depressão, os ADTs possuem um espectro de atividades biológicas relacionadas com a dose que inclui a analgesia em uma variedade de distúrbios clínicos crônicos. Embora seu mecanismo seja desconhecido, o efeito analgésico dos ADTs tem início mais rápido e ocorre com doses mais baixas que as necessárias para o tratamento da depressão. Além disso, os pacientes com dor crônica que não estejam deprimidos obtêm alívio com antidepressivos. Há evidências de que os antidepressivos tricíclicos potencializam a analgesia dos opioides, por isso podem ser úteis como adjuvantes no tratamento da dor intensa e persistente, como a que ocorre na presença de tumores malignos. Os ADTs são particularmente úteis no tratamento das dores neuropáticas, como na neuropatia diabética e na neuralgia pós-herpética, para as quais existem poucas opções terapêuticas. Os ADTs que demonstraram efeito de alívio de dor apresentam efeitos colaterais significativos. Alguns desses efeitos, como hipotensão ortostática, sonolência, retardo da condução cardíaca, perda de memória, constipação intestinal e retenção urinária, são particularmente problemáticos em pacientes idosos, e vários são aditivos aos efeitos colaterais dos analgésicos opioides. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, como a fluoxetina, apresentam efeitos colaterais menos numerosos e menos graves que os ADTs; todavia, são muito menos eficazes no alívio da dor. É interessante assinalar que a venlafaxina e a duloxetina, antidepressivos não tricíclicos que bloqueiam a recaptação de serotonina e norepinefrina, parecem manter a maior parte do efeito analgésico dos ADTs, com um perfil de efeitos colaterais mais parecido com o dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Esses fármacos podem ser particularmente úteis para pacientes que não tolerem os efeitos colaterais dos ADTs. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Medicina Interna de Harrison 2o volume. 2. Bases patológicas das doenças de Robbins e Cotran 9ª edição. 3. https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala- aula/5daaa73e4340d20011fb2817/5daaa6e1132ed4001119e97d/docu mento/5ec56cd8319ff0001cb17013
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