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Módulo Dor PROBLEMA 3: NÃO ME TOQUE!! 1- Caracterizar a dor profunda. (aspectos clínicos) Classificação quanto a região de onde provem: A dor pode ser somática ou visceral: Somática (os estímulos que vão produzir a sensação de dor provêm da periferia do corpo (pele, músculos, periósteo, articulações)). A dor somática pode ser: Superficial: apresenta uma instalação aguda e imediata. Além disso, a dor superficial (dor cutânea) como pequena ferida ou queimaduras de primeiro grau ocorre ao nível da pele ou membranas mucosas. Profunda: tem tendência a ser uma dor inicialmente silenciosa. É uma dor causada, por exemplo, por rupturas, fraturas ósseas e ocorre ao nível dos músculos ossos, articulações, ligamento, tendões ou vasos sanguíneos. 2-Explicar a fisiopatologia, epidemiologia, etiologia, manifestações clinicas, diagnóstico e tratamento da fibromialgia. (Sono) A síndrome fibromiálgica é uma condição dolorosa crônica (superior a 3 meses) difusa do sistema musculoesquelético, não articular, caracterizado pela presença de dor à palpação em locais predeterminados, denominados de pontos dolorosos. Geralmente está associado à fadiga persistente, distúrbios do sono, cefaleia, parestesias, síndrome do cólon irritável e alterações de humor (ansiedade/depressão). EPIDEMIOLOGIA Estima-se que a prevalência da fibromialgia na população geral gire em torno de 2-3%. A proporção feminino/masculino chega a 9:1. A doença é mais comum em mulheres com idade entre 35-55 anos, as quais respondem por cerca de 80% dos casos. FISIOPATOLOGIA A etiologia e a patogênese da fibromialgia são largamente desconhecidas. Acredita-se que sua origem seja multifatorial, com predisposição poligênica. Alguns pacientes abrem o quadro após um nítido fator precipitante, como infecção viral, trauma físico ou estresse emocional. Algumas teorias tentam justificar o aparecimento dessa doença, como: 1. Alterações musculares Discretas alterações histológicas podem ser encontradas na biopsia muscular dos portadores de fibromialgia, porem as mesmas alterações são observadas em indivíduos sedentários e assintomáticos. Portanto, é possível que essas lesões justifiquem a típica mialgia esforço-induzida que os fibromiálgicos apresentam. Observa-se nesses pacientes uma atrofia muscular das fibras tipo II, presença de fibras reticulares, edema focal, aumento do numero de mitocôndrias. Esses achados são consequentes da redução da microcirculação local, que acarreta hipóxia das fibras musculares, culminando com a redução do teor energético do tecido muscular. 2. Distúrbios do sono O principal distúrbio do sono encontrado nesses pacientes é o do sono não repousante. Nesses pacientes vamos ter uma redução da eficiência do sono com aumento do numero de microdespertares, diminuição da quantidade do sono de ondas lentas com intrusão anormal de ondas alfa nas fases de sono profundo, o que caracteristicamente é denominado padrão alfa-delta de sono. O sono de má qualidade influi negativamente no desempenho muscular e na disposição física. 3. Alterações corticais Foi demonstrado um hipofluxo sanguíneo no tálamo e outras estruturas implicadas na modulação central da dor. Esse fator pode colaborar com a percepção amplificada das sensações, inclusive dolorosa. 4. Alterações neuro-hormonais Observou níveis reduzidos de cortisol livre urinário e uma fraca resposta do cortisol à estimulação com ACTH, sugerindo um possível defeito no eixo hipotálamo-adrenal como parte dos mecanismos fisiopatológicos. 5. Neurotransmissores Podemos, portanto, compreender a fibromialgia como um distúrbio de neurotransmissores. Sabe-se que a diminuição de serotonina faz aumentar no sistema nervoso central, os níveis de substancia P, um neurotransmissor importante para a sensibilidade dolorosa. Nos distúrbios do sono, na depressão e na fibromialgia existe uma provável alteração de neurotransmissores no SNC com redução dos níveis de serotonina e aumento da concentração de substancia P, levando a um estado de hiperexcitabilidade à dor. Isso porque essa substancia P reduz o limiar de excitabilidade sináptica, resultando em ativação de sinapses normalmente silenciosas, sensibilizando os neurônios espinais de segunda ordem. A hiperalgesia é caracterizada pela sensibilidade central, que depende, em parte, da ativação dos receptores NMDA e da liberação de sP pelos aferentes nocicetivos primários na medula espinal. Além disso, unidades neuronais sensitivas no tronco encefálico e no tálamo e córtex vertebral são também ativados e sensibilizados. Esse mecanismo fisiopatológico explicaria a cefaleia tensional, bastante comum nesses pacientes. Portanto, concluímos que não existe apenas um evento que cause a fibromialgia. Pelo contrario, fatores físicos e emocionais podem dar inicio ou agravar os sintomas já existentes. Quadros infeccioso como doenças virais ou traumatismos físicos está entre possíveis desencadeantes. QUADRO CLÍNICO A dor crônica generalizada é o principal sintoma da fibromialgia. Pode ser moderada ou intensa. É referida nos músculos, ligamentos e tendões de varias regiões do corpo. A fadiga generalizada é traduzida por sensação de falta de energia, exaustão, fatigabilidade durante a execução de exercícios físicos triviais, esforço mental e mediante estressores psicológicos. Cefaleia é outra queixa muito comum. Pode ser do tipo enxaqueca, tensional ou mista. Parestesias e adormecimento, principalmente nas extremidades e, às vezes, no couro cabeludo. Dificuldade para a instalação do sono, despertares frequentes durante a noite, dificuldade para retomada do sono, sono agitado e superficial e despertar precoce. A síndrome do cólon irritável é caracterizada por dor e distensão abdominal e alteração do habito intestinal (obstipação, diarreia ou alternância) que melhoram com a evacuação. A depressão acompanha em até 60% dos casos de fibromialgia EXAME FÍSICO O exame físico tem dois objetivos básicos: Afastar outras doenças reumáticas; Revelar a presença de tender points. Na fibromialgia não há sinais de sinovite, tenossinovite ou tendinite no exame. A força muscular esta normal e o exame de sensibilidade e reflexos tendinosos não revela alterações sugestivas de neuropatia periférica ou radiculopatia. A única alteração no exame físico é a presença dos tender points. Esses são pontos bastante sensíveis À digitopressão, quando comparados om outros pontos do corpo. A palpação desses pontos deve ser feita com a polpa do polegar, com força suficiente para alterar a coloração da unha de rosa para branca, e caracteristicamente desencadeia uma dor intensa de origem muscular ou aponeurotica. São descritos 18 tender points, a saber: região suboccipital (1) cervical lateral; (2) ponto médio da borda superior do trapézio; (3) região supraescapular; (4) junção condrocostal da 2ª costela; (5) epicôndilo lateral (6) região glútea laterossuperior; (7) região do trocânter maior; (8) região medial acima do joelho; (9) o comprometimento é sempre bilateral, por isso são 9 x 2 = 18 pontos Outra característica no exame físico é o achado de “nódulos musculares”, que são pontos de consistência aumentada nos músculos, geralmente coincidentes com os tender points, em razão do espasmo muscular. Pode haver hipersensibilidade cutânea e hiperemia reativa ao estimulo cutâneo. DIAGNÓSTICO É importante saber que a fibromialgia não é um diagnostico de exclusão, ou seja, é comum que um paciente seja portador de determinada comorbidade (ex: doenças reumatologias crônicas) e também de fibromialgia. Existem critérios objetivos que auxiliam seureconhecimento clinico. Esses critérios visam aprimorar a capacidade de reconhecimento da doença por médicos não especialistas que atuam na atenção primaria. Exames laboratoriais e radiográficos devem ser solicitados de forma bastante criteriosa durante a investigação do paciente (isto é, de acordo com a suspeita clinica, do modo mais limitado possível) única e exclusivamente para a identificação de eventuais comorbidades associadas, que inclusive pode estar desencadeando a fibromialgia. Portanto, até o momento nenhum exame complementar confirma o diagnostico de fibromialgia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Algumas doenças podem se manifestar com quadros semelhantes À fibromialgia. Aquelas que mais podem ser confundidas com a fibromialgia são: artrite reumatoide, lúpus eritematoso, polimialgia reumática e hipotireoidismo. Todas podem se manifestar, inicialmente, com dor musculoesquelética generalizada. O exame minucioso das articulações e a solicitação de exames laboratoriais são fundamentais para afastar esse diagnostico. A presença de sinais flogisticos articulares e o achado de anemia de doença crônica e de aumento de VHS sugerem o diagnostico de uma doença reumática, que não a fibromialgia. Altos títulos de fator reumatoide e alterações nas mãos falam a favor de Artrite reumatoide. Altos títulos de Fator Antinuclear (FAN) e alterações cutâneas ou sistêmicas sugerem Lúpus eritematoso. O hipotireoidismo pode se manifestar com mialgia difusa, confundindo-se com fibromialgia. Por isso, a dosagem de hormônios tireoidianos deve ser feita de rotina em pacientes com sintomas fibromialgicos. TRATAMENTO Diferentes abordagens podem ser utilizadas devendo levar em conta as peculiaridades de cada paciente. Desta forma, os principais objetivos do tratamento da síndrome fibromialgica visam: Minimizar a dor; Restaurar a amplitude de movimento e a flexibilidade; Melhorar a qualidade de vida; Promover o trabalho educativo, visando o manejo das possíveis crises, procurando bloquear os fatores perpetuantes ou principiantes. ANALGÉSICOS O uso de analgésicos comuns, como o paracetamol ou anti-inflamatórios não hormonais, não é efetivo. No entanto, o uso de analgésicos opioides é defendido por alguns autores, observando-se que seu uso seja restrito aos períodos de exacerbação da dor, por seu potencial em causar tolerância e dependência. RELAXANTES MUSCULARES Dentre os relaxantes musculares, a ciclobenzaprina apresenta especial destaque, pois sua estrutura e ação são semelhantes às dos antidepressivos tricíclicos, associadas à sua ação miorrelaxante em nível do tronco e da medula espinal por inibição do potencial eferente para os músculos esqueléticos. Além disso, quando utilizada em doses baixas, corrobora com uma melhora do padrão de sono na fibromialgia. A tizanidina diminui os níveis da substância P algogênica no LCR, induzindo diminuição da dor e da sensibilidade dolorosa. HIPNÓTICOS O uso de hipnóticos na fibromialgia justifica- se por sua propriedade de bloquear o reflexo nociceptivo espinal e diminuir o potencial evocado somatossensorial primário que modula a percepção da dor. Os hipnóticos da classe dos benzodiazepínicos atuam como sedativo, anticonvulsivante e ansiolítico, e possuem potente ação miorrelaxante, sendo que o alprazolam é o agente utilizado com mais frequência nas fases iniciais do tratamento da fibromialgia, por seu importante efeito ansiolítico. Dentre os hipnóticos não diazepínicos, destacam-se o zolpidem e o zoplicone, que apresentam indícios de melhora do sono e da fadiga. ANTICONVULSIVANTES A pregabalina e a gabapentina, agentes primariamente utilizados como anticonvulsivante e para o controle de dor neuropática, mostraram-se benéficas na redução da dor e melhoraram o padrão de sono quando utilizadas na dose de 450 mg por dia. Estes dois agentes exercem seu efeito tanto no sistema nervoso central como no periférico, pela redução da liberação de glutamato e da substância P algogênica nas vias ascendentes da medula, e por diminuição da excitabilidade em geral, em virtude do aumento da atividade GABA. OUTRAS TERAPIAS FARMACOLÓGICAS A administração do hormônio de crescimento (GH) mostrou benefícios sobre a dor, o humor, a resistência física e a fadiga. O GH exerce importante papel na homeostase muscular, porém seus benefícios são limitados, já que a descontinuidade da medicação acarreta efeito rebote com exacerbação dos sintomas. O uso de estrogênios em mulheres menopausadas mostrou benefícios na redução da latência do sono e do número de microdespertares. 6- Estudar o uso de antidepressivos em caso de fibromialgia. Os antidepressivos são os medicamentos mais utilizados no tratamento da fibromialgia. Entre os tricíclicos, a amitriptilina é o fármaco que reúne mais informações na literatura, inibe a receptação tanto da noradrenalina como da serotonina, o que em sistemas moduladores descendentes gera analgesia central. Os inibidores seletivos de receptação de serotonina tem a capacidade de inibir o transporte de serotonina para dentro do neurônio e assim, permitir que uma quantidade maior dela permaneça agindo no nosso cérebro. Geralmente orientam-se doses abaixo de 50mg/dia com melhoras não somente da dor, como de fadiga e sono. O perfil de efeitos adversos, incluindo ganho de peso, sonolência exagerada e possíveis alterações de conteúdo de consciência, sobretudo em idosos, tendem a serem os maiores obstáculos ao uso regular de amitriptilina. A ciclobenzaprina possui uma estrutura semelhante à amitriptilina, o que lhe classifica também como triclico. No entanto, não é conhecida por ter efeitos antidepressivos, mas sim indicado como relaxante muscular, mostrando melhora no sono. Os inibidores de receptação de noradrenalina e serotonina também conhecidos como inibidores duais, de modo similar aos tricíclicos, produzem analgesia central por ação em vias nervosas inibitórias descendentes. A duloxetina é o fármaco desse grupo que apresenta melhor evidencias de eficácia ao tratamento da FM, habitualmente em dose de 60mg/dia, especialmente quando há morbidade depressiva associada, acompanhada ou não de ansiedade. O milnaciprano, um inibidor seletivo de recaptação igualitário de serotonina e noradrenalina, também contribuem no tratamento dos fibromiálgicos com a redução da fadiga e sintomas depressivos. Esse medicamento foi considerado útil em pacientes que se queixavam de dificuldades cognitivas. 3- Diferenciar a síndrome miofascial e a fibromialgia. SÍNDROME MIOFASCIAL A síndrome miofascial pode ser definida como um conjunto de sintomas sensoriais, motores e autonômicos que estão associados com os pontos gatilho miofasciais. Os distúrbios sensoriais descritos são diestesias, hiperalgesias e dor referida. As manifestações autonômicas mais comuns são alterações de temperatura, sudorese, piloereção, eritema, salivação e queixas proprioceptivas. Um ponto-gatilho miofascial é um ponto hipersensível em um musculo esquelético associado a um nódulo, também hipersensível, palpável ao exame físico. Quando o ponto gatilho é pressionado, a dor causada produz um efeito no alvo ou na zona de referencia. Essa área de referencia é a característica que diferencia a síndrome miofascial da fibromialgia. Em geral, a dor produzida pela pressão, pelo distúrbio motor ou pelo fenômeno autonômico é distante do foco de origem da pressão e redutível. Esse padrão de dor referida dificilmente coincide com uma distribuição de dermatomo, mas em geral segue um padrão consistente. Na dor miofascial, os pontos gatilho são relacionados à causa da dor, ou seja, se eles forem tratados,o paciente melhorará. Na fibromialgia, os pontos dolorosos são uteis ao diagnostico, mas não devem ser tratados isoladamente. Entre os quadros miofasciais, podemos citar a síndrome escápulo-costal ou síndrome do ângulo da escápula, situação em que o paciente refere dor na região dorsal, principalmente na face posterior da cintura escapular, que se irradia para a região cervical, o ombro e a parede torácica. A palpação revela o ponto-gatilho na porção medial e sob a escápula. Esse quadro geralmente está associado a posturas viciosas, ombros protusos, escoliose e microtraumatismos por movimentos repetitivos. Acredita-se que a etiologia seja traumática, mas na patogênese da dor miofascial observam-se, além dos fatores traumáticos, alterações bioquímicas, metabólicas, neurogênicas e isquêmicas, ou seja, locais. FISIOPATOLOGIA Em geral, um ponto-gatilho se desenvolve após uma injuria inicial a uma banda de fibras musculares. Essa injuria pode incluir um evento traumático evidenciado ou traumas de repetição no musculo acometido. O ponto-gatilho causa dor e estresse no musculo ou nas fibras musculares. À medida que o estresse aumenta, o musculo vai se tornando fatigado e mais susceptível À ativações de novos pontos gatilhos adicionais. Quando vários fatores predisponentes se combinam com um evento produtor de estresse agudo, temos a ativação da síndrome miofascial. QUADRO CLÍNICO Descrição do início do quadro: Dor com padrão de distribuição (referida). Déficit de amplitude de movimento da área afetada com desencadeamento dos sintomas quando o indivíduo se alongar Fraqueza muscular local induzida pela dor, mas sem atrofia no exame físico. Uma banda miofascial palpável correlacionada com o ponto-gatilho. A compressão causa dor semelhante à descrita como a queixa principal do paciente. LTR provocada por snapping, palpação vigorosa ou uma inserção rápida da agulha. A reprodução da dor referida com estímulo mecânico do ponto-gatilho. O quadro é, em geral, insidioso e bem localizado em um segmento do corpo. O paciente geralmente observa uma área “endurecida”, que corresponde a bandas de contratura muscular. A dor existe no repouso, mas é mais pronunciada com a movimentação passiva ou ativa da região acometida. Uma característica desse quadro é o padrão de dor referida, em que o paciente relata dor em uma área-satélite da região marcada pela contratura muscular. Além da dor, o paciente pode se queixar de hiperestesia e perda de força na região acometida. Alguns sintomas autonômicos como lacrimejamento e salivação são descritos. Disfagia, alterações do equilíbrio e tonturas também podem estar relacionadas com a síndrome. DIAGNÓSTICO O diagnóstico depende da anamnese e do exame físico executados de forma detalhada. O médico deve solicitar ao paciente que tente apontar com um dedo a região mais intensa de dor. A banda palpável é considerada crítica para a identificação do ponto-gatilho. São descritos na literatura três métodos para identificar, pela palpação, um ponto-gatilho: ■Palpação plana: nessa forma, escorregamos o dedo indicador entre as fibras musculares do músculo afetado. A pele fica literalmente empurrada para um lado, enquanto o corpo muscular é palpado pelo dedo do médico. ■ Palpação em pinça: essa forma é utilizada para identificar um ponto-gatilho específico. O músculo é preso entre o polegar e o indicador do examinador. As fibras comprimidas entre os dedos são examinadas para localizar a banda de contratura. ■ Palpação profunda: nessa forma, a ponta do dedo é colocada sobre a área do músculo com suspeita de apresentar o ponto-gatilho, e produz-se uma compressão. TRATAMENTO Os recursos terapêuticos envolvem a prescrição de exercícios de alongamento e fortalecimento que visem à melhora da função muscular ou procedimentos diretamente sobre os pontos-gatilho, como métodos físicos (ultrassom, ondas curtas e estimulação transcutânea), agulhamento seco, acupuntura, infiltração com lidocaína, toxina botulínica e massoterapia. A técnica de agulhamento constitui o tratamento com mais evidência científica na literatura. O arsenal de medicamentos indicados inclui desde analgésicos e anti-inflamatórios até relaxantes musculares e antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação da serotonina, conforme a gravidade e cronicidade do caso. 4- Descrever a classificação, ação e efeitos adversos dos AINES. AINES Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) são medicamentos analgésicos simples, que, junto com o paracetamol, compõem o 1º degrau da escada de dor da Organização Mundial da Saúde. A escada de dor da Organização Mundial da Saúde é uma abordagem de analgesia baseada em degraus, começando no 1º degrau com analgésicos simples e subindo até opioides fracos no 2º passo e opioides fortes no 3º degrau. São usados por milhões de pessoas no mundo todo para tratar uma ampla gama de transtornos de dor aguda e crônica. Também são usados por seus efeitos anti-inflamatórios e antipiréticos. MECANISMO DE AÇÃO Os AINEs funcionam por meio da inibição da função da enzima ciclo-oxigenase (COX) e, assim, reduzem a produção de prostaglandinas. A aspirina é um inibidor irreversível da COX; os AINEs restantes funcionam de maneira reversível. Fosfolipídios de membrana são inicialmente convertidos em ácido araquidônico pela fosfolipase A2, como resultado de inflamação e dano tecidual. O ácido araquidônico é então convertido em prostaglandinas através da via da COX ou alternativamente convertido em leucotrienos pela enzima lipoxigenase. O tipo de prostaglandina produzida depende do tecido específico PGE2: Sensibiliza terminais nervosos à bradicinina, aumenta a temperatura corporal, vasodilatação, proteção gástrica. PGF2: Broncoconstrição, contrações uterinas. PGD2 Broncoconstrição PGI2 (prostaciclina): Vasodilatação (vasoconstrição no epitélio pulmonar), menor agregação de plaquetas, proteção gástrica. TXA2: Agregação de plaquetas, vasoconstrição. A COX existe em 3 isoformas: COX-1, COX-2, e COX-3. Acredita-se que a COX-1, a chamada forma constitutiva, esteja presente em tecidos normais e é responsável pela produção de prostaglandinas, que são vitais para processos fisiológicos normais, como a manutenção do fluxo sanguíneo renal, a proteção da mucosa gástrica e a adesividade das plaquetas. A COX-2 está ausente na maioria dos tecidos, exceto por no cérebro, útero, rins e próstata. É induzível e os níveis são suprarregulados por dano e lesão tecidual. A produção da prostaglandina E2 e prostaglandina F2a resulta em sensibilização de fibras nervosas nociceptivas a estímulos dolorosos após lesão tecidual. Os AINEs causam uma redução em sua síntese e, portanto, promovem analgesia. A COX-3 é encontrada dentro do sistema nervoso central, e acredita-se que seja o local de ação do paracetamol. A maioria dos AINEs são administrados oralmente, com as exceções do cetorolaco e do parecoxibe (administração intravenosa), e do diclofenaco (administração oral, intravenosa e retal). São ácidos orgânicos fracos e, por isso, absorvidos rapidamente no estômago e intestino delgado. Os AINEs têm alta biodisponibilidade devido a um limitado metabolismo hepático de primeira passagem. São moléculas altamente ligadas a proteínas e, como resultado, podem deslocar outras medicações ligadas a proteínas, levando a concentrações mais altas de medicamento livre e maior risco de eventos adversos (p. ex.: deslocamento de varfarina da albumina, levando ao maior risco de sangramento). A biotransformação é, em grande parte, hepática, com metabólitos excretados na urina. FARMACODINÂMICA E EFEITOSCOLATERIAS Gastrintestinais OS efeitos colaterais podem variar desde leve dispepsia até hemorragia maciça causada por úlcera gástrica perfurada, como resultado de inibição da produção de prostaciclina. Vale notar que os efeitos colaterais gastrintestinais não se resumem apenas ao estômago. As prostaciclinas têm vários efeitos gástricos protetores; elas reduzem a quantidade de ácido estomacal produzido e mantêm uma camada de mucosa protetora, aumentando a produção de mucosa e melhorando o fluxo sanguíneo local. Renais Sob condições fisiológicas normais, a prostaciclina e o óxido nítrico levam ao relaxamento do músculo liso no endotélio vascular e, portanto, à vasodilatação. As prostaciclinas desempenham papel essencial na regulação do tônus arterial aferente e eferente no glomérulo, conhecido por desempenhar um papel vital na preservação da função renal em estados hipovolêmicos. A inibição de produção de prostaciclinas pode levar a uma taxa menor de filtração glomerular, retenção de sal e água, e lesão renal aguda. Esses mecanismos são particularmente importantes em pacientes com hipovolemia e insuficiência cardíaca crônica que sejam sensíveis a mudanças na pressão de perfusão renal. Respiratórios Até 10% dos pacientes com asma têm doença exacerbada pelos AINEs. Um mecanismo de ação proposto é que a inibição do metabolismo do ácido araquidônico pela COX leve ao aumento na produção de leucotrienos. Os leucotrienos têm ações broncoconstritoras diretas. Cardiovasculares Inibidores específicos de COX-2 ou ‘coxibes’ foram introduzidos no mercado para evitar os efeitos colaterais comuns e graves sobre o trato gastrintestinal alto pela inibição da COX-1 por AINEs não específicos. Contudo, as preocupações acerca de sua segurança cardiovascular limitaram seu uso disseminado. Há um aumento dependente da dose no risco de eventos trombóticos, tanto cardíacos quanto cerebrais. O rofecoxibe e o valdecoxibe foram retirados do mercado devido ao aumento do número de eventos cardiovasculares associados especificamente a essas 2 drogas. O risco é mais alto em pacientes com doença cardiovascular pré-existente, e, portanto, o uso de inibidores de COX-2 é contraindicado para pacientes com insuficiência cardíaca, doença cardíaca isquêmica, e doença vascular periférica e cerebrovascular. Hematológicos Em plaquetas, a COX metaboliza o ácido araquidônico em tromboxano A2, o que leva à maior adesividade de plaquetas e vasoconstrição. Em contraste, no músculo liso vascular, forma-se a prostaciclina, que causa vasodilatação e reduz agregação de plaquetas. A hemostasia resulta do equilíbrio delicado entre esses sistemas. Assim, os AINEs levam à redução da função e adesividade das plaquetas, e a um maior tempo de sangramento. A aspirina merece menção especial, pois inibe irreversivelmente a COX de plaquetas. Como resultado, as plaquetas se tornam ineficientes durante todo o seu ciclo de vida de 10 dias. 5- Descrever a ação de anestésicos locais sua indicação e contraindicação. Anestesia local refere-se à perda de sensação em uma região limitada do corpo. É obtida pela interrupção do fluxo neural aferente por meio da inibição da geração ou propagação de impulsos. Esse bloqueio pode produzir 3 alterações fisiológicas: paralisia muscular, supressão dos efeitos somáticos e viscerais. Embora os anestésicos locais com frequência sejam usados como analgésicos, a sua característica diferencial consiste na capacidade de produzir uma perda completa de todas as modalidades sensoriais. Na anestesia local, o fármaco é administrado diretamente no órgão alvo, e a circulação sistêmica serve apenas para diminuir ou interromper o seu efeito. As vias habituais de administração incluem aplicação tópica (ex: mucosa nasal, margens de ferida), injeção nas proximidades de grandes terminações nervosas periféricas (infiltração perineural) e grandes troncos nervosos (bloqueios), e injeção nos espaços epidural ou subaracnóideo circundando a medula espinal. CARCATERISTICAS CLINICAS DO BLOQUEIO Na pratica clinica, observa-se geralmente uma evolução ordenada dos componentes do bloqueio, começando com a transmissão simpática e progredindo para a temperatura, a dor, toque leve e por mim o bloqueio motor. Uso intencional de anestésicos locais por via sistêmica Embora o principal uso dos anestésicos locais seja produzir anestesia em uma área restrita, esses agentes são algumas vezes administrados por via sistêmica para obtenção de efeitos supressores da dor. Acredita-se que esse controle da dor obtido pela administração sistêmica se deve, em parte, a supressão da descarga ectópica anormal. O escalonamento da dose de anestésico parece exercer as seguintes ações sistêmicas: 1. Baixas concentrações suprimem preferencialmente a geração de impulsos ectópicos em nervos periféricos com lesão crônica. 2. Concentrações moderadas suprimem a sensibilização central, o que explicaria o beneficio terapêutico que pode se estender além da exposição ao anestésico. 3. Concentrações mais altas produzem efeitos analgésicos gerais, podendo culminar em grave toxicidade. TOXICIDADE A toxicidade dos anestésicos locais provém de dois processos distintos: 1. Efeitos sistêmicos após injeção intravascular inadvertida ou absorção do anestésico local de seu local de administração. 2. Neurotoxicidade em consequência dos efeitos locais produzidos por contato direto com elementos neurais. TOXICIDADE SISTÊMICA A dose de anestésico local usada para anestesial epidural ou bloqueio periférico de grande volume é suficiente para provocar toxicidade clinica significativa e ate a morte. TOXICIDADE PARA O SNC Todos os anestésicos locais tem a capacidade de provocar sedação, tontura, distúrbios visuais e auditivos e inquietação quando a administração intravascular resulta de concentrações elevadas. A dormência perioral e lingual e um gosto metálico constituem sintomas precoces de toxicidade dos anestésicos locais. Em concentrações mais altas ocorrem nistagmo e contrações musculares espasmódicas, seguidas de convulsão tonico-clonicas. CARDIOTOXICIDADE As complicações mais temidas associadas à administração de anestésicos resultam dos profundos efeitos que esses agentes podem exercer sobre a condução e sobre a função cardíaca. 7- Elucidar a importância do tratamento não farmacológico em caso de fibromialgia e síndrome miofascial. EXERCÍCIO FÍSICO A abordagem terapêutica não farmacológica mais comum é a prescrição de exercícios físicos. Tal conduta passou a ser adotada para os pacientes com fibromialgia partindo da constatação de que estes tendem a entrar em uma espiral de inatividade, havendo inclusive baixos níveis de compostos de fosfato de alta energia nas áreas musculares sensíveis. Esse quadro pode reforçar a desmotivação do paciente com fibromialgia quanto a pratica de atividades físicas, caracterizando- se assim um ciclo vicioso. Sabe-se que a qualidade do sono também tende a melhorar com a pratica de atividade física. Programas de exercícios físicos para pacientes com fibromialgia têm incluindo atividade aeróbias, de alongamento e de fortalecimento muscular. O condicionamento cardiovascular com exercícios aeróbios em pacientes com fibromialgia não apenas é capaz de melhorar a condição cardiovascular, mas também induzi melhora significativa na qualidade do sono. Massoterapia: a massagem é considerada um recurso eficaz em várias publicações, com resultados mostrando reduções significativas nos níveis de dor e depressão, além de uma redução no uso de analgésicos pelos pacientes submetidos a este tipo de abordagem. Técnicas manipulativas: técnicas manipulativas,como quiropatia e massagem, também têm sido estudadas.
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